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CAPITÃO 7: UM DOS PRIMEIROS

SUPER-HERÓIS BRASILEIROS
publicado em PERSONAGENS  em  OUTUBRO 31, 2012  por  MAZINHO  
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Super-heróis de histórias em quadrinhos existem


nos Estados Unidos desde os anos 30
(“Fantasma”, “Superman”), mas só nos anos 60
eles pegaram para valer no Brasil.

Para pegar carona no sucesso dos heróis Marvel e da EBAL, as pequenas editoras
brasileiras, em parceria com desenhistas locais, resolveram também criar seus
clones. Um dos primeiros super-heróis brasileiro surgiu, na verdade, nos anos 50 e
não nos quadrinhos, mas na televisão. Tratava-se do “Capitão Sete“.
O Capitão 7 foi criado por seu próprio interprete Aires Campos. Em sua versão
para televisão, que era transmitida ao vivo, o personagem não tinha superpoderes,
afinal seria complicado com os efeitos da época fazer o Capitão 7 voar, por exemplo.
Tudo era feito muito em cima do improviso, um erro seria fatal para o desenrolar da
história. Foram mais de 500 histórias (gravadas ao vivo) apresentando um herói
nacional lutando contra o crime e a injustiça, na mesma época em que eram
exibidas as séries brasileiras Falcão Negro e O Vigilante Rodoviário.
O Capitão tinha como assistente a então garota-propaganda da Record, Idalia de
Oliveira. Contava com sua nave, onde observava as atitudes dos demais humanos
na Terra. Quando encontrava alguém em apuros, descia da nave, vestia seu
capacete e sua inconfundível roupa, com um “sete” atravessado por um relâmpago
no peitoral. O número sete era por causa do canal. Assim, todos associavam o
Capitão Sete, como o “herói da Record”, “herói do 7”.
Capitão 7 - Rede Record

Uniforme do Capitão 7 - Rede Record

Alguns episódios da série:

 A cidade Perdida
 A Deusa do Sol
 O Reino do Terror
 A Pedra Sagrada
 A Máscara Diabólica
 O Dragão Negro
 O Punhal de Prata
 Os Vingadores
 A Destruição da Terra
 O Ás de Espadas
 O Mistério de Klebir
 Os Sete Guerreiros
 O Tesouro Espanhol
 O Rei do Terror
 O Mistério das Jóias

Capitao 7 na Record e certificado do Clube do Capitão 7

No início, o Capitão não era um super-herói como conhecemos. Fazia mais um tipo
“Flash Gordon”, que foi evoluindo a cada episódio. A princípio, o personagem não
voava, usava só espadas e pistolas de raios. É uma pena que as videotapes desse
clássico tenham sido perdidas em um incêndio na emissora.

A origem do herói remonta sua infância, numa cidade do interior paulista, quando
sua família ajudou um alien que, em troca, cuidou da educação do pequeno Carlos
em seu planeta de origem. Quando voltou, o jovem tinha superpoderes. A partir daí,
passou a enfrentar vilões na Terra e no espaço e, em sua identidade secreta, era um
tímido químico. O programa era em preto e branco, mas o figurino do herói, na
TV, era originalmente de coloração azul e preta. Até 1960, a série era escrita por
vários roteiristas. Depois todos os episódios passaram a ser escritos, produzidos e
dirigidos por Alice M. Miranda, mais conhecida no meio artístico por Maio Miranda.
Ela ficou responsável pela série até o último mês de sua gravidez. Alguns meses
depois, Capitão 7 saiu do ar.

Por causa do sucesso do herói entre seu público infantil, foi criado um Clube,
apoiado pelo personagem e patrocinado pela Vigor, que incentivava crianças e
jovens a manter um corpo sadio, ter amor aos estudos e não agir com violência.
Para se associar ao Clube do Capitão 7 os fãs tinham que juntar dez tampinhas do
leite Vigor que, nessa época, era vendido em garrafas de vidro e levá-las na sede do
Clube. A entrega do honroso diploma e carteirinha era feita aos emocionados sócios
em uma cerimônia que contava com a presença do próprio herói.
Capitão 7 fazia sucesso com as crianças

Elenco:

 Ayres Campos ….. Capitão 7 / Carlos


 Idalina de Oliveira ….. Silvana
 Silvio Silveira ….. Tenente
 Gilberto Chagas
 Rony Rios
 Altair Lima
 Nelsa Amaral
 Hélio Ansáldi

Ayres Campos era um ator com visão empresarial, semelhante a Maurício de Souza.
Patenteou o personagem, licenciou-o para vários produtos e arranjou como
patrocinador o leite Vigor. A próxima etapa seria transformar o Capitão em herói de
gibi. Licenciou o personagem para a editora Continental. A adaptação ficou a cargo
do diretor artístico da editora, Jayme Cortez. Este, ao que parece, se preocupou
mais em dar vida e conteúdo ao personagem do que o próprio criador, pois Campos
visava unicamente o bolso do consumidor, seja através da TV ou da fábrica de
uniformes do herói. E deu certo, pois o ator-empresário ficou rico. Capitão 7 virou um
sucesso e uma mania sendo lançado vários tipos de produtos entre eles; lancheiras,
fantasias, gibis dentre outros.
Quadrinhos do Capitão 7

Foi Jayme Cortez que transformou Capitão Sete num herói voador e, junto com seu
grupo de desenhistas, bolou as histórias — todas quase sempre com texto final do
redator Hélio Porto. A origem do Capitão 7 foi apresentada no n° 1 (1959),
desenhada por um jovem Júlio Shimamoto. Os desenhistas eram Getulio Delphim,
Juarez Odilon, Osvaldo Talo, Sérgio Lima e Jitahi. Já na equipe de roteiristas
encontravam-se o mestre Gedeone Malagola, Helena Fonseca e Hélio Porto. Em
sua identidade civil, Carlos é um brilhante químico. Quando a situação exige a
presença de um herói, ele se transforma no Capitão 7. O Capitão 7 é capaz de voar
e se mover com grande velocidade. Também possui super-força e é praticamente
invulnerável, além de ser capaz de resistir a ambientes inóspitos (como, por
exemplo, viajar através do vácuo).

Capas de revistas em quadrinhos do Capitão 7

O grande vilão: Conhecido como Caveira – quando o bandido Cid, capturado pelo
Capitão 7, tenta escapar da prisão, acaba por destruir seu rosto nas cercas elétricas.
Jurando vingança contra o herói que o aprisionou, Cid passa a utilizar uma máscara
e assume a identidade do Caveira.

O gibi do Capitão 7 durou cerca de 54 edições, até 1964. A diferença entre a série
de TV e a revista em quadrinhos, é que no gibi, ao contrário da TV que era na época
extremamente limitada (não existiam recursos de informática, hoje tão amplamente
utilizados) os artistas eram livres para desenhar Capitão 7, por exemplo, voando,
levando um veículo que pesa toneladas, enfim colocando em prática seus super-
poderes concedidos pelo alienígena.

Nos anos 80, Ayres Campos criou uma empresa de fantasias de super-heróis para
crianças com o nome de Capitão 7, o personagem chegou a ganhar uma revista
promocional distribuída como brinde na compra das roupas. Em 11 de junho de
2003 o ator Ayres Campos faleceu aos 80 anos. Mas seu legado continuou vivo
em 2006, a Marisol S.A. lançou na revista Triplik (revista oficial das marcas Lilica
Ripilica e Tigor T. Tigre saindo de forma mensal pela Editora Profashional), novas
hqs com o Capitão 7, tendo como roteirista e ilustrador Danyael Lopes. Capitão 7 foi
ilustrado inclusive com ajuda de recursos de computação gráfica, diferente das
origens em que o processo fora totalmente “artesanal”.
Mais recentemente em 2010 onde a família autorizou o jornalista e roteirista Roberto
Guedes a publicar um encontro entre o Capitão 7 e o Fantastic Man (criação de
Tony Fernandes) ilustrado por Carlos Henry.

Capas de algumas revistas do Capitão 7


Outras revistas do Capitão 7

Mais capas de revistas do Capitão 7


Capitão 7 - Capas de revistas

Capitão 7

Acervo Garatuja
Ele foi o primeiro super-herói brasileiro da televisão e um dos grandes fenômenos televisivos de todos
os tempos, batendo sem dó em muitos heróis americanos. Mistura de Capitão Marvel com Super
Homem, o nome veio do próprio canal onde era exibido o seriado: A TV Record - Canal 7. O sucesso
foi tanto que os capítulos passaram a ser diários, permanecendo no ar de 1954 a 1966. O
personagem narra às aventuras de Carlos, o menino que ganha poderes de um alienígena e, adulto,
passa a enfrentar criminosos da Terra e do espaço. Criado e interpretado pelo ator Ayres Campos, o
herói foi um sucesso na televisão graças à campanha promocional que incluía produtos e marcas
licenciadas. Tinha até fã-clube (dizem que o primeiro da televisão brasileira) e o Clube do Capitão 7,
onde as crianças juntavam as tampinhas do Leite Vigor para se tornar associado.

Pena que quase nada sobrou desse tempo. Os primeiros seriados eram ao vivo, e mais tarde, com a
chegada do VideoTape passaram a ser gravados antes da transmissão, mas é bom lembrar que o
VideoTape era caro e não havia a intenção de  guardá-lo como registro. Talvez os seriados que
sobraram, assim como boa parte do acervo da TV Record, tenham sidos queimados no incêndio que
ocorreu na emissora em 1966. Reza a lenda que sobraram alguns registros do seriado guardados
pelo próprio Ayres Campos, já falecido. Anos depois de sua estréia na televisão o Capitão 7 surge
também na história em quadrinhos publicada pela editora Continental/Outubro. O primeiro número
saiu em 1959. Lá o personagem ganhou novos poderes graças a Jaime Cortez. Os argumentos eram
de Gedeone Malagola, Helena Fonseca e Hélio Porto e os desenhos, em sua maioria, de Getúlio
Delfin, mas desenhava também o próprio Gedeone, Juarez Odilon, Osvaldo Talo e outros. Só feras.
Destaque são as capas primorosas desenhadas pelo Jayme Cortez em muitas edições. A história em
quadrinhos também foi um sucesso. Publicou cerca de quarenta números e dois almanaques, hoje
raridades. O fim da publicação foi melancólico: “Quando a D.C. exigiu que a Capitão 7 trocasse o
peito azul pelo verde tropical, para não atrapalhar as vendas do Super-homem, Ayres não aceitou e
peitou. "Isso não," protestou indignado, "meu herói foi muito mais herói do que qualquer "Super-
homem"! Os norte-americanos não puderam com o irredutível Ayres, mas a editora Abril, sim, porque
o Capitão 7 era publicado pela editora Outubro, acontece que a Abril registrou o nome de todos os
meses do ano, processando a editora, que fechou as portas em 1964, e não pode mais pagar os
direitos do personagem.”* Abaixo a história Capitão 7 contra os homens de Cristal, desenhado
pelo Getúlio Delfin

*Rod Gonzalez no blog Quadros ao Vivo.

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