Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
22 Janeiro de 2022
1. O Censo
1.1 - Origem
Apesar de ser considerada uma espécie invernante regular em Portugal continental,
até Janeiro de 2015, ano do primeiro “Dia da Águia Pesqueira”, não tinha decorrido
qualquer censo dirigido a esta espécie que tivesse como principais objetivos a
determinação do número de águias-pesqueiras que por cá invernam e a respetiva área de
distribuição geográfica. Motivados pela perspetiva de conseguir obter mais informação
acerca da população invernante, um grupo de ornitólogos, por intermédio da plataforma
“Aves de Portugal”, decidiu realizar em Janeiro de 2015 o primeiro censo nacional de
águias-pesqueiras invernantes. Esta iniciativa foi baptizada como “Dia da Águia-
pesqueira”.
2.2 Metodologia
Durante o período de invernada, a águia-pesqueira frequenta essencialmente zonas
húmidas, tanto litorais (nomeadamente estuários e lagoas costeiras) como no interior
(albufeira e cursos de rios caudalosos). Assim, pretende-se mobilizar os observadores
para os vários locais com potencial de ocorrência de águias-pesqueiras.
A coordenação nacional, à semelhança das edições anteriores, dividiu as áreas de
ocorrência da espécie em dois grupos, tendo como referência o número de aves que aí
invernam (ver mapa 1):
- áreas de prioridade 1 (a vermelho no mapa) – áreas onde em edições anteriores houve
cinco ou mais águias-pesqueiras, daí que seja importante assegurar uma boa cobertura.
Será preferível que estas áreas sejam visitadas no mesmo dia, neste caso o dia 22 de
Janeiro, de maneira a evitar duplicações de indivíduos (isto porque se sabe que as aves se
deslocam entre diferentes massas de água). As contagens poderão acontecer um dia antes,
dia 21, ou um dia depois, dia 23, em situações pontuais ou então em áreas que fiquem
muito distantes de áreas que foram censadas no dia 22.
Cada área de prioridade 1 contará com um coordenador, que será o responsável
pela organização da equipa que aí irá censar a espécie. Este coordenador fará também a
ligação entre a coordenação nacional e os voluntários.
Preferencialmente, a equipa de cada uma destas áreas deverá iniciar as contagens
durante o período de maré baixa e à mesma hora. Sempre que possível, aconselha-se a
que cada observador aponte a hora e o comportamento de cada ave que registe: ave
pousada, ave em voo (direcção de voo, i.e. de onde veio e para onde foi). Estes dados
serão muito importantes para o cálculo final do número total de indivíduos da área em
causa.
As áreas de prioridade 2 ao albergarem um número reduzido de águias-pesqueiras,
normalmente menos de 5 indivíduos, não irão contar com um coordenador. Para estes
locais, os voluntários simplesmente deverão visitar a área e registar o número de águias-
pesqueiras que encontrarem.
Para ambas as áreas, na impossibilidade de obter um número total exacto de
indivíduos, aconselha-se a que o resultado final seja apresentado sob a forma de intervalo,
com um número mínimo e máximo de aves registadas. Isto apenas acontecerá quando não
há a certeza de serem aves diferentes, isto é, quando existe a possibilidade de duplicação.
Área Coordenador(a)
Ria de Aveiro Associação Bioliving
Vale do Tejo (Abrantes até VFX) José Freitas e Paulo Alves
Estuário do Tejo (lezírias) Pedro Inácio
Estuário do Tejo (restante área) Daniel Raposo
Estuário do Sado Carlos Pacheco
Ria Formosa Sérgio Correia
3.2 Em Portugal
A águia-pesqueira foi relativamente comum como espécie nidificante no princípio
do século XX (22-30 casais reprodutores estimados), apresentado nessa época uma
distribuição alargada ao longo da costa rochosa, desde a Estremadura (possivelmente
incluindo o Pinhal de Leiria) até à costa sul algarvia (zona de Albufeira).
Ao longo do século XX registou-se uma progressiva diminuição da população
reprodutora, sendo apontada como causa principal a pressão humana, quer pelo aumento
das áreas urbanas e turísticas quer pela degradação dos locais de nidificação. No início da
década de 1990 restavam dois casais, e a partir do ano de 1998 a águia-pesqueira deixou
de nidificar regularmente em território nacional.
Contudo, no ano de 2015 registou-se um no caso de reprodução na Costa Vicentina,
num local já utilizado no passado. Nas últimas duas décadas a presença desta espécie em
Portugal tem ocorrido essencialmente nos períodos de migração pós-nupcial e de
invernada. A partir de 2011 decorreu na albufeira de Alqueva um projecto de
reintrodução, tendo-se verificado a nidificação de 1-2 casais nessa zona em anos recentes.
3.3 Identificação
A águia-pesqueira é uma grande ave de rapina, que à distância parece preta e
branca. Contrariamente a outras aves de rapina, tem uma silhueta de aspecto
"quebrado", o que fica a dever-se ao ângulo formado pelas asas abertas. Vista por
baixo, a brancura da plumagem é evidente, destacando-se os "punhos" pretos (Imagem
1). As partes superiores são acastanhadas. O padrão da cabeça é característico, devido à
presença de uma máscara preta, que é facilmente visível quando a ave está pousada
(Imagem 2).
Imagem 1
Fotografia de José Freitas
Imagem 2
Fotografia de José Freitas
3.4 Habitat
A águia-pesqueira frequenta essencialmente zonas húmidas, tanto litorais
(nomeadamente estuários e lagoas costeiras) como no interior (albufeira e cursos de rios
caudalosos).