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13 de Janeiro de 2024
1. O Censo
1.1 - Origem
Apesar de a águia-pesqueira ser considerada uma espécie invernante regular em
Portugal continental, até Janeiro de 2015, ano do primeiro “Dia da águia-pesqueira”, não
tinha decorrido qualquer censo para conhecer melhor a sua invernada no nosso país.
Motivados pela perspetiva de conseguir obter mais informação acerca do tamanho da
população invernante e da sua área de distribuição, um grupo de ornitólogos, por
intermédio da plataforma “Aves de Portugal”, decidiu realizar em Janeiro de 2015 o
primeiro censo nacional de águias-pesqueiras invernantes. Esta iniciativa foi baptizada
como “Dia da águia-pesqueira”.
Total Portugal 71 a 82 135 a 150 155 a 185 175 a 196 168 a 197
Total Península
- - 359 a 389 430 a 446 390 a 419
Ibérica
Marrocos - - - 49 -
Mapa 1 – Áreas e respectivos números mínimos de águias-pesqueiras registadas na
Península Ibérica no censo de 2022.
2. O Censo em 2024
2.1 - Objectivo
Este censo tem como objectivo quantificar a população invernante de águia-
pesqueira na Península Ibérica, dando seguimento aos censos já realizados no passado. À
semelhança da edição anterior, em 2022, a Fundación Migres ficará responsável por
coordenar o censo em Espanha e o “Aves de Portugal” em Portugal.
A continuação deste tipo de trabalhos permitirá, a médio-longo prazo, compreender
qual a evolução das populações desta espécie a nível ibérico, e em particular em território
nacional. Indirectamente dar-nos-á também informação sobre a situação da espécie nos
países de onde são oriundas as aves invernantes em território ibérico.
2.2 Metodologia
Durante o período de invernada, a águia-pesqueira frequenta essencialmente zonas
húmidas, tanto litorais, onde se incluem os estuários e as lagoas costeiras, como no
interior, no qual se destacam as albufeiras e os cursos de rios caudalosos. Assim, pretende-
se mobilizar os observadores para os vários locais com potencial de ocorrência de águias-
pesqueiras.
À semelhança das edições anteriores, as áreas de ocorrência da espécie foram
divididas em dois grupos tendo como referência o número de aves que aí poderão invernar
(consultar o mapa disponibilizado pela coordenação nacional):
• áreas de prioridade 1 (etiqueta vermelha) – áreas onde em edições anteriores
foram registados, pelo menos, cinco indivíduos.
• áreas de prioridade 2 (etiqueta azul) – áreas de menor tamanho onde em anos
anteriores foram registados, até, quatro indivíduos ou aquelas que apesar de não
terem registo histórico da sua presença poderão reunir condições para a sua
invernada.
Área Coordenador(a)
Ria de Aveiro Daniel Santos - portugalselvagem.pt
Estuário e vale do Mondego Luís Silva
Vale do Tejo (Abrantes até VFX) José Freitas e Paulo Alves
Estuário do Tejo (lezírias) Humberto Matos
Estuário do Tejo (restante área) Pedro Nicolau
Estuário do Sado Carlos Pacheco e Carlos Miguel
Ria Formosa Miguel Rodrigues
3.2 Em Portugal
A águia-pesqueira foi relativamente comum como espécie nidificante no princípio
do século XX (22-30 casais reprodutores estimados), apresentado nessa época uma
distribuição alargada ao longo da costa rochosa, desde a Estremadura (possivelmente
incluindo o Pinhal de Leiria) até à costa sul algarvia (zona de Albufeira).
Ao longo do século XX registou-se uma progressiva diminuição da população
reprodutora, sendo apontada como causa principal a pressão humana, quer pelo aumento
das áreas urbanas e turísticas quer pela degradação dos locais de nidificação. No início da
década de 1990 restavam dois casais, e a partir do ano de 1998 a águia-pesqueira deixou
de nidificar regularmente em território nacional.
No ano de 2015 registou-se um caso de reprodução na Costa Vicentina, num local já
utilizado no passado. Nas últimas duas décadas a presença desta espécie em Portugal tem
ocorrido essencialmente nos períodos de migração pós-nupcial e de invernada. A partir
de 2011 decorreu na albufeira de Alqueva um projecto de reintrodução, tendo-se
verificado a nidificação de 1-2 casais nessa zona em anos recentes e também na albufeira
de Morgavel.
3.3 Identificação
A águia-pesqueira é uma grande ave de rapina, que à distância parece preta e
branca. Contrariamente a outras aves de rapina, tem uma silhueta de aspecto
"quebrado", o que fica a dever-se ao ângulo formado pelas asas abertas. Vista por
baixo, a brancura da plumagem é evidente, destacando-se os "punhos" pretos (Imagem
1). As partes superiores são acastanhadas. O padrão da cabeça é característico, devido à
presença de uma máscara preta, que é facilmente visível quando a ave está pousada
(Imagem 2).
Fotografia de José Freitas
3.4 Habitat
A águia-pesqueira frequenta essencialmente zonas húmidas, tanto litorais
(nomeadamente estuários e lagoas costeiras) como no interior (albufeira e cursos de rios
caudalosos).
Organização: