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Escola Superior

Politécnica do
Namibe

DEI

Biologia Marinha

A PROBLEMAÁTICA DO ASSOREAMENTO
NA DINÂMICA DO ECOSSISTEMA
ESTUARINO DO RIO GIRAÚL
Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Biologia
Marinha

FERNANDO TCHITUMBA QUINTINO


MOÇÂMEDES
Nº de Registo___________/2020
2020
ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MARINHA

A PROBLEMATICA DO ASSOREAMENTO NA
DINÂMICA DO ECOSSISTEMA ESTUARINO DO
RIO GIRAÚL

Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Biologia Marinha

FERNANDO TCHITUMBA QUINTINO

Nº de Registo: 2016123501

Orientador: Agostinho Adriano Manuel da Silva, PhD

MOÇÂMEDES, 2020
DEDICATÓRIAS

Ao meu avô João Manuel (in memória)

Ao meu pai Henriques Quintino

A minha mãe Victória Bimbi

A minha irmã Isabel Manto Quintino

I
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus Todo-Poderoso por me dar a saúde e forças que permitiram que a conclusão deste
ciclo não passasse de uma utopia, mas sim uma realidade;

Aos meus queridos e amados pais Henriques Quintino e Victória Bimbi, que não mediram esforços
moral nem financeiro e, permitiram que este sonho se tornasse realidade;

A minha querida tia Margarida Tchipumo Manuel, pelo incentivo nos meus primeiros passos deste
longo e difícil percurso;

Ao meu orientador Professor Catedrático Agostinho Adriano Manuel da Silva pela sua paciência
imensurável e por me ter dispensado o seu saber e precioso tempo;

Os meus professores, por me terem munido de conhecimentos e habilidades que tornaram este
percurso numa maratona realmente gratificante;

Aos meus queridos colegas, companheiros desta longa trajectória que directa ou indirectamente
fizeram este longo percurso parecer fácil.

Por todos que contribuíram de forma directa ou indirecta para o culminar desta viagem em especial
a todos aqueles que me proporcionaram os dados para esta investigação, o meu muitíssimo
obrigado.

II
ÍNDICE Pág.

INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 1

CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO ----------------- 4

1.1. Conceito de Ecossistema -------------------------------------------------------------------------- 4

1.2. Factores que contribuem na dinâmica dos ecossistemas -------------------------------------- 4

1.3. Os ecossistemas estuarinos ----------------------------------------------------------------------- 5

1.3.1. Propriedades dos ecossistemas estuarinos ---------------------------------------------------- 6

1.3.2. O papel dos estuários ---------------------------------------------------------------------------- 7

1.3.3. Dinâmica dos ecossistemas estuarinos -------------------------------------------------------- 7

1.4. A problemática do assoreamento ---------------------------------------------------------------- 9

1.4.1. O assoreamento na dinâmica dos ecossistemas estuarinos --------------------------------- 10

1.4.2. Causas do assoreamento ------------------------------------------------------------------------ 11

1.4.2.1. O homem como acelerador do assoreamento dos cursos dos rios ---------------------- 12

1.4.3. Erosão e assoreamento : processos directamente proporcionais --------------------------- 14

1.4.3.1. Transporte e deposição dos sedimentos ---------------------------------------------------- 15

1.4.4. Consequências do assoreamento --------------------------------------------------------------- 16

1.4.5. Medidas preventivas e correctivas contra o assoreamento --------------------------------- 17

1.5. Resumo do Capítulo  ----------------------------------------------------------------------------- 19

CAPÍTULO II. METODOLOGIA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS-- 20

III
2.1. Localização geográfica da área de estudo ------------------------------------------------------ 20

2.2. Caracterização da área de estudo ---------------------------------------------------------------- 20

2.3. Tipo de Investigação ------------------------------------------------------------------------------- 21

2.4. Métodos utilizados --------------------------------------------------------------------------------- 21

2.4.1. Métodos teóricos --------------------------------------------------------------------------------- 22

2.4.2. Métodos empíricos ------------------------------------------------------------------------------ 22

2.4.3. Métodos estatístico-matemáticos -------------------------------------------------------------- 22

2.5. Procedimentos (técnicas) utilizados ------------------------------------------------------------- 22

2.6. Instrumento de investigação utilizado ----------------------------------------------------------- 23

2.7. População e amostra ------------------------------------------------------------------------------- 23

2.7.1. População ----------------------------------------------------------------------------------------- 23

2.7.2. Amostra ------------------------------------------------------------------------------------------- 23

2.8. Análise e discussão dos resultados -------------------------------------------------------------- 25

2.8.1. Resultados do inquérito aplicado aos entrevistados ----------------------------------------- 25

2.9. Proposta de solução do problema ---------------------------------------------------------------- 31

2.10. Resumo do Capítulo II --------------------------------------------------------------------------- 32

Conclusões ----------------------------------------------------------------------------------------------- 33

Sugestões ------------------------------------------------------------------------------------------------- 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------ 35

APÊNDICES-------------------------------------------------------------------------------------------- 38

IV
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Prática da agricultura no curso do rio Giraúl-------------------------------------------- 13

Figura 2: Acúmulo do material assoreado na embocadura do Rio Giraúl----------------------- 17

Figura 3: Estuário do Rio Giraúl visto por satélite------------------------------------------------- 20

Figura 4: Distribuição da amostra por uso do estuário do rio Giraúl. --------------------------- 24

Figura 5: Consequências do assoreamento segundo a população o Giraúl---------------------- 27

Figura 6: Crescimento da vegetação em áreas assoreadas----------------------------------------- 40

Figura 7: Rio Giraúl em período de seca------------------------------------------------------------- 40

Figura 8: Contributo antrópico na erosão laminar do solo ao longo do curso do rio----------- 41

Figura 9: Assoreamento no estuário do rio Giraúl------------------------------------------------ 41

Figura 10: Indicador do transporte sedimentar marinho e fluvial no estuário------------------ 42

Figura 11: Cultivo no curso do rio Giraúl------------------------------------------------------------ 42

V
LISTA DE TABELAS
Pág.

Tabela 1: Caracterização da amostra por idade------------------------------------------------ 23

Tabela 2: Conhecimento dos inquiridos sobre o assoreamento------------------------------ 25

Tabela 3: Factores causadores do assoreamento no estuário do rio Giraúl ---------------- 28

VI
LISTA DE ABREVIATURAS

OD Oxigénio dissolvido

SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia

VII
RESUMO
O presente trabalho intitulado “A problemática do assoreamento na dinâmica do ecossistema
estuarino do rio Giraúl em Moçâmedes” é resultado de uma pesquisa científica sobre as influencias
antrópicas na intensificação do assoreamento no estuário do rio Giraúl. O problema científico da
investigação constitui em responder a seguinte questão: Que influência tem o assoreamento na
dinâmica do ecossistema estuarino do rio Giraúl? Para esta investigação, foi definido como
objecto de investigação o assoreamento dos ecossistemas estuarinos dos rios em Moçâmedes e
como campo de acção o ecossistema estuarino do rio Giraúl em Moçâmedes, a hipótese levantada
foi: Algumas acções humanas têm influência directa no assoreamento do estuário do rio Giraúl e na
diminuição da dinâmica ecológica do mesmo. O objectivo geral circunscreve-se em: Contribuir
para a redução das causas antrópicas no assoreamento do estuário do rio Giraúl. Escolheu-se como
tipo de investigação o estudo de caso de cariz descritivo-explicativo, apoiado nos paradigmas
qualitativo e quantitativo. Durante a investigação utilizou-se um conjunto de métodos empíricos,
teóricos e estatísticos. Constituíram população do estudo os habitantes da localidade do Giraúl de
baixo. A amostra foi de sessenta e seis indivíduos distribuídos em agricultores (86%), pescadores
(11%) e criadores de gado (3%). Os resultados mostram que actividades antrópicas influenciam
directamente na aceleração do assoreamento do estuário do rio Giraúl e na diminuição da dinâmica
ecológica do mesmo.

Palavras-chave: assoreamento, ecossistema estuarino, dinâmica do ecossistema.

VIII
ABSTRACT

The present work entitled “The silting problem in the dynamics of the Giraúl River estuarine
ecosystem in Moçâmedes” is the result of scientific research on anthropic influences in the
intensification of silting in the Giraúl River estuary. The scientific problem of the investigation
consists in answering the following question: What influence does silting have on the dynamics of
the Giraúl River estuarine ecosystem? For this investigation, the silting of the estuarine ecosystems
of the rivers in Mozambique is defined as the object of investigation and the estuary of the Giraúl
river in Mozambique is the field of action. Giraúl and the decrease in its ecological dynamics. The
general objective is limited to: Contribute to the reduction of anthropic causes in the silting up of
the Giraúl River estuary. The descriptive-explanatory case study was chosen as the type of
investigation, supported by the qualitative and quantitative paradigms. During the investigation a set
of empirical, theoretical and statistical methods was used. The population of the study was the
inhabitants of the locality of Giraúl below. The sample consisted of sixty-six individuals distributed
among farmers (86%), fishermen (11%) and cattle ranchers (3%). The results show that human
activities directly influence the acceleration of the silting up of the Giraúl River estuary and the
reduction of its ecological dynamics.

Keywords: silting, estuarine ecosystem, ecosystem dynamics.

IX
INTRODUÇÃO

Introdução

O assoreamento do rio é um dos principais problemas que implica na diminuição do volume de


água utilizável, e reduzindo a quantidade de energia gerada, tendo como causa principal a água da
chuva que transportam sedimentos em suspensão ou diluição e que são retidos através da
sedimentação e pelo atrito com a superfície de fundo. A eutrofização, alteração ou destruição de
habitats, principalmente de poluentes persistentes, constituem-se nos maiores impactos ambientais
dos estuários e, são mais intensos quando o acúmulo de sedimentos na embocadura é superior ao
nível médio da parte fluvial. Diferentes fluxos de água doce e de maré juntamente com as
características da geografia estuarina do canal influenciam na circulação, no grau de mistura e na
presença ou não de estratificação vertical de salinidade (Souza, 2017).

Antecedentes de investigação

As acções antrópicas nos cursos dos rios (Figura 8 e 11) têm sido um catalisador para o processo de
erosão e consequentemente o assoreamento dos cursos de água, acarretando assim sérios problemas
na dinâmica dos ecossistemas aquáticos.

De acordo com o 1º ponto do Artigo 95 da Carta Magna da República de Angola, são bens do
domínio público:

a) As águas interiores, o mar territorial e os fundos marinhos contíguos, bem como os lagos,
lagoas e cursos de águas fluviais, incluindo os respectivos leitos;

b) Os recursos biológicos e não biológicos existentes nas águas interiores, no mar territorial, na
zona contígua, na zona económica exclusiva e na plataforma continental;

Segundo a alínea c) do Artigo 6 da Lei de Base do Ambiente em vigor, devem ser estabelecidas
responsabilidades aos cidadãos pelo uso incorrecto de recursos naturais, emissão de poluentes e
prejuízos à qualidade de vida.

Pemessa (2018), fez saber que existe um estudo para desassorear o rio Muangueji (Saurimo) que
passa pela construção de uma ponte sobre o mesmo na Estrada Nacional número 180, cuja
responsabilidade é do Ministério da Construção. Explicou que a construção da referida ponte, trará
conforto e a segurança dos utentes, mas não a beleza, o caudal e a biodiversidade do rio como

1
ostentava nos anos passados, acrescentando que em 2013 tentou-se fazer uma intervenção, na qual o
material ali aplicado acabou por entalar e não houve sucesso nos trabalhos.

Justificação da investigação

O processo de assoreamento costuma ocorrer com a acção das chuvas, o solo é lavado, ou seja, a
sua camada superficial é removida, e os sedimentos são transportados por escoamento em direcção
aos rios, onde são depositados. Quando não há obstáculos para esses sedimentos, função geralmente
exercida pela vegetação, grande quantidade é depositada. Esse material depositado é levado pelo
próprio rio e, quando encontra locais mais planos, onde a velocidade do curso de água não é muito
acelerada, deposita-se no fundo, acumulando e, eventualmente, formando bancos de areia ao longo
do curso de água, facto que acontece na embocadura do rio Giraúl.

Originalmente, esse é um processo natural, mas que é intensificado pelas acções humanas,
sobretudo a partir da remoção da vegetação das margens dos rios.

A 4 de Março de 2011, os agricultores dos vales do rio Giraúl tiveram avultados prejuízos, grandes
enxurradas destruíram a ponte rodoviária que cruzava o rio Giraúl. A devastação pelas cheias de
fazendas, lavras e hortas nos vales dos rios Bero, Macala e Giraúl lançou na ruína dezenas de
famílias da cintura verde do Namibe.

O controlo do assoreamento no estuário do rio Giraúl (Figura 9) proporcionará a capacidade de


evitar que ocorram desastres naturais e complicações decorrentes do acúmulo de substâncias e
prejudiciais à saúde do ecossistema estuarino. A incidência de transbordamento e enchentes é
reduzida quando ocorre a manutenção e controlo do curso fluvial.

O desequilíbrio no balanço sedimentar pode provocar alterações na linha de costa, causando a


redução no aporte sedimentar, sendo responsáveis pelos processos erosivos (Machado, 2010).

Problema de investigação

A zona costeira é uma área em constante evolução por enquadrar-se numa área de transição entre
dois domínios distintos, o continente e o oceano, dos quais emanam forças construtivas e
destrutivas na procura de um equilíbrio dinâmico. Os estuários abrangem grande variedade de
organismos além de serem grandes berçários de diversas espécies da fauna. Constitui o problema
desta investigação responder a seguinte questão: Que influência tem o assoreamento na dinâmica
do ecossistema estuarino do rio Giraúl?

2
Objecto de Investigação

O objecto desta investigação é o assoreamento do ecossistema estuarino do rio Giraúl em


Moçâmedes.

Campo de acção

O campo de acção é ecossistema estuarino do rio Giraúl em Moçâmedes

Objectivos de investigação

a) Geral

o Contribuir para a redução das causas antrópicas no assoreamento do estuário do rio Giraúl
b) Específicos

o Fundamentar teoricamente o tema em estudo;


o Identificar os impactos do assoreamento do rio Giraúl na dinâmica do ecossistema do
estuário do rio Giraúl;
o Propor acções para mitigar o assoreamento do estuário do rio Giraúl.
Hipótese

o O assoreamento leva a perda da diversidade biológica no ecossistema estuarino do rio


Giraúl.
Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado em 5 partes, a saber:

A primeira parte é constituída pela parte introdutória;

A segunda, pelo corpo do trabalho que está dividido em dois capítulos:

o O primeiro contém a fundamentação teórica da investigação;

o O segundo pela metodologia, análise e discussão dos resultados;

A terceira parte está constituída pelas conclusões e sugestões;

A quarta contém a bibliografia e,

A quinta parte é constituída pelos apêndices.

3
CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO

1.1. Conceito de ecossistema

O termo “ecossistema” foi inicialmente introduzido em 1935 por Tanslev para nomear um conceito
holístico que combina, num único sistema, os organismos vivos e o seu ambiente físico.

Para Odum (2001), denomina-se ecossistema ou sistema ecológico, qualquer unidade que abranja
todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada área, interagindo com o ambiente
físico de tal forma que o fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e um
ciclo de materiais entre as partes vivas e não vivas.

Cassini (2005) define ecossistema como um conjunto formado por uma comunidade biótica e
factores abióticos que interactuam, originando uma troca de matéria entre as partes vivas e não
vivas.

Os ecossistemas representam o conjunto de relações que se dinamizam nos ambientes naturais


(Vieira, 2010).

Bulhões (2015), realça os serviços de ecossistemas como bens e serviços dos ecossistemas que
representam os benefícios que a população humana obtém, directa ou indirectamente das funções
dos ecossistemas.

A acção agressiva do homem, mais contínua e acelerada é que vem provocando alterações mais
significativas nos ambientes naturais. As formas de produção industrial, com emanações tóxicas que
alteram os gradientes térmicos da atmosfera, a destruição incontrolada das florestas tropicais, a
poluição e degradação dos rios, lagos, mares e oceanos conduzem a desequilíbrios que se
manifestam em eventos naturais de crescente violência (Vieira, 2010).

Os ecossistemas naturais continuam sendo pressionados constantemente pelos interesses


económicos do ser humano. Todas as actividades exercidas pelo homem num ecossistema geram
problemas ambientais se não forem adoptadas medidas mitigadoras pertinentes. Ao se exaustar os
ecossistemas, as populações migram para outras regiões e se ajustam, gerando novos problemas
(Roppa, 2009).

1.2. Factores que contribuem na dinâmica dos ecossistemas

Nos ecossistemas ocorrem diversos processos naturais, que resultam das complexas interacções
entre os seus componentes bióticos e abióticos por meio das forças universais de matéria e energia.

4
Os processos pelos quais os ecossistemas alcançam e mantêm o estado de equilíbrio dinâmico
representado pelo clímax resultam da interacção mútua de um crescente número de componentes da
estrutura, adicionados durante a sucessão ecológica, sob a influência reguladora dos factores
ecológicos. Esses processos naturais garantem a sobrevivência das espécies no planeta e têm a
capacidade de prover bens e serviços que satisfazem necessidades humanas (Bulhões, 2015).

Os factores ambientais no meio marinho incluem: temperatura, salinidade, pressão, nutrientes, gases
dissolvidos, correntes, luz, sedimentos em suspensão, substrato, marés e ondas (Rodrigues, 2004).

Os factores abióticos agem sobre as populações de maneira independente da densidade,


influenciando os organismos de acordo com suas capacidades específicas de suportar as variações
das condições do ambiente (Rodrigues, 2004).

De acordo com o autor acima referenciado, os factores ecológicos actuam das seguintes formas:

1. Eliminando espécies dos territórios onde as condições climáticas e físico-químicas não


sejam favoráveis, influindo na distribuição e repartição geográfica dos organismos, e na
configuração dos biomas;
2. Modificando as taxas de fecundidade e mortalidade dos organismos, agindo na densidade
das populações;
3. Favorecendo ou não a manutenção de modificações adaptativas, influenciando o próprio
curso da evolução biológica.
Da Silva e Alberguini (2011) afirmam que nos ambientes marinhos, quase todas as características
físicas e químicas da água dependem da salinidade (da quantidade de sais dissolvidos). Tanto a
salinidade como o teor de oxigénio podem ser considerados uniformes, excepto em locais com
características particulares, como estuários.

Castello e Krug (2015, p. 317) dizem que “os principais parâmetros que variam no ambiente
estuarino são a salinidade, substrato, temperatura, ondas e correntes, turbidez e oxigénio dissolvido.
A maior parte da biota estuarina é composta por espécies de origem marinha, que suportam
variações na salinidade”.

1.3. Os ecossistemas estuarinos

Estuários, segundo a definição clássica proposta por Pritchard (1967 citado por Godoy, 2015), são
considerados como corpos de água costeiros, semi-confinados, onde ocorre a mistura de água doce,
vinda do continente, com a água salgada do oceano. Nas latitudes tropicais e subtropicais, os

5
estuários são dominados pelo ecossistema manguezal, cujo funcionamento é fortemente
influenciado pelas características e processos que ocorrem ao longo do gradiente fluvio-marinho,
uma vez que esse ecossistema depende justamente dessa interacção entre rio e oceano para existir.
Estão entre os ambientes do sistema litoral que sofrem com a presença de comunidades humanas
em todo o planeta. Os estuários são permanentemente ou periodicamente ligados ao mar e que
recebe descarga de rios (Godoy, 2015).

Para Da Silva e Alberguini (2011), ocorrem ao longo da costa em lugares onde os rios desaguam no
mar, havendo interacção de águas marinhas e continentais.

1.3.1. Propriedades dos ecossistemas estuarinos

A contínua alteração na estrutura da onda de maré conforme ela se propaga em direcção ao estuário
e para dentro do mesmo, faz com que a maré tenha influência dominante na dinâmica estuarina
(Kyssyanne, 2010).

De acordo com Silva (2014), a hidrodinâmica estuarina é baseada em dois parâmetros


adimensionais hidrodinâmicos:

1. O parâmetro da circulação e;
2. O parâmetro de estratificação.
O primeiro é a relação entre a velocidade do fluxo próximo à superfície e o fluxo médio em uma
secção vertical. O fluxo próximo à superfície geralmente está relacionado à descarga fluvial e o
fluxo médio é tipicamente muito pequeno, tendendo a zero em estuários com alta troca de águas,
pois haverá tanto fluxo do oceano para o estuário quanto o contrário. Ao relacionar esses dois
fluxos, ou seja, a magnitude do desagúe fluvial e do fluxo de troca estuário – oceano, é possível
estabelecer uma classificação para o sistema. De modo geral, quanto maior o parâmetro de
circulação, mais forte será a circulação gravitacional (Couceiro, 2015).

O segundo parâmetro adimensional, o da estratificação, é a relação entre a diferença de salinidade


entre superfície e fundo com a média da salinidade em uma secção transversal do estuário. Assim,
quanto menor for a estratificação na coluna de água, menor será o parâmetro de estratificação
(Silva, 2014).

De acordo com Ré (2000), a temperatura das águas estuarinas é muito variável devido sobretudo à
mistura de massas de água com características físico-químicas diferentes e à ocorrência de áreas
pouco profundas. Formulam-se como massas de água com capacidade variável para suportar

6
descargas poluentes. Ora, enquanto massa de água, os estuários apresentam alguma capacidade para
dispersar e assimilar poluentes, variando esta capacidade em função de factores como a forma e
dimensão da bacia, a largura da embocadura, a profundidade, a amplitude de marés, os tipos de
corrente, a topografia da área envolvente ou a zona climática (Odum, 2001).

1.3.2. O papel dos estuários

Para Kalukalua (2019), os estuários são fundamentais para a saúde e bem-estar do ambiente
marinho e costeiro, fornecendo importantes bens e serviços. Por outro lado, no Namibe, os estuários
são muitas vezes utilizados como zonas de depósito de resíduos sólidos.

Além de serem sujeitos a grandes variabilidades ambientais, os estuários fornecem alimento, abrigo
a diferentes espécies e, são responsáveis pela redução da frequência e velocidade de propagação dos
caudais de cheias, reduzem a erosão e filtram a água (Kalukalua, 2019).

Vieira (2010) garante que os presentes desequilíbrios climáticos estão verdadeiramente ligados a
problemas de desmatamento em larga escala, poluição das fontes hídricas e da atmosfera, erosão
dos solos que levam à desertificação, à criação artificial de grandes superfícies líquidas barradas e
ao excesso de população, concentrada nas cidades, o que gera uma grande quantidade de dejectos
poluidores.

1.3.3. Dinâmica dos ecossistemas estuarinos

De acordo com Ré (2000), a salinidade tem uma importância preponderante na distribuição dos
organismos que se encontram nos estuários e que vivem na massa de água. É, no entanto, muito
menos importante para os organismos que se encontram no interior dos sedimentos.

De acordo com a Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia (2017) [SOMESB], a


salinidade afecta muito a vegetação, determinado a distribuição de espécies na faixa litorânea. As
diferenças de salinidade são devidas à dinâmica entre a evaporação e a precipitação. A salinidade
nas regiões costeiras é mais variável. Somente actua como um factor limitante nos estuários, onde
as variações podem ser drásticas.

A acção das marés promove a circulação dos nutrientes e alimentos além da remoção dos produtos
inaproveitáveis do metabolismo dos organismos. Este factor, somado à presença de plantas fixas
que retêm os nutrientes provenientes do ambiente terrestre contribui para a formação de um dos
ambientes mais produtivos e férteis do mundo (Da Silva e Alberguini, 2011).

7
Os nutrientes são utilizados pelos vegetais fotoautotróficos na síntese de matéria orgânica através
do processo fotossintético. O dióxido de silício é incorporado nas carapaças das Diatomáceas. Ao
contrário do que acontece com os principais iões que se encontram dissolvidos na água dos oceanos
numa concentração aproximadamente constante, os nutrientes podem apresentar concentrações
muito variáveis como resultado da produção biológica, rareando próximo da superfície das águas e
sendo mais abundantes em águas mais profundas (Ré, 2000).

A solubilidade diminui conforme aumentam a temperatura e a salinidade. O fitoplâncton marinho e


estuarino é constituído essencialmente por Diatomáceas e Dinoflagelados. Outros grupos de algas
flageladas podem constituir igualmente uma fracção importante do Fitoplâncton, nomeadamente
Coccolithophoridae, Haptophyceae, Chrysophyceae (Silicoflagelados), Cryptophyceae e algumas
algas Chlorophyceae (SOMESB, 2017).

Os invertebrados como pequenos caranguejos, camarões, nematódeos, anelídeos poliquetos,


pequenos bivalves e até larvas de insectos ingerem grande quantidade de detritos das plantas
vasculares com populações microbianas que passam por seus tubos digestivos, resultando em
repetida remoção e novo crescimento dessas populações e são, por sua vez, o alimento principal de
vertebrados como peixes e aves. Os estuários são de grande importância para as aves marinhas tanto
residentes quanto migratórias (Da Silva e Alberguini, 2011).

As espécies que vivem em estuários podem ter como adaptação a pele impermeável, valvas capazes
de se fechar, capacidade de osmorregulação (controlo da concentração salina do citoplasma) ou
possuir glândula excretora de sal (SOMESB, 2017).

Embora a descarga fluvial, geometria e a topografia sejam factores importantes na determinação da


circulação e dos processos de mistura de um estuário, os ventos e a maré são as maiores fontes de
energia para a realização destes processos num estuário (Kyssyanne, 2010).

Ré (2000) garante que no domínio estuarino as estimativas da produção primária são variáveis, nas
regiões tropicais a produção pode ser controlada por factores como nutrientes, salinidade e
temperatura.

Para Souza (2017), estuários com baixas contribuições de rios e longos tempos de residência
tendem a reter nutrientes e, por consequência, aumentar a taxa de produção primária. Em
contrapartida, os que apresentam altas contribuições e baixo tempo de residência são menos
vulneráveis aos efeitos da eutrofização e ao acúmulo de substâncias indesejáveis.

8
O zooplâncton estuarino é constituído por formas holo e meroplâncton. As formas holoplanctôn são
sobretudo dominadas pelos copépodes. Alguns géneros de copépodes são tipicamente estuarinos.
Além dos copépodes, outros taxa podem representar igualmente uma fracção importante do
holoplâncton estuarino. As formas meroplanctónicas podem em certas épocas do ano dominar o
zooplâncton estuarino. Nos períodos de inverno e estio, as larvas de invertebrados bentônicos são
quase sempre as formas mais abundantes. A abundância do zooplâncton estuarino é geralmente
limitada por dois factores principais (Ré, 2000).

1.4. A problemática do assoreamento

Dill (2002), conceitua o assoreamento como sendo um processo que consiste na acumulação de
partículas sólidas (sedimento) em meio aquoso, ocorrendo quando a força do agente transportador
natural é sobrepujada pela força da gravidade ou quando a supersaturação das águas permite a
deposição.

Para Lorenzo (2011), esse processo é natural, decorrente da erosão, porém devido à acção antrópica
o processo é acelerado e acarreta diversos impactos ambientais negativos.

As actividades antrópicas são agravantes deste processo, relacionado directamente ao aumento de


erosão pluvial, por práticas agrícolas inadequadas e infra-estrutura precária de urbanização, bem
como pela modificação da velocidade dos cursos de água por barramentos, desvios, entre outros
(Guimarães, 2008).

Por outro lado, o assoreamento pode gradativamente ir se estendendo, provocando assim a


diminuição do período de vida do local assoreado.

É fundamental o estudo geomorfológico dos canais fluviais para a compreensão do aumento da


degradação ambiental nas encostas fluviais.

A natureza sempre responde com erosões, secas, enchentes, doenças e a miséria generalizada.

Agricultores de Quilengues, Huíla, manifestaram, ao Jornal de Angola preocupação face ao


assoreamento, provocando elevados prejuízos com a inundação de milhares de hectares de terrenos
cultivados (Kassana, 2018).

Souza (2017) afirma que a degradação das margens está associada ao desmatamento para ocupação
irregular, ou seja, os problemas ambientais estão relacionados ao mau uso do solo e à exploração
dos recursos naturais.

9
1.4.1. O assoreamento na dinâmica dos ecossistemas estuarinos

Um promotor directo influencia directamente os processos dos ecossistemas e pode, portanto, ser
identificado e medido com graus variáveis de precisão. Os promotores indirectos actuam de uma
forma mais difusa, à distância, frequentemente alterando um ou mais promotores directos. Os
promotores de alteração indirectos são primordialmente ligados às actividades humanas em um
ecossistema enquanto os promotores directos são primordialmente de natureza física, química e
biológica. A acção das marés, ventos, ondas e dos rios, produzem variações de densidade que
determinam parte dos processos de circulação estuarina. Os ventos podem influenciar no gradiente
de salinidade ao longo do estuário e nas características de descarga estuarina e de escoamento
superficial, além de ser um dos principais factores da distribuição do oxigénio no meio estuarino
(Souza, 2017).

De acordo com Santos e Amaro (2013), os canais de maré submetidos a intensa acção de processos
costeiros promovem as variações nas linhas de costa, transporte eólico e litorâneo, a erosão de
forma geral, as alterações no balanço de sedimentos (Figura 10), abertura e fechamentos de canais
de marés e a formação de novas ilhas barreiras e barras arenosas. A intensa dinâmica costeira
(erosão ou assoreamento) modifica a morfologia costeira mesmo em curtos intervalos de tempo, em
conformidade com as alterações sazonais intra-anuais.

O solo é perdido sobretudo devido à acção do vento (erosão eólica) e da chuva (erosão hídrica).
Quer a erosão eólica, quer a erosão hídrica, arrastam material mais fino e mais rico em nutrientes
que o material que fica. As perdas por erosão hídrica originam depósitos do material erodido em
cursos de água, lagoas e oceanos com reduzida possibilidade de serem de novo reciclados para os
sistemas agrícolas, para além de causarem problemas graves de eutrofização dessas águas e
consequente perda de biodiversidade. Este cenário vem induzindo a alterações nos estuários como
florações de algas, depleção de oxigénio, mortandade de organismos, mudança de composição de
espécies e perda dos serviços ecossistémicos (Bulhões, 2015).

A turbidez funciona como um factor limitante da produção fitoplanctónica e consequentemente da


produção secundária. Em segundo lugar em muitos sistemas estuarinos as correntes prevalecentes
tendem a transportar o zooplâncton para o domínio marinho (Ré, 2000).

Para Vieira (2010), a estrutura física em vários locais da superfície terrestre vem sendo alterada: a
retirada incontrolada de água de grandes reservatórios naturais, o desvio de cursos de rios, o

10
deslocamento de alinhamento de dunas litorâneas, a ocupação de morros com a destruição da
cobertura vegetal e a destruição das matas ciliares responsável pelo assoreamento dos rios são todos
factores que lentamente vão repercutindo no equilíbrio sistémico formado pela natureza.

A circulação no interior do estuário é também influenciada pelo tamanho e forma da bacia de


drenagem. Embora os sedimentos sejam componentes naturais dos corpos de água, quando
intensivamente carregados aos mananciais podem modificar os aspectos da hidrologia dos canais,
principalmente pelo fenómeno do assoreamento, além de diminuir a penetração da luz na coluna da
água, afectando drasticamente a produção primária e consequentemente a dinâmica das populações
(Neves, 2010).

Dias (2005) assevera que os estuários representam o principal meio através dos quais os sedimentos
são transportados do continente para a plataforma continental e exercem influência directa sobre a
dinâmica costeira. A maior parte dos sedimentos grossos carreados pelos rios acumula-se nas
planícies de inundação, sendo liberada apenas durante os períodos de maior descarga fluvial.

Os estuários são o destino dos sedimentos produzidos na bacia hidrográfica e nas áreas costeiras
adjacentes, esse sedimento é acumulado em certos locais, fazendo com que surjam ilhas e bancos de
areia ao longo do canal estuarino (Godoy, 2015).

1.4.2. Causas do assoreamento

O processo de assoreamento está relacionado aos processos erosivos, sendo que estes fornecem os
materiais que, ao serem transportados e depositados darão origem ao assoreamento. Os processos
erosivos contribuem de maneira considerável para a elevação do assoreamento no leito fluvial
(Souza, 2017).

O aporte de material mineral é o factor causador do assoreamento dos corpos de água. O facto de as
represas possuírem elevado tempo de residência da água, em comparação com os rios, facilita a
deposição deste material (Guimarães, 2008).

Para Folha (2011), este aporte de material mineral é resultante da deposição de sedimentos fluviais
e marinhos e das variações do volume sedimentar.

De acordo com Dill (2002), este processo pode ser de origem eólica, marinha ou fluvial.

A retirada da cobertura vegetal também é uma das causas da erosão e do assoreamento (Dos Santos,
2002).

11
Para Machado (2010), as fontes mais prováveis dos sedimentos arenosos com destino às regiões
litorâneas são os cursos fluviais adjacentes e, principalmente, da plataforma continental interna.

As correntes fluviais podem transportar materiais tanto em suspensão como por tracção de fundo.
Nos estuários, onde os processos turbulentos são mais intensos, a hidrodinâmica favorece o
transporte em suspensão. Em eventos de grande descarga fluvial o rio transporta materiais de todos
os tamanhos. A selecção actua gradativamente fazendo com que o material mais fino seja
transportado em suspensão com velocidades maiores e o material mais grosso seja transportado no
fundo mais devagar. Durante esse transporte, parcelas dos sedimentos podem se depositar, sendo
erodido e reutilizado mais tarde (Dias, 2005).

Uma alteração entre as maré alta e baixa geralmente é responsável por fluxos residuais de
sedimentos no ambiente. O transporte de sedimento gerado puramente por ondas é relativamente
menos importante nos estuários do que na plataforma continental. No entanto, a influência dessas
ondas, principalmente em áreas de planícies de maré, na ressuspensão de sedimentos é um
fenómeno significativo, sendo que se combinado com um transporte mareal pode causar um fluxo
importante de sedimento, alterando a estrutura estuarina (Silva, 2014).

Essa carga de sedimentos originada do intemperismo e da erosão é produto de processos naturais


que actuam em escalas temporais geológicas. Porém, actividades humanas conseguem alterar esse
regime sedimentar e causam alterações nos ambientes receptores dos sedimentos (Godoy, 2015).

1.4.2.1. O homem como acelerador do assoreamento dos cursos dos rios

Em termos ambientais, as principais pressões reflectem-se ao nível do desenvolvimento e


urbanização em ambientes naturais; poluição da água do mar e das praias; perda de biodiversidade,
como resultado da erosão das dunas e outros ecossistemas costeiros motivado pelas construções e
pressões das actividades dos turistas; excesso de uso de água potável (Ferreira, 2014).

Embora o assoreamento seja um processo natural, as constantes explorações dos solos pelo homem
acelera este processo natural. A construção de barragens também contribui para uma redução da
área das bacias hidrográficas que é directamente drenada para o mar, o que conduz a uma
diminuição significativa dos volumes sedimentares transportados por via fluvial.

Para Godoy (2015), a pecuária e a agricultura (Figura 1) possuem um grande impacto na dinâmica
de sedimentação uma vez que o desmatamento de áreas de vegetação é comum para abrir espaço

12
para áreas de produção agrícola e de pecuária, desse modo, as áreas ficam muito menos protegidas
contra efeitos erosivos. Ao lavrar o solo, torna-os vulneráveis à acção das quedas pluviais.

Figura 1: Prática da agricultura no curso do rio Giraúl. Fonte: Autor da pesquisa.

O homem não tem usado sua habilidade para manipular a terra com toda sabedoria e precaução
necessárias. A consequência tem sido a degradação do ambiente, erosão do solo, compactação, falta
de escoamento da água, ou inundações mais frequentes, perda do habitat natural, desperdício dos
recursos florestais, poluição da água e do ar, destruição da beleza da paisagem são. Estes são os
resultados das faltas de aptidões e de compreensão humana sobre como usar apropriadamente a
terra e seus recursos.

A cobertura do solo por plantas e seus resíduos é o factor mais importante na redução da erosão dos
solos agrícolas por permitirem a dissipação da energia das gotas de água da chuva. O aumento da
cobertura do solo leva a uma protecção maior contra a desagregação de partículas, reduzindo o
processo erosivo e contribuindo para aumentar a infiltração de água no solo. A cobertura vegetal é
também importante para fornecer matéria orgânica e sombreamento ao solo, proporcionando,
portanto, benefícios não apenas por evitar a erosão, como também por aumentar os organismos
benéficos ao solo, como as minhocas e fungos, e controlar a perda de elementos nutritivos do solo.

Quando o homem constrói um reservatório, altera-se a característica hidráulica do trecho


compreendido entre a barragem e a secção à montante, muda-se o estado de equilíbrio do fluxo,

13
ocasionado pela construção, conduzindo-se a uma série de transformações no processo fluvial,
proporcionando-se a desaceleração do movimento das partículas na direcção da corrente, fazendo
com que as partículas sólidas como pedregulhos e areias grossas se depositem mais próximas da
entrada do reservatório, quanto maior o seu diâmetro (Godoy, 2015).

1.4.3. Erosão e Assoreamento: processos directamente proporcionais

As zonas costeiras revelam-se ecossistemas naturais únicos e valiosos, no que respeita aos recursos
naturais que as integram, existindo, em paralelo, uma necessidade fulcral em as proteger e
conservar. Tal situação advém de possuírem ecossistemas com grande diversidade biológica,
altamente produtivos e que constituem o habitat de um grande número de espécies marinhas.

A erosão dos solos constitui um problema à escala mundial e embora tenha maior gravidade nos
países em desenvolvimento, continua a ser motivo de preocupação nos países desenvolvidos. O
transporte ocorre principalmente com os sedimentos erodidos do continente, que são dispersados
para o oceano pelo vento, fluxos de gravidade e pelos icebergs. As taxas de aporte para sedimentos
erodidos do continente ou pela erupção de vulcões geralmente diminuem com a distância da área-
fonte (Castello e Krug, 2015).

O processo de assoreamento encontra-se intimamente relacionado aos processos erosivos, uma vez
que este processo é que fornece os materiais que darão origem ao assoreamento. Quando não há
energia suficiente para transportar o material erodido, este material é depositado.

Para Fiedler (2015), o aumento do nível do mar causa erosão costeira e, consequentemente, o
aumento a deposição de sedimentos. Esta zona está sujeita a acção das ondas, marés e ventos que
durante a sua dinâmica levam consigo os sedimentos arenosos da costa. A perda de sedimentos é
um dos principais problemas que assola a zona costeira, este processo é conhecido como erosão
costeira.

Segundo Okamoto (2009), as ondas são as principais responsáveis pela erosão costeira, tendo uma
importância singular nos processos de dinâmica e gerenciamento costeiros.

Para Ferreira (2014, p. 18), “a erosão costeira pode ser motivada pela subida das águas, resultante
das alterações climáticas, que põe em causa a vida humana e animal, assim como todas as
actividades económicas que daí decorrem”.

14
Roppa (2009), garante que a erosão resulta da acção das ondas, tende a provocar desmoronamentos
nas rochas mais duras e deslizamentos nas rochas menos duras. Estes movimentos podem ser
reforçados pela acção das raízes de algumas árvores ou de cursos de água.

1.4.3.1. Transporte e deposição dos sedimentos

Os dois factores principais que determinam as características de um depósito sedimentar,


independentemente da sua génese, são o tamanho das partículas e as condições energéticas do
ambiente, geralmente determinadas pela acção das ondas e correntes. (Castello e Krug, 2015).

O transporte por ventos é responsável pelo retrabalhamento dos sedimentos depositados na face
praial, quando exposta por correntes de ar, estes são capazes de deslocar sedimentos provenientes
dos cursos fluviais adjacentes e da plataforma continental interna até a praia, ou recolocá-los na
plataforma continental (Ranieri e El-Robrini, 2016).

A fracção mais fina pode manter-se em suspensão por mais tempo, não chegando a assorear. Já os
sedimentos em suspensão provenientes do leito do rio, são ligeiramente mais graúdos, nas faixas da
areia fina (Ramos, 1999).

Os sedimentos que chegam ao curso de água têm diversas granulometrias e sofrem um processo de
transporte diferenciado, de acordo com as condições do local e do escoamento (Carvalho, 1994).

De acordo com Da Costa (2012), no curso de água podem-se agrupar os modos de transporte do
material particulado em três categorias, assim relacionadas:

Carvalho (1994), afirma que as chuvas que desagregam os solos e as enxurradas que os transportam
para os cursos de água são os maiores responsáveis pelo transporte de sedimentos.

Quando o aporte de sedimentos excede a capacidade de transporte, há a deposição deste material em


locais relativamente mais baixos, que podem ser depressões naturais do terreno ou reservatórios de
água como rios, lagos, açudes ou represas, concluindo assim o processo erosivo (Couceiro, 2015).

Alterações nas características tanto do fluxo como da carga do material transportado, pode
constituir ou erodir depósitos preexistentes no canal (Santos e Stevaux, 2010).

Carvalho (1994), garante que as deposições de sedimentos dentro dos reservatórios, conforme
podem ser divididas em depósitos de delta, com sedimentos mais grossos, depósito de margem e
depósito de leito, com sedimentos mais finos.

15
Esta erosão tem provocado sérios problemas em todo o mundo, desde o assoreamento de áreas
baixas, rios e reservatórios de água, até a deterioração de grandes extensões de terras (Dill, 2002).

O aumento da descarga fluvial, além de contribuir para a estratificação, reduz o tempo de residência
da água doce no estuário e o aprisionamento de contaminantes em seus sedimentos. Dependendo do
regime fluvial e da disponibilidade de material para transporte, a areia que está sendo transportada
pode acumular em grandes corpos submersos (barras arenosas submersas) ou eventualmente aflorar
à superfície do rio. Seja qual for o tipo de barra, sua presença no rio é relativamente efémera e sua
distribuição, embora controlada pelas características do fluxo, tem um carácter aparentemente
errático e varia, geralmente, a cada evento de cheia, podendo ser acrescida ou desaparecer (ser
transportada pelo rio) (Lorenzo, 2011).

1.4.4. Consequências do assoreamento

De acordo com Lorenzo (2011), as consequências do assoreamento são:

a) Elevação do fundo do corpo hídrico, prejudicando a navegação e diminuindo a lâmina de


água, o que provoca seu maior aquecimento e menor capacidade de dissolver oxigénio;
b) Alteração da circulação e dos fluxos das correntes internas, comprometendo a vegetação
(Figura 6) da orla e as zonas pesqueiras;
c) O material fino em suspensão na coluna de água (turbidez) é uma barreira à penetração
dos raios solares, prejudicando a biota que realiza fotossíntese e consequentemente
diminuindo a taxa de oxigénio dissolvido (OD) na água.
Além dos impactos aludidos por Lorenzo (2011), Neves (2010), assume que o assoreamento
também causa distúrbios nas comunidades aquáticas.

Para Neves (2010), do ponto de vista da vazão dos rios, em épocas chuvosas, deriva o aumento da
velocidade da corrente da água que está associada a ressuspensão do sedimento de fundo bem como
no transporte dos solutos aportados pelos processos erosivos nas margens.

O acúmulo de sedimentos no estuário quebra a hidrodinâmica do mesmo, não havendo contacto


entre as duas massas de água, podendo acarretar implicações como perda da fauna e flora típica
estuarina bem como a eutrofização na parte fluvial devido a prática da agricultura que ali se pratica.
Existe uma diferença acentuada entre ambientes marinhos rasos e profundos. Nos domínios rasos
costeiros (águas de plataforma e estuarina) há interdependência entre o comportamento
hidrodinâmico, os sedimentos e as feições do fundo (Castello e Krug, 2015).

16
Os processos de erosão e sedimentação podem trazer muitos problemas. O sedimento é transportado
para o curso de água, prejudicando a qualidade das águas superficiais, além de servir como veículo
a outros poluentes que são absorvidos a estes materiais. Assim que a capacidade de transporte dos
cursos receptores seja insuficiente, tais sedimentos são depositados em canais de irrigação, rios,
estuários (Figura 2), reservatórios, portos, reduzindo a capacidade destas estruturas (Couceiro,
2015).

Figura 2: Acúmulo do material assoreado na embocadura do Rio Giraúl. Fonte: Autor da pesquisa.

A presença de sedimentos nos cursos de água ocasiona vários problemas, afectando a operação dos
canais, diminuem a capacidade de reservatórios, favorecem a poluição física e química, aumenta o
custo de tratamento para os vários usos e trazem danos à vida aquática (Paiva, Paiva e Reinert,
1998).

1.4.5. Medidas correctivas e preventivas contra assoreamento

O assoreamento e a erosão são processos directamente proporcionais, os sedimentos erodidos em


uma determinada área geográfica são os mesmos que servem de material para assorear locais em
falta de sedimentos ou na embocadura de um rio como é a realidade do estuário do Rio Giraúl.

17
De acordo com Souza (2017), o processo de assoreamento pode ser controlado e reduzido através
de três medidas:

o Redução da quantidade final de sedimentos que entra no reservatório por meio do controlo
da erosão da bacia e da retenção de sedimentos;
o Remoção dos sedimentos por meios mecânicos, como dragagem e;
o Passagem do escoamento carregado de sedimentos através do reservatório e posterior
liberação por descarga de fundo localizada na barragem.
As medidas preventivas pressupõem o controlo e a prevenção da erosão nas áreas de produção de
sedimentos enquanto que as correctivas dizem respeito às dragagens, o aproveitamento mineral dos
depósitos e as obras hidráulicas específicas (Da Costa, 2012).

As medidas correctivas e preventivas do assoreamento requerem estudos específicos, considerando-


se a dinâmica sedimentar desde as áreas fonte até as áreas de deposição.

Qualquer que seja a fase do estudo são necessários o levantamento e a recolha de dados
hidrológicos e sedimentológicos, como série de vazões, descarga sólida, granulometria do
sedimento do leito e em suspensão (Da Costa, 2012).

Paiva (2001) comenta que, o estudo e a compreensão dos factores que integram o processo de
erosão do solo e a quantificação das perdas de solo são de grande importância, pois, servem como
ponto de partida para a elaboração de medidas que visem a maximização do uso dos recursos
hídricos disponíveis, sem os efeitos negativos decorrentes da produção, transporte e deposição de
sedimentos.

De acordo com Da Costa (2012), qualquer que seja a fase dos estudos, as primeiras providências
que devem ser tomadas são:

o Levantamento das condições de erosão da bacia (uso do solo, desmatamento, etc.);


o Levantamento de postos sedimentométricos existentes ou desactivados;
o Estudos existentes sobre o tema para a bacia em análise;
o Recolha de dados hidrológicos e sedimentológicos necessários (série de vazões, descarga
sólida total, granulometria do sedimento em suspensão e do leito).
o Na falta de dados sedimentométricos e hidrológicos, há necessidade de instalação e operação
de posto ou de rede hidrossedimentométrica para obtenção de dados em curto prazo.

18
1.5. Resumo do Capítulo I

Os estuários embora sejam considerados como ecossistemas de elevada produtividade, sofrem


constantemente de forma indirecta com as actividades antrópicas que aceleram a acção dos
fenómenos naturais. O rio Giraúl é um rio intermitente, com variações do caudal dependendo das
quedas pluviais. Para a prática da agricultura é necessário antes o tratamento do solo bem como a
remoção da vegetação típica estuarina, a agricultura cria condições para a erosão dos solos.

A remoção da vegetação natural através do desmatamento é a primeira etapa da ocupação de um


território. A vegetação natural mantém na região um processo de erosão natural, atenuando a acção
das chuvas no solo.

Quando esta vegetação é removida pode-se instalar na região um processo de erosão e


consequentemente o assoreamento.

Dentre outros danos, a erosão causa assoreamento de cursos e reservatórios de água, degradação do
solo prejudicando a manutenção da sua fertilidade, alterando a profundidade do solo e causando a
perda do horizonte, o qual contém a maior parte da matéria orgânica e dos nutrientes essenciais para
as plantas.

A erosão e o assoreamento trazem também como consequências uma maior frequência e


intensidade de enchente e alterações ecológicas que afectam fauna e flora.

19
CAPÍTULO II. METODOLOGIA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

2.1. Localização geográfica da área de estudo

O estuário do rio Giraúl (Figura 2) encontra-se geograficamente localizado na província do Namibe,


na costa de Moçâmedes à 15°04'07,9"S 12°08'22,3"E, está à 5,66 km a Norte da Praia das Conchas
e 3,02 km a Sul da Praia dos Mucuissis.

Figura 3: Estuário do Rio Giraúl visto por satélite. Fonte: Google maps, (2020).

2.2. Caracterização da área de estudo

Segundo Kalukalua (2019), os rios situados acima do Catumbela apresentam água durante todo o
ano, enquanto os situados a sul deste rio, geralmente apresentam leitos secos durante a época seca
(Figura 7) e às vezes tal situação pode prolongar-se por vários anos, como ocorre com os rios do
Namibe. A caracterização do estuário é muito inconstante e varia muito de acordo com a quantidade
de água que de forma sazonal passa nele e, o tipo e quantidade de matérias que as águas fluviais
arrastam desde a montante para o mar. Em função desses factores, o estuário do rio Giraúl pode ser
aberto e tornar-se muito pequeno e num determinado período abre-se e torna-se muito extenso.

20
O facto deste rio sofrer duas grandes perturbações sazonais: seca e cheia, faz com que haja
importantes variações das características de seus substratos, nas concentrações de nutrientes, nas
comunidades de invertebrados, macrófitas e peixes (Da Silva e Alberguini, 2011).

2.3. Tipo de investigação

A pesquisa científica é uma actividade humana, cujo objectivo é conhecer e explicar os fenómenos,
fornecendo respostas às questões significativas para a compreensão da natureza.

Prodanov e Freitas (2013) afirmam que em uma pesquisa científica o pesquisador utiliza o
conhecimento anterior acumulado e manipula cuidadosamente os diferentes métodos e técnicas para
obter resultado pertinente às suas indagações.

A pesquisa básica objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem
aplicação prática prevista e envolve verdades e interesses universais; na descritiva o
pesquisador apenas regista e descreve os factos observados sem interferir neles. Visa a
descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de recolha de dados:
questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento. Tal
pesquisa observa, regista, analisa e ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem
interferência do pesquisador. Procura descobrir a frequência com que um facto ocorre, sua
natureza, suas características, causas, relações com outros factos. Assim, para recolher tais
dados, utiliza-se de técnicas específicas, dentre as quais se destacam a entrevista, o
formulário, o questionário, o teste e a observação. Na pesquisa descritiva, os factos são
observados, registados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador
interfira sobre eles, ou seja, os fenómenos do mundo físico e humano são estudados, mas
não são manipulados pelo pesquisador (Prodanov e Freitas, 2013).

Em função das ideias anteriormente apresentadas o presente trabalho é um estudo de caso de cariz
descritivo-explicativo, apoiado nos paradigmas qualitativo e quantitativo.

2.4. Métodos utilizados

Marconi e Lakatos (2003), afirmam que método é o conjunto das actividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar conhecimentos válidos e
verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
cientista. Na presente pesquisa aplicou-se os seguintes métodos de investigação:

21
2.4.1. Métodos teóricos

o Análise-Síntese: permitiu estabelecer generalizações sobre o assoreamento do estuário do


rio Giraúl a partir dos dados obtidos no local através do inquérito apresentado em forma de
entrevista.
o Hipotético-dedutivo: foi aplicado durante a formulação e verificação das hipóteses.
o Indutivo-dedutivo: este método utilizou-se nas conclusões gerais da temática em
abordagem e na análise e interpretação dos dados.
2.4.2. Métodos empíricos

o Observação: usou-se durante a recolha de dados;


o Registo fotográfico: foi utilizado no levantamento de dados no campo.
2.4.3. Métodos estatístico-matemáticos

o Análise percentual: permitiu analisar informações recolhidas a partir dos inquéritos.


o Análise de frequência: foi utilizado para valorizar as frequências absolutas e relativas
acerca do contributo da amostra em relação o estudo em causa.
2.5. Procedimentos (técnicas) utilizados

Os procedimentos, são menos abstractos; são etapas da investigação. Assim, os procedimentos,


também chamados de específicos ou discretos, estão relacionados com os procedimentos técnicos a
serem seguidos pelo pesquisador dentro de determinada área de conhecimento (Prodanov e Freitas
2013).

Por outro lado, Marconi e Lakatos (2003), afirmam que as técnicas de recolha de dados são um
conjunto de regras ou processos utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde a parte prática da
recolha de dados.

Durante esta investigação foram utilizados os seguintes procedimentos:

o Organização de dados: foram organizados em tabelas para espelhar os resultados;


o Análise quantitativa: permitiu estabelecer percentagens em relação aos dados da
investigação;
o Análise qualitativa: permitiu fazer uma análise dos dados recolhidos sobre a temática em
abordagem.
Para que isso se concretizasse, foram analisados registos fotográficos e observações em relação a
temática em abordagem por parte da população do Giraúl de Baixo.

22
2.6. Instrumento de investigação utilizado

O instrumento seleccionado para esta investigação foi o inquérito em forma de entrevista dirigida.
A fim de obter melhores informações a respeito do assunto em estudo, combinou-se estas duas
técnicas para evitar o desconforto da população humana que realizam suas actividades de sustento
no curso do rio em estudo, pois maior parte delas é analfabeta.

O inquérito realizado compreendia um conjunto de sete questões, das quais uma fechada e seis
abertas. As questões abertas permitiram aos inquiridos exporem as suas opiniões na temática em
abordagem sem limitações, o que permitiu avaliar o nível de conhecimento dos inquiridos sobre a
problemática do assoreamento na dinâmica do ecossistema estuarino do rio Giraúl.

2.7. População e amostra

2.7.1. População

De acordo com Prodanov e Freitas (2013), constitui uma população, a totalidade de indivíduos que
possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. O universo ou a
população alvo é o conjunto dos seres animados e inanimados que apresenta pelo menos uma
característica em comum.

Segundo dados fornecidos pela autoridade tradicional do local, a população que exerce actividades
na zona do estuário e áreas circunvizinhas está avaliada em cerca de quinhentos (500) habitantes.

2.7.2. Amostra

Para Prodanov e Freitas (2013), amostra “é uma parcela convenientemente seleccionada do


universo (população); é um subconjunto do universo”.

Essa amostra é caracterizada como uma amostra não probabilística e foi seleccionada de maneira
intencional. Nesta investigação foi seleccionada uma amostra (Tabela 1 e Figura 4) constituída por
66 utilitários (13%) dos cerca de 500 indivíduos que utilizam a área do estuário do rio Giraúl para
variados fins, tais como agricultura, pesca e criação de gado.

A amostra desta investigação está distribuída da seguinte forma:

Tabela 1: Caracterização da amostra.

Idade M % F % Total % Total

14 – 20 1 1,52% 3 4,55% 4 6,06%

23
20 – 26 7 10,61% 8 12,12% 15 22,73%

26 – 32 13 19,70% 6 9,09% 19 28,79%

32 – 38 5 7,58% 2 3,03% 7 10,61%

38 – 44 2 3,03% 6 9,09% 8 12,12%

44 – 50 0 0,00% 2 3,03% 2 3,03%

50 – 56 1 1,52% 4 6,06% 5 7,58%

56 – 62 0 0,00% 2 3,03% 2 3,03%

62 – 68 0 0,00% 4 6,06% 4 6,06%

Total 29 43,94% 37 56,06% 66 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 4: Distribuição da amostra por uso do estuário do rio Giraúl. Fonte: Dados da pesquisa.

Mais de oito décimos da degradação antrópica do ambiente estuarino é de responsabilidade dos


agricultores, ou seja, embora um processo natural, o assoreamento tem impulso directo das
actividades agrícolas.

24
2.8. Análise e discussão dos resultados

Os dados aqui analisados foram adquiridos utilizando como instrumento de investigação, o


inquérito em forma de entrevista foi único e, direccionado aos pescadores, agricultores e criadores
de gado que realizavam suas actividades no interior e nas zonas adjacentes ao estuário do rio Giraúl.

2.8.1. Resultados do inquérito aplicado aos entrevistados

Há uma preocupação constante a respeito de recursos naturais e sua degradação resultante da acção
humana movida pela ambição, provocando danos ao solo bem como aos mananciais aquáticos.

O instrumento de investigação era constituído das seguintes questões:

1. Sabes o que é o assoreamento?


Esta era uma questão fechada com duas opções de resposta (sim ou não) de forma a avaliar os
conhecimentos da população em relação ao problema que afecta os cursos dos rios.

Como pode-se verificar, 2/3 da população desconhece o problema do assoreamento (Tabela 2) nos
cursos dos rios. Embora as actividades agro-pecuárias realizadas no estuário do rio Giraúl
trouxeram o desenvolvimento para esta região do município, trouxeram também sérios impactos
ambientais.

Tabela 2: Conhecimento dos inquiridos sobre o assoreamento.

Quantidades

Categoria M % F % Total Percentagem

Sim 14 21,21% 8 12,12% 22 33,33%

Não 15 22,73% 29 43,94% 44 66,67%

Total 29 43,94% 37 56,06% 66 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

A degradação da produtividade das terras é frequentemente induzida pela acção do homem, com
consequências prejudiciais às funções biológicas originais do solo. Como contribuintes principais
da degradação ambiental, são relacionadas as práticas agrícolas inadequadas envolvendo sistemas
de cultivo como também, o maneio do solo e da água.

25
Destes dois terços, 88,36% está constituído por homens e mulheres que se dedicam a prática da
agricultura, 9% são pescadores e 2,27 % criadores de gado. Destes agricultores, 22,72% são
homens, o que nos diz que maior parte da actividade agrícola nos estuários é realizada por mulheres
com baixo índice de escolaridade.

2. Qual é a importância do assoreamento?


De acordo com os relatos obtidos, 10,6% da população afirma que o assoreamento traz consigo
somente prejuízo sem importância alguma.

Apesar de ser um processo contínuo que degrada os cursos dos rios, 22,73% dos inquiridos afirmam
que este processo não acarreta somente prejuízos, pois serve de uma realimentação natural do solo,
equilibrando a distribuição dos solos para os lugares em declive bem como fornece sedimentos
arenosos que podem ser utilizadas para a realimentação artificial de praias ou outras áreas com
problemas de erosão.

Outros afirmam que o excesso de sedimentos arenosos pode ser aproveitado para obras de
construção civil.

O processo de deposição dos sedimentos transportados pelos rios faz com que as áreas de estuário
sejam, de um modo geral, áreas férteis devido à presença de solos com elevada produtividade. Esta
propriedade constitui-se, ao longo do tempo, como um importante elemento catalisador do
desenvolvimento de actividades agrícolas, patente nos usos das áreas de estuário.

3. Quais são os prejuízos que o assoreamento pode causar?


De acordo com os inquiridos, o solo funciona como um filtro e reservatório de água, controlando e
regulando a retenção, escoamento, filtragem e distribuição da água proveniente das chuvas,
conduzindo a para os rios, córregos e nascentes. É, também, reserva natural de vários elementos
químicos, e serve de suporte para o desenvolvimento da vida vegetal e animal. Estes benefícios são
inviabilizados pela dinâmica costeira como é o caso do assoreamento (Figura 5) que providencia
inúmeras situações no ecossistema estuarino.

26
Figura 5: Prejuízos do assoreamento segundo a população o Giraúl. Fonte: Dados da Pesquisa.

Os inquiridos garantem ainda que o assoreamento, além de poluir o recurso hídrico, diminui a
profundidade e alarga as margens do rio, o solo é perdido devido à acção da chuva. Quer a erosão
eólica, quer a erosão hídrica, arrastam material mais fino e mais rico em nutrientes que o material
que pode causar graves problemas de eutrofização dessas águas e consequente perda da diversidade
biológica.

A ocupação nas áreas de fronteira agrícola, tem ocorrido de forma desordenada, contribuindo para o
empobrecimento e a exaustão dos solos. Ademais, urge ressaltar que o efeito nocivo desse uso
inadequado, caracterizado primordialmente pelo intenso processo erosivo, compromete
inexoravelmente biótopos e biocenoses, resultando na deterioração ambiental e, consequentemente,
na insustentabilidade do desenvolvimento.

4. Quais os benefícios do assoreamento para a agricultura e criação de gado?


No intuito de consciencializar a população sobre o problema do assoreamento foi elaborado esta
questão aos inquiridos.
27
Um terço da população afirma que o solo é um dos recursos mais valiosos para garantir a segurança
alimentar. A sua contribuição para a economia depende da incidência dos factores de formação do
solo, do nível da sua fertilidade natural e das práticas de maneio aplicadas. O assoreamento permite
a renovação e distribuição de nutrientes na superfície do solo, isto favorece a fertilização dos solos
com nutrientes transportados com o material sedimentar ao longo do canal fluvial tornando fértil o
solo assoreado para a prática da agricultura e consequente pasto para o gado.

Como o rio Giraúl é um rio intermitente, o banco de areia formado na foz do mesmo (fruto do
assoreamento marinho e fluvial) retém a água das enxurradas que serve de reservatório para
irrigação das plantações e para dar a beber o gado.

5. Quem tem feito o assoreamento nesta parte do rio?


Esta questão tinha como objectivo identificar as causas do assoreamento do local em estudo
segundo a amostra seleccionada.

Além da dinâmica costeira (erosão e assoreamento), o estuário, um dos ecossistemas das zonas
costeiras, sofre um considerável processo de degradação ambiental provenientes de diversas fontes
(Tabela 3) associados à uma grande pressão sobre os recursos naturais marinhos e continentais e
pela capacidade limitada desses ambientes de absorverem os impactos.

Tabela 3: Factores causadores do assoreamento no estuário do rio giraúl.

Causas do assoreamento
Distribuição Frequência absoluta Frequência relativa
Cheias 13 19,70%
Ventos 5 7,58%
Ondas marinha e cheias 1 1,52%
Desconhecem 47 71,21%
Total 66 100,00%
Fonte: Dados da Pesquisa.

Embora seja um fenómeno natural intensificado pelas acções antrópicas, 16% entre os 71,21% dos
inquiridos que desconhecem as causas naturais do assoreamento consideram-o como um fenómeno
fruto das actividades humanas nos cursos (Figura 8) e nas margens dos rios através da agricultura
(Figura 11) e o uso da mata ciliar para pasto para o gado. A remoção da vegetação natural através

28
do desmatamento é a primeira etapa da ocupação de um território. Quando esta vegetação é
removida pode-se instalar na região um processo de erosão, que é a principal causa do
assoreamento.

Apesar de o assoreamento ser um processo contínuo e natural, a população afirma que, apesar da
sua importância socioeconómica, a agricultura é uma actividade com maiores problemas de
degradação física, química e biológica do ecossistema estuarino.

Em algumas situações, com a permanente actividade agrícola, ocorre um processo contínuo de


desmatamento, ou seja, a remoção da mata nativa, a queimada, a actividade agrícola intensa, a falta
de consciência do uso racional do solo, a formação de pastagens e posterior abandono da área. Com
isso, o solo foi totalmente exaurido, perdendo grande parte de sua capacidade de produção e ficando
muito susceptível aos diversos tipos de degradação, caracterizando o mau uso das terras.

A actividade agrícola conduzida de maneira irracional tem levado a situações desastrosas de erosão
do solo. A camada superficial de solo, que é a mais fértil, é arrastada pelas chuvas, empobrecendo o
solo e assoreando o rio.

Essas operações, quando efectuadas sem o devido cuidado, agravam acentuadamente a remoção da
camada arável, promovendo a sua erosão acelerada e que, se não for contida, pode levar à sua
degradação.

6. O que se deve fazer para evitar o assoreamento?


Como já comentado sobre o assoreamento, é um processo natural em que os cursos de água são
afectados pelo acúmulo de sedimentos, mas que é intensificado pelas acções humanas de remoção
da vegetação, principalmente das margens dos cursos de água. Apenas aproximadamente 16% da
população considera este fenómeno como consequência indirecta da actividade antrópica nos canais
e margens fluviais. Se considerarmos apenas a população que sabe ou conhece o que é este
fenómeno, esta percentagem sobe para 45%.

A preventiva no controlo de sedimentos diz respeito às regiões das cabeceiras dos rios, a alta bacia,
que tem grande contribuição de escoamento, mas pequena proporção de carga sólida. Preservar a
mata ciliar nessas regiões é de uma importância para que não se tornem responsáveis por grande
produção de sedimentos.

Logo não foi surpresa verificar que parte dos inquiridos consideram que o combate ao assoreamento
passa por:

29
 consciencializar a população sobre as implicações deste fenómeno no meio aquático bem
como nos seus arredores;
 Evitar a remoção da vegetação adjacente ao longo do curso do rio através da pastagem;
 Remover o banco de areia formado no estuário através da dragagem;
 Evitar a prática da agricultura no curso do rio, pois, ao lavrar a terra, o solo fica desprotegido
e susceptível ao arrasto eólico ou através da acção das águas.
De maneira geral verificou-se que do ponto de vista dos inquiridos, o combate ao assoreamento
passa pela preservação e devolução da vegetação típica desse ecossistema, ou seja a melhor maneira
de combater o assoreamento passa por retardar a erosão (principalmente a erosão laminar) e a
minimização dos efeitos deste fenómeno contínuo passa por desassorear as regiões afectadas,
utilizando a dragagem para abrir o canal fluvial e aproveitar esses sedimentos para realimentar
artificialmente as zonas em falta de sedimentos ou até mesmo usa-los em obras de construções de
infra-estruturas pesadas.

Quanto ao banco de areia, pouca parte da população é apologista à sua remoção enquanto isso,
maior parte dos agricultores da mesma, são apologistas à manutenção do banco, pois, possibilita a
separação das águas fluvial e as oceânicas, permitindo assim a irrigação das plantações.

As acções antrópicas no estuário causam distúrbios, por esta razão que alguns inquiridos
consideram imprescindível uma fiscalização em massa e periódica por parte das instituições
governamentais competentes à preservação dos ecossistemas.

7. Que contributo tem o assoreamento para os peixes e outros animais que usam o estuário?
A ocupação humana dos estuários é um importante aspecto contemplado nestes estudos, em face de
crescente emissão de nutrientes e a indução de cenários de eutrofização e deterioração ambiental
dos estuários, esses impactos tornam-se maiores quando existe um acúmulo de sedimentos na
embocadura (Dos Santos, 2002).

Além da ocupação antrópica, este processo e a erosão são os maiores problemas que os estuários
sofrem. De tal forma que 21,21% da população diz que a perda da diversidade biológica constitui o
maior impacto do assoreamento em ambientes aquáticos.

Os inquiridos (21,21%) afirmam que além da perda de habitat para os peixes e outros animais, ao
ocorrer o transporte sedimentar arenoso ou argiloso, este fenómeno acarreta consigo a turbidez da
água, que por sua vez, impede a penetração dos raios solares e consequente impedimento na

30
realização da fotossíntese. O que resulta na depleção do oxigénio, o que leva a morte dos
organismos aeróbios como peixes e outros animais.

Outros garantem que o transporte pelo fundo não só reduz a profundidade, como também destrui os
esconderijos.

Cerca de 5% da população afirma ainda que, o transporte de sedimentos normalmente envolve


nutrientes que servem de alimentos para os peixes e outros, favorecendo assim a reprodução e
manutenção do ciclo dos nutrientes. Em outra vertente, 6% consideram que o banco de areia impede
a transferência de nutrientes da parte fluvial do estuário para a parte oceânica, acarretando morte
aos animais marinhos que se encontram no rio.

2.9. Proposta de solução do problema

Em função dos resultados alcançados e havendo necessidade de contribuir para a redução das
acções antrópicas no assoreamento do estuário do rio Giraúl em Moçâmedes de maneira a contribuir
na preservação da dinâmica deste ecossistema estuarino, se propõe o seguinte:

o Implementar um programa de desassoreamento na época seca, ou seja, de intervenções nas


margens e no curso do rio Giraúl para impedir que a água transborde para os campos
agrícolas e siga o seu curso normal pois a situação não é nova e acentua-se todos os anos por
altura das “grandes enchentes”, que provocam o transbordo dos principais rios;
o Revejetar as margens do rio Giraúl;
o Fazer o levantamento das condições de erosão do estuário (uso do solo e desmatamentos);
c) Recolha de dados hidrológicos e sedimentológicos (série de vazões, descarga sólida,
granulometria do sedimento em suspensão e do leito e outros) para controlar a dinâmica
sedimentar. De maneira geral, a média granulométrica de um depósito sedimentar é um bom
indicador da energia do ambiente no momento da deposição. Sedimentos finos depositam-se
em ambientes de baixa energia. Sedimentos grossos indicam alta energia. Ambientes praiais
também são bons indicadores da inter-relação granulometria e nível de energia. O sedimento
mais grosso está sempre associado a uma zona de máxima turbulência, geralmente
caracterizada pela região inferior do espraiamento, onde o fluxo de subida da água colide
com o fluxo de retorno.
o Evitar o cultivo e a pastorice no curso e nas margens do rio.

31
2.10. Resumo do II Capítulo

A metodologia, amostra, os métodos e procedimentos seleccionados serviram para realizar a recolha


e tratamento dos dados sem muitos desassossegos e prognosticar os êxitos pretendidos

Os dados levantados no local de estudo mostram que actividades antrópicas realizadas no estuário
do rio Giraúl contribuem para o aceleramento do assoreamento do estuário e consequentemente
acarreta implicações na dinâmica deste ecossistema.

A falta de conhecimentos sobre o assoreamento e suas implicações permite uma utilização


irracional do estuário por parte da população do Giraúl.

A maior parte da população que usufrui do estuário do rio Giraúl para a sua sobrevivência
desconhece o problema e as implicações que este fenómeno causa para a saúde do ecossistema
estuarino bem como para o próprio homem.

32
Conclusões

De acordo com os dados da investigação realizada, chegou-se as seguintes conclusões:

o A redução das actividades antrópicas no estuário do rio Giraúl retarda o assoreamento e


proporciona a dinâmica natural do ecossistema estuarino;

o Acções antrópicas aceleram o processo natural do assoreamento acarretando turbulências no


ecossistema estuarino do rio Giraúl;

o Ratifica-se a hipótese de que o assoreamento leva a perda da diversidade biológica no


ecossistema estuarino do rio Giraúl;
o Embora as acções antrópicas como a agricultura seja a forma mais acentuada do homem
contribuir para a degradação do ecossistema estuarino, as cheias são as principais causas da
erosão e consequente assoreamento do estuário do rio Giraúl.

33
Sugestões

Atendendo as conclusões a que se chegam se sugere o seguinte:

o Criar políticas que visam a redução das actividades antrópicas, principalmente a agricultura
nos cursos dos estuários de maneira a retardar o assoreamento e preservar a diversidade
biológica;
o Trabalhar na sua prevenção, contendo os processos erosivos em áreas situadas próximas às
drenagens, além de impor barreiras para que os sedimentos não se acumulem rapidamente
sobre elas;
o Preservar as matas ciliares, pois barram a entrada dos sedimentos no rio e conservam o solo
das margens, evitando erosões fluviais.

34
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37
APÊNDICES

38
Apêndice A

ALGUMAS IMAGENS DO ESTUÁRIO DO RIO GIRAÚL

39
Figura 6: Crescimento da vegetação em áreas assoreadas. Fonte: Autor da pesquisa.

Figura 7: Rio Giraúl em período de seca. Fonte: Autor da pesquisa.

40
Figura 8: Contributo antrópico na erosão laminar do solo ao longo do curso do rio. Fonte: Autor da pesquisa.

Figura 9: Assoreamento no estuário do rio Giraúl. Fonte: Autor da pesquisa.

41
Figura 10: Indicador do transporte sedimentar marinho e fluvial no estuário. Fonte: Autor da pesquisa

Figura 11: Cultivo no curso do rio Giraúl. Fonte: Autor da pesquisa.

42
Apêndice B

Ficha de inquérito aplicado a amostra seleccionada

Caro senhor (a), o documento em sua posse é um inquérito para obter o seu contributo na temática:
“A problemática do Assoreamento na Dinâmica do Ecossistema Estuarino do Rio Giraúl”.

Este inquérito visa a elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso e não a sua avaliação, pelo
que se agradece a sua cordial cooperação.

A – Identificação

Idade _____ Género _____ Profissão ou Ocupação ________________________ Grau


académico _______.

B – Questionário

1. Sabes o que é o assoreamento? Sim ------- Não ---------

2. Sabes qual é a importância do assoreamento? -------------------------------------------------------------


----------------------------------------------------------------------------------------

3. Sabes quais são os prejuízos que o assoreamento pode causar? -----------------------------------------


----------------------------------------------------------------------------------------

4. Sabes quais os benefícios do assoreamento para a agricultura e criação de gado? --------------------


---------------------------------------------------------------------------------------

5. Quem tem feito o assoreamento nesta parte do rio? -------------------------------------------------------


----------------------------------------------------------------------------------------

6. Sabes o que se deve fazer para evitar o assoreamento? --------------------------------------------------


----------------------------------------------------------------------------------------

7. Sabes que contributo tem o assoreamento para os peixes e outros animais que usam o estuário? -
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------
Grato pela tua cordial cooperação!

O autor

Fernando Tchitumba Quintino

43

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