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Relatos de Pesquisa

REDES SOCIAIS ONLINE COMO ESPAÇOS DE MEMÓRIA: UMA VISÃO A


PARTIR DA PÁGINA “RECIFE DE ANTIGAMENTE”

Paula Wivian Quirino Dos Santos


Discente de Mestrado em Ciência da Informação – PPGCI - UFPE
santos.santos.paula@gmail.com

João Pedro Silva de Albuquerque


Discente de Mestrado em Ciência da Informação – PPGCI-UFPE
joao.pedro1221@gmail.com

Resumo

Debater as redes sociais online como espaços de memória. Discute-se acerca da reação
entre memória e informação pra posteriormente refletir sobre o conceito de memória e sua
relação com identidade, sociedade, memória coletiva e espaços de registro de memória. Por
fim traz uma análise da página do Facebook “Recife de antigamente” de forma a mostrar,
de forma introdutória, como é a dinâmica de um espaço destinado a memória local em um
ambiente virtual e global.

Palavras chave: Facebook. Memória. Memória Coletiva. Redes Sociais Online.

1 INTRODUÇÃO É a partir desta perspectiva que o presente


trabalho se propõe a analisar as redes sociais
O tema da memória vem, desde o passado, online (RSO) como espaços de memória. Os
despertando inspiração e curiosidade na caminhos das reflexões aqui colocadas levam
humanidade. até a página do Facebook1 intitulada “Recife
Com efeito, através do tempo, o ser de Antigamente”. A página se apresenta como
humano vem buscando formas de preservar a um espaço virtual de compartilhamento de
memória por ele construída. Seja pelos uma memória local, a recifense, em um
primeiros seres humanos que deixavam ambiente teoricamente sem fronteiras e
imagens nas paredes de suas cavernas para aberto, o ciberespaço.
registrar o que se passava no seu cotidiano, Por meio da Recife de antigamente é
seja na atualidade, onde procuramos formas pretendido entender de forma introdutória
de garantir que o conhecimento produzido como é a dinâmica em uma comunidade
não se perca em meio ao dilúvio de virtual voltada a memória. Desta forma, será
informações no qual vivemos, o tema da visto se a página gere interesse nos usuários
memória se faz presente na existência da do Facebook, se eles são engajados com o
humanidade como uma maneira de garantir conteúdo da página e quais são as formas de
que, de alguma forma, o que ela fez ou o que registros presentes nela.
é seja lembrado por gerações futuras.
Esse fascínio pela memória levou o ser 2 MEMÓRIA E INFORMAÇÃO.
humano as mais variadas formas de registro
dela. Seja, pela via oral, escrita, visual e agora Ao falar de memória é necessário discutir
virtual, a humanidade busca uma forma, o conceito de informação. Os dois termos
mesmo que tácita, de fazer com que a apresentam relações; com a chamada
memória siga em frente de uma forma que “sociedade da informação” os dois conceitos
seja eficiente.
1
https://www.facebook.com/
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apresentam mais confluência do que que memória é associada ao conjunto de
divergência. informações que podem ser registradas.
Segundo Le Coadic (1994), informação é Posteriormente a informação é algo que
um conhecimento inscrito, graças a um comporta um elemento de sentido que é
sistema de signos, em algum suporte espaço- comunicado a um ser dotado de consciência.
temporal (escrito, oral ou audiovisual), que Ao falar de memória em um sentido de
comporta um elemento de sentido e é preservação para posterior recordação dos
transmitida a um ser consciente. saberes pôr da sociedade é possível notar que
Já de acordo com Monteiro, Carelli, e também é detentora de um elemento de
Pickler (2006), nas áreas da Ciência da sentido para seres conscientes.
Informação o termo memória foi associado ao Continuamente, segundo Barros (2005)
conjunto das informações que podem ser citado por Monteiro e Carelli (2007), a
registradas, ou seja, que podem ser memória pode ser definida como aquisição, o
consultados. Desta forma, essas áreas valem- armazenamento e a evocação de informações.
se da memória no sentido de armazenagem e Onde aquisição é também de aprendizado,
preservação dos saberes, para a posterior evocação é também chamada recordação,
recordação por parte da sociedade. Além lembrança, recuperação.
disso, “diversos termos tendem a ser . Por essa perspectiva, podemos enxergar a
associados à memória: resgate, preservação, memória como uma forma de garantir que o
conservação, registro, seleção; sendo a conhecimento e a informação produzida não
categoria preservação a mais utilizada” sejam perdidos. Assim, a memória tem a
(JARDIM, 1995, p.1 apud HOLANDA; propriedade de conservar certas informações,
SILVEIRA, 2010). dado que ela procura salvar o passado para
Nesse sentido, a ideia da informação como servir ao presente e ao futuro (LE
um conhecimento inscrito remete a visão de GOFF, 2003).
registro dela (oral, escrito ou audiovisual), tal Estas propriedades do conceito de
definição já aproxima o conceito de memória podem ser associadas ao ciclo da
informação com o de memória, ao menos informação de Le Coadic (1994), onde a
dentro da Ciência da Informação, uma vez informação passar pelas etapas de
comunicação, uso e construção.

Figura 1 - Ciclo da informação (Le Coadic 1994)

Fonte: Le Coadic (1994)

Nesse sentido a comunicação é a etapa em aquisição da memória o indivíduo altera seu


que a memória, inscrita em algum suporte, é estado cognitivo por meio do aprendizado, ou
evocada. Neste ponto ela é adquirida por seja, o uso da memória. Por fim à mudança do
algum ser consciente, por meio de sua estado cognitivo do sujeito leva à construção
transmissão ou recuperação para de novas memórias, uma vez que ela permite
posteriormente ela ser usada. Ao realizar à a vivência de experiências socialmente
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significativas do passado, presente e da (DIEHL, 2002, p.116 apud AZEVEDO
percepção do futuro (FERREIRA; AMARAL, NETTO, 2008, p. 156). Deste modo os
2004 apud MONTEIRO; CARELLI, 2007). indivíduos ao interagirem com a memória
Por fim, Azevedo Netto (2008) coloca a acabam por incorporá-la na compreensão que
memória como artefato, onde este é elemento têm de si mesmos e dos outros. Eles as usam
produzido pelo homem ou por ele significado. como veículos para reflexão e autorreflexão,
Tal como a informação, que na visão de como base para refletirem sobre si
Pacheco (1995) citado por Lazarrini, Azevedo mesmos, os outros e o mundo a que
Netto e Souza (2015), a informação enquanto pertencem (THOMPSON, 2002).
artefato é um produto de confecção humana, Nesta perspectiva é que Candau (2011)
cultural e socialmente aceita, sem existência citado por Passos (2014) dizem que
própria na natureza, passando a ser percebida exteriorização é um aspecto de grande
e estabelecida quando é criada uma relação de importância para memória. Quando a
significação. memória é exteriorizada e acessada, por
Dessa maneira está seção buscou alguém, ela pode atuar como um instrumento
apresentar algumas relações existentes entre de valorização da identidade, cultura e
memória e informação, que são dois conceitos história do indivíduo e de sua comunidade, é
que se relacionam. Contudo este é um forte como se ela atuasse no próprio estado de
debate, principalmente na Ciência da conhecimento que o ser humano tem sobre ele
Informação, e o intuito deste trabalho não é see o ambiente no qual está inserido. Assim,
aprofundar nessa questão. transmitir (ou exteriorizar) a memória é
Essa discussão foi trazida para o trabalho,mobilizá-la e sem essa transmissão não há
pois no ambiente do ciberespaço estes nem socialização nem educação (PASSOS,
conceitos se misturam como em um 2014).
caleidoscópio, uma vez que o mundo virtual é Continuamente de acordo com Azevedo
um meio impalpável, imaterial eNetto (2008) a memória não deixa de brincar
desterritorializado. Justamente porque é um com a identidade, então o ato de transmitir a
lugar abstrato, invisível e semiótico, onde memória acaba por resultar na transmissão de
acontecem fluxos de informações a partir dos um capital de lembranças e esquecimentos.
mais variados formatos de suporte, como na Sendo assim a transmissão é capaz de fundar
forma de sons, imagens, textos, entre outros as representações de uma identidade coletiva
(SILVA NETO; MACIEL, 2010, p.10 apud (PASSOS, 2014), ou seja, além de sua
LAZARRINI; AZEVEDO NETTO; SOUZA, identidade pessoal, por meio da memória o
2015). indivíduo é imerso em grupos e comunidades
que partilham das mesmas memórias que ele,
3 REFLEXÕES SOBRE MEMÓRIA, no qual ao mesmo tempo ele é agente
SOCIEDADE, IDENTIDADE, MEMÓRIA construtor e consumidor dessas memórias,
COLETIVA E ESPAÇOS DE REGISTRO como é o caso de uma identidade nacional,
DA MEMÓRIA. por exemplo, uma vez que a identidade
pessoal é fortemente vinculada a identidade
A memória possui o seu papel social, uma social, de forma que não se possa pensar uma
vez que ela carrega consigo um conjunto de sem a outra (LIMA, 2012 apud
eventos, fatos e personagens que através de CAVALCANTE et al., 2015).
sua existência no passado possuem Por conseguinte a perspectiva da
experiências consistentes que estabelecem identidade coletiva leva a abordagem de outro
uma relação de atualidade como o passado conceito relacionado a memória que é a
(AZEVEDO NETTO, 2008). memória coletiva, uma vez que de acordo
Com isto a “memória possui a capacidade com Halbwachs (1990) cada memória
de instrumentalizar canais de comunicação individual é um ponto de vista sobre a
para a consciência histórica e cultural, uma memória coletiva pelo fato de que segundo o
vez que pode abranger a totalidade do autor, as lembranças são construídas de forma
passado, num determinado corte temporal” coletiva em espaços que são compartilhados
pelas pessoas.
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Imagine um local de sua cidade bem Continuamente foi com o advento e a
frequentado, uma praça ou um monumento, popularização da escrita, que a transmissão da
por exemplo. Cada indivíduo que usufruiu ou informação e consequentemente da memória
conhece esse local, possui uma impressão passou da forma oral para forma escrita, o
sobre ele, nesse sentido o local não é formado que, de acordo com Le Coadic (1994), foi o
apenas de uma impressão, mas de uma série passo crucial para a explosão informacional,
delas, uma vez que segundo Halbwachs pelo fato de que começou a ser permitido à
(1990), os sinais e símbolos que as pessoas humanidade “exteriorizar primeiro, nas
atribuem a um espaço vão além do físico bibliotecas, uma das funções do cérebro
garantindo assim a longevidade da memória. humano, que é a memória” (Le Coadic, 1994,
Nesse sentido Halbwachs (1990) coloca p.6).
que as narrativas individuais e coletivas não Nesse sentido de acordo com Le Goff
se confundem, mas possui um diálogo (2003) a escrita ocasiona uma profunda
permanente, o que permite entender a relação transformação da memória coletiva. Com a
entre o indivíduo e o ambiente social no qual palavra escrita, fixada e materializada no
ele se encontra. Com isto Halbwachs (1990) objeto semântico livro, a tendência é a de
coloca à memória coletiva não como um maior preservação da memória (ou menor
quadro-negro, onde se pode escrever e apagar esquecimento) do que as sociedades clássicas
figuras à vontade, pois, ela é a estrutura e a conseguiram se utilizando da retórica e da
vida da sociedade. oratória. Com o livro, o leitor tem acesso à
A partir desta perspectiva de memória memória coletiva, parte de um processo de
coletiva é necessário destacar que à forma disseminação das memórias de outros
como a memória é registrada e compartilhada indivíduos.
acaba por influenciar a maneira de como a ela Seguindo o caminho da evolução da
irá se perpetuar ou se será esquecida. humanidade e suas formas de registro,
Como primeiro ponto, temos o registro armazenamento e compartilhamento da
oral da memória. Foi na Grécia Antiga que memória, temos que a internet e o avanço das
esse fascínio pela memória nos levou ao tecnologias da informação trazem um novo
aprofundamento da memória oral. Lá que espaço para a interação das pessoas com a
existia a crença de que a deusa Mnemosine, memória, uma vez que elas funcionam como
protetora das artes e da história, permitiria os extensões da nossa memória, porque são
anciões e poetas passassem a memória adiante técnicas de auxílio à imaginação, ao
pela fala, em um estado no qual “toda raciocínio e à comunicação (LEVY, 1993).
memorização da tradição poetizada depende Ainda neste sentido, de acordo com
da recitação constante e reiterada.” Monteiro, Carelli, Pickler (2006) um estudo
(SMOLKA, 2000, p.169). realizado pela Universidade de Berkeley
Porém, ter a oralidade como a única forma (USA), estimou que a memória do mundo é
de resgate da memória leva à dependência em eletrônica, porque os estoques (mídias)
algo efêmero, que é lembrado apenas na hora magnéticos, além de produzir, distribuem as
em que é dito. Assim, surge a problemática do informações produzidas em outras mídias por
esquecimento, dada a efemeridade da meio de canais eletrônicos como telefone,
memória oral, uma vez que sua transmissão rádio, TV e, principalmente, Internet.
ocorre apenas em tempo real e não tem um Dentro deste universo de novas mídias
suporte em que ela fique registrada para que trazido por Monteiro, Carelli, Pickler (2006),
as pessoas possam consultá-la posteriormente. a internet vem se apresentando como o mais
Dessa forma, a memória oral acaba se significativo, pelo fato de que nela, qualquer
perdendo por não poder ser acessada indivíduo pode ser ouvido, desde que tenha
novamente e não existe a possibilidade de acesso a rede. Isto permite que um gama
resgatá-la através de um registro, uma vez que enorme de pessoas compartilhem suas
ela está retida em um indivíduo. Assim, cada impressões, de forma informal e pessoal,
ancião que morre é uma biblioteca que se sobre um único objeto ou acontecimento, e
queima (LEVY, 1998). diferente da memória oral essas impressões
ficam registradas no espaço virtual.
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Um exemplo da importância dessa que desafia os cientistas da informação no
memória coletiva e virtual, que está sendo que tange à forma de como as pessoas estão
produzida e compartilhada na internet, é se relacionando com a memória, já que “a
trazido pelo trabalho de Henninger e Scifleet internet está abrindo espaço para novas
(2016), que trazem como exemplo a decisão relações e valores entre as pessoas,
da biblioteca do Congresso dos Estados disponibilizando um fluxo de informações em
Unidos, de armazenar os tweets2 como um diversos níveis, assim como potencializando o
registro da vida contemporânea. Esta atitude acesso a outros mundos, por meio do
tomada por uma entidade de força e porte que ciberespaço” (LAZZARINE; NETTO;
é a biblioteca do congresso norte-americano SOUZA, 2015, p.24).
reforça a visão trazida por Fragoso (2011), de O ciberespaço se apresenta como um local
que internet se apresenta como um artefato de interação entre indivíduos que gera uma
cultural, em que a rede digital compõe um enorme quantidade de informações em um
elemento da cultura, e não uma entidade à curto intervalo de tempo. É um espaço onde
parte. se realizam não somente trocas simbólicas,
Desta maneira, a internet se apresenta mas transações econômicas, comerciais,
como um novo espaço onde as pessoas novas práticas comunicacionais, relações
registram e compartilham memória do que sociais, afetivos e, sobretudo novos
são e o que elas pensam do mundo. Com isto agenciamentos cognitivos. É um universo
ela pode ser tanto um instrumento de virtual, plástico, fluido, carregado de devires
emancipação, quanto de dominação. Pois, (MONTEIRO; CARELLI, 2007). Dessa
agora temos um espaço de confluência de forma, a memória que é produzida atualmente
memórias, concordantes e discordantes sobre pelos diversos usuários que compõem o
um mesmo fato, que vai de encontro ao senso mundo virtual não é estática, uma vez que ela
de cada indivíduo do que é certo ou errado. é uma memória engendrada nela mesma, em
tempo real e em contínua transformação
4 CIBERESPAÇO E AS REDES SOCIAIS (CARELLI; PICLKER, 2006).
ONLINE COMO ESPAÇOS DE Neste sentido as redes sociais online,
MEMÓRIA como um produto do ciberespaço, se tornaram
espaços em que as pessoas passaram a
De acordo com Castells (2003), o efetivar diversas atividades econômicas,
desenvolvimento da internet nos leva para um sociais, políticas e culturais que lhes são
novo paradigma guiado pela informação, essenciais (WEBER; 2015) e que segundo
onde a tecnologia mudou as formas de se lidar Levy (1998) irão englobar a maioria das
com ela, no sentido de que agora temos novas representações e mensagens em circulação no
maneiras de armazenar, recuperar, processar e planeta.
comunicar informação. Ademais, segundo Marteleto e Vella
Continuamente é na internet que a maior (2009), nas redes sociais existem diferentes
parte das informações são produzidas e tipos de conhecimentos cotidianos (tácito,
compartilhadas, é no interior da grande rede vivido, teórico, histórico e prático) que são
que, Castells (2003) nos diz que praticados pelos indivíduos presentes na rede;
desenvolvemos nossas principais atividades, e o valor que é dado a esse conhecimento
econômicas, sociais, políticas e culturais. surge de um sentido em si mesmo, que é dado
Além do que a web é, ao mesmo tempo, fonte, pelos atores da rede enquanto agentes de
suporte e sistema de informação mudança social.
descentralizado (VANTI, 2002). . Continuamente como destacado por
Estas mudanças trazidas pelo Recuero (2012) citada por Passos (2014)
desenvolvimento da grande rede de quando as redes passam a ser digitais
computadores conduzem os estudos permitem dar maior visibilidade ao que é dito.
relacionados à memória a um novo paradigma Com isto, as RSO se tornaram nossa fonte de
produção de informação e, consequentemente,
2
Termo utilizado para nomear as postagens um espaço para o compartilhamento e
realizadas pelos usuários do Twitter. depósito das mais variadas memórias, que
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podem apresentar na forma de relatos escritos determinado conteúdo, temos a memória de
e imagens que expressam nossas opiniões, um único objeto sendo construída pelas mãos
gostos, sentimentos, medos, apreensões, de várias pessoas, e são nesse sentido que os
amizades, afetos, amores, lugares, conquistas, indivíduos se tornam construtores de uma
dentre tantas outras questões (DALMASO, infinita rede narrativa que passa a construir
2015). uma memória coletiva em rede, que vai
Isso ocorre devido ao processo de somando camadas de história (DALMASO
apropriação que é caracterizada como “um 2015).
elemento típico da cibercultura, que diz Dessa maneira, um ambiente como o
respeito ao uso criativo dado pelos usuários, Facebook, permite a construção da memória
muitas vezes distintos da proposta original de fatos importantes que ocorrem fora do
dos sistemas” (ZAGO; DA SILVA, 2013, p. ambiente virtual através de informações
116), ou seja, uma rede social como postadas por diversos usuários da rede, o que
Facebook, por exemplo, que foi criada a permite uma visão holística daquilo que
priori para apenas reunir estudantes aconteceu e acontece, uma vez que:
universitários para formar uma rede virtual,
cujo intuito era só conhecer novas pessoas e [...] uma ou várias pessoas, reunindo suas
criar novas amizades, também pode se tornar lembranças, podem descrever muito
um espaço para o compartilhamento de exatamente os fatos ou os objetos que vimos
memórias que tem haver não só apenas com a ao mesmo tempo que elas, e mesmo
reconstituir toda a sequência de nossos atos e
particularidade de seu usuário, mas também
de nossas palavras dentro de circunstâncias
com local e sociedade em que ele vive. definidas, sem que nos lembrássemos de
Por conseguinte a memória que é tudo aquilo (HALBWACHS, 2006, p. 2
depositada pelos usuários das RSO pode ser apud WEBER, 2015, p.89).
classificada como “efêmera e imediata,
compartilhada em tempo real. Esta, que Nesse sentido, as redes sociais online
podemos chamar de memória compartilhada, podem ser caracterizadas como ambientes de
seria uma espécie de memória imediata e ao produção da memória (RENDEIRO, 2011).
mesmo tempo mediado pelo espaço virtual, o Por ser um ambiente onde várias pessoas
ciberespaço” (DALMASO, 2015, p. 5). podem atuar de forma colaborativa; é possível
Além da pluralidade de conteúdos presente que através do compartilhamento e interação
nas redes sociais online, ainda existe a das lembranças e subjetividades dos
questão de que, nelas, a memória não é só indivíduos que compõem esse ambiente
construída por um indivíduo, mas pela virtual, sejam juntados fragmentos individuais
coletividade, já que elas também são de uma memória que é coletiva e dessa forma
caracterizadas como ambientes onde a preenchidas lacunas vazias da memória de um
informação circula de acordo com os fato ou objeto.
interesses de uma comunidade que partilha Por conseguinte, a dinâmica do
certas atividades e age coletivamente ciberespaço e consequentemente das RSO
(ALVES, 2011), onde continuamente “os carregam uma memória ressignificada
indivíduos são envolvidos por uma cultura (DALMASO, 2015). A memória do
participativa que torna natural, cotidiana e ciberespaço é uma memória líquida e aberta à
banal a publicização dessas narrativas que são mercê de ser complementada, moldada e
individuais, mas também coletivas na medida interpretada de acordo com a essência de
em que são compartilhadas e expostas à diferentes pessoas, dona de diferentes
interação do outro.” (DALMASO, 2015, perspectivas.
p.10). Contudo, é necessário destacar que a
Dessa forma, dentro das redes sociais memória coletiva presente nas RSO não se
online não temos apenas a perspectiva de uma compromete com a verdade, uma vez que a
única pessoa sobre um fato ou assunto, temos comunicação em redes sociais não foge da
uma memória construída por diferentes lógica de mistura e espetáculos, onde os fatos
indivíduos, que lá estão colocando suas ganham representações virtuais que
crenças, visões e sentimentos sobre
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transformam todo gesto em evento e toda facilitador, onde os usuários online fazem uso
paisagem em cenário (ZAGO; SILVA, 2013). das ferramentas desses ambientes para
Nesse sentido as comunidades virtuais não comunicar quem são, o que pensam e com o
são apenas lugares de encontro, mas também que se identificam. (CAVALCANTE et al,
um meio para se atingir determinados fins. O 2015).
que se destaca nessas comunidades é a Segundo Bellah et al. (1985) citados por
percepção do outro, a uma capacidade de Henninger e Scieflet (2016), as comunidades
interação desenvolvida pelo indivíduo, a sua locais são formadas pelas suas memórias
capacidade de gerar confiança; reconhecer compartilhadas e a transmissão dessas
processos de comportamentos, intenções e memórias é um dos fatores formadores da
valores que compõem o seu meio (COSTA, identidade das pessoas que a compõem. Dessa
2008 apud RENDEIRO, 2011). maneira as tradições e rituais próprios de uma
Dessa maneira as RSO podem servir como região, não ocorrem à apenas um
chamado por Bauman3 (2015) de “câmaras de indivíduo, mas em boa parte deles, é o ato de
eco”, onde o indivíduo escuta apenas aquilo despertar lembranças de uma memória
que fortalece sua visão de mundo, trazendo o coletiva (CAVALCANTE et al, 2015).
sentido de que a memória é, antes de tudo, Assim, as RSO ao permitirem à construção
uma reconstrução continuamente atualizada de comunidades virtuais, onde os usuários,
do passado, mais do que uma reconstituição que partilham a mesma identidade local,
fiel dele. Ela é mais uma narrativa do que um depositam seus registros de memórias em
conteúdo, vale menos pelo que é do que pelo forma audiovisual ou textual e interagem com
que fazemos dela (CANDAU, 2011 apud eles por meio dos comentários, os sites de
PASSO, 2014). redes sociais auxiliam a perpetuação e
Nesse sentido, a forma de interação de propagação da memória local e
ambientes como o Facebook, por exemplo, consequentemente da identidade local. Uma
pode isolar o indivíduo, no mundo virtual, ao vez que as RSO também podem se
contato com pessoas que apenas reiteram sua caracterizar como espaços de transmissão de
visão através do compartilhamento de memórias, onde ocorrem a sua narração e re-
memórias que não tem relacionamento com a contação (PASSOS, 2014).
realidade, mas com os ideais ou a ideologia Destarte as comunidades virtuais presentes
em que ele acredita. Pois, a noção de memória em sites de redes sociais como o Facebook,
está transpassada por um universo simbólico de acordo com seu objetivo, podem ser
dos mais significativos, mediante um configuradas como espaços de memória.
processo de representação no qual são criados Existe à versatilidade de como as pessoas que
referentes para sua cristalização nas compõem essas comunidades vão expor e
consciências, quer individuais quer coletivas, compartilhar suas narrativas, se a memória
aproximando-a, em muito, da noção de que está presente vai ajudar a emancipar e
identidade (AZEVEDO NETTO, 2008). fortalecer o indivíduo como cidadão e ser
Entretanto, por meio da noção da relação social ou fazê-lo se perder em seu próprio
entre memória e identidade, trazida por universo.
Azevedo Netto (2008), é possível remeter a
visão de que as RSO podem ajudar no 5 PÁGINA “RECIFE DE
fortalecimento das identidades locais. Isso se ANTIGAMENTE”: UM ESPAÇO DA
dá pelo o fato da dinâmica de MEMÓRIA RECIFENSE NO
compartilhamento e interação de memórias FACEBOOK
nas RSO permitirem a construção de uma
identidade territorialmente localizada em Como exemplo, de um espaço de memória
meio a um contexto de globalização, uma vez local no Facebook é apresentada nessa seção
que elas têm se apresentado como cenário a comunidade virtual intitulada “Recife de
Antigamente4”. Está comunidade é
3

http://observatoriodaimprensa.com.br/oitv/entrevis
4
ta-com-zygmunt-bauman/ https://www.facebook.com/recantigo
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caracterizada como uma página da rede social que foi, o que é e o que talvez venha a ser o
Facebook e conforme a descrição de seu Recife.
administrador ela é uma “página dedicada aos A partir disto, foi realizada à análise da
amantes do Recife, que gostam de fotos página, utilizando a versão gratuita da
antigas e costumes de antigamente”. ferramenta de análise de mídias sociais
Porém, esta é uma descrição simplista do FanpageKarma com o intuito de verificar o
que realmente à página representa, uma vez formato de postagens e o interesse dos
que ela comporta uma coleção de memórias usuários de um site de rede social pela
do Recife, principalmente em formato visual. memória local de uma cidade por meio de
O conteúdo presente na Recife de uma página do Facebook.
Antigamente é postado pelos administradores O período da análise foi de 16/04/2017 a
da página, contudo, a fonte do conteúdo são 13/05/2017. Até o último dia compreendido
os próprios seguidores dela. Os seguidores pela análise a Recife de Antigamente
postam o conteúdo e os administradores que apresentava o quantitativo de 126.360 (cento
gerenciam a página, publicam as fotos com os e vinte seis mil trezentos e sessenta) pessoas
devidos créditos ao colaborador. Nesse que curtiam a página.
sentido temos a construção de um acervo de Além do grande número de pessoas que
memória online a partir da mão de diversas seguem a página, de acordo com o gráfico
pessoas. um, trazido pela FanpageKarma, existe uma
É interessante destacar que a temática curva de crescimento em relação ao número
restringe-se apenas a cidade do Recife e não de seguidores da página.
tem um período histórico determinado. É
possível encontrar na página postagens que Gráfico 1– Crescimento de interação dos
vão desde o início do século XX até o começo usuários com as postagens
dos anos 2000. Outro aspecto dos conteúdos é
que eles remetem a variados assuntos como o
crescimento urbano do Recife, cotidiano, Recife de Antigamente
0,120
vestuários, transportes, esportes e momentos
0,100
históricos como a chegada do zeppelin a
cidade do Recife5. 0,080
Por ser uma página aberta no Facebook, 0,060
qualquer usuário dessa rede pode acessar o 0,040
seu conteúdo e interagir com ele através de
0,020
reações (novo recurso disponibilizado para
demonstrar que tipo de sentimento o usuário 0,000
teve sobre uma postagem), curtidas, 16. Apr 1723. Apr 1730. Apr 17 07. May
compartilhamentos e comentários, o que 17
permite uma relação mais íntima da memória Fonte: dados da pesquisa
presente na Recife de Antigamente e as
pessoas que a estão acessando. Ademais em relação ao conteúdo
Destarte, temos a Recife de Antigamente disponibilizado na página foram verificadas
como um ambiente de memória on-line onde as formas de interação dos usuários com o
diversos usuários do Facebook compartilham conteúdo da página. Uma vez que a interação
seus registros sobre os períodos passados da é o que corresponde ao engajamento dos
cidade do Recife, o que nos traz uma usuários da página, o que por sua vez, é
perspectiva de uma memória que é construída referente ao grau de participação e
de forma colaborativa e compartilhada, onde envolvimento de determinado perfil ou grupo
cada um pode trazer suas impressões sobre o de pessoas em relação a um tema ou assunto.
(SILVA, 2012 apud SANTANA JUNIOR et
al, 2014). Desta forma o engajamento é
5 importante, pois mostra que a página não é só
https://www.facebook.com/recantigo/videos/1861 mais um enfeite na linha do tempo dos seus
237547350120/
Biblionline, João Pessoa, v. 13, n. 3, p. 107-121, jul/set., 2017
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seguidores e que de alguma forma seu público das publicações. Além destas formas de
interage com o conteúdo disponibilizado. engajamentos, segundo Vanti e Sanz Casado
Assim, como for mostrado no gráfico (2016) também funcionam como medidas de
dois, foram trazidos os quantitativos de repercussão social de conteúdos presentes em
comentários por postagens, likes por mídias sociais.
postagens e compartilhamentos por postagens

Gráfico 2 – Médias dos tipos de interação por postagens

Nº de Nº de
compartilhamentos comentários

Nº de Likes

Fonte: dados da pesquisa

A repercussão social é importante, pois que caracterizam a criação de uma memória


através dela o conteúdo pode ser visualizado coletiva dentro de uma RSO, pelo fato de que
por pessoas que estão fora da rede principal de acordo com Halbwachs (1990), encontram-
da página, ou seja, pessoas que não são se as pistas para a reconstrução do passado
seguidoras da página. Pois, uma vez que se individual e coletivo em imagens e conversas.
um seguidor da página curtir, comentar ou Neste sentido os comentários da página são as
compartilhar uma postagem da Recife de conversas.
Antigamente, uma pessoa da rede desse No caso da Recife de Antigamente os
seguidor que não curte a página vai poder ver comentários agregam mais conteúdo as
essa postagem. postagens, os usuários as complementam a
Além disto, a forma de interação que mais partir de seus saberes e experiências, como
merece destaque são os comentários, uma vez mostra a figura dois, onde um usuário associa
que eles são o nível mais próximo de a imagem postada com a construção do atual
engajamento (HAUSTEIN; BOWMAN; aeroporto do Recife.
COSTAS, 2016). Outro ponto é que são eles

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Relatos de Pesquisa
Figura 2 – Contribuição de um usuário da página que diz: “lembrando que foi os americanos q
construíram a pista de pouso do Ibura onde hj é o aeroporto internacional Gilberto Freyre”

Fonte: Recife de Antigamente

Além de comentários que ajudam a que, apesar da média de comentários


reconstruir a história da cidade, existem apresentou um valor relativamente baixo,
comentários que guardam uma memória porque o algoritmo da FanpageKarma divide
afetiva do Recife, como a saudade de algo o número de comentários pelo número de
que já existiu e que se perdeu, ou um evento postagens, o que pode gerar distorções, uma
que marcou as pessoas. Por exemplo, o boato vez que algumas postagens não apresentam
de que a barragem de Tapacurá havia comentários e outras apresentam grande
estourado ocorrido na década de setenta como número de comentários.
mostra a figura três. É necessário ressaltar

Figura 3 – Usuários da página falam do dia em que foi divulgado o boato em que a barragem
Tapacurá havia estourado: “eu vivi esse momento triste. Foi uma loucura a cidade todo em
pânico por conta de um boato...”.

Fonte: Recife de Antigamente

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Relatos de Pesquisa
Outro ponto da análise determinou o verificada uma forte presença de imagens,
formato de conteúdo mais utilizado na página, porém também são postados alguns links que
conforme o gráfico três foi realizado 103 direcionam para sites que trazem textos sobre
postagens durante o período da análise, o que o passado do Recife e em menor número
dá uma média de 3.7 postagens por dia. Foi vídeos.

Gráfico 3 – Formato de postagens

Links Vídeos

Imagens

Fonte: dados da pesquisa

Por fim, foi verificada a utilização de dentro de uma página desse tipo de rede
hashtags, como forma de indexar os social online é sempre iniciada pela postagem
conteúdos, pois isso facilitaria à recuperação mais recente o que faz com que as mais
da memória presente dentro da página, uma antigas se percam na linha do tempo da
vez que as hashtags são um tipo de link e tag, página.
criada pelos usuários na web, que de forma Conforme mostrada pela figura quatro a
coletiva representam, organizam e recuperam página apresenta pouco uso e engajamento
dados na rede (AQUINO, 2007). com hashtags, o que dificulta a recuperação
As hashtags são importantes, pois os das postagens dentro do Facebook. E a
conteúdos colocados em páginas dentro do dificuldade de recuperar a postagem pode
Facebook não são indexados por buscadores levar a problemática do esquecimento, não
online, como o Google, por exemplo, e pela falta de um suporte, mas por não
tendem a se perder a medida que novos recuperar a memória registrada no suporte
conteúdos são criados, pois a organização online que é a RSO.

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Figura 4 – Uso e engajamento de hashtags

Fonte: dados da pesquisa

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS presente em um site de rede social é acessível


apenas a quem tem acesso a internet e possui
O presente trabalho buscou trazer à luz um conta na RSO. Desta maneira indivíduos
como é a dinâmica de um espaço de memória que por falta de condição econômica ou
local dentro do Facebook. Pelo breve opção não tenham estejam inclusos no
acompanhamento de um mês da página ambiente virtual não terão acesso a memória
Recife de antigamente foi possível notar que que lá está presente. O que leva a visão
o tema memória gera interesse na audiência trazida por Castells (2003) da divisão de
das RSO, como pode ser notado no gráfico indivíduos que estão dentro e fora da rede,
que mostra que a interação está em formato onde, o que está dentro usufrui de sua
crescente. benesses e quem está fora é cada vez mais
Outro ponto é que um espaço virtual como excluídos dos processos sociais.
a Recife de antigamente funciona como uma Outro ponto é a questão do esquecimento.
forma de resistência da memória local, que é Como afirmam Holanda e Silveira (2010)
muitas vezes ignorada pelo poder público, e nesses espaços não há um planejamento
como a evolução tecnológica pode ser útil visando a recuperação da memória. A própria
para o ser humano. Neste sentido, Cancline forma de organização das postagens, onde as
(1999) citado por Cavalcante et al. (2015), mais recentes vem primeiro, facilita o
argumenta que a divulgação das tradições esquecimento, uma vez que torna dificultosa à
locais adquire sentido e eficácia sem recuperação das postagens antigas,
resistências à modernidade, ou seja, a principalmente quando o fluxo de postagens é
modernidade pode ser uma forma de defesa intenso. Assim o conteúdo é esquecido por
da memória local. não poder ser encontrado.
Continuamente a variedade de formato de As hashtags podem ser uma forma de lidar
registros presentes na página indica a com o esquecimento no ambiente online, já
versatilidade dos formatos de registros da que a informação fica armazenada e pode ser
memória. E em um espaço de interação das recuperada através da tag (etiqueta) que o
redes sociais online, um texto, foto ou vídeo próprio usuário criou (AQUINO, 2007).
formam o mosaico de uma memória coletiva. Contundo é necessário que os usuários a
Contudo, a reflexão sobre RSO como criem e possa interagir com elas, o que leva a
espaços de memória e análise da Recife de novos questionamentos sobre a eficiência de
Antigamente leva a alguns questionamentos. seus uso e sua adequação nas diversos sites de
É necessário destacar que a memorial local redes sociais existentes.
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Portanto a relação de memória e redes um desafio para esse arcabouço. O
sócias online se apresenta como um campo ciberespaço está lá como William Gibson
fértil de estudos para a Ciência da apresenta em seu Neuromancer, um ambiente
Informação. A Ciência da informação possui de imagens, símbolos, figuras, rostos, uma
um enorme arcabouço para lidar com a mandala de informação até então oculta.
memória, e o ciberespaço se apresenta como

ONLINE SOCIAL NETWORKS AS MEMORY SPACES: A VISION FROM THE PAGE “RECIFE
DE ANTIGAMENTE”

Abstract

Discuss online social networks as memory spaces. It discusses the reaction between
memory and information to later reflect on the concept of memory and its relationship with
identity, society, collective memory and memory registry spaces. Finally brings an analysis
of the Facebook page "Recife de Antigamente" in order to show, in an introductory way,
how the dynamics of a space destined to local memory in a virtual and global environment.

Keywords: Facebook. Memory. Collective Memory. Online Social Networks.

Artigo recebido em: 26/08/2017


Aceitação definitiva em: 13/12/2017

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