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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Educação e Saúde – CES


Unidade Acadêmica de Saúde – UAS
Componente Curricular: Bioquímica
Docente: Fillipe de Oliveira
Monitora: Aline Fernandes

Fichamento sobre Lipídeos – Síntese de ácidos graxos e Poli-


insaturados (Ômega 3 e 6)

 Síntese de ácidos graxos:

Como já citado na unidade anterior o Acetil-CoA tanto pode ser utilizado pela
respiração celular ao se juntar com o Oxaloacetato para participar do ciclo de Krebs, ou
pode ser desviado para a formação de corpos cetônicos. Porém, o mesmo Acetil-CoA
que sobrou da glicólise e da formação de glicogênio pode participar da síntese ou
biossíntese dos ácidos graxos, onde ocorre a junção dessas moléculas para a formação
do ácido graxo.

Todo o processo de síntese ocorre no citosol das células hepáticas e das


glândulas mamárias, e secundariamente nos adipócitos e nos rins, para isso acontecer a
molécula de Acetil-CoA precisa sair da mitocôndria e ir para o citosol.

 Como isso ocorre?

Para que ocorra essa síntese é necessário que o Acetil-CoA esteja fora da
mitocôndria, isso ocorre quando o Acetil-CoA se junta ao oxaloacetato formando
citrato, porém devido à inativação da isocitrato desidrogenase que está inibida pela alta
de ATP ocorre um acúmulo dessa molécula de citrato e assim ele é retirado da
mitocôndria indo para o citosol. Já no citosol, essa molécula sofre ação de uma liase que
quebra essa molécula em Acetil-CoA e Oxaloacetato.
Obs.: Para que essa reação aconteça há o gasto de 1 ATP.
Então, esse oxaloacetato é convertido em malato, essa molécula de malato então
é convertida em piruvato, onde ocorre a retirada de hidrogênio formando uma molécula
denominada de NADPH.
Obs.: Esse NADPH será o doador de elétrons nessa síntese, é uma molécula
derivada da conversão de malato em piruvato ou das vias de pentose fosfato.
A molécula sofre a ação de uma
Devido a inibição da isocitrato liase e é clivada em Acetil-CoA e
desidrogenase não é convertido oxaloacetato novamente.
em isocitrato no ciclo de Krebs,
então é transportado para o
O oxaloacetato é convertido
citosol.
em malato, que é convertido
em piruvato e esse piruvato
volta para a mitocôndria.

O Acetil-CoA e o
oxaloacetato se juntam,
mas por causa da inibição
do ciclo de Krebs ocorre
O Acetil-CoA é utilizado na
um acúmulo e essa
síntese formando ácido
molécula vai para o Esse NADHP que é formado graxo.
citosol. na conversão de Malato a
Piruvato será usado na
síntese, doando hidrogênios.

Reações da Síntese:
Para que ocorra a síntese é necessária a doação de carbonos, que ocorrerá através
das moléculas de Acetil-CoA e Malonil-CoA (que é derivado do Acetil-CoA). Para formar
Malonil-CoA a molécula de Acetil-CoA precisa ser ativada, uma vez que é uma molécula
de apenas 2 carbonos e a de Malonil-CoA tem 3 carbonos. Então, é adicionado um
carbono a molécula de acetil (esse carbono é retirado do bicarbonato presente no meio).

Obs.: Essa reação tem o custo de 1 ATP e depende também na vitamina B8


(biotina) que é utilizada para ativar a enzima que atua na reação.

Após a ativação dessa molécula a ácido graxo sintase vai começar a síntese, a
mesma possui dois sítios ativos, onde no sítio 1 o Acetil-CoA se liga, e no sítio 2 que tem
a presença de uma acila (APC) o Malonil-CoA se liga.
Em ambas as reações de
ligação das moléculas ao
sítio ativo há a retirada Sítio 1 onde a
da coenzima A. molécula de Acetil
se liga.

A molécula de Acetil-
CoA é transferida para o Sítio 2 onde a
sítio ativo. molécula de
Malonil-CoA se liga.

A molécula de Malonil-
CoA também é
transferida para o sítio
ativo.

 1ª reação – Condensação:

Após a ligação dessas moléculas a enzima há uma condensação das mesmas, ou


seja, as duas se juntam. Na mesma reação há uma liberação de carbono em forma de
CO2. O resultado é uma molécula de Acetoacetil-ACP.

 2ª reação –
Redução:

É nessa reação que é utilizada a primeira molécula de NADPH, onde o mesmo


doa elétrons para a molécula de Acetoacetil-ACP e forma D-3-hidroxiutiril.

 3ª reação – Desidratação:

Ocorre a retirada de moléculas de água nos carbonos 2 e 3 para assim liberar


duas ligações duplas na molécula, ou seja, há uma formação de insaturações.
 4ª reação – Redução:

Na quarta e ultima reação ocorre outra redução, com a finalidade de devolver a


saturação da molécula, e essa reação é novamente mediada pela doação de H + derivados
do

NADPH, sendo assim, há o gasto de mais uma molécula.

A cada ciclo que ocorre para o alongamento da cadeia há a adição de mais 2


carbonos, o gasto de 2 moléculas de NADPH e 2 moléculas de ATP’s (uma para a

conversão de citrato a Acetil-CoA e uma para a ativação de Acetil-CoA a Malonil-


CoA). Esse ciclo ocorre até chegar a 16 carbonos (palmitato) então a estrutura
abandona o ciclo. Ao final tem o total de 14 NADPH e 14 ATP’s gastos.

 Comparação entre degradação (oxidação) e biossíntese (síntese):


Curiosidade: Pelo fato de a cada ciclo ser adicionado 2 carbonos a cadeia, o nosso
organismo só sintetiza ácidos graxos de cadeia par.

 Síntese de Triglicerídeos:

O glicerol utilizado nessa síntese virá da sua via fosfatado, ou seja, com uma
molécula de fosfato no lugar da hidroxila, em forma de Glicerol-3-fosfato. Essa
molécula será derivada da via glicolítica devido a redução do D-hidroxiacetona fosfato,
ou diretamente do fígado.

Então duas moléculas se juntam ao gicerol-3-fofasto, um acil-CoA e um acetil-


CoA, e a junção desses três resulta em uma molécula de ácido fosfatídico, que é
semelhante ao triglicerídeo, porém ao invés de ter três ácidos graxos ligados a um
glicerol tem dois ácidos graxos e um fosfato.

Ácido fosfatídico.
Após essa junção esse ácido é fosforilado, ou seja, ocorre a retirada do grupo
fosfato e é adicionado o terceiro ácido graxo formando assim o triglicerídeo.

Triglicerídeo

Glicerol 3 ácidos graxos

 Ácidos graxos poliinsaturados (Ômegas 3 e 6):

Os ácidos graxos insaturados são


aqueles que possuem uma ou mais duplas
ligações e são mono ou poliinsaturados. Se
o ácido graxo possuir somente uma
dupla ligação é chamado
monoinsaturado, e os que apresentam
mais de uma dupla ligação entre carbonos
se denominam ácidos
poliinsaturados. São geralmente líquidos à
temperatura ambiente. Essas insaturações estão na extremidade oposta do grupamento
carboxílico.
Essas duplas ligações sempre são separadas por no mínimo três carbonos, no caso
do ômega 3 como o próprio nome já diz a insaturação é encontrada no carbono 3, já o
ômega 6 a insaturação é no carbono 6. Esses ácidos graxos são denominados como
essenciais, pois pelo fato do nosso organismo não sintetizar ligações duplas então eles
não podem ser produzidos pelo organismo, com exceção do ômega nove que pode ser
produzido pelo organismo, porém só com a presença dos 3 e 6.

Os ácidos graxos essenciais são responsáveis pela síntese de fosfolipídios, os


quais são essenciais para formação e funcionamento normal das membranas celulares. A
função celular é diretamente associada com a forma da membrana, ou seja, qualquer
mudança na composição de AG fosfolipídicos da membrana, por menor que seja, pode
modular a função desta pela alteração da fluidez e permeabilidade, implicando em todo
funcionamento celular.

A partir desses dois ácidos graxos é possível sintetizar os demais ácidos graxos
das séries ômega-6 e ômega-3, os quais também podem ser obtidos através da dieta e
apresentam importante valor nutricional.

 A imagem a seguir mostra as possíveis rotas dos ácidos graxos ômega 3 (ω-3) e
ômega 6 (ω-). PG1, PG2 e PG3 são as séries 1, 2 e 3 das prostaglandinas; LT4 e LT5 são
as séries 4 e 5 de leucotrienos.

As prostaglandinas são lipídios que não desempenham funções estruturais, mas


são importantes componentes em vários processos metabólicos e de comunicação
intercelular participando do processo inflamatório.
Auxilia nos níveis
Algumas fontes de
de triglicerídeos e
ômega 6:
colesterol LDL.
Linhaça dourada Pode ser
Óleo de milho encontrado em das
Óleo de soja formas: Ácidos
Óleo de girassol graxos presentes
nos óleos ou em
peixes.

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