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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS DE CURITIBA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MARCOS VINÍCIOS SANTOS DA SILVA

JEFFERSON DA SILVA SANTOS

RHAYRON NOGUEIRA

CAROLINE APARECIDA BISPO MARQUES

AS TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES: O


PORQUÊ DAS DIFERENÇAS

CURITIBA
2021
MARCOS VINÍCIOS SANTOS DA SILVA

JEFFERSON DA SILVA SANTOS

RHAYRON NOGUEIRA

CAROLINE APARECIDA BISPO MARQUES

AS TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E EM OUTROS PAÍSES: O


PORQUÊ DAS DIFERENÇAS

Trabalho para a conclusão da disciplina de


sistemas tarifários.

Orientador: Prof. Alvaro Peixoto De


Alencar Neto

CURITIBA
2021
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Comparação entre tarifas de energia para consumidores residenciais


para o ano de 2013 8
Gráfico 02 - Peso dos impostos e encargos na tarifa residencial para o ano de
2013 17
Gráfico 03 – Composição da tarifa residencial de 2013 em cUSD/kWh –
Preços de 2013 9
Gráfico 04 – Peso dos componentes da tarifa residencial de 2013 em % 10
Gráfico 05 – Composição da tarifa residencial média entre 2009 e 2013 em
cUSD/kWh – Preços de 2013 11
Gráfico 06 – Peso médio dos componentes da tarifa industrial
entre 2009 e 2013 em % 12
Gráfico 07 – Tarifas residenciais de energia elétrica de 2013 em cUSD real/kWh –
BRICS 13
Gráfico 08 – Comparação da tarifa residencial e industrial dos BRICS, 2013 14
Gráfico 09 – Tarifa residencial e industrial nos países de América Latina, 2013 16
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Indicadores de intensidade e densidade da rede, 2012 15


Tabela 02 – Tarifa média de eletricidade, Gastos em eletricidade, PIB e Consumo
per capita e em grupos de países. Dados de 2012 18
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 7
2. COMPARANDO AS TARIFAS DE ENERGIA INTERNACIONALMENTE 8
3. COMPARANDO AS TARIFAS DE ENERGIA INTERNACIONALMENTE 13
4. OS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA 14
5. O CASO DO BRASIL 16
6. CONCLUSÃO 18
REFERÊNCIAS 20
7

1. INTRODUÇÃO

A eletricidade é um produto que não pode ser estocado, tendo de ser


produzida e transportada ao ponto de consumo instantaneamente. Devido a isso, o
preço deste produto também é local, sendo limitado à rede de transmissão e
distribuição onde ela é produzida.
Como, devido a razão principal citada no parágrafo acima, o comercio de
energia elétrica a nível global não é uma possibilidade, as tarifas de energia variam
de país para país, de acordo com dois fatores principais: Características tecno-
econômicas de cada sistema elétrico, e as políticas públicas de cada país sobre o
setor elétrico.
Para comparar as tarifas sobre a energia elétrica em diferentes países, alguns
fatores devem ser levados em consideração, tais como: marcos regulatórios, políticas
tributárias, políticas ambientais, o clima do país, fatores sociais etc. Aspectos técnicos
também devem ser levados em consideração, como, por exemplo, a necessidade de
se construir linhas mais longas para a alimentação de pontos de consumo distantes
dos pontos de geração. Nos capítulos a seguir, será feito um resumo mais detalhado
sobre os principais fatores que tornam as tarifas de energia tão diferentes ao longo do
globo.
8

2. COMPARANDO AS TARIFAS DE ENERGIA INTERNACIONALMENTE

O gráfico 01, localizado a seguir, apresenta um comparativo entre as tarifas


de energia elétrica residenciais finais de 26 países, para o ano de 2013, incluindo
valores de impostos e encargos:

Gráfico 01 – Comparação entre tarifas de energia para consumidores residenciais para o ano de 2013

Fonte: Castro et al. (2017)

Como pode ser observado no gráfico 01, a Argentina possui a menor média
de tarifa entre os países da seleção. Isso se deve ao fato do governo argentino se
recusar em fazer reajustes nas tarifas, o que tem como consequência uma qualidade
mais baixa do serviço no país, que está afrente apenas da Índia entre os países da
seleção. Já a Alemanha apresenta tanto a maior tarifa em termos de custo absoluto e
também a maior carga de impostos e tributos. O Brasil fica próximo da média nos dois
aspectos.
O gráfico 02, localizado a seguir, apresenta o peso dos impostos e encargos
nas tarifas residenciais:
9

Gráfico 02 – Peso dos impostos e encargos na tarifa residencial para o ano de 2013

Fonte: Castro et al.(2017)

Observando o gráfico 02, é possível notar há uma grande diferença na


proporção de impostos e encargos entre os países observados. Para efeito de
comparação entre continentes, pode-se citar o fato dos países europeus
apresentarem, em média, uma proporção maior do que os países da América Latina
(28% x 18 %).
Já o gráfico 03 apresenta de maneira mais detalha com são compostas as
tarifas dos países analisados:

Gráfico 03 – Composição da tarifa residencial de 2013 em cUSD/k Wh –


Preços de 2013

Fonte: Castro et al. (2017)


10

Com base neste gráfico, é possível tirar diversas conclusões. A Alemanha se


destaca por possuir a maior tarifa e também a maior carga de impostos e encargos.
Outro fato que pode ser observado é a baixa média de tarifa para os países dos BRICS
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com exceção do Brasil, que passa um
pouco da média, e da África do Sul, que não fez parte da seleção. A Coréia do Sul
apresenta o menor custo de rede entre os países analisados. Isso se deve ao alto
consumo per capita dos habitantes, um pequeno território populoso e a concentração
de indústrias tecnológicas.
Já o gráfico 04 apresenta a proporção de cada componente na tarifa de cada
país analisado, em porcentagem:

Gráfico 04 – Peso dos componentes da tarifa residencial de 2013 em %

Fonte: Castro et al. (2017)

Com base neste gráfico, chegar a algumas conclusões sobre a repartição dos
componentes das tarifas residenciais no mundo. O fator de maior importância na tarifa
residencial é o custo de geração, que tem um peso médio de 46% da tarifa final, ou
seja, representa quase a metade da tarifa. O custo da rede é o segundo vetor
explicativo da tarifa residencial, tendo um peso médio de 33%. Por fim, o fator de maior
variabilidade entre os diferentes países corresponde aos impostos e encargos. Na
média, os impostos e encargos representam 21% da tarifa final.
11

Gráfico 05 – Composição da tarifa residencial média entre 2009 e 2013 em


cUSD/k Wh – Preços de 2013

Fonte: Castro et al. (2017)

O gráfico 05 apresenta a comparação detalhada das tarifas industriais de


energia elétrica abrangendo o período de 2009 até 2013. Cabe destacar que não se
tem nenhuma abertura tarifária da África do Sul, da Argentina, do Brasil, da Coreia do
Sul, da Índia, do Japão e do México, e não se tem dados sobre a tarifa industrial da
China.
Québec tem a energia mais barata nesse período, com custos estáveis. Por
outro lado, a Itália possui a tarifa média mais cara, 6,5 vezes mais cara que a tarifa
média do Québec. Além de possuir o maior custo de geração da lista, o país europeu
apresenta também o maior nível de impostos e encargos não recuperáveis da lista.
Destaca-se o caso da Colômbia, que possui uma das tarifas mais altas deste painel,
apenas ultrapassada por Portugal e pela Itália. Os custos colombianos apresentaram
subsídios cruzados até 2011 (indústria e comércio pagavam 20% a mais para custear
as tarifas sociais) e forte volatilidade do custo de geração.
O gráfico 06 apresenta o percentual de cada componente sobre a tarifa
industrial de cada país. O componente que mais se destacou foi o custo de geração,
representando em média 56% do custo total. Logo depois vem o custo de rede,
representando em média 33% do preço final da tarifa. Os custos referentes a impostos
e encargos apresentam grande variação entre os países, mantendo uma média de
11%.
12

Gráfico 06 – Peso médio dos componentes da tarifa industrial


entre 2009 e 2013 em %

Fonte: Castro et al. (2017)


13

3. COMPARANDO AS TARIFAS DE ENERGIA INTERNACIONALMENTE

Os países do BRICS possuem características semelhantes, quando se fala de


extensão territorial e população. A riqueza de recursos naturais nestes países é
notável, como o gás natural na Rússia e o carvão na Índia, África do Sul e China. E
de certa forma o estado influencia no valor final da tarifa de energia, nesses países.

Gráfico 07 – Tarifas residenciais de energia elétrica de 2013 em cUSD real/k Wh –


BRICS

Fonte: Castro et al. (2017)

O gráfico 07 mostra que a tarifa residencial paga pelos consumidores nos


países pertencentes os BRICS. A fatura da russa é menor, porém não fica muito atrás
das tarifas da china e da Índia, mesmo considerando que a Rússia possui recursos
que podem classificá-la como uma grande potência energética.
A tarifa russa é baixa tanto para as residências quantos para as indústrias, em
função principalmente da riqueza de recursos energéticos do país. O país é a maior
potência energética dentre os países do BRICS, possuindo a maior reserva de
petróleo, uma grande reserva de gás natural e grande produção de carvão. Entretanto,
a produção interna não é suficiente para atender a demanda, obrigando o país a
importar. A Rússia é ainda uma grande exportadora de recursos energéticos, segundo
a EIA, em 2015 as receitas de óleo e gás corresponderam a 52% da receita do
orçamento federal. Considerando os recursos fósseis, a matriz elétrica da Rússia é
essencialmente térmica, sendo que em 2012, 69% da capacidade instalada no país
corresponde a usinas térmicas. Nesse mesmo ano, a geração elétrica a partir de gás
natural representou 49,1%.
14

4. OS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA

Gráfico 08 – Comparação da tarifa residencial e industrial dos BRICS, 2013

Fonte: Castro et al. (2017)

As tarifas elétricas dos países da América Latina flutuam em função da


disponibilidade de recursos energéticos e das políticas públicas aplicadas por cada
um deles ao setor elétrico. A tarifa Argentina é a mais barata dentre os países latino -
americanos. Isso se deve ao congelamento das tarifas estabelecido pelo governo
argentino desde 2001. O Chile tem a tarifa residencial mais elevada em função,
principalmente, do custo de geração que representam 60% da tarifa. Também chama
a atenção o custo da rede na tarifa residencial colombiana, que representa 59,3% da
tarifa residencial deste país.
Em 2001 e 2002 a Argentina atravessou uma crise econômica sem
precedentes, que teve impacto forte sobre o setor elétrico do país. Em função desta
crise o governo declarou a Lei de Emergência Econômica em 2002. Esta Lei afetou
profundamente a remuneração da geração, da transmissão e da distribuição.
Conforme se observa no gráfico a direita a tarifa de um consumidor residencial na
Argentina, está dividida em uma parcela variável mensal e parcela fixa, esta paga
bimestralmente pelo consumidor. Contudo, constata-se que desde 2004 ambas as
parcelas, variável e fixa, têm valores constantes. O congelamento é consequência
direta da Lei de Emergência Econômica que deixou sem efeito as cláusulas de
indexação dos contratos de concessão das distribuidoras e interrompeu os processos
de revisão tarifária e qualquer outro mecanismo de alteração de preços ou tarifa.
15

Tabela 01 – Indicadores de intensidade e densidade da rede, 2012

Fonte: Castro et al. (2017)

A Colômbia aparece como o país mais caro na América Latina. No que se


refere ao custo da rede devem-se considerar dois indicadores: a densidade da rede e
a intensidade de uso da rede.
A densidade da rede é um indicador que calcula a razão entre a extensão total
da rede e a superfície total do país. Um valor baixo da densidade de rede sugere que
o país não tem uma rede suficientemente extensa para interconectar seu território ou
pode significar que o país é muito extenso precisando de extensas redes de
interconexão, levando a um custo de rede maior. Esse é o caso da Colômbia onde a
atividade econômica, e a rede, estão concentradas nas regiões mais próximas à
costa. Deve-se levar em consideração que a intensidade de uso da rede representa a
razão entre o consumo de energia e a extensão da rede. Um valor baixo da
intensidade de uso da rede traduz uma baixa transmissão de energia na rede
considerada, implicando um custo maior.
Na Tabela 01, observa-se que todos os países da América Latina têm uma
densidade de rede relativamente baixa se comparamos com a média dos países da
Europa e da Ásia. A Colômbia é o país com menor intensidade de uso da rede não
só na América Latina como entre todos os países considerados no estudo. Isso implica
que o custo imputado aos consumidores seja mais elevado.
16

5. O CASO DO BRASIL

O Brasil possui as tarifas residenciais e industriais menos competitivas dos


BRICS. São duas as características que diferenciam o Brasil aos outros países deste
grupo: Uma matriz elétrica essencialmente hídrica; Diferenças na atuação do estado
no setor elétrico; Atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização
são separadas. Em primeiro lugar, o Brasil possui uma matriz elétrica que se baseia
majoritariamente nas fontes hídricas, enquanto os outros países dos BRICS
dependem mais dos combustíveis fósseis. A segunda característica decorre das
diferenças na atuação do Estado no setor elétrico, principalmente em nível
regulatório.
Enquanto o Brasil liberalizou a indústria de energia, nos demais países dos
BRICS os setores elétricos operam sob forte controle do Estado, apesar das
tentativas, de modo geral relativamente incipientes, de liberalização. Além disso, o
maior volume absoluto de impostos e encargos que incidem sobre a tarifa brasileira
reduz substancialmente a competitividade nacional.
Outra diferença consiste no fato de que as atividades de geração,
transmissão, distribuição e comercialização são separadas no Brasil, ao contrário do
que ocorre em outros países do grupo. Nos demais países dos BRICS, são verificadas
as seguintes situações: ou não houve processo de liberalização, mantendo o Estado
o controle sobre o setor elétrico e suas atividades de geração, transmissão,
distribuição e comercialização; ou esses processos foram feitos de forma parcial, onde
num primeiro momento houve a entrada de novos agentes privados, mas que não
foram capazes promover o desenvolvimento esperado do setor.

Gráfico 09 – Tarifa residencial e industrial nos países de América Latina, 2013

Fonte: Castro et al. (2017)

Dentre os países da América Latina, o Brasil tem a segunda maior tarifa


residencial, enquanto a tarifa industrial se encontra próxima da tarifa Mexicana,
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conforme se observa no gráfico. Os países da América Latina têm características


muito heterogêneas, desde a participação do Estado no setor elétrico, até a
diversidade na riqueza em recursos naturais. Tanto Chile quanto Colômbia têm
mercados de energia elétrica ainda mais liberalizados do que no Brasil. Enquanto o
México, todavia se caracteriza por ter a atuação de uma única empresa no setor a
nível nacional.
18

6. CONCLUSÃO

Dois diferentes fatores fazem com que o custo da tarifa de energia elétrica
para o consumidor final seja diferente. Primeiro, a condição de recursos naturais e as
características técnicas e econômicas de cada país faz com que os custos do serviço
de fornecimento de energia elétrica variem amplamente. Segundo, as políticas
públicas interferem largamente nos custos das tarifas da eletricidade para o
consumidor final, seja no sentido de alocar ao setor os custos de políticas
governamentais ou o peso de uma alta carga de tributária, seja usando o poder do
Estado e de suas empresas para conter as tarifas de energia elétrica ao consumidor
final.

Tabela 02 – Tarifa média de eletricidade, Gastos em eletricidade, PIB e Consumo


per capita e em grupos de países. Dados de 2012

Fonte: Castro et al. (2017)

A Tabela 02 apresenta dados sobre gastos em eletricidade, PIB per capita e


tarifa média em 2012 para vários grupos de países. Observando-a é possível que o
gasto total com eletricidade dos BRICS é maior, como proporção do PIB (3,6%) apesar
de eles terem a menor tarifa média de eletricidade.
Para o Brasil, existe um agravante, que é o alto custo variável médio da
geração térmica. Isso se deve ao fato do Brasil precisar importar combustíveis fósseis
(carvão e gás natural) para est finalidade, ao contrário da Colômbia, que é exportadora
destes combustíveis fósseis. Esse alto custo também tem a ver com o fato do governo
do Brasil ter optado por utilizar um grande número de usinas térmicas de baixa
eficiência. Os custos caros e voláteis de geração energia elétrica no Brasil é um
grande problema para o desenvolvimento industrial do país, desmotivando o
19

investimento o do exterior, que vai ter preferência por países emergentes com
menores custos.
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REFERÊNCIAS

CASTRO, Nivalde et al. As Tarifas de Energia Elétrica no Brasil e em Outros


Países: O Porquê das Diferenças. Disponível em;<
https://www.cpfl.com.br/energias-
sustentaveis/inovacao/projetos/Documents/PB3002/livro.pdf>. Acessado em
18/12/2021.

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