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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CURSO: Engenharia Elétrica

DISCIPLINA: Regulação da Indústria da Eletricidade

PROFESSOR: Dorival Gonçalves Junior

NOME DOS DISCENTE: Amanda Kellen Benitez Perussi, João Pedro Pereira Barreto Bettiol,
Wallison Henrique dos Santos Costa

TEMA: Revisão Tarifária de Energia Elétrica

OBJETIVO DO TRABALHO: Elaborar uma síntese sobre a revisões tarifárias de energia


elétrica, analisando o histórico e a sua composição.

No Brasil, a distribuição de energia elétrica é um serviço público de competência da


União, prestado por distribuidoras de energia por meio de concessão. A Agência Nacional
de Energia Elétrica - ANEEL é responsável pela regulação técnica e econômica desse
serviço.
O Agente Regulado, ao assumir a prestação do serviço é regulado a partir de um
regime de regulação pelo preço (price cap), conforme a Lei n° 9.427/1996. Esse modelo
define que a tarifa pode ser alterada de duas formas: pela Revisão Tarifária Periódica e pelo
Reajuste Tarifário Anual.
Esses mecanismos de alteração da tarifa de energia elétrica estão previstos nos
contratos de concessão e têm como objetivo a manutenção do equilíbrio econômico
financeiro das concessionárias e repassar os custos não gerenciáveis e atualizar
monetariamente os custos gerenciáveis.

Do Histórico

Em 1996 é iniciada a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por


meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997, que passa a atuar em dezembro de
1997 com os objetivos de regular os setores de geração, transmissão e distribuição,
fiscalizar os contratos de concessão, implementar e gerir políticas de exploração de energia
elétrica, estabelecer tarifas e gerir outros assuntos relacionados regulação da energia
elétrica em território nacional.

Até então, o modelo de tarifação era baseado no modelo regulatório conhecido


como “Custo Médio de Geração (CMO)”. Esse modelo levava em consideração o custo
médio de geração de energia elétrica no país e o nível de inflação. No entanto, esse modelo
regulatório se mostrou insuficiente para lidar com as variações nos custos de geração de
energia elétrica e as mudanças estruturais no setor elétrico brasileiro. A adoção da política
de preço teto pela ANEEL em 2003, que estabeleceu um limite máximo para o reajuste das
tarifas de energia elétrica, foi uma forma de tornar o processo de reajuste tarifário mais
transparente e previsível, garantindo a modicidade tarifária para os consumidores de
energia elétrica.
Do Reajuste e Revisões Tarifárias

O reajuste tarifário anual acontece na data de “aniversário” da concessão e tem por


objetivo repassar os custos não gerenciáveis e atualizar, monetariamente, os custos
gerenciáveis.

Já as revisões tarifárias podem ocorrer de forma periódica e extraordinária. De forma


periódica, a revisão da tarifa acontece a cada 4 anos com o objetivo de preservar o
equilíbrio financeiro da concessão, e de forma extraordinária, pode ocorrer a qualquer
tempo, desde que haja alterações significativas comprovadas nos custos da concessionária
e/ou modificação ou extinção de tributos e encargos posteriores à assinatura do contrato.

Da Composição do Reajuste Tarifário Anual

No reajuste tarifário, primeiro é feito o cálculo para apurar o valor do


reposicionamento tarifário, que consiste em estabelecer para as concessionárias tarifas que
sejam compatíveis para cobrir os custos operacionais e um retorno adequado sobre o
investimento realizado.

Nesta primeira etapa, temos a Parcela A, são os custos relacionados à compra de


energia elétrica, o valor de transmissão dessa energia até a distribuidora e os encargos
setoriais,que são os custos não gerenciáveis, ou seja, valores aos quais a empresa não tem
controle.

Tabela 1 – Composição da Parcela A. Fonte: ANEEL

Já os custos com a distribuição, são enquadrados na Parcela B, esses custos são


gerenciáveis que decorrem dos serviços prestados diretamente pelas concessionárias como
distribuição de energia, manutenção da rede, cobrança das contas, centrais de atendimento
e remuneração dos investimentos.
Tabela 2 – Composição da Parcela B. Fonte: ANEEL

A parcela B é corrigida pelo índice da inflação definido no contrato de concessão


para a atualização monetária dos custos gerenciáveis (IPCA), subtraído de um valor de
eficiência, denominado de Fator X.

O Fator X é a segunda etapa da revisão tarifária, seu objetivo é estimar os ganhos


de produtividade da atividade de distribuição e capturá-los em favor da modicidade tarifária
em cada reajuste. O fator x é composto da seguinte forma:

onde:

𝑃𝑑 = Ganhos de produtividade da atividade de distribuição;

𝑄 = Qualidade do serviço; e

𝑇 = Trajetória de custos operacionais.

Por meio da aplicação do fator X nos cálculos permite repassar aos consumidores,
por meio das tarifas, projeções de ganhos de produtividade das concessionárias. Vale
ressaltar, que como as distribuidoras têm estruturas de custos e mercados diferentes entre si, a
ANEEL calcula um fator X distinto para cada uma delas, ou seja, o fator x é diferente para cada
empresa.

Portanto, a ANEEL calcula o reajuste tarifário, no “aniversário” de concessão da


distribuidora, com base nesta divisão:
Da Revisão Tarifária

Além do reajuste tarifário anual, existem mais dois mecanismos para a atualização
tarifária, a revisão tarifária periódica e a revisão tarifária extraordinária.

A revisão tarifária periódica ocorre a cada 4 anos, e seu objetivo é preservar o


equilíbrio econômico-financeiro da concessão, e acontece de acordo com o com o contrato
de concessão assinado pela empresa de distribuição. Nesta revisão é redefinida a Parcela
B, ou seja, os custos operacionais e a remuneração dos investimentos. Ou seja, os valores
podem ser maiores ou menores, dependendo das mudanças ocorridas nos custos e no
mercado.

Até 2014 às revisões tarifárias eram delimitadas temporalmente por ciclos, com
regras uniformes. O primeiro ciclo de revisões tarifárias periódicas aconteceu entre 2003 e
2006, o segundo entre 2007 e 2010 e o terceiro entre 2011 e 2014. Em 2015, foi dado início
a um novo ciclo de revisões tarifárias: o cálculo de cada componente da Parcela B pode ser
revisado separadamente. Desse modo, o processo de revisão se torna mais efetivo e eficaz.

Diferente da Revisão Tarifária Periódica, a Revisão Tarifária Extraordinária pode


ocorrer a qualquer momento se houver alterações significativas comprovadas nos custos da
concessionária e/ou modificação ou extinção de tributos e encargos posteriores à assinatura
do contrato.

Referências Bibliográficas

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL, Procedimentos Regulatórios,


disponível em: www.gov.br/aneel/pt-br/centrais-de-conteudos/procedimentos-regulatorios

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL, Regulação, disponível em:


https://www.gov.br/aneel/pt-br/assuntos/distribuicao/regulacao

Carção, João Francisco de Castro; Tarifas de Energia Elétrica no Brasil. Dissertação


(Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia de Energia e Automação Elétricas, São Paulo, 2011.

NASCIMENTO, I.V. Análise dos Indicadores de Qualidade do Serviço das


Distribuidoras: Um Estudo de Caso Dos Impactos Técnicos e Econômicos. 2022. 50f.
Trabalho Final de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) Universidade Federal de Mato
Grosso. Cuiabá, 2022.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE TARIFAS


DAS DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA ELÉTRICA, disponível em:
http://antigo.mme.gov.br/web/guest/perguntas-frequentes/secretarias/energia-eletrica/acoes-
e-programas/acoes

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