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Resumo Neste artigo, pretende-se apresentar os principais pelo preço (Price Cap). Um componente crucial nessa moda-
conceitos associados aos modelos econômicos de regulação, bem lidade tem sido o Fator X. Neste modelo, o regulador estabe-
como as premissas adotadas para escolha do modelo a ser utili- lece uma tarifa inicial que passa por um reajuste anual, por u m
zado no Brasil. Em especial, tem-se como objetivo discutir as me- índice de preços ao consumidor, diminuindo de um Fator X,
todologias adotadas pelo regulador brasileiro para incentivar a
melhoria da qualidade dos serviços prestados por meio das tari- cuja finalidade consiste em compartilhar com os consumidores
fas. Essa discussão se dará através da análise dos resultados do os ganhos de produtividade e eficiência da concessionária.
processo de Reajuste Tarifário Anual – RTA do ano de 2014 e da
atualização da metodologia a ser utilizada nos próximos eventos Neste trabalho abordam-se os diferentes métodos de regula-
tarifários. Como efeito, ao final almeja-se avaliar se a metodolo- ção econômica, embora se dê maior ênfase a regulação por in-
gia escolhida pelo regulador pode ser considerada um mecanismo centivo. A Inglaterra foi o primeiro país a introduzir a regula-
de incentivo à melhoria da qualidade. ção através da redução dos custos (Price Cap) que é um mé-
todo que tem como objetivo incentivar as empresas reguladas
Palavras-chaves Modelos de Regulação, Mecanismos de In- a reduzir os seus custos e a aumentar a eficiência e a produti-
centivos, Indicadores de Qualidade, Parcela B, Fator X e Compo-
vidade. Também será apresentado como estes conceitos foram
nente Q.
adaptados para serem adotados no setor elétrico brasileiro, em
especial os mecanismos de incentivo adotados para incentivar
a melhoria da qualidade via benefícios/penalizações na tarifa.
I. INT RODUÇÃO
Dentro das atribuições da Agência Nacional de Energia Elé-
A energia elétrica é essencial no dia-a-dia da sociedade e pri-
trica – ANEEL, destaca-se a realização das revisões tarifárias
mordial para o desenvolvimento do país. Para isto existe toda
periódicas. Estas revisões tarifárias abrangem reposiciona-
uma estrutura de geração, transmissão, distribuição e comerci-
mento das tarifas de fornecimento de energia elétrica preser-
alização da energia elétrica para garantir a continuidade e a
vando o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de con-
qualidade do fornecimento.
cessão, determinação do Fator X que será aplicado nos reajus-
tes tarifários anuais, entre outros.
No contexto da qualidade, vários aspectos devem ser consi-
derados, como a escassez dos recursos, aumento da concorrên-
Na composição do Fator X, a ANEEL introduziu o uso de
cia, novas tecnologias e qualidade de vida dos cidadãos, assim,
índices de qualidade, Componente Q, para ajustar as tarifas por
faz-se necessário que agências reguladoras implementem polí-
meio da valoração da qualidade dos serviços prestados. Assim,
ticas com o intuito de incentivar a redução dos custos operaci-
a qualidade passou a ser uma variável decisiva nos custos ge-
onais sem prejuízo a qualidade dos serviços prestados .
renciáveis, propiciando uma visão mais abrangente do desem-
penho das empresas e que permite determinar um valor mais
Em monopólios naturais, juntamente com os mecanismos de
adequado para o Fator X.
incentivos emana o problema de assimetria de informações en-
tre as distribuidoras e o regulador. Por isso, a questão a ser
Neste contexto, tem-se como objetivo neste artigo discutir as
respondida pelo regulador é definir quais são os custos que de-
metodologias adotadas pelo regulador brasileiro para incenti-
vem ser considerados no processo de formação das tarifas para
var a melhoria da qualidade dos serviços prestados por meio
garantir a modicidade tarifária e os interesses dos acionistas.
das tarifas. Essa discussão se dará através da análise dos resul-
Portanto, é importante introduzir políticas de incentivos efica-
tados do processo de Reajuste Tarifário Anual – RTA do ano
zes, de forma que as distribuidoras possam dar mais atenção à
de 2014 e da atualização da metodologia a ser utilizada nos
maneira como aplicam os seus recursos.
próximos eventos tarifários. Como efeito, ao final almeja-se
avaliar se a metodologia escolhida pelo regulador pode ser
As agências reguladoras devem ser capazes, também, de in-
considerada um mecanismo de incentivo à melhoria da quali-
centivar as distribuidoras a prestarem serviços com melho r
dade.
qualidade. Foi a partir de 1995 que os contratos de concessão
entre a união e as concessionárias de distribuição introduziram
o modelo de regulação econômica conhecida como serviço
II. MODELOS DE REGULAÇÃO ECONÔMICA Este tipo de regulação visa o aumento ou a diminuição do
preço praticado pelas concessionárias até um determinado li-
Na década de 80, houve avanços importantes quanto a inter- mite máxi mo durante o período regulatório. A ssim, além de
venção do estado na economia, principalmente na conduta dos não permitir que os concorrentes mais fortes utilizem os seus
setores considerados monopólios naturais (agua, gás e eletrici- poderes para prejudicar os seus concorrentes diretos, salva-
dade). Estes avanços foram obtidos a partir da experiência do guardam ainda os interesses dos consumidores e permite, tam-
modelo de regulação econômica adotado por países como Es- bém, que haja a possibilidade de renovação da cadeia produ-
tados Unidos, Canadá e Reino Unido [1]. tiva e de investimentos na inovação e no desenvolvimento da
tecnologia [5].
Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos –
ERSE [2], a regulação tem os seguintes objetivos: i) corrigir a A regulação técnica e os instrumentos de regulação por in-
ineficiência do mercado; ii) corrigir eventuais falhas de mer- centivo à qualidade do serviço também se mostram muito i m-
cados; e iii) eliminar o abuso de poder dos monopólios. portantes para o desenvolvimento do setor elétrico, pois inse-
rem barreiras para que a redução do custo operacional incenti-
Deste ponto de vista é imprescindível a criação de um mer- vado pela regulação econômica não seja realizada de forma
cado suficientemente organizado e com uma estrutura robusta. imprudente e em detrimento da qualidade do serviço prestado
Para viabilização deste mercado é importante o acompanha- [6].
mento e a intervenção de agências de reguladoras , pois o regu-
lador deve garantir que o negócio de distribuição possa ser Questões técnicas e econômicas se confrontam na hora de
atrativo aos investidores, que os consumidores recebam um estruturar a regulação, por tal motivo sempre existem fatores
serviço de qualidade adequada e que o regramento do mercado como a qualidade de fornecimento e formação das tarifas que
regulado seja devidamente atendido. ainda precisam ser aperfeiçoadas.
B. O Sistema de Regulação por Incentivos Nota-se que este modelo apresenta a vantagem de atenuar
consideravelmente o risco moral, bem como auxilia a redução
A implementação de instrumentos de incentivos à competi- sistemática dos custos operacionais e diminui o risco de cap-
ção deve ser viabilizada pelo órgão regulador. Nos países tura pelo regulador dos investimentos realizados na concessão.
como EUA, Grã-Bretanha, Alemanha, Chile, entre outros nos
quais implementou-se o sistema de regulação por incentivos, Surgiu como alternativa aos modelos anteriores, pois este
este modelo tem-se consolidado de forma bastante aceitável. permite melhorias em termos da maximização do bem-estar
social e incentiva as empresas a serem mais eficientes, le-
O problema da regulação por incentivos é a poss ibilidade de vando-as, portanto, a apostar mais na inovação e no desenvol-
coordenação entre os concessionários a fim de ocultar seus vimento de tecnologias [7].
verdadeiros custos e, por consequência, obter tarifas mais ele-
vadas. A visão original da regulação por incentivos difere da D. Modelo Cost Plus (Reconhecimento dos Custos)
realidade, pois muitos sistemas políticos não mantêm as pre-
missas adotadas quando da assinatura dos contratos de conces- O modelo Cost Plus é o mais tradicional e se caracteriza pelo
são, como por exemplo na América Latina já ocorreu a rene- reconhecimento dos custos operacionais declarados pelas em-
gociação e até extinção unilateral destes contratos [4]. presas, por isso também é conhecido como regulação pelo
custo do serviço.
Este modelo apresenta diversos pontos de atenção, a começar como um fator de eficiência e nos EUA é considerado como
pelo superfaturamento dos custos declarados pelas empresas ganho resultante da produtividade [3].
dado que o modelo leva em consideração os custos marginais,
pois, a priori, esta modalidade de remuneração não garante a Nesta teoria, o regulador incentiva as empresas a adotarem
recuperação do capital investido [4]. uma estratégia de custos eficientes. O esforço resultante do au-
mento da produtividade ou da eficiência irá também beneficiar
Neste cenário, muitas vezes o regulador intervém no sentido os consumidores finais, quer pela via da redução do preço e/ou
de subsidiar a empresa com o montante equivalente às “ per- pelo aumento da qualidade dos serviços.
das” e garantir a sustentabilidade econômica das concessões.
Porém este subsídio pode não ser benéfico, nem para os con- É importante citar que, no modelo original, as perdas pelo
sumidores nem para o próprio setor, na medida em que o con- mau gerenciamento dos recursos por parte das concessionárias
cessionário deixa de ter incentivos para melhorar sua eficiên- não deveriam ser transferidas para os consumidores. Bernstein
cia. & Sappington [8] apresentaram um modelo simples para de-
terminar o Fator X, esta aplica-se a todos os serviços das em-
E. Modelo Revenue Cap (Receita Teto) presas reguladas, a taxa de inflação da economia não é afetada
pelos preços estabelecidos no setor regulado.
O modelo Revenue Cap é bastante similar ao Price Cap, po-
rém neste caso os benefícios tarifários concedidos às empresas Neste modelo simples o Fator X reflete a diferença entre taxa
capazes de melhorar a sua eficiência e produtividade acima do de crescimento da produtividade total dos fatores no setor re-
patamar estabelecido pelo regulador durante determinado pe- gulado e a taxa de crescimento da produtividade na economia
ríodo ficam limitados a receita máxima permitida. A metodo - e a diferença na taxa de crescimento dos preços dos fatores no
logia Price Cap permite às concessionárias aumentar ou dimi- setor regulado e a taxa de crescimento dos preços dos fatores
nuir o nível de preço, mediante um índice que representa a taxa em outros setores da economia.
da inflação diminuindo do Fator X. Por outro lado, a Revenue
Cap engloba essas duas variáveis, ou seja, a inflação e a vari- H. Experiência Internacional
ação da produtividade [7].
De forma sucinta, apresenta-se na Tabela I um resumo da
A Revenue Cap, ao contrário dos outros modelos, tem como experiência internacional quanto a atuação do regulador e o
objetivo aumentar a eficiência económica através da limitação método escolhido para atuar em seu mercado [1].
de ganhos permitidos às concessionárias. Assim, busca-se in-
centivar as empresas a utilizarem de maneira mais eficiente e T ABELA I. EXP ERIÊNCIA I NTERNACIONAL
eficaz os seus recursos e aumentar da produtividade. Devido País Controle Regu- Utilização Incentivo aos inve sti-
latório do Fator X me ntos
ao sinal mais consistente dos incentivos o modelo tem sido Elevado
Valor de referência + in-
mais utilizado na formação de tarifas de mercados regulados. Chile (empresa mo- Não
centivos a modernização
delo)
Elevado
F. Modelo Yardstick Competition (Regulação por compara- (valores de refe- Valor unitário de referên-
ção) Colômbia Não
rência por com- cia
ponente)
Nesta metodologia os parâmetros da empresa eficiente po- Elevado
EUA (custo do ser- Sim Diversos incentivos
dem ser obtidos de empresas reais [1]. O regulador primeira-
viço)
mente observa o comportamento das concessionárias e pos te- Mudando de ele-
Grã-Beta- Benchmark + X totex +
riormente realiza uma comparação adotando a estratégia de nha
vado para mode- Sim
fundos de investimento
benchmarking para comparar uma determinada empresa co m rado
outras [4]. É uma metodologia que normalmente é utilizada Benchmark + X totex +
Moderado (reve-
Alemanha Sim fator de expansão + fator
para regular os monopólios regionais dado a similaridade das nue cap)
de qualidade
concessões, o que facilita a comparação entre as empresas . Elevado Valor de referência + fator
Espanha (empresa mo- Sim de expansão + fator de
delo) qualidade
G. Conceito de Fator X Moderado
Itália Sim Só para smart grid
(price cap)
O Fator X representa o compartilhamento dos ganhos Moderado Benchmark + incentivo a
Noruega Não
apropirados pelas empresas dado determinado período de (price cap) qualidade
Moderado
análise. De forma prática, a taxa de inflação descontado o Austrália Sim Benchmark
(price cap)
Fator X é o componente cons iderado para o reajusta das tarifas
[8]. Apesar da popularidade de regulação do modelo Price
Cap, na prática, existe pouca orientação s obre como
determinar este fator.
1
RA0 – Receita Anual, calculada considerando-se as tarifas homologadas na IVI – Índice de Variação da Inflação, neste caso é utilizado o Índice Geral De
“ Data de Referência Anterior”; Preços do Mercado - IGPM.; e
VPA1 – Valor da parcela A “Data de Referência em Processamento”; X – Número índice definido pela ANEEL visando representar o compartilha-
VPB0 – Valor da parcela B “Data de Referência Anterior”; mento de ganhos de eficiência.
(XP D ), Qualidade do serviço (XQ ) e Trajetória de custos opera- Na composição do Componente Q, os indicadores técnicos
cionais (XT) [18]. (DEC/FEC) têm peso de 70% e os indicadores comerciais
(FER/IASC/INS/Iab/Ico)3 têm peso de 30%. As concessioná-
Para o 4º CRTP, o Fator X basicamente manteve as compo - rias serão separadas em dois grupos de acordo com o porte.
nentes utilizadas no ciclo anterior. As discussões da Consulta
Pública nº 011/2013 e Audiência Pública nº 023/2014 (1ª e 2ª Os sete indicadores que compõem as parcelas de qualidade
fases) consistiram basicamente no aprimoramento das meto - técnica e comercial possuem seus próprios pesos, que serão
dologias para definição de cada uma das componentes. aplicados gradualmente até março de 2019. A variação má-
xima da Componente Q foi ajustada para ± 2% e também será
Destaca-se que para este ciclo buscou-se analisar não apenas inserida de forma gradual. O efeito combinado das duas alte-
a qualidade do serviço, mas também a qualidade do atendi- rações citadas acima pode ser observado na Tabela II e Tabela
mento comercial com a inserção de indicadores que mensuram III.
o desempenho das conces sionárias frente as reclamações, per-
cepção da qualidade sob a ótica dos consumidores e o atendi- T ABELA II. PERÍODO DE TRANSIÇÃO > 60 MIL UNIDADES CONSUMIDORAS
mento telefônico [19]. Indicador Abr/16 a Abr/17 a Abr/18 a Abr/19 a
mar/17 mar/18 mar/19 mar/20
DEC 30% 37,5% 45% 50%
E. Componente Q – Metodologia aplicada no 3º e 4º CRTP FEC 30% 30% 27% 20%
INS 0,75% 1,8% 4%
Primeiramente, observa-se que até o 3º CRTP pouco se falou ICO 0,375% 0,9% 3%
Iab 0,375% 0,9% 3%
na utilização de uma componente que pudesse ser utilizada FER 3% 7,2% 10%
como mecanismo de incentivo a melhoria da qualidade. Em IASC 3% 7,2% 10%
seguida, apresenta-se como foi operacionalizada a metodolo- TO TAL 60% 75% 90% 100%
gia do 3º CRTP referente ao Componente Q [18].
Os indicadores a serem observados serão aqueles que men- T ABELA III. PERÍODO DE TRANSIÇÃO < 60 MIL UNIDADES CONSUMIDORAS
suram a continuidade do fornecimento de energia elétrica Indicador Abr/16 a Abr/17 a Abr/18 a Abr/19 a
(DEC/FEC)2 e as concessionárias serão separadas emdois gru- mar/17 mar/18 mar/19 mar/20
DEC 30% 37,5% 45% 50%
pos de acordo com o porte. A cada ano civil, os indicadores FEC 30% 30% 27% 20%
apurados por cada uma das concessionárias de distribuição se- FER 3,75% 9% 15%
rão comparados com os limites definidos pela ANEEL para IASC 3,75% 9% 15%
obtenção do índice “ Ind.Qual (i)”. TO TAL 60% 75% 90% 100%
De posse, deste índice para cada uma das concessionárias, Para obtenção do Xi , sendo i cada um dos indicadores analisa-
estabelece-se um ranking de desempenho no qual quemestiver dos, as concessionárias devem ser divididas entre as que aten-
no primeiro quartil (melhores desempenhos) a intensidade do dem aos limites estabelecidos pela ANEEL e aquelas que não.
componente Q reduzida em 50% em caso de piora dos indica- Por sua vez, cada um desses dois grupos deve ser dividido em
dores de continuidade e quem estiver no quarto quartil (piores duas classes de distribuidoras: a composta por 25% das melho-
desempenhos) a intensidade do componente Q reduzida em res (ou piores) e a dos demais 75%.
50% em caso de melhora dos indicadores de continuidade
Sendo assim, para cada um dos indicadores teremos quatro
O Componente Q deve ser especificado em cada reajuste ta- curvas para obter no eixo y o percentual da parcela de quali-
rifário de acordo com a variação dos indicadores apurados dade (Xi ) dado o ponto no eixo x que representa a variação do
DEC e FEC, excetuando as interrupções decorrentes de falhas indicador (Δi ) nos dois anos anteriores. Observa-se que cada
nos sistemas de transmissão que atendemàs distribuidoras. Im- reta nos sete gráficos possui parâmetros distintos de tolerância,
portante destacar que, para evitar que variações atípicas dos inclinação, amplitude e saturação, o que permite calibrar o in-
indicadores de continuidade tenham impactos excessivos na centivo desejado, além de retratar da melhor maneira possível
definição das tarifas, limitou-se a variação do Componente Q a característica do parâmetro.
em ± 1% [12].
A sistemática apresentada pode ser melhor compreendida
No 4º CRTP, o Componente Q do Fator X passou a fazer observando a Fig. 1 e Fig. 2.
parte do contexto do Mecanismo de Incentivos – MI estabele-
cido pela ANEEL para melhoria da qualidade do serviço pres- Por fim, cabe destacar que para ambas as metodologias aqui
tado pelas distribuidoras aos seus consumidores, seja no âm- descritas deve-se ter em mente que a melhoria da qualidade de
bito técnico ou comercial. Em seguida, apresenta-se como foi um para o outro reflete em um sinal negativo para o Comp o -
operacionalizada a metodologia do 4º CRTP referente ao Co m- nente Q e, consequentemente, poderá ter um efeito de elevar a
ponente Q [20]. Parcela B das distribuidoras. Este racional também se aplica
quando ocorre a piora dos indicadores de um ano para o outro
que irá refletir um sinal positivo para o Componente Q e, por
2
DEC – Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora. INS – Indicador de Nível de Serviço do Atendimento Telefônico
FEC – Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora. Iab – Indicador de Abandono do Atendimento Telefônico; e
3
FER – Frequência Equivalente de Reclamação; Ico – Indicador de Chamadas Ocupadas do Atendimento Telefônico.
IASC – Índice ANEEL de Satisfação do Consumidor;
consequência, contribuirá para a redução da Parcela das distri- na documentação disponível para a 2ª fase da Audiência Pú-
buidoras. blica nº 023/2014 que discutiu o aprimoramento das metodo-
logias de revisão tarifária.
A. Formação da Base de Dados para análise No segundo cenário, busca-se identificar se alguma distribui-
dora não atendeu os limites regulatórios de seus indicadores de
Como primeiro passo para análise que se pretende neste ar- continuidade DEC/FEC nos últimos 5 anos e teve seu valor
tigo buscou-se organizar as principais informações referentes homologado da Componente Q negativo ou neutro, ou seja, o
ao processo de Reajuste Tarifário Anual – RTA referente ao Valor da Parcela B não foi afetado ou ele foi aumentado.
ano de 2014 4 das 63 distribuidoras do país.
T ABELA V. QUANTIDADE DE DISTRIBUIDORAS IDENTIFICADAS EM CADA UM
DOS CENÁRIOS
As informações econômicas foram obtidas no sitio da
Cená- Ganhou Neutro Pe rde u
ANEEL na seção de “Informações Técnicas / Tarifas - Docu- rio
mentos e Memórias de Cálculo” onde se encontram os docu- 1 - 4 5
mentos e memórias de cálculo referentes aos eventos tarifários 2 4 9 -
de cada concessionária. Já as informações técnicas foram ob-
tidas na seção “Informações Técnicas / Distribuição de Ener- Do cenário 1, observa-se distribuidoras que buscarammant er
gia Elétrica / Qualidade do Serviço e do Produto” onde se en- o padrão de qualidade dentro dos limites estabelecidos pelo re-
contram os limites e os valores apurados dos indicadores de gulador e foram penalizadas no evento tarifário em questão
continuidade DEC/FEC nos últimos 5 (cinco) anos 5 . As infor- com a redução do valor da Parcela B ou não foram incentiva-
mações comerciais e as demais necessárias para obtenção dos das por esta via a melhorarem ou manterem o padrão já atin-
resultados utilizando a metodologia do 4º CRTP foram obtidas gido.
4 5
Para a AMPLA foi considerado o RTA 2015, pois em 2014 a concessionária Escolheu-se o período de 5 anos de análise dado que desde a abertura da AP
passou por RT P. 040/2010 foi sinalizado a intenção da ANEEL de buscar mecanismos para in-
centivar a melhoria da qualidade.
Visando ilustrar esta análise, apresenta-se na Fig. 3, Fig. 4,
Fig. 5, Fig. 6, Fig. 7 e Fig. 8 o comportamento dos indicadores
DEC/FEC frente aos seus limites ao longo dos anos de 2010 a
2014, bem como o valor homologado da Componente Q para
algumas das concessionárias identificadas .
Fig. 12 – Evolução DEC/FEC – CEA Fig. 15 – Percentual de distribuidoras que atendem o limite regulatório dos
indicadores DEC/FEC
6 7
Anualmente apura-se dois indicadores, DEC e FEC, no período de 5 anos O expediente de ISE é disciplinado na Resolução Normativa nº 664/2015, de
foram apurados dez indicadores. 16/06/2015, fruto das discussões realizadas por meio das Audiências Pública
nº 046/2010 e nº 052/2014 e Consulta Pública nº 017/2013.
A Tabela VI apresenta o perfil de cada um dos grupos e a Cená- Atendimento dos indicadores Ganhou Pe rde u
Fig. 16 apresenta uma comparação entre as metodologias do rio
1 T écnico e Comercial 7 -
3º CRTP e 4º CRTP. 2 T écnico 21 10
3 Comercial 1 5
T ABELA VI. I MPACTO NA P ARCELA B DADO O COMP ONENTE Q HOMOLO- 4 Nenhum 7 12
GADO
Grupo Q td. Distribuidoras %
Ganhou 36 57,14% Dos resultados, observa-se que o sinal regulatório de melho-
Perdeu 27 42,86% ria da qualidade via benefícios/penalizações nas tarifas está
mais adequado. Percebe-se que as concessionárias que busca-
ram atender os limites regulatórios dos sete indicadores consi-
derados pela metodologia obtiveram bonificações via tarifa.
8
O resultado do IASC 2011 não foi divulgado pela ANEEL pois a pesquisa
realizada pela empresa que venceu a licitação em 2011 não foi validada.
e pelos próprios consumidores ao perceberem que suas respos-
tas podem impactar diretamente a definição da tarifa. Frente a es te cenária, o regulador juntamente com os agentes do
s etor buscou aperfeiçoar a metodologia ora contestada. Entretanto,
foram mantidas algumas premissas como i) concorrência entre as
Na esfera dos indicadores técnicos, importante observar que
concessionárias, pois o resultado final depende não somente da me-
o regulador forneceu um sinal claro quanto a melhoria espe- lhoria absoluta, mas também da melhoria relativa entre as concessio-
rada para o indicador DEC ao atribuir um peso significativo na nárias; ii) como mecanismo de incentivo, o novo modelo manteve a
composição da Componente Q. Este indicador normalmen t e geração de resultados positivos e negativos para todos os agentes, in-
está associado aos custos operacionais, ou seja, equipamentos dependente da classe em que es tão posicionados; e iii) o incentivo é
e pessoas disponíveis para o atendimento das ocorrências es calonado de acordo com a qualidade dos s erviços prestados. Con-
emergenciais. Esta significância é fruto do aumento que este ces sionárias com baixa qualidade são desestimuladas fortemente a pi-
indicador vem enfrentando nos últimos anos, conforme pode orar s eus serviços e são incentivadas fortemente a atingirem o padrão.
ser observado na Fig. 18. Concessionárias com qualidade elevada s ão incentivadas a manter ou
até melhorar s eus s erviços .
[11] AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – [20] AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA –
ANEEL. PRORET – Procedimentos de Regulação Tarifá- ANEEL. X Aprova os Submódulos 2.1, 2.2, 2.5, 2.6 e 2.7 dos
ria. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idA- Procedimentos de Regulação Tarifária - PRORET. Dispo-
rea=702>. Acesso em: 15/JUN/2015. nível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2015660.pdf >.
Acesso em: 30/JUN/2015.
[12] AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA –
ANEEL. Homologação da metodologia de tratamento re- [21] AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA –
gulatório para perdas não técnicas de energia elétrica para ANEEL. Aprimoramento da definição de Interrupção em
o terceiro ciclo de revisão tarifária periódica das concessi- Situação de Emergência - ISE, prevista na apuração dos
onárias de distribuição de energia elétrica, resultado da indicadores de continuidade do serviço de distribuição de
Audiência Pública nº 40/2010. Disponível em: energia elétrica. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Item%206%20- <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/ar-
%20Processo%2048500%20007099%202009-11_Per- quivo/2014/052/resultado/voto_diretor_relator.pdf>. Acesso
das.pdf>. Acesso em: 30/JUN/2015. em: 30/JUN/2015.