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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade


Programa de Pós-graduação em Administração e Controladoria – PPAC PROFISSIONAL
Mestrado Profissional em Administração e Controladoria
Disciplina: Controladoria
Professora: Alessandra Carvalho de Vasconcelos, Dra.

Gestão de custos e controladoria


Alunos: Abdias Paiva - 561982
Ana Mônica Sabino - 562002
Antônio Werbiton - 561984

Fortaleza, Ceará
Novembro de 2023
1 GESTÃO DE CUSTOS
A gestão de custos pode ser entendida como um ciclo atividades
específicas e integradas, de um negócio, desenvolvidas
constantemente para subsidiar a tomada de decisão. Serve para
direcionar o planejamento estratégico produzindo respostas às
questões organizacionais, Ching (2001).

Para Batalha (2012), o custo de uma organização significa o total de


recursos financeiros, humanos e tecnológicos, medidos em termos
monetários, utilizados para alcançar um objetivo específico,
denominado objeto de custeio, o qual o custo deve sempre fazer
referência.
1 GESTÃO DE CUSTOS

Figura 1: Custos x Despesas

Fonte: Ching (2001)


1 GESTÃO DE CUSTOS
1.1 Métodos de custeios
Os métodos de custeio compreendem o processo de identificar os diversos custos
associados a um determinado produto ou um serviço, abordando tanto os custos diretos
como os indiretos (Vicentini, 2004). Para citar os mais utilizados, temos:

1. Custeio de absorção: é o método derivado da aplicação dos princípios contábeis


geralmente aceitos, que consiste na apropriação de todos os custos de produção
aos bens elaborados, o qual todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são
distribuídos para todos os produtos feitos. (Martins, 2003).

2. Custeio variável: é um dos mais utilizados na indústria e no comércio. Neste


modelo, o mais importante é avaliar a quantidade de matéria-prima utilizada na
produção dos itens comercializados utilizando apenas os custos diretos e variáveis.
(Martins, 2003).
1 GESTÃO DE CUSTOS
Quadro 1: Custeio variável x custeio por absorção

Fonte: Ching (2001),


1 GESTÃO DE CUSTOS
1.1 Métodos de custeios

3. Custeio baseado em atividade (ABC): este método foi desenvolvido com foco
no processo. Realiza o custeio da atividade, através do mapeamento de processo e
posterior definição de direcionadores do custo, atribuindo assim ao produto a
parcela dos custos indiretos consumida por cada um deles. (Martins e Rocha,
2015)

4. Custeio Meta: é obtido através da subtração de um preço de mercado da


margem de lucratividade almejada, objetiva atingir um custo de produção
igualmente desejado.

5. Custeio Padrão: esse método custeia a produção e antes do início da operação,


sendo determinado com base em estudos prévios, dados de períodos anteriores e
experiências adquiridas.
1 GESTÃO DE CUSTOS
1.2 Classificação de custos

Para Caraneto et al. (2006), os custos são classificados de diversas formas. Para citar
algumas, temos a classificação quanto à função:

1. Custos de produção: ocorrem no setor de produção e são necessários à fabricação


de produtos e serviços;
2. Custos administrativos: utilizados para programação e controle, são
indispensáveis à execução das políticas e da programação das atividades das
empresas; e
3. Custos de comercialização: são os custos de movimentação e distribuição de
produtos.
1 GESTÃO DE CUSTOS
1.2 Classificação de custos

Quanto à apuração:

1. Custo direto: o custo direto é aquele para o qual é mais fácil atribuir um valor, ou
seja, que é mensurável sem dificuldades, sem necessidade de rateio e que é
relacionado diretamente ao produto final. Ex. Matéria prima e mão de obra.
Martins, (2003).

2. Custo indireto: ao contrário dos diretos, os custos indiretos são aqueles em que é
difícil atribuir um valor para cada unidade produzida. Ex.: Para calcular os custos
indiretos é utilizado o critério de rateio, no qual é definido um valor aproximado
para que o custo de cada unidade do produto possa ser calculado. Martins, (2003).
1 GESTÃO DE CUSTOS
1.2 Classificação de custos

Quanto à formação, como:

1. Custo variáveis: os custos variáveis são aqueles que variam relativamente ao


número de unidade utilizada. O custo variável mais óbvio em um projeto é o
relativo à contratação de mão-de-obra. Quanto mais horas, você alocar por um
contratado, mais custo terá o seu projeto. Martins, (2003).

2. Custo fixos: os custos fixos basicamente não alteram, ou seja, os valores são
“fixos” não importando os recursos que estão sendo utilizados no projeto. Por
exemplo, se você está construindo uma casa, os custos relacionados ao material,
como tijolos e concreto serão os mesmos quando o projeto for aprovado pelo
contratante e o contratado. Martins, (2003).
1 GESTÃO DE CUSTOS
1.3 Gestão de custos interorganizacionais (GCI)

É uma abordagem estruturada com visão ampla, além das fronteiras da organização, que visa a
redução de custos em âmbito interno e externo.

Ramos (2004) explica que uma das barreiras à aplicação de abordagens de Gestão de Custos
Interorganizacionais é a ausência de competência por parte dos gestores de custos das
empresas. O autor afirma que as relações estreitas entre fornecedores e compradores exigem
relatórios adicionais sobre os problemas das cadeias de suprimento e a necessidade de mais
dados sobre a organização e o ambiente externo.
1 GESTÃO DE CUSTOS
1.3 Gestão de custos interorganizacionais (GCI)
Figura 2: Custos interorganizacionais

Fonte: Kajuter e Kulmara (2005)


1 GESTÃO DE CUSTOS
1.4 Centro de Custo

É uma ferramenta de gestão de custos que separa a empresa em setores ou projetos,


dependendo da sua atuação. Cada centro de custo possui uma parcela independente de
responsabilidades, seja operacional ou financeira, e todos juntos representam a empresa como
um todo. (Kajuter. Kulmara, 2005).

Figura 3: Centro de custos

Fonte: Kajuter e Kulmara (2005)


2 CUSTOS E CONTROLADORIA

Para Rios, Rodrigues e Marques (2023) é uma das diversas funções da controladoria, a
mensuração, o controle e a análise dos custos de uma organização, sejam elas de cunho
gerenciais ou estratégicas.

Segundo Manvailer, Diehl e Leite (2016) abordaram a evolução da controladoria em quatro


estágios, como pode ser visto no quadro 1. Nota-se que o enfoque em custos está presente em
muita desses fases.
2 CUSTOS E CONTROLADORIA

Quadro 2: Síntese da evolução da controladoria

Fase 1 (antes de Fase 2 (1950-1965) Fase 3 (1965-1985) Fase 4 (1985-atual)


1950)

Foco na Foco no fornecimento Foco na redução de Foco na geração de


determinação de de desperdício dos valor por meio do uso
custos e no informações para recursos nos efetivo
controle financeiro, planejamento e no processos da de recursos, de
por meio do uso de controle empresa, mediante o tecnologias que
orçamentos gerencial por uso da análise examinam os
e de tecnologias de intermédio do uso de de processos e das direcionadores de
contabilidade de tecnologias tecnologias de valor para o cliente e
custos; gerenciamento para o
de custos acionista, e de
inovação
organizacional

Fonte: Adaptado de Manvailer, Diehl e Leite (2016)


2 CUSTOS E CONTROLADORIA
O estudo realizado por Manvailer, Diehl e Leite (2016), mostrou diversas ferramentas de custeio
entre as práticas de controladoria mais abordadas na literatura.
Quadro 3: Ferramentas utilizadas pela Controladoria
3 MEDIAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO

- Registro, mensuração, controle, análise de custos;

- Instrumentos de controle de gestão;

- Implantação de sistemas de gestão;

- Suporte para tomada de decisão.

Planejamento Execução Controle


4 APLICAÇÃO
PRECIFICAÇÃO DE SERVIÇOS METROLÓGICOS UTILIZANDO O CUSTEIO BASEADO
EM ATIVIDADES

O laboratório de metrologia da UFC (LAMETRO) atua há mais de quinze anos na prestação de


serviços de medição de instrumentos e calibração de padrões e máquinas nas áreas de controle
dimensional e geométrico, força, torque e pressão para universidades, centros de pesquisa e
empresas locais e regionais.

O mercado de calibração cearense passou por transformações, incluindo o aumento no número


de players, o que aumentou a competitividade. Diante disto, a direção do laboratório enxergou
uma lacuna no seu método de precificação.

A formação de preço dos serviços do laboratório não segue um método convencional, seus
preços são baseados na experiência do diretor geral e do gerente da organização, e, em alguns
casos, nos preços que os concorrentes aplicam.
4 APLICAÇÃO
Ao todo, o LAMETRO oferecia diversos serviços distintos de calibração. O estudo escolheu
15 desses serviços baseado na participação no faturamento do laboratório (91,49%).
Gráfico 1: Pareto serviços do laboratório

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


4 APLICAÇÃO
Iniciando o processo de custeio, a equipe da pesquisa mapeou os processos das calibrações
e, posteriormente, realizou a medição do tempo de cada operação.

Figura 4: Mapeamento do processo

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


4 APLICAÇÃO
Tabela 1: Tempos de atividades dos serviços

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


4 APLICAÇÃO
Posteriormente, levantou-se os gastos com mão de obra, materiais diretos, gastos indiretos
(depreciação, manutenção e gastos diversos).
Tabela 2: Métodos de custeio baseado em atividades

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


4 APLICAÇÃO
Para elaborar o preço de venda, optou-se pelo método markup. Para o cálculo utilizou-se valores
percentuais que representam as taxas variáveis ligadas às vendas dos serviços, que representam
os gastos com aluguel (10%). despesas financeiras (10%) e margem desejada de 20%.
Tabela 3: Determinação do preço de venda dos serviços

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


4 APLICAÇÃO
Após o resultado da precificação, comparou-se o resultado do estudo com os preços praticados
anteriormente:
Tabela 4: Comparação do preço de venda atual com o preço de venda sugerido

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


4 APLICAÇÃO
Por fim, calculou-se a margem de contribuição de cada serviço, onde observou-se um resultado
positivo em todos eles:
Tabela 5: Cálculo da margem de contribuição para os serviços de metrologia

Fonte: Araújo Neto et al. (2018)


5 REFERÊNCIAS
ARAUJO NETO, G. A. ; RODRIGUES, M. V. ; SOUSA, T. M.; PAIVA NETO, A. K. ; SOARES JUNIOR, L. . Precificação de serviços
metrológicos utilizando o custeio baseado em atividades no laboratório de metrologia de uma instituição federal de
ensino superior em Fortaleza/CE. In: XXXVIII Encontro nacional de engenharia de produção, 2018, Maceió. A Engenharia
de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil, 2018.
BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial. GEPAI: Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais. 3. ed. São Paulo, Atlas,
2012.
CHING, Hong Yuh. Manual de Custos de Instituições de Saúde: Sistemas Tradicionais de Custos e Sistema de Custeio
Baseado em Atividades (ABC), São Paulo; Atlas, 2001.
KAJUTER, P.; Kulmala, H. I. Open-book accounting in networks: Potential achievements and reasons for failures.
Management Accounting Research, v. 16, n. 2, p. 179-204, 2005.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
ROCHA, W.; MARTINS, E. Métodos de Custeio Comparados: Custos E Margens Analisados sob Diferentes Perspectivas, 2ª
edição. Grupo GEN, 2015.
RAMOS, M. M.. Interaction between management accounting and supply chain management. Supply Chain Management:
An International Journal, v. 9, n. 2, p. 134-138, 2004.
VICENTINI, H. Um Sistema de Custos para as Universidades Particulares: um estudo e uma experiência, Atibaia: FAAT,
2004.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
Programa de Pós-graduação em Administração e Controladoria – PPAC PROFISSIONAL
Mestrado Profissional em Administração e Controladoria
Disciplina: Controladoria
Professores: Alessandra Carvalho de Vasconcelos, Dra.

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