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IMPLEMENTAÇÃO DE ROTEIRO PARA ALTERAÇÃO NO MODO DE

CONTRATAÇÃO NO MERCADO DE ENERGIA ELÉTRICA


Carlos Eduardo Zander
cezander@hotmail.com
Orientador: Ricardo Bertoncello e-mail: ricardo.bertoncello@unidep.edu.br
UNIDEP – Pato Branco – PR

Resumo – O atual modelo do setor elétrico brasileiro está be implemented, starting from the feasibility analysis until
estruturado de maneira a praticar tarifas acessíveis aos the adhesion to CCEE – Chamber of Commercialization
consumidores de energia elétrica, sendo constituído por of Electric Energy.
dois ambientes de contratação: o Ambiente de
Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Keywords – technical feasibility, migration, tariff modality,
Contratação Livre (ACL). Com o intuito de analisar os free contracting environment.
aspectos relevantes à migração de um consumidor do
mercado cativo de energia para o mercado livre, este I. INTRODUÇÃO
trabalho propõe discorrer sobre as condições de mercado,
legislação e realizar uma análise que aponte a decisão mais As atividades de produção, comercialização e distribuição
vantajosa para contratação da energia elétrica utilizada de energia até meados dos anos 90 só conheciam a figura do
em suas atividades comerciais ou industriais. Serão “consumidor cativo”, o qual era obrigado a adquirir a energia
verificadas as questões de viabilidade técnica, elétrica da empresa detentora da concessão da localidade onde
considerando a classe de tensão na qual o cliente é se encontrava a unidade consumidora.
atendido, a modalidade tarifária atual e em qual grupo de Porém, foi somente em 1998 que as condições para o
consumidor o cliente será enquadrado dentro do ambiente exercício da atividade de comercialização de energia elétrica
de contratação livre. Para orientar de uma maneira mais foram estabelecidas e o mercado livre começou efetivamente
completa e objetiva será implementado um roteiro dos a existir. Este fato foi determinante para estimular a
passos a serem seguidos para a execução do processo na competitividade no setor elétrico nacional.
sua totalidade, partindo da análise de viabilidade até De maneira inicial a legislação estabeleceu condições e
adesão a CCEE – Câmara de Comercialização de Energia limites mínimos para determinar quais consumidores cativos
Elétrica. poderiam optar pela condição de consumidor livre, condições
estas que vem frequentemente sofrendo alterações de forma
Palavras-Chave – viabilidade técnica, migração, que o maior número de consumidores possa optar por este
modalidade tarifária, ambiente de contratação livre. direito, requisitos estes que em um futuro próximo tendem a
atender todas as classes de consumidores.
IMPLEMENTATION OF ROUTE FOR As empresas que optam pelo mercado livre buscam,
CHANGE IN ELECTRIC ENERGY principalmente, redução nos custos e previsibilidade na fatura
de eletricidade. Desde 2003, o mercado livre proporcionou,
CONTRACTING MODE em média, uma economia de 29% em comparação com o
mercado cativo. As regras de ambos os mercados são definidas
Abstract – The current model of the Brazilian pela Aneel. Todos os contratos de energia são contabilizados
electricity sector is structured in such a way as to practice mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia
affordable tariffs for electricity consumers, consisting of Elétrica (CCEE). O detalhamento dessas obrigações está
two contracting environments: the Regulated Contracting descrito na Lei 10.848/2004 e no Decreto 5.163/2004 [1].
Environment (ACR) and the Free Contracting O mercado de energia no Brasil divide-se em duas
Environment (ACL). In order to analyze the relevant categorias, o Ambiente de contratação regulada – ACR, onde
aspects to the migration of a consumer from the captive estão os consumidores cativos, e o Ambiente de Contratação
energy market to the free market, this work proposes to Livre – ACL, formado pelos consumidores que atenderam os
discuss market conditions, legislation and carry out an requisitos de migração.
analysis that points to the most advantageous decision for Os consumidores livres através de contratos bilaterais,
contracting the electricity used in their commercial or compram energia de geradores ou comercializadores,
industrial activities. Technical feasibility issues will be conseguindo liberdade nas negociações de preço, prazo e
verified, considering the voltage class in which the quantidade, nesta condição os consumidores pagam uma
customer is served, the current tariff modality and which fatura referente aos custos de distribuição para a
consumer group the customer will be included within the concessionária local e outra fatura referente à compra da
free contracting environment. In order to guide in a more energia, estabelecida em contrato.
complete and objective way, a roadmap of the steps to be A partir do contexto apresentado, neste trabalho objetiva-
followed for the execution of the process in its entirety will se desenvolver um roteiro e implementar um fluxograma para

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que o cliente em potencial possa verificar se está adequado aos 12.200 agentes – um crescimento de 14% em relação ao ano
requisitos mínimos exigidos, desenvolver uma análise técnica anterior [1].
e financeira de viabilidade, e na sequência orientar todos os Diante do exposto, o projeto desenvolveu um roteiro para
passos necessários para o processo de migração à nova que determinado cliente possa verificar a viabilidade técnica,
modalidade de consumo. viabilidade econômica e encaminhar todo o processo da
migração para o Ambiente de Contratação Livre, auxiliando
A. Objetivo Geral na tomada de decisões e direcionando qual os passos devem
ser seguidos.
Visando contribuir para a redução de custos com a energia
elétrica trazer flexibilidade e previsibilidade dos preços de
II. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
energia, o projeto tem como intuito analisar os aspectos
financeiros, técnicos e normativos relevantes à migração de
A. O Setor Elétrico Brasileiro
um ACR – Ambiente de Contratação Regulada para um ACL
– Ambiente de Contratação Livre, além de realizar uma
O Setor Elétrico Brasileiro (SEB) sofreu diversas
análise que aponte a decisão mais vantajosa e a elaboração de
reestruturações ao longo do tempo, já tendo fases de expansão,
um roteiro do passo a passo do processo como um todo.
estagnação e crise. Em meados da década de 1990, passou por
uma sequência de modificações de caráter estrutural,
A.1 Objetivos específicos
institucional e organizacional motivadas pela ineficiência do
modelo anterior devido à falta de competitividade. Entretanto,
Para a implementação do roteiro que permita ao cliente em
estas modificações não evitaram a crise energética observada
potencial analisar e concluir a respeito da viabilidade da
no ano de 2001, a qual culminou em um racionamento de
alteração do modo de contratação de energia, foram
energia de grandes proporções. Tal situação evidencia a
considerados os seguintes aspectos:
fragilidade do modelo do setor vigente à época [7].
O modelo atual do setor foi feito pelo Governo em 2004,
 Conhecer os agentes que coordenam o SIN – Sistema cuja bases da reestruturação são resumidamente [7]:
Interligado Nacional;
 Identificar as normas que regulamentam o mercado  Atividades de geração, transmissão e distribuição
de comercialização de energia no Brasil; segregadas e desverticalizadas;
 Estudar o Ambiente de Contratação Regulado;  Centralização do planejamento, regulação e operação
 Estudar o Ambiente de Contratação Livre; do setor;
 Consultar as Normas Regulamentadoras do SMF –  Negociação livre entre geradores, comercializadores
Sistema de Medição de Faturamento; e consumidores livres;
 Planejar o desenvolvimento do roteiro;  Preços distintos por área de concessão (substituindo
a equalização tarifária);
B. Justificativa
 Preços de energia e transporte separados;
A partir da Lei nº 9.074 de 1995 começa, efetivamente, a  Ampla concorrência por meio de leilões nas
construção de um ambiente regulatório que irá moldar o atividades de geração;
mercado de energia elétrica no Brasil. Este marco regulatório  Atuação de empresas pública e privadas.
possibilitou aos consumidores a contratação de energia
diretamente com fornecedores, após o final dos contratos Destaca-se que o atual modelo do setor elétrico brasileiro,
então vigentes, rompendo com a rigidez do modelo tradicional sustentado pelas Leis nº 10.847/04, 10.848/04 e pelo Decreto
de tarifas [2]. nº 5.163/04, estabeleceu a comercialização de energia em dois
O atual modelo de comercialização de energia elétrica é ambientes: o Ambiente de Contratação Regulada e o
baseado em contratos bilaterais que podem ser firmados no Ambiente de Contratação Livre. Além de garantir a segurança
Ambiente de Contratação Regulada, ou no Ambiente de do suprimento de energia, o objetivo visa promover a
Contratação Livre [3]. O segundo tem se consolidado como modicidade tarifária e a inserção social [7].
uma forma potencial de economia, pois considera a energia Complementarmente, em termos institucionais, o novo
elétrica, assim como qualquer outro insumo em uma cadeira modelo estabeleceu as bases para a criação de empresas que
produtiva, um objeto de negociação [4]. possibilitaram a implantação das mudanças. Foram criadas a
O mercado livre de energia tem grande importância no setor Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Comitê de
elétrico brasileiro, visto que viabiliza o poder de escolha, a Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e a Câmara de
competitividade, a flexibilidade e a reversibilidade. Esse Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) [8].
modelo supre mais de 80% da energia consumida por Além disso, foram priorizadas a atuação da Agência
indústrias no país e proporcionou em média, desde 2003, uma Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Conselho
economia de 29% em comparação com o mercado cativo [2]. Nacional de Políticas Energéticas (CNPE), assim como foi
Atualmente podem ingressar no mercado livre de energia ampliada a autonomia do Operador Nacional do Sistema
consumidores com uma carga contratada igual ou superior a Elétrico (ONS) [8].
500 kW. A expansão do mercado livre tem batido recordes ano
após ano. Em 2021 foram mais de 5.600 adesões de novos
consumidores. Ao total, a CCEE fechou 2021 com mais de

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B. Os Órgãos Institucionais do SEB Responsável pelo equilíbrio operacional do mercado de
comercialização de energia, bem como dos aspectos
regulatórios, operacionais e tecnológicos do setor, de modo
A Figura 1 apresenta a atual estrutura do SEB, indicando que possa viabilizar as operações de compra e venda de
os principais órgãos que o compõem e as interconexões energia no SIN. Além disso, tem como atribuição
existentes entre os mesmos. promover debates voltados ao aprimoramento do mercado
com as demais instituições do SEB, os agentes e suas
associações representativas. A CCEE é responsável,
também, por contabilizar e liquidar as operações
financeiras no Mercado de Curto Prazo (MCP) de energia.
Incumbida, assim, do cálculo e divulgação do preço de
liquidação das diferenças (PLD), utilizado nas operações
de compra e venda de energia no MCP [11].
Agentes Além das instituições que atuam para a operacionalidade e
equilíbrio de setor elétrico, ainda temos os agentes
setoriais, que são organizados em quatro categorias:
Agentes de No segmento de comercialização,
Comercialização estão os agentes importadores,
exportadores e comercializadores de
energia elétrica. Estas empresas não
detêm, necessariamente, as estruturas
físicas, no entanto, compram e
vendem energia, respeitando as
normas de comercialização
Figura 1 – Estrutura Atual do SEB. estabelecidas e monitoradas pela
Fonte: CCEE, 2019 CCEE [12];
Agentes de São os agentes geradores
Geração responsáveis pela produção e
A tabela 1 apresenta as instituições citadas no fluxograma, fornecimento de energia, sendo ela
além de uma breve descrição das funções que cada uma delas proveniente de qualquer fonte.
exerce no modelo atual do setor: Possuem liberdade para atuar tanto
CNPE Conselho Nacional de Política Energética – órgão no ACR quanto no ACL e podem ser
interministerial que assessora a Presidência da República, divididos por classes:
tem como responsabilidade formular políticas e diretrizes - Agentes concessionários de serviço
de energia que garantam o suprimento de insumos público de geração e fornecimento de
energéticos a todas as regiões do território nacional, energia, que operam na exploração de
inclusive em áreas de mais difícil acesso [9]; ativo de geração a título de serviço
MME Ministério de Minas e Energia – órgão do governo federal público;
cuja finalidade é formular e implementar as políticas para - Produtores independentes
o setor energético do país após definidas pelo CNPE. É autorizados pelo Poder Concedente a
responsável também por supervisionar a segurança do produzir e comercializar energia por
suprimento de energia elétrica, bem como estabelecer sua conta e risco;
atuações preventivas no caso de desajustes conjunturais - Autoprodutores são empresas que
entre oferta e demanda de energia [9]; têm a permissão para produzir
CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – coordenado energia para uso exclusivo do próprio
pelo MME, tem como papel acompanhar e avaliar a agente. Havendo um eventual
continuidade e segurança do suprimento de energia elétrica excedente de energia elétrica, têm a
no Brasil [9]; liberdade de comercializá-la desde
EPE Empresa de Pesquisa Energética – vinculada ao MME sua que autorizada pela ANEEL [12].
função é prestar serviços na área de planejamento Agentes de Na categoria de transmissão,
energético por meio de estudos e pesquisas. Suas principais Transmissão encontram-se os agentes detentores
atribuições são: realizar estudos que propiciem o de concessão de instalações que são
planejamento integrado de recursos energéticos e de responsáveis pelo “transporte” de
expansão da geração e transmissão de energia elétrica em energia na Rede Básica (RB) e na
curto, médio e longo prazo; desenvolver análise de Rede Básica de Fronteira (RBF). De
viabilidade técnico-econômica e socioambiental de usinas; acordo com a Resolução Normativa
e a obter a licença ambiental prévia para aproveitamentos n°67, de 8 de julho de 2004, a RB é
hidroelétricos e de transmissão de energia elétrica [9]; composta pelas instalações do SIN
ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica – tem como com nível de tensão igual ou superior
atribuição regular e fiscalizar todo o setor elétrico, desde a a 230kV, enquanto a RBF está
produção até a comercialização de energia elétrica. composta pelas unidades
Responsável, também, por zelar pela qualidade e transformadoras de potência do SIN
universalização dos serviços prestados, assim como, pelo com tensão igual ou superior a 230kV
estabelecimento das tarifas para os consumidores finais e inferior a 230kV [13].
[9]; Agentes de São os agentes concessionários
ONS Operador Nacional do Sistema – órgão sem fins lucrativos Distribuição distribuidores de energia elétrica, que
responsável por coordenar, supervisionar e controlar a atendem à demanda de energia aos
operação das instalações de geração de energia elétrica no consumidores cativos. Cada agente
Sistema Integrado Nacional (SIN), administrar a rede opera na sua área de concessão e atua
básica de transmissão de energia e planejar a operação dos dentro das normas de regulação por
sistemas de áreas mais remotas do país, sob a fiscalização tarifas impostas pelo governo,
e regulação da ANEEL [10]; estando obrigadas a fazer parte do
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – órgão ACR [13].
sem fins lucrativos de direito privado criado em 2004 pra Tabela 1 – Principais Instituições do SEB.
suceder o Mercado Atacadista de Energia (MAE). Fonte: Autor.

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C. Mercado de Energia e distribuidores, sendo vencedor aquele gerador que
oferecer o menor preço de venda em reais por mega
A partir do início dos anos 2000, o SEB – Setor Elétrico watt-hora (R$/MWh). Além destes agentes, estão
Brasileiro foi submetido a diversas mudanças institucionais presentes, indiretamente, neste ambiente os
voltadas a tornar-se mais atrativo a investimentos da iniciativa consumidores cativos, os quais pagam uma tarifa de
privada e principalmente tornado a forma de comercialização energia fixada pela ANEEL e exercida por cada
de energia elétrica entre os agentes mais flexível, num distribuidora [14].
processo que caracterizou a criação do mercado livre. Para a  Ambiente de Contratação Livre – ACL: Neste
concretização deste novo modelo exigiu-se a segmento do mercado as operações de compra e
desverticalização das empresas de energia, criando segmentos venda de energia elétrica são objetos de contratos
específicos de geração, transmissão e distribuição. Toda essa bilaterais livremente negociados, conforme regras e
mudança tornaria os setores de geração e comercialização procedimentos de comercialização específicos.
mais competitivos e manteriam sob a regulação do estado os Assim, tanto o preço quanto as particularidades do
setores de distribuição e transmissão [6]. contrato são articulados livremente entre as partes
A mudança na legislação concedeu a consumidores, envolvidas – sendo estes agentes geradores,
comercializadores, geradores e distribuidores a opção de comercializadores ou consumidores livres, tendo
comprar e vender energia elétrica de forma livremente como obrigação o registro de todas as transações na
negociada. Com isso o mercado regulado, formado pelos CCEE. Os consumidores tem a liberdade de escolher
clientes chamados de “cativos” passou a ter como concorrente seus fornecedores de energia, exercendo seu direito à
o mercado livre, onde consumidores classificados como de portabilidade da conta de luz. Em contrapartida,
médio e grande porte poderiam optar pela escolha do estão sujeitos ao risco de exposição no mercado de
fornecedor de energia. curto prazo. Isto é, no caso de descasamento entre a
Devido a todas essas mudanças surgiu a necessidade da demanda contratada e o consumo efetivamente
criação de um regulador para administrar questões inerentes verificado, essa demanda deverá ser comercializada
ao modelo com dois ambientes para a comercialização de à um preço, chamado Preço de Liquidação de
energia elétrica, assim foi criada a ANEEL – Agencia Diferenças (PLD), que busca emular o preço de
Nacional de Energia Elétrica. equilíbrio entre oferta e demanda na semana de
A partir de 2003, sustentado pelas leis n⁰ 10.847 e 10.848 liquidação em questão [14].
e pelo decreto n⁰ 5.163, foram estabelecidas regras para O PLD é o preço utilizado para liquidar a diferença
normalizar o aumento do mercado livre, que passou a ser entre os volumes de energia contratados e o volume
chamado de Ambiente de Contratação Livre, e foi seguido de energia medido entre os agentes no mercado de
para a criação de uma instituição ligada a comercialização da curto prazo. Esse preço é calculado semanalmente
energia elétrica, a CCEE – Câmara de Comercialização de pela CCEE através de modelos computacionais
Energia Elétrica que seria responsável pelo MAE – Mercado MEWAVE e DECOMP, com o objetivo de encontrar
Atacadista de Energia [6]. a solução ótima pra o despacho energético. Estes
modelos produzem como resultado o Custo Marginal
C.1 O mercado e o ambiente de contratação. de Operação (CMO), calculado pelo NOS, para cada
submercado, considerando cada patamar de carga do
O funcionamento do SEB é altamente regulado, com marco sistema (leve, média e pesada). Tendo como base o
regulatório definido em detalhes as atribuições, direitos e CMO, os valores do PLD são definidos
deveres dos diversos atores do ambiente institucional [3]. estabelecendo um valor mínimo e o valor máximo no
Neste cenário os ambientes de contratação de energia são início de cada ano, levando em consideração apenas
divididos em mercado regulado e mercado livre conforme as restrições elétricas de transmissão entre os
veremos a seguir: submercados. Isto é, no cálculo do PLD não são
 Ambiente de Contratação Regulada – ACR: de consideradas as restrições de transmissão internas de
acordo como Decreto n°5.163 de 30 de junho de cada submercado e as usinas em testes, de forma que
2004, nesta esfera de mercado realizam-se as a energia comercializada seja tratada como
operações de compra e venda de energia elétrica igualmente disponível em todos os seus pontos de
entre agentes de geração e agentes de distribuição. consumo e que, consequentemente, o preço seja
Tais operações são precedidas de licitação, único dentro de cada uma dessas regiões [15].
ressalvando os casos previstos em lei, conforme
regras e procedimentos de comercialização C.2 Consumidores.
específicos. A contratação de energia neste segmento
é realizada de modo regulado, assim, para assegurar O atual arranjo do mercado brasileiro vem sofrendo diversas
a expansão da oferta, o governo impõe a contratação, modificações no que diz respeito a expansão do número de
por parte das distribuidoras, de sua demanda agentes consumidores livres em detrimento aos cativos. Para
projetada de forma antecipada e integral. A melhorar o entendimento do panorama atual, são descritos a
contratação é realizada por meio de leilões de energia seguir 3 tipos de consumidores considerando as mudanças
promovidos pela CCEE, nos quais os contratos são advindas da Portaria 514/2018 do MME [16]:
celebrados bilateralmente entre os agentes geradores

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 Consumidores Cativos: Conforme a Resolução A parcela A incorpora os custos não gerenciáveis da
Normativa da ANEEL n°482, de 17 de abril de 2012, concessionária de distribuição. É composta pelos custos de
são os consumidores aos quais só é permitido aquisição da energia fornecida pelas geradoras determinados
comprar energia da distribuidora detentora da em leilões públicos, custos de transporte de energia do gerador
concessão ou permissão na área onde se localizam as até os sistemas de distribuição e pelos encargos setoriais, que
instalações do acessante. Não participa do mercado incidem tanto no custo da distribuição, quanto na geração e
livre e é, obrigatoriamente, atendido sob condições transmissão. Estes encargos são decorrentes da implantação de
reguladas [17]; políticas públicas, instituídas por lei, sendo assumidas pelas
 Consumidores Livres: São os consumidores concessionárias de distribuição e repassadas aos
participantes do ACL, os quais têm a liberdade de consumidores [3].
contratar energia proveniente de qualquer fonte de A Parcela B, que incorpora custos gerenciáveis, comtempla
geração e cuja demanda contratada deve ser igual ou os gastos da distribuidora para realizar os serviços de
superior a 500kW [2]; distribuição. Neste estão incluídos custos operacionais, de
 Consumidores Especiais: São os consumidores manutenção e investimentos na rede elétrica, a figura 2 ilustra
participantes do ACL, cuja demanda contratada deve a composição tarifária de fornecimento conforme descrito. O
ser igual ou superior a 500kW, estes, apesar de serem somatório das parcelas é homologado pela ANEEL,
considerados livres, são chamados de especiais, pois resultando na tarifa final de eletricidade para o consumidor
apenas tem a possibilidade de contratar energia de [3].
fontes incentivadas, tais como usinas eólicas, solares, Conforme a Lei n°8.987/95, que trata a Lei Geral das
a biomassa, pequenas centrais hidroelétricas Concessões, para cada área de atuação a concessionária tem a
(PCH’s). Esta regulação permite que consumidores sua tarifa própria, que pode ser igual, menor ou maior
com demanda inferior a 500 kW realizar comunhão comparando com outras unidades da federação, quando a área
de cargas, entre: consumidores de mesmo CNPJ ou total do estado é de concessão de uma única concessionária a
localizadas em área contígua (sem separação por vias tarifa é a mesma, caso contrário podem ser praticadas tarifas
públicas) para atingir o nível mínimo de demanda. diferentes.
Uma rede de supermercados, por exemplo, com dez
unidades consumidoras (todas com mesmo CNPJ),
cada uma com 50kW de demanda contratada, poderá
se tornar um consumidor especial agregando todas as
dez cargas, atingindo o requisito de demanda mínima
[2].

D. A Tarifa de Energia.

O Serviço Energia Elétrica é essencial no dia a dia da


sociedade, seja nas residências ou nos diversos segmentos da
economia. Para o uso desse bem, é necessária a aplicação de
tarifas que remunerem o serviço de forma adequada, que
viabilizem a estrutura para manter o serviço com qualidade e
que criem incentivos para eficiência. Seguindo tais preceitos,
a ANEEL desenvolve metodologias de cálculo tarifário para
segmentos do setor elétrico (geração, transmissão,
distribuição e comercialização), considerando fatores como a Figura 2 – Componentes da tarifa do fornecimento de energia.
infraestrutura de geração, transmissão e distribuição, bem Fonte: PSR.
como fatores econômicos de incentivos à modicidade tarifária
e sinalização ao mercado [18]. Além dessas parcelas, ainda incidem sobre a tarifa de
Para garantir o atendimento e fornecimento de energia com energia elétrica os tributos federais – Programa de Integração
qualidade por parte dos prestadores, os custos a serem Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da
repassados às tarifas são avaliados pelo órgão regulador, de Seguridade Social (COFINS) – e estadual – Imposto Sobre
modo que se possa assegurar receitas suficientes para cobrir Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Estes tributos
os custos dispendidos pelas concessionárias, sem imputar aos são pagos pelos consumidores às distribuidoras e
consumidores custos indevidos [18]. permissionárias, as quais tem o dever de repassá-los ao
governo federal e estadual [3].
D.1 Composição. A figura 3 apresenta a participação de cada item na média
da tarifa de energia elétrica:
Para fins de cálculo tarifário, as distribuidoras tem custos
que devem ser avaliados. Esses custos podem ser
desmembrados em duas parcelas, chamadas de Parcela A e
Parcela B.

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Figura 3 – Participação dos itens das Parcelas A e B e dos tributos.
Fonte: ANEEL.

Uma vez a apresentados os componentes da receita de uma Figura 4 – Grupos Tarifários.


concessionária de energia, considerada pela ANEEL para Fonte: ENERGES
homologar a tarifa que assegure o equilíbrio econômico
financeiro, convém analisar a composição desta tarifação [18]. D.3 Postos Tarifários.
A tarifa aplicada aos consumidores está dividida em duas
parcelas: Os postos tarifários têm como finalidade possibilitar a
 Tarifa de Energia (TE): valor monetário, em contratação e o faturamento de energia e da demanda de
R$/MWh, corresponde ao produto (energia) utilizado potência diferenciada ao longo do dia, existem três tipos de
propriamente pelo consumidor final e demais custos postos tarifários [19]:
associados ao consumo de energia [19].  Horário (posto) de ponta: período composto por três
 Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição de Energia horas diárias consecutivas (exceção feita aos
(TUSD): valor monetário, em R$/MWh ou R$/kW, sábados, domingos e feriados nacionais),
está atrelada à prestação do serviço necessária para o considerando a curva de carga do sistema elétrico da
consumo de energia elétrica (disponibilização, distribuidora. Aprovado pela ANEEL para toda a
manutenção e operação da infraestrutura do setor área de concessão;
elétrico) [19].  Horário (posto) intermediário: período de horas
conjugadas ao horário de ponta, aplicado
D.2 Grupos Tarifários. exclusivamente às unidades consumidoras optantes
pela Tarifa Branca;
As unidades consumidoras são classificadas em dois  Horário (posto) fora de ponta: período composto pelo
grupos tarifários: Grupo A e Grupo B. Este agrupamento tem conjunto das horas diárias consecutivas e
por finalidade definir o nível de tensão ao qual a unidade complementares àquelas definidas no horário de
consumidora está interligada e a sua demanda de potência ponta e intermediário (no caso de tarifa branca).
ativa (kW). Os consumidores atendidos em tensão igual ou
superior a 2,3kV, ou atendidos a partir do sistema subterrâneo D.4 Modalidades Tarifárias.
de distribuição secundária, são pertencentes ao Grupo A – a
partir deste ponto de corte é classificado como alta tensão. As modalidades tarifárias são definidas como o conjunto de
Enquanto as unidades consumidoras atendidas em baixa tarifas aplicáveis aos componentes de consumo de energia
tensão, abaixo de 2,3kV, são pertencentes ao Grupo B. Há elétrica e as demandas de potência ativa. Atualmente, existem
ainda subgrupos dentro desses grupos tarifários, de acordo cinco modalidades tarifárias em vigor e são divididas
com a atividade do setor, conforme apresentados na figura 4 a conforme o grupo tarifário e o nível de tensão de
seguir [20]: fornecimento. As unidades consumidoras do grupo A
apresentam a tarifa binômia, portanto são cobrados pela
demanda de potência ativa e pela energia consumida, esta
pode enquadrar-se em uma das três modalidades descritas a
seguir [20]:
 Tarifação horo-sazonal verde: caracterizada por
estabelecer um único valor de demanda contratada
independente do posto tarifário, mas com valores
distintos para o consumo de energia em função do
posto tarifário ponta ou fora ponta. Válida para a
carga operativa inferior a 2500kW, alimentada em
tensão menor que 69kV.

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 Tarifação horo-sazonal azul: valores distintos de As etapas do processo de migração são comuns para todos
demanda contratada e consumo de energia elétrica os clientes, é fundamental o cumprimento de cada uma delas
em função do posto tarifário. Modalidade obrigatória para a conclusão da adesão. Cada uma das etapas está descrita
para os subgrupos A1, A2 e A3 e/ou unidades a seguir:
consumidoras com carga operativa igual ou superior 1. Requisitos de demanda: A primeira etapa do
a 2500kW, alimentada em tensão igual ou maior que processo de migração é feita pela análise da demanda
69kV, opcional para os demais grupos. contratada; pois é necessário que a empresas esteja
Já as unidades pertencentes ao grupo B apresentam a tarifa conectada em média ou alta tensão, com uma
monômia, assim, são cobrados apenas pela energia que demanda contratual superior a 500 kW, ou unidades
consomem e podem enquadrar-se em uma das alternativas consumidoras de baixa tensão atendidas por rede
abaixo [20]: subterrânea.
 Tarifação convencional monômia: apresenta um 2. Contratos vigentes com a concessionária atual: O
único valor para a energia consumida, independente contrato de fornecimento com as distribuidoras
do posto tarifário. Nesta modalidade, as tarifas geralmente possui duração de 12 meses e dever ser
variam conforme a bandeira tarifária e, no custo do rescindido com no mínimo seis meses de
consumo, encontra-se embutidos os custos com a antecedência. É importante verificar o prazo do
demanda. contrato com a distribuidora, pois a saída antecipada
 Tarifação horária branca: apresenta valores distintos pode gerar multas e atrasos no processo [2].
para a energia consumida em função dos postos 3. Viabilidade Econômica: Além da análise de
tarifários. Custos com a demanda estão inclusos nos contratos com a concessionária de distribuição, o
custos das tarifas de consumo. Esta modalidade não consumidor dever realizar um estudo de viabilidade
é válida para fornecimento nos subgrupos B4 e B1. econômica. É necessário analisar o histórico de
consumo e comparar os dados coletados com as
III. METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS condições do ACL, para verificar os gastos com
energia nos dois ambientes [20]. Para a melhor
A escolha da metodologia depende dos dados a disposição análise do fator financeiro iremos utilizar o método
para que possamos fazer uma análise mais específica, como do ponto de equilíbrio que será abordado a frente.
não existe um método aplicável a todos os casos de migração, 4. Carta Denúncia: Em seguida o consumidor deve
o objetivo foi desenvolver um roteiro que permita identificar enviar uma carta comunicando a denúncia dos
se o processo é viável ou não, considerando principalmente os contratos vigentes e caso queira antecipar a rescisão,
aspectos técnicos e financeiros. é necessário pagar pelo encerramento antecipado do
O atual processo de migração para o Ambiente de contrato. Se o contrato atual for de prazo
Contratação Livre – ACL demanda de uma análise detalhada indeterminado, a migração será efetivada a partir do
e um planejamento de médio prazo, é necessário também que ano seguinte ao da declaração formal a distribuidora
o consumidor verifique as adequações necessárias e realize [2].
com antecedência as solicitações para mudanças contratuais. 5. Adequação ao SMF: É necessário ao consumidor a
Para o desenvolvimento do roteiro a figura 5 apresenta um adequação do Sistema de Medição de Faturamento –
resumo das etapas para a migração de forma simplificada, o SMF para permitir a coleta diária de seus dados de
que serviu como base para o roteiro final. medição de geração e consumo pelo Sistema de
Coleta de Dados de Energia – SCDE da CCEE. As
especificações técnicas a serem consideradas estão
no Módulo 12 dos Procedimentos de Rede do
Operador Nacional do Sistema – ONS e
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica
no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST - Módulo
5 - Sistemas de Medição [22].
6. Adesão a CCEE: Para a habilitação comercial, são
necessários documentos como termo de adesão a
CCEE, certidão negativa de falência e recuperação
judicial, histórico de consumo dos últimos 12 meses
anteriores a migração, carta denúncia protocolada na
distribuidora, declaração ou comprovante de
adimplemento no NOS ou na distribuidora entre
outros. Para habilitação técnica, o consumidor deverá
cumprir as etapas de cadastro do ponto de medição,
disponibilizando o diagrama unifilar da instalação e
o parecer de acesso emitido, além do contrato ativo
de carga. Os custos operacionais da CCEE são pagos
por contribuição associativa e são divididos entre
Figura 5 – Etapas do processo de migração.
Fonte: Autor.

7
todos os agentes. Custos com adequação da unidade considerado um consumidor optante pela tarifa horo sazonal
são de responsabilidade do consumidor [21]. azul, em caso de tarifa verde seria considerado a demanda
única, assim como uma tarifa única.
Para e elaboração do roteiro de alteração do modo de Para o cálculo considerando os tributos governamentais
contratação de energia elétrica, dois fatores se dão como pré- iremos utilizar:
requisitos, estes definem a viabilidade ou não do processo
como um todo. A aplicação do roteiro desenvolvido, 𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 =
𝑽𝒑𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍
(1.3)
𝟏 (𝑷𝑰𝑺.𝑷𝑨𝑺𝑬𝑷 𝑪𝑶𝑭𝑰𝑵𝑺 𝑰𝑪𝑴𝑺)
previamente depende da avaliação dos requisitos de demanda,
caso esse fator não seja atendido, o processo de migração não
Onde,
será possível. Outro fator determinante é a questão de
viabilidade econômica, mas esta não impede que o cliente
altere o ambiente de contratação, apenas irá sinalizar o quão
𝑉 - Valor final incluindo tributos, em R$
vantajoso, ou não, financeiramente será a migração.
𝑉 - Valor pago sem tributos, em R$
Na análise da viabilidade técnica seguimos o que diz a
Portaria 514/18 e 465/19, que estabelece os requisitos O cálculo do valor referente apenas a parcela da TUSD é
mínimos para um consumidor ser classificado como livre. semelhante ao cálculo utilizado anteriormente, considerando
A escolha do método para a verificação da viabilidade agora os valores das tarifas referentes apenas a esta parcela,
financeira é feita através dos dados de faturamento sem tributos:
disponibilizados, referente a fatura de energia elétrica durante
o período de 12 meses, desta forma escolhemos realizar a 𝑽𝑻𝒑𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍 = 𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 + 𝑫𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 + 𝑫𝒖 𝒙 𝑻𝑻𝒖 (1.4)
análise através do ponto de equilíbrio. Com base nos dados de
consumo e demanda e as tarifas praticadas pela concessionária Onde,
local, é possível obter um indicativo de viabilidade para os
processos de migração. 𝑉 - Parcela do TUSD, R$
O método do ponto de equilíbrio é um dos principais 𝐷 - Demanda contratada ponta, kW;
métodos utilizados nas etapas iniciais de um estudo de 𝑇 - Tar. demanda contratada ponta , R$/kW (TUSD)
migração. O valor do ponto de equilíbrio referente ao ACL 𝐷 - Demanda contratada fora ponta, kW;
pode ser encontrado através da igualdade das tarifas de ambos 𝑇 - Tar. demanda contratada fora ponta, R$/kW (TUSD)
os ambientes de contratação através das equações que serão 𝐶 - Consumo na ponta, kWh
apresentadas. O cálculo da conta de energia para o consumidor 𝑇 - Tar. de consumo ponta, R$/kWh (TUSD)
cativo leva em consideração o seu consumo, em kWh, e a
demanda contratada, em kW, além de tarifas específicas para
𝐶 - Consumo fora ponta, kWh

qual a unidade consumidora pertence [26].


𝑇 - Tar. de consumo fora ponta, R$/kWh (TUSD)
De maneira geral, para encontrarmos o ponto de equilíbrio 𝐷 - Demanda ultrapassagem, kW;
utilizaremos a equação a seguir: 𝑇 - Tar. de demanda ultrapassagem, R$/kW (TUSD)

𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍𝑻𝑬 = 𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 − 𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍𝑻𝑼𝑺𝑫 (1.1) Aplicando as equações relacionadas acima é possível


encontrar o valor final da TE, e para encontrarmos o valor do
A equação 1.2 é utilizada para o cálculo dos valores sem a ponto de equilíbrio tarifário é necessário dividir o valor obtido
inclusão dos tributos, para a demanda e o consumo de energia: pelo consumo total da unidade, pois o preço da energia
comercializada no mercado livre é dado em R$/MWh:
𝑽𝒑𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍 = 𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 + 𝑫𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 + 𝑫𝒖 𝒙 𝑻𝒖 (1.2)
𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍𝑻𝑬
𝑽𝒃𝒓𝒆𝒂𝒌𝒆𝒗𝒆𝒏 = (1.5)
𝑪𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍
Sendo,
Onde,
𝑉 - Valor pago sem tributos, em R$;
𝐷 - Demanda contratada ponta, em kW; 𝑉 - Valor do ponto de equilíbrio, em R$/MWh
𝑇 - Tarifa demanda contratada ponta, em R$/kW; 𝐶 - Consumo total de energia, em MWh
𝐷 - Demanda contratada fora ponta, em kW;
𝑇 - Tarifa demanda contratada fora ponta, em R$/kW; Quando tratamos de mercado livre devemos levar dois
𝐶 - Consumo ponta, em kWh; importantes fatores em consideração, são o valor do desconto
𝑇 - Tarifa de consumo ponta, em R$/kWh; na TUSD para determinadas fontes incentivadas
𝐶 - Consumo fora ponta, em kWh; (consumidores especiais) e os custos referentes a CCEE.
𝑇 - Tarifa de consumo fora ponta, em R$/kWh; Entretanto, os cálculos referentes as parcelas de TE e TUSD
𝐷 - Demanda ultrapassagem, em kW; continuam os mesmos.
Para o melhor desenvolvimento da metodologia a figura 6
𝑇 - Tarifa de demanda ultrapassagem, em R$/kW;
apresenta um fluxograma com cada um dos procedimentos
realizados para a obtenção do ponto de equilíbrio.
No primeiro momento as tarifas consideradas são referentes
tanto a parcela TE quanto a TUSD. E também neste caso foi

8
𝑽𝑻𝑼𝑺𝑫𝒑𝒂𝒓𝒄 = 𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 + 𝑫𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 (1.9)

Onde,

𝑉 - Parcela do TUSD, R$
𝐷 - Demanda contratada ponta, kW;
𝑇 - Tar. demanda contratada ponta , R$/kW (TUSD)
𝐷 - Demanda contratada fora ponta, kW;
𝑇 - Tar. dem. contratada fora ponta, R$/kW (TUSD)
𝐶 - Consumo na ponta, kWh
𝑇 - Tar. de consumo ponta, R$/kWh (TUSD)
𝐶 - Consumo fora ponta, kWh
𝑇 - Tar. de consumo fora ponta, R$/kWh (TUSD)

Caso o consumidor se enquadre na modalidade tarifária


horo sazonal verde, a demanda é única para os diferentes
postos tarifários.
Para aplicar os tributos governamentais é preciso verificar
os valores referentes a tais tributos conforme o estado onde a
unidade consumidora se encontra, visto que o ICMS varia de
Figura 6 – Fluxograma referente ao ponto de equilíbrio. acordo com o estado, ramo de atividade e faixa de consumo.
Fonte: Autor Os valores referentes ao PIS e o COFINS são calculados
mensalmente e sus índices variam conforme a distribuidora
Para chegarmos ao valor que representa o preço da TE [25].
podemos usar a relação de igualdade: Para encontrarmos o valor referente a parcela do ICMS
utilizamos a equação 1.10 para ambos os tributos:
𝑻𝑬𝑨𝑪𝑹 + 𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑹 = 𝑻𝑬𝑨𝑪𝑳 + 𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑳 (1.6)
𝑽𝒑𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍 𝒙 (𝑰𝑪𝑴𝑺)
𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 = (1.10)
𝟏 (𝑷𝑰𝑺.𝑷𝑨𝑺𝑬𝑷 𝑪𝑶𝑭𝑰𝑵𝑺 𝑰𝑪𝑴𝑺)
Na equação 1.6 temos as parcelas que compõe o valor do
custo, de modo que, para encontrar o valor da TE, isolamos a
Onde,
variável referente ao valor da TE no ACL:

𝑽𝒃𝒓𝒆𝒂𝒌𝒆𝒗𝒆𝒏 = 𝑻𝑬𝑨𝑪𝑳 = (𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑹 + 𝑻𝑬𝑨𝑪𝑹) − 𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑳 (1.7)


𝑉 - Valor final incluindo tributos, em R$
𝑉 - Valor pago sem tributos referente as parcelas
TUSD e TE, em R$
Ao substituir o valor do ICMS no numerador pelos tributos
O valor de Vbreak-even em R$/MWh representa o valor
PIS/PASEP e COFINS é possível obter a parcela referente aos
que pode ser ofertado pelo agente no ACL e ainda ser
mesmos.
vantajoso para o consumidor efetuar a migração. É
recomendado que o processo ocorra somente caso o 𝑽𝒑𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍 𝒙 (𝑷𝑰𝑺.𝑷𝑨𝑺𝑬𝑷 𝑪𝑶𝑭𝑰𝑵𝑺)
consumidor apresente uma economia de, no mínimo 10% para 𝑽𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 = (1.11)
𝟏 (𝑷𝑰𝑺.𝑷𝑨𝑺𝑬𝑷 𝑪𝑶𝑭𝑰𝑵𝑺 𝑰𝑪𝑴𝑺)
o ambiente cativo [25].
No cálculo do valor da TE de um consumidor pertencente
ao ACR, consideramos o consumo, em kWh, e as tarifas Para o cálculo da TUSD referente ao ACL, temos que
referentes aos postos tarifários, conforme a equação 1.8: considerar o desconto relacionado a fontes incentivadas.
Conforme a Resolução Normativa n° 77/2004, os agentes
𝑽𝑻𝑬𝒑𝒂𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍 = 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 (1.8) geradores de energia incentivada poderão obter percentuais de
50%, 80% ou 100% de redução a ser aplicado as tarifas de
Sendo, transporte, sendo válido na produção quanto no consumo da
energia comercializada, sendo a ANEEL responsável pela
𝑉 - Valor total do consumo, em R$; autorização e pelo percentual de desconto [25].
𝐶 - Consumo ponta, em kWh; O desconto é aplicado na demanda, tanto na ponta quanto
𝑇 - Tarifa de consumo ponta, em R$/kWh; fora da ponta; para modalidade tarifária azul e no caso de
𝐶 - Consumo fora ponta, em kWh; consumidores com modalidade tarifária verde, o desconto se
dá sobre a demanda total e consumo de ponta [25].
𝑇 - Tarifa de consumo fora ponta, em R$/kWh;
Para os cálculos considerando o percentual de desconto,
temos para modalidade azul:
Da mesma forma da TE, a parcela referente a TUSD possui
suas tarifas conforme os postos tarifários, porém devemos
𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑳 = (𝟏 − 𝑫) [(𝑫𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 ] + 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 ) (1.12)
considerar agora a demanda contratada pelo consumidor:

9
Na modalidade verde: Conforme o conteúdo apresentado no capítulo anterior, foi
desenvolvido um roteiro contendo o passo a passo de todo o
𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑳 = (𝟏 − 𝑫)(𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 + 𝑻𝑫𝒑 − 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑻𝑫𝒑 (𝑪𝒑 ) + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 (1.13) processo a seguir no processo de migração, estes passos serão
apresentados conforme a figura 7, sendo que determinadas
Mesmo com os descontos dados a consumidores de fontes etapas servem como pré-requisitos obrigatórios para o passo
incentivadas, não há subvenção tributária nesta parcela, de seguinte, estas serão tratadas detalhadamente na sequencia
modo que a cobrança do ICMS e do PIS/COFINS é feita durante a aplicação do roteiro em um estudo de caso.
considerando a base sem descontos, com as alíquotas do
mercado cativo [27].
Para calcularmos o valor total dos impostos no ACL, além
dos tributos governamentais, temos que considerar os
encargos que serão pagos a CCEE:

𝐴𝐶𝐿 = 𝑉 + (𝐸 𝑥𝐶) (1.14)

Onde,

𝑉 - Valor dos tributos gov. TUSD, em R$;


𝐶 - Consumo mensal total, em MWh;
𝐸 - Encargos da CCEE, em R$/MWh;

Os valores de encargos da CCEE estão relacionados


especialmente a Encargos de Serviços do Sistema – ESS,
Encargos de Energia de Reserva – EER e a contribuição Figura 7 – Roteiro para migração ao ACL.
associativa da CCEE [25]. Fonte: Autor.
Para encontrar a diferença entre o valor final da fatura de
energia no mercado cativo e a parcela referente a TUSD e os
 Analise da Fatura: Verificar informações sobre a
impostos temos:
demanda contratada do cliente, se esta atinge os
requisitos mínimos para migração, obedecendo a
𝑉 =𝑉 − 𝑉 − 𝑉 (1.15) Portaria 514/18 e 465/19, verificar a que grupo e
modalidade tarifária o cliente está inserido e verificar
Sendo, dados de consumo e demanda para utilização no
passo que trata da análise de viabilidade;
𝑉 - Fatura de energia no ACR, em R$;  Análise da CCEAR: Contrato de Compra de
𝑉 - TUSD no ACL sem tributos, em R$; Energia no Ambiente Regulado, que se dá entre a
𝑉 - Impostos e encargos na TUSD no ACL, em R$ concessionária local e o consumidor, verificando os
prazos vigentes para adequar o período ao processo
Por fim, para obter o valor de ponto de equilíbrio entre o de migração, e também se existe alguma clausula
ACR e o ACL, e dividimos o valor da diferença pelo consumo específica que não permita a migração;
total, em MWh:  Análise de SMF: Verificar os custos para a
adequação do SMF – Sistema de Medição de
𝑉 = (1.16) Faturamento, este deve ser feito segundo as normas
vigentes;
 Análise de Viabilidade: Conforme os dados
Sendo,
disponibilizados na fatura, as tarifas vigentes para a
TE e a TUSD, tributos governamentais e taxas da
𝑉 - Ponto de equilíbrio econômico entre os
CCEE, utilizamos o método do ponto de equilíbrio
preços de energia no ACR e ACL, em R$/MWh
para verificar a viabilidade econômica do processo,
este será demonstrado no estudo de caso;
IV. RESULTADOS ESPERADOS  Contrato de Gestão: Viabilizar o contrato de gestão,
podendo ser um contrato de intenção ou definitivo,
Neste tópico serão apresentados o roteiro implementado parte onde inicia-se o processo de migração,
para alteração do modo de contratação de energia, e a sua liberando a gestão a buscar a melhor opção de oferta
contextualização aplicada ao estudo de caso de um no mercado de energia;
consumidor que pretende migrar para o ACL.  Contratar Energia: Realizar o contrato de compra
de energia, este que entrará em vigência apenas
A. Roteiro para migração. quando o processo de migração acabar, sendo que
caso a migração não aconteça ou sofra algum tipo de

10
atraso este contrato é resolvido sem penalidades para cobrados pela COPEL, distribuidora responsável pelo estado
qualquer uma das partes; de origem da unidade consumidora, se encontram na figura 8:
 Carta Denúncia: Entrega a concessionaria local, a
formalização do interesse do consumidor em migrar
para o ACL, solicita o Projeto de Adequação e o
Diagrama Unifilar;
 Adequação do SMF: Após a inspeção pré-migração
realizada pela concessionaria responsável pela
distribuição de energia local, o cliente pode iniciar o
processo de contratação de uma empresa
especializada para a adequação do SMF, caso isso
seja necessário, esta adequação e de responsabilidade
do cliente;
 CCEE: Abertura do processo junto a Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica, entrega de
documento, habilitação comercial e técnica. Todo
esse processo fica a cargo do gestor contratado;
 Aprovação SMF: O projeto do SMF aprovado, a Figura 8 – Valores de TE e TUSD para o subgrupo A4.
concessionária informa a CCEE; Fonte: COPEL, 2023.
 Abertura da Conta: Após todo o processo o cliente
fará a abertura de conta, obrigatoriamente em B.1 Método do Ponto de Equilíbrio.
unidade bancária determinada pela CCEE.
Para facilitar a nossa análise futura, é possível calcular cada
B. Estudo de Caso uma das parcelas separadamente, utilizando as equações
apresentadas no capítulo anterior, para obtermos o valor da TE
O estudo de caso é referente a uma empresa do setor temos:
industrial localizada no município de Pato Branco – PR, área 𝑽𝑻𝑬 = 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑
de concessão da distribuidora COPEL – Companhia
Paranaense de Energia. É fundamental ressaltar que, devido à De modo similar, levando em conta a modalidade tarifária
importância comercial que representa a indústria, o nome foi da unidade consumidora, o valor da TUSD é dado por:
preservado, desta forma, sendo considerada como empresa X.
𝑽𝑻𝑼𝑺𝑫 = 𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 + 𝑫𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑪𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒑 + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑
A indústria se enquadra no grupo A, subgrupo A4, sendo
a modalidade tarifária horo sazonal verde. A tensão contratada
da unidade é de 13,2kV, sua demanda contratada é de 0,5MW, A tabela 3 apresenta os resultados referentes as parcelas de
a tabela 2 a seguir apresenta os dados de consumo retirados TE e TUSD já com seus respectivos tributos, observando que
das faturas disponibilizadas para fins de análise do perfil da para o estado do Paraná a alíquota de ICMS aplicada sobre
unidade consumidora em questão. Os dados compreendem o energia elétrica aplicada pela COPEL é de 29% e também
período de 12 meses: iremos utilizar para o cálculo o PIS e COFINS vigentes na data
da realização do estudo de caso.
CONSUMO CONSUMO FORA DEMANDA DEMANDA
MÊS DE PONTA DE PONTA (kW) CONTRATADA VALOR VALOR VALOR
(kwh) (kWh) (kW) MÊS TUSD TE FINAL ACR
Março 22584 256300 489,32 500 (R$) (R$) (R$)
Abril 20569 185630 471,26 500 Março 77.179,87 92.165,25 169.345,13
Maio 29563 207563 480,26 500 Abril 64.527,31 68.841,30 133.368,61
Junho 23562 198231 477,32 500 Maio 79.442,14 80.230,33 159.672,47
Julho 19865 154879 450,23 500 Junho 70.241,42 74.306,28 144.547,69
Agosto 19872 158960 451,86 500 Julho 59.248,61 58.777,93 118.026,54
Setembro 17569 178900 460,52 500 Agosto 59.835,67 60.070,58 119.906,26
Outubro 27893 298500 498,23 500 Setembro 59.635,34 65.227,50 124.862,84
Novembro 23564 261530 480,36 500
Outubro 90.126,11 108.129,13 198.255,23
Dezembro 18364 198600 470,47 500
Novembro 79.207,18 94.303,42 173.510,60
Janeiro 22356 201365 473,69 500
Dezembro 63.468,69 71.845,00 135.313,69
Fevereiro 21569 199987 472,56 500
Janeiro 69.101,71 74.698,21 143.799,93
Média 22277 208370 473,01 500
Fevereiro 67.873,26 73.872,61 141.745,86
Tabela 2 – Dados de consumo e demanda utilizados no estudo.
Média 69.990,61 76.872,30 146.862,90
Fonte: Autor.
Tabela 3 – Valores de TE e TUSD no ACR.
Fonte: Autor, 2023.
Com base nos dados obtidos na fatura verificamos que o
consumidor atinge os requisitos mínimos de demanda exigido O cálculo da parcela TUSD no ACL é realizado através da
para a migração. Os valores referentes as parcelas TE e TUSD equação 1.13:

11
VALOR Vbreak-even
𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑳 = (𝟏 − 𝑫)(𝑫𝒑 𝒙 𝑻𝑫𝒑 + 𝑻𝑫𝒑 − 𝑻𝑫𝒇𝒑 + 𝑻𝑫𝒑 (𝑪𝒑 ) + 𝑪𝒇𝒑 𝒙 𝑻𝑪𝒇𝒑 MÊS DIFERENÇA 50% DESCONTO
(R$) (R$/MWh)
Março 117.701,80 422,05
Considerando que o contrato é de utilização somente de Abril 90.807,71 440,39
fontes incentivadas (consumidor especial), com desconto de Maio 107.793,44 454,58
50%. Para o cálculo completo devemos considerar a parcela Junho 98.321,91 443,30
referente a CCEE, existem três componentes principais, sendo Julho 79.283,53 453,71
elas a parcela referente a contribuição associativa da CCEE, Agosto 80.723,69 451,39
Setembro 85.347,74 434,41
ao EER e a parcela referente ao ESS.
Outubro 137.999,75 422,80
A média geral dos valores referente ao ESS nos últimos Novembro 120.549,84 422,84
anos é de 14,68 R$/MWh, na nossa análise mais conservadora Dezembro 93.085,58 429,04
utilizamos o valor de 20,00 R$/MWh. A ERR como é cobrada Janeiro 98.177,38 438,84
esporadicamente, utilizamos um valor simbólico de 0,1 Fevereiro 96.881,11 437,28
R$/MWh. Já a contribuição associativa, nos últimos 5 anos a Média 100.556,12 437,55
média de valor cobrado ficou em 0,1 R$/MWh. Tabela 5 – Resultados obtidos através do ponto de equilíbrio.
Para calcular o valor dos impostos no ACL é necessário Fonte: Autor, 2023
considerar os tributos incidentes na TUSD calculados no ACR
conforme a equação 1.14: Conforme apresentado na Tabela 5, considerando o
consumidor especial com desconto de 50% na TUSD, tem seu
𝑨𝑪𝑳𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔 = 𝑽𝒊𝒎𝒑𝒐𝒔𝒕𝒐𝒔 + (𝑬𝑪𝑪𝑬𝑬 𝒙 𝑪𝒕 ) ponto de equilíbrio médio em 437,55 R$/MWh, com o maior
valor 454,58 R$/MWh no mês de maio, e menor valor de
A tabela 4 apresenta os resultados referentes aos cálculos 422,05 R$/MWh, no mês de março.
da parcela TUSD com o desconto de 50% e os valores pagos Para a análise de viabilidade econômica, quanto maior o
no ACL considerando o estudo de caso. valor do ponto de equilíbrio em relação a TE no ACL, mais
vantajoso para o consumidor a alteração do ambiente de
TUSD CONSUMO CCEE x ACL contratação de energia. O valor da energia ofertada no ACL,
MÊS 50% TOTAL CON. TOTAL IMPOSTOS
para essa comparação com os valores obtidos no Break-even,
(R$) (MWh) (R$) (R$)
Março 29.235,01 279 5.633,46 22.408,32
obtemos através da plataforma Dcide, no estudo de caso
Abril 24.369,28 206 4.165,22 18.191,61 escolhemos os valores para os períodos trimestral e a longo
Maio 29.820,10 237 4.789,95 22.058,93 prazo, onde o cliente tem o benefício de desconto de 50% na
Junho 26.477,06 222 4.480,22 19.748,72 TUSD, como referência o final do mês de abril de 2023,
Julho 22.333,40 175 3.529,83 16.409,61
conforme as figuras 9 e 10:
Agosto 22.562,89 179 3.612,41 16.619,68
Setembro 22.583,60 196 3.968,67 16.931,50
Outubro 34.073,90 326 6.593,14 26.181,58
Novembro 29.986,35 285 5.758,90 22.974,41
Dezembro 24.049,83 217 4.382,67 18.178,28
Janeiro 26.082,87 224 4.519,16 19.539,67
Fevereiro 25.635,91 222 4.475,43 19.228,84
Média 26.434,18 230,65 4.659,09 19.872,60
Tabela 4 – Resultados referentes aos impostos da TUSD.
Fonte: Autor, 2023

Para obter o valor da diferença, ou melhor, o valor do


ponto de equilíbrio em R$, utilizamos a equação 1.15:

𝑽𝒅𝒊𝒇 = 𝑽𝑻𝒂𝒓𝑪𝒂𝒕𝒊𝒗𝒐 − 𝑽𝑻𝑼𝑺𝑫𝑨𝑪𝑳 − 𝑽𝑰𝒎𝒑𝑨𝑪𝑳

Considerando que no ACL os preços são fornecidos em Figura 9 – Valores Fonte incentivada (trimestral).
Fonte: Dcide, 2023.
R$/MWh, para os cálculos através da equação 1.16
consideramos o consumo em MWh:

𝑽𝒅𝒊𝒇
𝑽𝒃𝒓𝒆𝒂𝒌𝑬𝒗𝒆𝒏 =
𝑪𝒕

12
VALOR VALOR ACL VALOR ACL ECONOMIA ECONOMIA
MÊS ACR TRIMESTRAL LONGO PRAZO TRIMESTRAL LONGO PRAZO
(R$) (R$) (R$) (%) (%)
Março 169.345,13 77.978,34 82.451,64 53,95 51,31
Abril 133.368,61 62.032,27 65.339,70 53,49 51,01
Maio 159.672,47 74.270,84 78.074,34 53,49 51,10
Junho 144.547,69 67.169,69 70.727,25 53,53 51,07
Julho 118.026,54 55.244,09 58.046,98 53,19 50,82
Agosto 119.906,26 56.069,67 58.938,13 53,24 50,85
Setembro 124.862,84 58.067,67 61.219,03 53,49 50,97
Outubro 198.255,23 91.076,77 96.312,11 54,06 51,42
Novembro 173.510,60 79.882,19 84.455,10 53,96 51,33
Dezembro 135.313,69 62.716,02 66.196,12 53,65 51,08
Janeiro 143.799,93 66.748,52 70.337,00 53,58 51,09
Fevereiro 141.745,86 65.786,28 69.340,04 53,59 51,08
Média 146.862,90 68.086,86 71.786,45 53,60 51,09
Tabela 6 – Economia aproximada nos dois cenários.
Fonte: Autor.
Figura 10 – Valores Fonte incentivada (longo prazo).
Fonte: Dcide, 2023. A economia para contratos de curto prazo é maior, isso
ocorre pelo fato de que o preço da energia costuma ser mais
Com os valores da energia incentivada para período em conta para negociações a curto prazo. Entretanto é
trimestral e de longo prazo encontramos o valor final da TE importante observar que o mercado sofre com constantes
no ACL: oscilações nos preços, podendo sofrer altas imprevisíveis
devido a fatores externos. No caso dos contratos a longo prazo,
𝑇𝐸 = 𝑉 𝑥𝐶 + 𝑉 esses podem ser menos atrativos, no entanto são de baixo fator
de risco, o que acaba compensando o desconto menor no
E o valor final de cada modelo contratual: futuro.
Fatores como sazonalidade, situação econômica global,
𝑉 = 𝑇𝐸 + 𝑇𝑈𝑆𝐷 + 𝐴𝐶𝐿 mudanças como aumento ou redução de consumo devem ser
considerados quanto a escolha de qual estratégia usada para o
A figura 11 a seguir, apresenta o gráfico dos valores, em perfil específico do cliente.
R$, para cada modelo de contratação:
V. CONCLUSÃO
250.000,00
O Setor Elétrico Brasileiro está e constante transformação,
200.000,00 as mudanças de critérios e regulamentações buscam a maior
flexibilidade e economia na contratação de energia elétrica, a
150.000,00 abertura gradual do ACL desperta inúmeras questões
referentes a possibilidade de migração aos clientes
100.000,00 pertencentes ao ACR. O consumidor está sempre em busca do
ambiente que lhe proporcione vantagem financeira. Porém
50.000,00
vale ressaltar que a falta de informação a respeito dos
-
ambientes regulado e livre, seus requisitos técnicos e as regras,
se tornam um grande risco que o consumidor pode estar
exposto.
Atualmente somente consumidores com demanda
VALOR ACR (R$) VALOR ACL TRIMESTRAL (R$) VALOR ACL LONGO PRAZO (R$) contratada acima de 500kW podem aderir ao ACL, entretanto
a modernização do setor prevê a alteração do modelo
Figura 11 – Valores Mensais para cada ambiente de contratação. comercial com a intenção, de que, progressivamente todos os
Fonte: Autor, 2023. consumidores possam fazer parte do Mercado Livre de
Energia. Para o ano de 2024, todos os consumidores
Por fim, a análise de viabilidade financeira referente ao pertencentes ao Grupo A, com tensão de fornecimento acima
estudo de caso identifica uma economia possível com a de 2,4kV, independente da demanda contratada, poderão
alteração de ACR para o ACL, tanto no modelo trimestral aderir ao ACL.
quanto de longo prazo, conforme podemos verificar na tabela Podemos descartar algumas vantagens desse ambiente de
6: contratação, como liberdade de escolha, podendo negociar os
valores da TE diretamente com os agentes comercializadores,
também estando livre para estabelecer prazos, montantes e
flexibilidade dos contratos.
No entanto, todas essas vantagens dependem de uma
análise criteriosa do seu perfil de consumo, da sua demanda
contratada e do seu contrato com bons preços e volume bem
dimensionados, por esses motivos, é necessário a realização

13
prévia de um estudo de viabilidade tanto técnica como [7] CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
econômica. ELÉTRICA. Regras de Comercialização - Contratos. 2019.
Diante do exposto, este trabalho dedicou-se a implementar Relatório técnico.
um roteiro dos passos a seguir, por um consumidor
pertencente ao ACR que tem a intenção de migrar para o ACL, [8] ENGIE. Estrutura Institucional do Setor Elétrico. Engie
iniciando pela análise da atual fatura de energia do cliente no Energia. [Online] 2018. [Citado em: 26 de agosto de 2019.]
mercado cativo, bem como da situação contratual e http://www.engieenergia.com.br/wps/portal/internet/negocios
verificação das condições técnicas do SMF. O principal /conhecao-mercado-de-energia/estrutura-institucional-do-
critério que é determinante para a sequência do processo, é a setor-eletrico.
análise da viabilidade financeira, que determina se a migração
trará a vantagem econômica para o consumidor. Passando pela [9] CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
verificação financeira o roteiro decai para as questões ELÉTRICA. Com quem se relaciona: Instituições. CCEE.
contratuais, documentação e adequações físicas. [Online] 2019. https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_pu
A análise financeira seguiu pela utilização do Método do blico/ondeatuamos/com_quem_se_relaciona?.
BreakEven Point, ou seja, Ponto de Equilíbrio, para a obtenção
do máximo valor de energia a ser pago no caso da migração, [10] OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO.
pra que o consumidor garantisse a vantagem financeira. Sobre o ONS. ONS. [Online] 2019.
Para demonstração do roteiro implementado a análise foi http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-ons.
feita para um consumidor X, conforme o passo a passo, foi
identificado através da análise da fatura e dos contratos
vigentes que este consumidor atende o valor mínimo de [11] CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
demanda contratada, e conforme os cálculos utilizando o ELÉTRICA. Quem somos: Razão de ser. CCEE. 2019.
método do Ponto de Equilíbrio a migração ao ACL se https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/quem-
apresenta financeiramente vantajosa. Os demais passos do somos/.
roteiro são utilizados pra o melhorar o andamento do processo
de migração. [12] CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
No decorrer deste trabalho foi identificada uma sugestão ELÉTRICA. Quem participa: Como se dividem. CCEE.2019.
para trabalho futuro, como uma análise da incidência tributária https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/quempar
na tarifa de energia elétrica por cada unidade da federação e o ticipa/como_se_dividem?.
desenvolvimento de um estudo para a equalização desses
tributos para todo o território nacional. [13] BAJAY, S. Geração distribuída e eficiência energética –
Reflexões para o setor elétrico de hoje e do futuro.
VI. REFERÊNCIAS International Energy Initiative - IEI Brasil. Campinas, 2018.

[1] COPEL. História do Mercado Livre de Energia no Brasil. [14] BRASIL. Regulamenta a comercialização de energia
Disponível em: <https://copelmercadolivre.com/história-do- elétrica, o processo de outorga de concessões e de autorizações
mercado-livre-de-energia-no-brasil de geração de energia elétrica, e dá outras providências. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 2004.
[2] ABRACEEL. Cartilha do mercado livre de energia. 2. Ed. Decreto nº 5.163 de 30 de julho de 2004.
Brasília – DF: Abraceel, 2019.
[15] CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
[3] TOLMASQUIM, M. T. Novo modelo do setor elétrico ELÉTRICA. Preços. CCEE. [Online] 2019. [Citado em: 7 de
brasileiro. Synergia, 2015. setembro de 2019.]
https://www.ccee.org.br/portal/faces/oquefazemos_menu_lat
[4] FLOREZI G. Consumidores livres de energia elétrica uma eral/precos
visão prática. Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo; 2019. [16] MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Portaria n. 514
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[5] MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Modernização de 2018, 132, p. 74.
do Setor Elétrico: Abertura de Mercado. Disponível em:
<http://www.mme.gov.br/documents/36070/525274/Abertur [17] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA.
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abril de 2012, p. 53.
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<https://www.mercadolivredeenergia.com.br/mercado-livre- Por dentro da conta de luz: informação de utilidade pública.
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[19] AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA.


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14
Estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia
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República Federativa do Brasil. 2010.

[20] FERREIRA DE VASCONCELOS, F. Manual de


tarifação de energia elétrica para prestadores de serviços
saneamento. AKUT Umweltschutz Ingenieure Burkard und
Partner. 2016.

[21] FEDERAÇÃO DAS INDUSTRIAS DO ESTADO DE


SÃO PAULO – FIESP. Mercado Livre de Energia. São Paulo
– SP: Departamento de Infraestrutura – Deinfra, 2017.

[22] CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA


ELÉTRICA.https://www.ccee.org.br/documents/80415/9194
72/Folder20primeiros20passos20novos20agentes20web20se
m20linhas2020200901.pdf/ 2023.

[23] CARDOSO, Marcos Vinícius Bragança; ROCHA,


Jefferson Franco. Estudo De Viabilidade Na Migração Para O
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[24] GENERGIA. TUDO SOBRE MERCADO LIVRE. 1. ed.


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http://genergia.com.br/media/Genergia-Mercado-Livre-de-
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[25] OLIVEIRA, Danilo Ramos. Análise da viabilidade de


migração de consumidores de energia elétrica para o mercado
livre. 2019. Universidade Federal de Santa Catarina, 2019.

[26] RIZKALLA, Felipe Farage. MIGRAÇÃO PARA O


MERCADO LIVRE DE ENERGIA: ESTUDO DE CASO DO
CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. 2018. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2018.2018. TCC (Graduação) –
Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Elétrica.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018 Disponível em:
http://repositorio.poli.ufrj.br/monografias/monopoli1002336
3.pdf

[27] BORGES, Gustavo G.; SALLES, Mauricio B. C. A


Política de Descontos para as Energias Renováveis no Brasil.
In: ANAIS DO SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS
ELÉTRICOS 2020, São Paulo – SP. Anais [...]. São Paulo –
SP: sbabra, 2020. p. 6. Disponível em:
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