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ESTUDO ECONÔMICO DA COMPRA E DA AUTOPRODUÇÃO DE ELETRICIDADE


APLICADO A UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EM SANTA CATARINA

Victor Miguel Gazolla1


André Abelardo Tavares2

Resumo: Desde 1998, quando teve início o mercado livre de energia no Brasil, a sua
procura tem se intensificado com o passar dos anos, por se tratar de uma opção que
pode gerar grande economia ao consumidor. O presente trabalho teve como principal
objetivo encontrar a melhor opção de aquisição de energia elétrica para a instituição
de ensino SATC. A instituição já está inserida no mercado livre de energia e deseja-
se validar se de fato está sendo uma alternativa viável financeiramente. Para tal fim,
foi desenvolvida uma análise entre os ambientes de comercialização de energia livre
e regulado, além de considerar a autoprodução por meio de fonte solar considerando
em conjunto o uso de geradores a diesel para situações específicas. Após análises foi
concluído que a permanência no mercado livre, é ainda, a melhor opção, gerando uma
economia anual de 30% em relação ao mercado regulado. Foi analisado também
alguns cenários considerando autoprodução, mas que se mostraram impeditivos
quando comparados aos valores pagos atualmente no mercado livre.

Palavras-chave: Mercado livre de energia. Mercado cativo de energia. Energia solar.


Tarifação de energia elétrica. Análise de viabilidade econômica.

1 INTRODUÇÃO

Reduzir custos por meio de novas práticas de operação é de fundamental


importância no mercado, nesse sentido, a energia elétrica aparece como um ponto
que merece grande atenção: diminuir o seu custo é de extrema relevância por se tratar
de uma grande parcela dos custos mensais. Para isso, faz-se necessário obter formas
para reduzir o consumo e/ou os custos na sua aquisição, sendo este o foco deste
trabalho. Assim a pesquisa contribuirá com os profissionais da área elétrica e que se
identificam com o ramo de consultorias pelo fato de oportunizar conhecimento sobre
o mercado livre de energia.
Por meio deste trabalho, busca-se desenvolver o melhor cenário possível
de aquisição da energia elétrica necessária para que a instituição SATC, localizada
em Criciúma/SC, desempenhe suas atividades. Para isso, busca-se: a) analisar os

1
Acadêmico da Faculdade SATC, graduando em Engenharia Elétrica. E-mail: victor.07@live.com
2
Eng. Eletricista, coordenador do curso de Eng. Elétrica da Faculdade SATC. E-mail:
andre.tavares@satc.edu.br
2

dados de consumo de energia elétrica da SATC durante o ano, conhecendo as reais


necessidades de suprimento de energia elétrica e a sua curva de carga; b) conhecer
aspectos técnicos, econômicos e legislativos que envolvem a geração própria de
energia, sobretudo, utilizando geradores a diesel e geração fotovoltaica; c) realizar
simulações para determinar a melhor forma de suprir energia; d) adquirir
conhecimento sobre o mercado livre de energia, utilizando como apoio de pesquisa
principal o site da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) [5], que
dispõe de vários cursos gratuitos que abordam conceitos do básico ao avançado
sobre este tema.
Hoje, a SATC se encontra no mercado livre de energia e está com contrato
em vigência que teve início em 2016 e tem prazo até o ano de 2021. Será realizada a
análise para verificar se, de fato, está sendo interessante economicamente para a
instituição estar no mercado livre.
Será ainda verificado se haveria ganho econômico se a SATC utilizasse em
conjunto uma geração própria de energia elétrica. Para isso, fazendo o uso de
geradores a diesel - que já possui - e adquirindo, por exemplo, uma planta de geração
fotovoltaica com o intuito de reduzir a energia elétrica diretamente comprada.

2 MERCADO DE ENERGIA ELÉTRICA

O mercado de energia elétrica é dividido em dois ambientes, o ACR


(Ambiente de contratação regulado) e o ACL (Ambiente de contratação livre).
O ambiente ACR, também chamado de mercado cativo, se trata do
convencional, em que o consumidor final compra a energia elétrica da concessionária
local. A concessionária adquire energia elétrica nos leilões realizados pela CCEE e a
revende. O consumidor paga por todos os encargos de utilização da linha de
distribuição da concessionária e pela energia elétrica propriamente dita, aferida
mensalmente pelos medidores de potência consumida instalados na entrada do
fornecimento de energia da unidade consumidora.
No ACL, há a possibilidade de escolher a origem da energia elétrica
consumida por meio de leilões, também realizados pela CCEE. Além disso,
consumidores e fornecedores negociam livremente todas as condições para a
contratação de energia como: valores, condições de pagamento, período de duração
entre outros itens que são firmados perante contrato entre as partes envolvidas [1].
3

Mais de 60% da energia consumida pelas indústrias do país é adquirida no


mercado livre de energia. Essas empresas buscam, principalmente, redução nos
custos e previsibilidade na fatura de eletricidade. As regras de ambos os mercados
são definidas pela ANEEL [1].
Na Fig. 1, pode-se identificar a diferença média em R$/MWh entre o
mercado regulado e o mercado livre comercializados no Brasil desde 2003 até 2015.

Figura 1: Comparativo econômico entre o ambiente ACR e ACL.

Fonte: Cartilha Mercado Livre (2016, p. 9) [1]

Observa-se na Fig. 1, que a economia gerada aos consumidores livres


chegou a R$ 45 bilhões em 2015, representando 18% de redução de custos à indústria
brasileira [1].

2.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MERCADO LIVRE

Este mercado possibilita grande redução de custos com energia elétrica e


possibilita uma melhor previsão de gastos, porém, também há algumas desvantagens
que merecem ser analisadas [2].

2.1.1 Vantagens
− Livre para negociação: se bem utilizada a ferramenta de negociação, as
condições no mercado livre tendem a ser melhores do que no mercado cativo, gerando
maior competitividade no mercado para melhor aproveitar os momentos propícios de
compra de energia elétrica.
4

− Controle de gastos: como os valores e condições de fornecimento de


energia elétrica estão firmados em contrato, fica mais fácil para o consumidor prever
seus gastos a longo prazo, possibilitando um controle mais efetivo nos custos de
operação para realização de suas atividades.
− Venda de energia excedente: a energia elétrica é um produto que é
comercializado entre vendedores e compradores que é comercializado como qualquer
outro – dentro de suas peculiaridades – partindo desse princípio, se o consumidor
comprou uma quantidade superior do que de fato utilizará, esse excedente pode ser
revendido no mercado livre [2].

2.1.2 Desvantagens

− Montantes de energia contratados maiores ou menores do que o


necessário: como citado no item anterior das ‘Vantagens’, esse ponto tem dois lados.
Se o consumidor comprar mais energia do que precisar, mas não tiver um controle
disso e não revender o seu excedente, acabará contabilizando o prejuízo. Já se o
consumidor comprar um valor inferior ao consumido, o restante dessa energia será
comprado no mercado de curto prazo, mercado esse que, na grande maioria das
vezes, apresenta valores bem superiores que os montantes de energia
comercializados a longo prazo.
− Preços voláteis: como já citado, os valores no mercado livre tendem a
variar muito com fatores externos, principalmente com os fatores climáticos. Quando
o período é de seca, os valores tendem a ser superiores vistos que a característica da
matriz energética brasileira é hídrica em sua grande maioria. Ou seja, mesmo que o
mercado livre tenha se mostrado muito mais vantajoso que o mercado cativo, existe a
possibilidade de que em algum momento os valores se igualem ou até o cativo se
torne mais vantajoso em um momento de estresse na geração [2].
− Caso o consumidor deseje retornar ao mercado cativo, ele deverá
aguardar um período mínimo de 5 anos. Este prazo é passível de negociação
diretamente entre consumidor e concessionária local [3].
5

2.2 PROCEDIMENTOS PARA SE TORNAR UM CONSUMIDOR LIVRE OU


ESPECIAL

Após análise de todas as vantagens e desvantagens de migrar para o


ambiente livre, o consumidor deve realizar alguns procedimentos. Os requisitos
mínimos necessários e os procedimentos para aderir ao mercado ACL podem ser
observados nas Figs. 2 e 3.

Figura 2: Pré-requisitos necessários.

Fonte: Adaptado de BE ENERGY. Mercado Livre de Energia [4]

Figura 3: Procedimentos para aderir o ACL.

Fonte: BE ENERGY. Mercado Livre de Energia [4]

Quando o consumidor se torna um agente no mercado livre, ele deve pagar


uma contribuição associativa mensal à CCEE [5].
6

2.3 PRECIFICAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

O consumidor cativo, em sua fatura de energia elétrica, paga por dois tipos
de produtos, o primeiro se trata do preço da energia elétrica consumida, as
distribuidoras não têm qualquer controle sobre esses custos e apenas os repassam
aos consumidores. O segundo se trata do pagamento pelo uso da infraestrutura de
distribuição e serviços associados, ou seja, da disponibilidade do sistema de
transporte da energia da própria distribuidora. Essa parcela é a que remunera
economicamente as concessionárias [1].
O consumidor cativo ainda paga adicionais de bandeira tarifária, estes
adicionais são variáveis e dependem de como se apresenta o sistema de geração no
momento em relação à origem da energia gerada, eles são divididos em quatro
categorias (Bandeira verde, Bandeira amarela, Bandeira vermelha patamar 1,
Bandeira vermelha patamar 2 os valores utilizados neste trabalho têm referência do
ano de 2019 [6].
Comparando com o consumidor no mercado livre, o que muda é o
pagamento dos custos da energia elétrica consumida, que são negociados entre
consumidor e fornecedor. Os custos referentes ao serviço de distribuição
permanecem os mesmos, pois a distribuidora se mantém responsável pela entrega
de energia até o ponto de consumo. Esses custos são regulados e não podem ser
negociados, porém, dependendo da origem da energia elétrica que está sendo
comprada, o consumidor pode obter descontos sobre a prestação do serviço de
distribuição, este é o caso para energia de fontes renováveis e incentivadas.
Por trás desses custos existem ainda os impostos e encargos setoriais e
todo consumidor de energia elétrica paga por isso, independente se cativo ou livre.
Dentre os impostos, os que figuram dentro da tarifa de energia elétrica dos
consumidores são: PIS/COFINS, o ICMS e a Contribuição para Iluminação Pública.
Dentre os encargos setoriais, podem-se citar: Encargo de Energia de Reserva (EER),
Encargos de Serviços do Sistema (ESS), Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), entre outros [7].
A Fig. 4 representa em termos percentuais a influência de cada parcela no
valor final pago pelo consumidor.
7

Figura 4: Composição da fatura de energia elétrica

Fonte: ANEEL, Como é composta a tarifa [8]

Pode-se obter o valor de cada tarifa da distribuidora com os impostos


incluídos pela Eq. (1) [7].

𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 ℎ𝑜𝑚𝑜𝑙𝑜𝑔𝑎𝑑𝑎
𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝑅$ = 100−(𝑃𝐼𝑆+𝐶𝑂𝐹𝐼𝑁𝑆+𝐼𝐶𝑀𝑆) (1)
100

A partir do momento em que o consumidor se encontra no mercado livre,


deve-se gerenciar seu consumo de energia constantemente a fim de analisar se os
contratos de compra de energia estão satisfazendo as suas reais necessidades de
consumo. É comum entre consumidores a contratação de uma empresa especializada
para prestar o suporte necessário nesse gerenciamento, conhecidas como
comercializadoras de energia.
As comercializadoras identificam, dentro do perfil de cada consumidor, as
melhores oportunidades para compra de energia elétrica, envolvendo valores,
condições, prazos e ainda representam o consumidor perante a CCEE. O mau
gerenciamento no mercado livre ou a desobediência das regras estabelecidas pela
CCEE pode gerar penalidades ao consumidor, como o desligamento da entidade,
ficando impossibilitado de operar no mercado livre e sendo obrigado a voltar para o
mercado cativo [9].
Na Fig. 5, podem-se identificar de forma exemplificada os componentes
faturados para cada tipo de consumidor.
8

Figura 5: Componentes faturados, consumidor cativo e consumidor livre.

Fonte: EFICENS, Mercado Livre [10]

As TUSD’s correspondem a taxa de uso do sistema de distribuição, a


demanda é a parcela que remunera a concessionária por garantir o suprimento de
energia necessária para o consumidor no ponto de entrega, o ajuste de faturamento
ocorre quando há alguma divergência entre os valores cobrados em faturas
anteriores, COSIP é a taxa de custeio para iluminação pública, o ICMS ST é cobrado
pela concessionária em função da energia comprada no mercado livre que é
adquirida sem este tributo e a fatura de energia elétrica corresponde a energia
consumida pela instituição e comprada no ACL.

2.3.1 PLD – Preço de liquidação das diferenças

O PLD é ajustado semanalmente pela CCEE e deriva do custo de operação


do sistema naquele momento, o que está previsto de despacho termoelétrico e
hidrelétrico para a próxima semana de operação em seus patamares leve, médio e
pesado. Quanto mais termelétricas ativas, maior o seu valor.
O PLD é utilizado na contabilização mensal da CCEE junto aos agentes do
mercado, ou seja, é feita a contabilização de quanto de energia foi comprada e quanto
foi consumida, a diferença positiva ou negativa será valorada ao PLD para fechamento
das contas. Como o seu valor tende a ser maior que os valores estipulados nos
contratos de longo prazo, ele deve ser evitado [11; 12].
9

2.4 AUTOPRODUÇÃO FOTOVOLTAICA

Com a crescente expansão do setor produtivo a demanda por energia


elétrica aumenta no mesmo ritmo acelerado, a fonte solar aparece com alto potencial
de complementariedade na matriz energética nacional. Na Fig. 6 é apresentado um
sistema de geração [13].

Figura 6: Sistema Fotovoltaico.

Fonte: LIFESUN ENERGIA SOLAR, Como Funciona Um Sistema Fotovoltaico [13]

Os módulos convertem a energia solar em energia elétrica de corrente


contínua, essa energia chega até os inversores que a converte em corrente alternada
e em nível de tensão adequado para consumo. Toda energia produzida e não
consumida, é injetada na rede da distribuidora e gera créditos contabilizados pelo
medidor bidirecional, esses créditos são utilizados para abater o consumo de energia
em momentos que não há produção de energia [13].
Como a implantação de um sistema fotovoltaico se trata de um
investimento, deve-se realizar estudos de viabilidade econômica antes de validar o
projeto, o levantamento de indicadores como VPL, TMA, TIR e Payback, são de
extrema importância [14].
10

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Após a revisão bibliográfica dos elementos de estudo desta pesquisa, serão


apresentados neste capítulo os procedimentos metodológicos adotados para análise
técnica e econômica que tem como objetivo, desenvolver o melhor cenário de
aquisição de energia elétrica para a SATC, baseando-se no fluxograma apresentado
na Fig. 7.

Figura 7: Fluxograma de execução do projeto.

Fonte: Do autor (2019)

As seções seguintes detalham as ferramentas utilizadas para análises de


possíveis cenários.

3.1 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA INSTALAÇÃO

A SATC é classificada como subgrupo A4 e tem sua alimentação fornecida


em 13,8 kV. Possui subestação interna abrigada onde se encontram o medidor da
concessionária e os sistemas principais de proteção de entrada de energia.
Devido à grande área do campus, existem vários pontos de cargas
distribuídos, por este fato a instituição possui uma rede de distribuição compacta
interna em 13,8 kV, que alimenta vários transformadores trifásicos rebaixadores, com
tensão de fase 220 V e tensão de linha 380 V.
A Fig. 8 representa o diagrama unifilar da SATC, destacando de maneira
geral como encontra-se atualmente as instalações da instituição.
A SATC dispõe, de três usinas geradoras compostas por grupos geradores
a diesel distribuídos pelo campus. A usina 01 é composta por dois geradores de 260
kVA, enquanto as usinas 02 e 03 possuem um gerador de 260 kVA cada, totalizando
1,04 MVA. Todos os geradores possuem as mesmas características e são
apresentadas na Tab. 1.
11

Figura 8: Diagrama unifilar SATC.

Fonte: SATC (2020)

Tabela 1: Características geradores a diesel.


Item Especificação
Marca do Motor MWM
Modelo do Motor 6.12TCA
Potência Mecânica 318 CV
Rotação de Operação do Motor 1800 RPM
Potência Total 260 kVA
Máxima Potência Aparente em Regime 234 kVA
Máxima Potência Ativa em Regime 187,2 kW
Regime de Operação Standby
Consumo Com 100% de Carga 52 L/h
Tensão de Fase 220 Vca
Tensão de Linha 380 Vca
Alternador WEG 4 polos – sem escovas
Sistema de Controle STEMAC
Fonte: Do autor (2020)
12

Como indicado na Tab.1, o regime de operação dos geradores atualmente


é do tipo standby, ou seja, os geradores são utilizados em eventuais faltas de
fornecimento de energia por parte da concessionária local. Antes de 2016, quando a
SATC migrou para o mercado livre, o regime de operação dos geradores era do tipo
power prime, que contempla o seu uso durante os horários de ponta, entre 18:30 e
21:30.

3.2 ANÁLISE DO CONTRATO DE COMPRA DE ENERGIA

Dentre as informações mais relevantes que se pode obter no contrato de


compra e venda de energia elétrica são: a) Tipo de energia contratada; b) Período de
fornecimento; c) Quantidade de energia contratada; d) Sazonalização; e) Modulação;
f) Flexibilidade mensal; g) Preços; h) Reajustes. A Fig. 9 apresenta as devidas
especificações.

Figura 9: Contrato de compra de energia elétrica SATC.

Fonte: Contrato SATC (2016)


13

Conforme a Fig. 9, a quantidade de energia contratada pode ser expressa


em MW médios distribuída durante o mês de utilização. Para converter esse valor em
kWh ou MWh, deve-se relacionar a quantidade de horas totais do mês em questão, é
possível obter o valor limite de consumo mensal por meio da Eq. (2).

𝑃𝑀∗𝑁.ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠.𝑚ê𝑠∗𝑁.𝑑𝑖𝑎𝑠.𝑚ê𝑠∗𝐿𝑆
𝐷. 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = (2)
100

Onde:
PM = potência média mensal contratada (MW)
LS = limite de flexibilidade superior (%)
N.horas.mês = número total de horas do mês (h)
N.dias.mês = número total de dias do mês (dias)

Em janeiro de cada ano, há um reajuste da tarifa de energia elétrica que


tem como base o índice IGP-M (índice geral de preços de mercado), este acréscimo
é calculado sobre o preço do MWh disposto no contrato para cada ano.

3.3 ANÁLISE DAS FATURAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Na Tab. 2 são apresentados os valores de consumo e gastos da instituição


com energia elétrica entre 2015 e 2019

Tabela 2: Valores de consumo e custos com energia elétrica.


Ano Consumo (kWh) Faturas Faturas Compra Total Geral
Concessionária de Energia
2015 1.295.376 R$ 800.993,60 - R$ 800.993,60
2016 1.400.791 R$ 697.171,61 R$ 68.935,24 R$ 766.106,85
2017 1.503.203 R$ 409.006,38 R$ 269.322,36 R$ 678.328,74
2018 1.527.261 R$ 457.028,11 R$ 270.855,58 R$ 727.883,69
2019 1.541.215 R$ 481.696,47 R$ 294.414,60 R$ 776.111,07
Fonte: Do autor (2019)

Destaca-se que a SATC migrou para o mercado livre de energia apenas


em setembro de 2016. Por conta disto, os valores das faturas dos anos seguintes são
bem menores.
14

No mercado livre o consumidor deve pagar duas faturas, a primeira


referente à entrega da energia por parte da concessionária e a outra da compra de
energia. Estes valores são apresentados separadamente na Tab. 3.

Tabela 3: Exemplo de Faturamento SATC, referência 12/2019.


Fatura CELESC
Item Faturado Quantidade Tarifa Total
TUSD Energia Ponta 13.385 kWh R$ 0,599529 R$ 8.024,69
TUSD Energia Fora Ponta 109.150 kWh R$ 0,099240 R$ 10.832,05
Demanda 566 kW R$ 8,856238 R$ 5.012,63
Ajuste de Faturamento - - R$ 44,84
COSIP - - R$ 163,65
Valor ICMS ST - - R$ 10.284,42
Fatura Compra de Energia no Mercado Livre
Item Faturado Quantidade Tarifa Total
Energia Elétrica 122.274 kWh R$ 190,40 R$ 23.280,97
Total Geral R$ 57.643,25
Fonte: Do autor (2019)

Pode-se verificar na Fig. 10 que a SATC possui uma curva característica


de consumo padrão durante o ano e que se apresenta semelhante desde 2015.

Figura 10: Histórico de consumo de energia elétrica da SATC.

CONSUMO EM KWh ENTRE 2015 À 2019


200000
180000
160000
140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0

2015 2016 2017 2018 2019

Fonte: Do autor (2019)


15

Esse padrão é relevante, pois serve como referência para projeções futuras
de consumo e definições de detalhes importantes que serão aplicados na estratégia
a ser utilizada para suprir da melhor forma possível as necessidades da instituição.

3.4 PREMISSAS ADOTADAS PARA DIFERENTES CENÁRIOS

Para encontrar o melhor cenário para compra de energia elétrica pela


instituição, devem-se realizar alguns estudos utilizando as curvas históricas de
consumo da SATC e as tarifas vigentes de cada modalidade possível (ACL, ACR e
geração própria). Para efeito de comparação, serão utilizados os dados de consumo,
tarifas, impostos e demais custos envolvidos.

3.4.1 Cenário I: Permanência no Mercado Livre

As análises do cenário com a permanência no mercado livre levam em


consideração que nenhum empecilho ou custo extra esteja envolvido, visto que a
instituição já se encontra inserida neste mercado é necessário apenas adquirir energia
elétrica por meio de leilão ou comercializadores e formalizar os contratos junto a
CCEE.

Tabela 4: Novas condições de contrato para compra de energia.


Ano Quantidade MW médio Limite inferior Limite Superior Preço (R$/MWh)
2022 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 200,00
2023 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 190,00
2024 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 175,00
2025 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 168,00
2026 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 155,00
2027 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 148,00
2028 0,22 (por mês) 50% 130% R$ 140,00
Fonte: SATC (2019)

Os dados utilizados como base nas análises apresentados na Tab. 4, trata-


se de um contato inicial de renegociação com o comercializador de energia que já
representa a SATC no mercado livre no atual contrato. Os valores do MWh, assim
como no atual contrato, são reajustados em janeiro de cada ano com base no índice
IGP-M (índice geral de preços de mercado). Com base na variação total acumulada
16

do IGP-M no ano de 2019, o valor a ser utilizado para reajuste dos valores pagos por
MWh a partir de janeiro de 2020 foi de 7,30%.

3.4.2 Cenário II: Retorno ao Mercado Cativo

As análises considerando o mercado cativo foram realizadas com base nas


tarifas vigentes em 2019, será avaliado a tarifação verde e azul, que apresentam
valores distintos para consumo e demanda e são apresentadas na Tab. 5.

Tabela 5: Tarifação Grupo A (sem tributos) CELESC 2019.


Tipo Tarifa Tarifa Demanda Tarifa Energia
(R$/kW) (R$/kWh)
Fora Ponta Verde 13,02 0,30644
Ponta Verde 13,02 1,21087
Fora Ponta Azul 13,02 0,30644
Ponta Azul 30,20 0,47537
Fonte: Adaptado de CELESC (2019)

Os valores referentes a tarifa de energia já contemplam a tarifa da TUSD e


desconsideram os tributos de PIS, COFINS e ICMS. O cálculo para encontrar o valor
total com os tributos é apresentado na Eq. (1).
O ICMS é fixo em 25%, já as alíquotas do PIS e COFINS alteram a cada
mês, foi realizada a média dos valores de 2019 para utilização nos cálculos, resultando
em um valor de 0,735 % para o PIS e 3,39 % para o COFINS.

3.4.3 Cenário III: Autoprodução Fotovoltaica Geral

Para a simulação da autoprodução com fonte fotovoltaica considera-se a


saída do mercado livre, retorno ao mercado cativo, foi utilizado o software SAM como
ferramenta no desenvolvimento da análise, levou-se em consideração o suprimento
total de energia da instituição.
Todas as análises e simulações realizadas neste trabalho, levam em
consideração os equipamentos apresentados na Tab. 10 e 11.
17

Tabela 10: Características dos módulos fotovoltaicos.


Fabricante Trina Solar
Modelo TSM-345PE15H
Potência Máxima 345 W
Tensão Máxima 37,7 V
Corrente Máxima 9,15 A
Eficiência 17%
Tipo Construtivo Silício Policristalino
Dimensões do módulo 2024 x 1004 x 35 mm
Fonte: Do autor (2020)

Tabela 11: Características dos inversores.


Fabricante Huawei
Modelo SUN2000-33KTL
Potência Máxima 30 kW
Tensão de saída 220 / 380 V
Corrente Máxima 48 A
Eficiência 98,6 %
Grau de Proteção IP65
Fonte: Do autor (2020)

Como a geração de energia fotovoltaica se dá basicamente apenas no


horário fora de ponta, toda a energia que for consumida no horário de ponta deve
considerar o fator de ajuste, os cálculos referentes são apresentados nas Eqs. (4) e
(5) [15].

𝑇𝐸𝐹𝑃
𝐹𝐴 = (4)
𝑇𝐸𝑃

Onde:
FA = Fator de ajuste
TP = Tarifa de energia no horário ponta (R$)
TFP = Tarifa de energia no horário fora de ponta (R$)

𝐸𝐶𝑃
𝐸𝐺 = + 𝐸𝐶𝐹𝑃 (5)
𝐹𝐴

Onde:
FA = Fator de ajuste
EG = Energia gerada (kWh)
ECP = Energia consumida no horário de ponta (kWh)
ECFP = Energia consumida no horário fora de ponta (kWh)
18

Esse ajuste, considerando as tarifas atuais da concessionária local,


representa que para cada 100 kWh consumidos no horário de ponta, é necessária
uma geração de 172 kWh no horário fora de ponta. Desta forma, o sistema fotovoltaico
deve sempre contemplar um valor maior de consumo. O consumo total da instituição
em 2019 foi de 1.335.037 kWh no horário fora de ponta e 206.177 kWh no horário de
ponta, resultando um total de 1.541.215 kWh, mas devido ao fator de ajuste a geração
deve contemplar os seguintes valores:

0,23334
𝐹𝐴 = 0,40277 = 0,57933 (4)

206.177
𝐸𝐺 = 0,57933 + 1.335.037 = 1.690.926 𝑘𝑊ℎ (5)

As principais características do sistema estudado são apresentadas na


Tab. 6.

Tabela 6: Características da autoprodução fotovoltaica geral.


Número de módulos 3519
Número de inversores 31
Potência Máxima 1.023 kW
Performance ratio 81 %
Geração anual prevista 1° ano 1.705.523 kWh
Área total dos módulos 7.073 m²
Custo aproximado do sistema R$ 4.200.000,00
Fonte: Do autor (2020)

Os custos para a instalação do sistema contemplam apenas a parte


elétrica, como os módulos, inversores, mão de obra de instalação e projeto. Não foram
considerados os custos referentes às estruturas mecânicas.
Foi verificado que parte dos módulos poderiam ser instalados no
estacionamento 2 da instituição que possui cerca de 4.500m², servindo ainda como
cobertura para os veículos, o restante seria instalado nos telhados dos prédios
existentes no campus conforme a Fig. 11.
19

Figura 11: Possíveis locais de instalação dos módulos.

Fonte: Google Earth (2020)

Deu-se preferência para instalar os módulos nas partes do telhado que


ficam direcionadas para o norte, possibilitando assim, um melhor aproveitamento da
radiação solar diária e consequentemente aumentando a produção de energia
elétrica. Estes pontos, somados ao estacionamento 2, resultaram em
aproximadamente 7500m² de área disponível.
Na Fig. 12 pode-se observar as diferenças entre geração do sistema
fotovoltaico e o consumo de energia elétrica total da instituição mensalmente.

Figura 12: Comparação entre consumo e geração do sistema cenário III.

Geração x Consumo
200000
150000
100000
50000
0

Geração (kWh) Consumo (kWh)

Fonte: Do autor (2020)


20

Como a geração fotovoltaica depende diretamente da radiação solar que é


variável durante os períodos do ano, os volumes de energia gerada são distintos
durantes os meses

3.4.4 Cenário IV: Autoprodução Fotovoltaica Parcial, Centro Tecnológico

Para essa simulação, utilizando o software SAM [16], foi considerado suprir
apenas o consumo elétrico referente ao centro tecnológico da instituição (CT),
permanecendo no mercado livre para suprimento do restante da instituição. O
consumo total do CT no ano de 2019 foi de 261.972 kWh, como este valor não abate
o valor total consumido pela instituição no horário fora de ponta que foi de 1.335.037
kWh, desconta-se apenas um valor pelo outro sem considerar valores referentes ao
consumo no horário de ponta. As principais características do sistema estudado são
apresentadas na Tab. 7 e respectiva geração na Fig. 13.

Tabela 7: Características da autoprodução fotovoltaica CT.


Número de módulos 544
Número de inversores 5
Potência Máxima 165,0 kW
Performance ratio 81 %
Geração anual prevista 263.767 kWh
Área total dos módulos 1.093,4 m²
Custo aproximado do sistema R$ 670.000,00
Fonte: Do autor (2020)

Figura 13: Comparação entre consumo e geração do sistema cenário IV.

Geração x Consumo
30.000,0
25.000,0
20.000,0
15.000,0
10.000,0
5.000,0
-

Geração (kWh) Consumo (kWh)

Fonte: Do autor (2020)


21

3.4.5 Cenário V: Autoprodução Híbrida, Fotovoltaico e Geradores a Diesel

Para essa simulação foi considerado o cenário III em conjunto com o uso
de 4 geradores a diesel que a SATC já possui. Assim, a instituição se desligaria da
concessionária local durante o horário de ponta, com exceção das cargas do centro
tecnológico, que não estão conectadas aos geradores. As principais características
dessa configuração são apresentadas na Tab. 8.

Tabela 8: Características da autoprodução fotovoltaica e


geradores diesel.
Número de módulos 2890
Número de inversores 25
Potência Máxima 825,0 kW
Performance ratio 81 %
Geração anual prevista 1.399.718 kWh
Área total dos módulos 5.808,9 m²
Custo aproximado do sistema fotovoltaico R$ 3.450.000,00
Custo de geração dos geradores diesel R$ 350,00/hora
Fonte: Do autor (2019)

O valor referência de custo de geração dos geradores a diesel toma como


base que cada máquina consome em média 25 litros de óleo diesel por hora
trabalhada, considerando um valor de R$ 3,50 por litro. Na Fig. 14 pode-se observar
as diferenças entre geração do sistema fotovoltaico e consumo de energia elétrica.

Figura 14: Comparação entre consumo e geração do sistema cenário V.

Geração x Consumo
150.000

100.000

50.000

Geração (kWh) Consumo (kWh)

Fonte: Do autor (2020)


22

3.4.6 Cenário VI: Autoprodução Fotovoltaica Parcial Com Baterias (Off Grid)

Este cenário consiste em adaptar o cenário IV para uma produção off-grid.


Assim, o centro tecnológico poderá operar de forma independente, permanecendo
desconectado da rede da concessionária local. Na Tab. 9 apresenta-se as principais
características deste cenário.

Tabela 9: Características da autoprodução fotovoltaica CT


com banco de baterias integrado ao sistema.
Número de módulos 544
Número de inversores 5
Potência Máxima 165,0 kW
Performance ratio 81 %
Geração anual prevista 263.767 kWh
Área total dos módulos 1.093,4 m²
Custo aproximado da geração R$ 670.000,00
Custo aproximado do armazenamento R$ 778.800,00
Fonte: Do autor (2020)

Os custos para a implantação do sistema são maiores por conta da


instalação dos bancos de bateria, foi considerado como base o custo de R$ 4.720,00
por kW instalado [17].
As curvas características de geração e consumo considerando este cenário
são idênticas ao cenário IV, verificadas na Fig. 13.

4 ANÁLISES E RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos por meio das


análises de viabilidade realizadas. Todos os cenários que serão apresentados levam
em consideração a curva de carga da SATC no ano de 2019.

4.1 Cenário I: Permanência no Mercado Livre

A Tab. 12 destaca os resultados obtidos na simulação com a permanência


da SATC no mercado livre.
23

Tabela 12: Resultados da simulação, cenário I.


Mês Consumo (kW) Fatura Energia Fatura Total
Concessionária
Janeiro 92.645 R$ 19.881,62 R$ 29.179,90 R$ 49.061,52
Fevereiro 125.003 R$ 26.825,64 R$ 39.581,28 R$ 66.406,93
Março 144.380 R$ 30.983,95 R$ 47.451,44 R$ 78.435,39
Abril 147.366 R$ 31.624,74 R$ 48.402,96 R$ 80.027,71
Maio 134.127 R$ 28.783,65 R$ 44.029,62 R$ 72.813,27
Junho 117.479 R$ 25.210,99 R$ 38.236,27 R$ 63.447,27
Julho 118.517 R$ 25.433,75 R$ 38.133,10 R$ 63.566,84
Agosto 127.763 R$ 27.417,94 R$ 41.108,27 R$ 68.526,21
Setembro 126.615 R$ 27.171,58 R$ 38.803,97 R$ 65.975,55
Outubro 144.238 R$ 30.953,47 R$ 44.141,63 R$ 75.095,11
Novembro 140.548 R$ 30.161,60 R$ 42.911,59 R$ 73.073,19
Dezembro 122.534 R$ 26.295,80 R$ 35.620,61 R$ 61.916,41
Total acumulado: R$ 330.744,74 R$ 487.600,65 R$ 818.345,39
Fonte: Do autor (2020)

A simulação foi realizada considerando um ajuste na demanda contratada


atual da SATC de 540 kW para 595 kW, pode-se alterar este valor a qualquer
momento, respeitando período mínimo de doze meses entre uma alteração e outra,
basta realizar solicitação formalmente a distribuidora de energia local. Haverá um
acréscimo dos custos fixos quanto a demanda contratada, mas isentará a instituição
do pagamento de multas referentes a ultrapassagens, prevendo uma economia de
R$ 8.900,44 / ano. O valor utilizado na tarifa da fatura de energia foi de R$ 214,60 por
MW/h consumido, que se trata do valor do primeiro ano de fornecimento estipulado
no novo contrato, acrescido de 7,3% que representa o reajuste com base no índice
IGP-M considerando os valores de 2019, para efeito de cálculos.

4.2 Cenário II: Retorno ao Mercado Cativo

As Tab. 13 e 14 destaca os resultados obtidos nas simulações de retorno


ao mercado cativo considerando a tarifação verde e azul, respectivamente.

Tabela 13: Resultados da simulação, cenário II, tarifação verde.


Mês Consumo Fatura Bandeira Fatura Bandeira Fatura Bandeira Fatura Bandeira
(kW) Verde Amarela Vermelha 1 Vermelha 2
Janeiro 92.645 R$ 61.437,58 R$ 63.188,33 R$ 66.872,73 R$ 69.590,30
Fevereiro 125.003 R$ 84.022,23 R$ 86.385,55 R$ 91.359,09 R$ 95.027,52
Março 144.380 R$ 101.104,60 R$ 103.834,70 R$ 109.580,14 R$ 113.817,91
Abril 147.366 R$ 103.166,82 R$ 105.953,64 R$ 111.818,44 R$ 116.144,26
Maio 134.127 R$ 93.682,09 R$ 96.217,45 R$ 101.553,07 R$ 105.488,56
Junho 117.479 R$ 81.120,22 R$ 83.341,74 R$ 88.016,87 R$ 91.465,19
24

Julho 118.517 R$ 80.841,24 R$ 83.081,67 R$ 87.796,59 R$ 91.274,26


Agosto 127.763 R$ 89.160,87 R$ 91.577,12 R$ 96.662,07 R$ 100.412,67
Setembro 126.615 R$ 88.298,07 R$ 90.691,63 R$ 95.728,84 R$ 99.444,23
Outubro 144.238 R$ 100.661,10 R$ 103.387,42 R$ 109.124,90 R$ 113.356,80
Novembro 140.548 R$ 97.700,25 R$ 100.356,62 R$ 105.946,88 R$ 110.070,20
Dezembro 122.534 R$ 80.999,94 R$ 83.315,99 R$ 88.190,06 R$ 91.785,12
Total acumulado: R$ 1.062.195,01 R$ 1.091.331,85 R$ 1.152.649,69 R$ 1.197.877,04
Fonte: Do autor (2020)

Tabela 14: Resultados da simulação, cenário II, tarifação azul.


Mês Consumo Fatura Bandeira Fatura Bandeira Fatura Bandeira Fatura Bandeira
(kW) Verde Amarela Vermelha 1 Vermelha 2
Janeiro 92.645 R$ 74.243,00 R$ 75.993,74 R$ 79.678,15 R$ 82.395,72
Fevereiro 125.003 R$ 89.837,85 R$ 92.201,17 R$ 97.174,71 R$ 100.843,15
Março 144.380 R$ 101.068,01 R$ 103.798,11 R$ 109.543,55 R$ 113.781,32
Abril 147.366 R$ 110.921,76 R$ 113.708,58 R$ 119.573,39 R$ 123.899,20
Maio 134.127 R$ 94.849,62 R$ 97.384,99 R$ 102.720,60 R$ 106.656,10
Junho 117.479 R$ 86.650,27 R$ 88.871,79 R$ 93.546,92 R$ 96.995,25
Julho 118.517 R$ 86.963,21 R$ 89.203,63 R$ 93.918,55 R$ 97.396,23
Agosto 127.763 R$ 91.767,69 R$ 94.183,94 R$ 99.268,89 R$ 103.019,50
Setembro 126.615 R$ 91.202,92 R$ 93.596,49 R$ 98.633,69 R$ 102.349,08
Outubro 144.238 R$ 99.827,54 R$ 102.553,86 R$ 108.291,35 R$ 112.523,25
Novembro 140.548 R$ 106.044,23 R$ 108.700,59 R$ 114.290,86 R$ 118.414,17
Dezembro 122.534 R$ 88.405,43 R$ 90.721,48 R$ 95.595,55 R$ 99.190,61
Total acumulado: R$ 1.121.781,53 R$ 1.150.918,38 R$ 1.212.236,22 R$ 1.257.463,57
Fonte: Do autor (2020)

Nas simulações foram considerados os seguintes ajustes nos valores de


demanda contratada, para alcançar o melhor cenário possível:
-Tarifação horo-sazonal verde, demanda contratada de 595 kW.
-Tarifação horo-sazonal azul, demanda contratada no horário fora de ponta
de 500 kW e no horário de ponta 595 kW.
Comparando isoladamente este cenário pode-se notar uma vantagem da
tarifação verde, mas ainda distante dos valores obtidos considerando o mercado livre.

4.3 Cenário III: Autoprodução Fotovoltaica Geral

Como a instalação de geração fotovoltaica se trata de um investimento, a


melhor forma de comparar se o projeto é viável, é comparar os índices financeiros de
VPL, TIR, TMA e payback, que são apresentados na Tab. 15, tais valores tem como
referência o cenário atual da SATC, comprando energia elétrica no mercado livre.
25

Tabela 15: Características de retorno da autoprodução


fotovoltaica geral
Vida útil do projeto 25 anos
Aumento energia elétrica 5 % / ano
Degradação de geração 0,5 % / ano
Custos de manutenção 0,5 % / ano
Alteração da demanda contratada 1.023 kW
Custo aproximado do sistema fotovoltaico R$ 4.200.000,00
Valor presente líquido - VPL R$ 2.199.973,20
Taxa mínima de atratividade - TMA 10 %
Taxa interna de retorno - TIR 15,74 %
Payback 10,8 anos
Fonte: Do autor (2020)

Conforme os dados apresentados, pode-se concluir que o investimento em


uma geração fotovoltaica total da instituição é viável, pois a TIR apresentou valor
superior ao TMA, ocasionando um VPL de R$ 2.199.973,20 ao longo dos 25 anos
considerados para o projeto, o payback para o projeto apresenta retorno previsto
dentro de aproximadamente 11 anos.
Como foram considerados inversores de menor potência, o sistema torna-
se modular, de modo que é possível instalar os módulos e inversores em diferentes
locais visando evitar custos extras com uma geração centralizada.

4.4 Cenário IV: Autoprodução Fotovoltaica Parcial, Centro Tecnológico

Os dados de retorno referentes a este cenário são apresentados na Tab.


16. Tais valores assim como no cenário anterior, tem como referência o cenário atual
da SATC, comprando energia elétrica no mercado livre.

Tabela 16: Características de retorno da autoprodução


fotovoltaica parcial
Vida útil do projeto 25 anos
Aumento energia elétrica 5 % / ano
Degradação de geração 0,5 % / ano
Custos de manutenção 0,5 % / ano
Alteração da demanda contratada Não há
Custo aproximado do sistema fotovoltaico R$ 670.000,00
Valor presente líquido - VPL R$ 398.070,12
Taxa mínima de atratividade - TMA 10 %
Taxa interna de retorno - TIR 15,65 %
Payback 11,84 anos
Fonte: Do autor (2020)
26

Pode-se verificar que este cenário também apresenta valores atrativos,


próximos ao cenário anterior comparando a TIR, porém com um payback de
aproximadamente 1 ano maior. A principal vantagem deste cenário em relação ao
anterior é o fato de o valor a ser investido ser consideravelmente menor, diminuindo a
possível necessidade de financiamentos para execução do projeto em questão.

4.5 Cenário V: Autoprodução Híbrida, Fotovoltaico e Geradores a Diesel

Este cenário visa buscar uma maneira de diminuir os impactos causados


pelo fator de ajuste para geração de energia, onde torna-se necessário compensar o
consumo no horário de ponta com uma geração superior no horário fora de ponta.
Porém, verificou-se através das simulações que este cenário não apresenta payback,
e uma TIR inferior a 0%, o que inviabiliza completamente adotá-lo.
Este fato explica-se principalmente pelos altos custos vinculados a geração
de energia através dos geradores a diesel, tomando base ainda nas constantes altas
dos preços deste combustível. Concluindo que mesmo considerando o fator de ajuste,
a produção através da energia solar se torna mais interessante economicamente.

4.6 Cenário VI: Autoprodução Fotovoltaica, Com Baterias (Off Grid)

Os retornos obtidos nas simulações deste cenário são apresentados na


Tab. 17.
Tabela 17: Características de retorno da autoprodução
fotovoltaica parcial com banco de baterias
Vida útil do projeto 25 anos
Aumento energia elétrica 5 % / ano
Degradação de geração 0,5 % / ano
Custos de manutenção 0,5 % / ano
Alteração da demanda contratada Não há
Custo aproximado do sistema R$ 1.448.800,00
Valor presente líquido - VPL -R$ 416.075,87
Taxa mínima de atratividade - TMA 10 %
Taxa interna de retorno - TIR 6,74%
Payback Não há
Fonte: Do autor (2020)

Analisando os dados da Tab. 17, pode-se concluir que do ponto de vista


financeiro este cenário não é interessante, ele apresenta TIR menor que o TMA e não
27

possui payback, pois o seu retorno ultrapassaria a vida útil considerada do projeto que
é de 25 anos.
Sua vantagem é que o centro tecnológico seria totalmente independente
da concessionária local, ficando imune a possíveis faltas de suprimento. Porém o
custo para tal benefício seria demasiado elevado tendo em vista que um gerador a
diesel poderia fornecer o mesmo benefício com um custo reduzido.

5 ANÁLISES E RESULTADOS

Pode-se concluir que, considerando todos os cenários analisados,


atualmente, a permanência no mercado livre de energia é a melhor opção para a
instituição, visto que já é o ambiente no qual está inserida e todos os requisitos
técnicos já foram atendidos. O retorno ao mercado cativo apesar de ser uma opção
cômoda, onde não é necessário a previsão e gestão de consumo, não traz benefícios
econômicos, a instituição apresenta um comportamento de consumo regular por
vários anos consecutivos, portanto, não é difícil prever e contratar a energia
necessária que atenda a demanda futura. Pelos estudos, a previsão de economia do
mercado livre em relação ao cativo chegou a aproximadamente 30% ao ano.
As simulações apresentaram ainda que seria viável um ajuste na demanda
contratada atual da SATC de 540 kW para 595 kW, prevendo uma economia de
R$ 8.900,44 por ano, referente a multas de ultrapassagem que ocorreram em 2019.
As comparações feitas com a autoprodução fotovoltaica nos cenários III e
IV tiveram um retorno em aproximadamente 10 a 12 anos de payback, uma TIR maior
que o TMA, porem há de se considerar o alto valor a ser investido e se for necessário
realizar financiamento para execução dos projetos a análise deverá ser refeita com
novas condições para encontrar o verdadeiro retorno financeiro, lembrando que os
valores apresentados ainda não contemplam custos com estruturas mecânicas.
Os cenários de autoprodução V e VI não apresentaram retornos
financeiros, o primeiro, considera o uso conjunto dos geradores a diesel no horário de
ponta e tornou-se inviável por conta do alto custo de operação e manutenção dos
geradores, a ideia seria evitar o fator de ajuste, que prevê a necessidade de geração
superior ao consumo para compensar o consumo no horário de ponta, onde não há
geração, mas pode-se concluir que mesmo considerando o fator de ajuste, se torna
mais interessante a geração total através da energia solar neste caso.
28

O cenário VI considera o uso de bancos de bateria para armazenamento


da energia gerada pelo sistema fotovoltaico, caracterizando um sistema Off-grid, não
apresenta retorno financeiro. O sistema teria o benefício de se tornar imune a qualquer
falha relacionada ao suprimento de energia da concessionária local, mas tal benefício
possui um custo elevado comparado a outras opções, como por exemplo a instalação
de um gerador a diesel no centro tecnológico.

Sugestões para trabalhos futuros:


• Estudo aprofundado na instalação de usina geradora fotovoltaica na SATC.
• Sistemas fotovoltaicos Off-Grid.
• Estudo sobre futuras atualizações no sistema de tarifação para consumidores
alimentados em baixa tensão com sistema fotovoltaico instalado.

REFERÊNCIAS

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<https://www.ambienteenergia.com.br/wp-
content/uploads/2016/09/Cartilha_MercadoLivre.pdf>. Acesso em: 7 setembro 2019.

[2] INTER ENERGIA. Vantagens e Desvantagens do Mercado Livre de Energia.


Disponível em: <https://interenergia.com.br/single-post/2017/08/vantagens-e-
desvantagens-do-mercado-livre-de-energia/>. Acesso em: 1 outubro 2019.

[3] ANEEL. Resolução Normativa nº 376, de 25 de agosto de 2009. Disponível em:


<http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2009376.pdf>. Acesso em: 18 agosto 2019.

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<https://beenergy.com.br/mercado-livre-de-energia/>. Acesso em: 8 novembro 2019.

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<https://www.ccee.org.br/ccee/documentos/CCEE_350414>. Acesso em: 21 setembro
2019.
[6] CPFL ENERGIA. Bandeiras Tarifárias. Disponível em:
<https://www.cpfl.com.br/atendimento-a-consumidores/bandeira-
tarifaria/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 8 novembro 2019.

[7] ANEEL. Por Dentro da Conta de Luz. Disponível em:


<https://www.aneel.gov.br/documents/656877/14913578/Por+dentro+da+conta+de+luz
/9b8bd858-809d-478d-b4c4-42ae2e10b514>. Acesso em: 12 outubro 2019.

[8] ANEEL. Como é composta a tarifa. Disponível em: <


https://www.aneel.gov.br/conteudo-educativo/-
/asset_publisher/vE6ahPFxsWHt/content/composicao-da-
tarifa/654800?inheritRedirect=false>. Acesso em: 25 fevereiro 2020.
29

[9] TECNOLOGÍSTICA. A Plena Carga. Disponível em:


<https://www.tecnologistica.com.br/portal/especiais/73467/a-plena-carga/>. Acesso em:
14 setembro 2019.

[10] EFICENS. Mercado Livre. Disponível em: <http://eficens.com.br/mercado-livre/>.


Acesso em: 14 outubro 2019.

[11] INTER ENERGIA. O PLD e a Formação de Preço no Mercado Livre de


Energia. Disponível em: <https://interenergia.com.br/single-post/2017/07/o-pld-e-a-
formacao-de-preco-no-mercado-livre-de-energia/>. Acesso em: 28 setembro 2019.

[12] INTER ENERGIA. A Variação do PLD e Como Isso Impacta a Precificação de


Energia. Disponível em: <https://interenergia.com.br/single-post/2017/07/a-variacao-
do-pld-e-como-isso-impacta-a-precificacao-de-energia/>. Acesso em: 7 setembro 2019.

[13] LIFESUN ENERGIA SOLAR. Como Funciona Um Sistema Fotovoltaico.


Disponível em: <https://lifesun.com.br/como-funciona-um-sistema-fotovoltaico/>.
Acesso em: 7 julho 2020.

[14] FERREIRA, Marcelo. Engenharia Econômica Descomplicada. 1. ed. Curitiba-


PR: Intersaberes, 2017.

[15] ANEEL. Cadernos Temáticos ANEEL, Micro e Mini Geração Distribuída .


Disponível em:
<https://www.aneel.gov.br/documents/656877/14913578/Caderno+tematico+Micro+e+
Minigera%C3%A7%C3%A3o+Distribuida+-+2+edicao/716e8bb2-83b8-48e9-b4c8-
a66d7f655161?version=1.3>. Acesso em: 11 julho 2020.

[16] NREL. System Advisor Model (SAM) . Disponível em: <https://sam.nrel.gov/>.


Acesso em: 11 julho 2020.

[17] POWER MAGAZINE. News & Technology for the Global Energy Industry, v.
164, n. 5, p. 10, mai. 2020. Disponível em:
<https://view.imirus.com/427/document/13347/page/13>. Acesso em: 11 julho 2020.
30

ABSTRACT

Since 1998, when the free energy market began in Brazil, its demand has
intensified over the years, as it is an option that can generate great savings for
consumers. The present work had as main objective to find the best option of
acquisition of electric energy for the educational institution SATC. The institution is
already part of the free energy market and we want to validate whether it is in fact a
financially viable alternative. To this end, an analysis was carried out between the free
and regulated energy trading environments, in addition to considering self-production by
means of a solar source, jointly considering the use of diesel generators for specific
situations. After analysis, it was concluded that the permanence in the free market is
still the best option, generating an annual saving of 30% in relation to the regulated
market. Some scenarios were also analyzed considering self-production, but which
proved to be impeding when compared to the amounts currently paid on the free
market.

Keywords: Free energy market. Captive energy market. Solar energy. Electricity
charging. Economic feasibility analysis.

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