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CARTILHA

MERCADO LIVRE
DE ENERGIA ELÉTRICA
Um guia básico para quem deseja
comprar sua energia elétrica no
mercado livre
A presente cartilha possui cunho essencialmente didático e informativo, sendo voltada à eluci-
dação dos aspectos gerais concernentes à elegibilidade e às condições da livre contratação de
energia elétrica pelos consumidores, sem que tenham sido pormenorizadas toda a legislação
e a regulamentação atinentes ao tema. A Abraceel não se responsabiliza pelos resultados das
decisões e estratégias empresariais – inclusive aquelas referentes à migração de consumidores
para o mercado livre – que venham a ser adotadas pelos destinatários desta cartilha.
ABRACEEL | CARTILHA MERCADO LIVRE DE ENERGIA ELÉTRICA

SUMÁRIO

7 APRESENTAÇÃO
8 O QUE É
MERCADO LIVRE?

10 CONTRATOS E ENTREGA
DA ENERGIA
12 QUEM PODE
SER LIVRE?

QUAIS SÃO AS
14 DE QUEM É POSSÍVEL
COMPRAR ENERGIA?
16 VANTAGENS DO
MERCADO LIVRE?

QUAIS SÃO OS REQUISITOS


17 PARA A MIGRAÇÃO DOS
CONSUMIDORES?
19 ESTRATÉGIA DE
CONTRATAÇÃO

ENTENDA O
20 FUNCIONAMENTO DO
MERCADO LIVRE
24 QUERO SER LIVRE,
O QUE DEVO FAZER?
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ABRACEEL | CARTILHA MERCADO LIVRE DE ENERGIA ELÉTRICA

APRESENTAÇÃO
ENERGIA COM EFICIÊNCIA E LIBERDADE O objetivo é desmistificar esse ambien-
Um dos principais compromissos da te de negócio: esclarecer as dúvidas que
Associação Brasileira dos Comercializa- normalmente antecedem o processo de
dores de Energia (Abraceel) é promo- migração, expor claramente os concei-
ver o desenvolvimento e o crescimento tos básicos do exercício da liberdade de
do mercado livre de energia elétrica no escolha do fornecedor e mostrar as re-
País em benefício da sociedade, em ge- gras aplicáveis e as oportunidades ofe-
ral, e do consumidor, em particular. Nes- recidas.
se ambiente de contratação, em que Procuramos simplificar a explicação
o consumidor escolhe livremente seu dos procedimentos necessários para a
fornecedor de energia, é possível obter portabilidade no fornecimento de ener-
uma redução significativa nas contas de gia elétrica, utilizando uma linguagem
eletricidade, em comparação com os clara e sem jargões técnicos. É perfei-
valores pagos no mercado regulado, em tamente compreensível, no entanto, que
que a energia é contratada diretamente questionamentos surjam ao longo da
das distribuidoras. leitura. Assim, se você tiver qualquer dú-
Visando contribuir para o bom fun- vida, entre em contato conosco. Acom-
cionamento do mercado por meio da panhe-nos nessa caminhada rumo à efi-
transparência e, ao mesmo tempo, ga- ciência e à competitividade: venha você
rantir maior competitividade às em- também ser livre.
presas, a Abraceel está relançando três
anos depois a Cartilha do Mercado Li- Boa leitura!
vre de Energia Elétrica – um guia bási-
co para consumidores que preenchem Reginaldo Medeiros
os requisitos para mudar sua forma de
contratação e assim poder escolher seu
próprio fornecedor de energia elétrica.

SOBRE A ABRACEEL
A Abraceel - Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia defende
o direito da livre escolha do fornecedor de energia elétrica, a chamada
portabilidade da conta de luz, e de gás natural pelos consumidores. Foi fundada
no ano 2000 e atualmente conta com mais de 90 empresas associadas,
que comercializam 85% do volume de energia elétrica do segmento. Tem a
finalidade de atuar junto à sociedade em geral, formadores de opinião, órgãos
de governo, incentivando a livre competição de mercado como instrumento
de eficiência nas áreas de energia elétrica e gás natural.

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1. O QUE É MERCADO LIVRE?
O mercado livre de energia elétri- MERCADO CATIVO
ca, ou Ambiente de Contratação Li- A opção tradicional da maioria dos
vre (ACL), é o ambiente em que os consumidores está restrita a adquirir
consumidores podem escolher livre- energia elétrica no Ambiente de Con-
mente seus fornecedores de ener- tratação Regulada (ACR). Trata-se de
gia, o que se costuma dizer que têm contratação exclusiva e compulsória
direito à portabilidade da conta de dessa energia da distribuidora da região
luz. Nesse ambiente, consumidores em que estão. As tarifas pelo consumo
e fornecedores negociam entre si as da energia são fixadas pela Agência Na-
condições de contratação de ener- cional de Energia Elétrica (Aneel) e não
gia. O perfil de cliente que pode, ou podem ser negociadas. Todos os con-
não, optar pelo mercado livre está sumidores residenciais estão nesse mer-
mais detalhado na seção 3. Atual- cado, assim como a imensa maioria do
mente, 80% da energia consumida comércio, pequenas indústrias e consu-
pelas indústrias do País é adquirida midores rurais.
no mercado livre de energia.

MERCADO LIVRE MERCADO CATIVO

F1 F2

DISTRIBUIDORA
Preços e condições
livremente
Preços e condições
Consumidor do negociados
regulados
mercado livre

Fn F3

F4 Consumidor cativo

Consumidores negociam livremente Consumidores são cobrados por


com diversos fornecedores de energia tarifas reguladas de energia da
distribuidora de sua região.
F= Fornecedor

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MENOR CUSTO E MAIS DE 80% DA ENERGIA


MAIOR PREVISIBILIDADE
As empresas que optaram pelo mer-
CONSUMIDA PELAS INDÚSTRIAS
cado livre buscam, principalmente, re- DO PAÍS É ADQUIRIDA NO
dução nos custos e previsibilidade na
fatura de eletricidade. Desde 2003, o
MERCADO LIVRE DE ENERGIA
mercado livre proporcionou, em mé-
dia, uma economia de 29% em com-
paração com o mercado cativo. As
regras de ambos os mercados são de-
finidas pela Aneel. Todos os contratos
de energia são contabilizados men-
salmente pela Câmara de Comercia-
lização de Energia Elétrica (CCEE). O
detalhamento dessas obrigações está
descrito na Lei 10.848/2004 e no De-
creto 5.163/2004.

Fonte: Thymos/Abraceel

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2. CONTRATOS
E ENTREGA DA ENERGIA
As principais usinas de geração de
energia e consumidores do País es-
tão unidos pelo Sistema Interligado
Nacional (SIN), que possibilita inter-
câmbios de energia entre as diferen-
tes regiões. Quem coordena esses
intercâmbios é o Operador Nacional
do Sistema (ONS), seguindo regras
para otimização da operação. O ob-
jetivo é combinar o menor custo e as
melhores condições de segurança de
abastecimento para todo o Sistema.
A rigor, o SIN funciona como uma
única máquina elétrica de diferentes
proprietários, cujas relações comer-
ciais são regidas por meio de diferen-
tes contratos regulados (transporte
e energia) e livremente negociados
no mercado livre (energia).
A operação do sistema não possui
relação com os contratos de energia
realizados entre os agentes. A ope-
ração está em um ambiente físico e
a contratação em um ambiente ape-
nas financeiro.
A garantia do fornecimento da
energia para os consumidores é
obtida mediante o registro de seus
contratos na Câmara de Comerciali-
zação de Energia Elétrica (CCEE).

EXEMPLO
Caso um consumidor no Sul do Brasil contrate energia elétrica de uma usina no Nor-
deste, a energia efetivamente entregue pode ter origem em outra usina, em qual-
quer outro local. Caso a usina do Nordeste, por qualquer motivo, deixe de entregar a
energia, o consumidor não ficará sem eletricidade. Seu fornecimento de eletricidade
é garantido por seus contratos de energia.

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MAPA DO SISTEMA
INTERLIGADO NACIONAL (SIN)

Fonte: ONS

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3. QUEM PODE SER LIVRE?
Existem dois tipos de consumidores proveniente apenas de usinas eólicas,
livres: os consumidores livres e os con- solares, a biomassa, pequenas centrais
sumidores especiais hidrelétricas (PCHs) ou hidráulica de
Consumidores livres – devem pos- empreendimentos com potência infe-
suir, no mínimo, 2.500 kW de demanda rior ou igual a 50.000 kW, as chamadas
contratada para poder contratar ener- fontes especiais.
gia proveniente de qualquer fonte de
geração. Importante notar que, a partir
de janeiro de 2020, esse requisito para
os consumidores livres irá diminuir para
2.000 kW. Essa mudança advém da
Portaria 514/2018 do Ministério de Minas
e Energia.

Consumidores especiais – devem


possuir demanda contratada igual ou
maior que 500 kW e menor que 2.500
kW, requisito que também irá reduzir
em função da Portaria 514. Esses con-
sumidores podem contratar energia

Demanda De qual fonte pode


contratada adquirir a energia?

Maior que Qualquer fonte


2.500 kW

Maior que 500 kW


Fonte especial
e menor de 2.500 kW

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COMUNHÃO DE CARGA PARA mercados, com dez unidades consu-


CONSUMIDORES ESPECIAIS midoras (todas com o mesmo CNPJ1),
Consumidores com o mesmo CNPJ cada uma com 50 kW de demanda
ou localizados em área contígua (sem contratada, poderá se tornar um con-
separação por vias públicas) podem sumidor especial por comunhão de
agregar suas cargas para atingir o ní- cargas, por atingir a demanda mínima
vel de demanda de 500 kW exigido requisitada de 500 kW.
para se tornar consumidor especial.
Por exemplo, uma rede de super- 1 Naturalmente, os CNPJs podem ter diferentes dígitos de controle.

SUPERMERCADO 1 SUPERMERCADO 2
MUNICÍPIO A MUNICÍPIO B

UM CONSUMIDOR
ESPECIAL POR
COMUNHÃO DE CARGA
SUPERMERCADO 3 SUPERMERCADO N
MUNICÍPIO C MUNICÍPIO X

A ENERGIA É LIVRE PARA TODOS


De acordo com a legislação, de que todos os consumidores
o poder concedente pode di- escolham o próprio fornecedor
minuir os requisitos de de- de energia, independentemen-
manda para elegibilidade do te do montante contratado. Em
mercado livre. O Projeto de vigor na maior parte dos Es-
Lei 1.917/2015, que tramita na tados Unidos e em toda a Eu-
Câmara dos Deputados e o ropa, essa sistemática permite
Projeto de Lei 232/2016, que a redução dos custos para os
tramita no Senado, preveem a consumidores finais, ao mesmo
expansão do mercado livre de tempo em que promove impor-
energia brasileiro por meio da tante aumento da concorrência
adoção da portabilidade para e da eficiência setorial. A Abra-
todos, ou seja, a possibilidade ceel apoia esses projetos.

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4. DE QUEM É POSSÍVEL COMPRAR ENERGIA?
A energia pode ser disponibilizada tarifas de uso do sistema de distribui-
aos consumidores do mercado livre ção e transmissão (Tusd e Tust) – que
por agentes comercializadores, impor- é o custo do transporte da energia.
tadores, autoprodutores2, geradores e De acordo com a regulamentação, as
até mesmo por cessão de excedentes fontes incentivadas são usinas eólicas,
com outros consumidores livres e es- solares, a biomassa, hidráulicas ou co-
peciais3, desde que cadastrados como geração qualificada com potência in-
agentes da CCEE. Os consumidores jetada inferior ou igual a 30.000 kW.
podem comprar energia por meio de O percentual do desconto depende
contratos de compra de fonte incenti- da data de homologação da outorga
vada e/ou convencional. ou do registro da usina na Aneel e do
tipo de fonte de geração. Essa medida
CARTEIRA DE OPÇÕES DE COMPRA é um incentivo econômico para o de-
senvolvimento das fontes renováveis
no País.

4.3. A COMPRA DE ENERGIA DE


COMERCIALIZADORES
Geradores e Comercializadores Outros Diferentemente dos agentes de ge-
autoprodutores e importadores consumidores ração, alguns comercializadores não
possuem usinas para gerar energia
elétrica. Eles adquirem a energia de
diferentes fornecedores, criando um
portfólio diversificado de produtos a
serem ofertados aos consumidores e
outros agentes compradores.
Mesmo que não possuam ativos de
4.1. FONTES CONVENCIONAIS geração, os comercializadores estão
Usinas hidrelétricas de grande por- sujeitos à forte regulação e, para obte-
te e usinas termelétricas são as fontes rem autorização da Aneel, devem pos-
mais comuns de energia no país e são suir capital social integralizado de, no
denominadas fontes convencionais. No mínimo, R$ 1 milhão e comprovar ap-
mercado livre, os consumidores podem tidão para o desempenho da ativida-
escolher adquirir eletricidade de fontes de. O papel do comercializador é gerir
convencionais ou provenientes de ener- riscos de volume e preço para os seus
gia incentivada. clientes. As condições estão detalha-
das na Resolução Normativa nº 678 da
4.2. FONTES INCENTIVADAS Aneel, de 1º de setembro de 2015, que
Os consumidores que adquirem regulamenta a atividade.
energia de fontes incentivadas têm di-
reito à redução, entre 50% e 100%, nas

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ATENÇÃO
Somente agentes autorizados pela Aneel e registra-
dos na CCEE podem orientar corretamente consu-
midores a migrar para o mercado livre. Recomenda-
mos que os consumidores escolham livremente seus
fornecedores no mercado livre entre os associados
da Abraceel. No site da Abraceel estão os contatos
comerciais para sua escolha.

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5. QUAIS SÃO AS VANTAGENS
DO MERCADO LIVRE?
PODER DE ESCOLHA FLEXIBILIDADE
O consumidor toma as decisões Todas as condições de contratação
referentes à compra de energia, po- de energia são negociadas livremen-
dendo escolher a fonte desejada, o te entre o consumidor e o fornecedor,
período de contratação, eventuais fle- tais como preço, volume, prazo, fonte
xibilidades e necessidades específicas de geração, forma de reajuste e flexi-
e seus parceiros comerciais. bilidades contratuais, entre outros as-
pectos. A negociação pode envolver,
COMPETITIVIDADE por exemplo, preços ou quantidades
A permanente concorrência entre diferentes conforme a época do ano.
geradores e comercializadores pelo
atendimento aos consumidores tor- PREVISIBILIDADE
na o mercado livre mais competitivo, Uma vez firmado o contrato, o con-
reduzindo preços e promovendo au- sumidor consegue prever os custos de
mento da eficiência. Também estimula energia elétrica. Os riscos associados
a inovação em relação aos produtos e a mudanças repentinas nas revisões
serviços disponibilizados. Dessa for- de tarifas de energia não são percebi-
ma, o mercado livre possibilita uma di- dos pelos consumidores do mercado
minuição nos gastos com eletricidade. livre, pois os preços estão previamen-
Torna, portanto, os consumidores li- te definidos no horizonte do contrato.
vres e especiais mais competitivos em Portanto, é muito importante que os
seus respectivos ramos de atividade. consumidores do mercado livre consi-
derem a possibilidade de fazer contra-
tos de longo prazo.

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6. QUAIS SÃO OS REQUISITOS PARA


A MIGRAÇÃO DOS CONSUMIDORES?
MEDIÇÃO ESPECÍFICA PARTICIPAÇÃO NA CCEE
Trata-se de investimentos necessá- Todo consumidor do mercado livre
rios para adequar os medidores do precisa ser agente da CCEE ou deve
consumidor ao padrão especificado ser representado por um comercia-
pela CCEE. Também deve ser instala- lizador varejista. Como essa é uma
do sistema de telemetria para permitir atividade que requer conhecimentos
a aquisição remota dos dados de me- específicos e prazos rigorosos, reco-
dição pela Câmara. menda-se que os consumidores de
menor porte procurem assessoria com
PREVISÃO DO CONSUMO os comercializadores de energia.
E RISCOS ASSOCIADOS
No mercado livre, o consumidor deve
ter capacidade de prever seu consumo
de energia. Uma previsão inadequada
pode fazer com que o consumidor fi-
que sobre ou subcontratado, deixando-
-o exposto aos preços de curto prazo.
Eventuais sobras de contrato podem
ser vendidas no mercado, por meio de
cessão de montantes.

APORTE DE GARANTIAS
O consumidor livre deve realizar
aporte obrigatório de garantias finan-
ceiras na CCEE. Exigências nesse sen-
tido também podem ser feitas pelo
vendedor da energia.

NO MERCADO LIVRE, O
CONSUMIDOR DEVE TER
CAPACIDADE DE PREVER
SEU CONSUMO DE ENERGIA.

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7. ESTRATÉGIA DE CONTRATAÇÃO
No mercado livre, o consumidor de- complemento do montante total em
fine sua estratégia de contratação de contratos de curto prazo, para se be-
energia e toma as próprias decisões neficiar em momentos de redução
de compra. É fundamental que cada de preços. Porém, o risco associado
consumidor tenha uma estratégia de a esse tipo de estratégia é significa-
longo prazo. Apenas a energia con- tivamente superior, como se verá a
tratada protege o consumidor de va- seguir.
riações de preços, que são muito vo-
láteis no setor elétrico brasileiro. Essa ALTERNATIVAS CONTRATUAIS
volatilidade se deve principalmente Os consumidores também podem
às características de nosso parque utilizar mecanismos derivativos de
gerador predominantemente hidro- compra futura, opções de compra, ou
elétrico e, portanto, dependente do ainda, contratos de compra de energia
regime de chuvas. com descontos garantidos em relação
à tarifa regulada.
É importante ressaltar que não exis-
te estratégia melhor ou pior em ter- CONSUMO FLEXÍVEL
mos de contratação de energia – ela O contrato pode prever um consu-
deve ser definida com base nas carac- mo flexível (por exemplo, 10% acima
terísticas de consumo de cada empre- ou abaixo do total contratado), re-
sa e no perfil de aversão ao risco de duzindo o risco de déficits ou de su-
seus dirigentes. As alternativas mais perávits. As margens de flexibilidade
comuns são apresentadas a seguir. podem ser precificadas pelos vende-
dores.
PERFIL CONSERVADOR
A estratégia contempla contratos de
longo prazo, que dão alta previsibilida-
de à empresa. Os custos são previa-
mente negociados e conhecidos du-
rante todo o período contratado. NO MERCADO LIVRE,
PERFIL ARROJADO O CONSUMIDOR DEFINE SUA
O mercado de energia ofere-
ce oportunidades diferenciadas de
ESTRATÉGIA DE CONTRATAÇÃO
compra que podem contribuir para DE ENERGIA E TOMA AS PRÓPRIAS
maiores vantagens econômicas, di-
minuindo os valores pagos pela
DECISÕES DE COMPRA.
eletricidade. Uma possibilidade é a
contratação de volumes inferiores
à necessidade, no longo prazo, e o

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8. ENTENDA O FUNCIONAMENTO
DO MERCADO LIVRE
Quando um consumidor paga a sua As distribuidoras não têm qualquer
conta de eletricidade no mercado ca- controle sobre esses custos e apenas
tivo, custeia dois produtos de nature- os repassam aos consumidores.
za distinta: a energia, que fomenta a Parcela B
produção e proporciona o conforto Refere-se à infraestrutura de distri-
nas residências, e o transporte da ele- buição e serviços associados (essen-
tricidade, feito por meio dos fios elé- cialmente manutenção e operação),
tricos que podem ser vistos nas ruas ou seja, à disponibilidade do sistema
de nossas cidades. Estima-se que, de de transporte da energia (fio) da pró-
cada R$ 100,00 de conta de luz de pria distribuidora. Essa parcela é a que
consumidores de média tensão, R$ remunera as concessionárias, que têm
80,00 são relativos ao custo da ener- controle sobre seus custos.
gia elétrica e R$ 20,00 ao transporte
da energia. Do ponto de vista das dis- Quando o consumidor potencial-
tribuidoras, os custos são separados mente livre ou especial efetiva sua mi-
em duas parcelas diferentes. gração para o mercado livre, os custos
referentes ao serviço de distribuição
Parcela A (Parcela B) permanecem os mesmos,
Refere-se ao preço da energia, aos pois a distribuidora se mantém res-
custos de transmissão e aos encargos. ponsável pela entrega de energia. O
que muda é o pagamento dos custos
da energia propriamente dita, nego-
ciado diretamente com os fornecedo-
AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO REGULADO (ACR) AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE (ACL)

CONSUMO
PREÇO DA + PREÇO DA
ENERGIA REGULADA X CONSUMO X ENERGIA LIVREMENTE
ADICIONAL
NEGOCIADO
BANDEIRAS
TARIFÁRIAS
+ +
uso dos sistemas CONSUMO CONSUMO uso dos sistemas
de transporte + + de transporte
X X (TUSD/TUST)
(TUSD/TUST) DEMANDA DEMANDA
+ +
IMPOSTO IMPOSTO
= =
$ FATURA FATURA $
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res. Os encargos e a transmissão, que (os contratos de compra ou venda re-


são custos regulados, não podem ser gistrados no sistema da Câmara).
negociados.

8.1. O ACERTO DAS DIFERENÇAS MCP X PLD = VALOR DA DIFERENÇA


EM REAIS
Como os contratos de compra e
venda de energia e a geração e o con-
sumo de energia não têm ligação di- Liquidação do mercado de curto
reta entre si (lembre-se, o despacho prazo (MCP)
físico não tem ligação com a relação As diferenças entre esses montantes
contratual dos agentes), pode aconte- são liquidadas no mercado de curto
cer de uma usina gerar menos ou mais prazo (MCP), ao preço de liquidação
do que estava previsto em contrato. O das diferenças (PLD) ou preço da
consumidor também pode consumir energia no mercado de curto prazo.
uma quantidade diferente da contra- PLD
tada. Essas diferenças são liquidadas Esse preço é baseado no custo mar-
no mercado de curto prazo e os valo- ginal de operação (CMO) e pode variar
res são devidos aos agentes envolvi- semanalmente entre o limite inferior
dos, como crédito ou débito. (piso do PLD) e o limite superior (teto
do PLD). Os valores desses limites são
Contabilização de energia ajustados todos os anos pela Aneel.
A CCEE compara os montantes ve-
rificados, ou seja, a geração e o con-
sumo registrados nos medidores de ATENÇÃO
energia, e os montantes contratados
O PLD é publicado semanal-
Contabilização mente pela CCEE e pode variar
ENERGIA MCP
VERIFICADA bruscamente de uma sema-
na para outra, pois é resultado
ENERGIA das previsões das condições de
CONTRATADA chuva e do comportamento dos
consumidores, além de outros
fatores que impactam o siste-
ma elétrico. Mas, independen-
temente das variações, ele não
impacta os valores pagos pela
energia previamente contratada
(comprada com antecedência, a
preços não atrelados ao PLD).
Somente montantes consumi-
dos fora do estipulado em con-
BALANÇO ENERGÉTICO trato devem ser pagos confor-
me o PLD.

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Confira alguns exemplos de posições de agentes na liquidação do mercado
de curto prazo.

EXEMPLO 1: O CONSUMIDOR SUBCONTRATADO

Diferença
100 110
negativa de

MWh
MWh 10
por mês MWh
MONTANTE CONTRATADO MONTANTE UTILIZADO ENTRE O CONSUMO
PELO CONSUMIDOR EM DETERMINADO MÊS VERIFICADO E O
CONTRATADO NO MÊS

O consumidor pode registrar con- mente, ele também poderá sofrer


tratos no mercado de curto prazo até penalizações financeiras sempre que
o nono dia útil do mês subsequente consumir energia sem contratos na
ao consumo para quitar essa diferen- média móvel dos 12 meses anterio-
ça. Esses contratos podem ser firma- res. Como indicado anteriormente,
dos com qualquer agente vendedor, os consumidores podem se proteger
a preços acordados na ocasião. Caso desse tipo de situação com contra-
a contratação não ocorra no prazo tos que prevejam margens de flexi-
estabelecido, esse consumidor deve bilidade.
pagar sua exposição diretamente na
CCEE, valorada ao PLD. Adicional-

PLD =
10 X (R$/MWh) MONTANTE A SER
PAGO PELO AGENTE

110
100

ENERGIA ENERGIA
CONTRATADA VERIFICADA

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EXEMPLO 2: O CONSUMIDOR SOBRECONTRATADO

Diferença
110 100
positiva de

MWh MWh 10
MWh
MONTANTE CONTRATADO MONTANTE UTILIZADO ENTRE O CONSUMO
PELO CONSUMIDOR EM DETERMINADO MÊS VERIFICADO E O
CONTRATADO NO MÊS

Como esse consumidor consumiu menos do que contratou, deve receber


na liquidação da CCEE o montante de 10 MWh multiplicado pelo PLD.

MONTANTE A
PLD =
10 X (R$/MWh)
SER RECEBIDO
PELO AGENTE
110
100

ENERGIA ENERGIA
CONTRATADA VERIFICADA

Também é facultado aos consu- tar ou não o retorno do consumidor


midores negociar diretamente seus ao mercado cativo em prazo inferior,
excedentes de energia para outros dependendo de seu nível de contra-
agentes por meio da cessão de mon- tação de energia.
tantes. Essa questão amplia a necessidade
de planejamento e gestão dos con-
8.3. RETORNO AO MERCADO CATIVO tratos por parte dos consumidores,
Se um consumidor livre quiser re- para que não tenham de enfrentar
tornar ao mercado cativo, deve avi- descontratações de energia em situ-
sar a concessionária de distribuição ações adversas de preço e suprimen-
com 5 anos de antecedência. A dis- to e sem possibilidade de retorno ao
tribuidora pode, a seu critério, acei- ACR.

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9. QUERO SER LIVRE, O QUE DEVO FAZER?
Após avaliar as vantagens e desvantagens de migrar para o mercado livre,
segue abaixo um resumo do que é preciso fazer para se tornar um cliente livre
ou especial.

CONSUMIDOR NO
MERCADO LIVRE
DE ENERGIA.

ADESÃO À CCEE E FAZER


A MODELAGEM DOS
CONTRATOS.

ADEQUAR-SE
AO SMF.

COMPRAR
ENERGIA NO ACL.

ENVIAR CARTA DE
DENÚNCIA DO CONTRATO
À DISTRIBUIDORA.

REALIZAR ESTUDO DE
VIABILIDADE ECONÔMICA.

ANALISAR OS CONTRATOS
VIGENTES COM A
DISTRIBUIDORA.

AVALIAR REQUISITOS DE
TENSÃO E DEMANDA.

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ABRACEEL | CARTILHA MERCADO LIVRE DE ENERGIA ELÉTRICA

É preciso ter demanda contratada de, no mínimo, 500


kW para se tornar consumidor especial e de 3.000kW
Avaliar os requisitos de
1º demanda.
para se tornar livre. Em função da Portaria 514 do MME, a
demanda será reduzida para 2.500 kW em julho de 2019
e, posteriormente, para 2.000 kW em janeiro de 2020.

O contrato de compra de energia regulada ou contrato


Analisar os contratos vigen- de fornecimento tem, usualmente, vigência de 12 meses
2º tes com a distribuidora. e deve ser rescindido para a migração com seis meses de
antecedência.

Após analisar os contratos vigentes, o consumidor deve


Realizar estudo de viabilida- realizar um estudo de viabilidade econômica, comparando
3º de econômica. as previsões de gastos com eletricidade no mercado livre
e no cativo.

Caso decida pela migração para o mercado livre, o


consumidor deve enviar uma carta à distribuidora
Enviar carta de denúncia do
4º contrato à distribuidora.
comunicando a denúncia dos contratos vigentes. Caso
queira antecipar a rescisão contratual, deve pagar pelo
encerramento antecipado do contrato.

O próximo passo é a compra de energia no ACL, por


meio de contratos de compra de energia em ambien-
te de contratação livre (CCEAL) e/ou de contratos de
5º Comprar energia no ACL.
compra de energia incentivada (CCEI). O contrato pode
ser comprado de comercializadores, geradores ou outros
consumidores (por meio de cessão).

O próximo passo é a adequação do sistema de medi-


ção para faturamento (SMF). Os consumidores livres e
6º Adequar-se ao SMF.
especiais precisam adequá-lo aos requisitos descritos no
procedimento de rede, submódulo 12.2*.

O último passo para a migração do consumidor é realizar


Realizar adesão à CCEE
a adesão à CCEE e fazer a modelagem dos contratos de
7º e fazer a modelagem dos
energia comprados no ACL, conforme os procedimentos
contratos. de comercialização da CCEE, submódulos 1.1 e 1.2*.

*Saiba mais sobre os submódulos em:

Procedimento de rede submódulo 12.2: http://extranet.ons.org.br/operacao/prdocme.nsf/videntificadorlo-


gico/91D2F3D5E0A476AC83257945005B18FC/$file/Submodulo%2012.2_Rev_2.0.pdf?openelement

Procedimento de Comercialização, submódulos 1.1 e 1.2: https://www.ccee.org.br/portal/faces/oquefaze-


mos_menu_lateral/procedimentos?_afrLoop=1892370505199775

LISTA DE SIGLAS
ACL – Ambiente de Contratação Livre CMO – Custo Marginal de Operação
ACR – Ambiente de Contratação Regulada kV – Quilovolt
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica kW – Quilowatt
CCEE – Câmara de Comercialização de Ener- kWh– Quilowatt-hora
gia Elétrica MCP – Mercado de Curto Prazo
CCEAL – Contrato de Compra de Energia em MW – Megawatt
Ambiente de Contratação Livre MWh– Megawatt-hora
CCEI – Contrato de Compra de Energia Incen- PLD – Preço de Liquidação das Diferenças
tivada ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico

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ABRACEEL | CARTILHA MERCADO LIVRE DE ENERGIA ELÉTRICA

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