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Relatório do Projeto Integrador - Módulo

Formação de Preços e Custos

Nicolas Gameiro da Silva1


Profº Max Clayton Marques2 2

1. RESUMO

Este projeto tem como objetivo realizar um levantamento qualitativo e


quantitativo dos gastos do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Bragança
Paulista realizando uma precificação mínima dos serviços prestados, separados por
área e especialidade, para a justa aplicação de subsídios governamentais para a
manutenção do Sistema Único de Saúde no local, gerando uma margem de lucro a
ser aproveitada pela organização para poder aplicar em si mesma e na manutenção
dos objetivos sociais, obtendo um preço justo, que atenda as necessidades do
hospital, mas que não sobrecarregue a administração pública com encargos. Em
síntese, o trabalho vem apoiar e auxiliar a gestão nas solicitações financeiras ao
Estado e no controle da da produção interna.

Palavras-chave: Entidade. Filantrópica. Hospital. Custos. Gestão. Preço

2. INTRODUÇÃO

2.1 DOS MOTIVOS


A organização analisada em seu último relatório financeiro das verbas SUS
apresentado ao público3 teve um deficit de 7.432.507,10 milhões em seus cofres 4,
muito a época devido a pandemia de covid, mas com um mundo pós-pandemia há a
necessidade de reajustar os valores a receber conforme os gastos atuais, que
tiveram alteração devido as condições econômicas durante e pós pandemia.

1
Acadêmico do curso de Ciências Contábeis, Centro Universitário ENIAC/Faculdade de Extrema. E-mail:
228902023@eniac.edu.br
2
Professor Especialista dos cursos de gestão e negócios, Centro Universitário ENIAC. E-mail: max.marques@eniac.edu.br
3
Relatório contábil mais recente datado de 2021

4
Segundo a Demonstração Contábil do ano

1
Assim o seguinte estudo visa realizar uma análise dos gastos públicos e
determinar uma margem de lucro miníma e razoável para a realização de reajustes
dos subsídios, visando a correto valor do preço a ser pago por parte do poder
publico e da sociedade civil desta unidade de vital importância para a localidade.

1.2 DA ORGANIZAÇÃO
Localizada no município de Bragança Paulista a Irmandade Senhor Bom
Jesus dos Passos da Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista, ou apenas
Santa Casa de Bragança Paulista, foi constituída em 31 de Agosto de 1874 existindo
formalmente por 148 anos. Tem como objetivo principal o mesmo de sua instituição
fundadora, “servir a Deus pela observância do culto à religião Católica e o exercício
de obras de misericórdia” 5 Inicialmente o trabalho filantrópico era o principal meio de
assistência aos desamparados, contando com diversos voluntários e corpo de
assistentes, destacando-se o as irmãs da Congregação Imaculada da Conceição.
Com a Criação do Sistema Único de Saúde, a organização contou também com o
financiamento estatal para organizar e realizar seus fins sociais.
A entidade é, junto com o Hospital Universitário São Francisco, um dos únicos
hospitais de grande porte da cidade, com sua fundação fazendo história no local.

1.3 DOS TRABALHOS


O seguinte projeto subsequentemente será estruturado num primeiro
momento na observância dos gastos e sua separação conforme custos e despesas.
Depois realizar-se-á um custeio conforme a melhor doutrina de gestão hospitalar e
dará um preço mínimo para qualquer serviço realizado, desde um atendimento geral
à uma cirurgia complexa. Então os serviços serão separados por sua complexidade
e precificados conforme cada caso.

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO PRINCIPAL


Realizar a análise de gastos e precificar um mínimo para os serviços
hospitalares, conforme a razoabilidade e a proporcionalidade

5
Expressão retirada do sítio eletrônico da instituição [9]

2
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Separar os gastos em custos e despesas conforme suas espécies. Custeá-los
unitariamente e depois conforme a especialidade, utilizando critérios qualitativos de
custo. Por fim precificar constituindo uma margem de lucro adequada aos fins da
entidade.

4. METODOLOGIA

4.1 METODOLOGIA PRINCIPAL


O estudo de caso múltiplo, foi a metodologia predominantemente utilizada neste
trabalho. Foi-se aplicada de modo quantitativo e qualitativos comparando e utilizando os
métodos de custeio e precificação da organização estudada com outras análogas,
adaptando conforme o caso e as peculiaridades da instituição analisada.

4.2 METODOLOGIAS ACESSÓRIAS


Dentre os métodos secundários que predominam destaca-se a pesquisa de campo,
com pesquisa das referências contábeis e financeiras sendo tiradas diretamente do sítio
eletrônico da organização.
Outra ferramenta utilizada foi a revisão bibliográfica na legislação pertinente e
doutrinas acadêmicas.

5. CUSTOS

O gastos advindos da última demonstração de 2021 demonstram diferentes


áreas e destinos do dinheiro recebido. Aqui pois classificaremos os custos conforme
6
a divisão clássica conforme seu uso direto aos serviços ou indiretamente e seu
valor vária conforme a quantidade de serviços ou se mantém fixo.

6
Conceitos da divisão retirados de artigo da UNIPTAN 9
3
7
Figura 1: Custos passivos da entidade

5.1 CUSTOS DIRETOS


Tem-se como custos diretos e seus valores respectivamente:
Fornecedores: 5.491.682,59 R$
Valores a Pagar Sus: 089.882,23 R$
Receitas Diferidas*8: 9.511.520,22 R$

5.2 CUSTOS INDIRETOS


Tem-se como custo indireto e seu valor identificado:
Empréstimos*: 21.843.520 R$

5.3 CUSTOS FIXOS


Tem-se como custo fixo e seus valor respectivamente:
Empréstimos*: 21.843.520 R$

5.4 CUSTOS VARIÁVEIS


Tem-se como custos variáveis e seus respectivos valores:
Receitas Diferidas*: 9.511.520,22 R$
Valores a Pagar Sus: 089.882,23 R$
Fornecedores: 5.491.682,59 R$

6. DESPESAS

7
Disponível na demonstração de 2021
8
Valores somados entre os circulantes e não-circulantes
4
Seguindo a doutrina clássica, temos a divisão das despesas entre fixas e
variáveis, sendo as fixas:
Honorários Médicos: 4.376.169,63 R$
Obrigações Trabalhistas: 2.472.848,33 R$
Obrigações Sociais e Tributárias*: 4.085.266,84 R$
Pagamento de Férias: 4.404.907,24 R$
Já para as despesas variáveis tem-se:
Despesas Administrativas**9: 2.717.733,17 R$
Outras Obrigações*: 2.630.122,36 R$
Provisões Judiciais: 150.000,00 R$

7. CUSTO UNITÁRIO GERAL


Para determinar inicialmente um custo para cada serviço, necessita-se criar
um custo geral, onde se mede o mínimo médio que um paciente ao ingressar, via
SUS gera de gasto ao hospital, para esse calculo utiliza-se como base o número de
diárias de pacientes atendidos (62% via SUS) somado aos atendimentos
ambulatoriais (49% via SUS). Assim se pode estimar a demanda aproximada para
fins de calculo.

Figura 2: Número de atendimentos SUS em 2021

Tendo 62% do total de 28.829 procedimentos atendidos via SUS, realizando


uma simples regra de 3 matemática obtém-se o valor aproximado de 46.500

9
Valor retirado da demonstração contábil de 2021
5
pacientes atendidos. Utilizando o mesmo método nos atendimentos ambulatoriais se
obtém 2.062.955 pacientes atendidos. Considerando que sejam pacientes distintos,
somando-os tem-se o valor de 2.109.455 pacientes anualmente atendidos.
Para determinar o Custo Unitário é necessário saber o custo total do hospital.
Somando sem ratear os custos indiretos por especialidade temos um custo total de
36.936.605,04 R$. Sabendo-se que o custo unitário é a razão do custo total sobre a
produção (neste caso a demanda) tem-se um valor unitário aproximado de 17,52 R$
por serviço. Sendo, certamente, o valor defasado para cada peculiaridade dos
serviços.

8. CUSTEIO
Segundo Katia Abbas10 o sistema de custos tradicionalmente utilizado em
hospitais é o Sistema de Custos por Centros, como a metodologia de custeio indireto
por absorção.
Observando o Organograma geral da entidade, a mesma de divide em 4
grandes estruturas: O Centro Médico, Complexo Hospitalar, Espaço Integrar e
Núcleo Avançado Millenium. Acima destes ainda se tem a Diretoria. Segundo Abbas,
alguns hospitais utilizam a classificação do centro de custos segundo a Resolução
CIP 4-71, que apresentam 4 grupos de centro de custos.
- Centros de Custos de Base (CCB): integram os serviços de apoio do hospital.
Trocam serviços entre si, mas trabalham principalmente para os Centros de Custos
Intermediários, Especiais e de Produção;
- Centros de Custos Intermediários (CCI): recebem serviços dos Centros de Custos
Base, sendo sua função específica a de servir os Centros de Custos Especiais;
- Centros de Custos Especiais (CCE): atendem às atividades-fim do hospital, como
unidades de internamento, centro cirúrgico e pronto-socorro; e
- Centros de Custos de Produção (CCP): englobam as pequenas indústrias
subsidiárias ou atividades paralelas do hospital, com despesas próprias
Utilizando a classificação da referida resolução, o hospital Santa Casa de
Bragança Paulista se divide em:
- CCB: Diretoria
- CCI: Centro Médico
- CCE: Complexo Hospitalar
10
Atualmente Doutora em Engenharia de Produção, utilizado artigo de sua autoria
6
- CCP: Espaço Integrar e Núcleo Avançado Millenium
Utilizando-se como critério de rateio dos custos indiretos qualitativamente a
proximidade com a finalidade da entidade, ou seja o centro que for destinado aos
serviços médicos, temos então: CCE – 40%; CCI – 30%; CCP – 20%; CCB – 10%.

9. CUSTO POR CENTRO


Tendo realizado os rateios proporcionais, tem-se:
CCE: 8.737.408 + 15.093.085,0411 = 23.830.493,04/2.062.955 ≅ 11,56
CCI: 6.553.056 + 15.093.085,04 = 21.646.141,04/2.062.955 ≅ 10,50
CCP: 4.368.704 + 15.093.085,04 = 19.461.789,04/2.062.955 ≅ 09,44
CCB: 2.184.352 + 15.093.085,04 = 17.277.437,04/2.062.955 ≅ 08,38

10. PREÇO
10.1 METODOLOGIA DE PRECIFICAÇÃO
Para a precificação foi-se utilizado o Índice Mark-Up, por sua facilidade e
praticidade nos cálculos, bem como sua confiabilidade. As porcentagens utilizadas
serão de 50% para Despesas Fixas, 30% Variáveis e 10% de Margem de Lucro para
todos os casos.

10.2 SEPARAÇÃO DOS CENTROS


Realizado o custeio dos centros, os preços serão separados por centro,
sendo:
Procedimentos Médicos e Odontológicos, Internações e Urgência: CCE
Consultas Médicas, Odontológicas, Psicólogos e Fármacos : CCI
Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Terapia ABA,: CCP
Atos Administrativos em geral: CCB

10.3 DOS PREÇOS


Para cada item tem-se os seguintes índices mark-up e preços,
respectivamente:
Procedimentos Médicos e Odontológicos, Internações e Urgência: 11,56x10 = 115,6
Consultas Médicas, Odontológicas, Psicólogos: 10,50x10 = 105,0

11
Somatório dos custos diretos, aplicado a todos

7
Fármacos12: 10,50x05 = 52,50
Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Terapia ABA: 09,44x10 = 94,40
Atos Administrativos em geral: 08,38x10 = 83,80

6. RESULTADOS

Como resultados obtidos ao discorrer do projeto, obtemos os preços mínimos


e razoavelmente proporcionais, pelo nível de informação que tivemos acesso, por
serviços a serem realizados nos hospitais. A organização Goza de isenção tributária
de INSS, COFINS, IRPJ e CSLL 13, então teve cálculos mais simplificados, somente
tendo que pagar os encargos trabalhistas e sociais. Os preços aqui apresentados
formam uma base para os subsídios apresentados para os próximos períodos,
contendo um reajuste pela inflação de casos causados pela covid 2019, observados
pelo alto número de atendimentos na urgência.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O nível de informação conseguida pela pesquisa de campo foi restrito, mas o


suficiente para montar uma base de precificação básica e minimamente apropriada,
com exceção dos atos administrativos que ficaram inflacionados. A organização,
mesmo sendo filantrópica, possui uma margem de lucro em seus preços cuja a
aplicação vem a ser exclusivamente a manutenção dos fins sociais, sendo vetado a
apropriação de lucro por sócios e investidores. 14
O presente projeto tem apenas a finalidade de fazer demonstrações e analise
das contas, mas não é de competência as decisões de gerenciamento. Assim para
uma eficaz demonstração de quanto se precisa receber de subsídios se faz
necessário projeções de risco aplicando os valores aqui sintetizados. Assim a
escolha pessimista da projeção é a ideal para o recebimento pois demonstrará o pior
cenário e o mínimo para se manter caso ele ocorra.

12
Resolução do CMED veta a margem de lucro por parte de hospitais em fármacos [5]
13
A Lei 9532/97 a garante a imunidade tributária [6]
14
Art 13 da Instrução Normativa nº 113/98 da Receita Federal [7]
8
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MODA AUDITORES INDEPENDENTES . Irmandade do Senhor Bom Jesus


dos Passos da Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista Relatório dos
auditores independentes Demonstrações Contábeis Exercício findo em 31 de
Dezembro de 2021. Bragança Paulista: anais, 2021. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/14Y9KHQZ0ca_e2QVDwHGkaPl5RBd2semq/view
Acesso em: 11 de março de 2023.

[2] COMPLEXO HOSPITALAR SANTA CASA BRAGANÇA PAULISTA.


Institucional, História. Bragança Paulista: Anais. 2023: Disponível em:
https://santacasabraganca.com.br/institucional/4/historia. Acesso em: 11 de março
de 2023

[3] SILVA, DALILA KÉSIA DA; AGOSTINI, CARLA; VALE, CAIO RODRIGUES DO;
SILVA, FÁBIO BRUNO DA; ALENCAR, RAIANNA SUELLEN DA. A Relevância da
gestão dos custos como estratégia para a formação do preço de vendas: um
estudo de caso de uma industria do ramo de laticínios de médio porte . São
João Del Rei: anais.

[4] ABBAS, KÁTIA.Gestão de Custos em organizações Hospitalares. 2001. 171 f.


Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis ,2001. Disponível em:
https://core.ac.uk/download/pdf/30360695.pdf. Acesso em:
11 de março de 2023

[5] CÂMARA DE REGULAÇÃO DO MERCADO DE MEDICAMENTOS. Resolução


Nº 02, de 16 de Abril de 2018,art 5º § 2º. Brasília: Anais. 2018.

[6] CONGRESSO NACIONAL. Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Brasil,


1997

[7] RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa nº 113/98. BRASIL, 1998.

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