Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo—Este trabalho aborda o consumo de energia Em [7] é realizada uma análise de regressão linear do
elétrica do Brasil no biênio de 2019-20. Analisa-se o impacto de número de óbitos por COVID-19 entre os meses de março e
eventos sociais e econômicos, incluindo a pandemia da COVID- junho, obtidos por meio de dados de Registro Civil, com
19, na demanda de carga do Sistema Interligado Nacional. base na data de registro e data de ocorrência. Foi
Métodos estatísticos aplicados nos dados de consumo de quantificado um coeficiente angular de 3.277 mortes para
energia - curvas de carga fornecidas pelo Operador Nacional dados do mês de ocorrência e 3.916 mortes para o mês de
do Sistema, fundamentam as análises realizadas. Correlação de registro.
Pearson, histogramas, boxplots e o teste t de Student são
utilizados para efetuar as análises permitindo a realização de Devido a esse cenário econômico e sanitário, no âmbito
inferências e considerações acerca do problema. brasileiro, impactos em vários setores puderam ser notados.
Palavra-chave—curvas de carga, análises estatísticas, Em [8] é apresentado uma avaliação sobre alterações
consumo de energia, correlação de Pearson. ambientais ocasionadas em função da adoção de medidas de
isolamento social para combate ao COVID-19. No que tange
o consumo de energia, na semana de 22 de março de 2020,
I. INTRODUÇÃO houve uma redução de quase 9%, se comparada à semana
anterior.
Por ser um agente de crescimento tecnológico e
econômico, o consumo de energia é o indicativo fundamental Em [9], disserta-se sobre o impacto financeiro da redução
de crescimento econômico e qualidade de vida de uma do consumo de energia de um consumidor A4, decorrente da
determinada localidade [1], [2]. interrupção das suas atividades em razão da pandemia. É
quantificada a perda financeira da não utilização da demanda
Baseado nesse indicativo, dentre os fatores que contratada pelo consumidor.
impactaram o consumo de energia no Brasil durante os anos
de 2019 e 2020, apontam-se os problemas econômicos De fato, impactos nos perfis de consumo e nas curvas de
enfrentados por questões políticas e pela pandemia de carga diárias em dias úteis e feriados ocorreram. Esses dados
COVID-19 (do inglês, Coronavirus Disease) e as ações para são mensurados em tempo real pelo Operador Nacional do
seu enfrentamento [3]. Sistema (ONS) e fornecidos publicamente em seu site
oficial.
No ano de 2019, o Brasil teve um crescimento de 1,4%
no seu Produto Interno Bruto (PIB), que quantifica a soma de De acordo com a referência [10], a curva de carga é um
todos os bens e serviços produzidos no país. Já no ano de registro horário, de horizonte diário, das demandas de certa
2020, ocorreu uma redução de 4,1% no seu PIB, caindo da 9a localidade. Logo, trata-se de um perfil de relação entre
para a 12a posição das maiores economias do mundo. Essa consumo de energia e o tempo.
redução acarretou uma diminuição na produção, de consumo Devido a heterogeneidade das cargas presentes no
e empregos [3]–[5]. sistema e suas atividades, os consumidores de energia
O Brasil seguia em um lenta recuperação econômica possuem padrões de consumo distintos, por consequência,
quando, em fevereiro de 2020, o primeiro caso de COVID- curvas de cargas diferentes. Contudo, é possível estabelecer a
19 foi confirmado no país. Nas semanas seguintes, os casos natureza dos consumidores de acordo com o seu perfil de
evoluíram para uma pandemia, alterando este cenário [3]. consumo. Eles podem ser classificados como residencial,
Dados do SUS Analítico apontam que, no início de março de comercial, industrial, entre outros.
2021, foram registrados mais de 11 milhões de infectados e A curva de carga residencial é caracterizada por um
mais de 265 mil vidas perdidas no país [6]. consumo praticamente constante durante o dia e por possuir
um pico de consumo entre o horário de ponta, incluindo o
Os autores agradecem o apoio de instituições de apoio à pesquisa
brasileira como a CAPES, CNPQ e FAPEMIG.
∑ ̅ ̅
√∑ ̅ ∑ ̅
II. CONCEITOS USADOS PARA AS ABORDAGENS ESTATÍSTICAS Quando aplicável, realiza-se testes de verificação, que
As metodologias empregadas neste trabalho são objetivam aceitar ou rejeitar hipóteses estatísticas. Há duas
fundamentadas em métodos estatísticos para análise de dados hipóteses a serem analisada: H0, a hipótese nula, onde
referentes às curvas de cargas diárias. ̅ ̅ ; e Ha, a hipótese alternativa, onde ̅ ̅ . Então,
por meio de um teste estatístico, a hipótese em análise é
A. Métricas estatísticas rejeitada ou aceita [14].
A análise estatística se fundamenta em dois grupos de
O teste t é um tipo de teste de verificação empregado
medidas: parâmetros de tendência central e parâmetros de
para comparar médias. Este é calculado através da (6) e
dispersão. Parâmetros de tendência central identificam um
comparado com distribuição t com n1+n2−2 graus de
conjunto de dados de acordo com as suas características em
liberdade (GDL) e ao erro da distribuição, α, dado por .
um único centro (valor); a exemplo, média, mediana e moda.
Por sua vez, parâmetros de dispersão buscam compreender a A análise do resultado do teste ocorre da seguinte forma
variabilidade destes dados; a exemplo, variância e desvio [14]:
padrão [14].
Se : a hipótese H0 é rejeitada e as médias
Pra um grupo de dados, a média é definida como o valor analisadas são distintas. Logo, Ha é aceita.
esperado, a mediana é o valor central desse grupo de dados
organizados seguindo uma ordem de grandeza e moda é o Se : a hipótese H0 é aceita e, portanto, as
valor mais frequente encontrado. A variância quantifica o
médias são iguais. Logo, Ha é rejeitada.
quão disperso esses dados estão do ponto central (média) e o
2019 2020
h ̅
̅ ̅
0 60,70 60,22 5,67 60,52 60,09 6,05 -0,29 ± 6,68
1 57,76 57,48 5,44 57,62 57,37 5,84 -0,24 ± 7,40
2 55,85 55,62 5,21 55,68 55,47 5,66 -0,30 ± 8,74 Fig. 4. Curvas de carga média, desvio-padrão e mediana – ano 2020.
Fig. 8. Variação porcentual das curvas de carga média anual, dias úteis e
não úteis do SIN entre os anos de 2019 e 2020.
Fig. 5. Curvas de carga média do SIN.
B. Mediana e boxplot
As Fig. 6 e 7 comparam a média horária anual, ̅ , As Fig. 9 e 10 mostram os boxplots dos dados, analisados
mostrada na Tabela I e Fig. 5, com as médias horárias de forma horária para os anos de 2019 e 2020,
considerando apenas os dias úteis, ̅ , e dias não úteis, ̅ , respectivamente.
para os anos de 2019 e 2020, respectivamente. Apesar de
possuir tendências semelhantes, com redução e elevação de Para o ano de 2019, o horário de ponta apresentou quartis
consumo em horários específicos, é notável a mudança no menores e mais simétricos, indicando um consumo de
perfil de consumo. A Fig. 8 mostra a variação porcentual das energia mais homogêneo, e no horário comercial apresentou
médias entre os anos em análise, quantificando a mudança no maior variabilidade. Para o ano de 2020, o horário comercial
consumo de energia. apresentou quartis mais assimétricos.
Fig. 6. Curvas de carga média anual, dias úteis e não úteis do SIN – ano Fig. 9. Boxplot do SIN – ano 2019.
2019.