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FACULDADE DE ECONOMIA
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
Niterói - RJ
2023
YARINNE KELLY YANQUI CARHUAMACA
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4
2 CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 5
3 PROBLEMA ........................................................................................................................... 6
4 OBJETO .................................................................................................................................. 7
5 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 7
6 HIPÓTESE .............................................................................................................................. 7
7 METODOLOGIA.................................................................................................................... 8
8 CRONOGRAMA .................................................................................................................. 10
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 12
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1 INTRODUÇÃO
Para Amartya (1999) a pobreza deve ser vista como privação de capacidades básicas e
não apenas como baixo nível de renda. Nesse sentido a pobreza é considerada como um
fenômeno multidimensional. Em relação à pobreza energética, não existe uma definição
consensual, pois ela muda de acordo com o contexto no qual está inserida o território. Para a
elaboração deste projeto, dado que não existe uma definição oficial no Brasil, adotamos a
definição do governo chileno que considera quatro dimensões: habitabilidade, acesso físico,
qualidade e acessibilidade.
A cidade do Rio de Janeiro é considerada uma cidade violenta. Analisando a taxa de
homicídio, em 2019, a cidade possuiu 11 homicídios por 100 mil habitantes, considerado uma
taxa alta, segundo a classificação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2019).
Nas áreas mais vulneráveis, onde há ausência do poder público, existem poderes paralelos que
controlam as transações dos bens e serviços, dentre eles a energia.
Em 2022, a concessionaria responsável pela distribuição de energia elétrica na cidade,
teve 56% de Perdas Não Técnicas (PNT). As PNT decorrem principalmente de furto (ligação
clandestina e desvio direto da rede) ou fraude de energia (adulterações no medidor),
popularmente conhecidos como “gatos”, erros de medição e de faturamento (ANEEL, 2022).
Parte do custo com estas perdas são repassados aos usuários, o que encarece ainda mais a conta
de energia, e, eventualmente, motiva alguns usuários a furtarem energia, chegando assim a um
círculo vicioso.
Nesse sentido, faz-se necessário a discussão da pobreza energética, especialmente para
o Rio de Janeiro, para compreender em que medida a população encontra-se em situação de
pobreza energética. Além disso, o conhecimento das causas e consequências deste fenômeno
auxilia na elaboração ou aperfeiçoamento de instrumentos que visem atenuar seus efeitos.
Diante do exposto, o objetivo da monografia será estudar a pobreza energética no
Município do Rio de Janeiro. Para isso serão realizadas três etapas. Na primeira etapa,
debatemos as diversas interpretações de pobreza e pobreza energética e sua ligação com os
conceitos microeconômicos. Na segunda etapa, será realizada a caracterização da pobreza
energética no município do rio de janeiro, abordando suas causas e consequências. Finalmente,
serão avaliados os instrumentos que visam atenuar seus efeitos.
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2 CONTEXTUALIZAÇÃO
Na literatura existem diversas interpretações sobre pobreza energética, elas mudam de
acordo com o contexto no qual está inserido o território. O conceito mais utilizado para definir
pobreza energética é o acesso a fontes de energia moderna (MELO, 2022). Entretanto, a
definição de pobreza energética precisa ser adaptada ao contexto brasileiro. Uma vez que o
governo brasileiro não definiu a pobreza energética, procuramos alternativas para
conceitualizar o tema.
O Chile é um dos países da América Latina no qual a discussão a respeito da pobreza
energética está mais avançada. O Ministério de Energia do país reconhece
quatro dimensões centrais e interconectadas: a habitabilidade,
referida às condições da moradia; o acesso físico às fontes de
energia e aos artefatos necessários para satisfazer as
necessidades energéticas; a qualidade do fornecimento e ao
uso de fontes de energia sustentáveis; e a acessibilidade,
referida ao gasto com energia e seu impacto na economia
doméstica (CHILE, 2021, tradução nossa)
A dimensão de habitabilidade considera a eficiência energética na construção de
moradias. Para Arantes (2013) muitas das habitações, no Brasil, foram projetadas sem
considerar as caraterísticas climáticas e ambientais dos locais onde seriam instaladas, o que
trouxe como consequência consumo excessivo com energia para suprir o desconforto no interior
das edificações.
No Rio de Janeiro, um problema recorrente relacionado ao fornecimento de energia
elétrica são as conexões ilegais decorrentes da ausência do estado em lugares com domínio de
grupos criminosos (MELO, 2022). A concessionária Light, responsável pelo fornecimento de
energia elétrica no município, possui 56,7 % de perdas não técnicas sobre baixa tensão
(ANEEL, 2022). Por legislação, a concessionária repassa um percentual do custo com as perdas
aos usuários, portanto a conta fica ainda mais cara para quem continua consumindo energia da
rede. Esta situação nos leva à dimensão de acessibilidade, que considera o fornecimento de
produtos energéticos a preços acessíveis.
Em relação ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), também conhecido como gás de
cozinha, o crescimento de seu preço (ANP, 2023) veio acompanhado com um aumento da
participação da lenha na matriz energética nacional (EPE, 2023). O aumento da utilização de
lenha contribui para a alteração da qualidade do ar e a prevalência de sintomas respiratórios nos
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indivíduos expostos à queima de biomassa (GIODA et al., 2019). Esta circunstância nos remete
à dimensão de qualidade, que se refere às condições de acesso aos serviços energéticos.
Além disso, a cidade caracteriza-se por sua alta temperatura no verão, em 2023 a
temperatura máxima chegou a 41°C1. A falta de infraestrutura para refrigeração pode causar
riscos à saúde em razão do estresse térmico (FIOCRUZ, 2022). Esta situação nos remete à
dimensão de acesso físico, que visa o acesso às fontes de energia e bens de consumo necessários
satisfazer as necessidades energéticas do indivíduo.
Perante o exposto, o estudo tem como objeto a pesquisa da pobreza energética no
Município do Rio de Janeiro, no período de 2010 até 2022, considerando as suas quatro
dimensões.
Embora, no Brasil, não exista uma definição oficial para a pobreza energética, é
importante ter uma concepção clara de suas causas e consequências para a elaboração ou
aperfeiçoamento de instrumentos que lidam com tal fenômeno.
No estudo da pobreza energética, destacamos as contribuições de dois autores que serão
essenciais para nossa pesquisa. No contexto da cidade do Rio de Janeiro, Melo (2022)
contribuiu para entender a relação entre furtos de eletricidade, segurança pública e qualidade
do serviço de eletricidade. Outro autor que abordou o assunto foi Fernandes (2017), no seu
estudo avaliou o impacto grupos criminosos e das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs)
sobre as perdas não técnicas de energia elétrica no município do Rio de Janeiro.
A limitação de nosso estudo são os dados secundários disponíveis, em se tratar de áreas
com domínio de grupos paralelos, os entrevistadores do Censo Demográfico realizado em 2010,
tiveram dificuldade para acessar determinadas áreas. Em razão disso, Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (IBGE) promoveu o projeto “favela no mapa’, que visa diminuir a taxa de
não resposta.
3 PROBLEMA
No Município Rio de Janeiro, 22% de sua população vive em aglomerados subnormais
(IBGE, 2010). Essa população reside em territórios com ausência de poder público, onde
grupos criminosos, exercem controle sobre o território. Para Fernandes (2017) a presença
destas organizações criminosas contribui para a baixa fiscalização de consumidores irregulares
de energia elétrica, bem como a manutenção da rede. Além disso, as organizações têm
envolvimento com “cobrança de taxa indevida das cooperativas de transporte alternativo, a
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No dia 26/02/2023 às 16:00:00 na Estação Irajá.
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4 OBJETO
O estudo da pobreza energética no município do Rio de Janeiro, no âmbito de quatro
dimensões: habitabilidade, acesso físico, qualidade e acessibilidade. A dimensão de
habitabilidade, refere-se à eficiência energética na construção dos domicílios. O acesso físico,
considera além do acesso às fontes de energia, os bens de consumos necessários para satisfazer
as necessidades energéticas do indivíduo. A dimensão de qualidade, considera as caraterísticas
de segurança e estabilidade da fonte de abastecimento. A dimensão de acessibilidade, considera
a capacidade de pagamento dos serviços energéticos sem sacrificar outras necessidades.
5 OBJETIVOS
5.1 Objetivo geral
Estudar a pobreza energética no município do Rio de Janeiro, abordando suas causas,
consequências e os instrumentos que visam atenuar seus efeitos.
5.2 Objetivos específicos
Para atingir o objetivo geral procuraremos desenvolver os seguintes objetivos específicos:
1. Estudar as definições de pobreza e pobreza energética, relacionando-os com os
conceitos da teoria microeconômica;
2. Caracterizar a pobreza energética no Rio de Janeiro, evidenciando suas causas e
consequências;
3. Avaliar os instrumentos adotados para atenuar os efeitos deste fenômeno.
6 HIPÓTESE
A pobreza energética no município do Rio de Janeiro manifesta-se em razão da baixa
capacidade de pagamento de seus usuários, da qualidade de energia elétrica ofertada e da falta
de infraestrutura para refrigeração adequada das moradias nos períodos de verão. No Ranking
da ANEEL de tarifas residências, considerando 101 distribuidoras, a Light encontra-se em 14°.
Isto se dá em decorrência do custo repassado aos usuários com as Perdas Não Técnicas (PNT).
Ao mesmo tempo, as conexões ilegais sobrecarregam a rede, o que consequentemente
provocam curtos-circuitos e falha de sinal.
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7 METODOLOGIA
Para realizar a caraterização da pobreza energética na cidade do Rio de janeiro, será
realizada uma análise descritiva a partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). A
POF é efetuada pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), visa principalmente
mensurar a estrutura de consumo das famílias e possibilita traçar um perfil das condições de
vida da população (IBGE, 2023). As informações são coletadas por meio de entrevista com os
moradores de domicílios particulares permanentes. Para esta análise consideraremos dados de
sua última edição que foi realizada em 2017/2018. A partir desta análise será obtido o peso das
despesas com serviços energéticos (gás e energia elétrica) no orçamento das famílias.
8 CRONOGRAMA
Atividade Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Revisão bibliográfica de definições de pobreza e sua
X
relação com os conceitos microeconômicos.
Revisão bibliográfica das diversas definições de pobreza
X
energética
Redação do Capítulo I X
Coleta de dados para a realização da caraterização da
X
pobreza energética no Município do Rio de Janeiro.
Revisão bibliográfica para o estudo das consequências da X
pobreza energética no Município do Rio de Janeiro
Relatório de resultados X
Redação do Capítulo II X
Revisão histórica das políticas públicas consolidas:
• Vale gás
• TSEE
• Bolsa Família
Revisão de projetos que lidam com sustentabilidade e
X
pobreza energética:
• RevoluSolar
• Pilar Solar
• Inclusão de placas solares no programa Minha
Casa Minha Vida(proposta)
Redação do Capítulo III X
Revisão X
Apresentação e defesa da monografia X
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9 PROPOSTA DE SUMÁRIO
Resumo
Introdução
CAPÍTULO I – Pobreza e Pobreza Energética
1.1 Definição de Pobreza
1.2 Definição de Pobreza Energética
CAPÍTULO II – Pobreza Energética no Município do Rio de Janeiro
2.1.Caraterização da Pobreza Energética no Rio de Janeiro
2.1.1. Habitabilidade
2.1.2. Acesso físico
2.1.3. Qualidade
2.1.4. Acessibilidade
CAPÍTULO III – Estratégias
3.1. Estratégias consolidadas
3.1.1. Vale Gás
3.1.2. Tarifa Social de Energia Elétrica
Nesta seção será avaliada os limites de consumo que o consumidor precisa ter para ser
enquadrado na TSEE.
3.1.3. Programa Bolsa Família
Nesta seção realizaremos uma análise histórica dos valores do bolsa família e o custo
médio com energia elétrica e gás.
3.2. Pobreza energética e sustentabilidade
3.2.1. Revolusolar
3.2.2. Projeto Light
3.2.3. Minha Casa Minha Vida com placas solares
Conclusão
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REFERÊNCIAS
ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Ranking tarifas. Brasília, DF, 2022.
Disponível em: https://portalrelatorios.aneel.gov.br/luznatarifa/rankingtarifas. Acesso em: 01
jul. 2023.
EPE, Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional: relatório síntese 2023.
Brasília, DF, 2023. Disponível em: https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-748/topico-
681/BEN_S%C3%ADntese_2023_PT.pdf. Acesso em: 02 jul. 2023.
FIOCRUZ, Federação Oswaldo Cruz. Estudo alerta sobre potenciais riscos à saúde
causados pelo estresse térmico. Rio de Janeiro, RJ, 202. Disponível em:
https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-alerta-sobre-potenciais-riscos-saude-causados-pelo-
estresse-
termico#:~:text=O%20estresse%20t%C3%A9rmico%20no%20corpo,perda%20da%20agilida
de%20nas%20a%C3%A7%C3%B5es. Acesso em: 02 jul. 2023.
GIODA, A. et al. Exposição ao uso da linha para cocção no Brasil e sua relação com os
agravos à saúde da população. 2019. Disponível em:
https://www.scielosp.org/article/csc/2019.v24n8/3079-3088/. Acesso em: 02 jul. 2023.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Base de informações do Censo
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Demográfico 2010: Resultados do Universo por setor censitário. Rio de Janeiro, RJ, 2011.
IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Atlas da Violência. Rio de Janeiro, RJ,
2019. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/dados-series/20. Acesso em: 05
jul. 2023.
RIO DE JANEIRO(Cidade). Alerta Rio: dados meteorológicos. Rio de Janeiro, RJ, 2023.
Disponível em: http://websempre.rio.rj.gov.br/dados/11/. Acesso em: 05 jul. 2023.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia de Letras, 2000.
ZALUAR, Alba; SIQUEIRA, Isabel. Favelas sob o Controle das Milícias no Rio de
Janeiro. Disponível em:
http://www.produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v21n02/v21n02_08.pdf. Acesso em: 02 jul.
2023.