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Geração solar em

PARTE A

consumidores rurais
de baixa tensão:
Como determinar o payback de uma
geração solar considerando a
redução do desconto nas
tarifas rurais

1
PARTE A

Você sabia?
Com a redução dos descontos nas tarifas dos
clientes rurais, a instalação de uma geração
solar fotovoltaica fica muito mais atrativa. Os
cálculos (que você aprenderá a fazer neste
e-book) mostram que o tempo de retorno do
investimento (payback) de um sistema foto-
voltaico em consumidores rurais, que era de
mais de 7 anos, cairá para menos de 5 anos!

2
PARTE A

O que você
vai aprender
neste e-book:

01. Como funcionam os descontos dos consumidores rurais

02. Como está sendo a redução desses descontos

03. Como calcular as tarifas dos próximos anos, à medida em


que os descontos são reduzidos

04. Como estimar o payback de sistemas fotovoltaicos com as


tarifas atuais

05. Como estimar o payback de sistemas fotovoltaicos con-


siderando os aumentos nas tarifas provocados pelo fim dos
descontos

06. Como funciona a aplicação dos descontos para consumido-


res rurais irrigantes

07. Como calcular o impacto dessa redução dos descontos no


payback de uma microgeração solar em consumidores rurais
irrigantes negócio.

3
Autor
Daniel Vieira é doutor em energia solar, um
dos responsáveis técnicos pela regulamen-
tação da micro e minigeração no Brasil e
professor do Instituto LUMIS.

Confira abaixo um resumo do currículo


do professor:

• Doutor em Engenharia Elétrica pela


Universidade de Brasília

• Mestre em Engenharia para o


Desenvolvimento Sustentável pela
Universidade de Cambridge, na Inglaterra

• Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília

• Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Uberlândia

• Especialista em Regulação da Agência Nacional de Energia


Elétrica – ANEEL* há mais de 14 anos

• Integrante da equipe técnica responsável pela regulamentação


da geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil

• Participou da autoria e revisão técnica de diversos documen-


tos, tais como: o Caderno Temático ANEEL de Micro e Minigeração
Distribuída, o Guia de Microgeradores Fotovoltaicos, o Guia de
Microgeradores Eólicos, o Guia de Constituição de Cooperativas
de Geração Distribuída Fotovoltaica, dentre outros.

*As informações constantes neste e-book são de autoria do professor, com base em da-
dos públicos e acessíveis, sem qualquer participação da ANEEL e não necessariamente
refletem a posição da Agência.
PARTEAA
PARTE

Consumidores
rurais que não
fazem irrigação

1
PARTE A

A1. Consumidores rurais, microgera-


ção e o desconto nas tarifas
Apesar de consumidores rurais terem uma ampla disponibilidade de
áreas para instalação de painéis solares em suas fazendas e sítios,
além de uma ampla oferta de financiamen-
tos para produtores rurais, apenas 7,2%
das usinas de geração de energia solar
são instaladas em consumidores rurais1.
Apenas

Isso acontece porque, até 2019, esses con-


sumidores tinham descontos da ordem de
7,2%
30% em suas contas de luz. Com esse des- da geração está localizada em
conto, muitas vezes não era economicamente consumidores rurais
atrativo gerar a sua própria energia por meio
de painéis solares fotovoltaicos.

Contudo, essa realidade tem se transformado rapidamente, fazendo


com que os consumidores rurais sejam um nicho de mercado muito
atrativo para o mercado fotovoltaico dos próximos anos.

Isso porque os descontos aplicáveis a esses consumidores têm


reduzido ano a ano e, a partir de 2023, não haverá mais os descontos.

1 Do total de mais de 590 mil consumidores com geração distribuída, apenas


cerca de 43 mil são pertencentes à classe de consumo “Rural”, conforme dados
disponíveis em www.aneel.gov.br/geracao-distribuida.

2
PARTE A

Assim, os consumidores rurais têm percebido um acréscimo con-


siderável em suas faturas de energia elétrica, o que os fará buscar
novas alternativas para reduzir suas contas.

E esse mercado é gigantesco: atu-

5 almente, em todo o país, exis-


tem quase 5 milhões de con-

milhões
sumidores rurais, sendo que
menos de 0,8% deles geram
sua própria energia.
de consumidores rurais

Com a redução nos descontos, o tempo de retorno de um sistema


de geração solar fotovoltaico (payback) reduzirá significativamente,
tornando o investimento em geração própria ainda mais atrativo.

Nesse cenário, é importantíssimo que o cálculo do payback da ge-


ração considere esse “aumento” nas tarifas (provocado pela redu-
ção dos descontos) que ocorrerá nos próximos anos, de maneira a
mostrar aos clientes rurais a real atratividade do negócio.

Ao estimar a atratividade da instalação de uma microgeração solar,


muitos profissionais acabam considerando apenas a tarifa atualmente
paga pelos consumidores. No caso das fazendas e sítios, essa prática é
um erro que leva a subestimar os reais benefícios monetários da ener-
gia solar.

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PARTE A

É por isso que este e-book foi feito:


• para ajudar os profissionais a entenderem como a redução dos
descontos de consumidores rurais afeta o retorno do investi-
mento em energia solar
• para explicar, com casos práticos numéricos, como
calcular de maneira correta o payback de um in-
vestimento em geração fotovoltaica em um
consumidor rural
• para mostrar que sistemas que
até 2019 eram inviáveis econo-
micamente, passarão a ser
muito atrativos nos pró-
ximos anos

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PARTE A

A2. A redução dos descontos


Consumidores rurais conectados na baixa tensão2 (220 V ou 127
V) possuíam, até 2018, desconto3 de 30% em relação aos demais
consumidores atendidos pelo mesmo nível de tensão (residências,
comércios e pequenas indústrias).
Em 2019, um novo Decreto4 determinou que esse desconto seria
reduzido “à razão de vinte por cento ao ano sobre o valor inicial,
até que a alíquota seja zero”.

Outros consumidores (que não são objeto deste e-book) tam-


bém possuem descontos que estão sendo reduzidos. A lista
abaixo apresenta quais são esses demais consumidores e o
desconto original (em 2018) a que eles tinham direito:
• Consumidores rurais do Grupo A: 10%;
• Cooperativa de Eletrificação Rural: 30%;
• Estações de tratamento de água, esgoto e saneamento: 15%;
• Serviço Público de Irrigação do Grupo B: 40%.

2 Consumidores conectados em baixa tensão são também denominados de


Consumidores do “Grupo B”, enquanto aqueles conectados em alta tensão (acima
de 2.300 V) são pertencentes ao “Grupo A”.

3 Desconto estabelecido no inciso V do §2º do art. 1º do Decreto nº 7.891, de


2013.

4 Decreto nº 9.642, de 2018

5
PARTE A

Em outras palavras, o desconto de 30% passaria a ser 24% em


2019, 18% em 2020 e assim sucessivamente, conforme apresen-
tado na Tabela abaixo.

Desconto Redução do Desconto


Ano
Original Desconto Final

2018 30% 0% 30%

2019 30% 20% 24%

2020 30% 40% 18%

2021 30% 60% 12%

2022 30% 80% 6%

2023 30% 100% 0%

É importante destacar que a redução do desconto não aconte-


ce no início de cada ano, mas sim na data de revisão ou reajuste
tarifário da distribuidora que atende o consumidor. Para saber a
data de reajuste/revisão da sua distribuidora, veja o Anexo deste
e-book5.
Para entender melhor esse desconto, suponhamos que a tarifa sem
desconto (já com impostos) em um determinado local seja de 1 real
por quilowatt-hora (1 R$/kWh).
Nesse caso, um consumidor rural naquela região teria, até 2018,
uma tarifa de 70 centavos de real por quilowatt-hora (0,70 R$/kWh).

5 Dados obtidos com base em processos tarifários anteriores. Pode haver al-
terações. Para saber a data exata, consulte o site https://www.aneel.gov.br/
resultado-dos-processos-tarifarios-de-distribuicao

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PARTE A

Com a perda dos descontos, a tarifa dele aumentaria um pouco a


cada ano6, conforme mostra a tabela a seguir:

Tarifa sem Tarifa


Ano desconto Desconto aplicável
(R$/kWh) (R$/kWh)

2018 1,00 30% 0,70

2019 1,00 24% 0,76

2020 1,00 18% 0,82

2021 1,00 12% 0,88

2022 1,00 6% 0,94

2023 1,00 0% 1,00

Com base nesses valores, se esse consumidor rural consumisse


cerca de 1000 kWh por mês, ele pagaria, em 2018, uma fatura
mensal de R$ 700,00.
Em 2019, com a perda de parte do desconto, a tarifa dele teria
subido para 0,76 e, portanto, mesmo que ele mantivesse o con-
sumo em 1000 kWh, a conta de luz aumentaria para R$ 760,00.
Em 2020, a fatura teria subido para R$ 820,00.
Em 2021, a conta passaria para R$ 880,00.
Em 2022, iria para R$ 940,00.
A partir de 2023, a fatura passaria a ser R$ 1.000,00 por mês.
6 Neste exemplo, estamos considerando apenas o efeito do fim dos descontos.
Caso consideremos também os reajustes anuais das tarifas, os aumentos seriam
ainda maiores.

7
PARTE A

Note que, mesmo sem nenhum aumento no consumo, a conta de


luz desses consumidores está aumentando consideravelmente
devido ao fim do desconto.
Além dos aumentos decorrentes do fim do desconto, a tarifa dos
consumidores rurais também está sujeita aos reajustes tarifários
anuais, o que faz com que as contas de luz desses clientes au-
mentem consideravelmente, mesmo sem que haja qualquer au-
mento no consumo.

Por causa disso, a procura desses consumidores por ações de efici-


ência energética e por geração solar tem aumentado muito (e deve
aumentar ainda mais no futuro próximo!)

Por isso, é essencial sabermos quais os impactos desse cenário


na viabilidade da instalação de uma pequena central de ge-
ração solar em consumidores rurais. Em muitos casos,
projetos que eram inviáveis há cerca de 3 anos,
hoje podem ter se tornado investimen-
tos bastante atrativos, como
será mostrado na se-
ção seguinte.

8
PARTE A

A3. Impactos do desconto rural na


viabilidade de uma geração solar
Imaginemos que um consumidor fosse proprietário de uma fa-
zenda atendida pela distribuidora com as tarifas que vimos na
seção anterior. Vamos imaginar ainda que esse consumidor fez
um orçamento para instalação do sistema de geração de energia
solar abaixo:

Energia gerada: 100 kWh/mês


Custo do sistema: R$ 5.900,00

Caso esse fazendeiro tivesse feito os cálculos do payback simples


desse investimento em 2018, ele consideraria que a tarifa dele
seria de 0,70 R$/kWh e, como os painéis irão gerar 100 kWh por
mês, o desconto mensal na sua conta de luz seria de R$ 70,007.
Assim, o payback desse sitema seria:

Economia mensal = R$ 70,00


Economia anual = 12 x R$ 70,00 = R$ 840,00
Payback = Custo / Economia anual = R$ 5.900 / R$ 840 = 7 anos

7 Aqui é importante ressaltar que o cálculo efetivo da economia gerada por uma
microgeração deve considerar diversos outros fatores (custo de disponibilidade,
isenções de ICMS, simultaneidade entre consumo e geração, componentes tari-
fárias etc.). Neste e-book, para fins didáticos, estamos considerando que 1 kWh
gerado implica na economia de 1 kWh na conta de luz.

9
PARTE A

Acontece que a conta feita em 2018 não consideraria que a eco-


nomia seria cada vez maior nos anos seguintes, tendo em vista que
as tarifas também serão maiores (por causa da perda gradual do
desconto rural).
Dessa forma, caso esse mesmo consumidor fizesse os cálculos
do tempo de retorno do investimento depois que os seus descon-
tos forem extintos (em 2023), ele chegaria num payback8 bem
menor (e, portanto, num investimento bem mais atrativo!), con-
forme abaixo:

Economia mensal = 100 kWh x 1 R$/kWh = R$ 100,00


Economia anual = 12 x R$ 100 = R$ 1.200,00
Payback = Custo / Economia anual = R$ 5.900 / 1.200 = 4,9 anos

Esses cálculos mostram que o sistema que, em 2018, se pagaria


somente em 7 anos, vai passar a se pagar em apenas 4,9 anos com
o fim dos descontos.
Em outras palavras, a instalação
da geração solar nessa fazenda passará a ser muito mais
atrativa.
Para ilustrar melhor esse efeito e mostrar como devem ser feitos
os cálculos durante este momento de transição, a seção seguinte
apresenta um estudo de caso prático.

8 O payback aqui é calculado de maneira simplificada. Um cálculo mais robusto,


deveria considerar também outros efeitos, tais como a redução anual da ener-
gia gerada, algum custo de manutenção, as bandeiras tarifárias, a inflação, os
reajustes anuais das tarifas energia elétrica etc. Como, neste e-book, o objetivo é
mostrar o efeito da redução do desconto rural na melhoria do payback, optamos
por fazer o cálculo do payback mais simples.

10
PARTE A

A4. Caso prático


Neste exemplo prático, vamos aprender a calcu-
lar o payback de uma geração solar fotovoltaica
de 5 kWp em um cliente rural em Sorocaba, no
interior de São Paulo (área de concessão da CPFL
Piratininga)9.

Dados de entrada:
• Custo do sistema: R$ 25.000,00
• Energia mensal gerada (estimativa): 625 kWh
• Tarifa consumidores residenciais urbanos: 0,68 R$/kWh
• Tarifa consumidores rurais: 0,56 R$/kWh

Neste exemplo, vamos considerar que o sistema foi instalado em


agosto/2021. Note que a tarifa dos consumidores rurais é 18% infe-
rior à tarifa dos consumidores residenciais urbanos10. Isso porque,
na CPFL Piratininga, o reajuste tarifário ocorre somente em 23
de outubro. Assim, somente a partir dessa data que o desconto
cairá para 12%, conforme Tabela da página 6.

9 Os valores de tarifas foram obtidos da Resolução Homologatória das tarifas da


CPFL Piratininga, acrescidos de ICMS (alíquota de 18%) e de PIS/Cofins (alíquota
estimada de 5%). O valor original da tarifa urbana da CPFL Piratininga é 0,53355
R$/kWh (sem considerar os impostos). Todos os valores de tarifas deste exemplo
ilustrativo estão arredondados na segunda casa decimal.

10 Calculada da seguinte forma: 0,68 x (1 - 18%) = 0,56

11
PARTE A

A4.1 Payback em 2021 sem considerar fim dos descontos


Caso o cálculo do payback para esse consumidor fosse feito, de
maneira errônea, considerando-se apenas a sua tarifa atual, as
contas seriam feitas da seguinte forma:

Economia mensal = Energia mensal gerada x Tarifa


= 625 x 0,56 R$/kWh
= R$ 350,00
Economia anual = 12 x Economia mensal
= 12 x R$ 350
= R$ 4.200,00
Payback = Custo / Economia anual
= R$ 25.000 / R$ 4.200
= 5,95 anos

Nesse exemplo, o sistema se pagaria em quase seis anos (5,95


anos) porque nós calculamos o tempo de retorno do investimento
considerando que a tarifa do cliente continuaria indefinidamente
com o desconto (que atualmente está em 18% na área atendida
pela CPFL Piratininga).
Acontece que esse desconto cairá para 12% após o reajuste ta-
rifário de 2021 (que será em 23 de outubro) e, em 2022, cairá
novamente para 6%, sendo enfim reduzido a 0% em 2023 (esses
percentuais são aqueles mostrado na Tabela da página 6).
Por isso, o cálculo correto do payback deve considerar essa redu-
ção do desconto, conforme mostraremos no item seguinte.

12
PARTE A

A4.2 Payback em 2021 considerando a redução gradual


dos descontos
Para determinar o tempo de retorno considerando-se que a eco-
nomia será diferente a cada mês (em razão da redução do des-
conto rural) é necessário saber o número de meses em que o
consumidor terá cada um dos descontos e, em seguida, calcular
qual será o desconto para cada período.
Vamos lembrar que, neste caso prático, o sistema teria sido ins-
talado em agosto/2021. Nesse caso, considerando que o reajuste
tarifário da CPFL Piratininga ocorre em 23 de outubro, o consu-
midor teria o desconto de 18% somente em agosto, setembro e
outubro/2021.
Após a revisão tarifária, o desconto cai para 12% e permanece
nesse nível de novembro/2021 até outubro/2022. Na sequência,
o desconto diminui novamente, para 6%, durante os 12 meses se-
guintes. Por fim, o desconto é zerado a partir de novembro/2023.
A Tabela abaixo resume os descontos e a economia mensal em
cada um desses períodos11.
Percentual Tarifa (com
Período Economia
de Desconto Impostos)

agosto a outubro/2021 18% 0,56 350

novembro/2021 a outubro/2022 12% 0,60 375

novembro/2022 a outubro/2023 6% 0,64 400

após novembro/2023 0% 0,68 425

11 Na tabela, a tarifa de cada ano é calculada pela multiplicação da tarifa sem


descontos (0,68 R$/kWh) por (1 – percentual de desconto). Já a economia mensal
é obtida pela multiplicação da energia gerada (625 kWh) pela tarifa do ano.

13
PARTE A

Com base na Tabela, é possível perceber que o consumidor eco-


nomizará 350 reais durante 3 meses (ago a out/2021), 375 reais
durante os próximos 12 meses (nov/2021 a out/2022) e 400 reais
nos 12 meses seguintes (nov/2022 a out/2023).
Ou seja, nesses primeiros 27 meses, ele economizará R$ 10.350,0012.
Assim, dos R$ 25.000,00 investidos, ele terá economizado R$
10.350,00 até o 27º mês, faltando ainda recuperar os R$ 14.650,00
restantes13.
A partir do 28º mês, a economia será sempre de R$ 425,00.
Portanto, ele precisará de mais 34,47 meses para economizar o
restante14.
Somando-se os 27 meses iniciais (em que ele economizou R$
10.350,00) com os 34,47 meses seguintes (necessários para eco-
nomizar mais R$ 14.650,00), concluímos que ele precisará de 61,47
meses para obter o retorno de seu investimento.
Portanto, o sistema se pagará em 5,12 anos15.

Nota-se aqui que o payback desse sistema é de 5,12


anos (e não de 5,95 anos conforme erroneamente calculado
no item anterior).

12 Calculado da seguinte forma: 3 x 350 + 12 x 375 + 12 x 400 = 10.350

13 Calculado da seguinte forma: 25.000 – 10.350 = 14.650

14 Calculado da seguinte forma: 14.650 / 425 = 34,47

15 Calculado da seguinte forma: 61,47 / 12 = 5,12

14
PARTE A

Uma outra forma de se obter esse tempo de retorno do inves-


timento é simplesmente pela construção de uma tabela com a
economia mensal acumulada mês a mês e o fluxo de caixa, con-
forme Tabela abaixo.
Coluna A Coluna B Coluna C Coluna D Coluna E

Percentual Economia Economia Fluxo de


Mês
de Desconto Mensal Acumulada Caixa

0 – – – – -R$ 25.000

1 ago/2021 18% R$ 350 R$ 350 -R$ 24.650

2 set/2021 18% R$ 350 R$ 700 -R$ 24.300

3 out/2021 18% R$ 350 R$ 1.050 -R$ 24.950

4 nov/2021 12% R$ 375 R$ 1.425 -R$ 23.575

5 dez/2021 12% R$ 375 R$ 1.800 -R$ 23.200

6 jan/2022 12% R$ 375 R$ 2.175 -R$ 22.825

7 fev/2022 12% R$ 375 R$ 2.550 -R$ 22.450

8 mar/2022 12% R$ 375 R$ 2.925 -R$ 22.075

9 abr/2022 12% R$ 375 R$ 3.300 -R$ 21.700

10 mai/2022 12% R$ 375 R$ 3.675 -R$ 21.325

11 jun/2022 12% R$ 375 R$ 4.050 -R$ 20.950

12 jul/2022 12% R$ 375 R$ 4.425 -R$ 20.575

13 ago/2022 12% R$ 375 R$ 4.800 -R$ 20.200

14 set/2022 12% R$ 375 R$ 5.175 -R$ 19.825

15 out/2022 12% R$ 375 R$ 5.550 -R$ 19.450

16 nov/2022 6% R$ 400 R$ 5.950 -R$ 19.050

17 dez/2022 6% R$ 400 R$ 6.350 -R$ 18.650

18 jan/2023 6% R$ 400 R$ 6.750 -R$ 18.250

15
PARTE A

Coluna A Coluna B Coluna C Coluna D Coluna E


Percentual Economia Economia Fluxo de
Mês
de Desconto Mensal Acumulada Caixa
19 fev/2023 6% R$ 400 R$ 7.150 -R$ 17.850

20 mar/2023 6% R$ 400 R$ 7.550 -R$ 17.450

21 abr/2023 6% R$ 400 R$ 7.950 -R$ 17.050

22 mai/2023 6% R$ 400 R$ 8.350 -R$ 16.650

23 jun/2023 6% R$ 400 R$ 8.750 -R$ 16.250

24 jul/2023 6% R$ 400 R$ 9.150 -R$ 15.850

25 ago/2023 6% R$ 400 R$ 9.550 -R$ 15.450

26 set/2023 6% R$ 400 R$ 9.950 -R$ 15.050

27 out/2023 6% R$ 400 R$ 10.350 -R$ 14.650

28 nov/2023 0% R$ 425 R$ 10.775 -R$ 14.225

29 dez/2023 0% R$ 425 R$ 11.200 -R$ 13.800

30 jan/2024 0% R$ 425 R$ 11.625 -R$ 13.375

31 fev/2024 0% R$ 425 R$ 12.050 -R$ 12.950

32 mar/2024 0% R$ 425 R$ 12.475 -R$ 12.525

33 abr/2024 0% R$ 425 R$ 12.900 -R$ 12.100

34 mai/2024 0% R$ 425 R$ 13.325 -R$ 11.675

35 jun/2024 0% R$ 425 R$ 13.750 -R$ 11.250

36 jul/2024 0% R$ 425 R$ 14.175 -R$ 10.825

37 ago/2024 0% R$ 425 R$ 14.600 -R$ 10.400

38 set/2024 0% R$ 425 R$ 15.025 -R$ 9.975

39 out/2024 0% R$ 425 R$ 15.450 -R$ 9.550

40 nov/2024 0% R$ 425 R$ 15.875 -R$ 9.125

41 dez/2024 0% R$ 425 R$ 16.300 -R$ 8.700

16
PARTE A

Coluna A Coluna B Coluna C Coluna D Coluna E

Percentual Economia Economia Fluxo de


Mês
de Desconto Mensal Acumulada Caixa

42 jan/2025 0% R$ 425 R$ 16.725 -R$ 8.275

43 fev/2025 0% R$ 425 R$ 17.150 -R$ 7.850

44 mar/2025 0% R$ 425 R$ 17.575 -R$ 7.425

45 abr/2025 0% R$ 425 R$ 18.000 -R$ 7.000

46 mai/2025 0% R$ 425 R$ 18.425 -R$ 6.575

47 jun/2025 0% R$ 425 R$ 18.850 -R$ 6.150

48 jul/2025 0% R$ 425 R$ 19.275 -R$ 5.725

49 ago/2025 0% R$ 425 R$ 19.700 -R$ 5.300

50 set/2025 0% R$ 425 R$ 20.125 -R$ 4.875

51 out/2025 0% R$ 425 R$ 20.550 -R$ 4.450

52 nov/2025 0% R$ 425 R$ 20.975 -R$ 4.025

53 dez/2025 0% R$ 425 R$ 21.400 -R$ 3.600

54 jan/2026 0% R$ 425 R$ 21.825 -R$ 3.175

55 fev/2026 0% R$ 425 R$ 22.250 -R$ 2.750

56 mar/2026 0% R$ 425 R$ 22.675 -R$ 2.325

57 abr/2026 0% R$ 425 R$ 23.100 -R$ 1.900

58 mai/2026 0% R$ 425 R$ 23.525 -R$ 1.475

59 jun/2026 0% R$ 425 R$ 23.950 -R$ 1.050

60 jul/2026 0% R$ 425 R$ 24.375 -R$ 675

61 ago/2026 0% R$ 425 R$ 24.800 -R$ 200

62 set/2026 0% R$ 425 R$ 25.225 R$ 225

63 out/2026 0% R$ 425 R$ 25.650 R$ 650

64 nov/2026 0% R$ 425 R$ 26.075 R$ 1.075

17
PARTE A

É possível verificar, na Coluna D (Economia acumulada), que na


linha 61 (equivalente ao 61º mês) a economia total do consumidor
é de R$ 24.800,00, que é quase igual ao custo total investido, de
R$ 25.000,00.
Na linha 62, a economia acumulada já atinge o valor de R$
25.225,00, que é mais do que o investimento inicial. Dessa for-
ma, podemos concluir que o investimento se paga entre 61 e 62
meses, que equivale a cerca de 5,12 anos!
Uma outra forma de determinar o tempo de retorno do investi-
mento é através do Fluxo de Caixa. Na Coluna E (Fluxo de Caixa),
é possível perceber que o sistema se paga logo após o 61º mês,
pois o fluxo de caixa começa a ficar positivo a partir daí.

Atenção:
Muitos integradores, infelizmente, acabam fazendo os
cálculos do payback da maneira incorreta mostrada no
item A4.1.
O cálculo correto mostra a real atratividade econômica
do projeto de energia solar e faz com que consumidores
rurais que instalam energia solar deixem de arcar com
grande parte do aumento nas suas contas de luz.

18
PARTE A

4.3 Payback a partir de 2023

Como vimos no item anterior, o desconto para consumidores ru-


rais acabará a partir de 2023.
Para o nosso caso prático (consumidor rural do grupo B atendido
pela CPFL Piratininga), a economia mensal passará a ser calcu-
lada com base na tarifa sem qualquer desconto (que atualmente
é de R$ 0,68/kWh).
Portanto, o payback passará a ser:

Economia mensal = Energia mensal gerada x Tarifa


= 625 x 0,68 R$/kWh
= R$ 425,00
Economia anual = 12 x Economia mensal
= 12 x R$ 425
= R$ 5.100,00
Payback = Custo / Economia anual
= R$ 25.000 / R$ 5.100
= 4,90 anos

Note que, no cálculo feito erroneamente com base somente na


tarifa atualmente vigente, o payback era de mais de 1 ano a mais
(5,95 anos).
Quando consideramos o fim do desconto dado aos consumidores

19
PARTE A

rurais, esse valor cai para 4,90 anos! Se levarmos em conta tam-
bém eventuais reajustes tarifários, esse payback seria ainda menor!
Bom, agora que você já sabe tudo sobre o desconto dos consu-
midores rurais, quer dar um passo adiante?
Vamos aprender, na seção seguinte, como o desconto rural (e sua
redução) se aplica a consumidores rurais que fazem irrigação (ru-
rais irrigantes).

20
PARTE B

Consumidores
rurais irrigantes
PARTE B

B1. O desconto de irrigação


Consumidores rurais que fazem irrigação possuem um descon-
to adicional para que possam utilizar energia elétrica para irrigar
suas plantações durante a noite. Esse desconto é aplicado nor-
malmente das 21h30 de um dia até as 6h do dia seguinte. Neste
e-book, chamaremos esse período de horário reservado1.
Durante o horário reservado, esses consumidores têm um des-
conto adicional que depende da região do país onde ele está lo-
calizado, conforme Tabela a seguir2.

Percentual de desconto para irri-


Região
gação no Grupo B
Nordeste e demais municípios da
73%
área de atuação da SUDENE
Norte, Centro-Oeste e demais
67%
Municípios de Minas Gerais
Demais regiões 60%

1 A regulamentação não dá um nome específico para esse horário. Muitas dis-


tribuidoras o chamam de “horário reservado”, mas há locais onde esse período é
denominado de outras formas, como: “horário especial”, “período reservado”, “pe-
ríodo de irrigação” etc.

2 Caso queira ler o regulamento que trata desse tema, basta procurar pelos ar-
tigos 53-J, 53-K e 53-L da Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010, disponível
em http://www.aneel.gov.br/cedoc/bren2010414.pdf.

22
PARTE B

B2 A cumulatividade do desconto de
consumidores rurais com o desconto
de irrigação
Para consumidores rurais do Grupo B, o percentual de descon-
to da Tabela acima é cumulativo com o desconto aplicável aos
demais consumidores rurais em baixa tensão (aquele desconto
que era de 30% e que está diminuindo, conforme vimos na seção
anterior)!

Mas cuidado: não basta “somar” os dois percentuais de descon-


to. A regra diz que primeiro é preciso aplicar o desconto do rural
normal (aqueles da Tabela da página 6) e, só depois, aplicar o
desconto do irrigante (esses da Tabela da página anterior).

Por exemplo, um consumidor rural irrigante localizado em São


Paulo em 2018 tinha um desconto de 30% (em qualquer horário)
e um desconto adicional de 60% no horário reservado. Assim, se
a tarifa dos consumidores residenciais urbanos for 1 R$/kWh, a
tarifa aplicada a esse consumidor no horário reservado será:

1º - Aplica-se o desconto do rural:


Tarifa rural = Tarifa sem desconto x (1 - 30%)
= 1,00 x 0,70 = 0,70 R$/kWh
2º - Aplica-se o desconto do irrigante sobre a tarifa rural:
Tarifa rural irrigante = Tarifa rural x (1 - 60%)
= 0,70 x 0,40 = 0,28 R$/kWh

23
PARTE B

A tabela abaixo resume as tarifas desse consumidor no horário


“normal” (não reservado) e no horário reservado.

Tarifa com os descontos (consi-


Desconto Desconto
Período derando que a tarifa sem des-
rural irrigação
contos seja 1 R$/kWh)
Horário não reservado
(entre 6h e 21h30) 30% - 0,70 R$/kWh
Horário reservado
(entre 21h30 e 6h do 30% 60% 0,28 R$/kWh
dia seguinte)

Atenção:
Neste e-book, estamos tratando de fazendas, sítios e outras
propriedades rurais que fazem irrigação. Cuidado para não
o confundir com a subclasse “serviço público de irrigação
rural”, que tem outros descontos, mas se refere somente
a atividades desenvolvidas por entidade pertencente ou
vinculada ao serviço público Federal, Estadual ou Municipal.

24
PARTE B

B3 O impacto do fim do desconto de


consumidores rurais em consumido-
res que fazem irrigação
Os descontos aplicáveis ao período de irrigação (horário reserva-
do) não têm previsão para acabar nos próximos anos. Contudo,
conforme vimos anteriormente neste e-book, o desconto aplicado
a consumidores rurais está sendo reduzido anualmente. Isso faz
com que haja impactos significativos nas tarifas dos consumido-
res rurais que fazem irrigação.
Isso porque, sem o desconto aplicável a consumidores rurais, es-
ses consumidores passarão a pagar, durante o horário “normal”
(não reservado), a tarifa sem nenhum desconto e, durante o ho-
rário reservado, a tarifa somente com o desconto de irrigação.
No nosso exemplo, em que a tarifa sem desconto é de 1 R$/kWh
e o consumidor está localizado no Estado de São Paulo, as tarifas
(a partir de 2023) passarão a ser assim:

Tarifa com os descontos (consi-


Desconto Desconto
Período derando que a tarifa sem des-
rural irrigação
contos seja 1 R$/kWh)
Horário não reservado
(entre 6h e 21h30) - - 1,00 R$/kWh
Horário reservado
(entre 21h30 e 6h do - 60% 0,40 R$/kWh
dia seguinte)

Isso tem impactos muito significativos na atratividade da micro-


geração solar fotovoltaica. Na seção seguinte, calcularemos esse
impacto para um caso prático.

25
PARTE B

B4. Caso prático


Vamos agora calcular o payback de uma gera-
ção solar fotovoltaica de 30 kWp em um cliente
rural irrigante em Uberlândia, no interior de Minas
Gerais (área de concessão da CEMIG)3.

Dados de entrada:
• Custo do sistema: R$ 130.000,00
• Energia mensal gerada (estimativa): 4000 kWh
• Tarifa consumidores residenciais urbanos: 0,74 R$/kWh (com
impostos)
• Tarifa consumidores rurais: 0,65 R$/kWh (com impostos e já com o des-
conto de consumidores rurais)

Note que a tarifa dos consumidores rurais é 12% inferior à tarifa


dos consumidores residenciais urbanos4. Isso porque, na CEMIG,
o reajuste tarifário ocorreu em 28 de maio de 2021. Assim, desde
essa data, o desconto já é o de 12%, conforme Tabela da pág. 6.

3 Os valores de tarifas foram obtidos da Resolução Homologatória das tarifas da


CEMIG, acrescidos de ICMS (alíquota de 12%) e de PIS/Cofins (alíquota estimada
de 5%). Em MG, a alíquota de ICMS de consumidores rurais é de 12%. Todavia, a
alíquota aplicável ao período reservado de consumidores que fazem irrigação é
de 7%. Para simplificar os cálculos deste e-book, estamos desconsiderando essa
diferença na alíquota de ICMS no horário de irrigação e estamos adotando uma
alíquota única de 12%.

4 Calculada da seguinte forma: 0,74 x (1 - 12%) = 0,65

26
PARTE B

Vamos imaginar, nesse caso prático, que a energia será integral-


mente gerada no horário “normal” (não reservado).
Adotaremos também a premissa de que metade da energia ge-
rada (50% dos 4000 kWh/mês) será suficiente para compensar
todo o consumo no horário não reservado. Dessa forma, os outros
50% da energia gerada seriam utilizados para abater o consumo
no horário reservado.

IMPORTANTE:
Ao utilizar, no horário reservado, o excedente de energia gerado
no horário não reservado, não se aplica nenhum fator de ajuste!
O “fator de ajuste” (relação entre as componentes TE da tarifa)
somente é aplicado quando há postos tarifários diferentes, o que
não é o caso aqui!
Ou seja:
1 kWh gerado no horário não reservado
=
1 kWh para compensação no horário reservado

27
PARTE B

B4.1 Payback em 2021 sem considerar fim dos descontos


A tarifa dos consumidores rurais em Uberlândia-MG está atual-
mente em 0,65 R$/kWh, já considerando a aplicação do desconto
em relação à tarifa dos consumidores urbanos.
No horário reservado, essa tarifa terá ainda um desconto adicional
de 67% (conforme Tabela da página 22). Ou seja, a tarifa desse
nosso consumidor no horário reservado para irrigação será de:

Tarifa reservado = Tarifa não reservado x (1 - 67%)


= 0,65 x 0,33
=0,21 R$/kWh

Caso o cálculo do payback para esse consumidor fosse feito, de


maneira incorreta, considerando-se apenas a sua tarifa atual, a
economia mensal dele seria:

Economia mensal = Economia (não reservado) + Economia (reservado)


= 50% x Energia gerada x Tarifa não reservado
+ 50% x Energia gerada x Tarifa reservado
= 50% x 4000 x 0,65 + 50% x 4000 x 0,21
= R$ 1.300 + R$ 420
= R$ 1.720,00
Economia anual = 12 x R$ 1.720
= R$ 20.640,00
Payback = Custo / Economia anual
= R$ 130.000 / R$ 20.640
= 6,30 anos

28
PARTE B

Nesse exemplo, o sistema se pagaria em mais de seis anos (6,30


anos) porque nós calculamos o tempo de retorno do investimento
considerando que a tarifa do cliente continuaria indefinidamente
com o desconto (que atualmente está em 12% na área atendida
pela CEMIG).
Acontece que esse desconto cairá para 6% após o reajuste ta-
rifário de 2022 da distribuidora e será reduzido a 0% em 2023
(esses percentuais são aqueles mostrados na Tabela da página
6 deste e-book!).
Por isso, o cálculo correto do payback deve considerar essa redu-
ção dos descontos.
Para este caso prático, passaremos diretamente à forma de cál-
culo do payback para quando ocorrer a redução total do desconto,
em 2023, conforme seção B4.2 a seguir.

29
PARTE B

B4.2 Payback a partir de 2023


A partir de 2023, o consumidor rural irrigante do nosso exemplo
prático não terá mais o desconto de consumidores rurais (mas
permanecerá com o desconto de irrigação).
Nesse caso, a economia mensal no horário não reservado pas-
sará a ser calculada com base na tarifa sem qualquer desconto
(que é igual à tarifa de consumidores residenciais urbanos, atu-
almente em R$ 0,74/kWh). Já no horário reservado, a economia
deverá levar em conta a tarifa do horário não reservado com um
único desconto: o percentual de 67%, conforme abaixo:

Tarifa reservado = Tarifa não reservado x (1 - 67%)


= 0,74 x 0,33
=0,24 R$/kWh

Portanto, o payback passará a ser:

Economia mensal = Economia (não reservado) + Economia (reservado)


= 50% x Energia gerada x Tarifa não reservado
+ 50% x Energia gerada x Tarifa reservado
= 50% x 4000 x 0,74 + 50% x 4000 x 0,24
= R$ 1.480 + R$ 480
= R$ 1960,00
Economia anual = 12 x R$ 1.960
= R$ 23.520,00
Payback = Custo / Economia anual
= R$ 130.000 / R$ 23.520
= 5,53 anos

30
PARTE B

Note que, no cálculo feito erroneamente com base somente na


tarifa atualmente vigente, o payback era de mais de 6,30 anos.
Quando consideramos o fim do desconto dado aos consumidores
rurais, esse valor cai para 5,53 anos!
Se levarmos em conta também eventuais reajustes tarifários, esse
payback seria ainda menor!

Nota:
Se você utilizar os conhecimentos que aprendeu aqui para
calcular qual era o payback desse sistema em 2018, você
verá que o valor era de quase 8 anos!
Ou seja, se você deixou de trabalhar em algum proje-
to de consumidor rural irrigante no passado porque o
payback não valia a pena, refaça suas contas!!!
As alterações nas regras do desconto desses consumi-
dores podem ter trazido uma considerável melhora para
a atratividade econômica dos projetos!

31
PARTE C

Considerações
Finais

Considerações
finais
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os consumidores rurais passarão a ser um novo nicho de merca-


do para a energia solar, por causa da redução do desconto nas
tarifas, que está levando a uma melhoria considerável no tempo
de retorno dos investimentos.
Paybacks calculados há 2 ou 3 anos precisam ser revisados, con-
siderando-se a nova realidade (redução dos descontos) pois mui-
tos casos que anteriormente eram considerados pouco atrativos
economicamente, agora podem se mostrar extremamente viáveis!
O estudo de um caso prático de um consumidor rural atendido
pela CPFL Piratininga mostrou que, se calculado considerando-se
as tarifas atuais (de maneira incorreta, como infelizmente muitos
integradores têm feito atualmente), o payback seria de cerca de
5,95 anos. Os cálculos corretos, que aprendemos neste e-book,
mostraram que o payback atual é, na verdade, de 5,12 anos e,
em breve, será de apenas 4,9 anos. Isso mostra uma redução de
mais de um ano no tempo de retorno, somente pelo fato de o cál-
culo considerar a perda dos descontos.
Um outro caso prático, analisado em Minas Gerais, mostrou que
o payback de uma geração fotovoltaica de 30 kWp em um con-
sumidor rural irrigante, que era de cerca de 8 anos até 2018, pas-
sará a ser de aproximadamente 5 anos e meio (só por causa da
redução dos descontos, sem contar as bandeiras tarifárias, even-
tuais reajustes nas tarifas e possíveis reduções nos preços dos
equipamentos).
Os cálculos aqui apresentados foram feitos considerando-se al-
gumas simplificações, para evidenciar o efeito da redução do des-
conto no payback de sistemas de geração fotovoltaicos em clien-
tes rurais. É importante ter em mente que vários outros aspectos
influenciam no tempo de retorno de sistemas fotovoltaicos, tais

33
CONSIDERAÇÕES FINAIS

como os reajustes tarifários, a inflação, a forma de incidência de


ICMS, a simultaneidade entre o consumo e a geração, eventuais
custos de manutenção etc.
Este e-book mostrou como se aplicam atualmente os descontos
para consumidores rurais do Grupo B com e sem irrigação e en-
sinou como calcular o payback de uma microgeração solar consi-
derando a redução desses descontos.
Para conhecer outros nichos de mercado, atualizar-se sobre no-
vas regras do sistema de compensação e aprender modelos de
negócios inovadores, acesse www.institutolumis.com.br.

34
ANEXO Data de reajuste ou revisão de algumas concessionárias

UF Concessionária Data do reajuste/revisãoo


AC EAC 30-nov
AL Equatorial AL 28-set
AM AME 1-nov
AP CEA 30-nov
BA Coelba 22-abr
CE Enel CE 22-abr
DF CEB - Neoenergia 22-out
ES ELFSM 22-ago
ES EDP ES 7-ago
GO Enel GO 22-out
GO Chesp 22-nov
MA Equatorial MA 28-ago
MG CEMIG-D 28-mai
MG DMED 22-nov
MG EMG 24-jun
MS EMS 8-abr
MT EMT 8-abr
PA Equatorial PA 7-ago
PB EBO 4-fev
PB EPB 28-ago
PE Celpe 29-abr
PI Equatorial PI 28-set
PR COCEL 29-jun
PR COPEL-DIS 22-jun
PR Forcel 26-ago
RJ Enel RJ 15-mar

Atenção: esta tabela é apenas ilustrativa. Podem ter ocorrido mudanças nas datas. Para
saber a data exata de sua distribuidora, acesse https://www.aneel.gov.br/resultado-dos-
-processos-tarifarios-de-distribuicao, selecione a sua distribuidora e veja o ano do último
reajuste ou da última revisão. 35
ANEXO Data de reajuste ou revisão de algumas concessionárias

UF Concessionária Data do reajuste/revisãoo


RJ ENF 22-jun
RJ Light 15-mar
RN Cosern 22-abr
RO ERO 30-nov
RR Roraima Energia 1-nov
RS CEEE-D 22-nov
RS Demei 22-jul
RS Eletrocar 22-jul
RS Hidropan 22-jul
RS MUX-Energia 22-jul
RS RGE 19-jun
RS UHENPAL 22-mai
SC CELESC-DIS 22-ago
SC Cooperaliança 29-ago
SC EFLUL 29-ago
SC DCELT 29-ago
SC EFLJC 29-ago
SE ESE 22-abr
SE Sulgipe 22-mai
SP EDP SP 23-out
SP CPFL Paulista 8-abr
SP CPFL Piratininga 23-out
SP CPFL Santa Cruz 22-mar
SP Elektro 27-ago
SP Enel SP 4-jul
SP ESS 12-jul
TO ETO 4-jul

Atenção: esta tabela é apenas ilustrativa. Podem ter ocorrido mudanças nas datas. Para
saber a data exata de sua distribuidora, acesse https://www.aneel.gov.br/resultado-dos-
-processos-tarifarios-de-distribuicao, selecione a sua distribuidora e veja o ano do último
reajuste ou da última revisão. 36
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