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A Etnologia das Populações Indígenas do

Brasil, nas duas Últimas Décadas

Ju l io C e z a b M elatti

Parece que o desenvolvimento da Etnologia no Brasil está


intimamente relacionado com a evolução do ensino universi­
tário. Num trabalho hoje clássico, “ Tendências teóricas da
moderna investigação etnológica no Brasil” (republicado em
Investigação etnológica no Brasil e outros ensaios. Petrópolis:
Vozes, 1975), Florestan Fernandes (p. 119), por exemplo, faz
a distinção entre o primeiro quartel do corrente século, ca­
racterizado, sobretudo, pelas realizações de pesquisadores es­
trangeiros, e um período seguinte, quando surgem certas
possibilidades de desenvolvimento autônomo do ensino e da
pesquisa da Etnologia no Brasil. E aponta como motivos dessa
transformação a introdução do ensino de Ciências Sociais nas
universidades e a contratação de professores estrangeiros para
oferecê-lo; e ainda o aproveitamento de etnólogos na direção
de instituições de pesquisa ou de caráter indigenista. No refe­
rido texto, Fernandes faz uma avaliação da produção etno­
lógica desse segundo período. Curiosamente, na época em que
o publicou pela primeira vez, na revista Anhembi (1956-1957),
começava a se delinear um terceiro período na história da
Etnologia no Brasil.
De fato, a partir de 1955, realizaram-se umas poucas
vezes no Museu do índio e, a partir de 1960, no Museu Na­
cional, cursos de especialização que seriam os precursores dos
modernos cursos de pós-graduação em Antropologia, a come­
çar pelo do Museu Nacional, criado em 1968. Ou melhor, nesse
período, começam a se conjugar pesquisa e ensino, tanto nos
museus e institutos, que até então se dedicavam, principal­
mente, à pesquisa, como nas universidades, que lidavam, so­
bretudo com ensino, uma simbiose que havia ocorrido, até
então, somente na Universidade de São Paulo. Esses cursos
de especialização e, sobretudo, os de pós-graduação contribuí-

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ram para estimular e ampliar a produção etnológica no Brasil.
Não podemos nos esquecer, por outro lado, que a contribuição
de pesquisadores estrangeiros continuou; alguns se fizeram
notar pela mera realização de seus projetos particulares; mas
outros mostram sua presença com uma maior vinculação com
instituições brasileiras e/ou pela formação de pesquisadores
brasileiros em suas instituições de origem.
Mas, no que diz respeito, especificamente, à Etnologia
das populações indígenas, não se pode atribuir seu atual desen­
volvimento, exclusivamente, a uma influência direta dos
cursos de pós-graduação. Afinal de contas, das setenta disser­
tações de Mestrado apresentadas no Museu Nacional até o
presente ano, apenas cinco — ou seja, uns sete por cento —
se referem a indígenas. Das vinte e oito defendidas na Uni­
versidade de Brasília, somente seis — portanto, uma porcen­
tagem um pouco maior, de vinte e um por cento. Não tenho
as percentagens dos outros cursos. Mesmo no que se refere a
teses realizadas em universidades estrangeiras, nesse período,
por alunos brasileiros, a percentagem parece ser pequena, pois
apenas três se referem a grupos tribais (GOMES, 1977;
MATTA, 1976; RAMOS, 1972). De qualquer modo, a Etnologia
Indígena deve ter se beneficiado, indiretamente, com a criação
da pós-graduação, pois vêm concorrendo para melhorar o
nível dos cursos de graduação, bem como estimulando a pu­
blicação de traduções de textos importantes para orientar o
estudo de sociedades tribais (sobretudo na década dos Setanta,
ao contrário da década dos Sessenta, que foi um período de
tradução de manuais).
A época da criação do primeiro curso moderno de pós-
-graduação em Antropologia foi, também, a da devassa no
antigo SPI e conseqüente criação da FUNAI, quando inúmeras
denúncias apareceram no noticiário dos jornais. A partir de
então, os problemas indígenas passaram a freqüentar as pá­
ginas da imprensa de maneira mais assídua. Tenho a im­
pressão de que isso, em parte, se deve ao menor controle da
censura sobre o noticiário referente aos temas indígenas do
que ao concernente a outros problemas sociais, talvez consi­
derados menos inócuos. Sem dúvida, essa atenção da imprensa
contribuiu para a formação de um público mais alerta para
os temas referentes aos índios, culminando com a criação de
entidades não-governamentais de apoio aos índios — hoje em
número de, pelo menos dezesseis em todo o Brasil — e com a
mobilização dos próprios indígenas e ainda com o interesse
pelo estudo de grupos indígenas por parte de pesquisadores
ligados a disciplinas não antropológicas.

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De qualquer modo, a quantidade de pesquisas de caráter
etnológico, ou de interesse para a Etnologia, é bastante ex­
pressiva. Consultando uma lista de autorizações de pesquisa
elaborada na Divisão de Estudos e Pesquisas, na FUNAI, co­
brindo os anos de 1974 a 1980, foi possível identificar oitenta
e seis projetos, dos quais sessenta e nove desenvolvidos por
pesquisadores brasileiros (ou radicados no Brasil) — uns
oitenta por cento — e dezessete por estrangeiros — vinte por
cento — , para falar apenas daquelas que ainda não chega­
ram a um resultado acabado (indicadas, daqui por diante,
com a abreviação and., isto é, “ em andamento” ).
Esses números nos mostram que a situação de hoje é
muito diferente daquela de uns vinte anos atrás, quando os
etnólogos que se dedicavam aos índios, para não dizer todos
os antropólogos interessados no Brasil, constituíam um pe­
queno grupo em que todos se conheciam. Hoje é possível iden­
tificar vários grupos de pesquisadores, uns mais e outros
menos definidos. Esses grupos se reúnem em torno de deter­
minada linha temática, orientação teórica ou de ação, deter­
minada área, mas raramente em torno de determinada insti­
tuição. De fato, é muito difícil classificar os grupos de pesqui­
sadores por instituições, pois é comum encontrarmos casos de
etnólogos que se integram num projeto, formal ou tácitamen­
te, numa instituição, mas utilizam os dados obtidos para re­
dação de uma dissertação ou tese que apresentam em outra,
ou, então, que se transferem de uma instituição para outra,
levando consigo seus interesses e projetos.
É possível, de qualquer modo, classificar as instituições
segundo a amplitude da área geográfica em que incidem seus
projetos. Temos, assim, instituições de âmbito nacional, como
o Museu Nacional, a USP, a UnB, a UNICAMP ou mesmo o
CNRC (Centro Nacional de Referência Cultural) e o Museu
do índio. Outras são de âmbito regional, como o Museu Goeldi,
cujos projetos incidem sobretudo no Pará e no Amapá. E há
aquelas de âmbito estadual, como a UFBa, a UFPr, a UFSC etc.
Convém notar que, além dessas instituições, a maioria delas
mantidas pelo Governo, há também ordens religiosas que
fazem pesquisas nas áreas onde desenvolvem trabalho missio­
nário, como os Salesianos (Museu Dom Bosco, em Campo
Grande, MS) e os Jesuítas (Instituto Anchietano de Pesquisas,
em São Leopoldo, RS).
Na distribuição das pesquisas dessas duas últimas déca­
das em algumas linhas temáticas, que farei a seguir, tentarei,
sempre que possível, identificar grupos de pesquisadores.

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1 — Organização social e -política

Nos anos que precedem 1960, David Maybury-Lewis inicia


sua pesquisa com os Xavante, da qual resultou sua tese de
doutorado na Universidade de Oxford, posteriormente retra-
balhada e publicada (MAYBURY-LEWIS, 1967). Essa pes­
quisa serviu, também, de estímulo ao pesquisador, uma vez
instalado em Harvard como professor, para desenvolver, em
convênio com o Museu Nacional, da UFRJ, um projeto mais
amplo, sobre os índios do Brasil Central, especialmente os Jê,
no qual trabalhariam pesquisadores de ambas as instituições.
A realização do projeto permitiu a redação de várias teses de
doutouramento, sobre os Kayapó (TURNER, 1966), os Krin-
katí (LAVE, 1967), os Borôro (CROCKER, 1967) os Apinayé
(MATTA, 1976), os Krahó (MELATTI, 1970), todas apresen­
tadas em Harvard, com exceção da última, além de um volu­
me comparativo recentemente publicado (MAYBURY-LEWIS,
org., 1979). Nos Estados Unidos, os alunos de Harvard que
participaram do projeto se dispersaram por diferentes uni­
versidades, após obterem o doutorado. Um deles, Terence
Turner, tendo-se instalado em Chicago, parece estar dando
continuidade ao projeto (que talvez já não mais exista de
maneira formal), incentivando outros doutoramentos em so­
ciedades Jè: sobre os Suyá (SEEGER, 1974), os Xokléng
(URBAN, 1978), os Kreen Akarôre (Etephan SCHWARTZ-
MAN, and.). Outras pesquisas sobre grupos Jê, desenvolvidas
por pesquisadores de lmgua inglesa, vêm sendo desenvolvidas :
A longa investigação sobe os Canelas que William Croker, que
fez doutorado em Wisconsin (1962), vem desenvolvendo, até
hoje, como pesquisador da Smithsonian Institution e as pes­
quisas sobre os Erikpátsa (HAHN, 1976), os Kreen-Akarôre
(HEELAS, 1979), os Borôro (LEVAK,1971), os Karajá (DO­
NAHUE, and.) os Kayapó (Donald HUNDERFUND, and.).
Na Europa, uma pesquisadora francesa, que escreveu sobre
os Kayapó antes dos primeiros resultados do projeto Harvard-
-Museu Nacional (DREYFUS, 1963) orienta um pesquisador
belga que mantém mais intercambio com ele (VERSWIJVER),
1978). No Brasil, tanto na USP como na UNICAMP, desen-
volveram-se pesquisas com intenso intercambio com pesqui­
sadores do projeto Harvard-Museu Nacional e seus textos:
sobre os Borôro (VIERTLER, 1976), os Xikrín (VIDAL, 1977),
os Krahó (CARNEIRO DA CUNHA, 1978; Gilberto AZANHA,
and.); os Xavânte (SILVA RIBEIRO, 1980). Como alheios ao
projeto, podemos citar os últimos resultados das pesquisas
que, há várias décadas, os Salesianos vêm desenvolvendo entre

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os Borôro (ALBISETTI «fe VENTURELLI, 1962), e, mais recen­
temente, com os Xavânte (GIACCARIA & HEIDE, 1972).
Alguns pesquisadores indiretamente ligados ao projeto
Harvard-Museu Nacional realizaram suas pesquisas no Xingu,
estudando os Suyá (SEEGER, 1974), que são também Jê, e os
Txikâo (MENGET, s.d.), que são Karíb. Outros pesquisado­
res também desenvolveram, recentemente, estudos nesta área
sobre os Jurúna (OLIVEIRA, 1970), Kalapálo (BASSO, 1973),
Awetí (ZARUR, 1975) Kamayurá (JUNQUEIRA, 1975), Mei-
náku (GREGOR, 1977), Yawalapití (VIVEIROS DE CASTRO,
1977). Este ultimo pesquisador, juntamente com Seeger e
Matta, tem chamado a atenção para o fato de o estudo dos Jê
ter mostrado a importância de um outro enfoque para as
sociedades indígenas do Brasil Central, centrado na noção de
pessoa, distinto da orientação inglesa desenvolvida, sobretudo,
nos estudos africanos, com que se havia iniciado o projeto
Harvard-Museu Nacional. Algumas comunicações sobre esse
tema foram reunidos no Boletim do Museu Nacional, m.s.,
Antropologia, n.° 32, 1979. Enfim, o grupo, cada vez maior,
que se iniciou a partir desse projeto tem, através desses anos,
modificado sua orientação teórica, bem como ampliado a área
geográfica de seu interesse.
O projeto Harvard-Museu Nacional também incluía uma
pesquisa entre os Nambiquaras, por Cecil Cook, que não
chegou a se completar. Mas P. David Price, que tinha con­
tato com os participantes do projeto, realizou-a, elaborando
uma tese apresentada à Universidade de Chicago (PRICE,
1972). Outra pesquisa realizada na região foi sobre um grupo
Pakaá Nova (MASON, 1969).
Na região vizinha, mais ao norte, no médio Madeira, foi
desenvolvida uma pesquisa sobre os Parintintín (KRACKE,
1978) e está em andamento outra sobre os Múra Pirahân
(Adélia Engrácia de OLIVEIRA, and.). Há outra em anda­
mento sobre os Suruí e Cinta Larga (Carmem JUNQUEIRA
e Betty LAFER, and.), nos altos afluentes do médio Madeira.
Uma área que vem suscitando muito interesse nos últi­
mos anos é a dos Yanoâma. Para citar apenas aquelas reali­
zadas do lado brasileiro da fronteira, temos a de Hans BE-
CHER (1960), a de Alcida RAMOS (1972), a de Judith SHA­
PIRO (1972) e a de Bruce ALBERT (and.), além das infor­
mações presentes no depoimento tomado por BIOCCA (1965).
Na região vizinha do norte do Pará, temos uma tese apre­
sentada à Universidade de Colúmbia sobre os Wayâna (LA-

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POINTE, 1970) e outra sobre o Waiwái na Universidade de
Copenhaguen (FOCK, 1963).
Na região do rio Negro, Peter SILVERWOOD-COPE,
atualmente trabalhando na UnB, continua a pesquisa com
os Makú do lado brasileiro, após ter feito tese de doutoramento
em Cambridge sobre os Makú do lado colombiano (1972).
Também sobre os Makú, do lado brasileiro, há a pesquisa de
Howard REID (1979).
Perto da fronteira com o Peru, em tributários do rio Ja­
varí, Delvair Montagner Melatti e eu temos em andamento
uma pesquisa com índios Marúbo.
É digno de nota registrar um outro estudo comparativo
que se realizou no período em questão. Trata-se do estudo da
organização social dos atuais grupos Tupi, de Roque Laraia,
apresentado como tese de doutoramento na USP (LARAIA,
1972), baseado em dados colhidos por ele entre os Suruí, Asu-
riní (Akuáwa), Kmayurá e Kaapór. Este, juntamente com o
citado trabalho sobre os Parintintín (KRACKE, 1978), dois
sobre os Mundurukú (MURPHY, 1972 e MURPHY e MURPHY,
1974), o retorno aos Mundurukú por um aluno de Robert
Murphy (Steve Brian BURKALTER, and.) e um trabalho em
andamento sobre os Tenetehára (Laís CARDIA, and.) são
os poucos trabalhos referentes à organização social dos grupos
Tupi realizados nos últimos anos.
Aliás, os trabalhos do casal Murphy e de Laís Cardia se
dispõem numa nova linha temática que começa a se desen­
volver dentro dos estudos da organização social: aqueles que
se preocupam em discutir a hierarquia homem/mulher nas
sociedades tribais. Incluem-se na mesma temática a citada
pesquisa a se iniciar entre os Kreen Akarôre (SCHWARTZ-
MAN, and.), uma sobre os Xavânte (Helena Fanny RICARDO,
and.) e uma que Virgínia Valadão pretende realizar sobre
uma líder Tembé; as duas últimas estão ligadas à UNICAMP.
Enfim, com elação ao tema organização social e política,
as áreas que receberam mais atenção foram a dos cerrados do
Centro-Oeste e o Sudeste Amazônico, inclusive o alto Xingu.
Naquelas regiões em que as formas tradicionais de organização
social já não mais vigoram, como o Brasil Sul, o Leste, o Nor­
deste, trabalhos desse gênero constituem exceção. Dentre as
áreas menos estudadas, no que se refere a este tema, está o
Sudoeste Amazônico, sobretudo a bacia do Javari, Rondônia e
as áreas vizinhas deste. O Acre, que se inclui nessa região,
talvez não mais ofereça exemplos de organização tradicional.

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2 — Mitologia e ritual

Esta linha temática está intimamente relacionada com


a anterior, uma vez que, dificilmente, um etnólogo se dirige
ao campo com o fim exclusivo de observar ritos ou colecionar
mitos. Geralmente o pesquisador utiliza os mitos e os ritos
como janelas por onde pode obter novos ângulos de observação
do sistema social.
Sem dúvida, já existia uma tradição brasileira de estudo
de mitos representada, principalmente, pelo trabalho de Egon
Schaden, A mitologia heróica de tribos indígenas do Brasil:
ensaio etno-sociológico, editado a primeira vez em 1945, e o de
Darcy Ribeiro, Religião e mitologia Kadiwéu, de 1950. Mas,
no período a que me estou referindo, um dos mais importan­
tes trabalhos sobre mitos que envolve tribos brasileiras é (My-
thologiques, principalmente seus três primeiros volumes (LÉ­
VI-STRAUSS, 1964, 1966 e 1968) e que, sem dúvida, serve de
estímulo aos etnólogos que se dedicam aos grupos indígenas
do Brasil. Naturalmente, alguns desses trabalhos são de aná­
lise, enquanto outros mais se aproximam da simples coleção.
Nota-se, outra vez, que as regiões que mas atenção tiveram
foram os cerrados do Centro-Oeste e o alto Xingu. Referentes
ao cerrados e suas vizinhanças, temos os trabalhos sobre os
Borôro (ALBISETTI & VENTURELLI, 1979; Renate VIE-
TLER, and.), Xavânte (GIACCARIA & HEIDE, 1975a e 1975b;
Maria Aracy da SILVA RIBEIRO, and.), os Kayapó (TURNER,
ms.; LUKESCH, 1976), Timbíra (artigos de MATTA, em En­
saios de Antropologia Estrutural, Vozes, e de MATTA e de
MELATTI em Mito e Linguagem Social, Tempo Brasileiro).
Quanto ao Xingu, os trabalhos sobre os Kamayurá (AGOS­
TINHO DA SILVA, 1974b; LARAIA, também em Mito e Lin­
guagem Social, (VILLAS BOAS & VILLAS BOAS, 1970, que
também inclui mitos Jurúna; Etienne SAMAIN, and.), Ka-
yabí (Miguel Pedro Alves CARDOSO, and.), Trumaí (MO-
NOD-BECQUELIN, 1975). Por conseguinte, no Xingu, são os
Kamayurá os mais procurados pelos interessados em mitolo­
gia. Fora dessas duas áreas, os trabalhos sobre mitos são
poucos: o de NUNES PEREIRA (1967) incide, principalmente,
sobre os grupos dos cerrados de Roraima, do rio Negro, do
alto Solimões, do médio e baixo Madeira. Há um trabalho, que
parece ser de gabinete, mas inspirado em Lévi-Strauss que
aborda, sobretudo, o alto rio Negro (Silvia de CARVALHO,
1979); sobre esta região há, também, uma pesquisa sobre a
cosmología Makú, de Peter SILVERWOOD-COPE, publicada
no Anuário Antropológico/78. Ê digna de nota, ainda no que

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se refere a essa região, a coleção de mitos publicada por dois
índios Desâna (UMÚSIN PANLÕN KUMU & TOLAMÃN
KENHÍRI, 1980). Há, ainda, os trabalhos sobre os Erikpátsa
(PEREIRA, 1973), Irântxe (PEREIRA, 1974) e Nambiquaras
(PEREIRA, 1976). Em andamento existe um trabalho sobre
os Asuriní (Anton LUKESCK & Carlos LUKESCH, and.) e a
respeito da cosmologia Marúbio (Delvair MONTAGNER ME-
LATTI, and.). Nota-se uma certa preferência dos pesquisado­
res missionários pela coleta de mitos (ALBISETTI & VEN-
TURELLI, GIACCARIA & HEIDE, LUKESCH e PEREIRA).
No que tange aos ritos, que quase sempre são examinados
em conexão com os mitos, as mesmas duas áreas foram as
privilegiadas pelos pesquisadores. Na região Centro-Oeste, te­
mos trabalhos sobre os Krahó (CARNEIRO DA CUNHA, 1978;
MELATTI, 1978), sobre os Kayapó (VIDAL, 1977; Gustaaf
VERSWIJVER, and.), sobre os Borôro (BLOEMER ,1980; Re­
nate VIERTLER, and.), sobre os Karajá (Odilon de SOUSA
FILHO, and.) e sobre as corridas de toras em suas várias ma­
nifestações, do Nordeste antigo à atual região Centro-Oeste
(STALE, 1969). Na área do Xingu, há um trabalho sobre o
Kuarúp entre os Kamayurá (AGOSTINHO DA SILVA, 1974a).
Em outras áreas, há um trabalho sobre os Mundurukú (MUR­
PHY, 1958), nos inícios do período em questão, e uma pes­
quisa em andamento, sobre os rituais de puberdade, de guerra
e de morte entre os Yanoâma (Bruce Albert, and.).

3 — Relações com o meio ambiente

Sem dúvida, o trabalho mais popular sobre este tema é o


da arqueóloga Betty MEGGERS (1977) sobre a Amazônia,
devido à sua tradução para o português e ao interesse polí­
tico-econômico que essa região inspira no momento. Mas se
trata de um trabalho, em parte, apoiado numa bibliografia
muito antiquada. Uma pesquisa mais cuidadosa, com dados
colhidos especialmente para o projeto, segundo técnicas pre­
viamente selecionadas para serem aplicadas por todos os seus
participantes, é aquele dirigido por Daniel GROSS (and.) e
desenvolvido por orientandos seus na City University of New
York, e uma brasileira, além de um biólogo da Universidade
de Brasília, em grupos Jê e nos Borôro.
Além desses dois trabalhos que se referem a áreas muito
extensas, há outros de âmbito mais local e que podem ser clas­
sificados segundo seu interesse na fauna, na flora, nos recur­
sos alimentares, nas plantas medicinais. No que tange à fauna,
temos um trabalho geral (Claude DOMUNIL, and.), um sobre

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os Apalai (Fernando da Costa NOVAES, and.), outro sobre
os Kayaoó (POSEY, 1979) e ainda outro sobre os Yanoáma
(TAYLOR, 1974). Quanto à flora, além de um trabalho que
abrange vários grupos (Claude DUMENIL, and.), há outros
mais específicos sobre os índios do Xingu (Margareth EMME­
RICH, and.), os Borôro (HARTMANN, 1967), os índios dos
cerrados de Roraima (Edileusa SETTE SILVA & outros, and.).
No que tange a recursos alimentares de caráter agrícola, há
pesquisas sobre os Kayapó (Eric CRAVERO, and.), uma pre­
vista para ser realizada por Hamilton Santos, aluno de Agro­
nomia da UnB, entre os Krahó, uma outra sobre o fumo, o
guaraná e o mate, respectivamente entre os Guajajára, os
Mawé e os Kaingáng (Anthony HENNMAN, and.). No que
tange aos recursos alimentares de origem animal, está se
realizando uma pesquisa no Uaupés (Janet CHERNELA,
and.) sobre a relação entre alta densidade demográfica e um
sistema de pesca intensiva que parece se ter reorientado para
o estudo da organização social dos Wanâna. Ainda sobre eco­
logia alimentar, há um trabalho sobre os Nambiquaras e Pa-
resí (Elenoe SETZ, and.). Com respeito às plantas medicinais,
há três pesquisadores interessados nos Kaiwá (Wilson GAR­
CIA, and.; Maria Fátima ROBERTO, and. e Joana SILVA,
and.), um da USP e duas da UNICAMP, talvez realizando o
mesmo trabalho. Há ainda um trabalho sobre medicina entre
os Suruí de Rondônia (Carlos COIMBRA JR. & Everaldo
ALVAREZ, and.), mas não sei se trata de plantas medicinais.
Também não tenho informações sobre o trabalho sobre
adaptação ecológica desenvolvido entre os Bakairí (Debra
PICCHI, and.). Convém notar que o projeto Harvard-Museu
Nacional também incluiu uma pesquisa sobre as relações dos
Kayapó com o ambiente (BAMARGER TURNER, 1967).

Se tivesse mais informações sobre essas numerosas pes­


quisas, a maior parte delas em andamento, talvez pudesse
classificá-las em dois grandes conjuntos. Um deles englobaria
aquelas em que se considera o estado atual de cada sociedade
indígena como resultante de modificações sócio-culturais
ocorridas ao acaso e que, surpreendentemente, vieram a favo­
recer a perpetuação do sistema social no ambiente em que
está instalada, em outras palavras, uma orientação que aplica
o princípio da seleção natural às sociedades. No outro con­
junto, se incluiriam aqueles estudos que levam em conta a
classificação dos elementos ambientais e uma reflexão sobre
eles pelos membros da sociedade. Entretanto, talvez a classi­
ficação tivesse de ser mais complexa, dada a presença de

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vários especialistas de áreas não antropológicas engajados
nessas pesauisas (CRAVERO; COIBRA & ALVAREZ; DU-
MENIL; EMMERICH; NOVAES; SETZ; Hamilton SANTOS;
Edileuza SILVA & outros).

4 — Arte, artesanato e tecnologia

As pesquisas realizadas, ou em realização, que se dispõem


nesta linha temática, ora se aproximam daquelas tratadas no
item anterior (relações com o meio ambiente), ora nos dois
primeiros itens (organização social e política ou mitologia e
ritual). Como a maioria delas ainda não está terminada, não
me é possível classificá-las segundo esses critérios.
Parece que a maioria dos trabalhos dessa temática se
desenvolve nos cerrados da região Centro-Oeste, prolongán­
d ole pelo alto Xingu e Rondônia. Nas outras regiões, eles são
em menor número.
Alguns projetos são bastante extensos, como o realizado
sob os auspícios do CNRC (George ZARUR, and.), tendo como
objeto o artesanato dos indígenas da região Centro-Oeste e
desenvolvido com o auxílio de vários colaboradores. Outro pro­
jeto que abrange uma ampla área é o referente ao artesanato
do rio Negro, do Xingu, dos Karajá e dos Canelas, por pesqui­
sadores da Universidade de Morón, na Argentina (Ana Biró
STERN & Martha Teresita MANARINI, and.). Extenso, tam­
bém, é o projeto sobre o emprego social da tecnologia, que sc
realiza no Xingu e entre os Tukúna e os Karajá (Maria He­
loisa FÉNELON COSTA, João Pacheco de OLIVEIRA FILHO,
and.), também com a ajuda de vários colaboradores. Outros,
ainda que se refiram ao artesanato em geral, têm por objeto
apenasum grupo tribal ou uma área mais restrita. É o caso
das pesquisas sobre os Tiriyó (FRIKEL, 1973), Wayâna e
Apalai (Lucia Hussak van VELTHEM, and.), grupos da região
do Tumucumaque e estudados por sucessivos pesquisadores
do Museu Goeldi; dos Timbira e Guajajára, grupos vizinhos
estudados por uma mesma pesquisadora (NEWTON, 1971 e
and.), que participou do projeto Harvard-Museu Nacional;
dos Xikrín (Irmeli Marjata SUVÍOLA, and.), dos Borôro
(Teófilo TORRONTEGUI & Arieta TORRONTEGUI, andã) e
Maxakalí (Neli Ferreira NASCIMENTO, and.), sendo que,
pelo menos as duas últimas, estão sendo realizadas por alunos
de pós-graduação da USP.
Há, também, aqueles projetos que se referem apenas a
determinado tipo de artesanato ou tecnologia, como os sobre

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habitações e aldeias, um deles de caráter prático e realizado
por um não-etnólogo, em Rondônia, sobre os Pakaá Nóva,
Karitiâna, Cintas Largas, Suruí, Arara (Paulo Barbosa MA­
GALHÃES, and.) com ajuda de alguns colaboradores. Outro,
também sobre os Pakaá Nóva, por um pesquisador da UNI­
CAMP (Omar Landi SANTOS and.); e ainda um terceiro sobre
o Xingu, pelo Museu do índio (Cristina SÁ & outros, and.).
Há algumas pesquisas sobre cestaria dos índios do Xingu
e do Brasil em geral (Berta RIBEIRO, 1979 e 1980), dos Ka-
rajá (Edna de MELO, and.).
Quanto à cerâmica, há uma em dèsenvolvimento sobre os
Waurá (COELHO, and.). As bonecas Karaiá são objeto de,
pelo menos, dois estudos (Günther HARTMANN, G., 1973 e
FÉNELON COSTA, 1978). Aliás, um deles, o de Maria Heloisa
Fénelon Costa, não se refere apenas a bonecas, mas a outras
formas de expressão artística e aos artistas que as mantém.
A cozinha indígena é focalizada em dois trabalhos, um
mais geral, de NUNES PEREIRA (1974) e outro sobre os
Wayâna, quase todo redigido por SCHOEPF (1979).
O uso do arco e da flecha foi obieto de um estudo geral
de HEATH, um arquiteto inglês, juntamenté com CHIARA,
antropólogo que pertenceu ao quadro do Museu Paulista
(1977). Já o curare usado no norte e nordeste da Amazônia
recebeu uma especial atenção de VELLARD (1965).
A plumaria, aue foi tratada de modo cuidadoso, no caso
dos Kaapór, por RIBEIRO & RIBEIRO (1957), parece que,
atualmente, só é obieto de uma pesquisa, desta vez com os
Borôro (FERRARO DORTA, 1978).
A pintura corporal também não tem receMdo muita aten­
ção, podendo-se citar apenas os trabalhos de Regina MÜLLER
sobre os Xavânte (1976) e em andamento sobre os Asuríni;
e, ainda, sobre os Kadiwéu e Yawalapití (Sandra WELLING­
TON, and.). O mesmo se pode dizer de estudos sobre lingua­
gem corporal, havendo um em andamento sobre os Xavânte
(Virgina VALADÂO, and.).
Um tema que tem tomado impulso nos últimos anos é o
da música indígena. Recentemente foi publicado um trabalho
geral, fruto de muitos anos de pesquisa de gabinete (CAMÊU,
1977). Quanto a trabalhos realizados no campo, temos aqueles
sobre os Xavânte (AYTAI, 1976), os Kamayurá (BASTOS,
1978), os Kayabí (Elizabeth LINS, and.), os Suyá (Anthony
SEEGER, and.), os Nambiquaras (Thomas AVERY & Kristen
AVERY, and.; também estudados por AYTAI).
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5 — Contato interétnico

O período em questão se inicia com uma reorientação


das pesquisas sobre aculturação, marcada pela publicação de
importantes trabalhos de Darcy Ribeiro (1957, 1962), poste­
riormente refundidos no volume Os índios e a civilização
(RIBEIRO, 1970). Mas foi nos cursos de especialização ofere­
cidos no Museu Nacional, nos inícios da década dos Sessenta,
que se forma um grupo em torno do proieto “Estudo de Áreas
de Fricção Interétnica no Brasil” , de Roberto Cardoso de Oli­
veira, gerando trabalhos sobre os Tukúna (CARDOSO DE
OLIVEIRA, 1972), os Suruí, Akuáwa e Gaviões (LARAIA &
MATTA, 1978), os Krahó (MELATTI, 1967 e 1972). Poste­
riormente, novos alunos do Museu Nacional se engajaram em
pesquisas, de certo modo, ligadas a este projeto, produzindo
trabalhos sobre os Xokleng e demais indígenas de Santa Ca­
tarina (Sílvio Coelho dos SANTOS, 1960 e 1973), sobre os
Kaingâng e Guarani do Paraná (HELM, 1974 e 1977).
As pesquisas orientadas pela noção de fricção interétnica
sofreram duas sortes de deslocamento. Um deles, espacial, foi
uma difusão para outras instituições: alunos dos cursos de
especialização do Museu Nacional retornaram a suas institui­
ções de origem, para elas levando a nova orientação (para a
UFSC, a UFPr, o Museu Goeldi, a Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Marília). Por outro lado, três pesquisa­
dores do Museu Nacional, entre os quais o próprio Cardoso de
Oliveira, passaram para o quadro da Universidade de Bra­
sília, aí incentivando pesquisas com essa orientação.
O outro deslocamento se fez no nível da teoria. Um dos
desdobramentos dos estudos de fricção interétnica foram as
pesquisas sobre campesinato indígena no Nordeste (AMO­
RIM, 1970/71 e and.) e, sem dúvida, a permanência dos pes­
quisadores nas vilas e cidades próximas às aldeias indígenas,
onde desenvolviam pesquisas sobre contato, parece ter esti­
mulado o desenvolvimento de projetos camponeses não-indí-
genas, bem como outras formas de trabalhadores rurais. Aí
deve estar a raiz do projeto sobre as regiões Nordeste e Cen-
tro-Oeste elaborado no Museu Nacional e desenvolvido com a
ajuda dos primeiros alunos do Programa de Pós-graduação.
Por outro lado, o trabalho com as pesquisas sobre fricção in­
terétnica conduziu Roberto Cardoso à noção de etnia, aos
problemas de manipulação da identidade" (CARDOSO DE
OLIVEIRA, 1976b), o que ocorreu, mais ou menos, no período
em que se transferia para a UnB. Esse enfoque complementar
teve influência em várias dissertações de mestrado apresen­

264
tadas nesta última instituição, não tanto na relativa aos Tu­
kúna (OLIVEIRA FILHO, 1977), porém mais naquela sobre
as relações entre os Guarani e os Kaingâng (PIRES, 1975),
dentro do contexto do contato com os civilizados; noutra, re­
ferente aos Bakairí (BARROS, 1977); bem como na referente
aos Kaxinawá (AQUINO, 1977). Tenho a impressão de que
esses trabalhos foram, de certo modo, facilitados pela exis­
tência de disciplinas ligadas à Antropologia Cognitiva, então
oferecidas na UnB, pois, sem dúvida, as distinções étnicas não
deixam de estar relacionadas a sistemas de classificação. As
pesquisas para dissertação mais recentes desenvolvidas na
mesma instituição, ainda que orientadas segundo a noção de
fricção interétnica, não parecem dar tanto peso à identidade
étnica, ainda que não a ignorem. Trata-se daquelas sobre a
escola entre Galibí e Karipúna (Eneida de ASSIS, and.), os
índios do rio Negro (Ana Gita de OLIVEIRA, and.) e os Pu-
kobyê (Maria Helena BARATA, and.). A última, por sua vez,
parece se valer do “ social drama” para compreender a situa­
ção estudada. O Museu Nacional continuou a manter a tra­
dição das pesquisas de contato interétnico, como o atestam
aquelas sobre os Apinayé (José Reginaldo Santos GONÇALVES,
and.), os Txukahamâi (Vanessa LEA, and.), os Xokó Karirí
(Vera CAVALHEIROS, and.), os Kaingâng do Rio Grande do
Sul (Ligia SIMONIAN, and.).
Alguns trabalhos referentes ao contato, ultimamente de­
senvolvidos, privilegiam uma abordagem econômica. Seria o
caso de uma tese sobre os Terênia de São Paulo (Edgard de
Assis, CARVALHO, 1979) e de outra sobre os Guajajára (GO­
MES, 1977). Já os desenvolvidos no âmbito da UFBa tempe­
ram a abordagem econômica com uma orientação ecológica,
como as teses sobre os Pataxó (Maria Rosário de CARVALHO,
1977) e sobre os Tuxá (NASSER, 1975). Dos pesquisadores
estrangeiros, é ASPELIN (1975) quem sublinha aspectos eco­
nômicos do contato, em sua tese sobre um grupo Nambiquara.
As pesquisas a respeito da situação dos índios que vivem
em cidades têm início com o trabalho desenvolvido entre os
Terêna, numa pesquisa de campo que também serviu de exer­
cício para a turma de alunos do primeiro curso de especiali­
zação do Museu Nacional (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1968).
Recentemente uma dissertação de Mestrado na UnB (PEN­
TEADO, 1980) propôs-se reexaminar a situação dos Terêna
citadinos, quase vinte anos após aquela pesquisa, acrescen­
tando, também, o caso de um grupo boliviano de origem indí­
gena radicado em Corumbá. Está em seus inícios uma pesqui­
sa sobre os imigrantes indígenas de Manaus e outras cidades

265
amazônicas, sob a direção de Roberto Cardoso de Oliveira e
que inclui pesquisas sobre os Apurinân (Marcos Lazarin),
Tukáno (Leonardo Figoli) e Mawé (Jorge Romano).
Algumas pesquisas têm tomado como foco a escola entre
os indios, como a referente aos Karipúna e Galibí (ASSIS,
and.), já citada, a referente aos indios de Santa Catarina (Sil­
vio Coelho dos SANTOS, s.d.) e aquela concernente à educa­
ção bilíngüe dos Karajá e Xavânte, uma tese da área de Edu­
cação (TSUPAL, 1978).
Ligados, ou não, ao exame da atividade escolar, estão
aqueles trabalhos decorrentes de uma crescente preocupação
com a atividade missionária. Um deles examina a ação jesuí­
tica no século XVI (BAÊTA NEVES, 1978); outro, a situação
dos índios do Tumucumaque (CORTEZ DE SOUZA, 1977);
ambos foram dissertações de Mestrado do Museu Nacional.
Por outro lado, Cláudia Meneses desenvolve, com o patrocínio
do Museu do índio, um programa de pesquisas sobre o traba­
lho missionário entre os Xavânte (Clarice da MOTA & outros,
and.) e entre os Irântxe, Erikpátsa e Paresí (Sonia Coqueiro
GARCEZ & outros, and.). Há uma pesquisa em desenvolvi­
mento na UnB referente à ação missionária no rio Negro
(Ana Gita de OLIVEIRA, and.).
Com relação à política indigenista, temos os trabalhos
sobre a região de Rondônia (GRAJEVE, 1976) e sobre o Xingu
(Ellen FISCHER, and.). Há, também, trabalhos sobre a his­
tória dessas reações em todo o Brasil: no século XVI e parte
do seguinte (THOMAS, 1968), no século X IX (MOREIRA
NETO, 1971) sobre a situação atual (DAVIS, 1978) e um tra­
balho mais geral (HEMMING, 1978).
Nos trabalhos sobre contato interétnico se nota uma
nítida predominância dos pesquisadores brasileiros, ou radica­
dos no Brasil, sobre os estrangeiros, que mostram uma visível
preferência pelo estudo das sociedades tribais menos afetadas
nas suas tradições. No que tange aos pesquisadores norte-ame­
ricanos, os estudos de contato interétnico parecem estar muito
ligados à figura de Charles Wagley, que estimula esse tipo de
pesquisa nas universidades em que se instala: primeiro em
Colúmbia (MURPHY, 1960) e depois na Flórida (Judith LI-
SANSKI, and.). O já citado projeto de Daniel GROSS (and.)
também envolve os problemas de contato. Poucos, também,
são os ingleses interessados no contato, ocorrendo-me apenas
uma pesquisa sobre os índios do Acre (Anthony GROSS, and.).
Os trabalhos sobre contato desenvolvidos na Itália se apóiam
em relações dos pesquisadores com missionários: um, sobre
os Yanoâma, tem caráter psicológico (PONZO, 1967) e outro,

266
sobre os Xavânte, tem orientação aculturativa (GUARIGLIA,
1973).
Uma outra categoria de estudos sobre contato examina
as relações entre diferentes grupos tribais, um tipo de pes­
quisa em que Eduardo Galvão (1979) foi pioneiro, com seus
artigos sobre a área do rio Negro e a do alto Xingu. Sobre
esta última área, está em andamento um projeto liderado por
Anthony Seeger, do Museu Nacional, que toma os Suyá como
foco de uma rede intertribal de que participam os Kayabí (Mi­
guel CARDOSO, and.), os Waurá (Marco Antonio MELLO,
and.), os Txukahamâi (LEA, and.). Por sua vez, a USP tem
uma pesquisa em andamento na fronteira Amapá/Pará sobre
as relações dos Oyampí com os Wayâna e os Aparai (Domini­
que GALLOIS, and.). Alcida Ramos (1980) reuniu num volu­
me, Hierarquia e Simbiose, alguns artigos sobre relações in-
tertribais: entre os Makú e os Tukâno, entre os Yanoâma e os
Mayongông e entre os Kaingâng e os Guarani, textos em que
contou com a colaboração de Peter Silverwood.-Cope, Maria
Ligia Moura Pires, Ana Gita de Oliveira e o índio Mayongâng
João Koch.
Recentemente, em algumas pesquisas que parecem ter por
objeto, também, relações intertribais, tem aparecido o termo
“etno-história”. Nessa linha, que ainda não sei caracterizar,
estão se realizando pesquisas entre os Terêna (Beatriz BUS-
CHINELLI, and.), os índios de Minas Gerais (Sonia MARCA-
TO, and.), alto Xingu (Nobue MYAZAKI, and.). Não sei se
também podem ser incluídos nessa orientação os trabalhos
desenvolvidos entre os Kawahíb (Miguel MENENDEZ, and.)
e os Kaapór Virginia VALADAO, and.), da USP e da UNI­
CAMP, respectivamente, além daquele sobre os Mundurukú
(José Sávio LEOPOLDI, and.), em Oxford.

6 — Antropologia da Ação

Nos últimos anos estamos presenciando algo novo que


é o esforço de alguns etnólogos em não se limitar ao trabalho
puramente acadêmico, ou à simples denúncia da situação in­
dígena, mas em oferecer seus serviços aos grupos tribais, so­
bretudo aqueles em que desenvolveram ou desenvolvem tra­
balhos de pesquisa. Assim, surgiram os projetos desenvolvidos
por Kenneth Taylor para os Yanoâma, por David Price para
os Nambiquaras, por Peter Silverwood-Cope para os indios do
rio Negro. Entre os antropólogos brasileiros, trabalham, ou
trabalharam, com os mesmos objetivos, Vilma Chiara para os
Krahó, Terri Valle de Aquino para os Kaxinawá, João Pacheco

267
de Oliveira Filho para os Tukúna e um grupo de alunos de
pós-graduação da USP para os grupos indígenas que têm como
pólo de articulação a cidade de Marabá (Xikrín, Gaviões, Su-
ruí), além dos Krahó. O que caracteriza esses projetos é o
trabalho em comum com os indígenas; em outras palavras,
os etnólogos não se limitam a oferecer soluções aos índios,
mas procuram formulá-las por intermédio da discussão direta
com eles e se esforçam por sua realização com ajuda deles.
Esses projetos, de um modo geral, visam à demarcação das
terras tribais, bem como à reconquista da autonomia tribal,
quanto ao planejamento, o gerenciamento e utilização da pro­
dução da reserva indígena. Há resumos de alguns desses pro­
jetos num pequeno volume da FUNAI (1975); sobre sua expe­
riência no Projeto Tukúna, João Pacheco de Oliveira Filho
publicou um artigo no Boletim do Museu Nacional, m.s., An­
tropologia, n.° 34,1979; e sobre a situação dos Yanoâma existe
um volume do International Work Group for Indigenous
Ajjairs (ARC/IWGIA/SI, 1979).
Acredito que trabalham numa mesma orientação vários
dos antropólogos da FUNAI, no exercício de suas funções, nos
seus trabalhos de delimitação das áreas indígenas.
Os Cursos de Indigenismo, criados para a formação de
chefes de Postos, ministrados pela FUNAI com a colaboração
de etnólogos da UnB, têm contribuído, apesar de seu caráter
sumário e esporádico, para a formação de uma nova menta­
lidade entre os funcionários indigenistas e, sem dúvida, para
que vários deles comecem a se preocupar com os efeitos de
seus atos e omissões na direção dos postos e a se disporem a
uma tentativa de trabalhar em comum com os membros dos
grupos indígenas junto aos quais desempenham suas funções.

BIBLIOGRAFIA

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Observação: A sigla CBT, seguida de volume, página e n ú ­
mero de registro, indica que a pesquisa está
incluída no C a tá logo do B a n co de Teses do
CN Pq e MEC.
A sigla B IB , seguida de fascículo e página,
indica que a pesquisa está registrada no B o ­
letim. In fo r m a tiv o e B ib lio g rá fic o de C ién c'a s
Sociais, suplemento da revista Dados.
N o caso de teses já publicadas, se indicará o
título e edição mais recente.

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