QUALIDADE, QUANTIDADE E INTERESSES DO CONHECIMENTO
TXT 06 - BAUER. M., GASKELL, G e ALLUM, C. Qualidade, quantidade e interesses
do conhecimento. In, BAUER. M. e GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 17-36. Lidia Bradymir
O presente capítulo discorre sobre as metodologias qualitativas e quantitativas,
modos e meios de representação de dados, elementos da pesquisa social e os interesses dos conhecimentos e métodos. Os autores descrevem o processo de pesquisa pela combinação de elementos, considerando quatro dimensões: a) delineamento a partir dos seus princípios (levantamento por amostragem, observação participante, estudos de caso etc); b) métodos de coleta de dados (entrevista, observação etc); c) análise dos dados (análise de conteúdo, estatística etc); d) interesses do conhecimento (construção de consenso e emancipação dos sujeitos do estudo). Os autores consideram que essas dimensões são independentes na pesquisa, a escolha de uma metodologia qualitativa ou quantitativa é uma decisão sobre a produção e análise dos dados, posteriormente uma escolha sobre o delineamento da pesquisa ou interesses de conhecimento. Os dados podem ser produzidos de diversas formas, via comunicação formal ou informal, em texto, imagem ou áudio, eles consideram poucas regras para a comunicação informal, já a formal exige um conhecimento especializado. À cerca da dualidade entre pesquisa qualitativa e quantitativa, eles procuram superar a suposta superioridade de uma sobre outra a partir de cinco pressupostos: a) não há quantificação sem qualificação; b) não há análise estatística sem interpretação; c) necessidade de pluralismo metodológico na pesquisa; d) ordenação no tempo, levantamento, análise e interpretação dos dados e a comunicação dos resultados; e) base autocrítica. Tratando dos elementos retóricos da pesquisa social, eles pressupõem que toda apresentação de resultados une três elementos de persuasão: logos (lógica), pathos (apelo) e o ethos (referências explícitas e implícitas). Por isso, o ideal científico da retórica puramente racional argumentativa seria uma ilusão. Partindo disso, consideram que podemos nos sentir livres para considerar a pesquisa social como meio retórico, bem como nos libertamos do obscurecimento epistemológico das discussões sobre método de pesquisa. A partir destes supostos, métodos qualitativos e quantitativos podem ser tratados de maneira igual, sem superioridades, a retórica se desenvolve no ato de publicar os escritos e do falar. Em suma, os autores chamam atenção para o fato de que, para além da escolha da técnica, é importante ter fatores que possibilitem aos pesquisadores questionarem seus próprios pressupostos, interpretações e análises.