Você está na página 1de 3

Brucelose

1) o teste do antígeno acidificado tamponado, que é muito sensível e de fácil execução, é o


teste de triagem realizado por médicos veterinários habilitados, por laboratórios credenciados
ou por laboratórios oficiais credenciados;

2) os animais que reagirem ao teste de triagem poderão ser submetidos a um teste


confirmatório, o 2-Mercaptoetanol, que é mais específico, e é executado por laboratórios
credenciados ou por laboratórios oficiais credenciados;

3) o teste de fixação de complemento, ou outro que o substitua, é realizado em laboratórios


oficiais credenciados para efeito de trânsito internacional, como teste confirmatório em
animais reagentes ao teste de triagem, ou para diagnóstico de casos inconclusivos ao teste do
2-Mercaptoetanol;

4) o teste do anel em leite poderá ser utilizado para monitoramento da condição sanitária de
propriedades livres ou como ferramenta de diagnóstico em sistemas de vigilância
epidemiológica; pode ser executado por médicos veterinários habilitados, por laboratórios
credenciados ou por laboratórios oficiais credenciados.

Métodos de diagnóstico Segundo Whatt (1972), não existe um único método satisfatório para
o diagnóstico da infecção por B. ovis, assim este deve ser realizado associando-se exame
clínico, coletas sucessivas de sangue para obtenção de soro, bacteriologia e PCR de animais
suspeitos.

Para o diagnóstico clínico de epididimite em ovinos, a palpação da genitália externa, com


ênfase para a palpação escrotal, é considerada a técnica mais indicada (Watt, 1972). Este
exame detecta lesões que podem afetar o desempenho reprodutivo do animal, além de ser de
baixo custo e o resultado pode ser informado imediatamente ao proprietário. Contudo deve-se
levar em consideração que o animal pode encontrar-se na fase de regressão das lesões
crônicas, nesse período a palpação se torna ineficiente (Webb et al., 1980). Outra
desvantagem da técnica seria não conseguir distinguir a epididimite causada por B. ovis da
epididimite causada por outros agentes (Hughes e Claxton, 1968).

Testes sorológicos são de extrema importância para o diagnóstico da brucelose, uma vez que a
maioria dos programas de controle e erradicação desta enfermidade se baseiam nestes testes
e um dos métodos utilizados para diagnóstico da brucelose ovina por B. ovis é o teste
sorológico (Mol et al., 2012).

Dentre os testes mais utilizados, destacam-se a imunodifusão em gel de ágar (IDGA) (Myers e
Siniuk, 1970), fixação de complemento (FC) (Clapp, 1955; Alton, 1988) e ELISA indireto (Gall et
al., 2003; Robles, 2008; França et al., 2014).

O teste de FC é considerado um teste bastante específico para detecção de B. ovis e sua


especificidade está relacionada à forma de extração do antígeno utilizado (Santos et al., 2005).
Antígenos obtidos por ultra-som apresentaram reação cruzada com outras espécies de
Brucella (Diaz et al., 1967), já antígenos solúveis apresentaram resultados de especificidade
satisfatórios (Myers e Siniuk, 1970). Contudo uma desvantagem apontada para este teste é sua
complexidade de execução, necessidade de inativação do soro por calor e atividade
anticomplementar de algumas amostras, além de muita variabilidade nos resultados,
principalmente em casos de infecção crônica (Hicks et al., 1978; Hughes, 1982; West e Bruce,
1991; West et al., 1993).

Assim outras técnicas alternativas passaram a ser executadas em maior frequência que a FC
como a imunodifusão em gel de ágar (IDGA). O IDGA utiliza antígenos de parede celular ou
citoplasmáticos para detecção de anticorpos anti-B. ovis (Blasco, 1990) e baseia-se na
formação de complexo antígeno-anticorpo insolúvel que aparece no gel na forma de linha de
precipitação visível após 48 horas de incubação. Este método é simples e prático de ser
executado, além de ter alta sensibilidade (Myers e Siniuk, 1970). Um estudo realizado por
Xavier et al. em 2011, comparando dois métodos de IDGA (dois diferentes kites comerciais -
TECPAR e antígeno manofaturado IPVDF) e FC no diagnóstico de B. ovis em carneiros,
demonstrou que anticorpos anti-B. ovis em carneiros experimentalmente infectados são
eficientemente detectados por tais métodos a partir de 15 dias até 60 dias após a infecção. Há
uma oscilação na frequência de carneiros sorologicamente positivos para B. ovis nos dois
métodos de IDGA após 75 dias após a infecção e uma diminuição do número de animais
soropositivos e títulos de anticorpos por FC.

A comparação feita entre IDGA-TECPAR e FC mostrou diminuição significativa na 19


sensibilidade, principalmente após o terceiro mês de infecção. Estes resultados demonstram
que os métodos sorológicos podem ser a melhor alternativa para animais infectados durante o
inícil da infecção (Xavier et al., 2011). Outro método utilizado no diagnóstico da brucelose
ovina por B. ovis é o ELISA indireto, um teste imunoenzimático sensível e específico (Gall et al.,
2003; Robles, 2008, França et al., 2014). A sensibilidade deste teste varia de 96 a 100% e sua
especificidade, de 93,8% e 100% (Marin et al., 1989; Diaz-Aparicio et al., 1994; Vigliocco et al.,
1997; Gall et al., 2001; Gall e Nielsen, 2004). Este teste apresenta leitura objetiva auxiliada por
um espectrofotômetro e utilização de quantidades mínimas de reagentes e soro, além da
vantagem de um processamento com grande número de amostras ao mesmo tempo (Robles,
2008).

O isolamento bacteriano no sêmen de carneiros é considerado o diagnóstico definitivo da


doença (Burguess, 1982). Este método é muito importante, uma vez que é através dele que se
consegue diferenciar a B. ovis dos demais agentes bacterianos que causam lesões e
manifestações clínicas semelhantes às causadas por este agente (Walker et al., 1986). Para o
isolamento de B. ovis é necessário que principalmente o sêmen e a urina sejam semeados em
meio seletivo de Theyer-Martin modificado, contendo os antibióticos nitrofurantoína e o
inibidor VCN (vancomicina, colistina, nistatina) (Brown et al., 1973). As placas devem
permanecer em ambiente com 5 a 10% de CO2 a 37°C e a leitura das placas realizadas após 5 a
7 dias de incubação. Uma alternativa utilizada para minimizar o tempo do diagnóstico e
aperfeiçoar a especificidade de detecção do microorganismo é a PCR (Reação em cadeia da
polimerase) (Bricker, 2002). A PCR baseiase na amplificação de sequências específicas de DNA
genômico de um ser vivo. Como o gênero Brucella possui o genoma conservado entre as
espécies (Halling et al., 2005), a grande maioria das PCRs são gênero-específicas (Manterola et
al., 2003; Saunders et al., 2007). Entretanto, Xavier et al. (2010) desenvolveram um ensaio de
PCR espécie-específico para B. ovis, com alta sensibilidade e especificidade, utilizando como
amostras biológicas sêmen e urina de carneiros, facilitando assim a distinção entre uma
infecção por B. ovis e outras espécies de Brucella, como exemplo B. melitensis. Este método é
de extrema importância para o controle e monitoramento de risco para brucelose humana em
países onde os ovinos funcionam como principal fonte de infecção de B. melitensis para a
população (Xavier et al., 2010).

Você também pode gostar