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3.…….......................................………………...........……….....

CARTAS

3.1. INTRODUÇÃO. Definimos a carta como sendo uma representação gráfica de um terreno
rigorosamente exato regida pelas regras próprias, através de um processo de projecção, dando
esclarecimento perfeito das formas e relevo dos acidentes naturais e artificiais nele existente.

A carta pode ter o seu uso, antes do descobrimento do fogo, quando o homem sentiu necessidade
de registar feitos como caçadas, aventuras e lugares por onde passou. Surgiram, assim, os
primeiros e primitivos mapas, orientados por acidentes naturais como rios, lagos e
despenhadeiros, entre outros. Evidências da história sugerem que os mapas evoluíram
independentemente em muitas regiões separadas do globo.

Portanto, há vários anos que a carta vem a desempenhar um papel muito importante na vida das
populações, e hoje em dia esta necessidade é maior do que antes.

O uso das cartas data de séculos e elas são tão importantes como já dissemos nos capítulos
anteriores na geologia, minas, engenharia, monitoramento e gestão dos recursos, planeamentos
urbanos e regionais, estudos sobre meio ambiente, construções, agricultura e outras áreas.

As cartas nos indicam a realidade do terreno, por exemplo, a topografia (planimetria e relevo),
concessões de terra, localização de reservas minerais, limites de propriedades, vias de acessos,
tipos de solos e vegetação.

3.2. CARTA INTERNACIONAL - 1:1 000 000. Não sendo o objectivo da nossa abordagem
entrar em detalhe sobre todo o procedimento que culminou com a divisão da carta do mundo na
escala de 1:1 000 000, apenas frisar que esta referência deriva-se de uma divisão que compreende
uma série de zonas paralelas sucessivas de intervalo de 4° de latitude para cada lado do equador, e
de fusos de 6° de longitude. A figura 3.1 indica a divisão da terra em fusos.

Fig. 3.1. Divisão da terra em fusos.

Para o norte e para o sul do equador e até a latitude de 88° e 84º respectivamente, uma seria de

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paralelos espaçado de 4º divido as zonas sucessivamente designadas pelas letras A a V
(exceptuando as letras W e Y), cabendo os calotes polares a letra Z.

Para este e oeste, as zonas são divididas em fusos de amplitude de 6°. A partir do meridiano
internacional (meridiano de Greenwich), os fusos são enumerados de 1 a 60, sendo o primeiro
fuso à direita do meridiano de referência (Greenwich) designado com o número 31 (ver a figura
3.1 e 4.2).

Fig. 3.2. Divisão da terra em folha na escala de 1: 1 000 000 (exemplo, Folha SC-37)

Cada folha é designada por um símbolo composto de letra da zona e do número do fuso em que
ela se localiza, e precedido da letra N ou S conforme a folha se situa no hemisfério norte ou sul.

No caso de Moçambique, ele se encontra localizado nas zonas (folhas) designadas com letras C à
G, nos fusos 36 e 37 Sul. Todo território é coberto por oito (8) folhas a esta escala (SC-36, SD-36
SE-36, SF-36 e SG-36 e, SC-37 SD-37 e SE-37).

É de recordar que desde o Rio Rovuma até à Ponta do Ouro, o País se limita entre os paralelos
10 27 a 26 52 de latitude sul, e de este-oeste, entre o Rio Aruângua e Ilha Quitangonha entre

meridianos de 30 12 e 40 51 longitude.

Vamos levar um exemplo da folha SC-37 (S; designa o Sul; C, designa o passo entre o paralelo de
8 a 12 Sul; e 37 designa o fuso). As linhas superiores e inferior das margens representam os
paralelos e as linhas laterais, meridianos em forma de trapézio. Para apenas ilustração, os gráficos
que seguem não são trapézios!

SC – 37 4º

Fig. .3. 3 A folha SC-37 (6 x 4)

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a) Escala 1:250 000
Uma folha da carta Internacional do Mundo (1:1 000 000) é dividida em 24 folhas de cartas na
escala 1:250 000 e designada pelas letras do alfabeto segundo o esquema:

6

A B C D E F
G H I J K L

M N O P Q R
S T U V X Z

Fig. 3.4. A folha U (1 x 1) derivada da folha SC-37

Na nomenclatura da folha estas letras figuram em denominador da designação da respectiva


folha1/m, Exemplo:

Devido o prolongamento de nosso território em latitudes, o tamanho da folha é na realidade


aproximadamente 110 x 111 km no norte de País, 107 x 111 km no centro e 101 x 111 km no sul.

b) Escala 1:100 000


Cada folha de 1:250 000 subdivide-se em quatro folhas de escala 1:100 00 designada por I, II, III
e IV, conforme o esquema a seguir apresentado:

I II


III IV

Fig. 3.5. A folha II (30 x 30) derivada da folha

Na nomenclatura, a folha nesta escala se apresenta designada consoante o exemplo:

c) Escala 1: 50 000
Cada folha da carta de escala 1:100 000 desdobra-se em quatro folhas da carta de escala 1:50 000,
cada uma das quais se designa por NO, NE; SO e SE, conforme o esquema:
30 ´´

NO NE

30´´
SO SE

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Fig. 3.6. A folha SE (15 x 15) II (30 x 30) derivada da folha

Na nomenclatura, a folha nesta escala se apresenta designada consoante o exemplo: .


O tamanho da folha é na realidade aproximadamente 28 x 28 km no norte de País, 27 x 28 km no
centro e 25 x 28 km no sul.

Importa-nos agora tratar, resumidamente, sobre a divisão de outra folha, que são derivadas de
seguinte maneira:

- para a folha na escala 1: 10 000, esta é derivada fazendo a divisão de 8 x 8 folhas cobrindo áreas
(quadrado de 3´ 45´´ x 3´ 45´´), a partir de folha da escala 1: 100 000.

- para as escalas de plantas de minas: 1: 5 000, 1: 2 000 e 1:1 000, são derivada fazendo a divisão
das folhas anteriores em 2 x 2 folhas.

As dimensões destas folhas são:

1: 5 000 ; (3´ 45´´x 3´ 45´´) : (2x2) = cobrindo uma área de 1´52,5´´ x 1´52,5´´,
1: 2 000; (1´52,5´´x 1´52,5´´) : (2x2) = cobrindo uma área de 56,25´´ x 56,25´´
1:1 000; (56,25´´x 56,25´´´) : (2x2) = cobrindo uma área de 28,125´´ x 28,125´´

3.3. CLASSIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO TOPOGRÁFICA. A classificação de


representação topográfica, resultado de um desenho topográfico pode ser conduzida de diversas
maneiras conforme o critério ou ponto de vista em que são consideradas. Um dos critérios de
classificação dessas projecções topográficas será sem dúvida sob aspecto da amplitude da área por
elas representadas.

Recordemos que a superfície da terra mesmo que a consideramos lisa ou desprovida de seu relevo
topográfico, não é plana, mas convexa e aproximadamente esférica; representa-la num plano, com
rigor é impossível. Todavia, dentro de uma área relativamente pequena, os erros de forma e de
distância, cometidas por uma certa representação, podem ser tão pequenos a ponto de não
influírem na sua apreciação correta.

Tal área é limitada habitualmente por um rectângulo da superfície terrestre medindo um grau de
Meridiano por um grau de Paralelo, ou seja: aproximadamente por um quadrado de 111 Km de
lado.

A representação de uma área maior que esta, impõe o conhecimento de dados fornecidos pela
Geodesia e a actividade do desenho entra no terreno da Cartografia propriamente dita.

Embora não se pode estabelecer limites tão definidos nesse assunto, mas muitos autores
classificam como Carta Topográfica àquela que abrange uma superfície com os lados inferior a

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111 quilómetros (quadrado de 1 x 1). Para as áreas mais pequenas a carta topográfica leva o
nome de Plantas topográficas.

N.B: O emprego dos termos carta, mapa ou plano sempre nós induzem em confusão no uso
quotidiano, portanto, nos convém então apresentar o seu esclarecimento que por coincidência
defendido pelo muitos autores:

Mapa: Carta geográfica representando grande extensão de terreno, país ou continente,


desenhada, por motivos óbvios, em escalas pequenas; exemplo: “Mapa de África”. Ele é a
representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais,
culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma Figura planetária, delimitada
por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos,
culturais e ilustrativos, exemplo.

Carta: Representa regiões relativamente menores, podendo, entretanto abranger até dezenas de
graus geográficos, desenhados em escalas de valor médio; exemplo: “Carta Geológica da
região de Alto Molocué”.

Planta: Corresponde a regiões ainda menores abrangendo distâncias inferiores a um grau, ou


seja: áreas menores que 100 Km em quadrado; exemplo: “Planta de Cidade da Matola”. Neste
caso o desenho é puramente topográfico de vez que a região interessada, embora pertencendo
à superfície do globo terrestre, pode ser, sem erro sensível, considerada plana.

No uso corrente se reserva o nome de planta apenas para as representações de áreas de minas,
construção; cidades, fabricas, vias de comunicação, etc.

Ortofotocarta: “É uma ortofotografia - fotografia resultante da transformação de uma foto


original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projecção ortogonal sobre um plano
complementada por símbolos, linhas e georreferenciada, com ou sem legenda, podendo conter
informações planimétricas”.
Espacio-carta “Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com coordenadas
conhecidas, super posta por reticulado da projecção, podendo conter simbologia e toponímia.

3.4. CARTAS TOPOGRÁFICAS NACIONAIS. O tipo básico da carta usada para representar
áreas da terra é a carta topográfica. Tais cartas mostram a forma natural e característica da área
coberta, bem como características artificiais. Os limites políticos, tais como os limites das
cidades, dos países e estados são também apresentados. Por causa da grande variedade da
informação nas cartas topográficas elas são muitas vezes usadas como cartas de referência (base).

Na cartografia de base de Moçambique as cartas topográficas usadas derivam do sistema de

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referência da carta do Mundo em projecção de Mercator Transversal Universal (UTM) subdividida
entre o fuso 36 e 37, cujos meridianos centrais são 33° e 39° E.

Estas cartas estão na escala 1:250 000 e 1:50 000. Elas são confeccionadas e limitadas por
meridiano e paralelos (ver o esquema na figura 3.7) espaçado por intervalo sucessivo de:
- de 30' X 30' cobrindo uma zona de 1° X 1°, para as cartas na escala 1:250 000

- de 5' X 5' cobrindo uma zona de 15' X 15', para as cartas na escala 1:50 000

Fig. 3.7. Ex. de divisão de uma folha de carta topográfica ( escala 1:250 000) em folhas de escala 1:50 000.

Facilmente podemos observar no esquema que numa extensão coberta de uma folha da carta

topográfica na escala 1: 250 000, cabem 16 cartas na escala 1: 50 000.

3.4.1 MAPEAMENTO TOPOGRÁFICO EXISTENTE EM MOÇAMBIQUE


Existe um a Carta Topográfica base composto por 1207 folhas a escala 1:50.000 que cobre cerca
de 80% dos pais, baseado no antigo sistema geodésico de referência.
Existe Carta Topográfica base composto de 102 folhas à escala 1:250.000 de cobertura total dos
pais.

As duas cartas acima mencionadas estão disponíveis em papel, no CENACARTA, referenciadas


ao MOZNET.

Moçambique está coberto na totalidade pelas cartas à escala 1:250 000 num total de 102 folhas

(conforme pode observar no esquema) coberto em 100% do território.

No que se refere as cartas à escala 1:50 000, o país está dividido em 1207 folhas (ver anexo 2),
quase 90% destas já existentes, faltando apenas 126 folhas na Província de Niassa e uma pequena
parte de Cabo Delegado.

As cartas topográficas bases nas escalas 1:250 000 e 1:50 000, apresenta além das quadrículas em

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coordenadas geográficas, uma grelha de coordenadas rectangulares.

A identificação de cartas que cobre uma determinada região é feita além dos nomes das
localidades, pelo número da folha nas respectivas escalas.

Esquemas que demonstra divisão das cartas topográficas de base em Moçambique se encontra na

figura 3.8

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Fig. 3.8. Numeração de divisão de folhas de cartas topográficas (escalas 1:250 000 e 1:50 000)

3.5. DOCUMENTAÇÃO TOPOGRÁFICO-MINEIRA. A documentação topográfica mineira é


parte importante de sistema de informação ligada à actividade geológica/mineira que destina aos
trabalhos de prospecção e pesquisa geológica, solução de série de tarefas técnicas no processo de
sondagem e aberturas. Ainda esta documentação destina-se a cálculo de reserva e preparação de
projectos de exploração dos jazigos, o transporte e segurança de mina. Portanto esta
documentação forma documentos preponderantes para as actividade de pesquisa geológica e
exploração mineiras.

3.6. OUTROS TIPOS DE CARTAS. Temos além de cartas topográficas e planta de minas,
outros tipos de cartas que diferem os aspectos de detalhes consoante os seus objectivos
(finalidade) ou a forma apresentado. Elas são designadas, cartas especiais ou temáticas.
3.6.1.CARTAS ESPECIAIS
Destaca-se no grupo de cartas especiais as seguintes:

- espácio-carta, é, uma carta com fundo da informação, uma imagem espacial, geometricamente
corrigida. No espácio-carta se acrescenta informação cartográfica e outra.

- carta ortofoto, o tipo de carta, na qual o fundo da carta é formado pelas fotografias. Esta carta é
um mosaico de várias fotografias aéreas, que graças ao uso de um ortofotoscópia, o erro de escala
e distorção de ângulos são eliminados.

- cartas de relevo ou modelo Numérico de Terreno (MNT), é um modelo tridimensional de um


terreno numa área. Para fortalecer o relevo, as escalas verticais dos mapas do relevo são
usualmente diferente da escala horizontal. As cartas de relevo são extensivamente usadas em
trabalhos de engenharia e nos planos militares. Presentemente estas cartas são frequentemente
apresentadas em MNT, que é uma carta do relevo obtida a partir de meios informáticos.

- bloco diagrama (carta em bloco ou axonometria) – São cartas desenhadas segundo projecções
outras que a ortogonal horizontal, geralmente a Perspectiva geométrica, a projecção oblíqua e a
projecção Isométrica. Frequentemente usadas para estudos ligados à Geologia, podem ser
consideradas Cartas em relevo figurado que, além de representar os acidentes da superfície do
terreno, mostram também a conformação subterrânea ou trabalhos aí executados (camadas
geológicas, galerias, túneis, etc.); formam assim a representação de um bloco prismático (daí o
nome dado) onde a face superior tem as irregularidades próprias da superfície do solo, enquanto
que as faces restantes são em geral, planas.

3.6.2.CARTAS TEMÁTICAS
Cartas temáticas são cartas de tratamento específico de um determinado tema. As cartas especiais
tomam as suas denominações conforme o fim para que são destinadas. Assim temos:

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Cartas geológicas, Cartas hidrográficas, Cartas de ocupação/uso de terra (Land-cover/use), Cartas
florestais, Cartas agrícolas, Cartas zoológica, Cartas políticas, Cartas demográficas e Cartas
administrativas entre outras.

3.7. ESCALAS. Como já referimos nos capítulos anteriores que a razão (relação) de medições
extraídas no terreno pelos métodos topográficas ou fotográficas e aquelas representadas nas cartas
é chamada escala. As medições do terreno são reduzidas, baseando se fortemente nas aplicações
de geometria e trigonometria.

É evidente que seria impossível representar no papel as dimensões reais de grandeza, zonas e
elementos, tal como rios, estradas, lagoas, entre outros sem recorrer os seus correspondentes no
papel. Por esses motivos óbvios, o desenho topográfico não pode ser feito jamais em verdadeira
grandeza dos objectos de terreno, ele tem que se submeter a redução gráficas – escala.

Porém, a escala da carta não goza de liberdade total, como no desenho técnico geral, mas são
subordinados a certas considerações, a saber:

1. a utilidade,
2. o tamanho (área da superfície coberta), e
3. a precisão da carta a ser elaborada.

Aqui deve-se ter em conta que a dimensão, a densidade dos pormenores a representar e a precisão
exigida na utilização da carta são algumas considerações na tal escolha. Algumas vezes, adopta-se
uma certa escala maior do que o necessário em face das considerações anteriores, apenas com o
fim de permitir uma fácil e cómoda utilização da cada carta pelo engenheiro.

3.7.1 CLASSIFICAÇÃO DE ESCALAS. A escala de uma carta é um dos padrões da


classificação desse documento e, geralmente, tem sido classificada, como grande, média e
pequena escala.
As pequenas escalas são utilizadas para planificação regional ou nacional, as médias para
inventários e planificação local, enquanto que as grandes para gestões de projectos específicos.

A tabela em baixo indica a divisão de cartas consoante a escala utilizada.

Grande Média Pequena


superior a 1: 25 000 (*) 1:25 000 à 1:50 000 1:50 000 à 1:250 000 ou menos
Utilização: urbanização, Utilização: cartografia Utilização: cartografia topográfica,
vegetação, geologia de topográfica, geologia estudos gerais; geologia estrutural,
detalhes tectónica, planeamento geral

Se a escala é maior que 1:10 000, o producto é designado por plano e não é carta.
* - escala muito grande até 1:5 000 (utilização: levantamentos de minas, construção, urbanismo,
projectos detalhados de planeamento, estudos de meio de tratamentos específicos).

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A escala é representada em seguintes formas:

a) Escala numérica-A mais usada nesta séria, é a de decimais que se obtém fazendo na formula;

, sendo, n = 0, 1, 2, 3, , por exemplo , .


Podemos descrever a relação entre a carta e as medições naturais (Esc = escala) de seguinte
maneira:

sendo, o numerador d-distância na carta e o denominador D-distância no terreno.


A equação determina quaisquer dos elementos d, D, e ou n quando dados os demais, permite
resolver os três problemas fundamentais que ocorrem no emprego das escalas.

Quando queremos determinar as dimensões que convêm aos elementos de uma carta para
representar um dado acidente topográfico, em uma escala também dada. A expressão de escala é
posta sob a forma:

Exemplo se desejarmos marcar, em milímetros e sobre uma carta desenhada à escala de 1:50 000,
um comprimento que, no terreno, é de 3,0 quilómetros. Teremos:

d = 3km/25000 = 3000000/50000 = 60mm

Ou, medida, uma distância sobre uma carta cuja escala é dada, uma certa extensão, determinar a
que lhe corresponde no terreno, em grandeza real. Trata-se do caso inverso ao anterior e a equação
anterior, dará a solução sob a forma:

D=nxd

No exemplo anterior, se forem dadas a extensão no desenho e a escala terá:

D = 50000 X 60 = 3000000mm = 3,0km

No caso de teremos medido, sobre uma carta, os elementos de um acidente cujas dimensões reais se
conhece, podemos determinar a escala da carta.

Exemplo: Na carta, o comprimento de uma estrada cuja extensão real sabe-se ser de 3,0km; achou-se,
para essa medida, 60,5mm; qual a escala da Carta?

n = D/d = 3000000/60,5 = 49.586,778 = 1:50 000 (*).

Outro exemplo: 1cm na planta corresponde a 200m no terreno, isto é, um elemento de 200 m no
terreno a ser representado na carta por 1cm (0,01m), esta relação corresponderá a uma escala de
1:20 000.

* - As escalas são expressas numa maneira arredondada. Exemplo: 1cm na plantada = 49m no
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terreno é dita como 1:5 000
b) Escala gráfica que se divide em: simples e composta.
i) escala gráfica simples, para a sua construção (ver a figura 3.9), procede-se da seguinte forma:

- traçam-se duas ou uma linhas paralelas, que se dividem em 10 partes iguais (ou 5),
acrescentando-se mais uma parte igual à esquerda, que por sua vez divide se em 10 partes.
Assim, se fizermos corresponder cada uma das partes maiores a 100 metros, as menores
corresponderiam a 10 metros.

Figura 3.9 escala simples

Para analisar as distâncias, bastará com auxílio do compasso (ou no último caso fio esticado)
transportar a distância até à escala, obtendo-se facilmente o valor da mesma.

Esta escala é fácil de a construir e tem, pois, a vantagem de nos permitir avaliar rapidamente,
como foi explicado, o valor da distância na carta, que se encontra no mesmo papel. A outra
vantagem é de sofrer as mesmas dilatações ou contracções que a quadricular sofre, pelo que a
referida escala deve ser sempre traçada no mesmo tempo que a quadrícula.

ii) Escala gráfica composta- esta escala apresenta mais vantagem permitindo avaliar com maior
rigor as medidas correspondentes que a anterior.

Na figura 3.10 apresentamos esta escala, sem no entanto, entrar em detalhes sobre a sua
construção.

Fig. 3.10 escala composta (d=223 m)

As escalas de cartas topográficas e mapas geológicas utilizadas em Moçambique, são as seguintes:


ESCALA
NOME DA CARTA INSTITUIÇÃO DE
ou MAPA 1: 50 000 1: 250 000 1: 1 000 000 1: 2 000 000
TUTELA

Topográfica x x CENACARTA
Geológica x x x x
Geomorfólogica x x
Matalogénica
Litologénica x x
Terciária Quaternária x x DIRECÇÃO
Minérios não Metálicos x x NACIONAL DE
Ocorrências minerais x GEOLOGIA
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Plataforma continental x (DNG)
Tectónica x

3.8. CURVAS DE NÍVEL. Como já dissemos, que para representar o terreno nas cartas, temos a
considerar a planimetria que descreve os pormenores ao plano usando sinais convencionais. Para a
representação dos pormenores altimétricos, usa-se a convenção tal como, curvas de nível, pontos
cotados, normais, sombras esbatidas e relevo.

Actualmente a melhor forma e mais aplicada para representação quantitativa dos relevos,
montanhas, montes, depressão e outras ondulações do terreno é representada com curvas de nível.

As curvas de nível são definidas como sendo sa linhas na carta unindo pontos de igual cota no
terreno.

Por sua vez, a cota é o número ou algarismo que exprime a distância vertical de pontos ao plano
horizontal de referência. As cotas são positivas se se encontram em cima ou negativas se estão em
baixo deste plano de referência (ver figura 4.11).

Figura 4.11 Curvas de nível (equidistância = 1 m)

Quando o plano horizontal de referência é o nível médio das águas do mar (zero do maré grafo), a
cota do ponto chama-se altitude.

Quando dois pontos têm diferentes altitudes, o número que exprime esta diferença, chama-se
diferença de nível dH ou DH.

A distância constante entre os planos horizontais é a equidistância natural e o seu valor reduzido
na escala é a equidistância gráfica.

A escolha da equidistância depende da utilidade da carta, escala, e a diversidade de acidentação


da área. Reduzir o intervalo da equidistância aumenta o trabalho de registo dos elementos, e
consequentemente, a precisão do relevo do terreno.

Nas zonas de grandes acidentes do terreno, a equidistância pode ser reduzida e nas zonas planas

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pode ser aumentada, mas respeitando sempre a escala de trabalho.

Em cada quinta, décima, ou um número múltiplo de 5m dependendo da escala da carta, as curvas


de nível são traçadas por uma linha grossa. Essas curvas de nível chamam-se curvas mestras. Este
procedimento tem por objectivo facilitar a leitura da carta. Se há necessidade de dar mais ênfase
ou pormenor sobre uma parte de terreno usamos curvas de nível intermédias e normalmente
tracejadas. Na fig. 3.11 apresentamos o plano de curvas de nível.

Figura 3.11. Plano de Curvas de nível .

Conforme as escalas topográficas utilizadas em Moçambique, aplica-se a equidistância seguinte:

1 : 250 000 ----- 100 m


1 : 50 000 ----- 20 m
1 : 5 000 * ------ 5m
1 : 2 000 * ------ 2m
1 : 1 000 * ------- 1m

* As plantas de levantamentos topográficos para fins geológico-mineiro (DNG)

3.8.1. PROPRIEDADE DAS CURVAS DE NÍVEL. As curvas de nível têm as suas


propriedades e características que nos convém sempre as conhecer:

1. As curvas de nível são sempre linhas fechadas, mesmo não se apresentando isso na mesma
carta mas devendo fechar segundo a definição (a excepção quando passam por obra humana;
aterros, cavidades, covas, pedreiras, etc, elas são interrompidas).

2. Nos casos normais duas curvas de nível diferente nunca se encontram, acontecendo isso
excepcionalmente, no caso tal como das rochas desgastas pelas ondas (fig. 3.12).

3. As distâncias entre duas curvas indicam a inclinação do terreno: curvas juntas, indicam
terreno muito acidentado; paralelas, uma inclinação uniforme e grande separação indicam o
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terreno pouco acidentado.

4. Curvas de nível são perpendiculares onde o declive é máximo (o declive é tanto maior quanto
menor for a distância entre as curvas de nível).

5. Concentração de curvas de cotas crescentes representa elevação. O caso contrário representa


depressão.

6. Cortes e enchimentos de terra, tal como barragem, túneis, estradas, entre os outros exemplos,
produzem curvas de nível recta e geometricamente curvas.

Figura 3.12 Exemplo de curvas de nível sobre rochas desgastas pelas ondas (equidistância = 10 m)

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