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Marcelo A.

de Abreu Sociedade Unipessoal de Advogado


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA
CIRCUNSCRIÇÃO ESPECIAL JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA - DF.

CHRISTOPHER SALGE, brasileiro, casado, Supervisor de TI, inscrito no CPF n. º


038.900.336-01, residente e domiciliado na Quadra CGS 11 LT ½, Bloco 01 Apt. 802
Taguatinga Sul Brasília/DF, CEP: 72035-511 e-mail: salge2003@hotmail.com, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência por meio de seu patrono que esta
subscreve, propor a presente
AÇÃO DE DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS com PEDIDO LIMINAR
contra VIEIRA CONSULTOR E REPRESAÇÃO LTDA ME, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob o nº 06.003.410/0001-72, com sede na SC/Sul Quadra 06
Bloco A n-81, Sala 501 – Ed. José Severo, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.360-000,
endereço eletrônico não sabido, o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
DOS FATOS
Em 15 de abril de 2013 o Autor firmou, por meio de termo de adesão,
contrato de intermediação para a prestação de serviços odontológicos com a requerida.
De acordo com o citado contrato, a requerida se comprometida a prestar assistência
odontológica de acordo com um plano escolhido e definido pelo Autor, disponibilizado
ao mesmo, como operadora do plano escolhido a empresa PRODENT Ltda.
Ainda segundo proposta de adesão, o contrato teria vigência de 24
(vinte e quatro meses), sendo que o Autor se comprometeria a se manter no plano por
prazo mínimo (FIDELIZAÇÃO) de 18 (dezoito meses) sob pena de pagamento de multa
se o cancelamento ocorresse antes do termino do prazo mínimo de vigência.
Para tanto, buscando uma ampliação nos serviços que estava sendo
disponibilizado, o Autor solicitou em 05 de fevereiro de 2014 sua migração e de sua
dependente para um plano superior também da operadora Prodent Ltda., cuja a
nomenclatura era “PRODENT DIAMOND”, fato que gerou para o Autor uma nova
fidelização por mais 18(dezoito) meses que durou até setembro de 2015, visto que a
vigência desse novo produto em substituição ao antigo se deu em março de 2014.
Vale ressaltar que houve tão somente a migração de categoria de
plano e não a renovação ou implantação de um novo contrato, estando o Autor sob as
regras do contrato n.º 100930, o qual sempre foi cumprindo integralmente por ele com
o pagamento mensal dos valores acordados.
Quadra 1, Lote n° 505, Sala 123, 1° Andar, Parte A - Edifício Barão do Rio Branco – Brasília/DF CEP:70610-410
Telefone (61) 98500-8231
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Para tanto, em 15 de outubro de 2015, ao se dirigir ao consultório onde
fazia com sua esposa (dependente), tratamento ortodôntico, o Autor foi informado que
não mais poderia dar continuidade a seu tratamento, bem como o de sua esposa.
Segundo informações prestadas naquele momento pela atendente,
havia um impedimento imposto pela operadora do plano Prodent ltda., que se não fosse
solucionado, obrigaria o Autor e sua esposa a, naquele momento, interromper o
tratamento, o que incluía a retirada dos aparelhos ortodônticos, já que esses eram
custeados tão somente para pacientes do Plano Prodent categoria DIAMONT, e,
naquele momento o Autor não mais se enquadrava para tal.
Não entendendo o que estava ocorrendo, visto que estava em dia com
suas obrigações, o Autor entrou em contato com a operadora do plano Prodent Ltda.,
que lhe informou que a empresa aqui requerida encontrava-se “DESCREDENCIADA”
havia quatro semanas, ou seja, não mais poderia oferecer ou intermediar qualquer
serviço odontológico da Prodent a seus clientes, e, que esses clientes, caso optassem
por dar continuidade a seus tratamentos, deveriam arcar com todos os custos a partir
daquele momento o que incluía um pagamento extra pelos aparelhos ortodônticos
implantados.
Ainda mais inconformado, pois sempre cumpriu com suas obrigações
contratuais, o Autor estava sendo submetido a uma situação bastante constrangedora,
já que estava sendo impedido de usar os serviços contrato e até aquele momento pagos.
Acrescentando que o Autor somente soube do bloqueio/descredenciamento que o
impedia de usar seu plano odontológico no momento em que buscava atendimento, por
meio de consulta de rotina (manutenção mensal) previamente agendada.
Diante do que estava sendo colocado naquele momento e do
inadimplemento da empresa aqui requerida, ao Autor não restou alternativa se não
acatar sua incorporação diretamente à PRODENT, sem intermediação da requerida,
visto que esta era a única maneira de dar continuidade a seu tratamento e sua esposa,
já que se assim não o fizessem, deveriam, naquele momento retirar os aparelhos
ortodônticos e/ou pagar os custos do mesmo, visto que com dito alhures, esses somente
eram custeados para pacientes do plano PRODENT DIAMONT e não mais aos
pacientes que tinha como intermediário a empresa Requerida, visto que esses não mais
eram clientes Prodent.
Frente a sua nova condição de associado direto da PRODENT e
principalmente ao não cumprimento do contrato pela empresa requerida que
simplesmente deixou de lhe prestar os serviços odontológicos sem prévia comunicação,
descumprindo integralmente com o contrato firmado, o Autor solicitou o cancelamento
do contrato em 15 de outubro de 2015 por meio de notificação encaminhada via e-mail
(doc. anexo) no endereço eletrônico disponibilizado para contato na carta que veio
anexa ao contrato de adesão e de onde mantinha contato direto com os representantes
da requerida.
Para tanto, nos meses seguintes ao fato, o Autor passou a ser cobrado
pela Requerida, momento esse em que o mesmo reafirmou ter solicitado o
cancelamento do plano pelo não cumprimento das regras contratuais já que haviam
negado atendimento ao mesmo. Nesse momento, foi dito que a solicitação feita não fora
aceita, posto que pedidos de cancelamento somente poderiam ser feitos de modo
presencial, e que o feito do Autor, não teria qualquer validade. Após receber essa
informação, o Autor a contesta, pois em seu contrato não há qualquer referência a esse
tipo de solicitação de cancelamento agregado ao fato de nunca ter tido ciência de tal.

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Mais uma vez as regras contratuais são descumpridas pela Requerida
que manteve as cobranças e pior, negativou o nome do Autor junto aos Órgãos de
Restrição ao Crédito (SERASA) sem qualquer tipo de notificação.
Destarte, ao tomar ciência da restrição em seu nome, o Autor
reencaminha o pedido de cancelamento feito em outubro de 2015 ao mesmo tempo
em que confirma sua ida pessoal ao escritório da requerida, onde para sua surpresa foi
dito que a negativação, assim como as cobranças seriam mantidas até o adimplemento
da dívida pelo Autor, visto que aquele pedido de cancelamento não seria aceito, por não
ter sido feito de forma presencial já que essa era exigência da requerida, além do que,
naquele momento o Autor somente poderia cancelar o plano se efetuasse o pagamento
de todas as mensalidades em aberto, pois se encontrava inadimplente, independente
da Requerida não mais poder prestar os serviços contratados pelo Autor a mais de dois
meses.
Nesse momento, ainda mais indignado, o Autor questiona a
representante da Requerida sobre a negativa do atendimento que motivou seu pedido
de cancelamento e essa simplesmente afirma que a Requerida não mais era
credenciada da Prodent Ltda., mas que aquele fato não tornaria a cobrança ou a
negativação indevida, já que o contrato não havia sido cancelado, segundo as regras
da Requerida, e, esse era a forma que a mesma tinha para obrigar devedores a cumprir
com suas obrigações.
Agregado a esse fato absurdamente ilegal, desde de então o Autor
vem passando pelo constrangimento de ter seu nome lançado e mantido nos cadastros
de restrição ao crédito por uma dívida inexistente, estando a mercê de ter prejuízos
maiores em decorrência dessa arbitrariedade que vem sendo praticada pela empresa
Requerida.
Destaca-se que o Autor recentemente foi convocado para assinar
contrato de financiamento de seu primeiro imóvel, comprado na planta – vide contrato
de promessa de compra e venda e notificação de convocação anexa – estando impedido
de avançar com a operação financeira em decorrência única da negativação indevida
que vem sendo mantida pela Requerida, que, ilegalmente insiste em não reconhecer o
cancelamento do contrato por ela descumprido.
Acrescenta-se que depois de ser convocado para assinar o contrato
de financiamento, e em mais uma tentativa de buscar uma solução legal e amistosa
para o caso, o Autor retornou ao endereço da Requerida, mas sem sucesso, visto que
a única informação recebida era que o atendimento presencial estava suspenso por
tempo indeterminado.
Ainda mais apreensivo, o Autor entrou em contrato via WhatsApp com
o representante da requerida que informou que a empresa estava funcionando somente
em São Paulo/SP, mas que caso o Autor optasse por efetuar os pagamentos e somente
por esse motivo, essa enviaria um representante local para lavratura de termo e
recebimento de valores, bastando o autor indicar um local “seguro” para o acerto.
Estranhando aquela atitude, visto que tudo lhe parecia escuso, o Autor
recusou a oferto, momento que deu início a buscas via internet de onde descobriu que
o Sócio da empresa estava simplesmente se ocultando para não cumprir com inúmeras
decisões judiciais de ex-associados que se encontram na mesma situação do Autor,
qual seja, contrato descumpridos e com negativações indevidas para força o pagamento
de valores indevidos.

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Diante dos fatos, constata-se que o Autor teve seu direito fundamental
e personalíssimo a sua imagem e honra lesados pela empresa Requerida que mantem
seu nome nas listas de maus pagadores (SERASA) e constantemente o constrange com
cobranças indevidas que incluem ameaças veladas de execuções e penhoras agregado
ao fato de ter sido constrangido pela falta de atendimento, fatos esses puníveis nos
moldes legais.
DO FUNDAMENTO JURÍDICO
• DA RESCISÃO DO CONTRATO E DA INEXISTENCIA DA DÍVIDA
Constata-se pela simples leitura do contrato entabulado entre as
partes que a requerida tinha como obrigação, a intermediação/prestação de serviços
odontológicos ao Autor, fato que simplesmente deixou de ser feito sem qualquer
comunicação prévia e que causou ao mesmo, enormes constrangimentos, visto que
teve atendimento negado, mesmo estando com suas obrigações até aquele momento
totalmente cumpridas.
Destarte, claro restou o inadimplemento contratual praticado pela
Requerida, o que autorizou o Autor, com base no que manda o art. 475 do nosso Código
Civil, a pedir à resolução do contrato, fato que por si só torna a cobrança de qualquer
dívida registrada após essa data, totalmente indevida.
Assim, resta claro que o contrato fora rescindido por inadimplência da
requerida, nada devendo o Autor a mesma que insiste em lhe cobrar mensalidades
relativas aos meses de novembro de 2015 a julho de 2017 que somada chegam a
monta de mais de R$ 5.183,00 (cinco mil cento e oitenta e três reais).
Destaca-se MM. Juiz que a cobrança ilegal que vem sendo praticada
pela Requerida, descortina mais uma de suas arbitrariedades, visto que segundo regras
contratuais, o contrato seria automaticamente cancelado se a “inadimplência” superasse
seis meses, e aqui, segundo dados da Requerida, o Autor estaria devendo quase 24
parcelas e o seus contrato ainda está vigente!
Diante dos fatos, prima o Autor pela aplicação literal das normas Cível
e consumerista, visto que essa é a única forma que o mesmo tem de ter a proteção do
Estado frente as arbitrariedades e coações que vem sendo praticada contra si pela
Empresa Requerida.
• DO DANO MORAL
Em decorrência deste incidente, o Autor experimentou situação
constrangedora, angustiante, tendo sua moral abalada, em face de lesão a seu direito
de imagem e sua honra.
Caio Mário da Silva PEREIRA ensina que "o indivíduo é titular de
direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito que desfruta na
sociedade, os sentimentos que estornam a sua consciência, os valores afetivos,
merecedores todos de igual proteção da ordem jurídica" (PEREIRA, Caio Mário da
Silva. Responsabilidade Civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 1998. p. 59).
A Constituição Federal de 1988 preceitua em seu artigo 5º, inciso X,
que:
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito

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à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e
a imagem das pessoas, assegurado o direito à
indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;"
Dessa forma, claro é que a empresa requerida, ao cometer imprudente
ato, afrontou confessada e conscientemente o texto constitucional acima transcrito,
devendo, por isso, ser condenada à respectiva indenização pelo dano moral sofrido pelo
requerente.
Diante do narrado e das provas anexas, fica claramente
demonstrado o abuso agregado ao absurdo descaso e negligência por parte da
requerida, que sem qualquer fundamento cobra e expõem o Autor de forma
jocosa, fazendo-a passar por um constrangimento constantes, desnecessários e
lastimável.
O ilustre jurista Rui Stoco, em sua obra Responsabilidade Civil e sua
Interpretação Judicial, 4 ed. Ver. Atual. E ampl.. Editora RT, p..59, nos traz que:
“a noção de responsabilidade é a necessidade que existe
de responsabilizar alguém por seus atos danosos”.
A única conclusão a que se pode chegar é a de que a reparabilidade
do dano moral puro não mais se questiona no direito brasileiro, porquanto uma série de
dispositivos, constitucionais e infraconstitucionais, garante sua tutela legal.
À luz do artigo 186 do Código Civil, aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja: a)
ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência; b) ocorrência de um dano seja ele de ordem patrimonial ou moral; c) nexo
de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.
A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente,
sendo indiscutível o liame jurídico existente entre eles, pois se a cobrança indevida não
fosse praticada bem como o nome do Autor incluído indevidamente junto a lista de maus
pagadores, o mesmo não teria sofrido os danos morais pleiteados, objeto desta ação.
Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados
pelo Autor, visto que, em razão de tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva da
empresa requerida, este teve a sua moral afligida, foi exposto ao ridículo e sofreu
constrangimentos de ordem moral perante a sociedade e a sua família, o que
inegavelmente consiste em meio vexatório.
Dano moral frise-se, é o dano causado injustamente a outrem, que não
atinja ou diminua o seu patrimônio; é a dor, a mágoa, a tristeza infligida injustamente a
outrem com reflexo perante a sociedade.
Neste sentido, pronunciou-se o E. Tribunal de Justiça do Paraná:
“O dano simplesmente moral, sem repercussão no
patrimônio, não há como ser provado. Ele existe tão-
somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo bastante
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para justificar a indenização” (TJPR - Rel. Wilson Reback
– RT 681/163).
A respeito, o doutrinador Yussef Said Cahali aduz:
“O dano moral é presumido e, desde que verificado ou
pressuposto da culpabilidade, impõe-se a reparação em
favor do ofendido” (Yussef Said Cahali, in Dano e sua
indenização, p. 90).
Preconiza o Art. 927 do Código Civil:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo”.
Não se pode deixar de favorecer compensações psicológicas ao
ofendido moral que, obtendo a legítima reparação satisfatória, poderá, porventura, ter
os meios ao seu alcance de encontrar substitutivos, ou alívios, ainda que incompletos,
para o sofrimento. Já que, dentro da natureza das coisas, não pode o que sofreu lesão
moral recompor o "status quo ante" restaurando o bem jurídico imaterial da honra, da
moral, da autoestima agredidos, por que o deixar desprotegido, enquanto o agressor se
quedaria na imunidade, na sanção? No sistema capitalista a consecução de recursos
pecuniários sempre é motivo de satisfação pelas coisas que podem propiciar ao homem.
Harmonizando os dispositivos legais feridos é de inferir-se que a
reparação satisfatória por dano moral é abrangente a toda e qualquer agressão às
emanações personalíssimas do ser humano, tais como a honra, dignidade, reputação,
liberdade individual, vida privada, recato, abuso de direito, enfim, o patrimônio moral que
resguarda a personalidade no mais lato sentido.
Indubitavelmente, feriu fundo à honra do autor ver seu nome jogado
na lista de maus pagadores por divida e vida exposta a seus colegas de trabalho e
principalmente a sua chefa, por uma dívida que vem sendo paga rigorosamente,
espalhando por todo e qualquer lugar que fosse a falsa informação de que é
inadimplente.
MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol., 9ª ed.,
Saraiva), ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função, a
penal "constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando à diminuição de seu
patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa
(integridade física, moral e intelectual) não poderá ser violado impunemente", e a função
satisfatória ou compensatória, pois "como o dano moral constitui um menoscabo a
interesses jurídicos extra patrimoniais, provocando sentimentos que não têm preço, a
reparação pecuniária visa a proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a
ofensa causada." Daí, a necessidade de observarem-se as condições de ambas as
partes.
Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação da
reparação, vez que não existem critérios determinados e fixos para a quantificação do
dano moral, a reparação do dano há de ser fixada em montante que desestimule o
ofensor a repetir o cometimento do ilícito.
E na aferição do quantum indenizatório, CLAYTON REIS (Avaliação
do Dano Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que deve ser levado em
conta o grau de compreensão das pessoas sobre os seus direitos e obrigações, pois
"quanto maior, maior será a sua responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por
dedução lógica, maior será o grau de apegamento quando ele romper com o equilíbrio

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necessário na condução de sua vida social". Continua, dizendo que "dentro do preceito
do “in dubio pro creditori” consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil
Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do processo indenizatório seja
integralmente satisfeito, de forma que a compensação corresponda ao seu direito
maculado pela ação lesiva."
Bem se vê, à saciedade, ser indiscutível a prática de ato ilícito por
parte das requeridas, configurador da responsabilidade de reparação dos danos morais
suportados pela autora.
Sobre o tema, vejamos o que diz nosso TJDFT em decisões recentes:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. COBRANÇA VEXATÓRIA DE DÍVIDA
INEXISTENTE. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR
DA INDENIZAÇÃO. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.1. O
banco não pode, para conseguir o seu intento, submeter a
consumidora a ameaças e constrangimentos ilegais, ainda
que persistisse a dívida. Ao revés, a cobrança deveria ser
efetuada com respeito e urbanidade, nos termos do art. 42,
do Código de Defesa do Consumidor. 2. Restou
evidenciada a conduta ilícita perpetrada pela instituição
bancária, quando - mesmo quitada a parcela e declarada
como dívida inexistente em demanda judicial - prosseguiu
com diversas ligações constrangedoras na residência e no
trabalho da parte autora, de forma a configurar cobrança
vexatória. 3.Aindenização fixada a título de danos morais
deve atender aos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, considerando a extensão e a gravidade
do dano, a capacidade econômica do ofensor, além do
caráter punitivo-pedagógico da medida, sem, contudo,
caracterizar fonte de enriquecimento ilícito. Se estiver em
conformidade com esses parâmetros, não há de ser
reduzido o valor fixado. 4. Apelação não provida.(Acórdão
n.936915, 20150110758553APC, Relator: ARNOLDO
CAMANHO DE ASSIS, Revisor: SERGIO XAVIER DE
SOUZA ROCHA, 4ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento:
20/04/2016, Publicado no DJE: 02/05/2016. Pág.:
334/359).

APELAÇÃO CÍVEL. DANO MORAL. INCLUSÃO


INDEVIDA EM CADASTROS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. DÉBITO DECORRENTE DE CONTRATO
FRAUDULENTO. SERVIÇO DE TELEFONIA. FUNÇÃO
COMPENSATÓRIA E PUNITIVA DA INDENIZAÇÃO.
QUANTUM. MAJORAÇÃO. Tratando-se de inscrição
indevida em cadastros de proteção ao crédito perpetrada
por sociedade empresária que atua de forma vultosa no
ramo de telefonia, atingindo boa parcela dos
consumidores, o quantum indenizatório deve ser fixado

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levando-se em consideração o caráter compensatório e
punitivo da condenação, devendo ser majorado o valor
arbitrado em quantia insuficiente para compensar o dano
moral sofrido pela vítima e prevenir a reiteração da
conduta lesiva. (Acórdão n.951397,
20150110763629APC, Relator: CARMELITA BRASIL 2ª
TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 29/06/2016,
Publicado no DJE: 05/07/2016. Pág.: 748/756)
CIVIL. PROCESSO CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA.
DÍVIDA INEXISTENTE. DANOS MORAIS.
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE
SERVIÇOS. FIXAÇÃO DO VALOR.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. 1 -
Conforme assente na doutrina e na jurisprudência, a
indevida inscrição do nome do consumidor em cadastro de
inadimplentes acarreta dano moral in re ipsa, não sendo
necessária a comprovação do prejuízo e nem a
intensidade do sofrimento experimentado pelo ofendido.
Precedentes. 2 - A indevida inscrição do nome de pessoa
jurídica em cadastros de inadimplentes gera o direito à
indenização por danos morais, sendo desnecessária a
comprovação dos prejuízos suportados, pois são óbvios os
efeitos nocivos da negativação. (STJ - AgRg no Ag
951.736/DF). 3 - A indenização por danos morais deve ser
fixada levando-se em consideração a proporcionalidade e
razoabilidade da condenação em face do dano sofrido pela
parte ofendida, de forma a assegurar-se a reparação pelos
danos morais experimentados, o que implica no adequado
exame das circunstâncias do caso. 4 -Recurso conhecido
e desprovido.(Acórdão n.950024, 20140710199176APC,
Relator: LEILA ARLANCH, Revisor: GISLENE PINHEIRO,
2ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 08/06/2016,
Publicado no DJE: 29/06/2016. Pág.: 141/162)

Somado ao contexto fático já abordado e provado, observa-se que a


empresa requerida fere de maneira cabal o Código de Defesa do Consumidor em seus
artigos 14, Caput e 42, Caput, já que além de fazer má prestação de um serviço, expões
de forma vexatório, o consumidor a situação constrangedora.
• DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Por tratar-se de relação de consumo requer desde já a inversão do
ônus da prova.
É cabível em virtude de estarem devidamente satisfeitos os requisitos
para a ocorrência de tal inversão. A verossimilhança está comprovada através dos
indícios apresentados nessa exordial e a hipossuficiência é evidente, tendo em vista
que a Ré possui maiores condições técnicas de trazer aos autos do processo elementos
fundamentais para a resolução da lide, além de uma equipe renomada de advogados
para realizarem sua defesa.
Nesse sentido, o Código de Defesa do Consumidor disciplina a
questão ao preceituar:
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Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
(...)VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação,
ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias da experiência.
• DO PEDIDO DE LIMINAR “INAUDITA ALTERA PARS”
Prima facie, é sabido por todos que o consumidor é a parte
hipossuficiente na relação de consumo. Desta forma, deve haver uma flexibilização da
interpretação das normas nas relações de consumo para proteger-lhes em virtude da
sua vulnerabilidade.
Entendeu-se que é necessário tutelar a parte mais vulnerável no
mercado consumerista. Exemplo desta evolução é a aplicação do instituto da inversão
do ônus da prova que visa passar a responsabilidade de provar para o fornecedor (art.
6º, VIII do CDC).
Neste diapasão, é que o Autor pleiteia junto a este Juízo, em sede de
Liminar, que a empresa requerida retire seu nome das listas de maus pagadores, visto
que nada deve a Requerida que justifique a manutenção nessa malfada listas.
Para a concessão de medida liminar, se faz necessário a
comprovação de dois requisitos: Fumus Boni Iuris e o Periculum in Mora. O que ficará
devidamente comprovado, senão vejamos:
Tais requisitos retratam a aparência de um bom direito e de perigo
eminente, ou seja, ocorre quando resta por demais comprovados que o ora requerente
possui plausibilidade.
É clarividente que o que se solicita é mais do que uma simples
aparência de um bom direito. É um direito certo e obrigatório do Autor que cumpriu com
suas obrigações, pois até ter negado atendimento e rescindo o contrato sempre cumpriu
com todas as suas obrigações, não devendo ser constrangida por ter cumprido com tal.
Claro está ainda o Periculum In Mora, visto que o Autor está em
processo de compra da casa própria (contrato de promessa de compra e venda e
convocação para financiamento imobiliário – Doc. anexos), e com a manutenção de seu
nome junto a SERASA e demais cadastros de maus pagadores de forma indevida, além
de impedi-lo de dar seguimento ao processo de financiamento imobiliário para
recebimento de sua casa nos próximos meses, pode e vir causar ainda mais danos de
difícil reparação ao mesmo que nada deve a Requerida, já que, caso não consiga o
financiamento imobiliário, será obrigado a efetuar destrato com a
construtora/incorporadora, gerando assim mais perdas materiais de grande monta, além
de danos psicológicos, visto que verá seu sonho da casa própria desabar por um ato
arbitrário e ilegal que vem sendo praticado contra si pela empresa Requerida.
Assim, não restam dúvidas, quanto à possibilidade de concessão da
medida liminar guerreada.
DO PEDIDO
Ante o exposto, considerando que a pretensão do Autor encontra
arrimo nas disposições legais já mencionadas, requer a Vossa Excelência:

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1. Que seja recebida a presente demanda, e em seguida
devidamente processada e julgada;
2. O deferimento da liminar inaudita altera pars, para que a
empresa Reclamada RETIRE IMEDIATAMENTE o nome do
Autor dos cadastros de maus pagadores (SERASA. SPC, etc.)
sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), já que
resta comprovado nos autos a inexistência de dívida que a
justifique e/ou sejam oficiados os órgãos restritivos de crédito
para que esses excluam o nome do autor de suas listas de
maus pagadores;
3. Que seja concedida a inversão do ônus da prova, conforme
preconiza o Código de Defesa do Consumidor;
4. Que seja determinada a citação da requerida, para comparecer
à Audiência a ser designada por este Juízo, e apresentar
CONTESTAÇÃO aos fatos, sob pena de ser decretada a
revelia, tendo assim por verdadeiros todos os fatos narrados
na presente exordial;
Ao final, que seja JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE a
presente ação, nos seguintes moldes para:
• Declarar a inexistência de todas as dívidas que vem sendo
indevidamente cobradas pela empresa requerida do Autor, bem como
reconhecer judicialmente a rescisão do contrato n.º 100930 e seus
aditivos com fulcro nos art. 475 do Código Civil (rescisão por
inadimplência da Requerida);
• Condenar a Requerida ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a
título de dano moral pela reiterada prática de cobrança indevida, bem
como por registrar e manter o nome do Autor indevidamente junto aos
cadastros de negativação de crédito (SPC/SERASA, etc.).
• A Condenação a Requerida ao pagamento das custas e honorários
sucumbências a serem fixados na proporção de 20% sobre o valor da
causa em caso de eventual recurso.
Por fim, pugna que todas as publicações sejam feitas em nome do
Advogado Marcelo Alves de Abreu – OAB/DF 29.696, sob pena de nulidade.
Protesta-se provar o alegado, por todos os meios de provas em direito
admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da
reclamada, oitiva das testemunhas, juntada de documentos, gravações, etc.
Atribui-se a presente causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil e
duzentos reais).
Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Brasília, 10 de junho de 2017.

Marcelo Alves de Abreu


OAB/DF 29.696

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