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PROCESSO PENAL
Informativo 1032
Tendo em vista a legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF), a
alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não autoriza a incidência do
percentual de 60% (inc. VII) aos condenados reincidentes não específicos para o fim de
progressão de regime. Diante da omissão legislativa, impõe-se a analogia in bonam partem,
para aplicação, inclusive retroativa, do inciso V do artigo 112 da LEP (lapso temporal de
40%) ao condenado por crime hediondo ou equiparado sem resultado morte reincidente não
específico
Informativo 1028
É inconstitucional ato normativo que exclui o direito dos candidatos com deficiência à
adaptação razoável em provas físicas de concursos públicos.
As constituições estaduais não podem instituir novas hipóteses de foro por prerrogativa
de função além daquelas previstas na Constituição Federal
Informativo 1025
A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crime comum conexo com
crime eleitoral, ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva
do delito eleitoral
Informativo 1017
A CF/88 determina que as autoridades estatais informem os presos que eles possuem o direito
de permanecer em silêncio (art. 5º, LXIII). Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser
feito não apenas pelo Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos policiais
responsáveis pela voz de prisão em flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais impõe-se
o dever de zelar pelos direitos fundamentais. A falta da advertência quanto ao direito ao
silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão.
Nesse contexto, interessante registrar que, nos Estados Unidos, há o instituto conhecido como
Miranda warning ou Miranda rights (aviso de Miranda ou advertência de Miranda), que
consiste na leitura dos direitos do preso feita pelo policial no momento da prisão, sob pena de
se invalidar tudo aquilo que for dito pelo agente
Informativo 1014
O juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba era incompetente para julgar as ações penais
contra Lula
Informativo 1013
Tribunal não pode aumentar a pena de multa em recurso exclusivo da defesa, ainda
que, no mesmo julgamento, reduza a pena privativa de liberdade
Jurisprudência em Teses (Ed. 69) Tese 12: A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes que
seja oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a inversão da ordem prevista no
art. 212 do Código de Processo Penal, constitui nulidade relativa (deve ser demonstrado o
prejuízo). Assim, deve a parte interessada arguir a nulidade no próprio ato, sob pena de
preclusão.
Informativo 1010
A autonomia dos estados para dispor sobre autoridades submetidas a foro privilegiado não é
ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político do constituinte estadual e deve seguir, por
simetria, o modelo federal.
O que é foro por prerrogativa de função? Trata-se de uma prerrogativa prevista pela
Constituição, segundo a qual as pessoas ocupantes de alguns cargos ou funções somente
serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) por determinados
Tribunais (TJ, TRF, STJ, STF).
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de
função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE,
Defensores Públicos e Delegados de Polícia.
Informativo 1009
Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo,
em serviço ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de habitantes do
Município.
O art. 6º, III e IV, da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) somente previa porte
de arma de fogo para os guardas municipais das capitais e dos Municípios com maior número
de habitantes. Assim, os integrantes das guardas municipais dos pequenos Municípios (em
termos populacionais) não tinham direito ao porte de arma de fogo. O STF considerou que
esse critério escolhido pela lei é inconstitucional porque os índices de criminalidade não estão
necessariamente relacionados com o número de habitantes. Assim, é inconstitucional a
restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de guardas municipais das capitais dos
estados e dos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes e de guardas
municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000
(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço. Com a decisão do STF todos os integrantes
das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo, em serviço ou mesmo fora
de serviço. Não interessa o número de habitantes do Município.
Não há nenhuma inconstitucionalidade no fato de a Lei nº 13.022/2014 ter elencado situações
em que as guardas municipais possam atuar em prol da segurança pública. Isso porque: 1) a
guarda municipal é um órgão que também integra o sistema de segurança pública,
considerando que se encontra prevista em um parágrafo do art. 144 da CF/88, que trata sobre
o tema; 2) a atuação da guarda municipal em prol da segurança pública, na forma como foi
prevista pela Lei nº 13.022/2014, é sempre conexa com as suas atribuições constitucionais ou,
quando for mais ampla, ocorre em colaboração com as Polícias. Ex1: a Lei determinou que a
guarda deverá “prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações
penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens, serviços e
instalações municipais” (inciso II do art. 5º). Ex2: compete à guarda “atuar, preventiva e
permanentemente, no território do Município, para a proteção sistêmica da população que
utiliza os bens, serviços e instalações municipais” (inciso III do art. 5º); Ex3: “colaborar, de
forma integrada com os órgãos de segurança pública, em ações conjuntas que contribuam
com a paz social” (inciso IV); 3) o art. 5º da Lei ressalta que a guarda municipal, no exercício
de suas competências, deverá respeitar as competências dos órgãos federais e estaduais.
Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente
contrária à prova dos autos) se o júri absolver o réu? STJ: SIM (posição pacífica). STF:
NÃO (posição majoritária).
O patamar mínimo diferenciado de remuneração aos presos previsto no art. 29, caput, da Lei
nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP) não representa violação aos princípios da
dignidade humana e da isonomia, sendo inaplicável à hipótese a garantia de salário-mínimo
prevista no art. 7º, IV, da Constituição Federal.
O preso não se sujeita ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (art. 28, § 2º,
da LEP) e seu trabalho possui finalidades educativa e produtiva, não podendo ser comparado
com o trabalho das pessoas que não cumprem pena.
Informativo 1006
Progressão antecipada da pena: O STF determinou que os juízes de execução penal do País,
de ofício ou mediante requerimento das partes, desde que presentes os requisitos subjetivos
(art. 112, § 1º, da LEP), concedam progressão antecipada da pena aos condenados que
estejam no regime semiaberto para o regime aberto em prisão domiciliar e que,
cumulativamente, atendam aos seguintes requisitos: i) estejam em presídios com ocupação
acima da capacidade física; ii) comprovem, mediante documentação médica, pertencer a um
grupo de risco para a Covid-19 conforme contido no art. 2º, § 3º, da Portaria Interministerial
n.º 7, de 18 de março de 2020; iii) cumpram penas por crimes praticados sem violência ou
grave ameaça à pessoa, exceto os delitos citados no art. 5º-A da Recomendação n. 62/2020 do
CNJ; iv) faltem 120 dias para completar o requisito objetivo para a progressão do regime
semiaberto para o aberto (art. 112 e parágrafos da LEP).
Informativo 1005
OBS: Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por
autoridade (ex: Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este
acordo de colaboração deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público
respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal competente (STJ). Assim, se os fatos
delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro por prerrogativa de
função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este
respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado.
OBS: Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação
da colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal.
Cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas
parcialmente o acordo de colaboração premiada.
Atualmente, não existe previsão legal de recurso cabível em face de não homologação ou de
homologação parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus. A
homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática
negocial regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o exercício
do poder punitivo estatal, considerando que nesse acordo estão regulados os benefícios
concedidos ao imputado e os limites à persecução penal.
OBS: Obs: a 6ª Turma do STJ possui julgado afirmando que: a apelação criminal é o recurso
adequado para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração
premiada, mas ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da
fungibilidade (REsp 1834215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020.
Info 683).
OBS: o STJ entende que o recurso apropriado é a APELAÇÃO criminal.
Informativo 1001
No caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de
prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime
São constitucionais o art. 60 da Lei 9.099/95 e o art. 2º da Lei 10.259/2001, que preveem
a possibilidade de infrações penais de menor potencial ofensivo não serem julgadas pelo
Juizado Especial em casos de conexão ou continência
Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das
infrações penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações
sejam julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela
conexão ou continência, observados, quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando
cabíveis.
Os Juizados Especiais criminais julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, ou
seja, contravenções penais e crimes cuja pena máxima prevista não seja superior a 2 anos,
cumulada ou não com multa.
Os institutos despenalizadores dos juizados constituem garantias individuais do acusado e
devem ser asseguradas, independente do juízo em que tramitarem as infrações penais. Assim,
se praticada infração penal de menor potencial ofensivo em concurso com outra infração
penal comum e deslocada a competência para a Justiça comum ou Tribunal do Júri, não há
óbice, senão determinação constitucional, à aplicação dos institutos despenalizadores da
transação penal e da composição civil dos danos quanto à infração de menor potencial
ofensivo, em respeito ao devido processo legal. Ademais, não se deve somar à pena máxima
da infração de menor potencial ofensivo com a da infração conexa (de maior gravidade) para
excluir a incidência da fase consensual e ser invocada como fator impeditivo da transação
penal ou composição civil dos danos.
Havendo conexão entre causas do Juizado Especial e causas da Justiça Comum, deve a
competência para o julgamento de ambas ser deslocada para a Justiça Comum.
O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso
no curso da execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo
do conhecimento, desde que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, podendo a instrução em sede
executiva ser suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a
autoria e as circunstâncias do crime correspondente à falta grave.
Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta
grave, é necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do
crime doloso? Em outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-
se prévia sentença judicial condenatória? NÃO. Para que o reeducando seja punido
administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave NÃO é necessário que, antes
disso, ele seja condenado judicialmente pela prática do crime doloso.
Essa apuração pode ocorrer mediante processo administrativo disciplinar ou por intermédio
de audiência de justificação feita no juízo da execução penal.
A instrução em sede executiva (processo administrativo ou audiência de justificação) pode
ser suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e as
circunstâncias do crime correspondente à falta grave, ainda que essa sentença não tenha
transitado em julgado.
Informativo 999
Os elementos de informação trazidos pelo colaborador a respeito de crimes que não sejam
conexos ao objeto da investigação primária devem receber o mesmo tratamento conferido à
descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros meios de obtenção de prova,
como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A colaboração premiada, como meio
de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de
concentração da competência. Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de
outros crimes e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas
as provas que corroborem suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação
telefônica, busca e apreensão etc.) para sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua
prevenção.
Fatos delatados que não são conexos com o objeto do processo são considerados encontro
fortuito Enquanto meio de obtenção de prova, os fatos relatados em colaboração premiada,
quando não conexos com o objeto do processo que deu origem ao acordo, devem receber o
tratamento conferido ao encontro fortuito de provas
Informativo 996
Pais e outros responsáveis por menor de 12 anos ou por pessoa com deficiência possuem
direito à prisão domiciliar, desde que observados os requisitos do art. 318 do CPP e não
tenham praticado crime com violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou
dependentes
Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar — desde que
observados os requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes
mediante violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes — os pais,
caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com
deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem
imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência.
Informativo 995
A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal não implica
automática revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a
reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos.
Informativo 993
Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qualquer
encomenda postada nos Correios, ante a inviolabilidade do sigilo das correspondências
Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante
abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo.
Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente
contrária à prova dos autos) se o júri absolver o réu? STJ: SIM (posição pacífica). STF:
NÃO (posição majoritária)
Informativo 990
Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a
conduta de disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou
adolescente tiver sido praticada pela internet e for acessível transnacionalmente
Houve mudança. Agora tem que ser transnacionalmente, não só pela internet.
Todo crime praticado pela internet é de competência da Justiça Federal? Obviamente que
não. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, o fato de o delito ter sido cometido
pela rede mundial de computadores não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal.
Assim, não haverá, em princípio, competência da Justiça Federal quando o panorama fático
revelar que houve apenas comunicação eletrônica entre particulares em canal de comunicação
fechado, como, por exemplo, no caso de uma troca de e-mails ou em conversas privadas entre
pessoas situadas no Brasil. Em tais hipóteses, ficando demonstrado que o conteúdo
permaneceu enclausurado (restrito) entre os participantes da conversa virtual, bem como que
os envolvidos se conectaram por meio de computadores instalados em território nacional, não
há que se cogitar na internacionalidade do resultado e, portanto, nem mesmo de que a
competência seria da Justiça Federal.
Informativo 989
STF determina que Justiça Eleitoral de 1ª instância apure crime eleitoral e também
crime federal conexos; ao receber os autos, Justiça Eleitoral arquiva a investigação do
crime eleitoral e remete os autos à Justiça Federal; isso afronta a decisão do STF
Informativo 988
O simples fato de o juiz ter feito a homologação dos acordos de colaboração ou mesmo ter
realizado as oitivas dos colaboradores não tem o condão de configurar, por si só, a quebra de
sua imparcialidade para o julgamento do réu ao qual imputados ilícitos no âmbito dos
respectivos acordos. Todavia, as circunstâncias particulares do caso concreto demonstram
que o juiz se investiu na função persecutória ainda na fase pré-processual, violando o sistema
acusatório.
Ao se analisar as atas de depoimentos, percebe-se uma proeminência (um destaque) para a
realização de perguntas feitas pelo juiz ao interrogado. O papel do magistrado era apenas o de
fazer o controle da legalidade e voluntariedade do acordo de colaboração premiada. No
entanto, o que se percebe pelas perguntas realizadas é que o juiz ultrapassou a mera
realização dessa função e atuou diretamente reforçando a acusação.
Logo, não houve mera supervisão dos atos de produção de prova, mas o direcionamento e a
contribuição do magistrado para o estabelecimento e para o fortalecimento da tese acusatória.
Além disso, ao final da instrução, depois das alegações finais, o magistrado ordenou a juntada
de documentos diretamente relacionados com os fatos criminosos imputados aos réus, sem
pedido do Ministério Público ou da defesa. Depois, ao sentenciar, ele utilizou expressamente
tais elementos para fundamentar a condenação. Mesmo que se pudesse invocar, em tese, a
possibilidade jurídica da produção de prova de ofício pelo julgador com base no art. 156 do
CPP, na situação dos autos, sequer é possível falar verdadeiramente em produção probatória.
Os documentos juntados não poderiam ter sido utilizados para a formação do juízo de autoria
e materialidade das imputações, uma vez encerrada a instrução processual.
Caso a parte deseje impugnar decisão monocrática proferida por Ministro do STF, o
instrumento processual cabível é o agravo regimental, no prazo de 5 dias.
Não é necessária a realização de PAD para aplicação de falta grave, desde que haja
audiência de justificação realizada com a participação da defesa e do MP
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza
criminal diversas da prisão
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o
estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir.
Informativo 982
O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve cumprir as
seguintes condicionantes: a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público;
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante. c) o objeto do
inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo à
independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças
aos membros do STF e a seus familiares ou por atos que atentem contra os Poderes
instituídos, contra o Estado de Direito e contra a democracia; e, por fim, d) a investigação
deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa, excluindo do escopo do
inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras manifestações
(inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem
esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais.
Informativo 981
A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao
pagamento de danos morais coletivos
O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo
penal, a pagar danos morais coletivos. O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da
responsabilidade, o dano moral não apenas na esfera individual como também na coletiva.
Informativo 980
A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais
O interrogatório deve ser o último ato da instrução, mesmo nos processos regidos pela
Lei nº 8.038/90.
A falta de abertura de prazo, após o encerramento da instrução, para manifestação das partes
acerca do interesse na feitura de diligências complementares constitui nulidade relativa, cujo
reconhecimento pressupõe que o inconformismo seja veiculado em momento oportuno, ou
seja, quando da apresentação de alegações finais.
Informativo 978
Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso
integral aos termos dos colaboradores desde que estejam presentes os requisitos positivo
e negativo
Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja indícios mais
robustos que uma simples notícia anônima
Informativo 970
Não se deve anular a condenação do réu no júri por ausência de defesa no caso em que o
advogado fez sustentação oral por apenas 3 minutos, sendo que, antes disso, o
Ministério Público já havia pedido a absolvição
Informativo 969
A anulação de decisão do tribunal do júri, por ser manifestamente contrária à prova dos autos,
não viola a regra constitucional que assegura a soberania dos veredictos do júri (art. 5º,
XXXVIII, c, da CF/88). Vale ressaltar, ainda, que não há contrariedade à cláusula de que
ninguém pode ser julgado mais de uma vez pelo mesmo crime. Ainda que se forme um
segundo Conselho de Sentença, o julgamento é um só, e termina com o trânsito em julgado
da decisão.
Informativo 968
O fato de as investigações estarem perto do fim e de já terem demorado anos não servem
como argumento jurídico válido para prorrogar a competência do STF. Apesar da efetiva
evolução das investigações, sob a supervisão do STF, não houve oferecimento de denúncia
contra o agravante nem encerramento da instrução processual penal. Logo, o marco temporal
relativo à data de apresentação das razões finais não foi alcançado. Além disso, quanto ao
segundo argumento da defesa, o STF esclareceu que é possível a imediata remessa dos autos
às instâncias competentes, inclusive antes da publicação do acórdão ou do trânsito em
julgado, quando constatado o risco de prescrição.
Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os
documentos do caso, não pode depor como testemunha no processo porque a conduta da
parte demonstra que ela não liberou o causídico do sigilo profissional que ele deve
respeitar
Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença
condenatória transitada em julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da
LEP.
Informativo 966
Súmula 734-STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial
que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.
O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia
Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por
autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e
por membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a causa).
A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 10.446/2002
e eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam implicar
responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem gerar a
nulidade do inquérito ou do processo penal.
Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam
respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados com o seu direito
de defesa
Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o
investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência
financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam
respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça.
A competência para dispor sobre os peritos oficiais da polícia civil é concorrente, nos termos
do art. 24, XVI, da CF/88, que prevê que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre organização, garantias, direitos e deveres dos policiais
civis. A União, cumprindo o que prevê o art. 24, XVI, da CF/88, editou as normas gerais sobre
o tema, ao aprovar a Lei nº 12.030/2009, que “dispõe sobre as perícias oficiais”. A LC
estadual 156/2010 não possui nenhuma antinomia com a Lei federal nº 12.030/2009. O art.
5º da Lei nº 12.030/2009 não foi exaustivo ao elencar determinados peritos. Podem existir
outros. Além disso, a Lei nº 12.030/2009 não proibiu que se equiparassem os cargos de
datiloscopista ou papiloscopista. A expressão “perito criminal” abrange, portanto, todos os
peritos oficiais que possuem a incumbência estatal de elucidar crimes, sendo possível
aventar um rol bem mais amplo de agentes que atuam como peritos oficiais.
Não viola a SV 11 a decisão que mantém as algemas durante julgamento no júri de réu
que integra milícia, possui extensa folha de antecedentes criminais e foi transferido para
presídio federal de segurança máxima em virtude da sua alta periculosidade
Não cabe HC contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de
investigado ou réu
Não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva
de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado
606 da Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal
Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo
recurso.
Obs: existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a prisão de
réu condenado por decisão do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso, não viola o
princípio constitucional da presunção de inocência ou não-culpabilidade.”
Informativo 959
O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente,
pelos mesmos fatos, em um Estado estrangeiro
1ª Turma do STF: NÃO. É incabível sustentação oral em agravo regimental interposto contra
decisão monocrática que nega seguimento a habeas corpus. O art. 131, § 2º do Regimento
Interno do STF veda expressamente a possibilidade de sustentação oral em agravo interno e
o art. 937, § 3º do CPC/2015 a admite unicamente em ação rescisória, reclamação e
mandado de segurança.
2ª Turma do STF: SIM. Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a
decisão monocrática do Ministro do STF que negou seguimento ao habeas corpus.
Assim que um habeas corpus é impetrado no STF ou STJ, será sorteado um Ministro para ser
o relator desta ação. Em regra, o habeas corpus deve ser julgado pelo colegiado (turma ou
plenário), ou seja, o relator prepara seu voto e o submete aos demais Ministros. No entanto,
o regimento interno do STF e do STJ autorizam que, em determinados casos, o Ministro
Relator, monocraticamente, negue seguimento ao habeas corpus caso sele seja
manifestamente: • inadmissível; • improcedente; • contrário à súmula do Tribunal; •
contrário à jurisprudência dominante do Tribunal; • ou quando for evidente a
incompetência do Tribunal para julgá-lo. Essa possibilidade de julgamento monocrático
existe não apenas para o habeas corpus como também para o mandado de segurança e para
os recursos.
Contra essa decisão do relator, cabe recurso? SIM. Cabe agravo regimental, no prazo de 5
dias corridos. O prazo e a forma de contagem estabelecidos pelo novo CPC não se aplicam
aos agravos regimentais que questionam atos produzidos em processos ou procedimentos
de natureza penal.
Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se
existe conexão entre os crimes
O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a correta fixação da
competência, bem como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado.
Informativo 958
Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão
julgador na fixação da pena
O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos
Informativo 953
A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem
deve ser excluída do processo
Os peritos papiloscopistas são integrantes de órgão público oficial do Estado com diversas
atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve ser mantida
decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário do Júri, o juiz-
presidente deveria esclarecer aos jurados que os papiloscopistas – que realizaram o laudo
pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho
de sentença. Isso porque, para o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o
laudo não é oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes,
respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante o julgamento pelo tribunal do júri,
defender a validade do documento ou impugná-lo.
Nem toda mãe de criança deverá ter direito à prisão domiciliar ou a receber medida
alternativa à prisão
Informativo 951
Não cabe revisão criminal contra decisão que se limita a inadmitir recurso
Informativo 950
Compete ao STF julgar a apelação criminal interposta contra sentença de 1ª instância caso
mais da metade dos membros do Tribunal de Justiça estejam impedidos ou sejam
interessados
Não há nulidade se o advogado do réu “A” foi devidamente intimado para o interrogatório
dos demais corréus (“X”, “Y”, “Z”), mas decide não comparecer.
Caso concreto: em ação penal originária que tramitava no TJ, o defensor foi intimado da
sessão de julgamento, mas deixou de comparecer e de fazer a sustentação oral; não há
nulidade. Intimada a defesa para a sessão de julgamento da ação penal originária, a
ausência da sustentação oral prevista no art. 12 da Lei nº 8.038/90 não invalida a
condenação.
Informativo 949
Em ação penal envolvendo réus colaborares e não colaboradores, o réu delatado tem o
direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu que firmou acordo de
colaboração premiada
Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que os réus
delatados apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores
Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como
na análise da licitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por
último as alegações finais, se houver a possibilidade de condenação do paciente. Isso
porque neste caso a discussão envolve liberdade de ir e vir.
Informativo 947
Com a revogação do art. 224 do CP pela Lei 12.015/2009, há de ser redimensionada a pena
aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da pena
previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90, que foi tacitamente revogado
Decisão do TJ que, em revisão criminal, absolve o réu sob a alegação de que a condenação
é contrária à evidência dos autos viola acórdão do STF que havia restaurado condenação
proferida pelo Tribunal do Júri
João foi denunciado por homicídio doloso. Foi condenado pelo Tribunal do Júri. Contra esta
sentença, a defesa interpôs apelação e o TJ deu provimento ao recurso, absolvendo o réu
por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos.
Isso porque só havia uma única testemunha contra o réu e o TJ entendeu que isso não seria
suficiente para a condenação. Contra o acórdão do TJ, o Ministério Público interpôs recurso
extraordinário. O STF deu provimento ao recurso do MP para restaurar o veredicto
condenatório prolatado pelo Tribunal do Júri. Para o STF, analisar se um único depoimento é
suficiente ou não para a condenação é uma matéria que cabe aos jurados no Tribunal do
Júri e que não pode ser reformado pelo TJ. Ocorre que, em revisão criminal, o TJ voltou a
absolver o réu utilizando novamente como fundamento o argumento de que a condenação
é contrária à evidência dos autos. Essa decisão do TJ na revisão criminal viola aquilo que o
STF decidiu no recurso extraordinário, razão pela qual deve ser julgada procedente
reclamação contra o acórdão do TJ.
O filho da vítima do homicídio, mesmo que não tenha sido assistente de acusação, tem
legitimidade para ajuizar reclamação contra decisão do TJ que absolveu o réu, se outro
membro da família havia sido assistente de acusação
Informativo 944
Informativo 942
Poder Judiciário não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de colaboração
premiada
Não existe direito líquido e certo a compelir o Ministério Público à celebração do acordo de
delação premiada, diante das características desse tipo de acordo e considerando a
necessidade de distanciamento que o Estado-juiz deve manter durante o cenário
investigado e a fase de negociação entre as partes do cenário investigativo. O acordo de
colaboração premiada, além de meio de obtenção de prova, constitui-se em um negócio
jurídico processual personalíssimo, cuja conveniência e oportunidade estão submetidos à
discricionariedade regrada do Ministério Público e não se submetem ao escrutínio do
Estado-juiz. Em outras palavras, trata-se de ato voluntário, insuscetível de imposição
judicial.
Vale ressaltar, no entanto, que o ato do membro do Ministério Público que se nega à
realização do acordo deve ser devidamente motivado. Essa recusa pode ser objeto de
controle por órgão superior no âmbito do Ministério Público (Procurador-Geral de Justiça ou
Comissão de Coordenação e Revisão), por aplicação analógica do art. 28 do CPP (art. 62, IV,
da LC 75/93).
Informativo 940
Prefeito cometeu o crime durante o exercício do mandato e o delito está relacionado com
as suas funções: a competência para julgá-lo será, em regra, do Tribunal de Justiça. Se esse
Prefeito, antes de o processo terminar, for reeleito para um segundo mandato (consecutivo
e ininterrupto), neste caso, o Tribunal de Justiça continuará sendo competente para julgá-lo.
Por outro lado, se o agente deixar o cargo de Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito
novamente Prefeito do mesmo Município, nesta situação a competência para julgar o crime
será do juízo de 1ª instância. A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se
houve reeleição, não se aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o agente
ter ficado sem ocupar função pública.
O ato impugnado na reclamação deve ser posterior à decisão paradigma que se alega
violada
A Lei nº 13.060/2014, que disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo
pelos agentes de segurança pública, é constitucional, tanto sob o aspecto formal como
material.
Spray de pimenta, gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, agentes fumígenos, pistolas
de impulsos elétricos (como é o caso do taser).
A prisão cautelar, portanto, constitui medida de natureza excepcional e não pode ser
utilizada como instrumento de punição antecipada do réu
Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição tenha
sido negada?
Na fase de pronúncia deve-se adotar a teoria racionalista da prova, na qual não deve
haver critérios de valoração das provas rigidamente definidos na lei, no entanto, por outro
lado, o juízo sobre os fatos deve ser pautado por critérios de lógica e racionalidade,
podendo ser controlado em âmbito recursal ordinário.
Para a pronúncia, não se exige uma certeza além da dúvida razoável, necessária para a
condenação. Contudo, a submissão de um acusado ao julgamento pelo Tribunal do Júri
pressupõe a existência de um lastro probatório consistente no sentido da tese acusatória.
Ou seja, requer-se um standard probatório um pouco inferior, mas ainda assim dependente
de uma preponderância de provas incriminatórias.
Informativo 933
Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem
conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos
comuns aos delitos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente.
STF é competente para julgar crime eleitoral praticado por Deputado Federal durante a
sua campanha à reeleição caso ele tenha sido reeleito
Lei estadual pode exigir que a perícia feita em vítima do sexo feminino seja feita por
legista mulher, mas desde que isso não importe retardamento ou prejuízo da diligência
O STF concedeu medida cautelar em ADI para dar interpretação conforme a Constituição a
esse dispositivo. Segundo o STF, as crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de
violência deverão ser, obrigatoriamente, examinadas por legista mulher, mas desde que isso
não importe retardamento ou prejuízo da diligência. É preciso conciliar a proteção de
crianças e adolescentes mulheres vítimas de violência e o acesso à Justiça. Embora essa
norma estadual vise proteger as vítimas de estupro na realização da perícia, o efeito
resultante foi contrário, porque peritos homens estavam se recusando a fazer o exame nas
menores de idade em razão da Lei. Dessa forma, as investigações não tinham
prosseguimento. Vale ressaltar, por fim, que o Estado-membro tinha competência legislativa
para editar esta norma (não há inconstitucionalidade formal). Isso porque esta Lei estadual
não trata sobre direito processual penal (art. 22, I, da CF/88), mas sim sobre procedimento
em matéria processual, assunto que é de competência concorrente.
É possível o arresto prévio de bens de acusados por suposta prática de crime único de
corrupção passiva em concurso de agentes
Para que seja autorizada a decretação da medida de arresto, não é necessário que fique
demonstrado que o réu está praticando atos concretos de desfazimento de bens. Porém, é
imperiosa a demonstração da plausibilidade do direito e do perigo na demora. A
indisponibilidade dos bens não traz prejuízos desarrazoados ao réu, pois ele terá seus bens
desbloqueados, se absolvido ao fim do processo. Assim, é possível o arresto prévio de bens
de acusados por suposta prática de crime único de corrupção passiva em concurso de
agentes.
Informativo 932
São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas
ruas como agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como agente
infiltrado em grupo criminoso
Determinado policial militar foi designado para participar, nas ruas, à paisana, de passeatas
e manifestações, a fim de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em
atuação estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em
2014. Para essa atividade, não se exigia prévia autorização judicial. No curso de sua
atividade originária, o referido policial, percebendo que algumas pessoas estavam se
reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses suspeitos, ganhou a sua
confiança e infiltrou-se no grupo participando das conversas virtuais e das reuniões
presenciais dos envolvidos. Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original
e passou a agir como agente infiltrado.
Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após prévia autorização
judicial, o que não havia no caso. Diante disso, o STF declarou a ilicitude e determinou o
desentranhamento da infiltração realizada pelo policial militar e dos depoimentos por ele
prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art. 157, § 3º, do CPP.
Informativo 931
Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal
não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF,
mas sim do juízo de 1ª instância.
Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018). A apropriação indébita se consuma no
ato da inversão da propriedade do bem. Se a inversão da propriedade ocorreu com a
transferência dos recursos da conta bancária da empresa vítima, com sede em Brasília/DF,
efetuada pelo Diretor da entidade, tem-se que a competência para apurar este delito é do
juiz de direito de 1ª instância do TJDFT.
Informativo 927
Se a condenação proferida pelo júri foi anulada pelo Tribunal em recurso exclusivo da
defesa, isso significa que deverá ser realizado um novo júri, mas, em caso de nova
condenação, a pena imposta neste segundo julgamento não poderá ser superior àquela
fixada na sentença do primeiro júri.
Informativo 925
Pessoa que havia recebido medida de segurança, mas que, no recurso, teve extinta a
punibilidade por prescrição não pode permanecer internada no hospital de custódia
Informativo 924
STF, ao receber pedido da PGR para remessa de investigação contra Senador para a 1ª
instância, determinou o retorno dos autos ao MP a fim de que apresente os indícios
contra o investigado
Em 2016, foi instaurado inquérito no STF para apurar crimes de corrupção passiva (art. 317
do CP) e de lavagem de dinheiro (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98) que teriam sido praticados
por Aécio Neves. O Delegado de Polícia Federal concluiu as investigações, opinando, no
relatório policial, pelo arquivamento do inquérito sob a alegação de que não foram reunidos
indícios contra o investigado. A Procuradoria-Geral da República afirmou que, após a
manifestação do Delegado, surgiram novos indícios e que, portanto, as investigações
deveriam continuar. Afirmou, contudo, que o STF deveria remeter os autos à 1ª instância
para que as investigações continuassem lá, tendo em vista que os delitos praticados por
Aécio Neves teriam sido praticados fora do cargo de parlamentar federal, não havendo
competência do STF. O STF determinou o retorno dos autos à PGR para que ela conclua as
diligências ainda pendentes de execução, no prazo de 60 dias, e que depois apresente
manifestação conclusiva nos autos, apontando concretamente os novos elementos de prova
a serem considerados. De posse de manifestação mais objetiva da PGR, com provas
suficientes para eventual continuidade das investigações, o STF poderá avaliar se é mesmo o
caso de arquivamento ou se a investigação deve prosseguir e em que condições.
Informativo 923
A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é
constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao
silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade.
Ainda que remetido a outros órgãos do Poder Judiciário para apuração dos fatos
delatados, o juízo que homologou o acordo de colaboração premiada continua sendo
competente para analisar os pedidos de compartilhamento dos termos de depoimentos
prestados no âmbito da colaboração.
Não caracteriza reformatio in pejus a decisão de tribunal de justiça que, ao julgar recurso
de apelação exclusivo da defesa, mantém a reprimenda aplicada pelo magistrado de
primeiro grau, porém com fundamentos diversos daqueles adotados na sentença.
Deve ser concedida a liberdade provisória a réu primário preso preventivamente sob a
imputação de tráfico de drogas por ter sido encontrado com 887,89 gramas de maconha e
R$ 1.730,00. O STF considerou genéricas as razões da segregação cautelar do réu. Além
disso, reconheceu como de pouca nocividade a substância entorpecente apreendida
(maconha). Reputou que a prisão de jovens pelo tráfico de pequena quantidade de
maconha é mais gravosa do que a eventual permanência em liberdade, pois serão
fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais grave ao ingressarem
no ambiente carcerário.
Não há nulidade se o réu possui mais de um advogado constituído nos autos e a intimação
para a sessão de julgamento ocorre em nome de apenas um dos causídicos que, no entanto,
já havia falecido, mas cuja morte não tinha sido comunicada ao Tribunal. Vale ressaltar que,
neste caso, não havia pedido da defesa para que todos os advogados fossem intimados ou
para que constasse o nome de um causídico em específico nas publicações. Assim, estando
o réu representado por mais de um advogado, basta, em regra, que a intimação seja
realizada em nome de um deles para a validade dos atos processuais, salvo quando houver
requerimento expresso para que as publicações sejam feitas de forma diversa.
Cumpre esclarecer, no entanto, que, se, no processo estivesse atuando apenas um
advogado, neste caso, haveria nulidade: A intimação do julgamento da apelação em nome
do advogado falecido do réu, único causídico constituído nos autos, configura cerceamento
de defesa apto a ensejar a nulidade absoluta, já que impossibilitou a interposição de recurso
pela defesa.