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INFORMATIVOS IMPORTANTES STF

PROCESSO PENAL
Informativo 1032

Ao reincidente não específico em crime hediondo, aplica-se, inclusive retroativamente, o


inciso V do art. 112 da LEP para fins de progressão de regime

Tendo em vista a legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF), a
alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não autoriza a incidência do
percentual de 60% (inc. VII) aos condenados reincidentes não específicos para o fim de
progressão de regime. Diante da omissão legislativa, impõe-se a analogia in bonam partem,
para aplicação, inclusive retroativa, do inciso V do artigo 112 da LEP (lapso temporal de
40%) ao condenado por crime hediondo ou equiparado sem resultado morte reincidente não
específico
Informativo 1028

É inconstitucional ato normativo que exclui o direito dos candidatos com deficiência à
adaptação razoável em provas físicas de concursos públicos.

É inconstitucional a submissão genérica de candidatos com e sem deficiência aos


mesmos critérios em provas físicas, sem a demonstração da sua necessidade para o
exercício da função pública.

Tem-se a proibição da discriminação indireta, que ocorre quando práticas aparentemente


neutras geram empecilhos a que as pessoas com deficiência possam exercer os seus direitos.

“Adaptação razoável” significa as modificações e os ajustes necessários e adequados que não


acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de
assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.
Em outras palavras, significa que as pessoas com deficiência fazem jus às adaptações do
meio social e essa adaptação pode ser exigida desde que não imponha um ônus
desproporcional.
Informativo 1026

As constituições estaduais não podem instituir novas hipóteses de foro por prerrogativa
de função além daquelas previstas na Constituição Federal
Informativo 1025

Principais conclusões jurídicas do STF a respeito da “Operação Jabuti”

1) Os conselhos seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) possuem legitimidade


para ingressar com reclamação perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa dos
interesses concretos e das prerrogativas de seus associados, nos termos da expressa previsão
legal.
2) No caso concreto, entendeu-se que os reclamantes não demonstraram a usurpação de
competência do STF. A despeito disso, o STF afirmou que se constatou que foram praticadas
ilegalidades flagrantes e, diante disso, a Corte reputou ser possível a concessão de “habeas
corpus” de ofício em sede de reclamação constitucional, nos termos do art. 193, II, do RISTF
e do art. 654, § 2º, do CPP.
3) Compete à Justiça estadual processar e julgar fatos envolvendo entidades integrantes do
denominado “Sistema S”.
4) Além de violar prerrogativas da advocacia, a deflagração de amplas, inespecíficas e
desarrazoadas medidas de busca e apreensão em desfavor de advogados pode evidenciar a
prática de “fishing expedition”. Fishing expedition consiste em “uma investigação
especulativa indiscriminada, sem objetivo certo ou declarado, que ‘lança’ suas redes com a
esperança de ‘pescar’ qualquer prova, para subsidiar uma futura acusação.
5) Extrai-se do art. 394 e seguintes do CPP que a produção probatória após o oferecimento da
denúncia deve ocorrer em juízo, com as garantias do contraditório e da ampla defesa.
Informativo 1024

A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar crime comum conexo com
crime eleitoral, ainda que haja o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva
do delito eleitoral

Informativo 1017

O Poder Judiciário não pode impor ao MP a obrigação de ofertar ANPP

Não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer


o reexame de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do CPP, não sendo legítimo, em
regra, que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim de impedir a remessa
ao órgão superior no MP. Isso porque a redação do art. 28-A, § 14, do CPP determina a
iniciativa da defesa para requerer a sua aplicação.
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia
No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art.
28 do CPP
Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia
Informativo 1016

Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais prestadas


a policiais no momento da prisão em flagrante

A CF/88 determina que as autoridades estatais informem os presos que eles possuem o direito
de permanecer em silêncio (art. 5º, LXIII). Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser
feito não apenas pelo Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos policiais
responsáveis pela voz de prisão em flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais impõe-se
o dever de zelar pelos direitos fundamentais. A falta da advertência quanto ao direito ao
silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão.
Nesse contexto, interessante registrar que, nos Estados Unidos, há o instituto conhecido como
Miranda warning ou Miranda rights (aviso de Miranda ou advertência de Miranda), que
consiste na leitura dos direitos do preso feita pelo policial no momento da prisão, sob pena de
se invalidar tudo aquilo que for dito pelo agente
Informativo 1014

O juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba era incompetente para julgar as ações penais
contra Lula
Informativo 1013
Tribunal não pode aumentar a pena de multa em recurso exclusivo da defesa, ainda
que, no mesmo julgamento, reduza a pena privativa de liberdade

Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non reformatio in pejus”, a


majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso exclusivo da defesa. Isso
porque, na apreciação de recurso exclusivo da defesa, o tribunal não pode inovar na
fundamentação da dosimetria da pena, contra o condenado, ainda que a inovação não resulte
em aumento da pena final.

STF determina a realização de audiência pública para discutir os altos níveis de


encarceramento e a resistência de juízes e Tribunais quanto ao cumprimento de
decisões do STF em matéria de execução penal

Diante da permanência de “Estado de Coisas Inconstitucional” (ECI) no âmbito do sistema


penitenciário brasileiro — caracterizado pela manutenção de altos níveis de encarceramento e
da resistência ao cumprimento de decisões do STF —, faz-se necessária a adoção de medidas
tendentes ao efetivo implemento de ordens judiciais, dentre as quais, a realização de
audiências públicas
Informativo 1012

Não cabe ao juiz, na audiência de instrução e julgamento de processo penal, iniciar a


inquirição de testemunha, cabendo-lhe, apenas, complementar a inquirição sobre os
pontos não esclarecidos

Jurisprudência em Teses (Ed. 69) Tese 12: A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes que
seja oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a inversão da ordem prevista no
art. 212 do Código de Processo Penal, constitui nulidade relativa (deve ser demonstrado o
prejuízo). Assim, deve a parte interessada arguir a nulidade no próprio ato, sob pena de
preclusão.
Informativo 1010

É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por


prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para o Delegado Geral da Polícia Civil

A autonomia dos estados para dispor sobre autoridades submetidas a foro privilegiado não é
ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político do constituinte estadual e deve seguir, por
simetria, o modelo federal.
O que é foro por prerrogativa de função? Trata-se de uma prerrogativa prevista pela
Constituição, segundo a qual as pessoas ocupantes de alguns cargos ou funções somente
serão processadas e julgadas criminalmente (não engloba processos cíveis) por determinados
Tribunais (TJ, TRF, STJ, STF).
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa de
função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE,
Defensores Públicos e Delegados de Polícia.
Informativo 1009

A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios da


dignidade da pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero
Informativo 1007

Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo,
em serviço ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de habitantes do
Município.

O art. 6º, III e IV, da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) somente previa porte
de arma de fogo para os guardas municipais das capitais e dos Municípios com maior número
de habitantes. Assim, os integrantes das guardas municipais dos pequenos Municípios (em
termos populacionais) não tinham direito ao porte de arma de fogo. O STF considerou que
esse critério escolhido pela lei é inconstitucional porque os índices de criminalidade não estão
necessariamente relacionados com o número de habitantes. Assim, é inconstitucional a
restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de guardas municipais das capitais dos
estados e dos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes e de guardas
municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000
(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço. Com a decisão do STF todos os integrantes
das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo, em serviço ou mesmo fora
de serviço. Não interessa o número de habitantes do Município.
Não há nenhuma inconstitucionalidade no fato de a Lei nº 13.022/2014 ter elencado situações
em que as guardas municipais possam atuar em prol da segurança pública. Isso porque: 1) a
guarda municipal é um órgão que também integra o sistema de segurança pública,
considerando que se encontra prevista em um parágrafo do art. 144 da CF/88, que trata sobre
o tema; 2) a atuação da guarda municipal em prol da segurança pública, na forma como foi
prevista pela Lei nº 13.022/2014, é sempre conexa com as suas atribuições constitucionais ou,
quando for mais ampla, ocorre em colaboração com as Polícias. Ex1: a Lei determinou que a
guarda deverá “prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações
penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens, serviços e
instalações municipais” (inciso II do art. 5º). Ex2: compete à guarda “atuar, preventiva e
permanentemente, no território do Município, para a proteção sistêmica da população que
utiliza os bens, serviços e instalações municipais” (inciso III do art. 5º); Ex3: “colaborar, de
forma integrada com os órgãos de segurança pública, em ações conjuntas que contribuam
com a paz social” (inciso IV); 3) o art. 5º da Lei ressalta que a guarda municipal, no exercício
de suas competências, deverá respeitar as competências dos órgãos federais e estaduais.

Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente
contrária à prova dos autos) se o júri absolver o réu? STJ: SIM (posição pacífica). STF:
NÃO (posição majoritária).

A 3ª Seção do STJ firmou o entendimento de que a anulação da decisão absolutória do


Conselho de Sentença (ainda que por clemência), manifestamente contrária à prova dos autos,
segundo o Tribunal de Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação interposto pelo
Ministério Público (art. 593, III, “d”, do CPP), não viola a soberania dos veredictos.
A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º,
do CPP, não depende de elementos probatórios ou de teses veiculadas pela defesa. Isso
porque vigora a livre convicção dos jurados. Em razão da norma constitucional que consagra
a soberania dos veredictos, a sentença absolutória de Tribunal do Júri, fundada no quesito
genérico de absolvição, não implica nulidade da decisão a ensejar apelação da acusação. Os
jurados podem absolver o réu com base na livre convicção e independentemente das teses
veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais.
OBS: Caso a defesa lance mão, direta ou indiretamente, da tese inconstitucional de legítima
defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese), seja na fase pré-processual,
processual ou no julgamento perante o tribunal do júri, estará caracterizada a nulidade da
prova, do ato processual ou até mesmo dos debates por ocasião da sessão do júri (caso não
obstada pelo Presidente do Júri), facultando-se ao titular da acusação recorrer de apelação na
forma do art. 593, III, “a”, do CPP.
É constitucional o art. 29, caput, da LEP, que permite que o preso que trabalhar receba
3/4 do salário-mínimo

O patamar mínimo diferenciado de remuneração aos presos previsto no art. 29, caput, da Lei
nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP) não representa violação aos princípios da
dignidade humana e da isonomia, sendo inaplicável à hipótese a garantia de salário-mínimo
prevista no art. 7º, IV, da Constituição Federal.
O preso não se sujeita ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (art. 28, § 2º,
da LEP) e seu trabalho possui finalidades educativa e produtiva, não podendo ser comparado
com o trabalho das pessoas que não cumprem pena.

Informativo 1006

Diante da persistência do quadro pandêmico de emergência sanitária decorrente da


Covid-19 e presentes a plausibilidade jurídica do direito invocado, bem como o perigo
de lesão irreparável ou de difícil reparação a direitos fundamentais das pessoas levadas
ao cárcere, admite-se — analisadas as peculiaridades dos processos individuais pelos
respectivos juízos de execução penal, e desde que presentes os requisitos subjetivos — a
adoção de medidas tendentes a evitar a infecção e a propagação da Covid-19 em
estabelecimentos prisionais, dentre as quais a progressão antecipada da pena.

Progressão antecipada da pena: O STF determinou que os juízes de execução penal do País,
de ofício ou mediante requerimento das partes, desde que presentes os requisitos subjetivos
(art. 112, § 1º, da LEP), concedam progressão antecipada da pena aos condenados que
estejam no regime semiaberto para o regime aberto em prisão domiciliar e que,
cumulativamente, atendam aos seguintes requisitos: i) estejam em presídios com ocupação
acima da capacidade física; ii) comprovem, mediante documentação médica, pertencer a um
grupo de risco para a Covid-19 conforme contido no art. 2º, § 3º, da Portaria Interministerial
n.º 7, de 18 de março de 2020; iii) cumpram penas por crimes praticados sem violência ou
grave ameaça à pessoa, exceto os delitos citados no art. 5º-A da Recomendação n. 62/2020 do
CNJ; iv) faltem 120 dias para completar o requisito objetivo para a progressão do regime
semiaberto para o aberto (art. 112 e parágrafos da LEP).
Informativo 1005

Pedido de reconsideração não suspende prazo nem impede a preclusão

Os pedidos de reconsideração carecem de qualquer respaldo no regramento processual


vigente. Eles não constituem recursos, em sentido estrito, nem mesmo meios de impugnação
atípicos. Por isso, não suspendem prazos e tampouco impedem a preclusão

O art. 46 da LC 75/93 atribui competência exclusiva à Procuradoria-Geral da


República para oficiar nos processos em curso perante o STF
Informativo 1004

A homologação de acordo de colaboração, em regra, terá que se dar perante o juízo


competente para autorizar as medidas de produção de prova e para processar e julgar
os fatos delituosos cometidos pelo colaborador. Contudo, caso a proposta de acordo
aconteça entre a sentença e o julgamento pelo órgão recursal, a homologação ocorrerá
no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão.

OBS: Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por
autoridade (ex: Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este
acordo de colaboração deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público
respectivo (PGR), com homologação pelo Tribunal competente (STJ). Assim, se os fatos
delatados tiverem que ser julgados originariamente por um Tribunal (foro por prerrogativa de
função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá ser homologado por este
respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado.
OBS: Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação
da colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal.

Cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas
parcialmente o acordo de colaboração premiada.

Atualmente, não existe previsão legal de recurso cabível em face de não homologação ou de
homologação parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus. A
homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática
negocial regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o exercício
do poder punitivo estatal, considerando que nesse acordo estão regulados os benefícios
concedidos ao imputado e os limites à persecução penal.

OBS: Obs: a 6ª Turma do STJ possui julgado afirmando que: a apelação criminal é o recurso
adequado para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração
premiada, mas ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da
fungibilidade (REsp 1834215-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020.
Info 683).
OBS: o STJ entende que o recurso apropriado é a APELAÇÃO criminal.
Informativo 1001

No caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de
prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime

Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes


previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de
suspensão do prazo prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato
cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer suspenso.
A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do
art. 366 do CPP? STJ: SIM. STF: não tem consenso. Tem decisão admitindo e outras não.

São constitucionais o art. 60 da Lei 9.099/95 e o art. 2º da Lei 10.259/2001, que preveem
a possibilidade de infrações penais de menor potencial ofensivo não serem julgadas pelo
Juizado Especial em casos de conexão ou continência

Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das
infrações penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações
sejam julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela
conexão ou continência, observados, quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando
cabíveis.
Os Juizados Especiais criminais julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, ou
seja, contravenções penais e crimes cuja pena máxima prevista não seja superior a 2 anos,
cumulada ou não com multa.
Os institutos despenalizadores dos juizados constituem garantias individuais do acusado e
devem ser asseguradas, independente do juízo em que tramitarem as infrações penais. Assim,
se praticada infração penal de menor potencial ofensivo em concurso com outra infração
penal comum e deslocada a competência para a Justiça comum ou Tribunal do Júri, não há
óbice, senão determinação constitucional, à aplicação dos institutos despenalizadores da
transação penal e da composição civil dos danos quanto à infração de menor potencial
ofensivo, em respeito ao devido processo legal. Ademais, não se deve somar à pena máxima
da infração de menor potencial ofensivo com a da infração conexa (de maior gravidade) para
excluir a incidência da fase consensual e ser invocada como fator impeditivo da transação
penal ou composição civil dos danos.
Havendo conexão entre causas do Juizado Especial e causas da Justiça Comum, deve a
competência para o julgamento de ambas ser deslocada para a Justiça Comum.

O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime


doloso no curso da execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação
criminal, desde que ocorra a apuração do ilícito com as garantias constitucionais

O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso
no curso da execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo
do conhecimento, desde que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, podendo a instrução em sede
executiva ser suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a
autoria e as circunstâncias do crime correspondente à falta grave.
Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta
grave, é necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do
crime doloso? Em outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-
se prévia sentença judicial condenatória? NÃO. Para que o reeducando seja punido
administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave NÃO é necessário que, antes
disso, ele seja condenado judicialmente pela prática do crime doloso.
Essa apuração pode ocorrer mediante processo administrativo disciplinar ou por intermédio
de audiência de justificação feita no juízo da execução penal.
A instrução em sede executiva (processo administrativo ou audiência de justificação) pode
ser suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e as
circunstâncias do crime correspondente à falta grave, ainda que essa sentença não tenha
transitado em julgado.
Informativo 999

A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de


determinação, de modificação ou de concentração da competência

Os elementos de informação trazidos pelo colaborador a respeito de crimes que não sejam
conexos ao objeto da investigação primária devem receber o mesmo tratamento conferido à
descoberta fortuita ou ao encontro fortuito de provas em outros meios de obtenção de prova,
como a busca e apreensão e a interceptação telefônica. A colaboração premiada, como meio
de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de
concentração da competência. Assim, ainda que o agente colaborador aponte a existência de
outros crimes e que o juízo perante o qual foram prestados seus depoimentos ou apresentadas
as provas que corroborem suas declarações ordene a realização de diligências (interceptação
telefônica, busca e apreensão etc.) para sua apuração, esses fatos, por si sós, não firmam sua
prevenção.
Fatos delatados que não são conexos com o objeto do processo são considerados encontro
fortuito Enquanto meio de obtenção de prova, os fatos relatados em colaboração premiada,
quando não conexos com o objeto do processo que deu origem ao acordo, devem receber o
tratamento conferido ao encontro fortuito de provas
Informativo 996
Pais e outros responsáveis por menor de 12 anos ou por pessoa com deficiência possuem
direito à prisão domiciliar, desde que observados os requisitos do art. 318 do CPP e não
tenham praticado crime com violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou
dependentes

Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar — desde que
observados os requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes
mediante violência ou grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes — os pais,
caso sejam os únicos responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com
deficiência, bem como outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem
imprescindíveis aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência.
Informativo 995

A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal não implica
automática revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a
reavaliar a legalidade e a atualidade de seus fundamentos.
Informativo 993

É constitucional a multa imposta ao defensor por abandono do processo, prevista no


art. 265 do CPP

Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qualquer
encomenda postada nos Correios, ante a inviolabilidade do sigilo das correspondências

Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante
abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo.

Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente
contrária à prova dos autos) se o júri absolver o réu? STJ: SIM (posição pacífica). STF:
NÃO (posição majoritária)
Informativo 990

Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a
conduta de disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou
adolescente tiver sido praticada pela internet e for acessível transnacionalmente

Houve mudança. Agora tem que ser transnacionalmente, não só pela internet.
Todo crime praticado pela internet é de competência da Justiça Federal? Obviamente que
não. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, o fato de o delito ter sido cometido
pela rede mundial de computadores não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal.
Assim, não haverá, em princípio, competência da Justiça Federal quando o panorama fático
revelar que houve apenas comunicação eletrônica entre particulares em canal de comunicação
fechado, como, por exemplo, no caso de uma troca de e-mails ou em conversas privadas entre
pessoas situadas no Brasil. Em tais hipóteses, ficando demonstrado que o conteúdo
permaneceu enclausurado (restrito) entre os participantes da conversa virtual, bem como que
os envolvidos se conectaram por meio de computadores instalados em território nacional, não
há que se cogitar na internacionalidade do resultado e, portanto, nem mesmo de que a
competência seria da Justiça Federal.
Informativo 989

STF determina que Justiça Eleitoral de 1ª instância apure crime eleitoral e também
crime federal conexos; ao receber os autos, Justiça Eleitoral arquiva a investigação do
crime eleitoral e remete os autos à Justiça Federal; isso afronta a decisão do STF
Informativo 988

Nulidade reconhecida por dois fundamentos: i) juiz, ao analisar a homologação de


colaboração premiada, fez diversas perguntas para reforçar a acusação; ii) juiz, depois
das alegações finais, determinou a juntada, de ofício, de documentos utilizados para
condenar o réu

O simples fato de o juiz ter feito a homologação dos acordos de colaboração ou mesmo ter
realizado as oitivas dos colaboradores não tem o condão de configurar, por si só, a quebra de
sua imparcialidade para o julgamento do réu ao qual imputados ilícitos no âmbito dos
respectivos acordos. Todavia, as circunstâncias particulares do caso concreto demonstram
que o juiz se investiu na função persecutória ainda na fase pré-processual, violando o sistema
acusatório.
Ao se analisar as atas de depoimentos, percebe-se uma proeminência (um destaque) para a
realização de perguntas feitas pelo juiz ao interrogado. O papel do magistrado era apenas o de
fazer o controle da legalidade e voluntariedade do acordo de colaboração premiada. No
entanto, o que se percebe pelas perguntas realizadas é que o juiz ultrapassou a mera
realização dessa função e atuou diretamente reforçando a acusação.
Logo, não houve mera supervisão dos atos de produção de prova, mas o direcionamento e a
contribuição do magistrado para o estabelecimento e para o fortalecimento da tese acusatória.
Além disso, ao final da instrução, depois das alegações finais, o magistrado ordenou a juntada
de documentos diretamente relacionados com os fatos criminosos imputados aos réus, sem
pedido do Ministério Público ou da defesa. Depois, ao sentenciar, ele utilizou expressamente
tais elementos para fundamentar a condenação. Mesmo que se pudesse invocar, em tese, a
possibilidade jurídica da produção de prova de ofício pelo julgador com base no art. 156 do
CPP, na situação dos autos, sequer é possível falar verdadeiramente em produção probatória.
Os documentos juntados não poderiam ter sido utilizados para a formação do juízo de autoria
e materialidade das imputações, uma vez encerrada a instrução processual.

STF reconheceu, em habeas corpus impetrado por um dos delatados, a nulidade de


acordo de colaboração premiada em virtude de suspeita de que teria havido
irregularidade na atuação do Ministério Público nas tratativas feitas com o delator

O delatado pode ingressar em juízo impugnando o acordo de colaboração premiada celebrado


pelo colaborador? É possível a impugnação do acordo de colaboração premiada por terceiro
delatado? Regra geral: NÃO. Por se tratar de negócio jurídico personalíssimo, o acordo de
colaboração premiada não pode ser impugnado por coautores ou partícipes do colaborador na
organização criminosa e nas infrações penais por ela praticadas, ainda que venham a ser
expressamente nominados no respectivo instrumento no “relato da colaboração e seus
possíveis resultados”.
O relator esclareceu, contudo, que o caso em questão é diferente do que foi decidido pelo
STF no HC 127483. Aqui se está discutindo a possibilidade de aproveitamento das provas
resultantes do segundo acordo em processos concretos. O Pleno do STF não discutiu a
possibilidade na qual o acordo possui reflexos diretos sobre situações de terceiros. Para o
Ministro Gilmar Mendes, o caso concreto “não trata de impugnação do acordo de
colaboração premiada por terceiros, mas de questionamento de terceiros que tem a aplicação
de provas no seu caso concreto. Ou seja, o que se discute é a produção de provas pelo
colaborador nos processos que tramitam em face dos pacientes da ação. O foco da
impugnação diz respeito à utilização de provas contra os imputados e ao modo que tais
elementos foram produzidos a partir de um cenário de acordos de colaborações temerários e
claramente questionáveis.”
Informativo 985

Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, cabe habeas


corpus ainda que para solucionar questões de natureza processual.

Não cabe HC contra decisão monocrática de Ministro do STF

Caso a parte deseje impugnar decisão monocrática proferida por Ministro do STF, o
instrumento processual cabível é o agravo regimental, no prazo de 5 dias.

Não é necessária a realização de PAD para aplicação de falta grave, desde que haja
audiência de justificação realizada com a participação da defesa e do MP

A oitiva do condenado pelo Juízo da Execução Penal, em audiência de justificação realizada


na presença do defensor e do Ministério Público, afasta a necessidade de prévio
Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), assim como supre eventual ausência ou
insuficiência de defesa técnica no PAD instaurado para apurar a prática de falta grave durante
o cumprimento da pena.
Informativo 984

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza
criminal diversas da prisão

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o
estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir.
Informativo 982

É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o Presidente do STF


determinou a instauração do Inquérito 4781, com o intuito de apurar a existência de
notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos que podem
configurar crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a segurança do STF, de
seus membros e familiares.

O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve cumprir as
seguintes condicionantes: a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público;
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante. c) o objeto do
inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem risco efetivo à
independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode ocorrer por meio de ameaças
aos membros do STF e a seus familiares ou por atos que atentem contra os Poderes
instituídos, contra o Estado de Direito e contra a democracia; e, por fim, d) a investigação
deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de imprensa, excluindo do escopo do
inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras manifestações
(inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem
esquemas de financiamento e divulgação em massa nas redes sociais.
Informativo 981

A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao
pagamento de danos morais coletivos

O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo
penal, a pagar danos morais coletivos. O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da
responsabilidade, o dano moral não apenas na esfera individual como também na coletiva.
Informativo 980

A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar ações penais

O interrogatório deve ser o último ato da instrução, mesmo nos processos regidos pela
Lei nº 8.038/90.

A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art.


400 do CPP é aplicável: • aos processos penais militares; • aos processos penais eleitorais e •
a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (Ex: lei 8.038/90; pela lei de
drogas)

A inobservância do procedimento previsto no art. 212 do CPP pode gerar, quando


muito, nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da demonstração do prejuízo
para a parte que a suscita.

A nulidade processual pela não abertura da fase de diligências configura nulidade


relativa, devendo ser arguida no momento oportuno e com a demonstração de efetivo
prejuízo

A falta de abertura de prazo, após o encerramento da instrução, para manifestação das partes
acerca do interesse na feitura de diligências complementares constitui nulidade relativa, cujo
reconhecimento pressupõe que o inconformismo seja veiculado em momento oportuno, ou
seja, quando da apresentação de alegações finais.

Informativo 978

Terceiros que tenham sido mencionados pelos colaboradores podem obter acesso
integral aos termos dos colaboradores desde que estejam presentes os requisitos positivo
e negativo

a) Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de


fato mencionado como tendo praticado crime (o ato de colaboração deve apontar a
responsabilidade criminal do requerente); e b) Requisito negativo: o ato de colaboração não
se deve referir a diligência em andamento (devem ser excluídos os atos investigativos e
diligências que ainda se encontram em andamento e não foram consubstanciados e relatados
no inquérito ou na ação penal em tramitação).
Informativo 676

Para ser decretada a medida de busca e apreensão, é necessário que haja indícios mais
robustos que uma simples notícia anônima
Informativo 970

Não se deve anular a condenação do réu no júri por ausência de defesa no caso em que o
advogado fez sustentação oral por apenas 3 minutos, sendo que, antes disso, o
Ministério Público já havia pedido a absolvição
Informativo 969

A determinação de realização de novo julgamento pelo Tribunal do Júri não contraria o


princípio constitucional da soberania dos vereditos quando a decisão for
manifestamente contrária à prova dos autos

A anulação de decisão do tribunal do júri, por ser manifestamente contrária à prova dos autos,
não viola a regra constitucional que assegura a soberania dos veredictos do júri (art. 5º,
XXXVIII, c, da CF/88). Vale ressaltar, ainda, que não há contrariedade à cláusula de que
ninguém pode ser julgado mais de uma vez pelo mesmo crime. Ainda que se forme um
segundo Conselho de Sentença, o julgamento é um só, e termina com o trânsito em julgado
da decisão.
Informativo 968

A manutenção da prisão preventiva exige a demonstração de fatos concretos e atuais


que a justifiquem
Informativo 967

Depois de anos sendo investigado em inquérito que tramitava no STF, o Ministro


Relator declinou a competência para apurar os crimes porque os fatos ocorreram antes
de o investigado ser Deputado Federal; logo, aplica-se o entendimento firmado na AP
937 QO

O fato de as investigações estarem perto do fim e de já terem demorado anos não servem
como argumento jurídico válido para prorrogar a competência do STF. Apesar da efetiva
evolução das investigações, sob a supervisão do STF, não houve oferecimento de denúncia
contra o agravante nem encerramento da instrução processual penal. Logo, o marco temporal
relativo à data de apresentação das razões finais não foi alcançado. Além disso, quanto ao
segundo argumento da defesa, o STF esclareceu que é possível a imediata remessa dos autos
às instâncias competentes, inclusive antes da publicação do acórdão ou do trânsito em
julgado, quando constatado o risco de prescrição.

Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os
documentos do caso, não pode depor como testemunha no processo porque a conduta da
parte demonstra que ela não liberou o causídico do sigilo profissional que ele deve
respeitar

Não é possível a concessão de prisão domiciliar para condenada gestante ou que seja
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência se já houver sentença
condenatória transitada em julgado e ela não preencher os requisitos do art. 117 da
LEP.
Informativo 966

É inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada

Súmula 734-STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial
que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.

Não cabe recurso extraordinário para discutir a possibilidade ou não de retenção de


honorários advocatícios contratuais sobre crédito relativo a diferenças do FUNDEF

A discussão envolvendo a possibilidade ou não de retenção de honorários advocatícios


contratuais sobre crédito relativo a diferenças do FUNDEF possui natureza
infraconstitucional, de forma que não cabe recurso extraordinário para apreciá-la
considerando que não há matéria constitucional a ser analisada.
Informativo 965
O delatado tem o direito de acesso aos termos de colaboração premiada que mencionem
seu nome, desde que já tenham sido juntados aos autos e não prejudiquem diligências
em andamento
Informativo 964

Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos em


inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal considerando
que a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei 10.446/2002

O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia
Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por
autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e
por membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a causa).
A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 10.446/2002
e eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam implicar
responsabilidade no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem gerar a
nulidade do inquérito ou do processo penal.

Não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha acesso a peças que digam
respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados com o seu direito
de defesa

Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que o
investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência
financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam
respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça.

É constitucional lei estadual que transforma o cargo de datiloscopista da Polícia Civil em


perito papiloscopista

A competência para dispor sobre os peritos oficiais da polícia civil é concorrente, nos termos
do art. 24, XVI, da CF/88, que prevê que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre organização, garantias, direitos e deveres dos policiais
civis. A União, cumprindo o que prevê o art. 24, XVI, da CF/88, editou as normas gerais sobre
o tema, ao aprovar a Lei nº 12.030/2009, que “dispõe sobre as perícias oficiais”. A LC
estadual 156/2010 não possui nenhuma antinomia com a Lei federal nº 12.030/2009. O art.
5º da Lei nº 12.030/2009 não foi exaustivo ao elencar determinados peritos. Podem existir
outros. Além disso, a Lei nº 12.030/2009 não proibiu que se equiparassem os cargos de
datiloscopista ou papiloscopista. A expressão “perito criminal” abrange, portanto, todos os
peritos oficiais que possuem a incumbência estatal de elucidar crimes, sendo possível
aventar um rol bem mais amplo de agentes que atuam como peritos oficiais.

Não viola a SV 11 a decisão que mantém as algemas durante julgamento no júri de réu
que integra milícia, possui extensa folha de antecedentes criminais e foi transferido para
presídio federal de segurança máxima em virtude da sua alta periculosidade

. A questão da periculosidade, ou não, do réu é assunto de polícia e não de juiz. Se a polícia


informa que o réu é perigoso, o juiz que, normalmente, entra em contato com o réu pela
primeira vez, tem de confiar na presunção de legitimidade da informação passada pela
autoridade policial. Fora dos casos de abuso patente, é preciso dar credibilidade àquele que
tem o encargo de zelar pela segurança pública, inclusive no âmbito do tribunal.

Não cabe HC contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de
investigado ou réu

Não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva
de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado
606 da Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal
Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo
recurso.

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em


que se busca o trancamento da ação penal?

• STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação penal impede a


impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal.
• STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A realização de
acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente
impetrado. A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas
corpus para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o sistema negocial
possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a barganha
no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado.
Assim, o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais
do imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de
aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de
recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça

Se o Tribunal de 2ª instância não analisou a necessidade da prisão preventiva ou outras


medidas cautelares em razão de ter aplicado o antigo entendimento do STF sobre a
execução provisória, antes de ser decretada a liberdade, deve o Tribunal fazer essa análise

Se o Tribunal de 2ª instância determinou a execução provisória da pena, mas o juiz já


havia negado o direito do condenado de recorrer em liberdade, não cabe a soltura do réu
com base no novo entendimento do STF de que é proibida a execução provisória da pena

Não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do


STJ que nega liminar mantendo decisão do TJ que determinou a execução provisória da
pena em caso de condenação pelo Tribunal do Júri
Informativo 963

Se o PGJ decidir arquivar um PIC instaurado no exercício de sua competência originária,


ele não precisará submeter esse arquivamento ao Poder Judiciário, não se aplicando o art.
28 do CPP

O chefe do Ministério Público estadual é a autoridade própria para aferir a legitimidade do


arquivamento do PIC. Logo, descabe a submissão da decisão de arquivamento ao Poder
Judiciário
Compete à Justiça Estadual julgar homicídio praticado por Policial Rodoviário Federal após
desavença no trânsito ocorrida no seu deslocamento de casa para o trabalho
Informativo 962

É possível o compartilhamento, sem autorização judicial, dos relatórios de inteligência


financeira da UIF e do procedimento fiscalizatório da Receita Federal com a Polícia e o
Ministério Público

Se o Tribunal de 2ª instância não analisou a necessidade da prisão preventiva em razão de


ter aplicado o antigo entendimento do STF sobre a execução provisória, antes de ser
decretada a liberdade, deve o Tribunal fazer essa análise
Informativo 961

1ª Turma do STF aplica entendimento do Plenário no sentido da impossibilidade de


execução provisória da pena
Informativo 960

Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo


Tribunal do Júri

Obs: existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a prisão de
réu condenado por decisão do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso, não viola o
princípio constitucional da presunção de inocência ou não-culpabilidade.”
Informativo 959

O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente,
pelos mesmos fatos, em um Estado estrangeiro

A Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) e o Pacto Internacional de Direitos


Civis e Políticos (PIDCP) proíbem de forma expressa a dupla persecução penal pelos mesmos
fatos. Desse modo, o art. 8º do CP deve ser lido em conformidade com os preceitos
convencionais e a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH),
vedando-se a dupla persecução penal por idênticos fatos. Vale, por fim, fazer um
importante alerta: a proibição de dupla persecução penal em âmbito internacional deve ser
ponderada com a soberania dos Estados e com as obrigações processuais positivas impostas
pela CIDH. Isso significa que, se ficar demonstrado que o Estado que “processou” o autor do
fato violou os deveres de investigação e de persecução efetiva, o julgamento realizado no
país estrangeiro pode ser considerado ilegítimo. Portanto, se houver a devida comprovação
de que o julgamento em outro país sobre os mesmos fatos não se realizou de modo justo e
legítimo, desrespeitando obrigações processuais positivas, a vedação de dupla persecução
pode ser eventualmente ponderada para complementação em persecução interna.

Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do


Ministro do STF que negou seguimento ao habeas corpus?

1ª Turma do STF: NÃO. É incabível sustentação oral em agravo regimental interposto contra
decisão monocrática que nega seguimento a habeas corpus. O art. 131, § 2º do Regimento
Interno do STF veda expressamente a possibilidade de sustentação oral em agravo interno e
o art. 937, § 3º do CPC/2015 a admite unicamente em ação rescisória, reclamação e
mandado de segurança.
2ª Turma do STF: SIM. Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a
decisão monocrática do Ministro do STF que negou seguimento ao habeas corpus.
Assim que um habeas corpus é impetrado no STF ou STJ, será sorteado um Ministro para ser
o relator desta ação. Em regra, o habeas corpus deve ser julgado pelo colegiado (turma ou
plenário), ou seja, o relator prepara seu voto e o submete aos demais Ministros. No entanto,
o regimento interno do STF e do STJ autorizam que, em determinados casos, o Ministro
Relator, monocraticamente, negue seguimento ao habeas corpus caso sele seja
manifestamente: • inadmissível; • improcedente; • contrário à súmula do Tribunal; •
contrário à jurisprudência dominante do Tribunal; • ou quando for evidente a
incompetência do Tribunal para julgá-lo. Essa possibilidade de julgamento monocrático
existe não apenas para o habeas corpus como também para o mandado de segurança e para
os recursos.
Contra essa decisão do relator, cabe recurso? SIM. Cabe agravo regimental, no prazo de 5
dias corridos. O prazo e a forma de contagem estabelecidos pelo novo CPC não se aplicam
aos agravos regimentais que questionam atos produzidos em processos ou procedimentos
de natureza penal.

Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se
existe conexão entre os crimes

O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a correta fixação da
competência, bem como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado.
Informativo 958

Se o acórdão absolutório foi combatido tempestivamente pelo assistente de acusação,


não houve formação de coisa julgada em favor do réu, ainda que o MP tenha perdido o
prazo

Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão
julgador na fixação da pena

Não é cabível revisão criminal para se pretender a rediscussão do mérito da condenação.


Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão
julgador na fixação da pena. Não se aplica a minorante do arrependimento posterior (art. 16
do CP) no caso do crime do art. 20 da Lei nº 7.492/86, considerando que se trata de delito
de natureza formal, que dispensa a ocorrência de resultado naturalístico. Além disso, se a
reparação do dano foi feita por terceira pessoa – sem que se comprove que agiu em nome
do agente – não se aplica o benefício do arrependimento posterior, que exige pessoalidade
e voluntariedade na reparação.

O cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de todos os recursos
Informativo 953

A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem
deve ser excluída do processo

Os peritos papiloscopistas são integrantes de órgão público oficial do Estado com diversas
atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve ser mantida
decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário do Júri, o juiz-
presidente deveria esclarecer aos jurados que os papiloscopistas – que realizaram o laudo
pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho
de sentença. Isso porque, para o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o
laudo não é oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes,
respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante o julgamento pelo tribunal do júri,
defender a validade do documento ou impugná-lo.

Nem toda mãe de criança deverá ter direito à prisão domiciliar ou a receber medida
alternativa à prisão
Informativo 951

Não cabe revisão criminal contra decisão que se limita a inadmitir recurso
Informativo 950

Compete ao STF julgar a apelação criminal interposta contra sentença de 1ª instância caso
mais da metade dos membros do Tribunal de Justiça estejam impedidos ou sejam
interessados

Não há nulidade se o advogado do réu “A” foi devidamente intimado para o interrogatório
dos demais corréus (“X”, “Y”, “Z”), mas decide não comparecer.

A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si


só, nulidade processual

Caso concreto: em ação penal originária que tramitava no TJ, o defensor foi intimado da
sessão de julgamento, mas deixou de comparecer e de fazer a sustentação oral; não há
nulidade. Intimada a defesa para a sessão de julgamento da ação penal originária, a
ausência da sustentação oral prevista no art. 12 da Lei nº 8.038/90 não invalida a
condenação.
Informativo 949

Não há violação da SV 14 se os elementos de prova estão disponíveis nos autos para as


partes

Não há violação da súmula vinculante 14 no caso em que, ao contrário do que alega a


defesa, os áudios interceptados foram juntados ao inquérito policial e sempre estiveram
disponíveis para as partes, inclusive na forma digitalizada depois de deflagrada a
investigação. Súmula vinculante 14-STF: É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Em ação penal envolvendo réus colaborares e não colaboradores, o réu delatado tem o
direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu que firmou acordo de
colaboração premiada

Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que os réus
delatados apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores

Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como
na análise da licitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por
último as alegações finais, se houver a possibilidade de condenação do paciente. Isso
porque neste caso a discussão envolve liberdade de ir e vir.
Informativo 947

Com a revogação do art. 224 do CP pela Lei 12.015/2009, há de ser redimensionada a pena
aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da pena
previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90, que foi tacitamente revogado

A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi tacitamente


revogada pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, que
era mencionado pelo referido art. 9º. Se um indivíduo foi condenado, antes da Lei nº
12.015/2009, pela prática de estupro contra menor de 14 anos com a incidência da causa de
aumento do art. 9º da Lei de Crimes Hediondos, esta majorante deverá ser retirada de sua
condenação por força da novatio legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP). Diante da
revogação do art. 224 do CP pela Lei nº 12.015/2009, ainda que o fato delituoso seja
anterior a esta alteração, é o caso de se decotar da pena do condenado o acréscimo
baseado no art. 9º da Lei nº 8.072/90.
O entendimento do STJ e do STF é o de que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi
revogado tacitamente pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art.
224 do CP, que era mencionado pelo art. 9º. Logo, como não mais existe o art. 224 no CP,
conclui-se que o art. 9º da Lei de Crimes Hediondos perdeu a eficácia (expressão utilizada
em um voto do Min. Dias Toffoli). O art. 9º da Lei de Crimes Hediondos ficou carente de
complemento normativo em vigor, razão pela qual foi revogada a causa de aumento nele
consignada.
Informativo 945

A determinação de busca e apreensão nas dependências da Câmara dos Deputados ou do


Senado Federal pode ser decretada por juízo de 1ª instância se o investigado não for
congressista

A Constituição, ao disciplinar as imunidades e prerrogativas dos parlamentares, não conferiu


exclusividade ao STF para determinar medidas de busca e apreensão nas dependências da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. Assim, a determinação de busca e apreensão
nas dependências do Congresso Nacional, desde que não direcionada a apurar conduta de
congressista, não se relaciona com as imunidades e prerrogativas parlamentares. Isso
porque, ao contrário do que ocorre com as imunidades diplomáticas, as prerrogativas e
imunidades parlamentares não se estendem aos locais onde os parlamentares exercem suas
atividades nem ao corpo auxiliar. O fato de o endereço de cumprimento da medida coincidir
com as dependências do Congresso Nacional não atrai, de modo automático e necessário, a
competência do STF. É necessário examinar, no caso concreto, se a investigação tinha
congressista como alvo. O STF não detém competência exclusiva para apreciação de pedido
de busca e apreensão a ser cumprida no Congresso Nacional.

Eventual nulidade decorrente da inobservância da prerrogativa de foro não se estende aos


agentes que não se enquadrem nessa condição.

Assim, a usurpação da competência do STF não contamina os elementos probatórios


colhidos no que se refere aos investigados que não possuem foro por prerrogativa de
função. Podem ser utilizadas contra eles.
Mesmo que haja usurpação da competência do STF, os elementos informativos colhidos e
que não precisavam de autorização judicial são válidos

Decisão do TJ que, em revisão criminal, absolve o réu sob a alegação de que a condenação
é contrária à evidência dos autos viola acórdão do STF que havia restaurado condenação
proferida pelo Tribunal do Júri

João foi denunciado por homicídio doloso. Foi condenado pelo Tribunal do Júri. Contra esta
sentença, a defesa interpôs apelação e o TJ deu provimento ao recurso, absolvendo o réu
por entender que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos.
Isso porque só havia uma única testemunha contra o réu e o TJ entendeu que isso não seria
suficiente para a condenação. Contra o acórdão do TJ, o Ministério Público interpôs recurso
extraordinário. O STF deu provimento ao recurso do MP para restaurar o veredicto
condenatório prolatado pelo Tribunal do Júri. Para o STF, analisar se um único depoimento é
suficiente ou não para a condenação é uma matéria que cabe aos jurados no Tribunal do
Júri e que não pode ser reformado pelo TJ. Ocorre que, em revisão criminal, o TJ voltou a
absolver o réu utilizando novamente como fundamento o argumento de que a condenação
é contrária à evidência dos autos. Essa decisão do TJ na revisão criminal viola aquilo que o
STF decidiu no recurso extraordinário, razão pela qual deve ser julgada procedente
reclamação contra o acórdão do TJ.

O filho da vítima do homicídio, mesmo que não tenha sido assistente de acusação, tem
legitimidade para ajuizar reclamação contra decisão do TJ que absolveu o réu, se outro
membro da família havia sido assistente de acusação
Informativo 944

É nulo o interrogatório travestido de entrevista realizado pela autoridade policial com o


investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem assistência de advogado
e sem a comunicação de seus direitos

Informativo 942

Poder Judiciário não pode obrigar o Ministério Público a celebrar o acordo de colaboração
premiada

Não existe direito líquido e certo a compelir o Ministério Público à celebração do acordo de
delação premiada, diante das características desse tipo de acordo e considerando a
necessidade de distanciamento que o Estado-juiz deve manter durante o cenário
investigado e a fase de negociação entre as partes do cenário investigativo. O acordo de
colaboração premiada, além de meio de obtenção de prova, constitui-se em um negócio
jurídico processual personalíssimo, cuja conveniência e oportunidade estão submetidos à
discricionariedade regrada do Ministério Público e não se submetem ao escrutínio do
Estado-juiz. Em outras palavras, trata-se de ato voluntário, insuscetível de imposição
judicial.
Vale ressaltar, no entanto, que o ato do membro do Ministério Público que se nega à
realização do acordo deve ser devidamente motivado. Essa recusa pode ser objeto de
controle por órgão superior no âmbito do Ministério Público (Procurador-Geral de Justiça ou
Comissão de Coordenação e Revisão), por aplicação analógica do art. 28 do CPP (art. 62, IV,
da LC 75/93).
Informativo 940

A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se houve reeleição, não se


aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o agente ter ficado sem ocupar
função pública

Prefeito cometeu o crime durante o exercício do mandato e o delito está relacionado com
as suas funções: a competência para julgá-lo será, em regra, do Tribunal de Justiça. Se esse
Prefeito, antes de o processo terminar, for reeleito para um segundo mandato (consecutivo
e ininterrupto), neste caso, o Tribunal de Justiça continuará sendo competente para julgá-lo.
Por outro lado, se o agente deixar o cargo de Prefeito e, quatro anos mais tarde, for eleito
novamente Prefeito do mesmo Município, nesta situação a competência para julgar o crime
será do juízo de 1ª instância. A prorrogação do foro por prerrogativa de função só ocorre se
houve reeleição, não se aplicando em caso de eleição para um novo mandato após o agente
ter ficado sem ocupar função pública.

É inconstitucional foro por prerrogativa de função para Procuradores do Estado,


Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia

A participação de magistrado em julgamento de caso em que seu pai já havia atuado é


causa de nulidade absoluta
Informativo 939

A contagem de prazos no contexto de reclamações cujo ato impugnado tiver sido


produzido em processo ou procedimento de natureza penal submete-se ao art. 798 do
CPP, ou seja, os prazos são contados de forma contínua (e não em dias úteis).

O Decreto nº 9.246/2017, que concedeu indulto natalino, é constitucional

O indulto é um mecanismo de freios e contrapesos exercido pelo Poder Executivo sobre o


Judiciário, sendo consentâneo com a teoria da separação dos poderes. O indulto não faz
parte da doutrina penal, não é instrumento consentâneo à política criminal. Trata-se, como
já explicado, de legítimo mecanismo de freios e contrapesos para coibir excessos e permitir
maior equilíbrio na Justiça criminal. O indulto é considerado um ato discricionário e privativo
do Presidente da República. O decreto de indulto não é imune ao controle jurisdicional, no
entanto, suas limitações se encontram no texto constitucional (art. 5º, XLIII, da CF/88). É
possível a concessão de indulto para crimes de corrupção (em sentido amplo) e lavagem de
dinheiro. Isso porque não há vedação na Constituição Federal. O parecer oferecido pelo
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) acerca dos critérios de
concessão do indulto não vincula o Presidente da República.
Informativo 938

O ato impugnado na reclamação deve ser posterior à decisão paradigma que se alega
violada

Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada pelo STF, o ato alvo de


controle deve ser posterior ao paradigma. Ex: em 2016, o Juiz proferiu decisão negando a
homologação do acordo de colaboração premiada celebrado com o Delegado de Polícia sob
o argumento de que a autoridade policial não poderia firmar esse pacto. Em 2018, o STF
proferiu decisão afirmando que o Delegado de Polícia pode formalizar acordos de
colaboração premiada,na fase de inquérito policial. Não cabe reclamação contra esta
decisão do Juiz de 2016 sob o argumento de que ela teria violado o acórdão do STF de 2018.
Isso porque só há que se falar em reclamação se o ato impugnado por meio desta ação é
posterior à decisão paradigma.
Informativo 937

A Lei nº 13.060/2014, que disciplina o uso dos instrumentos de menor potencial ofensivo
pelos agentes de segurança pública, é constitucional, tanto sob o aspecto formal como
material.

Spray de pimenta, gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, agentes fumígenos, pistolas
de impulsos elétricos (como é o caso do taser).

A prisão cautelar, portanto, constitui medida de natureza excepcional e não pode ser
utilizada como instrumento de punição antecipada do réu

Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do


Ministro do STF que negou seguimento ao habeas corpus
Informativo 936

Quem julga, no Brasil, crime cometido por brasileiro no exterior e cuja extradição tenha
sido negada?

• STF: Justiça Estadual


O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a
competência da Justiça Federal. Assim, em regra, compete à Justiça Estadual julgar o crime
praticado por brasileiro no exterior e que lá não foi julgado em razão de o agente ter fugido
para o Brasil, tendo o nosso país negado a extradição para o Estado estrangeiro. Somente
será de competência da Justiça Federal caso se enquadre em alguma das hipóteses do art.
109 da CF/88
• STJ: Justiça Federal
Compete à Justiça Federal o processamento e o julgamento da ação penal que versa sobre
crime praticado no exterior que tenha sido transferida para a jurisdição brasileira, por
negativa de extradição.
Informativo 935

Na fase de pronúncia deve-se adotar a teoria racionalista da prova, na qual não deve
haver critérios de valoração das provas rigidamente definidos na lei, no entanto, por outro
lado, o juízo sobre os fatos deve ser pautado por critérios de lógica e racionalidade,
podendo ser controlado em âmbito recursal ordinário.

Para a pronúncia, não se exige uma certeza além da dúvida razoável, necessária para a
condenação. Contudo, a submissão de um acusado ao julgamento pelo Tribunal do Júri
pressupõe a existência de um lastro probatório consistente no sentido da tese acusatória.
Ou seja, requer-se um standard probatório um pouco inferior, mas ainda assim dependente
de uma preponderância de provas incriminatórias.
Informativo 933

Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de


depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais
caso essa intimação não ocorra.

Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem
conexos. Cabe à Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos
comuns aos delitos eleitorais e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente.

STF é competente para julgar crime eleitoral praticado por Deputado Federal durante a
sua campanha à reeleição caso ele tenha sido reeleito

Lei estadual pode exigir que a perícia feita em vítima do sexo feminino seja feita por
legista mulher, mas desde que isso não importe retardamento ou prejuízo da diligência

O STF concedeu medida cautelar em ADI para dar interpretação conforme a Constituição a
esse dispositivo. Segundo o STF, as crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de
violência deverão ser, obrigatoriamente, examinadas por legista mulher, mas desde que isso
não importe retardamento ou prejuízo da diligência. É preciso conciliar a proteção de
crianças e adolescentes mulheres vítimas de violência e o acesso à Justiça. Embora essa
norma estadual vise proteger as vítimas de estupro na realização da perícia, o efeito
resultante foi contrário, porque peritos homens estavam se recusando a fazer o exame nas
menores de idade em razão da Lei. Dessa forma, as investigações não tinham
prosseguimento. Vale ressaltar, por fim, que o Estado-membro tinha competência legislativa
para editar esta norma (não há inconstitucionalidade formal). Isso porque esta Lei estadual
não trata sobre direito processual penal (art. 22, I, da CF/88), mas sim sobre procedimento
em matéria processual, assunto que é de competência concorrente.

É possível o arresto prévio de bens de acusados por suposta prática de crime único de
corrupção passiva em concurso de agentes

Para que seja autorizada a decretação da medida de arresto, não é necessário que fique
demonstrado que o réu está praticando atos concretos de desfazimento de bens. Porém, é
imperiosa a demonstração da plausibilidade do direito e do perigo na demora. A
indisponibilidade dos bens não traz prejuízos desarrazoados ao réu, pois ele terá seus bens
desbloqueados, se absolvido ao fim do processo. Assim, é possível o arresto prévio de bens
de acusados por suposta prática de crime único de corrupção passiva em concurso de
agentes.
Informativo 932

São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas
ruas como agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como agente
infiltrado em grupo criminoso

Determinado policial militar foi designado para participar, nas ruas, à paisana, de passeatas
e manifestações, a fim de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em
atuação estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em
2014. Para essa atividade, não se exigia prévia autorização judicial. No curso de sua
atividade originária, o referido policial, percebendo que algumas pessoas estavam se
reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses suspeitos, ganhou a sua
confiança e infiltrou-se no grupo participando das conversas virtuais e das reuniões
presenciais dos envolvidos. Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original
e passou a agir como agente infiltrado.
Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após prévia autorização
judicial, o que não havia no caso. Diante disso, o STF declarou a ilicitude e determinou o
desentranhamento da infiltração realizada pelo policial militar e dos depoimentos por ele
prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art. 157, § 3º, do CPP.
Informativo 931

Se os fatos criminosos que teriam sido supostamente cometidos pelo Deputado Federal
não se relacionam ao exercício do mandato, a competência para julgá-los não é do STF,
mas sim do juízo de 1ª instância.

Isso porque o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas (STF AP 937 QO/RJ,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018). A apropriação indébita se consuma no
ato da inversão da propriedade do bem. Se a inversão da propriedade ocorreu com a
transferência dos recursos da conta bancária da empresa vítima, com sede em Brasília/DF,
efetuada pelo Diretor da entidade, tem-se que a competência para apurar este delito é do
juiz de direito de 1ª instância do TJDFT.
Informativo 927

A soberania relativa do veredito do conselho de sentença não permite o agravamento da


pena com base em novo julgamento pelo júri em consequência de recurso exclusivo da
defesa

Se a condenação proferida pelo júri foi anulada pelo Tribunal em recurso exclusivo da
defesa, isso significa que deverá ser realizado um novo júri, mas, em caso de nova
condenação, a pena imposta neste segundo julgamento não poderá ser superior àquela
fixada na sentença do primeiro júri.
Informativo 925

Pessoa que havia recebido medida de segurança, mas que, no recurso, teve extinta a
punibilidade por prescrição não pode permanecer internada no hospital de custódia
Informativo 924

STF, ao receber pedido da PGR para remessa de investigação contra Senador para a 1ª
instância, determinou o retorno dos autos ao MP a fim de que apresente os indícios
contra o investigado

Em 2016, foi instaurado inquérito no STF para apurar crimes de corrupção passiva (art. 317
do CP) e de lavagem de dinheiro (art. 1º, V, da Lei nº 9.613/98) que teriam sido praticados
por Aécio Neves. O Delegado de Polícia Federal concluiu as investigações, opinando, no
relatório policial, pelo arquivamento do inquérito sob a alegação de que não foram reunidos
indícios contra o investigado. A Procuradoria-Geral da República afirmou que, após a
manifestação do Delegado, surgiram novos indícios e que, portanto, as investigações
deveriam continuar. Afirmou, contudo, que o STF deveria remeter os autos à 1ª instância
para que as investigações continuassem lá, tendo em vista que os delitos praticados por
Aécio Neves teriam sido praticados fora do cargo de parlamentar federal, não havendo
competência do STF. O STF determinou o retorno dos autos à PGR para que ela conclua as
diligências ainda pendentes de execução, no prazo de 60 dias, e que depois apresente
manifestação conclusiva nos autos, apontando concretamente os novos elementos de prova
a serem considerados. De posse de manifestação mais objetiva da PGR, com provas
suficientes para eventual continuidade das investigações, o STF poderá avaliar se é mesmo o
caso de arquivamento ou se a investigação deve prosseguir e em que condições.
Informativo 923

A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é
constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao
silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade.

Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à


responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de seis meses
a um ano, ou multa
Informativo 922

É possível o compartilhamento, para outros órgãos e autoridades públicas, das provas


obtidas no acordo de colaboração premiada, desde que sejam respeitados os limites
estabelecidos no acordo em relação ao colaborador.

Assim, por exemplo, se um indivíduo celebra acordo de colaboração premiada com o MP


aceitando fornecer provas contra si, estas provas somente poderão ser utilizadas para as
sanções que foram ajustadas no acordo.

Ainda que remetido a outros órgãos do Poder Judiciário para apuração dos fatos
delatados, o juízo que homologou o acordo de colaboração premiada continua sendo
competente para analisar os pedidos de compartilhamento dos termos de depoimentos
prestados no âmbito da colaboração.

Sustentação oral do MP pode discordar do parecer oferecido por outro membro do


Parquet

A sustentação oral do representante do Ministério Público que diverge do parecer juntado


ao processo, com posterior ratificação, não viola a ampla defesa.

Não caracteriza reformatio in pejus a decisão de tribunal de justiça que, ao julgar recurso
de apelação exclusivo da defesa, mantém a reprimenda aplicada pelo magistrado de
primeiro grau, porém com fundamentos diversos daqueles adotados na sentença.

Não viola o princípio da proibição da reformatio in pejus a reavaliação das circunstâncias


judiciais em recurso de apelação penal, no âmbito do efeito devolutivo, desde que essa não
incorra em aumento de pena. Não há falar em reformatio in pejus se os motivos expendidos
pelo julgador em sede de apelação exclusiva da defesa não representaram advento de
situação mais gravosa para o réu.
Informativo 921

Liberdade provisória para preso em flagrante com pequena quantidade de maconha

Deve ser concedida a liberdade provisória a réu primário preso preventivamente sob a
imputação de tráfico de drogas por ter sido encontrado com 887,89 gramas de maconha e
R$ 1.730,00. O STF considerou genéricas as razões da segregação cautelar do réu. Além
disso, reconheceu como de pouca nocividade a substância entorpecente apreendida
(maconha). Reputou que a prisão de jovens pelo tráfico de pequena quantidade de
maconha é mais gravosa do que a eventual permanência em liberdade, pois serão
fatalmente cooptados ou contaminados por uma criminalidade mais grave ao ingressarem
no ambiente carcerário.

Havendo mais de um advogado constituído, não há nulidade na intimação de apenas um


deles que, no entanto, já estava morto, mas cujo falecimento não foi comunicado ao juízo

Não há nulidade se o réu possui mais de um advogado constituído nos autos e a intimação
para a sessão de julgamento ocorre em nome de apenas um dos causídicos que, no entanto,
já havia falecido, mas cuja morte não tinha sido comunicada ao Tribunal. Vale ressaltar que,
neste caso, não havia pedido da defesa para que todos os advogados fossem intimados ou
para que constasse o nome de um causídico em específico nas publicações. Assim, estando
o réu representado por mais de um advogado, basta, em regra, que a intimação seja
realizada em nome de um deles para a validade dos atos processuais, salvo quando houver
requerimento expresso para que as publicações sejam feitas de forma diversa.
Cumpre esclarecer, no entanto, que, se, no processo estivesse atuando apenas um
advogado, neste caso, haveria nulidade: A intimação do julgamento da apelação em nome
do advogado falecido do réu, único causídico constituído nos autos, configura cerceamento
de defesa apto a ensejar a nulidade absoluta, já que impossibilitou a interposição de recurso
pela defesa.

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