Wellness Coaching

mudar para melhor

Palavras-chave
Bem-Estar, Coaching, Estilo de Vida, Fitness, Motivação, Mudança, Wellness, Qualidade de Vida, Saúde.

Quantos serão efectivamente eficazes? E ainda que o

sejam, quanto tempo dura o resultado desejado?
Introdução
Quantos clientes se mantêm fiéis ao aconselhamento
técnico por mais de um ano?
Nas últimas duas décadas, a indústria da Saúde e do
Em suma, quão efectiva é a mudança no seu estilo de
Bem-Estar português tem crescido
vida para melhor? O que a sustenta e a mantém ao
exponencialmente, trazendo a sua evolução os
longo dos anos? Ao longo da vida?
desafios mais extraordinários quer a praticantes,
A realidade mostra-nos que, apesar da panóplia de
quer a profissionais.
produtos, serviços e informação, apesar de
Verificamos o crescimento da oferta de infra-
reunirmos hoje todas as condições para sermos mais
estruturas com variadas dimensões e targets, de
saudáveis (e felizes), vivemos paradoxalmente o
Health Clubs a Day Spa‘s, de actividades específicas
inverso.
(Pilates, Yoga, Circuitos etc.), tudo em prol de um
Parece permanecer, quer em sedentários, quer em
objectivo comum: melhorar um estilo de vida, para
indivíduos activos, uma insatisfação lactente com o
um novo estado de Bem-Estar.
corpo que carregam, motivada talvez pela
No entanto, mudar ou melhorar o estilo de vida de
perseguição incessante e inatingível de ideais
um cliente tem tanto de fisiológico como de
(físicos) concebidos por outros, ditados pela
psicológico. Este facto originou, há anos atrás, a
sociedade de consumo, e não de nós para nós
personalização dos serviços não só como meios
próprios.
alternativos de prevenção, tratamento e/ou
Será a perseguição desses ideais, motivo suficiente
promoção da Saúde, mas sobretudo como factor
de permanência num ginásio? Motivo de abandono?
motivacional extrínseco, como é o caso, por
Será causa ou efeito, na manutenção de um
exemplo, do Personal Training (PT).
programa de treino? Na derrapagem de um
Contudo, e até numa perspectiva mais personalizada
programa alimentar? Na (não)gestão do stress, das
do treino, negligenciamos os propósitos que movem
horas de descanso, de lazer?
verdadeiramente a pessoa/cliente rumo a novos
hábitos ou comportamentos no seu dia-a-dia.
O que procura efectivamente um cliente quando se
Enquanto profissionais de Fitness/Wellness, sabemos
inscreve num ginásio? Quando procura determinada
o que envolve treinar (fisicamente) alguém,
uma cirurgia? Quando marca uma consulta de
melhorar-lhe a sua composição corporal, resistência
nutrição? O que o motiva e faz a diferença na sua
cardiorespiratória e até a sua aparência. Temos os
Qualidade de Vida?
meios para melhorar as “condições” do corpo, de o
ver aligeirado, afinado, musculado, alongado ou até
relaxado.

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Wellness – de onde vem e para onde vai…
Sendo um conceito relativamente recente, o
Wellness difere dos conceitos relacionados com a
saúde com os quais tem sido regularmente
confundido tais como a prevenção, a Saúde holística,
a Educação para a saúde, a promoção, o tratamento,
Fitness.
O Wellness extrapola o corpo físico e aloja em si o
indivíduo global, sendo as áreas anteriormente
descritas apenas algumas das dimensões que o
compõem (ver Fig.1).
Arloski (2007) afirma numa perspectiva histórica que
os trabalhos de humanistas como Maslow (Teoria da
motivação humana), Perls, Rogers (Tendência
Actualizante) e Satir iniciaram o que se perspectivava
como o conceito de Wellness, no pós-2ª Guerra
Mundial.
Em 1961, o médico Halbert L Dunn, na sua publicação
“High Level Wellness”, resultado de palestras
semanais que dava numa paróquia de Washington
nos anos 50, define como sendo: “Um estilo de vida
em busca de elevados níveis de bem-estar físico e
psicológico. É um comprometimento para a mestria
pessoal, uma filosofia multidimensional, que implica
áreas como a auto-responsabilidade, saúde física,
nutrição, humor, lazer, espiritualidade e consciência
ambiental.”
Nos anos 70, com a 2ª Revolução da Saúde, verifica-
se o aumento de evidências e consciência de que a
forma como vivemos a nossa vida é determinante na
nossa Saúde, Felicidade e Bem-Estar. Segundo Pais
Ribeiro (1998) os aspectos mais radicais desta
revolução são:
a) Centrar-se na saúde e não nas doenças,
b) Preconizar o retorno a uma perspectiva ecológica,
c) Acentuar a responsabilidade individual,
d) Diminuir a importância dos serviços de saúde
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tradicionais.
Um novo conceito de saúde exige novas práticas de
serviços e destas correntes nasce a abordagem
“mind-body”, tornando-se cada vez mais claro que
mente, corpo, espírito e ambiente são todos
considerados na equação de quem pretende
melhorar a sua qualidade de vida.
Em 1977, Donald Ardell publica “High Level Wellness –
An alternative to Doctors, drugs and Disease”, e afirma
em 2000 que: “o assumir a responsabilidade pela sua
qualidade de vida (…) começa por uma decisão
consciente em moldar um estilo de vida saudável. É
uma postura, uma predisposição para adoptar uma
série de princípios chave em diversas dimensões de
vida, que levem a melhores estados de bem-estar e
satisfação.”
Em 2004, na 29ª Conferência Anual do National
Wellness Institute dirigida pelo médico William
Hetler, é apresentada a seguinte definição: “processo
activo pelo qual as pessoas tomam consciência de, e
fazem escolhas no sentido de uma melhor existência”.
Física
Intelectual
Ocupacional
wellness
Espiritual e
Emocional de valores
Social
Fig. 1 – Modelo de Hetler das Dimensões de Wellness
Entendamos o Wellness como um conceito de
progresso em si mesmo, não com o ser-se perfeito.
Progresso no sentido da realização pessoal, de uma
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jornada de crescimento e desenvolvimento, da Para além de susceptível

ESTILO DE QUALIDADE
satisfação plena independentemente da sua VIDA DE VIDA aos parâmetros
condição. referidos, a QDV é
Um desafio em tornar-se o consumidor-patrão da sua também:
saúde enquanto recurso para a vida, e bem-estar DIAGNÓSTICO
BEM-  pessoal, por
ESTAR
enquanto causa. E que desafio este! Já descobriu o depender da percepção
que o levaria a mudar de estilo de vida? Pois é! Antes que o indivíduo tem sobre si;
de mais, pare…  temporal, por variar ao longo do tempo;
Pare mesmo e pense…Vamos arrumar ideias:  subjectiva ou intangível, por se basear em
aspectos imateriais.
Um Estilo de Vida corresponde a determinado
padrão de hábitos e comportamentos, assumidos Resulta dessa QDV o conceito de Bem-Estar,
por um período de tempo suficiente para influenciar compreendido segundo Rezende & Jesus (2009)
positiva ou negativamente os parâmetros individuais como contínua construção, indissociável da
da Qualidade de Vida (QDV). Esse mesmo padrão é participação e responsabilidade dos indivíduos (…). É
moldado por crenças, valores e atitudes do indivíduo a reacção avaliativa das pessoas à sua própria vida
no seu dia-a-dia. Quando assumimos um Estilo de (…) não como soma de quantidades de momentos
Vida para melhor, assumimos com ele um de satisfação do indivíduo mas sobretudo o resultado
compromisso interno, para além do cumprimento de da orientação geral positiva do sujeito para os
receitas e prescrições, desejamos resultados que acontecimentos da vida.
preencham as expectativas e a melhoria da
Qualidade de Vida. Voltando a Si. Como se sente hoje? Como define o
Consideremos agora a Qualidade de Vida enquanto seu Bem-Estar?
conceito multifactorial, influenciado quer pelos O que falta para lá chegar?
parâmetros individuais atrás referidos, quer por Que recursos detém para o alcançar?
parâmetros sócio-ambientais, tais como as condições Quais os desafios no percurso e como superá-los?
de trabalho, a educação, a habitação, etc. Será que podemos pretender globalizar o Bem-
Estar? Onde fica a individualidade de cada um neste
processo? Que factores internos são possíveis de

QUALIDADE DE VIDA serem alterados?

multifactorial, pessoal,
temporal, subjectiva

Serão estas, algumas das perguntas que fizemos a

PARÂMETROS
INDIVIDUAIS – PARÂMETROS SOCIO- nós próprios. Mas quantos passaram à acção?
AMBIENTAIS
ESTILO DE VIDA
Surge agora uma alternativa, optimista, podderosa e
Fig. 2. Parâmetros de influência na qualidade de vida. verdadeiramente personalizada.

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Wellness Coaching – catalizador de lança-se na identificação das forças humanas que

devem ser potenciadas, mais do que em curar o que
transformação ou a personalização do
está mal. Valoriza portanto as hipóteses de sucesso
estilo de vida?
assim como a importância do objectivo.
Não chega saber, devemos aplicar.
O empowerment facultado arma o cliente de
Não chega querer, devemos agir!
confiança e capacidade sobre si, limitando a acção
dos mecanismos de ambivalência e inércia perante a
A motivação relacionada com a aquisição de novos
necessidade de mudança, potencia mecanismos de
comportamentos ligados à saúde, tem sido das
consciência e (re)conhecimento de recursos internos,
questões mais complexas e mais estudadas nos
das opções e das alternativas.
últimos anos. No caso do início e manutenção de
Segundo estudos recentes, Pires² confirma que o
exercício físico, os estudos¹ referem que está
empowerment
dependente de 4 factores subjectivos segundo o
psicológico,
modelo de Geelen & Soons (2004):
fomenta a auto- Empowerment Empowerment
1. Percepção das hipóteses de sucesso psicológico físico
estima, a satisfação
2. Percepção da importância do objectivo
pessoal e a
3. Percepção do custo envolvido
motivação influenciando comportamentos físicos
4. Inclinação para permanecer sedentário
positivos. Potenciando o corpo físico, motivam-se
por sua vez comportamentos congruentes e de
percepção das hipóteses de sucesso X percepção da
(auto) responsabilidade.
importância do objectivo
MOTIVAÇÃO =
percepção do custo envolvido X inclinação para Aliado ao substrato do Wellness, o Coaching
permanecer sedentário disponibiliza um percurso recheado das ferramentas
Fig. 3 Equação da Motivação de Geelen&Soons, 2004
mais poderosas e eficazes para o auto-conhecimento
e consequentemente para a mudança, dando a
Como podemos então agir, de forma a optimizar os
oportunidade do cliente se (re)descobrir e com isso
dois primeiros pontos?
de (re)definir o presente e (re)desenhar o futuro.
Age-se em aliança, actua-se nos padrões de Estilo de
Em tempos de mudança e de globalização onde
Vida, almeja-se o Bem-Estar.
diariamente são lançadas teorias e modelos,
reconforta-nos encontrar no Coaching um método
que agrega em si, de uma forma eficaz, pragmática e
INOVAÇÃO OU MINDSET SHIFT?

ética a possibilidade de promover a mudança.

Segundo Rego et Al (2007) a função do Coaching é Enquanto processo activo, facilitador de crescimento

Socrática e simples na sua génese: ajudar a (interior), difere dos serviços comuns baseados no

Pessoa/cliente a obter respostas aos seus desafios e modelo médico de prescrição e aconselhamento, na

a extrair de si próprio, todo o potencial de medida em que existe uma alteração de papéis entre

desenvolvimento. profissional e cliente. Distingue-se porque se foca no

Este processo assenta em pressupostos afirmativos, processo de pensamento que promove a mudança,
não na prescrição em si.

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Para Arloski ³, o Wellness Coaching vai para além das de extraordinária capacidade de escuta, de
competências de relacionamento interpessoal e de curiosidade e confiabilidade, de inteligência e
aconselhamento sobre como aumentar o seu bem- maturidade emocional.
estar.

WELLNESS COACHING EM PORTUGUÊS

PT, Nutrição,Estética Wellness Coaching
prescrever Inspirar e desafiar
Sendo o Coaching uma prática corrente no mundo
Actua físicamente Actua num todo
anglo-saxónico desde os anos 80, é algo recente em
Cliente- produto Cliente- processo
Portugal. Da investigação levada a cabo em 2006 por
O cliente age O cliente pensa antes de agir
Barosa-Pereira, no âmbito da tese de Mestrado em
E fá-lo em função dos seus
Psicologia do Desenvolvimento Profissional da
valores
Universidade de Évora, verificamos que a prática de
PT traça o plano de O cliente é o plano de acção
Coaching em Portugal assenta fundamentalmente a
acção
nível Corporativo e de Negócios – Business Coaching
Cumprir e treinar mudar
(44,1%) e de Coaching de Vida - Life Coaching (38,2%).
Quadro 1. Diferenças entre PT e Wellness Coaching
A evolução e ramificação para a indústria da
Todos temos necessidades humanas básicas, mas o
Saúde/Wellness é incontornável, à semelhança de
que nos move e motiva está na individualidade e no
outros países desenvolvidos. No EUA, a Wellcoaches
quadro de valores de cada um. Mais do que saber
funciona em parceria estratégica com a ACSM
comofazer, é preciso encontrar um Porquêmudar.
(American College of Sports Medicine) desde 2002.
O cliente é levado a pensar no que quer porque é o
Num futuro próximo, os profissionais da saúde
expert de si próprio, a falar do que quer, de como
tenderão a adquirir fortes competências de Coaching,
quer e, finalmente, da forma mais confortável de o
complementares ao seu desempenho profissional,
conseguir, traçando o seu plano de acção.
como forma de ferramenta motivacional.
Emerge também um novo serviço, especializado em
Perguntarão os leitores sobre quem é o Coach neste
mudar para melhor a vida de muita gente. Tal como o
processo. Qual o seu papel?
PT, o yoga e a nutrição se tornaram populares e
Pois bem, este escuta activamente, questiona e
acessíveis nos últimos dez anos, também o Coaching
desafia. É parteiro de sonhos e vontades, ajudando o
ganhará o seu lugar e terá o seu papel nas próximas
cliente a ser o melhor que pode com aquilo que tem.
décadas.
Isto significa que o exercício de aprendizagem não é
O Wellness Coaching assenta assim a todo o ser
controlado por quem ensina (..) o papel deste é o de
humano, que esteja disposto a agir e mudar para
gerar e gerir o desejo de aprendizagem e mudança.
melhor, trazendo conforto, segurança e suporte em
É desejável que, aliada à formação específica e à
todo o processo, como forma de equilibrar todas as
supervisão da prática de Coaching, o (já) profissional
áreas que o compõem. Enquanto experiência
de saúde seja dotado de uma profunda experiência
subjectiva que é a Pessoa/Cliente “globaliza, em si, o
em relacionamento interpessoal e capacidade
Bem-Estar”.
empática, de paixão pelo desenvolvimento do outro,

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARLOSKI, M. (2007) - Wellness Coaching for lifestyle change.
Whole Person Associates, Minnesota
BAROSA-PEREIRA, A. (2007). Coaching em Portugal:teoria e
prática. Lisboa, Sílabo.
PAIS RIBEIRO, J. (1998). Psicologia e Saúde. ISPA, Lisboa
PILZER, P. (2002) .The Wellness Revolution.
REGO, A. et al (2007) - Coaching para Executivos, 2ª edição.
Escolar Editora, Lisboa
VÁRIOS (2009). Bem-Estar e Qualidade de Vida. Textiverso.
Alcochete

ARTIGOS
¹ PHILLIPS (2004) Motivating Elders to Initiate and Maintain
exercise. Arch Phys Med Rehabilitation Vol 85, Supll 3.
² PIRES, M (2009). Crianças felizes, parentalidade, empowerment
e Desenvolvimento.
 ³ ARLOSKI (2009). New Words and a New Course for Healthcare
in 2009.
⁴ MOORE, M. (2009). What it takes to change.

alguns LINKS DE INTERESSE

www.wellcoaches.com
www.possibilitieslifecoaching.com
www.coachfederation.com
www.definitionofwellness.com
www.coachtraining.com
www.internationalcoachingcomunity.com
www.nationalwellness.org
www.lifestylemedicine.com

Floriane Silvestri é licenciada em Dança (1999) e Especializada

em Terapias Expressivas (2003) pela Faculdade de Motricidade
Humana.
Instrutora Fitness CEF (1997), Personal Trainer (2000).
Coordenadora Desportiva, Solplay Family Health Club (2000/2008).
Formadora e Coach certificada pelo ICC, membro ICF e
Wellcoaches.

florianesilvestri@gmail.com