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Neurociências e Neurocientistas
Site: ESKADA | Cursos Abertos da UEMA Impresso por: Tatiana Tesch Arruda
Curso: Neuropedagogia Data: sábado, 13 nov 2021, 12:32
Livro: Neurociências e Neurocientistas
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13/11/2021 12:32 Neurociências e Neurocientistas
Índice
1. Neurociências e neurocientistas
3. A Química do Cérebro
5. Evolução da Neuro
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1. Neurociências e neurocientistas
Atualmente, nosso cérebro tornou-se o centro das atenções. Sua história e a maneira como ele funciona vem despertando o
interesse de um grande número de cientistas e da maioria das disciplinas que se reúnem sob o termo de Neurociências.
As neurociências fazem referência a toda uma categoria de setores ou áreas de exploração do sistema nervoso central (SNC), tanto
a morfologia cerebral como a fisiologia, as relações entre a organização cerebral e os processos mentais, ou ainda os distúrbios e
as terapias. A história das neurociências está ligada ao conceito de neurônio, forjado por Waldeyer. Ela se impôs nos anos 50 com
a neurobiologia que orientou as pesquisas para o nível celular.
É um imenso campo de estudo, onde os pontos de pesquisas são diversos, como o funcionamento do cérebro (desde os aspectos
mais elementares: molecular, celular e sináptico); a sensação, a percepção, a aprendizagem, a memória, a atenção, as emoções, o
sono, o envelhecimento, as doenças neurológicas e psiquiátricas, o estresse, o comportamento, além das funções cognitivas(1).
Atualmente, praticamente todas as disciplinas colocaram o “chapéu neuro”. Alguns exemplos: a neuroanatomia, neurofisiologia,
neuroquímica, neurobiologia, neuropsicologia, neuropediatria, neuroendocrinologia, neurofísica, neuropsicologia etc. Elas fazem
parte de uma família maior, as ciências da bio evolução (paleontologia, antropologia, etnologia, genética, etologia etc).
(1) CNRS, dossier d’actualité veille et analyses n° 80. Setembro, Neurosciences et éducation : la bataille des cerveaux (a batalha dos
cérebros)
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A neurociência também está no centro das preocupações de muitos cientistas voltados para a busca de soluções e tratamentos
para doenças, problemas e lesões no cérebro como, por exemplo, a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, os AVC, a dor
crônica, o autismo, a depressão, os tumores cerebrais, as lesões da medula espinhal(2).
Ela se enriqueceu a partir dos anos 50, com o avanço considerável provocado pela emergência de novas ciências e novas teorias
como a cibernética de A. Wiener e de W. McCulloch, a teoria dos Sistemas e a Nova Comunicação, com a escola de Palo Alto, a
termodinâmica, a física quântica e post-quântica, a cosmologia, a informática, a eletrônica... etc.(3).
O fascínio provocado pelas ciências de exploração cerebral parece ser compartilhado por um vasto público. Termos permanecido
durante séculos na ignorância de nós mesmos, agora com o advento de todas essas novas ciências e novas tecnologias temos a
sensação que podemos conhecer melhor nosso mundo interno. Mas, o desejo de conhecer melhor nosso funcionamento interno
talvez seja uma necessidade diante do aumento das ameaças do meio ambiente.
Um fenômeno interessante que surgiu com as neurociências foi à supressão de todos os tipos de fronteiras, entre continentes,
entre disciplinas, entre ciências. As pesquisas são obrigadas a levar em conta o sentido de globalidade, de complexidade e de
relatividade.
Mas, a vida cerebral continua sendo um mistério embora atualmente as técnicas de imageamento/imagiologia nos permitam
observar o funcionamento de um cérebro humano, em atividade, dando-nos a possibilidade para compreender os mecanismos
fundamentais do ato de aprender e as correspondências entre atividades cognitivas e as ativações cerebrais.
(2) Fonte : Society for neuroscience. University of Washington, citado por http://braincanada.ca/files/ Fiche_informations_FR.pdf
(3) Hélène Trocmé-Fabre, J’apprends, donc je suis (Aprendo, logo existo), 2002.
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3. A Química do Cérebro
As pesquisas que exploram a química do cérebro estão em plena expansão. A descoberta dos neurotransmissores, da endorfina e
das novas moléculas lança uma nova luz sobre o funcionamento cerebral. Através dos mecanismos reguladores do cérebro
hormonal, os pesquisadores mostram conceitos de importância capital para o processamento da informação. Esses conceitos são
palavras-chave indispensáveis para a compreensão dos nossos mecanismos de base. Citemos alguns: Precursor, receptor,
reconhecimento, processo de maturação, re-captação, armazenamento, síntese local, retroação, inibição, pré-sináptico etc.(4)
Em 1971, nos Estados Unidos, diante da paixão e da correria rumo ao “neuro”, o biólogo Francis Otto Schmitt, junto com uma
equipe de pesquisadores decidiram criar um projeto chamado “The neurosciences Research Program” (NRP).
De um simples programa de pesquisa, essa nova abordagem sobre o cérebro transformou-se em uma verdadeira disciplina com
suas práticas e discursos e uma nova comunidade de especialistas, os neurocientistas. Porém, esse conceito só entrou no
imaginário popular na década de 1990, chamada a década do cérebro.(5)
Na verdade, neurociência era uma palavra nova para uma nova visão de como as pesquisas sobre o cérebro deveriam ser
conduzidas, na esperança de acabar com o debate sobre o dualismo espírito-cérebro e permitir os grandes avanços sociais e
individuais.
No primeiro artigo sobre as neurociências, publicado em Nature, em 1970, Otto Schmitt explica que as neurociências englobam as
ciências do cérebro e do comportamento e que atuam em quatro níveis: molecular, celular, neural e comportamental. Resumindo:
o termo “neuro” reuniria as ciências de base do cérebro, incluindo a psicologia e a psiquiatria.
(5) Joelle M Abi-Rached et Nikolas Rose, Historiciser les neurosciences (Historizar as neurociências), 2014.
https://scholar.harvard.edu/files/jabirached/files/abirached_rose_chap2_-_moutaud_chamak. pdf
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O objetivo inicial era descrever os “acontecimentos” cerebrais como a cognição ou as emoções, em termos moleculares, ou seja,
em termos de neurônios, moléculas, receptores, neurotransmissores e outros element
os moleculares e celulares.
Como explica M. Abi-Rached e Nikolas Rose, esse projeto “neurocientífico” tinha também outro objetivo, baseado na crença de um
conhecimento universal do cérebro, além dos diversos mecanismos subjacentes: celular, molecular, comportamental, linguístico,
psicológico que era unificar o objeto de estudo que parecia disperso por meio das disciplinas e escolas de pensamento. Essa
abordagem era guiada pela crença profunda na possibilidade de melhorar o bem-estar humano e social graças à ciência (6) .
Segundo esses mesmos pesquisadores, ainda em 1990, Otto Schmitt ressaltava a função social das neurociências e a possibilidade
de resolver os problemas psicológicos, comportamentais, sociais (drogas, violência, esquizofrenia, retardo mental, problemas
genéticos etc.).
“As neurociências nos trazem a esperança que uma melhor compreensão das origens biológicas da natureza humana poderá
favorecer as perspectivas de bem-estar social e até mesmo de sobrevivência da vida humana neste planeta” (7).
(7) Francis O. Schmitt, Promising trends in Neuroscience, 1970, Nature n° 227, citado por Rached e N. Rose
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5. Evolução da Neuro
Durante esse período (décadas de 60 e 70), os investimentos na pesquisas em ciência fundamental foram consideráveis,
sobretudo nas pesquisas sobre o cérebro. Esses anos foram marcados pela corrida à superioridade técnico-científica. Tudo o que
era suscetível de trazer benefícios sociais significativos era facilmente financiado.
Ainda segundo esses autores, o que começou como um simples programa acabou por criar uma nova categoria de especialistas,
os neurocientistas, mas também uma nova disciplina com suas subdisciplinas (neurociências celular, molecular, cognitiva etc.) e
novas plataformas para traduzir os produtos epistêmicos (conhecimentos, técnicas, práticas etc.) em aplicações socialmente e
clinicamente significantes. Em 1973, Amherst College foi à primeira instituição a propor diplomas em neurociências.
A virada “neuro”, só se realizou plenamente durante a década do cérebro. O que é importante ressaltar é a crença e o desejo de
intervir no cérebro para melhorar a saúde e o bem-estar dos seres humanos individualmente e coletivamente.
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