Você está na página 1de 19

GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA

SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO


11ª GERÊNCIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO
PRINCESA ISABEL - PB
ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
POVOADO SILVESTRE
TAVARES – PB

JOVENS EMPREENDEDORES:
PRIMEIROS PASSOS

Povoado Silvestre – 2023


GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA
SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO
11ª GERÊNCIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO
PRINCESA ISABEL - PB
ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO POVOADO
SILVESTRE
TAVARES – PB

Projeto de Intervenção Pedagógica (PIP)

Gestor:

Antonio Justino Sobrinho

/Colaboradores:

Geane Costa do Nascimento

Angela Maria dos Santos Silva

Carla Eduarda Gomes do Nascimento

Fernanda Aparecida Gomes

Israel Joaquim da Silva

Jocilene Ferreira Guedes

Maria das Graças Sousa Flor

Renata Ranielly de Oliveira


I - INTRODUÇÃO:

O termo empreendedorismo se desloca do mundo dos negócios e entra no espaço


escolar, dentro de uma visão dinâmica de Educação, em que se devem construir posturas
de autonomia, criatividade, inovação, confiança, ética e trabalho em equipe diante dos
novos paradigmas que despontam neste século. Nesse contexto, a Escola do Ensino
Fundamental e Médio Povoado Silvestre/PB tem como objetivo desenvolver um projeto
com o tema “Jovens empreendedores: primeiros passos”, no intuito de proporcionar aos
estudantes a oportunidade de desenvolver ações empreendedoras. Atrela-se a isso a
interligação de várias disciplinas, compreendendo as áreas de Saúde, Humanas e Exatas.
Aprender sobre o empreendedorismo na escola é uma forma eficiente de
direcionar os alunos para uma realidade cada vez mais comum na sociedade. Ter seu
próprio negócio já é um caminho quase tão natural quanto buscar a tradicional colocação
no mercado formal de trabalho. Como o empreendedorismo na educação é uma tendência
que cresce continuamente, o professor pode ser peça-chave na preparação dos alunos para
empreender. Inclusive, auxiliando no desenvolvimento de uma visão e postura proativas
nesse propósito.
Explicar sobre o que é empreendedorismo durante o processo educativo é uma
forma eficiente de despertar nos alunos a curiosidade sobre o tema. Muitos deles já podem
ter até uma predisposição para viver essa realidade, sobretudo se têm exemplos no círculo
familiar ou de amizades, não se esquecendo de abordar algumas características do mundo
do empreendedorismo as dificuldades que comumente envolvem o
desafio de empreender, qual é o perfil do profissional que costuma enveredar por esse
caminho, que atributos que podem levar o empreendedor ao sucesso. Além disso, é
importante ressaltar que o empreendedor precisa saber aproveitar bem as brechas do
mercado, usando muita criatividade para propor soluções inteligentes na forma de
negócios.
Empreender tem tudo a ver com gerenciar e lidar com pessoas. As atividades
criativas na sala de aula em equipe são de grande importância para o desenvolvimento
interpessoal e também para o senso de coletividade. E ajudam a despertar a necessidade
de trabalharem um em prol do outro. E tudo isso são maneiras viáveis de como trabalhar
empreendedorismo na escola. Muitas vezes, o sistema educacional acaba impondo um
cenário de constante disputa entre os alunos: por melhores notas, para receber
um feedback positivo diante da turma, para estar entre os melhores alunos. Trabalhar em
equipe é uma das melhores atividades de empreendedorismo para sala de aula, pois
conscientiza sobre a necessidade de ajudar e receber ajuda. Além de diminuir disputas
desleais e promover competições saudáveis.
Uma das grandes bases do empreendedorismo é a criatividade. Justamente porque
muitos negócios surgem para oferecer ao mercado um produto inovador, um serviço
pioneiro ou um modelo de trabalho nunca visto antes. O principal ponto é descobrir uma
demanda que existe e ninguém havia percebido anteriormente. Promover atividades de
empreendedorismo para sala de aula que necessitem do exercício de criatividade ajuda os
alunos a terem essa percepção cada vez mais apurada. É possível propor tarefas que
exijam que eles encontrem soluções diferenciadas para uma série de questões,
trabalhando diretamente o que se faz no mercado empreendedor.
Para Dornelas (2008, p. 22) o empreendedorismo pode ser definido como: “o
envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias
em oportunidades”. Dolabela (2010) também nos apresenta uma definição para o
empreendedorismo e compreende-o como um processo de transformar sonhos em
realidade e em riqueza.
O projeto aqui apresentado traz uma abordagem ativa de ensino do
empreendedorismo, na qual o foco é uma mudança individual e social, não apenas uma
mudança econômica. Bolson (2003) afirma que o empreendedorismo deve ser ensinado
desde as séries iniciais como um movimento educacional, pois visa desenvolver pessoas
dotadas de atitudes empreendedoras e mentes planejadoras. No mesmo sentido, Lavieri
(2010) compreende que se considerarmos o conceito de maneira ampla, indo além do
aspecto econômico, toda a educação que visa o desenvolvimento social poderia ser
considerada uma educação para o desenvolvimento da atitude empreendedora.
Podemos definir um empreendedor como todo aquele que cria algo novo, que
realiza e faz acontecer. Dentro deste contexto, na educação empreendedora o professor
assume a função de incentivador e facilitador do processo, despertando no aluno o
estímulo e o desejo pelo aprendizado, a busca pela realização pessoal e a transformação
social. Para tal, é preciso deixar alguns paradigmas de lado e assumir uma nova forma de
ensinar, permitindo que os alunos sejam sujeitos ativos do processo de aprendizagem e
possam atuar na transformação da sociedade.
Então, quanto mais cedo eles entenderem que podem propor soluções para preencher
lacunas no mercado e ainda serem donos do seu próprio negócio, melhor.
II – PROBLEMÁTICA

O Projeto surgiu a partir de discussões coletivas sobre a problemática da


desmotivação dos estudantes frente à sua vida produtiva e futuro profissional, surgindo,
assim, a necessidade de trabalhar, no contexto escolar, a temática do empreendedorismo,
na maioria das vezes desconhecida pelos alunos.

Uma das funções da escola é levar esse conhecimento para a vida de cada um,
despertando o interesse pelas práticas empreendedoras, para que sejam capazes de
identificar uma oportunidade e buscar um novo pensar acerca dos problemas que os
cercam, promovendo um estímulo ao protagonismo juvenil, que engloba a cooperação, a
sustentabilidade ambiental, a cidadania e a ética. Assim, os alunos serão incitados a
transformar a realidade onde estão inseridos, através de uma ideia inovadora, maior
engajamento na participação social ou mesmo pela mudança de pensamento.

III- JUSTIFICATIVA:

O ensino da educação empreendedora justifica-se pela possibilidade de promover


a autonomia do aluno. Foi-se o tempo em que a o papel do aluno se resumia em apenas
“adquirir os conhecimentos transmitidos pelos professores”. Já não é mais assim há
algumas décadas: a internet e os meios de comunicação tornaram a informação algo
acessível a todos. Então, a escola tem de se voltar para o desenvolvimento de
competências para a construção de seres humanos autônomos e conscientes de suas
responsabilidades e direitos perante a sociedade. Com esse novo desenho da realidade, os
alunos têm como papel na escola participar ativamente da construção do conhecimento,
bem como de tomadas de decisão, e intervirem em assuntos que envolvem o bem comum.
Essas são, inclusive, não só facetas da atualidade da Educação, como valores
fundamentais da Educação empreendedora. Afinal, para que atuem dessa maneira,
crianças e adolescentes têm de serem empreendedores realmente. Em outras palavras,
ativos, arrojados, dinâmicos. Esta e a preocupação da nossa instituição neste momento:
criar espaço de participação e protagonismo para o nosso alunado com propostas que
fazem sentido para eles, já está no caminho da educação empreendedora.
Mas, além do protagonismo dos educandos e da contextualização, a experiência é
parte crucial da abordagem em questão. “Oferecer situações desafiadoras que vão exigir
uma atitude criativa dos estudantes ou que demandam uma colaboração mais efetiva é a
chave para o processo ser bem-sucedido e completo”, explica o professor Samuel
Andrade, especialista em produção e edição de materiais pedagógicos. Vale salientar que
o empreendedorismo nasceu inicialmente no meio empresarial e o comportamento
empreendedor era restrito apenas ao empresário. Contudo, houve uma mudança na
concepção do termo, e atualmente entende-se que o comportamento empreendedor pode
ser incorporado por toda a população e ensinado na escola.
Diante de tudo, este projeto busca focar na formação do indivíduo como
protagonista de sua história e comprometido com o desenvolvimento e sustentabilidade
da sociedade em que vive.

IV- OBJETIVO GERAL

 Formar estudantes com conhecimentos, habilidades e atitudes empreendedoras


capazes de transformar ideias em soluções inovadoras, que poderão gerar
benefícios e prosperidade para si e para a sociedade, de modo a decidir sobre o
futuro profissional e da localidade em que está inserido.

V- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Implantar uma nova consciência de trabalho dentro da escola, incentivando os


alunos a entender o mercado de trabalho, assumindo uma postura empreendedora;
 Estimular a capacidade criativa dos estudantes para que sejam protagonistas no
processo de aprendizagem e não apenas como receptor no processo educativo;
 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de
conhecimentos e experiências que possibilitem atender as relações próprias do
mundo do trabalho e fazer escolhas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de
vida com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
 Permitir aos jovens em idade escolar uma experiência real na área do empreendedorismo
incentivando o desenvolvimento local;
 Desenvolver o protagonismo, a criatividade e a cooperação entre os estudantes, através de projetos
significativos, fundamentados na ética, no respeito mútuo, com vistas a uma sociedade sustentável;

VI- COMPONENTES CURRICULARES:

 Língua Portuguesa
 Matemática
 Física
 Química
 Biologia
 Historia
 Sociologia
 Filosofia
 Artes
 Inglês
 Geografia
 Educação Física

VII- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Empreendedorismo: conceitos

São vários os conceitos associados ao vocábulo “empreendedorismo”. A palavra


em si tem sua origem no termo francês entrepreneur, que, literalmente traduzido, significa
“aquele que está entre” ou “intermediário”. Segundo Dolabela (2008, p. 59, sic),
empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra
entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu
perfil, suas origens, seu sistema de atividades e seu universo de atuação.
Surgiu em meados do século XVII e foi fortemente difundido pelo economista
Richard Cantillon – banqueiro e capitalista. Em um de seus textos, revela-se um homem
em busca de oportunidades de negócios, preocupado com o gerenciamento inteligente e
obtenção e otimização de seus rendimentos. Com sua única obra, Essai sur la Nature du
Commerce en Général, influenciou economistas clássicos, como Adam Smith. Para
Cantillon, o empreendedor era dono do seu trabalho: adquiria bens e serviços e os vendia
no mercado, visando ao lucro. O autor ressalta a ideia de oportunidade e risco, aspectos
que influenciaram os pesquisadores desde aquela época.
Com o passar do tempo, o empreendedorismo atraiu o interesse de pesquisadores
de outras áreas de conhecimento, além da economia, tornando-se um campo de estudos
amplo e rico. Sorenson e Stuart (2008), definem o empreendedorismo como um fenômeno
muito complexo e amplo, o que torna necessária uma abordagem multidisciplinar sobre
o tema, tomando-se por base ferramentas que as diferentes disciplinas já possuem em suas
escolas de pensamento dominantes. Com os pensadores da Psicologia, por exemplo, o
empreendedorismo ganha força como um comportamento e uma série de competências,
algo reconhecido atualmente como fundamental para entender a educação
empreendedora. Nessa fase, a
escola que investiga as características e os traços de personalidade é a mais proe
minente (MCCLELLAND, 1976) – nas décadas de 1960 e 1970. Já na década de
1980, essa abordagem específica
entra em declínio, mas os estudos permanecem no terreno da psicologia, com Gart
ner (1989), que
investiga o comportamento do empreendedor, e não mais as suas características (ab
ordagem behaviorista).
Conforme Schumpeter, o empreendedorismo só poderia acontecer através de
pessoas com comportamento versátil e que agregassem habilidades técnicas para
produzir, capacidade para organizar recursos financeiros, conhecimento para gerir
operações internas e qualificação para realizar vendas.
Mais recentemente, Robert D. Hisrich formulou o conceito de empreendedorismo
que foi adotado no mundo acadêmico e corporativo. Conforme o estudioso,
empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e
esforços necessários, assumindo riscos psicológicos, financeiros e sociais, e recebendo
satisfações econômicas e pessoais. Nas últimas décadas, estudos sobre
empreendedorismo avançaram em termos de visibilidade e importância, passando a ser
compreendido como a arte de fazer acontecer com criatividade e motivação. “O
empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade”
(Dolabela, 2010, p. 25).

Educação empreendedora

Com um mercado de trabalho em profunda transformação, pode-se dizer que o


futuro do trabalho é empreendedor. E como não podia deixar de ser, essa mudança
impacta diretamente a educação. No mundo em que a tecnologia fará grande parte dos
trabalhos operacionais, ser capaz de criar soluções para os problemas fará dos jovens de
hoje, profissionais de destaque no futuro.
Diante de turmas nativas digitais, acostumadas desde cedo a ter o conhecimento
disponível na palma da mão, a responsabilidade da escola vai se modificando. O anúncio
de uma nova revolução industrial, a quarta, só torna a questão ainda mais complexa. Nesse
contexto, faz sentido pensar em estratégias para tornar a escola um espaço que respira
empreendedorismo e contribui para formar indivíduos que são protagonistas de suas
próprias vidas, agindo com autonomia e senso crítico, essências da mentalidade
empreendedora.
No Brasil, o tema avançou e conseguiu mais espaços e adesão. Além das
universidades, a temática chegou as escolas de ensino formal, inclusive fundamentando
projetos pedagógicos. Em meados da década de 90, o professor Fernando Dolabela
desenvolveu a teoria do empreendedorismo como forma de inserção social o que chamou
de “teoria dos sonhos” (BAGGIO & BAGGIO, 2014). Para este autor, num contexto de
exclusão que vive a sociedade, sobretudo as classes menos favorecidas, desenvolver
nesses jovens a cultura do empreendedorismo, pode levá-los a não desistir de seus sonhos,
ou até mesmo criar sonhos, haja vista que o comportamento positivo diante das
dificuldades pode ser uma forma de reagir para ser protagonista de sua história. Afinal,
no seu entendimento, empreendedorismo era transformar sonhos em realidade e riqueza
(DOLABELA, 2010).
É interessante frisar o que diz Dolabela (2010, p. 44) sobre os empreendedores:
“Pode-se dizer que os empreendedores se dividem igualmente em dois times: aqueles para
os quais o sucesso é definido pela sociedade e aqueles que têm uma noção interna de
sucesso”.
Essa visão ampla do empreendedorismo abre as portas para se falar em “Educação
Empreendedora” para crianças e adultos deixando de vincular o espírito empreendedor
exclusivamente às atividades de criação de empresas. O processo metodológico da
Pedagogia Empreendedora envolve a construção de novos padrões de comportamento a
partir de descobertas interessantes sobre as potencialidades pessoais, no contexto cultural,
motivacional e sonhos. Assim, para a construção desse processo, o professor é o agente
de transformação, porque a metodologia pressupõe cooperação para a construção
coletiva.
Quando se fala de empreendedorismo, logo nos remetemos à ideia de “negócios”;
contudo, esquecemo-nos de que antes de pensar em negócios é preciso orientar nosso
comportamento para a realização de determinados objetivos. Segundo Zarpellon (2010,
p. 48): “o empreendedorismo é visto mais como um fenômeno individual, ligado à criação
de empresas, quer através de aproveitamento de uma oportunidade ou simplesmente por
necessidade de sobrevivência”. No entanto, também consiste num fenômeno social que
pode estimular o indivíduo, ou uma comunidade, a desenvolver capacidades de solucionar
problemas, além de buscar a construção do seu próprio futuro, isto é, de gerar um tipo de
capital social e capital humano para si e para sua comunidade. É justamente nesse cenário
que está inserido o papel da educação.
A Educação Empreendedora tem como foco promover espaços que favoreçam o
protagonismo juvenil para potencializar o desenvolvimento dos comportamentos
empreendedores, para os objetivos individuais e coletivos, de forma a exercer sua
cidadania de forma crítica, buscando seu desenvolvimento pessoal e social. Para os
estudiosos da 23 educação, os desenvolvimentos de competências atitudinais são
essenciais para os profissionais do futuro (OLIVEIRA et al., 2017). A descoberta de suas
potencialidades pessoais, de suas motivações e sonhos podem ajudá-los a conceberem
seus projetos pedagógicos, baseados em novos paradigmas educacionais, considerando
todas as peculiaridades e incertezas da sociedade moderna. Neste contexto, incomodado
com o problema de exclusão social, de falta de geração de qualidade de vida para os
jovens, sobretudo, de baixa renda, professor Dolabela viu no ensino do
empreendedorismo como uma possibilidade de mudança social, possibilidade de incluir
os jovens no processo de protagonista através do desenvolvimento sustentado local. Por
isso, Dolabela (2004, p. 128) afirma que:
Então, entre 1999 e 2002, com um grupo de educadores e com o
apoio da ONG Visão Mundial, desenvolvi um projeto que era um
sonho antigo meu: uma metodologia de ensino do
empreendedorismo para a educação básica. Batizei essa
metodologia de “Pedagogia Empreendedora”.

Segundo Morin (2006, p. 39):

A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular


e resolver problemas essenciais e, de forma correlata, estimular o
uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício
da curiosidade, a faculdade mais expandida e a mais viva durante a
infância e adolescência, que com frequência a instrução extingue e
que, ao contrário se trata de estimular ou, caso esteja adormecida
de despertar.

À luz dessas proposições e de políticas educativas que reforçam a importância de


se incentivar uma postura empreendedora na educação, instituir uma cultura
empreendedora nas matrizes curriculares da Educação Básica tem sido uma pauta comum
nas discussões das instituições de ensino do país. Destacando que esses debates são
potencializados principalmente por instituições internacionais, como a Organização de
Cooperação e de Desenvolvimento (OCDE), a Organização das Nações Unidas (ONU) e
a Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO), por
exemplo.
A educação empreendedora foi motivada ainda por resultados de pesquisas
realizadas com empreendedores que desistiram de seus negócios prematuramente, apesar
de trabalharem com produtos e serviços interessantes. De modo geral, as razões
apresentadas para justificar a “morte” dos pequenos negócios antes de terem completado
5 anos de existência se relacionam a dificuldades em pensar o negócio a curto, médio e
longo prazos – em outras palavras, falta de planejamento e, em especial, carência de
experiência em gestão financeira. A essas dificuldades, outras podem ser acrescentadas
e, quando analisadas, o que se percebe é que a maioria delas estão associadas a um baixo
desenvolvimento de soft skils, ou seja, competências que envolvem aptidões mentais,
emocionais e sociais.
O psicólogo David McClelland aponta a necessidade de treinar as pessoas para
“[...] a possibilidade de elas fazerem um futuro melhor, fazê-las acreditar em seu próprio
poder de realização“ (1962, pág. 111). Alinhado a ele, está Martin Lackéus (2016), que
afirma que os decisores de políticas públicas têm defendido a introdução de Educação
Empreendedora em todos os níveis de educação porque o empreendedorismo é um
impulsionador de crescimento econômico, da criação de empregos, da inovação, da maior
produtividade e competitividade.
Outras justificativas favoráveis à Educação Empreendedora se voltam para os
impactos provocados na motivação e no comprometimento dos alunos, dos professores e
dos profissionais envolvidos, tanto na educação quanto no trabalho. Estudiosos indicam
que a essa educação da qual estamos tratando provoca aumento do interesse dos alunos,
estimula sua criatividade, afeta positivamente no empenho, na resiliência, e até no clima
do grupo, já que o torna mais alegre. Tudo isto contribui, ao final, para a maior retenção
dos alunos na escola.

Educação empreendedora e a BNCC

A BNCC foi instituída pela Resolução CNE/CP nº 2, de 22/12/2017. O documento


define pontos essenciais para garantir aos estudantes brasileiros o direito de aprender um
conjunto fundamental de conhecimentos e habilidades comuns em todo o país. Nesse
documento, o empreendedorismo é reconhecido como aprendizagem essencial para o
desenvolvimento de pessoas, para o preparo para o exercício da cidadania e para a
qualificação para o trabalho, conforme prevê o Artigo 205 da Constituição Federal. Ao
longo da BNCC, o empreendedorismo abarca diferentes semânticas, com o objetivo de
flexibilizar o conceito para etapa subsequente de detalhamento dos currículos estaduais e
municipais, adaptando-os à realidade de cada território.
Muito mais do que mostrar a um aluno como criar o próprio negócio, a cultura
empreendedora tem a capacidade de fortalecer as seguintes competências gerais da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC):
 Pensamento crítico: a cultura empreendedora faz com que os alunos se interessem
por entender o contexto de forma mais profunda, porque essas informações serão
essenciais para a conformação de um problema – assim como sua possível
solução. Antes de tirar qualquer ideia do papel, esse tipo de olhar para o mundo
os fará investigar, debater e ir além de ideias preconcebidas.
 Pensamento criativo: uma escola versada nessa cultura é aquela capaz de
estimular a criatividade em estudantes. Para isso, deve ser um espaço que acolha
a diferença, amplie o repertório da turma, estimule tanto o questionamento quanto
a constante inconformação.
 Autoconhecimento: quando inclui essa cultura no chão da escola, o educador
também fará com que o aluno reconheça seus pontos fortes e sua fragilidade – e
atue diante deles. Isso porque, visando mobilizar agentes no desenvolvimento de
projetos, o estudante deverá entender como pode contribuir para a solução, assim
como entender o que precisa desenvolver com vistas a ajudar em ideias futuras.
 Comunicação e argumentação: um dos aspectos mais ricos da cultura
empreendedora é sua capacidade de estimular a colaboração e a mobilização de
atores distintos para a resolução de problemas. Ao entrar na escola, pode ser a
chance de estudantes exercitarem suas habilidades de se comunicarem de forma
clara e empática, bem como de convencerem sobre os aspectos positivos de suas
ideias.
 Responsabilidade e cidadania: uma escola que mobiliza alunos em torno da busca
por soluções para problemas reais da comunidade também contribui a fim de que
estudantes entendam a importância da própria ação, e da autonomia, para a criação
de uma sociedade mais justa, solidária, inclusiva e ambientalmente responsável.
É por isso que cabe à escola o desafio de incluir temas complexos da forma mais
abrangente e crítica possível.
De maneira mais indireta, as demais competências da BNCC também ganham
espaço em uma escola que estimula a cultura empreendedora.
Outro ponto que merece destaque é o desenvolvimento das competências
socioemocionais na escola, que não é uma iniciativa recente. O debate na educação
sempre tratou da importância de estimular os jovens a atentarem ao cotidiano em que
vivem. A grande mudança que se espera a partir dessa nova perspectiva educativa é
expandir as aprendizagens para fora do muro da escola, à medida em que o “aprender a
fazer” reforça ferramentas para intervir no meio social, promovendo o voluntariado e as
iniciativas particulares. A articulação entre teoria e prática é antiga no meio educacional
e o desenvolvimento de competências empreendedoras instiga os jovens a conhecerem o
mundo do trabalho e, ao fazerem isso, favorece a sua empregabilidade. Nota-se que, em
2004, um estudo do Projeto Regional de Educação para a América Latina e o Caribe
(PRELAC) acrescentou como complemento aos quatro pilares da educação para o século
XXI um quinto pilar: aprender a empreender, de forma a transformar o conhecimento
aprendido em prática.

Implica contribuir para discernir qual é o sentido da educação num


mundo de incerteza e mudança. É preciso agregar, às aptidões que
oferece a educação atual, abordagens para o exercício da cidadania
e para a construção de uma cultura de paz. Os quatro pilares de
aprendizagem do Informe Delors são um guia excelente para
interrogar-se sobre os sentidos da educação; aprender a ser, a
conhecer, a fazer e a viver juntos. O PRELAC explicita, por sua
importância, um pilar adicional: aprender a empreender
(UNESCO, 2004, p. 9).

No Ensino Médio, a BNCC trouxe muita novidade para favorecer o


desenvolvimento de processos de aprendizagem criativos e inovadores, capazes de
estabelecer uma maior aproximação entre teoria e prática, utilizando experimentos,
protótipos, processos ou produtos que atendam a demandas para a resolução de problemas
identificados na sociedade a partir de conhecimentos científicos. Por meio de projetos ou
de outras experiências de empreendedorismo, os professores devem se engajar e aprender
junto com o aluno, buscando respostas aos problemas atuais.
A Educação Empreendedora desperta atitudes e estimula escolhas conscientes
desde a infância, passando pela juventude e atrela ações coerentes e transformadoras ao
longo da vida, tanto para a realização pessoal quanto para crescimento da economia do
país. Assim, podemos inferir que qualquer pessoa possa ser um(a) empreendedor(a),
desde que desenvolva capacidades de cooperação, co-criação, inovação, planejamento e
de convívio em ambientes marcados por incertezas, mudanças rápidas e abruptas, onde o
exercício de resiliência pode ser fator decisivo para manutenção da empregabilidade.
Essas capacidades nada mais são do que competências empreendedoras, que podem ser
aprendidas e ensinadas. Ademais, estão alinhadas às 10 competências definidas na
BNCC.
De acordo com a BNCC:

A preparação básica para o trabalho e a cidadania não significa a


profissionalização precoce ou precária dos jovens ou o atendimento das
necessidades imediatas do mercado de trabalho. Ao contrário, supõe o
desenvolvimento de competências que possibilitem aos estudantes inserir-
se de forma ativa e responsável em um mundo do trabalho cada vez mais
complexo e imprevisível, criando possibilidades para viabilizar seu projeto
de vida e continuar aprendendo, de modo a ser capazes de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988).

Atividades empreendedoras são capazes de desenvolver competências e


habilidades em vários âmbitos, além de oferecerem situações altamente propícias a
práticas escolares interdisciplinares. Para benefícios mais significativos na esfera da
aprendizagem para a vida, é necessário trabalhar as práticas relativas ao
empreendedorismo de maneira mais consistente, dando a essa atividade na escola a
seriedade que ela merece e que ela exigirá dos alunos em sua vida profissional, qualquer
que seja sua escolha. Uma postura empreendedora está sempre relacionada ao
desenvolvimento de qualidades socioafetivas e cognitivas desejáveis.

VIII- METODOLOGIA:

Este projeto que tem por tema “Jovens empreendedores: primeiros passos”
apresenta uma abordagem interdisciplinar e será desenvolvido durante o 3º e 4º bimestre
de 2023. O projeto ora apresentado parte, inicialmente, dentro de uma perspectiva de uma
pesquisa sobre a importância do empreendedorismo na educação.

As atividades serão desenvolvidas através de oficinas, utilizando as seguintes


metodologias:

 Levantamento de informações sobre o tema;

 Roda de discussão sobre a importância do uso de “tecnologias e


Empreendedorismo”

 Realização de pesquisas; pela a web e a utilização de aplicativos de produção;

 Debate em aula;

 Pesquisa em livros e sites;

 Construção de painéis, cartazes;


 Os alunos, distribuídos em grupos e individual apresentarão (...)

 Elaboração de entrevistas com empreendedores formal e informal da comunidade,

 Elaborar textos narrativos e/ou dissertativos;

 Assistir vídeos, filmes e palestras, relacionando ao tema do projeto;

 Exposição de forma on-line; fórum invertido.

 Propiciar o uso das tecnologias;

 Culminância do projeto.

IX- PARCEIROS

 Família

 Comunidade

 Secretaria de Educação

X- RECURSOS HUMANOS

 Direção;

 Professores;

 Alunos;

 Pais;

 Comunidade;

 Equipe de apoio

XI- RECURSOS
 Papel oficio;
 Cartolina;
 Cola;
 Livros Literários
 Lápis piloto;
 Lápis hidrocor;
 Netbook
 Internet
 Apostilas
 Celulares;
 Aplicativos;
 Tabletes;
 Computadores;
 Plataformas digitais;
 Revisão de Artigos;

XII- CRONOGRAMA

3° Bimestre e 4° Bimestre

XIII- AVALIAÇÃO

A avaliação ocorrerá durante todas as etapas desenvolvidas, de forma contínua,


tendo como metas o comprometimento, a responsabilidade, o respeito, a participação e a
organização em todas as atividades propostas, através de apresentaçõesem que irão expor
seus trabalhos de pesquisa, bem como suas considerações a respeito das atividades
realizadas. Durante as apresentações será levada em consideração, o interesse, a
criatividade, a participação e a assiduidade dos membros, além da qualidade das
informações e de suas respectivas exposições, como também de acordo com o
conhecimentos adquiridos no decorrer das oficinas de acordo com os objetivos propostosna
construção dos conhecimentos.

XIV- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização de projetos didáticos na escola apresenta-se como uma proposta de


renovação metodológica, embora não seja uma prática recente ainda existe muita
resistência entre os docentes em trabalharem os conteúdos curriculares de forma
interdisciplinar. Por isso o projeto empreendedorismo tomou para si o desafio em
despertar nos estudantes conhecimentos, habilidades e atitudes empreendedoras capazes
de transformar ideias em soluções inovadoras sob um novo olhar.

Dentre as ações que serão realizadas espera-se que promovam momentos de


construção e de conhecimentos, integração e fortalecimentos dos vínculos com o
ambiente escolar. A interação da equipe docente alunos e comunidade escolar em ajudar
uns aos outros na troca de experiências positivas será fundamental para o bom andamento
das atividades e o êxito em todo o cronograma planejado. Buscando a
interdisciplinaridade dos conteúdos trabalhados, traçamos como objetivo conhecer o
empreendedorismo de forma mais ampla, ressaltando seus aspectos positivos e analisando
os aspectos negativos. Acreditamos que com as ações do projeto abriremos espaço para
que os estudantes construam seu senso crítico sua motivação para compreender o papel
que possuem enquanto cidadãos na busca pelo conhecimento do meio em que está
inserido.
XV- REFERENCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

https:www.naveavela.com.br

https://cer.sebrae.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Empreendedorismo-no-
curri%CC%81culo-do-Ensino-Me%CC%81dio.pdf

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-
praticas/aprofundamentos/201-praticas-empreendedoras-na-escola

https://www.eumed.net/rev/atlante/2016/11/empreendedorismo.html

https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/11908/1/MSLVTF14082018.
pdf

https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/educacaoempreendedora

https://cer.sebrae.com.br/wp-content/uploads/material/TERMO%2021-
08_alterado_v13.pdf

Você também pode gostar