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ISBN 978-65-5821-048-1
EMPREENDEDORISMO na educação
9 786558 210481
Código Logístico
I000119
IESDE BRASIL
2021
© 2021 – IESDE BRASIL S/A.
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detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Kindlena/Pand P Studio/Dave Pot/Sergey Nivens/TairA/Flas100/Shutterstock
7 anexo 132
APRESENTAÇÃO
Vídeo
Objetivos de aprendizagem
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• compreender a inserção do empreendedorismo no contexto
educacional, reconhecendo os pontos de conexão entre os con-
ceitos e o papel da inovação nesse processo;
• reconhecer características do comportamento empreendedor;
• diferenciar os tipos de empreendedorismo e de inovação.
Quadro 1
Conceitos de empreendedorismo/empreendedor
10 Empreendedorismo na Educação
Tendo em mente esses conceitos, fica mais fácil começarmos a com-
Para refletir
preender as diferenças entre os termos.
Agora que você observou
De acordo com Dolabela (2009), o empreendedorismo é uma área, alguns conceitos de em-
preendedor e empreen-
ou um campo de estudo, que não está vinculado a uma ciência ou a dedorismo, já consegue
uma definição única. Pode ser compreendido como uma perceber a diferença
entre os dois?
habilidade/capacidade do indivíduo em empreender, ou seja, de mate-
rializar ideias com criatividade, comprometimento, planejamento e
foco nos objetivos (COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS, 2007).
Figura 2
Empreender na vida e na carreira
Planeja sua vida.
Vida
Assume os riscos de mudar sua
opinião e a sua ação.
É um empreendedor dentro
da empresa que trabalha
Carreira (intraempreendedor ou
empreendedor corporativo).
12 Empreendedorismo na Educação
de diferentes formas, mesmo que o cenário não seja promissor. Dificil-
mente se deixam levar pela opinião dos outros. E quando algo dá erra-
do, eles tentam de novo, tentam de outro jeito ou, ainda, tentam outra
coisa. Ou seja, dificilmente desistem ou param de tentar transformar
sonhos em realidade.
seguir.
Independência e
Persistência
autoconfiança Estabelecimento de
metas
Correr riscos calculados
14 Empreendedorismo na Educação
Quadro 3
Quadro teórico de McClelland (1961)
16 Empreendedorismo na Educação
poderiam facilmente usar seu potencial de liderança para empreender
em suas vidas e em sua comunidade de modo honesto.
Desafio
McClelland (1961) não foi o único a mapear os comportamentos dos
Assista ao filme Walt antes do
empreendedores. Souza (2006) realizou um estudo de diferentes auto- Mickey e, partindo do que foi
res, buscando identificar características e comportamentos apresenta- estudado até aqui, escolha
três características de com-
dos por eles e que representavam os sujeitos que empreendiam. portamento empreendedor
apresentadas no filme que
O resultado desse estudo foi uma matriz de características do em- você considera relevantes.
preendedor, demonstrada na tabela a seguir. Qual habilidade que ele
precisava desenvolver?
Tabela 1
Matriz de características do empreendedor
Autores
Longenecker et al.
Barros e Prates
Características
Carland et al.
Schumpeter
McClelland
Frese et al.
McDonald
Mintzberg
Drucker
Angelo
Lalkala
Weber
Degen
Dutra
Filion
Total
Leite
Buscar
x x x x x x x x x x x 11
oportunidades
Conhecimento
x x x x x 5
do mercado
Conhecimento
x x x x x 5
do produto
Correr riscos x x x x x x x x x x 10
Criatividade x x x x x x x x x 9
Iniciativa x x x x x x 6
Inovação x x x x x x x x x x x x x x x x 16
Liderança x x x x x x x 7
Necessidade de
x x x x x 5
realização
Proatividade x x x x x 5
Visionário x x x x x 5
18 Empreendedorismo na Educação
1.3 Os tipos de empreendedorismo
Vídeo Até a década de 1970, o termo empreendedorismo relacionava-se
apenas com a ideia de gerar valor, vinculado ao lucro capital, por meio
da inovação. Com o avanço dos estudos sobre os comportamentos em-
preendedores e suas formas de manifestação nos sujeitos, foi possível
perceber que outras pessoas também faziam parte desse processo,
Lembrete
mas com um foco um pouco diferente. Ou seja, empreendiam sob uma
Não se esqueça de que
o empreendedorismo outra perspectiva.
capital está ligado à figura
do empreendedor/em- A verdade é que essas pessoas já existiam e já empreendiam, no en-
presário de sucesso, que tanto não eram consideradas empreendedoras de fato, por não terem
inova para gerar lucro
financeiro para a empresa como foco principal a inovação na geração de lucro capital.
e para os acionistas.
E quais são os tipos de empreendedorismo reconhecidos? O pri-
meiro tipo de empreendedorismo você já conheceu. Estamos falando
Saiba mais sobre ele desde o princípio deste capítulo: o empreendedorismo ca-
Bill Drayton é o fundador pital. Vale lembrar que essa foi a primeira forma de se compreender e
da Ashoka, uma organiza-
ção americana que apoia de se definir essa modalidade.
líderes sociais no mundo.
Drayton defende o estí- O segundo tipo é o empreendedorismo social, que, ao contrário
mulo ao empreendedo- do capital, tem como principal objetivo gerar lucro/impacto social.
rismo entre adolescentes
e jovens para promover É um negócio com o propósito de melhorar a vida das pessoas, ou
transformações socioe-
conômicas capazes de
ainda dar oportunidades para que as condições de vida dessas pessoas
amenizar o crescimento sejam melhoradas. Vale ressaltar que, na maior parte das vezes, o lucro
do que ele chama de
nova desigualdade. Ele
capital e o desenvolvimento econômico acabam sendo consequências
acredita que “jovens desses empreendimentos sociais.
preparados para criar
soluções para problemas O termo empreendedorismo social foi atribuído às práticas de em-
em suas escolas, famílias
preendedores com foco no desenvolvimento social, durante as dé-
ou comunidades também
saberão disputar um cadas de 1980 e 1990, por Bill Drayton e pelo escritor inglês Charles
lugar ao sol no atual
Leadbeater.
mercado de trabalho,
rompendo barreiras que,
O empreendedorismo social empenha-se em solucionar problemas
na visão dele, são cada
vez maiores” (DRAYTON, por meio de ações, criando empreendimentos sociais voltados para a
2019). Para conhecer
geração de oportunidades e suporte à sociedade, buscando melhorar
mais a respeito de Bill
Drayton e da Ashoka, a qualidade de vida das pessoas (SILVA et al., 2012). Mesmo que os ne-
acesse o link a seguir.
gócios sociais não visem ao lucro, precisam ser sustentáveis.
Disponível em: https://www.
ashoka.org/pt-br/story/historia-da- Existem dois tipos de negócios na perspectiva do empreendedoris-
ashoka. Acesso em: 10 maio 2021. mo social: o negócio de impacto e o negócio social.
Pode ser que você esteja se perguntado: qual é a diferença entre uma
ONG e um negócio social? Na figura a seguir é possível perceber a rela-
ção do negócio tradicional e das ONGs na criação de um negócio social.
Figura 3
Compreendendo os negócios sociais
Metas Autossustentável
Doações Autossustentável
20 Empreendedorismo na Educação
1. Ser exclusivamente associada às ONGs sem fins lucrativos e 2
que iniciam ou incentivam a abertura de empresas com esse Para conhecer um pouco
mesmo fim. melhor esse superem-
preendimento social,
2
Um exemplo dessa modalidade é o Pimp my carroça , um movi- assista ao videocase da
ONG em questão.
mento que atua desde 2012 com outras ONGs e que tem como missão
Disponível em: http://youtu.
“tirar os catadores de lixo da invisibilidade, aumentando sua renda, por be/0d86iIPNb0M. Acesso em: 10
meio de arte, sensibilização, tecnologia e participação coletiva” (PIMP maio 2021.
22 Empreendedorismo na Educação
Observe que as características de empreendedores sociais apresen-
tadas por Bessant e Tidd (2009) se encaixam também nas característi-
cas dos empreendedores vinculados ao empreendedorismo de capital.
O que os diferencia basicamente é o posicionamento e a intencionali-
dade que possuem no momento de empreender.
Quadro 5
Empreendedor empresarial x empreendedor social
Figura 4
Frentes do empreendedorismo e estratégias de inovação
Shutterstock/Tokarchuk Andrii
Empreendedorismo Inovação
Empreendedorismo
social Inovação social
Empreendedorismo Inovação
educacional educacional
Para refletir Assim como o empreendedorismo, o termo inovação traz consigo di-
Qual é a diferença entre ferentes formas de interpretação e é importante conhecer essas diversas
descoberta, invenção e nuances antes de adentrarmos na perspectiva da inovação educacional.
inovação?
Descoberta, invenção e inovação. Pense em cada uma dessas
palavras e tente descrevê-las ou ainda conceituá-las, com base na sua
percepção, nas suas vivências até este momento.
24 Empreendedorismo na Educação
Você conseguiu perceber a diferença entre cada um dos termos?
Vale lembrar que a definição de inovação de Bessant e Tidd (2009) está
vinculada ao lucro capital, ou ainda ao que Schumpeter chamou de
destruição criadora, a qual é considerada uma transformação que des-
trói o antigo e cria sucessivos novos elementos.
Ou seja, alguma vez você precisou criar atrito entre rochas a fim de
produzir fogo para cozinhar, aquecer a água ou ainda para acender
uma vela? A menos que você esteja participando de um programa de
sobrevivência na selva ou esteja de fato perdido, isso não se faz ne-
cessário, pois as inovações criam facilidades para o cotidiano das pes-
soas, mudando significativamente o jeito como nos relacionamos com
as primeiras descobertas. Hoje, por meio da descoberta do fogo pelo
ser humano, temos equipamentos que nos permitem ter fogo de modo
muito mais fácil, por exemplo, por meio de isqueiro, fósforo, fogão etc.
Glossário
Quanto mais uma inovação muda a forma de as pessoas se relacio-
disruptiva: que causa
narem no mundo e com os objetos, mais disruptiva ela é. Schumpeter
ruptura, rompimento
(1985) define os graus da inovação, considerando o impacto que esta gera e, consequentemente,
mudança.
na sociedade. Assim, toda e qualquer inovação que mude completamen-
te a ordem padrão de um comportamento ou uma ação do ser humano
é considerada uma inovação radical. Já as demais inovações, vinculadas
à inovação radical, são consideradas inovações incrementais.
Figura 4
Evolução do telefone
K3Star/Shutterstock
Para que você possa se Por mais que essas tipologias não sejam o foco desta obra, citamos
inspirar e transportar os
a seguir alguns exemplos para que você diferencie cada uma dessas
conceitos de inovação
para a vida, sugerimos formas de inovar.
dois filmes. O primeiro é
Joy: o nome do sucesso, o Inovação em produto ou serviço: qualquer produto ou serviço que
qual aborda a trajetória tenha sido criado e que tenha uma aceitação no mercado. Exemplos: re-
de uma mulher lutadora
e com grande potencial frigerantes, sabão em pó e líquido, computador, serviços de delivery etc.
empreendedor, que em
um processo de reinvestir Inovação em processos: refrigerantes como Coca-cola diet,
em si mesma, criou o Coca-cola zero. Um novo procedimento para criação do produto, que
Magic Mop.
venha a atender às necessidades dos consumidores, reduzir custos ou,
Direção: David O. Russell. EUA: Fox
2000 Pictures, 2015. ainda, aumentar a produtividade.
O outro filme é Steve Jobs, Inovação em marketing: em 2015, a Coca-cola lançou uma cam-
que conta a história do
cofundador da Apple,
panha para inserir nomes nas latas e com isso aumentar o número
falando da sua geniali- de vendas. Ou seja, as pessoas não compravam mais um refrigerante
dade, mas também dos
conflitos pessoais e de
apenas para bebê-lo, passaram a comprá-lo para colecionar as latas ou
comportamento que im- presentear. Outro exemplo de inovação em marketing é das Havaianas:
pactaram sua vida, desde
o início de sua trajetória.
durante muito tempo a marca não era vista com prestígio, no entanto,
depois de todo um investimento em marketing, com estratégias de mu-
Direção: Danny Boyle. EUA:
Universal Pictures, 2015. dança do slogan para “Havaianas: todo mundo usa” e com a utilização
de personalidades nas campanhas publicitárias, houve um reposicio-
26 Empreendedorismo na Educação
namento da marca, melhorando os pontos de venda e ampliando o
portfólio de produtos.
É fato que, quando Freire escreveu esse texto, não falava es-
pecificamente de educação e empreendedorismo. Ele se referia
apenas aos temas que aparentemente mostravam-se contradi-
tórios e que inviabilizavam o diálogo e a perspectiva de cone-
xão entre as áreas. Lembre-se: Tudo está conectado! Talvez você
apenas não tenha, ainda, conseguido identificar essa conexão.
Outro fator que contribui para esse cenário é que boa parte dos
estudos que relacionam esses temas o fazem sob o ponto de vista da
gestão. São empresários, economistas, empreendedores de diferentes
áreas que falam sobre a importância da educação para o desenvolvi-
mento do empreendedorismo. É o caso da pedagogia empreendedora,
proposta por Fernando Dolabela (estudioso da área da administração),
e da educação empreendedora, desenvolvida pelo Sebrae.
Perceba que eles não estão errados, mas, sob o ponto de vista edu-
cacional e da prática pedagógica propriamente dita, ficam algumas
28 Empreendedorismo na Educação
lacunas que não conseguem ser preenchidas e que dão margem ao
processo de generalização. Em outras palavras, como seres humanos
que são, alguns profissionais da educação, em vez de estarem abertos
a testar diferentes possibilidades, agarram-se aos conceitos e expe-
riências anteriormente vivenciadas, para encontrar formas – generali-
zadoras – de fechar as lacunas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Empreendedorismo e educação coexistem na sociedade e mais do
que nunca precisam ser compreendidos isolada e coletivamente, discipli-
nar e transversalmente, no intuito de superar paradigmas que, no cenário
atual, fazem cada vez menos sentido.
Compreender o empreendedorismo sob o viés da administração
e perceber a inovação como elemento de conexão entre as formas de
empreender inicia o tensionamento para o processo de aceitação do
empreendedorismo e da necessidade de desenvolvimento das caracte-
rísticas do comportamento empreendedor, por meio da educação, como
elemento importante para integração dos indivíduos na sociedade.
Esperamos que, ao final dos estudos deste capítulo, você tenha con-
seguido compreender a inserção do empreendedorismo no contexto
educacional, reconhecendo os pontos de conexão entre os conceitos e o
papel da inovação nesse processo, bem como esteja apto a identificar as
características do comportamento empreendedor e diferenciar os tipos
de empreendedorismo e inovação. Caso tenha ficado com dúvidas em
relação a algum desses pontos, retome a leitura do capítulo.
30 Empreendedorismo na Educação
ATIVIDADES
1. O empreendedorismo está presente na sociedade, mas se manifesta
Vídeo
especialmente por meio das práticas dos sujeitos. Reflita sobre o que
é empreender e quais são as possibilidades de se empreender. Na
sequência, faça uma análise sobre a presença do empreendedorismo
na sua vida e na das pessoas que estão próximas a você, descrevendo,
em forma de tópicos, em que períodos isso aconteceu.
REFERÊNCIAS
BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo:
Manole, 2012.
COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Documento de trabalho dos serviços da
comissão – Escolas para o século XXI. Bruxelas: Comissão das Comunidades Europeias,
2007. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/847/2/20101_ulsd_
dep.17852_tm_anexo1a.pdf.pdf. Acesso em: 19 abr. 2015.
32 Empreendedorismo na Educação
2
Educação, inovação,
tecnologia e sociedade
Todo avanço é uma vitória e toda vitória nos prepara para novos de-
safios! Por esse motivo, convidamos você a rememorar – ou pesquisar
sobre – um dos desenhos mais famosos do final da década de 1980:
ThunderCats. Já ouviu falar?
Os ThunderCats eram um grupo de seres meio gatos e meio humanos
que lutavam contra o mal. Seu líder, Lion, tinha uma espada justiceira que
continha o chamado olho de Thundera acoplado, e que dava a ele visão
além do alcance.
Neste capítulo, vamos ativar a sua “visão além do alcance” e desenvol-
ver sua capacidade de observação. Ou seja, vamos dar a você subsídios
para analisar e compreender as relações entre os sujeitos e a sociedade
e como esse movimento impacta a inovação e é impactado por ela, pela
tecnologia e educação.
Enxergar além do que os olhos podem ver é uma habilidade que pode
ser desenvolvida. Essa habilidade é fundamental para que qualquer su-
jeito na sociedade possa intervir na sua realidade ou no meio onde está
inserido, identificando formas de superar desafios, buscando e propondo
soluções de maneira crítica e fundamentada.
Primeiro, vamos compreender as relações entre sujeito e sociedade
para que você possa reconhecer os sujeitos como agentes de transforma-
ção social. Na sequência, trataremos de inovação; como ela surge, de que
forma faz parte da essência do ser humano e por que, algumas vezes, ela
não acontece. Para isso, abordaremos os conceitos de criatividade e inova-
ção, relacionando essas duas vertentes e identificando suas relações com
as ações de quem empreende.
Por fim, vamos abordar um pouco o sistema educacional brasileiro e
compreender como essa organização contribui para a presença da inova-
ção e da tecnologia na sociedade.
Vamos adiante?
34 Empreendedorismo na Educação
uma fase de descoberta de tudo que nos cerca. A criança entra em um Saiba mais
período chamado pelo senso comum de fase dos porquês. Entre os 2 e os 7 anos,
a criança está na fase,
A criança tem uma forma peculiar de ver o mundo. Poderíamos definida por Piaget, de
até dizer que nasce com um “olho de Thundera” em desenvolvimen- pré-operacional. Nesse
período, a criança começa
to. Contudo, com o passar do tempo e em decorrência do contex- a desenvolver a habilidade
to em que está inserida, ocorre a acomodação de alguns esquemas de criar esquemas men-
tais, inteligência simbólica
mentais, criando personalidade, padrões de comportamento e hábi- e representativa, desenvol-
tos. Então, com o tempo, ela passa a não questionar mais, por exem- vimento da fala etc.
Nessa fase, a criança
plo, o motivo pelo qual meninos e meninas são diferentes ou por
busca compreender o
que existe dia e noite. Se a criança recebe respostas simplistas, do que a cerca, construindo
seus esquemas mentais e
tipo “porque sim” ou “porque não”, ou ainda se recebe mais respos-
desenvolvendo suas ha-
tas do que perguntas, ficará propensa a esperar pelas coisas prontas bilidades cognitivas pelos
processos de assimilação e
e a não pensar ou refletir sobre elas.
acomodação.
De acordo com Vygotsky (2008), criador da teoria sociointeracio- Para saber mais sobre os es-
tágios do desenvolvimento,
nista, somos o resultado do contexto em que estamos inseridos e das assista ao vídeo Estágios do
relações que estabelecemos ao longo da vida. Nesse sentido, nossa desenvolvimento, publicado
no canal Didatics.
forma de ser e de ver o mundo acaba sendo moldada pela forma de
Disponível em: http://youtu.be/
ser e ver o mundo dos nossos agentes primários de mediação, que são
CRokAZi_RWM. Acesso em: 25
representados quase sempre pela família. Evidentemente, isso pode se maio 2021.
modificar ao longo da existência do sujeito, afinal, à medida que o tem-
po vai passando, temos acesso a outros espaços e vamos estabelecen-
do relações com outras pessoas, que também podem ser escolhidas
por nós como agentes de mediação.
Para ilustrar a relação Assim, ao mesmo tempo que os sujeitos constituem a sociedade
entre os sujeitos e a e a modificam, acabam sendo modificados por ela, de acordo com a
sociedade, bem como o
impacto do contexto so- historicidade vinculada ao contexto vivenciado por eles. Por esse moti-
cial na forma de pensar, vo, muitos têm a ilusão de que suas ações e palavras são apenas suas,
ser e agir, indicamos o
filme O doador de memó- tendo origem neles mesmos, quando na verdade são o resultado das
rias, de 2014. Com base experiências e vivências compartilhadas por aqueles que fizeram parte
no livro de mesmo título,
trata-se de uma aventura de sua formação.
misturada com suspense
que narra a história Esse pensamento também vai ao encontro do que Freire (2014,
de um garoto que, até p. 93) acreditava: “ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos pou-
então, vive em um mundo
perfeito. Ao completar 12 cos, na prática social de que tomamos parte”. Isso significa que vamos
anos, ele é escolhido para nos constituindo como sujeitos sociais à medida que vamos nos apro-
ser um receptor de me-
mórias da “comunidade” priando das formas de ser e agir em sociedade.
onde mora e passa a ser
ensinado por um homem Você já parou para pensar em si mesmo como sujeito social? Ou
mais velho: o “Doador”. seja, de que maneira sua forma de ser, agir e pensar foi impactada ao
Com isso, o rapaz passa a
problematizar situações longo de sua vida e de que modo hoje você cria impacto no modo de
que até então naturali- ser e agir das pessoas que estão à sua volta e, consequentemente, na
zava e precisa enfrentar
os desafios diante das sociedade?
escolhas que fará com
relação à sua vida e ao
Às vezes, afastamo-nos dos conceitos e falamos dos sujeitos e da
seu futuro. sociedade como se estivéssemos alheios a eles. Elias (1994) nos incen-
Esperamos que goste!
tiva a perceber sociedade e indivíduo não como distintos e distantes,
Direção: Phillip Noyce. EUA: Walden
Media, 2014.
mas como indissociáveis e determinantes entre si. Para compreender
verdadeiramente essa relação, precisamos mudar a forma de “pensar
em termos de substâncias isoladas, únicas e começar a pensar em ter-
36 Empreendedorismo na Educação
mos de relações e funções” (ELIAS, 1994, p. 23). Justamente o que esta- Importante
As tecnologias, por sua vez, são inovações criadas pelos seres hu-
manos com o intuito de facilitar suas vidas em sociedade. É importante
reconhecermos que o avanço tecnológico e científico transforma de
maneira muito rápida a forma como os sujeitos devem atuar.
Quadro 1
Ações de fomento à ciência, inovação e tecnologia
38 Empreendedorismo na Educação
Em uma mesma medida de conexão, a inovação, as tecnologias e a Filme
educação – presentes na sociedade – são direcionadas pelas pessoas,
O filme Os estagiários
mas também são fontes de constituição da sociedade e dos sujeitos. narra a história de dois
vendedores que tiveram
Isso é demonstrado no Quadro 1, considerando o alinhamento de cada
suas carreiras bombar-
um dos marcos expressos com o fomento de ações educacionais e de deadas pelo mundo
digital e precisaram se
capacitação dos sujeitos.
reinventar. Para isso, eles
se tornaram estagiários
Ao sabermos que a cultura influencia a forma de pensar, de ser e
da empresa Google,
agir em sociedade e que a escola é o espaço de socialização dos conhe- tendo que competir com
jovens gênios da tecnolo-
cimentos historicamente construídos pela humanidade, podemos infe-
gia. É uma comédia que
rir que, dependendo das relações e práticas estabelecidas na escola e explora os impactos da
tecnologia e da inovação
nos espaços educacionais, podemos ser mais ou menos estimulados a
na vida das pessoas, em
nos tornar propensos à inovação e, consequentemente, ao desenvolvi- especial daquelas que
nasceram em um período
mento de tecnologias.
anterior à explosão das
tecnologias digitais.
Vamos refletir: toda pessoa tem potencial de inovação? O que é ne-
cessário para que os sujeitos inovem? A seção a seguir nos ajuda a res- Direção: Shawn Levy. EUA: Regency
Enterprises, 2013.
ponder a essas perguntas.
Sim Não
Se você analisar o seu dia a dia, verá que inúmeras vezes precisa-
mos criar soluções para problemáticas em nossa vida, nos nossos rela-
cionamentos, no trabalho, em casa etc.
40 Empreendedorismo na Educação
Cabe, agora, uma nova pergunta: todos somos criativos? Indepen-
dentemente da sua resposta, peça ajuda a duas pessoas. Uma delas
lerá o texto apresentado no balão de pensamento; e a outra, com você,
ficará de olhos fechados durante toda a leitura. Combinado? Não vale
abrir os olhos antes de a pessoa que estiver lendo lus/Sh
utterstock
torp
vec
pedir, OK? Se você for muito ansioso e não conse-
guir ficar sem abrir os olhos, coloque uma ven-
Texto para a realização da atividade
da ou até mesmo as duas mãos sobre eles.
Imagine uma escada com dez degraus. Suba lentamente
Vamos começar! cada um deles, observando a escada e seus detalhes. Ao
Finalizada essa etapa, reflita so- chegar ao último degrau, você avistará um espaço. Analise
esse ambiente, olhe o que tem nele. No seu lado esquerdo, há
bre como era a escada que você
uma árvore, observe-a. Ao lado do seu pé direito, há um par
subiu, qual a cor, o material e o de óculos. Você vai pegá-lo e colocá-lo no seu rosto. Agora,
formato dela. Ao chegar ao topo da com os óculos, observe tudo à sua volta, perceba se alguma
escada, qual ambiente você visua- coisa mudou. Na sequência, retire os óculos e comece o
caminho de volta, degrau por degrau... Dez, nove, oito, sete,
lizou? Como era a árvore? Ao colar
seis, cinco, quatro, três, dois, um. Pode abrir os olhos.
os óculos, algo mudou? Qual a cor e o
formato dos óculos?
Você pode estar exclamando: eu não sou criativo, tenho muita difi-
culdade para ter ideias! Veja que ter poucas ideias ou dificuldades para
“sair da caixa” e encontrar soluções para determinadas problemáticas
não faz de nós pessoas sem criatividade, apenas demonstra o quanto
fomos moldados pelos esquemas socialmente pré-construídos. Vamos
a um exemplo: quando pedimos para que você pensasse na árvore, que
tipo de árvore você imaginou? Aquela com formato de nuvem e maçãs
vermelhas, comum dos desenhos infantis? Se sim, é sinal de que o seu
processo de padronização foi potente no contexto escolar e/ou familiar.
42 Empreendedorismo na Educação
se transforma em inovação quando atende a uma necessidade de um
grupo significativo de pessoas, que por meio dessa inovação mudam Filme
suas formas de ser e de se relacionar com o mundo. A dica para esta seção de
estudos é desafiadora e
Há algo importante a ser destacado aqui: tudo aquilo que nos cerca instigante. Vamos conec-
hoje – da roupa que vestimos ao livro que estamos lendo, dos apare- tar nossos conhecimen-
com as problemáticas
lhos analógicos aos digitais que temos em casa – tudo, absolutamen- presentes no filme O
te tudo o que foi criado pelo ser humano e que faz parte do nosso sorriso de Monalisa? Esse
é um romance que re-
dia a dia é considerado uma inovação. Foram criações que tiveram a trata o conservadorismo
aceitação das pessoas e passaram a ocupar suas vidas, facilitando-as e na década de 1950 e a
vida das mulheres desse
modificando-as. Podemos citar como exemplos: copo, fogão, medica- período. Aborda também
mentos, relógio, telefone celular, papel, caneta, aparelhos eletrônicos, os aspectos relaciona-
dos à maneira como
tijolo, pasta de dente etc. pensamos, propondo o
desenvolvimento da habi-
A inovação se relaciona diretamente com o potencial criativo do lidade de enxergar além
sujeito em criar soluções para problemas emergentes, implementan- do que a realidade nos
mostra. Fala, ainda, sobre
do antigos ou atuais mecanismos em situações diferenciadas (de dife- criatividade e nos ajuda
rentes formas, em diferentes contextos, com objetivos diversos), para a refletir sobre o quanto
as nossas escolhas são
atingir objetivos preestabelecidos. Ou seja, pensar fora do padrão, en- realmente nossas ou de-
contrando caminhos e soluções compatíveis com as necessidades de terminadas pelo contexto
em que vivemos.
cada grupo, minimizando e/ou superando os desafios pedagógicos e
Direção: Mike Newell. EUA: Colum-
sociais em prol do desenvolvimento da sociedade e do empoderamen- bia Pictures, 2003.
to dos sujeitos (HINCKEL, 2016, p. 51).
Vamos lá!
Alexandre Tadeu Costa é paulista e nasceu em 1971. Sua mãe era ven-
dedora de catálogos em domicílio e, desde criança, ele a acompanhava
nas vendas. Essa experiência fez com que ele entendesse algumas ques-
tões relacionadas ao mundo dos negócios. Durante um período, sua mãe
também entrou no mercado de chocolates, mas devido à dificuldade do
fabricante de atender à sua demanda de vendas, ela acabou encerrando
suas atividades em 1985.
Em 1988, com 17 anos, Alexandre queria ganhar seu próprio dinheiro e
resolveu então revender chocolates. Era período de Páscoa e ele levantou
uma encomenda de 2 mil ovos de 50g. Ao levar o pedido para a fábrica, foi
Vídeo surpreendido com a notícia de que não era possível produzir ovos de 50g.
Para não decepcionar seus clientes e honrar seu compromisso, Alexandre
Se você é mais visual,
talvez esteja mais resolveu fazer os chocolates por conta própria. Comprou matéria-prima e
interessado em ver a his- contou com a ajuda de uma senhora, que já fazia chocolates e ficou sen-
tória do Alexandre Costa sibilizada com o seu problema. Após três dias de muito trabalho, o pedido
contada por ele mesmo. foi entregue. O lucro obtido foi reinvestido no negócio, que no começo era
Assista à Entrevista com
gerenciado de uma sala, na empresa do pai dele.
Alexandre Costa, publicada
no canal The noite com A primeira loja foi aberta em 2001 e seu negócio cresceu rapidamente,
Danilo Gentili. contando com mais de duas mil lojas espalhadas por todo o Brasil e sete
Disponível em: http://youtu. fábricas. O chocolate brasileiro da Cacau Show ganhou diversos prêmios e
be/t_gzm6i34Ls . Acesso em: 25 se tornou reconhecido internacionalmente.
maio 2021.
Fonte: Adaptado de A Trajetória..., 2017.
44 Empreendedorismo na Educação
Luiza Trajano – presidente da Magazine Luiza
Será que todos estão preparados para fazer parte dessa socieda-
de tecnológica? Essa é uma pergunta complexa para ser respondida
de maneira específica, sem generalizar. Existe, no entanto, um discur-
so muito forte de que a escola não acompanha os avanços sociais e
tecnológicos.
Quadro 2
Comparativo entre o século XIX e o século XXI
Domínio público/Wikimediacommons
tratong/Shutterstock
Avião
Domínio público/Wikimediacommons
Gorodenkoff/Shutterstock
Sala de
cirurgia
Rmhermen
Vladimir Kramin/Shutterstock
Carro
(Continua)
46 Empreendedorismo na Educação
Documentário
Ivana Perosevic/Shutterstock
O documentário Quando
sinto que já sei, publi-
Sala de cado no canal Vekante
aula Educação e Cultura,
aborda as práticas
inovadoras em educação
que acontecem no Brasil
e que fogem do modelo
convencional presente
Como é possível percebermos, por mais que a escola tenha tentado no sistema educacional
brasileiro. Trata-se de um
se adaptar às constantes modificações sociais nos últimos tempos, ela
compilado de depoimen-
ainda está muito distante das mudanças e inovações ocorridas em ou- tos, com todos os atores
da escola: pais, alunos,
tros espaços sociais. No documentário Quando sinto que já sei, José Pa-
educadores e profissio-
checo explica essa questão, dizendo que a escola até mudou em alguns nais de diferentes áreas.
Questiona a escola
pontos, mas o problema maior está no fato de ela ter deixado de fazer
convencional quanto aos
sentido, considerando o mundo em que vivemos atualmente. valores essenciais para a
formação humana e que
O perfil dos sujeitos é um ponto importante a ser analisado quando estão sendo deixados
de lado na educação
falamos de alinhamento educacional. Se sociedade e sujeito se cons-
tradicional. Vale muito a
tituem mutuamente e a sociedade vem mudando em uma velocidade pena assistir!
nunca vista, é natural que os jovens de hoje tenham um perfil diferente Disponível em: http://youtu.
das outras gerações e que aprendam a se relacionar com o conheci- be/HX6P6P3x1Qg. Acesso em:
25 maio 2021.
mento de maneira díspar em relação a de seus pais e avós.
Sabendo que a escola é o espaço onde as crianças estarão presen- Para refletir
tes por algum tempo de suas vidas, e tendo o entendimento de que As características que a
somos o resultado dos estímulos que recebemos, do contexto no qual sociedade busca nos su-
jeitos são muito próximas
estamos inseridos e das relações que estabelecemos, é importante re- às do comportamento
fletir de que forma os sujeitos que saem da escola serão capazes de empreendedor, isto é,
de pessoas criativas,
atender às demandas sociais relacionadas ao perfil dos sujeitos. Afi- inovadoras, comunicati-
nal, tradicionalmente, a educação tem se mantido como um espaço vas, colaborativas, com
espírito de liderança, que
de preservação cultural, mais do que de transformação, que oportuni- saibam gerenciar seu
zaria às pessoas a capacidade de viver, atuar e modificar a sociedade tempo e colocar suas
ideias em prática.
conscientemente.
Nós nascemos com
muitas dessas habilida-
A maior parte das universidades e dos cursos na área de licencia-
des, mas com o tempo
tura ainda assumem, muitas vezes, um modelo educacional curricular vamos sendo “podados”
pelos padrões do sistema
fragmentado e com uma perspectiva muito forte de transmissão de co-
educacional, a ponto de,
nhecimento, o que acaba refletindo nas práticas desenvolvidas nas es- às vezes, esquecermos
quem somos, o que
colas, nos diferentes níveis de ensino. De certa forma, isso se torna um
queremos e o nosso
problema, pois cria um descompasso na formação dos sujeitos, que potencial para sonhar e
fazer acontecer!
passam a não atender de modo suficiente às necessidades sociais con-
48 Empreendedorismo na Educação
do para realizar mudanças em sua estrutura – ao adquirir novos meios
e tecnologias, que sejam mais atrativas aos estudantes –, podemos dizer
que as ações têm acontecido de maneira muito lenta e tímida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi até aqui? Esperamos que você tenha conseguido acessar seu
“olho de Thundera” na compreensão deste capítulo, na busca por uma
visão mais amplificada sobre as conexões entre educação, inovação, tec-
nologia e sociedade.
A sinergia entre essas esferas é necessária e emergente, uma vez que
promove o desenvolvimento de sujeitos, que retroagem nesse contexto
por meio de suas práticas.
A existência de práticas inovadoras e do desenvolvimento de tecnolo-
gias resulta do comportamento dos sujeitos. Estes, por sua vez, são o re-
sultado dos estímulos recebidos por meio de suas relações sociais ou com
base nas experiências e práticas vivenciadas nos ambientes educacionais.
Por esse motivo, considerando que muitos estudantes, nas institui-
ções de ensino, compartilham dos modelos sociais e de mediação aplica-
dos pelos professores, justifica-se a necessidade de tecer um olhar sobre
o sistema educacional e a formação dos professores, no que tange ao
desenvolvimento de uma cultura empreendedora de modo intencional e
transversal.
Entender a existência dessas relações e refletir sobre elas é o primeiro
passo para iniciarmos essa mudança, que pode ser fomentada por meio
da formação dos sujeitos nos ambientes educacionais.
REFERÊNCIAS
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educação profissional! Fundação Roge, 2020. Disponível em: https://www.fundacaoroge.
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25 maio 2021.
50 Empreendedorismo na Educação
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PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
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Ação empreendedora: como desenvolver e administrar o seu negócio com excelência. São
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VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
52 Empreendedorismo na Educação
Objetivos de aprendizagem
54 Empreendedorismo na Educação
des futuras emanadas pelos movimentos e transformações sociais, foi
possível que diversos profissionais da educação reforçassem o entendi-
mento de que precisamos cuidar do futuro da sociedade. Se tornamos
intencional o entendimento de que as crianças de hoje serão 100% dos
adultos amanhã e se queremos uma modificação social, precisamos
alinhar os processos e o modo como as práticas estão se consolidando
1
principalmente nos ambientes educativos .
1
Quando falamos de
De acordo com o relatório produzido para a Unesco, as pessoas ambientes educativos
referimo-nos ao ambiente
precisam desenvolver algumas competências e habilidades para que familiar, escolar, univer-
este “novo mundo” possa se transformar em um ambiente mais har- sitário e até mesmo aos
espaços de trabalho.
monioso e democrático. E para dar conta desse cenário, não adianta
pensarmos somente no resultado, faz-se necessário também pensar-
mos nas etapas desse processo de construção dos futuros sujeitos
sociais dentro de suas singularidades. Analogamente aos pilares que
mantêm uma casa em pé, foram desenvolvidos os pilares da educa-
ção, que darão sustentação aos objetivos e desafios relacionados à
educação no século XXI. E para que tudo isso seja possível acontecer,
reforçamos a importância do acompanhamento constante das práti-
cas, analisando e alinhando as práticas à perspectiva do que se faz e
dos resultados que se almeja.
APRENDER A APRENDER A
CONHECER FAZER
APRENDER APRENDER A
A SER VIVER JUNTOS
• Para participar e
• Integra as três cooperar com os
aprendizagens. outros em todas as
atividades humanas.
Quadro 1
Os pilares e seus desdobramentos no contexto educacional
56 Empreendedorismo na Educação
Como pudemos ver, tanto na Figura 1 como no Quadro 1 existe uma
conexão profunda entre todos os pilares do conhecimento.
Vale reforçarmos que os membros dessa comissão fizeram uma leitura potente
da realidade em que estavam, a ponto de conseguirem vislumbrar os desafios
que estamos vivendo hoje e suas consequências no contexto educacional.
Cabe a análise de algumas coisas que foram feitas nesses quase 30 anos,
principalmente em termos de leis e diretrizes, mas ainda temos um caminho
muito grande pela frente. Isso porque a principal dificuldade ainda está na
implementação e no acompanhamento dessas ações, ou seja, dependem do
comportamento das pessoas.
C onhecimentos (saber)
k
oc
r
st
u tte
Sh
titudes (saber ser/conviver) io/
St ud
ca
Afri
58 Empreendedorismo na Educação
Desse modo, o conceito de competência está em processo de cons-
trução e, ao mesmo tempo, relacionado aos seguintes pontos, segundo
Rué (2009):
• à capacidade de ação por meio dos conhecimentos que já são
adquiridos ou que potencialmente serão necessários desenvol-
ver para tal ação;
• ao envolvimento do aprendiz em seu processo de aprendiza-
gem com base em suas diversas formas de conhecer, ser e agir
no mundo;
• à contextualização e à significação de conhecimentos teóricos
por meio de situações-problema reais, trazendo funcionalida-
de ao aprender;
• à autoavaliação do indivíduo com base nos objetivos estabeleci-
dos para que, no decorrer de seu processo de aprendizagem, ele
possa perceber até que ponto suas ações, seus conhecimentos e
suas atitudes estão condizentes com a competência a ser desen-
volvida para sua formação integral;
• à continuidade e ao domínio das habilidades da competência, ou
seja, a aprendizagem é um processo e, portanto, não pode ser
desenvolvida sem que os processos cognitivos sejam avançados
e superados (desde a identificação, a compreensão, a análise, a
avaliação e o posicionamento).
60 Empreendedorismo na Educação
Lembre-se de que estabelecer esse comportamento não é tão fácil para
nós professores, pois tendemos a reproduzir os modelos aos quais tivemos
acesso. O modelo educacional dos docentes de hoje ainda é frequentemen-
te marcado pela prática de transmissão de conhecimento, mesmo quando
o discurso é de promoção de estímulos intencionais e significativos para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Leitura
Os discursos atuais apontam para sujeitos que aproveitam ao máxi-
Para aprofundar ainda
mo suas oportunidades, dinâmicos, otimistas e apaixonados pelo que mais seus conhecimen-
to sobre a origem das
fazem, são organizados, planejam, formam equipes, assumem riscos
competências no campo
calculados e criam valor para a sociedade (DORNELAS, 2003). educacional, sugerimos a
leitura do relatório Educa-
Analisando o parágrafo anterior podemos afirmar que as caracterís- ção: um tesouro a descobrir,
desenvolvido por Jacques
ticas citadas – as quais são competências esperadas do perfil empreen-
Delors, para a Unesco, so-
dedor – poderiam facilmente ser as características que esperamos bre a educação no século
XXI. Sem dúvidas, essa é
tanto dos docentes na prática pedagógica como dos estudantes no
uma leitura imprescindível
processo de aprendizagem. para todo profissional da
educação.
Mas, se as competências e as características são comuns, isso quer
dizer que existe uma conexão entre empreendedorismo e educação? Disponível em: http://dhnet.org.br/
dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_
Sim. E é por esse motivo que na próxima sessão exploraremos a educ_tesouro_descobrir.pdf. Acesso
em: 14 jun. 2021.
presença do empreendedorismo no mundo da educação.
(Continua)
62 Empreendedorismo na Educação
Horas de
aplicação
Ano Curso
com os
estudantes
7º ano do ensino fundamental Artesanato sustentável 30
8º ano do ensino fundamental Empreendedorismo social 30
9º ano do ensino fundamental Novas ideias, grandes negócios 25
Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados do EDUCAÇÃO..., 2014.
Mas os resultados obtidos não são bons? Sim, em alguns casos são
excepcionais. E isso se fez possível muito mais pelo potencial empreen-
dedor já presente no professor.
(Continua)
64 Empreendedorismo na Educação
Empreendedorismo educacional Educação empreendedora
66 Empreendedorismo na Educação
estruturas cognitivas. Isto é, um perfil de professor com potencial de
perceber comportamentos considerados empreendedores em sua
prática (inovatividade, proatividade e tendência a assumir riscos calcu-
lados) e também de mediar intencionalmente a aprendizagem, visando
desenvolver as competências estabelecidas no planejamento educacio-
nal e a cultura do empreendedorismo educacional, que se funda no
potencial crítico-reflexivo e no empoderamento dos sujeitos.
e/hutterstock
seu desejo.
MicroOn
68 Empreendedorismo na Educação
3.4 O professor como empreendedor
Vídeo A história do professor como empreendedor começa com a es-
colha de seu curso. Muitos podem pensar que isso é uma bobagem,
mas os motivos que o fazem optar pela licenciatura falam muito
sobre o quanto os comportamentos empreendedores estão ou não
desenvolvidos em você. Vamos começar com uma reflexão:
Isso não quer dizer que se você escolheu outra opção, você não é
empreendedor. Apenas representa que sua atitude no momento da
escolha de sua faculdade não foi uma escolha pensada de maneira crí-
tico-reflexiva e que, talvez, o comodismo e o medo de arriscar tenham
falado mais alto do que seu sonho.
Se isso caiu como um banho de água fria, talvez você nunca tenha
parado de fato para refletir sobre sua escolha. Não se preocupe, nem
tudo está perdido. Mudar de ideia, mudar o caminho ou a estratégia
fazem parte da vida. Dá medo, mas é bom e nos deixa mais próximos
de nossa essência.
70 Empreendedorismo na Educação
Quando pensamos no professor como empreendedor educacio-
nal, ou seja, aquele que desenvolve práticas intencionais e significa-
tivas com vistas ao desenvolvimento do potencial crítico-reflexivo e
do empoderamento dos sujeitos, quase sempre estamos falando de
professores que fazem parte de uma escola, como servidores públicos
ou colaboradores contratados em escolas privadas.
Existem muitas opções, mas para isso é necessário ativar sua “vi-
são além do alcance”, enxergar ou até mesmo criar oportunidades para
que seus objetivos possam ser atingidos.
72 Empreendedorismo na Educação
• Gerenciamento de plataformas de aprendizagem.
• Acompanhamento pedagógico especializado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fomos, metaforicamente, da construção de uma casa até a formação
do professor como empreendedor, por meio dos pilares da educação e do
entendimento da competência como o alicerce para a formação de media-
dores que tenham a competência no desenvolvimento de competências.
As possibilidades de empreender por parte do professor são muitas e,
às vezes, ficam restritas às limitações impostas pelo próprio movimento
social. Se o “normal” historicamente construído é o professor dar aula e
se ninguém medeia esse processo de desenvolvimento do potencial da
carreira docente, muito dificilmente se consegue chegar a outras formas
de ser e agir empreendendo no campo da educação.
Se o universo é o limite e somos parte fundamental para o alinha-
mento entre sociedade e sujeitos, cabe a cada um de nós, professores,
buscarmos a reflexão sobre nosso papel, nossos desejos e de que forma
estamos alinhados em nossas práticas com essa transformação que, ver-
balmente, vislumbramos como necessária.
Lembre-se: a mudança começa em cada um de nós!
ATIVIDADES
Vídeo 1. Na década de 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso,
o Brasil se tornou signatário junto à Unesco no compromisso de
fomentar a educação para o século XXI. Nesse período, introduziu-se
aqui o ensino com base no desenvolvimento de competências, por
meio de algumas ações ministeriais, como a LDB n. 9.394/1996. Qual é
a principal orientação que essa lei trouxe quanto ao desenvolvimento
REFERÊNCIAS
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Nível Médio. 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=11663-rceb006-12-pdf&category_slug=setembro-2012-
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica. Brasília, DF: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: http://
portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-
educacao-basica-nova-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 11 jun. 2021.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
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74 Empreendedorismo na Educação
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vida. Porto Alegre: Penso, 2013.
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VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. Estudos sobre a história do comportamento: o macaco, o
primitivo e a criança. Porto Alegre: Artmed, 1996.
Objetivos de aprendizagem
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• compreender a contribuição das teorias de Feuerstein e
Vygostsky nos processo de mediação da aprendizagem e no de-
senvolvimento do perfil empreendedor;
• reconhecer a mediação como fator elementar para a modifica-
bilidade cognitiva.
76 Empreendedorismo na Educação
4.1 Mediação em Vygotsky
Vídeo Se você está inserido no mundo da educação ou já faz parte dele, já
deve ter ouvido falar de Lev Vygotsky.
Quadro 1
Ações/comportamentos humanos direcionados pelas funções psicológicas elementares e superiores
78 Empreendedorismo na Educação
Funções psicológicas elementares Funções psicológicas superiores Glossário
(naturais – psicofisiológicas) (culturais – neuropsicológicas) Interocepção: relaciona-
-se aos estímulos visce-
- Memória. rais, como dor e prazer,
- Atenção voluntária.
- Emoção. por exemplo.
- Atividade mediada (uso de instrumentos).
- Linguagem emotiva (instintiva). Propriocepção: percep-
- Linguagem social (racional). ção quanto aos estímulos
- Interocepção. musculares.
- Pensamento abstrato.
- Propriocepção. Exterocepção: estímulos
- Leitura.
- Exterocepção. recebidos pelos órgãos
dos sentidos.
Fonte: Moraes, 2010.
Disponível em: https://youtu.be/ É a distância entre o nível real e o potencial. É onde pode e deve
BS8o_B5M9Zs. Acesso em: 23 haver o compartilhamento das atividades a serem aprendidas.
Nível de desenvol- 1
jun. 2021. O olhar e a ação do mediador são fundamentais para que a
vimento proximal
criança ou o estudante possa atingir e superar elementos que
antes estavam na zona de desenvolvimento potencial.
Saiba mais sobre as
teorias de Vygotsky,
assistindo ao vídeo Lev Fonte: Elaborado pela autora com base em Vygotsky, 1989.
Vigotski - desenvolvimento
da linguagem, produzido Estas reflexões nos apontam, mais uma vez, para a relevância da
pela Univesp. atitude do professor, na medida em que deve trabalhar não mais com
Disponível em: https://youtu. formulações mentais prontas e estabelecidas, mas com aquelas que
be/_BZtQf5NcvE. Acesso em: 23
jun. 2021. estão em processo de constituição, entendendo que o que é proximal
no presente, irá se tornar real no futuro.
80 Empreendedorismo na Educação
Em diversos estudos é realizada uma aproximação entre as teorias
de Vygotsky e Feuerstein e, mesmo que eles estejam ideológica e ter-
ritorialmente distantes, vamos unir ambos os teóricos para ampliar
ainda mais a sua compreensão sobre a mediação como forma de inte-
ração entre os sujeitos e um dado objeto.
82 Empreendedorismo na Educação
situação e estão relacionados à presença ou à ausência de mediação.
Para Feuerstein, a mediação é determinante para o desenvolvimento
cognitivo. Sua ausência pode acarretar deficit cognitivo.
Esse é um dos motivos pelo qual a TMCE não pode ser comparada
às mudanças biológicas (maturação) que afetam o sujeito nem às mu-
danças transitórias. Isto é,
a modificabilidade é estrutural quando as mudanças parciais
afetam o todo; quando existe uma transformação do próprio
processo de mudança, de seu ritmo, sua amplitude, sua direção.
Quando a mudança é autoperpetuante, reflete sua natureza au-
tônoma e autorreguladora. A Modificabilidade Cognitiva Estru-
tural caracteriza-se pela permanência, caráter impregnante do
todo e centralidade das mudanças que têm lugar. (FEUERSTEIN,
1993, p. 03)
Nesse mesmo viés, Souza et al. (2004, p. 35) apontam que a modifi-
cabilidade cognitiva em Feuerstein “ultrapassa o conhecimento formal
transmitido pelos sistemas de ensino”, uma vez que está relacionada
ao uso que a pessoa faz com base em seus recursos mentais para an-
tecipar situações, solucionar problemas e tomar decisões autonoma-
mente, ou seja, modificar-se estruturalmente não quer dizer adquirir
habilidades de modo cumulativo e quantitativo. Ao ressaltar a mo-
dificação estrutural, falamos de uma relação do todo com as partes,
tendência de transformação, conservação e expansão dos novos ele-
mentos em situações diferenciadas.
84 Empreendedorismo na Educação
“abstração reflexionante” tem como mediação não só a interação com
outro sujeito, mas também com o objeto e consigo mesmo – reflexio-
nar é pensar sobre o seu próprio pensamento. Feuerstein ressignifica
a construção autônoma da aprendizagem, definindo-a como “aprendi-
zagem direta” e confere a ela a função do mediador, representado pelo
elemento humano.
Figura 1
Modelo da experiência de aprendizagem mediada
86 Empreendedorismo na Educação
Ao escutar uma resposta incorreta, o professor deve questionar ao
aluno o porquê de sua resposta. Dessa forma, com base no feedback do
estudante, o docente pode pensar em mecanismos e estratégias para
alinhar o estudante em seu processo de aprendizagem, oferecendo
estímulos mais assertivos, para que possa, com autonomia mediada,
desenvolver a habilidade de abstração.
Figura 2
Critérios de mediação INTENCIONALIDADE E
1 RECIPROCIDADE
TRANSCENDÊNCIA 2
3 MEDIAÇÃO DO SIGNIFICADO
MEDIAÇÃO DO SENTIMENTO
4
DE COMPETÊNCIA
MEDIAÇÃO DA REGULAÇÃO
5 E CONTROLE DE
COMPORTAMENTO
MEDIAÇÃO DO
COMPORTAMENTO DE 6
COMPARTILHAR
MEDIAÇÃO DA
7 INDIVIDUALIZAÇÃO E
DIFERENCIAÇÃO PSICOLÓGICA
(Continua)
MEDIAÇÃO DA ALTERNATIVA
11
OTIMISTA
12 MEDIAÇÃO DO SENTIMENTO
DE PERTENÇA
Até 1994, somente os três Os critérios universais de mediação da aprendizagem foram assim
primeiros critérios eram
considerados universais. A definidos por Feuerstein por serem decisivos para o processo de me-
partir de 2004, o décimo diação, necessitando, dessa forma, estarem presentes em todo ato
critério foi incluído por
Feuerstein, pois ele enten- mediado. Na Figura 2, você pode ver os critérios universais em des-
deu que, se mediadores e taque. A seguir, vamos explorar cada um dos critérios universais de
mediados não acredita-
rem na sua capacidade mediação e sua relação com o desenvolvimento de competências para
de modificação, ela não o empreendedorismo.
acontece.
a. Intencionalidade e reciprocidade: a intencionalidade refere-se
à obviedade, ou seja, ter em mente os objetivos e os porquês
daquele conteúdo ou ação pedagógica, tornando-os explícitos
aos estudantes. Por exemplo, em uma aula do primeiro ano
do ensino fundamental, o professor fará a intencionalização
do conteúdo planejado: “com esse conteúdo você aprenderá
as letras e como elas se juntam para formar palavras e frases.
Você já conhece as letrinhas? Onde podemos encontrá-las? Você
sabia que as letras servem para que você possa se comunicar,
fazer a leitura de livros, rótulos e placas, além de escrever e-mails
e cartas? As palavras são como códigos, que são utilizados em
todas as situações da nossa vida. Estão em todos os lugares,
na nossa casa, na escola, nas ruas, nos parques, hospitais, pois
facilitam a comunicação dos seres humanos entre si e com os
objetos e situações.
88 Empreendedorismo na Educação
pela mediação intencional, sente-se mais motivado a aprender.
Quando o estudante é recíproco ao ensino, percebemos que ele
se torna consciente de sua aprendizagem. No contexto do em-
preendedorismo educacional, ou de uma educação para o em-
preendedorismo, a intencionalidade nos processos pedagógicos
para o desenvolvimento de comportamentos e competências
empreendedoras poderá ser também determinante para que a
reciprocidade seja percebida nos estudantes. A intencionalidade
tem a ver também com outras características do sujeito que em-
preende, como a visão sistêmica do processo, a identificação de
objetivos, a significação de processos para obtenção de resulta-
dos e a maneira de se assumir riscos. Assim, a intencionalida-
de pode ser prevista no planejamento e implementada tanto na
mediação quanto na avaliação da aprendizagem do estudante –
momento em que o professor pode verificar se a reciprocidade
ocorreu.
90 Empreendedorismo na Educação
capaz de dar sustentação à prática pedagógica, com o objetivo de de-
senvolver a aprendizagem dos estudantes (ALMEIDA, 2009).
Vídeo essa situação e, também, ser facilmente alterado para “uma ação vale
mais do que mil palavras”, afinal uma ação é transformada em imagem
Para ilustrar a importân-
cia da mediação para mental na cabeça do mediado, como se fosse múltiplas fotografias.
o desenvolvimento de
competências para a Mas o que isso tudo quer dizer?
vida, indicamos assistir
ao vídeo A Escola Ideal - o Se um professor (mediador) pretende desenvolver em seus estu-
papel do professor, em que dantes (mediados) competências ou comportamentos empreende-
Rubem Alves fala sobre
a mediação assertiva e dores, não adianta somente falar sobre, ele precisará ter em si esses
o papel dos professores comportamentos desenvolvidos, ao ponto de serem percebidos em
nesse processo.
sua forma de ser, agir e pensar o mundo.
Disponível em: https://youtu.
be/qjyNv42g2XU. Acesso em: 23 Portanto, muito mais do que cobrar comportamentos e competên-
jun. 2021.
cias, o professor mediador deve, também, tê-los desenvolvidos, signifi-
cando-os e demonstrando isso na/pela prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este foi um capítulo um pouco mais teórico, mas extremamente im-
portante para a compreensão de como os processos de aprendizagem
se dão e do quão importante é a mediação para o desenvolvimento dos
sujeitos em/na sociedade.
Por meio deste capítulo, foi possível compreendermos o quanto os cri-
térios universais de mediação são essenciais para a aprendizagem e para
o desenvolvimento dos comportamentos e das competências empreen-
dedoras, tanto pelos estudantes quanto pelos professores; afinal, como
mediar e ser exemplo se não disponibilizarmos os estímulos adequados
aos mediados?
Se o contexto social influencia o desenvolvimento e a aprendizagem
dos sujeitos, e se os processos de mediação são determinantes para que
isso aconteça, compreender o papel da escola e buscar estratégias para
realinhar as práticas pedagógicas são questões fundamentais.
Nesse sentido, se somos o resultado de nossas experiências, a escola
precisa oportunizar aos estudantes, na prática e pela prática, a possibi-
lidade de desenvolvimento das competências para viver em sociedade.
92 Empreendedorismo na Educação
E você, que tipo de professor quer ser? Com certeza aquele que acre-
dita, medeia o processo de aprendizagem e cria estímulos que sejam ca-
pazes de motivar os estudantes, de modo intencional e significativo, em
sua jornada de aprendizagem para a vida.
ATIVIDADES
Vídeo 1. Analise a imagem a seguir:
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. I. Professores e competência: revelando a qualidade do trabalho docente. São
Paulo: Summus, 2009.
BEYER, H. O. O fazer psicopedagógico: a abordagem de Reuven Feuerstein a partir de Piaget
e Vygotsky. Porto Alegre: Mediação, 1996.
DA ROS, S. Z. Pedagogia e mediação em Reuven Feuerstein: o processo de mudança em
adultos com história de deficiência. São Paulo: Plexus, 2002.
FEUERSTEIN, R.; FEUERSTEIN, R.; FALIK, L. Além da inteligência: aprendizagem mediada e a
capacidade de mudança do cérebro. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.
94 Empreendedorismo na Educação
5
Orientação Empreendedora
Educacional
Uma frase célebre que foi reproduzida por Paulo Freire em muitas de
suas entrevistas fala que devemos buscar ao máximo reduzir a distância
entre o que falamos e o que fazemos até o ponto em que nossas falas se
transformem em nossas práticas.
Fala-se muito sobre empreendedorismo e sobre sua aplicação no
contexto educacional, mas poucos de fato conseguem compreender os
mecanismos para a implementação desses conceitos e teorias. Mas o que
falta para que essa compreensão ocorra? Na dúvida, podemos dizer que,
quando algo não faz sentido para os sujeitos, não estará claro o suficiente
para que seja implementado de maneira intencional. Criar esse ponto de
conexão entre o que precisa ser realizado e aquilo que já é feito pode ser
complexo e desafiador, principalmente quando o objetivo é ressignificar
práticas e comportamentos na educação.
Durante muito tempo o empreendedorismo não conseguiu se efeti-
var de modo satisfatório na educação devido à falta de elementos capa-
zes de conectar a estrutura do processo pedagógico às dimensões que
constituem o empreendedorismo e que são delineadas pela Orientação
Empreendedora Educacional (OEE).
Neste capítulo você compreenderá as implicações pedagógicas da
OEE tanto na educação quanto na perspectiva de desenvolvimento dos
sujeitos para que eles vivam na/em sociedade.
Objetivos de aprendizagem
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• conhecer a OEE (Orientação Empreendedora Eduacional);
• refletir sobre os processos educativos, reconhecendo o papel
dos sujeitos e do contexto para uma “educação de qualidade”;
• reconhecer o espelhamento no processo de mediação;
• compreender o funcionamento e a conexão entre as partes do
Framework de gestão das práticas pedagógicas.
96 Empreendedorismo na Educação
já foi desenvolvido, mas ressignificar as ações alinhando-as às neces-
sidades tencionadas pelo contexto.
98 Empreendedorismo na Educação
Quadro 2
Organização das dimensões conceituais, categorias e indicadores para análise da OEE
Dimensões
Cate-
da OEE Indicadores Observações
gorias
(conceitual)
recursos.
8. Prevê, no momento do planejamento,
outras linhas de atuação para o caso de
o planejamento desenvolvido tornar-se
falho
9. Sente-se motivado para planejar suas
aulas.
13. A intencionalidade é marcada
10. Acredita no potencial de desenvolvimen-
durante a mediação quando o
to da aprendizagem de todos os estu-
professor verbaliza para o es-
dantes.
tudante o porquê de se ensinar
11. Dispõe-se a ensinar de diferentes formas um conteúdo, para que esse
para que os estudantes aprendam. conteúdo serve, como ele pode
12. Realiza um diagnóstico do perfil do estu- ser aplicado na vida real e os
Mediação
dante (afinidades, forma de pensar) antes seus impactos na vida das pes-
de mediar a aprendizagem. soas e na sociedade.
13. Tem intencionalidade nas suas práticas, 14. A contextualização é situar o es-
visando à reciprocidade. tudante no tempo e espaço com
relação a determinado conteú-
14. Contextualiza os conteúdos.
do.
15. Transcende os conteúdos curriculares,
15. Transcender é o mesmo que ul-
relacionando a teoria com situações
trapassar os limites curriculares
reais.
do conteúdo.
(Continua)
Mediação
17. Analisa o contexto da turma antes e durante o pro-
do professor e cor-
cesso de mediação.
respondem às ações
18. Altera suas práticas de acordo com as necessida- dos estudantes que
des dos seus estudantes, sem perder o foco dos demonstram ter apren-
objetivos de aprendizagem. dido.
Proatividade
aprendizagem. O pro-
do o processo de aprendizagem do estudante.
fessor deve orientar o
22. Percebe a avaliação do estudante também como estudante em suas di-
um instrumento de reflexão sobre as suas práticas ficuldades para que ele
como docente. possa superá-las.
23. Desenvolve instrumentos de avaliação consideran-
do e apresentando os indicadores de aprendiza-
gem do estudante.
24. Estabelece o uso criativo de antigas técnicas de
aprendizagem.
25. Define diferentes recursos e métodos de ensino.
26. Planeja articulando situações reais e contextuali-
Planejamento
(Continua)
Mediação
Só que, na maioria das vezes, essa é uma visão limitada. Por isso,
faz-se necessário que a coordenação pedagógica também realize esse
olhar tendo como base a observação das práticas dos docentes e a per-
cepção dos estudantes, que pode ser extraída por meio de um ques-
tionário simples.
Figura 1
Diferentes percepções das práticas pedagógicas
AUTOANÁLISE ESTUDANTES
DOCENTE
PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS
INSTITUIÇÃO
(COORDENADOR,
PEDAGOGA)
Note que a análise não é sobre a pessoa, mas sim sobre as práticas
desenvolvidas pelos sujeitos e que interferem sobremaneira no resul-
tado esperado.
Figura 3
Qualidade na educação
Piter Kidanchuk/Shutterstock
QUALIDADE
1
EIXO
LEGAL
EIXO
EIXO PESSOAS
PROCESSOS
2
3
Fonte: Hinckel, 2016, p. 190.
Figura 4
Framework detalhado – Parte 1: Reconhecimento do contexto
1. RECONHECIMENTO CONTEXTO
Legislação
educacional
• Organização didático-pedagógica
Elementos Planejamento
do processo Mediação
pedagógico
Avaliação
• Infraestrutura
Pessoas
Espaços
Figura 6
Framework detalhado – Parte 2: Planejamento
2. PLANEJAMENTO
Plano de curso*
1) Retomada
2) Temática • Objetivos
Resgate • Perfil de conclusão*
3) Atividades de aprendizagem
• Marcas formativas
Estratégias
Para não cair nessa falsa certeza, o professor precisa ter clareza dos
objetivos estabelecidos e organizar conexões que possam ser acionadas
no momento da mediação e em diferentes situações de aprendizagem.
O fluxo do framework prevê a entrega do planejamento para que seja O plano de aula integrado
ao PPP favorece a
compartilhado e socializado como outros agentes da instituição, faci- prática do professor para
litando o exercício da mediação. Assim, é imprescindível lembrar que, elaborar situações de
aprendizagem com todos
sendo um plano, ele poderá sofrer modificações ao longo da sua imple- os recursos necessá-
mentação. Esses direcionamentos, no decorrer da aula, podem objetivar rios, mobilizando, dessa
forma, todas as instâncias
a efetividade do processo e considerar o desenvolvimento da aprendi- envolvidas para organizar
zagem tendo como base os objetivos traçados, que não se modificam. os ambientes e materiais
necessários.
A terceira parte do framework é a mediação.
3. MEDIAÇÃO
Retomada (contextualização)
Implementação do
Temática (significação
planejamento
Desenvolvimento de atividades de aprendizagem
AÇÃO
Acompanhamento / coordenação (mediação)
Reflexão Avaliação
REAL SIMULAÇÃO
Conteúdo
Figura 8
Framework detalhado – Parte 4: Avaliação
4. AVALIAÇÃO
Atividades de aprendizagem /
Situações de aprendizagem
Figura 9
Relação processo cognitivo de aprendizagem e indicador de aprendizagem
APLICAR
• Posicionar-se
ANALISAR • Defender ideias
• Argumentar
• Diferenciar
• Elaborar
COMPREENDER • Comparar
• Relacionar
• Interpretar
• Exemplificar
IDENTIFICAR • Classificar
• Sintetizar
• Definir
• Conceituar
• Descrever
RECONHECIMENTO
CONTEXTO
Elementos PLANEJAMENTO
do processo MEDIAÇÃO
PLANEJAMENTO MEDIAÇÃO AVALIAÇÃO
pedagógico
AVALIAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Empreendedorismo Educacional coloca-se como o movimento que
busca desenvolver a educação e empoderar os sujeitos por meio de prá-
ticas pedagógicas intencionais, fundamentadas na OEE e nos critérios
universais de mediação. Para que esse processo de projeção contínuo
de desenvolvimento ocorra, a Orientação Empreendedora Educacional
representa o potencial inovador, proativo e de tomada de riscos das prá-
ticas pedagógicas, frente ao processo educacional, em seus termos de
planejamento, mediação e avaliação.
A prática empreendedora educacional, fruto da ação do empreende-
dor educacional, por sua vez, ocupa um espaço de mediação crítica e re-
flexiva, que articula as dimensões da OEE no processo educacional com
os fatores contextuais e institucionais de um grupo social (professores,
gestores, estudantes) para o desenvolvimento intencional dos mediados
e, consequentemente, da educação.
A aplicação do modelo de gestão das práticas pedagógicas, represen-
tado pelo framework, possibilita a promoção da modificabilidade cognitiva
estrutural da OEE do empreendedor educacional, favorecendo os proces-
sos de aprendizagem dos mediados e empoderando todos os sujeitos
envolvidos no processo.
ATIVIDADES
Vídeo 1. A base do instrumento de Orientação Empreendedora Educacional
surge da necessidade de tornar presente a ação-reflexão-ação
durante o processo pedagógico, com vistas a desenvolver o potencial
crítico-reflexivo dos sujeitos envolvidos. Considerando o Quadro 2,
que apresenta as dimensões, as categorias e os indicadores da OEE, e
a Tabela 1, que mensura o potencial quantitativo dos indicadores em
cada uma das dimensões, faça uma autoavaliação do seu potencial de
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.
htm. Acesso em: 24 jun. 2021.
CARBONELL, J. A aventura de inovar: a mudança na escola. Porto Alegre: Artmed, 2002.
COVIN, J. G.; SLEVIN, D. P. Strategic management of small firms in hostile and
benignenvironments. Strategic Management Journal, v. 10, n. 1, p. 75-87, 1989.
FREIRE, P. et al. O processo educativo segundo Paulo Freire e Pichon-Riviere. Rio de Janeiro:
Vozes, 1987.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, A. M. A. (org.). Política e educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
HINCKEL, N. C. Educação, inovação e empreendedorismo: implicações pedagógicas da
Orientação Empreendedora Educacional. 2016. Tese (Doutorado em Educação) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Programa de
Pós-Graduação em Educação, Florianópolis, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufsc.
br/xmlui/handle/123456789/176646. Acesso em: 24 jun. 2021.
MARZANO, R. Dimensiones da aprendizage. México: Iteso, 1998.
MILLER, D. The correlates of entrepreneurship in three types of firms. Management Science,
v. 29, n. 7, p. 770-791, 1983. Disponível em: https://pubsonline.informs.org/doi/10.1287/
mnsc.29.7.770. Acesso em: 24 jun. 2021.
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma e reformar o pensamento. 14. ed. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, P. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do
fracasso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
WAKE me up. Compositores: Tim Bergling, Aloe Blacc, Mike Einziger. Intérprete: Avicii, Aloe
Blacc (vocal). Estados Unidos: PRMD, Universal Island, 2013.
Fagreia/Shutterstock
Considerando os estudos realizados acerca das zonas de
desenvolvimento da aprendizagem, estabeleça uma relação
entre a imagem e a teoria vygotskyana de aprendizagem.
MEDIAÇÃO AVALIAÇÃO
Reflexão Avaliação
REAL SIMULAÇÃO
Conteúdo
Critérios universais de mediação: intencionalidade e reciprocidade | transcendência | mediação do significado | consciência de modificabilidade
EMPREENDEDORISMO na educação
9 786558 210481
Código Logístico
I000119