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COACHING EDUCACIONAL

E PROGRAMAÇÃO
NEUROLINGUÍSTICA
PARA EDUCADORES

Autoria: Estelamaris Reif

1ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2022

R361c

Reif, Estelamaris

Coaching educacional e programação neurolinguística para educa-


dores. / Estelamaris Reif – Indaial: UNIASSELVI, 2022.

136 p.; il.

ISBN Digital 978-65-5646-539-5

1. Coaching educacional. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo


da Vinci.

CDD 370

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
PRINCÍPIOS DE COACHING E MENTORING APLICADOS AO
AMBIENTE EDUCACIONAL............................................................. 7

CAPÍTULO 2
PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)............................. 45

CAPÍTULO 3
NEUROEDUCAÇÃO E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA,
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO.......................................................... 93
APRESENTAÇÃO
De 1986 aos dias atuais, a Educação está em constante transformação. A
universalização do ensino vem expandindo ao redor do mundo, os investimentos no
setor educacional aumentaram e a formação docente evoluiu consideravelmente.
No entanto, há muito a se fazer para garantir um ensino qualitativo e global. É
neste sentido que cada vez mais tornam-se necessários os investimentos na área
educacional e no aperfeiçoamento profissional dos docentes. Assim, será possível
alcançar uma educação de qualidade.

Nesse contexto é que se insere o Coaching Educacional, sendo uma


modalidade de Coaching voltada tanto ao desenvolvimento dos professores e
demais profissionais da educação, como ao melhoramento socioemocional das
crianças e adolescentes em idade escolar.

Por ser um método que congrega diversas técnicas e ferramentas de


aprimoramento humano, é completo, e seus benefícios, ainda que de modos
diferentes, também podem ser aplicados visando à evolução de ambos.

Além do coach, temos a PNL, que é a Programação Neurolinguística.


Essa técnica permite que o professor identifique a forma mais adequada de
aprendizagem para cada um de seus alunos. Ou seja, PNL fornece técnicas ao
professor para que ele detecte qual é o sistema representacional preferido do seu
aluno.

O mundo mudou, a educação mudou. A sala de aula passou a ser um


ambiente plural, onde cada aluno tem a sua própria maneira de aprender. E é
isso que estudaremos neste livro. Para isso, ele foi dividido em três capítulos,
sendo que o primeiro abordará os Princípios de Coaching e Mentoring, o segundo
tratará da Programação Neurolinguística (PNL) e o terceiro, e último, focará a
Neuroeducação e Neurodidática.

Pronto para conhecer um mundo de informações? Vamos lá!

Professora Estelamaris Reif


C APÍTULO 1
PRINCÍPIOS DE COACHING E
MENTORING APLICADOS AO
AMBIENTE EDUCACIONAL

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 conhecer os princípios do coaching e mentoring educacional;


 apreender as estratégias e abordagens pedagógicas utilizadas no coaching
educacional;
 entender as ferramentas utilizadas no coaching educacional;
 inteirar-se dos benefícios do coaching na educação;
 aplicar os princípios do coaching educacional;
 implementar as estratégias e abordagens pedagógicas do coaching
educacional;
 utilizar no ambiente educacional, as ferramentas do coaching e mentoring
educacional.
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A ideia de coaching ainda é estranha para muitas pessoas, por isso é
comum que o coaching seja confundido com atividades similares, treinamentos
motivacionais, ou relacionado a ajudar pessoas a crescerem ou passarem por
uma transição profissional ou pessoal; contudo, a maioria tem dificuldade em
definir o coaching e o que realmente ele faz. Por isso, nossa jornada começa com
esta pergunta: O que é Coaching?

Para o International Coaching Federation (ICF), o coaching profissional é


uma parceria com o cliente em um instigante e criativo processo que os inspira a
maximizar o seu potencial pessoal e profissional, que é particularmente importante
no ambiente incerto e complexo de hoje.

Marion (2017) discorre que, segundo o ICF, o coach honra o cliente como o
expert em sua vida e trabalho, e acredita que cada cliente é criativo, inventivo e
completo. Baseado nesse fundamento, o coach é responsável por:

• descobrir, esclarecer e alinhar-se ao que o cliente quer atingir;


• incentivar a autodescoberta do cliente;
• provocar soluções e estratégias geradas pelos clientes;
• responsabilizar o cliente pelos compromissos assumidos.

Esse processo ajuda o cliente a melhorar drasticamente a sua visão sobre


sua vida profissional/pessoal e, ao mesmo tempo, melhorar suas habilidades
de liderança e desbloquear o seu potencial. O coaching promove mudança e
transformação. Este é o grande objetivo de um processo de coaching: materializar
mudanças (exteriores) a partir de transformação (interior) de pessoas (MARION,
2017).

O contexto educacional é beneficiado pelas práticas de coaching quando


integradas à atuação do professor, que deixa de ser o detentor do saber e passa a
ser um sujeito participativo do processo, ora como mediador, ora como aprendiz,
já que o aluno assume a participação ativa em seu desenvolvimento. Isso é
favorecido pela formação significativa, que permite a integração do conteúdo
técnico com conhecimentos, habilidades e atitudes que emergem da proposta de
vida do sujeito em formação (SILVA; MACHADO, 2019).

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2 COACHING NA EDUCAÇÃO
Vamos começar com uma pergunta simples. Como funciona nosso cérebro?

FIGURA 1 – CÉREBRO

FONTE: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/cerebro-maquina-
100-por-cento-nossa-disposicao/>. Acesso em: 13 jun. 2021.

Essa é a pergunta que todos os neurocientistas do mundo vêm tentando


responder há muitos anos. O avanço da tecnologia tem dado uma grande ajuda
para esses estudiosos. Hoje em dia, esses cientistas já conseguem enxergar
reações de diversas regiões do cérebro a cada estímulo e, com isso, torna-se
possível mapear e diagnosticar uma série de coisas (ESCOLA DE APOIO MDC,
2020).

Existem várias linhas de estudo sendo conduzidas em todo mundo. Cientistas


das mais diversas universidades têm se debruçado sobre essas questões: Como
recuperar movimentos perdidos? Como atuam as drogas no cérebro? Como se
desenvolve e como curar o Alzheimer e o Parkinson? Como as memórias são
formadas? Como funciona a depressão? E por aí vai...

O fato é que esse órgão de 1,4 quilos, com algo próximo a 100 bilhões
de células, que fica todo comprimido em nossa cabeça, é o local onde fica
armazenado todo nosso conhecimento e precisa ser muito bem entendido para
que nosso processo de aprendizagem seja realmente eficaz.

Mas, qual a melhor maneira de educar uma criança? Devemos educar adultos
do mesmo modo que educamos crianças? Existem tantas propostas pedagógicas
que fica até complicado para qualquer pai avaliar aquela que mais vai ao encontro
do que busca para seu filho. E como se essa diversidade já não fosse motivo
suficiente para encher nossas cabeças de dúvidas, ainda nos deparamos com

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

escolas que dizem aplicar uma proposta pedagógica, e quando vamos ver, não é
bem isso o que acontece (ESCOLA DE APOIO MDC, 2020).

Temos visto muitos debates sobre o modelo educacional padrão que vem
sendo utilizado há anos em praticamente todo o mundo. Várias propostas de
escolas alternativas vêm sendo desenvolvidas, cada uma priorizando aquilo que
mais entendem ser o melhor para o processo de educação de nossas crianças e
jovens. Mas qual realmente se desenvolverá e qual realmente funciona?

É aí que entra o coach educacional! A origem da palavra coach vem do


esporte, que significa treinador, tendo este, o papel de ensinar e dar instruções.
Ao longo do tempo, esse conceito evoluiu, e Tim Gallwey, em seu livro O Jogo
Interior de Tênis, sugere que a melhor contribuição como treinador não é ensinar,
e sim ajudar os alunos a desenvolverem seu próprio processo de aprendizado. O
esporte é uma boa analogia para entender o coaching, uma vez que representa
a superação de limites e o aproveitamento máximo da potencialidade humana
(ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020).

Coach é o profissional que inspira o cliente em direção a uma nova maneira


de ser e pensar; sobre novas possibilidades e tomada de decisão. É aquele que
acompanha o cliente no caminho da conquista, engajados para o futuro.

O papel do coach não é construir resultados para seus clientes, mas despertar
os recursos que há dentro de cada um dos coachees e servir de facilitador para
que ele encontre o caminho rumo a sua meta. Portanto, o coach oferece espaço
para que cada um possa ter consciência de suas habilidades e desenvolver
outras tantas, liberando pensamentos e sentimentos emaranhados e acelerando
o desenvolvimento pessoal. O profissional auxilia na expansão e crescimento
das pessoas ao oferecer possibilidades de o coachee encontrar novas respostas,
ampliando sua capacidade de criar alternativas e fazer escolhas, gerando, assim,
comportamentos mais assertivos.

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FIGURA 2 – COACHING EDUCACIONAL

FONTE: <https://images.app.goo.gl/tKRxeafonJDeWe1D7>. Acesso em: 22 maio 2021.

Portanto, os coaches estão sempre em sintonia fina com os movimentos


do cliente, têm a responsabilidade de criar ambiente relacional e de cocriação
na qual o coachee possa usar sua energia, ideias e potenciais para encontrar
a sua própria solução. Como coaches, vemos cada ser humano como o melhor
especialista de sua vida, dotado de todas as chaves das quais precisa para se
desenvolver. O profissional não necessariamente precisa ter conhecimento
específico e prévio daquilo que o coachee lhe traz como desafio. Seu papel
é despertar e acompanhar o cliente ao longo de sua caminhada, por meio da
conscientização e responsabilização (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020).

Mas o que difere o coaching de outras formas de serviços utilizados para


desenvolvimento de pessoas e grupos, como treinamento, consultoria, mentoria e
terapia? Em termos gerais, a principal diferença entre os serviços é a metodologia
usada e o objetivo que cada cliente busca.

Vamos a algumas definições, segundo Almeida, Esteves e Amaral (2020):

• Treinamento é oferecido como aquisição de conhecimentos ou


desenvolvimento de competências por meio de estudo, experiência ou
ensino. O facilitador, por definição, é um especialista, e o treinamento
provavelmente focará habilidades e resultados específicos, oferecendo
respostas e soluções. Seu objetivo é transmitir conhecimento a partir de
processos e técnicas já estabelecidas.
• O trabalho de consultoria visa a um diagnóstico focado no problema
relatado, para que o consultor possa oferecer um parecer e dar
soluções acerca de um assunto ou especialidade. O consultor fornece

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

conhecimento especializado na busca de soluções para problemas que


vêm sendo vividos, relacionados a algo que começou no passado e
continua no presente.
• Mentoria, assim como todo processo de aconselhamento, tem como
objetivo a orientação. Cabe ao mentor aconselhar, compartilhar e
transmitir experiência. Normalmente é feito por um profissional sênior,
considerado possuidor de conhecimento em uma determinada área.
Na maioria das vezes, o mentor é alguém que vai dar “dicas” de como
desenvolver e crescer pessoal e profissionalmente. Assim como no
treinamento, o mentor diz qual é o caminho a percorrer, algo que não
acontece no coaching.
• A terapia foca questões psicológicas, que apenas o profissional
capacitado pode realizar. A razão para uma pessoa buscar ou ser
indicada a fazer terapia, normalmente, é superar algum sofrimento ou
desconforto emocional que viveu ou esteja vivendo e que interfira no seu
caminhar frente à vida. O encaminhamento para terapia é justificado,
ainda, quando há distúrbios e transtornos psíquicos específicos.

A visão sobre psicoterapia, durante muito tempo, esteve associada a


problemas, doenças e busca de “cura”. Isso se deve ao fato de ter surgido em
ambiente médico, psiquiátrico e ter sido construída sobre conceitos como doença
psíquica, traumas, impulsos agressivos, entre outros.

Atualmente, algumas frentes de psicoterapia trabalham de forma a ocuparem-


se de questões do passado, do presente e futuro, e a olhar as fortalezas do
ser humano, reforçando as emoções que funcionam como um protetor para
enfrentamento das situações da vida. Nesse aspecto, coaching e psicoterapia se
assemelham, criando uma linha muito tênue entre ambos que requer atenção e
cuidado (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020).

Por ser mais focado, o processo do coaching costuma ser mais rápido e
envolver as pessoas de forma objetiva no estabelecimento de alvos bem definidos,
assim como na identificação de metas.

O coaching não tem como objetivo treinar, oferecer um parecer ou soluções


prontas; o coach não é amigo, conselheiro, terapeuta e nem professor. Um coach
não apadrinha nenhum de seus clientes. Não opina, não julga, não diagnostica
e nem analisa. E mais, não está focado no problema e nem se preocupa com
questões do passado.

Marion (2017), em seu livro, faz uma comparação do coaching com outras
atividades. Observe essas comparações no quadro a seguir.

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QUADRO 1 – COMPARAÇÃO DO COACHING COM OUTRAS ATIVIDADES


ATIVIDADES O QUE DIZ FOCO DE ATUAÇÃO DIFERENÇAS DO COACHING
A essência do mentoring é
transmitir o conhecimento e
sabedoria. Funciona como
um discipulado, no qual o No processo de coaching, o
discípulo observa alguém coach não precisa ser mais
mais experiente, recebe velho de idade ou mais ex-
conselho, orientação e toma periente. No coaching não é
É assim que o mentor como um modelo. requerido que se tenha es-
Mentoring
eu faria... Tanto o mentoring quanto o pecialidade nos assuntos que
coaching estão relaciona- serão tratados como objeto
dos, por conduzir alguém de desenvolvimento. O coach
além dos seus próprios lim- precisa ser um especialista
ites e conhecimentos. Con- em coaching.
tudo, a natureza do relacio-
namento de um e de outro é
distinta.
Pessoas que procuram este
atendimento usualmente
No coaching, não se oferecem
chegam desmoralizadas,
conselhos, pressupõe-se que
angustiadas ou em um es-
a resposta está no coachee e
tado de espírito negativo so-
terá maior significado se ele
Tente fazer bre algo. Cabe ao Counsel-
mesmo a descobrir.
Couseling desta for- er prestar aconselhamento
ma... ou orientação na tomada de
O coaching também não foca
decisões, em particular, em
no problema, antes, propõe a
situações emocionalmente
mentalização de novos alvos
significativas. O foco desse
que se pretende conquistar.
trabalho é sair de um proble-
ma e promover alívio.

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

É essencialmente um trata-
mento para problemas psi-
cológicos, que pode variar O coaching não é remediati-
de acordo com as linhas da vo, e seu foco não é a cura de
psicologia (cognitivo-com- traumas emocionais sofridos.
portamental, interpessoal O coaching atua mais sobre a
Por que
etc.). Pode ser um relacio- psicologia positiva. No coach-
você tem
Psicoterapia namento individual ou co- ing, o acesso a memórias
agido as-
letivo com um psicólogo. feridas acontece quando elas
sim?
Procura focar nas doenças delimitam o potencial que pre-
da mente, como depressão cisa ser liberado e é realizado
ou ansiedade, aprofundan- em situações pontuais, com
do-se nas suas causas e exercícios predefinidos.
nos efeitos que resultam em
dor psicoemocional.
O coach é um expert em
coaching, e nessa relação
Um treinamento está des- não se visa à capacitação em
tinado a desenvolver ou alguma nova competência
aprimorar conhecimentos, ou habilidade. No coaching,
habilidades e comportamen- a aprendizagem acontece
tos. O treinamento depende como autodescoberta por
de um expert no assunto, um processo de Discovery.
Aprenda a que também dispõe de ha- Pressupõe-se que o cére-
Treinamento
fazer as- bilidade didática para a ca- bro é um Big Data cheio de
sim... pacitação de um grupo. Es- informações sobre você e
pera-se que a partir de um o mundo, que precisam ser
treinamento se desenvol- acessadas de maneira cria-
vam conhecimentos, habil- tiva, liberando um potencial
idades ou atitude para mel- bloqueado. Diferentemente
horia de desempenho. da maioria dos treinamentos,
sessões de coaching são
uma relação de um para um.

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Novamente, o coach não é um


especialista em negócios e
Um consultor é um especial-
não emite recomendações ou
ista contratado para prov-
sugestões de melhoria a uma
er ferramentas, métodos,
organização ou equipe orga-
conhecimento e informação
nizacional. Pressupõe-se que
É assim que visando à melhoria no re-
o coachee é capaz de identi-
Consultoria deve ser sultado de uma atividade
ficá-las e o ajudará nesse la-
feito... organizacional. Usualmente,
birinto do conhecimento, das
oferece um plano de ação
escolhas e decisões, visan-
e/ou recomendações para
do desenvolver um Plano de
serem executadas pela or-
Ação claro, a partir da identifi-
ganização.
cação de problemas críticos e
metas bem estabelecidas.
Uma relação pedagógica de
ensinar e aprender. Geral-
mente, o professor é tido
como o detentor do con-
Em uma relação de coaching
hecimento; o aluno, como
É assim que não se ensina. O coachee
o aprendiz. A maioria dos
Ensino deve ser tem em si as respostas de
sistemas de ensino adultos
feito... que precisa. O coach o aju-
está pautada em princípios
dará a identificá-las.
de aprendizagem pedagógi-
co-tradicional e cria repeti-
dores de informação, e não
pensadores críticos.

FONTE: Marion (2017, p. 7)

Um cliente que entra em um processo de coaching deve ter o entendimento


de que é responsável por criar as suas próprias decisões e resultados. O
relacionamento de coaching, de nenhuma maneira, deve ser interpretado como
aconselhamento, seja psicológico ou de outra natureza. O compromisso e a
responsabilidade do coach é oferecer espaço e estar presente para as questões
do coachee, auxiliando-o em sua caminhada.

Todo processo de coaching é espaço de aprendizado. É ferramenta de


desenvolvimento e busca alavancar soluções (ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL,
2020).

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

Coach, Coaches e Coachee: saiba a diferença!


Coach é o profissional apto a exercer e aplicar o processo de
coaching em pessoas e empresas.
Coaches é a nomenclatura aplicada no plural do termo coach.
Coachee é o cliente do coach. É o termo utilizado para se referir
ao indivíduo que está passando pelo processo de coaching.

E o coaching educacional?

A escola atual é desinteressante, pois apresenta fragmentação das


disciplinas, desarticulação dos currículos, desmotivação dos professores, a
consequente falta de um contínuo aperfeiçoamento e, ainda, o distanciamento
entre a escola necessária e a real (MORAN, 2007).

Como a escola mantém ainda um trabalho de educação tradicional


(professor transmissor do conhecimento), com base na aprendizagem fortemente
relacionada ao conteúdo disciplinar, vários autores trazem para discussão as
necessidades e o modo operante de uma nova geração virtual chamada homo
zappiens ou geração Z.

A geração Z é composta por quem nasceu na primeira década do século


XXI. Por não haver uma exatidão na contabilização do tempo em relação ao
surgimento das diferentes gerações, podemos considerar como geração Z quem
nasceu no fim da década de 1990. O mais marcante dessa geração é a sua íntima
relação com a tecnologia e com o meio digital, considerando que ela nasceu no
momento de maior expansão tecnológica proporcionada pela popularização da
internet (PORFIRIO, 2021).

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FIGURA 3 – PERFIL DA GERAÇÃO Z

FONTE: <https://images.app.goo.gl/PhnQcxS3QadZMxdj6>. Acesso em: 22 maio 2021.

Essa geração cresceu usando os recursos da tecnologia em rede, enquanto


os professores, imigrantes digitais, ainda estão aprendendo. A escola e o docente
correm para se adequarem a essa nova realidade do aluno no cenário do século
XXI, isto é, um discente que necessita ter relações interpessoais, integração,
mutabilidade, colaboração, inovação, autonomia, multitarefas, trabalho em
grupo, multiconectado em redes sociais, dentre outras, para poder ser um bom
profissional em um mundo tecnológico (PORFIRIO, 2021).

A educação necessita de práticas inovadoras para melhorar o processo


de aprendizagem dos alunos. O “coaching educacional” é um conjunto de
ferramentas que tem por fim o autoconhecimento, aumentar o desempenho dos
alunos, usar os conhecimentos adquiridos por estes para criar novos, transformar
os limites de cada discente em recursos promissores, pensar e discutir metas
e ações observando o passado e visando ao futuro, focando na aceleração de
resultados e felicidade.

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

A transição de um modelo tradicional para um modelo emergente no


processo ensino e aprendizagem de pessoas é essencialmente um desafio de
compreensão e adaptabilidade aos novos tempos, principalmente, com o advento
da internet. O processo de ensino e aprendizagem deixa de ser para existir um
processo de aprendizagem de ambos (docente e discente), em que o professor
passa a ser um instigador através de perguntas (Filosofia Socrática) ao aluno a
fim de que este comece a refletir no tema junto ao seu meio ambiente (Vygotsky)
(BARROQUEIRO et al., 2017).

LEITURA COMPLEMENTAR

Benefícios do Coaching Educacional no


desenvolvimento dos membros da escola

O que é Coaching Educacional?

O Coaching Educacional é uma vertente que tem como foco


principal auxiliar o desenvolvimento dos profissionais da educação
e dos alunos. Funciona como uma espécie de acelerador de sua
evolução, no que tange aos aprendizados técnicos, emocionais e
comportamentais, de modo que o indivíduo possa agregar novos
conhecimentos e habilidades, crescer e conquistar o sucesso que
deseja em sua vida e carreira.
As escolas além de instituições também são empresas e,
como tais, carecem de uma efetiva gestão de pessoas e processos.
Para isso, o Coaching Educacional oferece técnicas, ferramentas
e métodos que trazem aos gestores uma visão ampla sobre a
administração escolar e aos demais profissionais uma infinidade de
recursos para potencializar sua performance.
O método também atua positivamente ajudando a definir metas
e objetivos na carreira, reafirmar sua missão profissional e de vida, a
identificar pontos fortes e talentos, trabalhar os pontos de melhoria,
investir no desenvolvimento de novas competências e habilidades e,
com isso, otimizar os resultados profissionais em todos os sentidos.
Na prática, isso se mostra através de um ambiente escolar de
mais qualidade, com professores e gestores empoderados, que se
relacionam melhor em equipe, que são mais confiantes para superar
os desafios enfrentados dentro e fora de sala de aula e ainda mais
comprometidos com o seu trabalho.

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Além disso, é possível observar também melhorias na relação


com os alunos, que ao perceberem as mudanças implementadas nos
métodos de ensino dos professores, se sentem mais interessados
em aprender o conteúdo ministrado, afastando, com isso, situações
que geram problemas em sala de aula, como é o caso da indisciplina,
por exemplo.
Como podemos perceber, o Coaching Educacional é um método
transformador e que tem possibilidades infinitas de agregar, tanto ao
desenvolvimento dos profissionais da educação, quanto aos alunos e
à escola como um todo.

Coaching Educacional – Aplicações e Benefícios!

Após entendermos o que de fato é o Coaching Educacional,


vamos compreender agora como este processo é aplicado e quais os
seus benefícios para os membros da escola, de forma geral, e para
os alunos.

Nova forma de aprendizado para alunos


E se o Coaching Educacional é um método eficiente para
desenvolver os líderes escolares, quando o foco é o aprimoramento
dos alunos, seus resultados não são diferentes. Os estudantes
têm neste processo, que realmente consegue orientá-los, uma
oportunidade para vencer seus medos e desafios e sair de seu
estado atual para o estado desejado, que pode ser, por exemplo, a
aprovação no vestibular.
Para isso, a metodologia ajuda a identificar quais são suas
lacunas, seus pontos de melhoria, no que tangem aos aspectos
práticos, como disciplina, foco e comprometimento. Também atua
na eliminação de comportamentos e crenças limitantes, que afetam
seu desempenho escolar, causam inseguranças em relação ao
futuro e que, hoje, limitam também a que os alunos tenham melhores
resultados na escola.

Trabalha a inteligência emocional


Além de ajudar a identificar e trabalhar os pontos de atenção
mencionados acima, o Coaching Escolar também trabalha questões
ligadas ao desenvolvimento emocional e comportamental, tanto dos
alunos, quanto dos profissionais de educação, que fazem parte da
escola.
Tratar estes pontos é fundamental para dirimir problemas em
suas relações intra e interpessoal, vencer pensamentos negativos,
ansiedades, potencializar seu autoconhecimento, autovalorização

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

e para que estudantes, professores e demais membros da escola


tenham uma vivência positiva dentro desta e atitudes também
positivas fora dela.

Contribui para o desenvolvimento profissional


Outro ponto em que o Coaching Educacional atua é no
desenvolvimento da carreira dos profissionais que fazem parte
da escola, sejam eles professores ou não. Isso acontece através
do despertar do autoconhecimento de cada um, que permite que
estes tenham maior consciência sobre o que desejam conquistar
profissionalmente.
A partir disso, ou seja, da definição dos objetivos de carreira
de cada um, os membros que fazem parte da escola, sentem-se
empoderados a elaborar estratégias eficientes e a colocarem em
prática ações capazes de fazê-los sair do estado atual em que se
encontram e caminharem em direção ao estado em que desejam e
sempre desejaram estar em suas carreiras.

FONTE: José Roberto Marques (Referência em Desenvolvimento Humano). Disponível


em: <https://www.jrmcoaching.com.br/blog/beneficios-do-coaching-educacional-
no-desenvolvimento-dos-membros-da-escola/>. Acesso em: 22 maio 2021.

3 ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS
PEDAGÓGICAS COM COACHING
Durante um processo de coaching é muito comum enfrentar um grande
vilão: a resistência a mudanças. É da natureza humana que qualquer pessoa
saudável psicologicamente deseje progresso em sua vida. Contudo, o progresso
está necessariamente ligado a mudanças que acontecem ou precisam acontecer
(MARION, 2017).

A nossa natureza, todavia, prefere acomodar-se, procurar uma zona de


conforto, conhecida, previsível e controlável. Não gostamos de mudar, pois
mudanças implicam incertezas, evocam nossas crenças mais profundas sobre
nós (quem somos, do que somos capazes ou o que é possível ser feito).

Mudanças, como vimos, exigem perdas em troca daquilo que vamos ganhar
(menos tempo de TV, para fazer um novo curso, para promover minhas chances

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de crescimento profissional) ou qualquer tipo de troca; perdemos algo para ganhar


algo (MARION, 2017).

Sempre ouvimos de nossos pais e professores que para estudar temos que
ler, fazer resumos e exercícios. Aí nos sentamos para estudar, nos organizamos e
começamos a ler o texto. Passados dois parágrafos, não nos lembramos do que
lemos no primeiro. Aí achamos que a solução é começar a sublinhar ou passar um
marca texto e tudo será resolvido. Resolve? Você aprende algo assim, realmente?
Há estudantes que sublinham tanto e marcam tantos trechos que fica impossível
descobrir o que era realmente importante a ser destacado.

Nosso cérebro tem seus mecanismos de defesa, ele só armazenará o que


demonstrarmos realmente ser importante armazenar. E como passamos essa
informação para o cérebro? Marcando de amarelo? Sublinhando? Não. Existem
dois grandes fatores que determinam o que virará memória de longo prazo: a
emoção com que a informação é recebida e/ou a frequência com que será
repetida. Observe a figura a seguir, e veja que a retenção da informação está
diretamente ligada à forma como ela foi transmitida.

FIGURA 4 – ESTÍMULOS AO CÉREBRO

FONTE: A autora

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

Quando estudamos algo, o conhecimento fica armazenado em diversas


áreas do cérebro. As imagens ficam em um local, o som das palavras em outro,
e, ainda, existe uma terceira área responsável por organizar isso no cérebro;
enfim, são várias regiões que precisam de incentivos para que sejam formadas as
sinapses que irão gerar a memória.

Segundo Marion (2017), apesar de considerar natural a resistência ao novo


desconhecido, encontramos casos especiais em que há um histórico de traição,
decepção, frustração contínua, fracassos, a partir do qual se criou um mecanismo
de defesa e proteção psicológico destinado a evitar ou minimizar mais sofrimento.
Essa resistência nada mais é do que travas e bloqueios interiores que se revelam
como obstáculos ao novo. Ficamos presos (bloqueados) por diferentes motivos.
Observe o que o autor discorre sobre o assunto:

a) As crenças pessoais são as “verdades absolutas” criadas a partir de


experiências doloridas do passado que estabelecem um condicionamento
limitador e interpretador do mundo a nossa volta.
b) O estado emocional afeta a disposição de mudança, a autoestima,
a energia de superação e busca por crescimento. Sem recursos
emocionais, inviabiliza-se a superação de obstáculos comuns em
um processo de mudança, como o medo, a ansiedade e a incerteza,
tornando-nos mais vulneráveis a desistir, a voltar atrás e a sabotar o
progresso em nossa vida.
c) Os hábitos são rotinas de um estilo de vida e comportamento aprendido,
muitas vezes incorporado falsamente como traço de personalidade,
tornando-se justificativa para resistir à mudança (MARION, 2017).

Marion (2017) descreve “Cinco Passos para Mudança”, um recurso simples


que o coach poderá utilizar visando ajudar o seu coachee a superar a resistência.
A seguir, descrevemos em detalhe cada um dos cinco passos.

• PASSO 1: VEJA A SITUAÇÃO COMO É, E NÃO PIOR DO QUE É!

Ajude seu coachee a ver o problema como ele é, mas não torne o problema
maior do que ele é. Aumentar o problema o inclinará a desistir. Não importa qual a
situação, veja-a como é, e não pior.

Tende-se, muitas vezes, a dramatizar uma situação além da realidade; isso


acontece na linguagem que usamos, generalizando-se realidades pontuais. Por
exemplo, quando seu coachee, reclamando de uma situação em que seu colega
não o convidou para um happy hour, aumentar a situação, dizendo: “... sou
sempre excluído dos convites sociais dos meus amigos”.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

É nesse momento que as pessoas se deprimem e reagem de maneira a criar


uma compensação à sensação de rejeição, dor, perda, decepção etc. Lançam-
se num prato de comida, alcoolizam-se, drogam-se, entre outros compensadores
escolhidos. Essa reação resultará em um pessimismo generalizado e na própria
estagnação.

Algumas estatísticas sugerem, inclusive, que 63% dos norte-americanos


acreditam que o estilo de vida futuro será pior que o estilo de vida passado.

• PASSO 2: VEJA A VERDADE E ENFRENTE-A!

Boas perguntas que poderão ser feitas pelo coach nesse passo são: Qual é
a verdade por trás desse fato? O que preciso admitir a mim mesmo? Ajude seu
coachee a assumir responsabilidade pela realidade na qual ele se encontra.

Procurar culpados, reclamar e justificar apenas prolongarão a sensação de


miséria e incapacidade de mudar. Vamos supor que eu esteja procurando um
emprego há dois anos na mesma indústria a que me dediquei em toda minha
vida. Contudo, essa indústria foi ultrapassada por uma nova tecnologia, reduzindo
expressivamente a demanda pela qualificação que eu apresentava. Qual a verdade
que terei que encarar? O mercado mudou. Precisarei me reinstrumentalizar em
outro campo de conhecimento que me coloque de volta no mercado.

Talvez tenha me acomodado por anos e decidi ignorar as mudanças que


vinham acontecendo. O disco de vinil foi uma indústria milionária durante 85
anos; chegaram as fitas cassetes e essa indústria ainda permaneceu. Contudo,
chegou o CD e a digitalização da música, e hoje o disco de vinil é um mercado
de colecionadores. Se você atua no negócio de disco de vinil, é necessário que
se reinstrumentalize. Por pior que seja a verdade, por mais impossível, injusta,
dolorosa… é preciso confrontá-la.

• PASSO 3: ESTABELEÇA UMA VISÃO E SE FORTIFIQUE NELA.

A visão é o combustível psicológico e a força propulsora de que precisamos


para mudar. Quanto mais clara e inspiradora for a visão, maior será o seu efeito
para superar obstáculos, como a resistência.

No livro de sabedoria de Provérbio, diz-se que um povo sem visão está


suscetível a se corromper ou perecer. Visão é um vislumbre de como o futuro se
parece para mim, uma foto de um futuro que visitei. A visão precisa ser escrita, ou
melhor, desenhada em uma imagem e continuamente visualizada.

24
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

• PASSO 4: TENHA UM MODELO DE REFERÊNCIA E APRENDA SUAS


ESTRATÉGIAS.

Não precisa reinventar a roda. Pode-se aprender com a experiência de outros


que já passaram por aquilo que seu coachee está passando.

Nessa etapa é necessária uma investigação, uma pesquisa quanto à


experiência de outras pessoas vivas ou mortas, que pode facilitar e agilizar a
lacuna de onde você está para aonde você quer chegar.

De tempos em tempos, o mercado passa por um ciclo econômico de crise.


É uma fase repleta de pessimismo, e as pessoas tendem a assumir uma atitude
conservadora, apegando-se ao máximo às coisas que têm. Um coach desafiaria
um cliente a olhar para uma crise econômica com outro olhar, talvez encontrando
oportunidade que um mercado aquecido não oferece.

Ao se deparar com esse quarto passo, podemos encontrar alguns modelos


de pessoas que desenvolveram estratégias para enriquecer na crise, ou seja,
tomaram proveito do pessimismo do mercado.

Uma intrigante história é a do Sr. John Templeton, um investidor multibilionário


de origem humilde, que quando jovem, planejou enriquecer, apesar de ter uma
concepção pouco comum. John acreditava que o pessimismo era o segredo
do sucesso. Na sua ideia, ele seria tão rico que poderia ajudar as pessoas
financeiramente. Os anos passaram, e com foco no seu objetivo, John montou
sua primeira estratégia para ficar rico. No auge da Segunda Guerra Mundial,
quando todos estavam pessimistas, certos de que Hitler dominaria o mundo, as
pessoas venderem seus bens pelo preço que podiam. O Sr. John Templeton, não!
Juntou 10 mil dólares e comprou ações com valor igual ou menor do que 1 dólar.
O que aconteceu? Quando a guerra findou, a economia foi retomada, as indústrias
voltaram a produzir e crescer e o preço das ações multiplicaram-se. Então, John
ficou rico. Sua tese acerca do pessimismo tinha uma certa relevância, porém
manter o foco e o objetivo, também foram pontos importantes para ele. Assim,
John conseguiu alcançar seus objetivos, pois criou uma das maiores fundações
filantrópicas do mundo, a “John Templeton Foundation”, e pôde ajudar muitas
pessoas.

Conheça mais sobre a história da fundação John Templeton no


site: https://www.templeton.org/pt/.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

• PASSO 5: DÊ MUITO MAIS DO QUE ESPERA RECEBER.

Esse último passo é um dos grandes segredos que levam à mudança e à


apreciação do valor que ganhamos diante dos outros. Quando você decide fazer
pelos outros mais do que qualquer outra pessoa, procurando uma forma de
atender às necessidades das pessoas a sua volta (negócios, família, funcionários),
terá um novo jogo.

A doação é a melhor comunicação. Pense um pouco em alguém que você


realmente ame e valorize na sua vida. Perceba que o valor das pessoas está
diretamente relacionado à maneira como nos serviram e nos ajudaram mais do
que qualquer outra pessoa.

Não só isso: ao fazer, não crie a expectativa de receber algo em troca, isso
lhe dará uma sensação de liberdade contra frustrações e decepções que poderá
sofrer.

A atuação de um coach deve estar pautada por competências e um código


de ética que permitirão uma relação na qual o cliente se sentirá respeitado, seguro
e aberto para buscar possibilidades, desenvolvimento, soluções e resultados
(ALMEIDA; ESTEVES; AMARAL, 2020).

4 FERRAMENTAS DE COACHING
EDUCACIONAL
É importante que o coach esteja munido de um conjunto de ferramentas que
apoiarão o coachee a promover decisões de progresso e mudança de vida. Para
isso, neste subtópico vamos tratar os promotores de mudança, que são os recursos
usados para ressignificar uma realidade limitadora que vem sendo experimentada
pelo coachee, aumentar o nível de consciência sobre suas escolhas, decisões e
responsabilização sobre os resultados atuais (MARION, 2017).

Pretende-se, através dos promotores, superar obstáculos mentais e


comportamentais, empoderando o coachee a assumir uma nova perspectiva,
postura e atitude nas diferentes áreas de sua vida. Uma vez que esses recursos
são utilizados, são capazes de acionar gatilhos de mudança através de um novo
insight ou input recebido.

De acordo com Marion (2017), discorre-se sobre os cinco poderosos


promotores de mudança no comportamento para utilizar o método e as
ferramentas no coaching educacional:

26
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

I. Os sete enquadramentos.
II. Mapa não é território.
III. Não existem erros, apenas resultados.
IV. Autoconsciência.
V. Autorresponsabilidade.

I. OS SETE ENQUADRAMENTOS

Enquadramento é a forma como as pessoas dão sentido ao mundo a sua volta


e como constroem sua realidade. Para entender o poder de um enquadramento,
precisamos começar pela compreensão do papel de uma moldura em um quadro
comum, conforme a figura a seguir:

FIGURA 5 – FOTO EM MOLDURA

FONTE: <https://cdn.iset.io/assets/55268/produtos/34727/thumb_428-428-quadro-
decorativo-abstrato-abacaxi-minimalista-na-praia_02.jpg>. Acesso em: 13 jan. 2022.

Qual é a função dessa bela moldura? Sua função principal é focar sua
atenção na imagem e separar o ambiente interno do ambiente externo.

É exatamente o que um fotógrafo faz quando está tirando uma fotografia. Ele
seleciona e determina o que pode e o que não pode ser visto na fotografia. Para
isso, ele conta com a função “zoom”, podendo privilegiar detalhes de uma imagem
ou ampliá-la e revelar o seu contexto.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

O “efeito moldura” é uma cegueira não intencional criada pela própria


moldura. Esse fenômeno acontece toda vez que falhamos em observar um
estímulo inesperado que está em nosso campo de visão, mas passa despercebido
por ter nossa atenção em outro foco.

Para Daniel Simons, o “efeito moldura” acontece quando falhamos em ver


algo que é óbvio diante de nós por termos nossa atenção em outra coisa ou em
outra pessoa. As molduras não estão somente nos quadros, mas nas estruturas
mentais que criamos frequentemente. Enquadramento é uma metáfora usada na
sociologia para fazer referência a uma estrutura mental que criamos, que visa
simplificar e guiar nossa compreensão do mundo e de suas realidades complexas.

CURIOSIDADE!
Daniel Simons é um psicólogo experimental da Universidade
de Illinois. Para ele, a realidade é apenas uma ilusão, uma
interpretação do cérebro. Tudo o que você vê, ouve e sente é a
sua própria realidade criada por aquilo que seu cérebro lhe dá, que
pode ser completamente diferente de uma outra pessoa. Daniel
Simons publicou um vídeo sobre seus experimentos: The Monkey
Business Illusion. Acesse e confira: https://www.youtube.com/
watch?v=IGQmdoK_ZfY

O contraefeito dessa simplificação é a redução, limitação, desconexão e até


mesmo a distorção dos fatos, de acordo com o significado que atribuímos a eles.
A maneira como enquadramos um problema que enfrentamos pode torná-lo mais
fácil ou mais difícil de resolver, de acordo com o significado que atribuímos. A
experiência pura não tem nenhum significado. Apenas é. Atribuímos um significado
a ela de acordo com nossas crenças, valores, preocupações, gostos e desgostos.

A forma como enquadramos um fato pode estar limitando ou impedindo uma


mudança que buscamos fazer em nossa vida. Portanto, reenquadrar, ou seja,
mudar nossa perspectiva de um fato ou uma realidade, poderá acionar um gatilho,
ativar um novo estado de recursos ou ainda promover uma percepção renovada.
Os reenquadramentos devem ser usados como ferramentas pelo coach para
buscar outro sentido dos fatos que estão sendo descritos.

28
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

Vamos explorar a aplicação de sete reenquadramentos, que de acordo com


O’Connor (2013 apud MARION, 2017), são:

I. Reenquadramento ecológico.
II. Reenquadramento de resultado.
III. Reenquadramento de backtracking.
IV. Reenquadramento de contraste.
V. Reenquadramento de “como se”.
VI. Reenquadramento sistêmico.
VII. Reenquadramento de negociação.

QUADRO 2 – OS SETE REENQUADRAMENTOS DE MUDANÇA

I. Reenquadramento ecológico (confronta o enquadramento do “EU”)


Tipo de moldura: nesta moldura, só consigo ver o que é bom para mim agora.
Minhas escolhas privilegiam benefícios pontuais e imediatos, desconsiderando a
ecologia da vida, ou seja, seus efeitos e impactos sobre outras pessoas, outros
pilares de vida e seus resultados no longo prazo.
Conhecido também como “Efeito Rei Midas”. O rei Midas desejava que tudo o
que suas mãos tocassem virasse ouro, mas se esqueceu de que para viver pre-
cisaria tocar em comida e em pessoas.
Exemplo: Se for bom para mim agora, então está bom!
Perguntas de reenquadramento ecológico: Como será isso a longo prazo? Quem
mais será afetado? Isso será bom para outros pilares importantes de sua vida?
Que preço terá seu sucesso nessa área?
II. Reenquadramento de resultado (confronta o enquadramento da “CUL-
PA”)
Tipo de moldura: nesta moldura, assume-se uma posição de vitimação e procur-
am-se culpados por sua situação. Contudo, culpar os outros não mudará os re-
sultados.
É necessário mudar o foco e avaliar eventos e escolhas que o aproximem dos
resultados que se quer.
Exemplo: Não batemos a meta porque eu tenho a pior equipe da empresa!
Perguntas de reenquadramento de resultado: O que essa conclusão lhe propor-
ciona de valioso? Para onde sua atitude o está levando? Como a sua crítica o
está aproximando do que quer? O que ganha culpando os outros? Quais resulta-
dos pretende atingir agindo assim?

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

III. Reenquadramento de backtracking (confronta o enquadramento da


“PARÁFRASE”)
Tipo de moldura: nesta moldura, interpreta-se o que os outros disseram e deter-
mina-se quais eram suas intenções ao dizerem aquilo. A comunicação é impre-
scindível nos resultados em qualquer área da vida, portanto assumir responsab-
ilidade pelo que está compreendendo é fundamental.
O backtracking é a habilidade de reafirmar palavras-chave que foram ditas por al-
guém, que mostrem seus valores e significado. Sem o backtracking, as pessoas
interpretam o que quiserem.
Exemplo: Com certeza, ele quis me desmoralizar quando disse isso!
Perguntas de reenquadramento de backtracking (2ª pessoa): Posso me certificar
de que compreendi...? Posso resumir as coisas até agora...? Então você está
dizendo...?
IV. Reenquadramento de contraste (confronta o enquadramento da “MES-
MICE”)
Tipo de moldura: avalia-se o contraste dos resultados de uma ação/decisão sem
recursos e uma ação/decisão com recursos. O reenquadramento se dá ao no-
tar-se a diferença de empregar recursos ou não.
É interessante observar que a Programação Neurolinguística (PNL) começou a
partir de um quadro de contraste. Richard Blander e John Grinder começaram
modelando comunicadores excelentes, sabendo que estavam fazendo algo dif-
erente, algo fora do comum. Essas diferenças tornaram-se a base dos primeiros
modelos explícitos da PNL.
Exemplo: Na verdade, é tudo a mesma coisa, não importa como faça!
Perguntas de reenquadramento de contraste: Que tipos de resultados se veem
entre a presença e a ausência desse recurso? Quais as diferenças importantes
entre essas realidades? Como isso é diferente?
V. Reenquadramento de “como se” (confronta o enquadramento da “PAS-
SIVIDADE”)
Tipo de moldura: analisam-se situações criativas e imaginadas para certo proble-
ma, vislumbrando-se como poderiam ser as coisas e o que levaria a que fossem
assim em vez de assumir um estado de vitimação e uma condição de indefeso.
No “como se”, podemos acessar a nossa intuição. Você pode não saber a re-
sposta, mas terá palpites que podem ser surpreendentemente precisos. É um
pouco parecido com um jogo de realidade virtual. Você sabe que não é real, mas
ainda assim pode aprender muito e testar seus reflexos enquanto joga.
Exemplo: Se não sei o futuro, então não há nada que possa fazer a respeito.
Perguntas de reenquadramento de “como se”: Como seria se...? Você pode
imaginar o que aconteceria se...? E se supuséssemos que...?

30
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

VI. Reenquadramento sistêmico (confronta o enquadramento do “TOTAL-


ITÁRIO”)
Tipo de moldura: quando se vislumbra um evento relacionado a outros eventos.
Um sistema é um grupo de elementos conectados e que se influenciam mutua-
mente. Olha-se como os fatores se combinam e afetam uns aos outros.
Tentar mudar um sistema na sua totalidade pode parecer uma tarefa inviável. Em
vez disso, busca-se identificar os obstáculos que afetam o sistema para alcançar
a mudança pretendida. Exemplo: As coisas aqui sempre foram assim e nunca
vão mudar.
Perguntas de reenquadramento sistêmico: Como um evento se relaciona com o
outro nesse sistema? Como o que estou fazendo mantém as coisas como são?
O que exatamente impede a mudança?
VII. Reenquadramento de negociação (confronta o enquadramento da
“GUERRA”)
Tipo de moldura: esse enquadramento avalia por acordo. Supõe que todos os
envolvidos querem chegar a um acordo e segmenta o problema para encontrar
áreas de concordância.
Exemplo: Eu quero alguma coisa e vou conseguir mesmo que isso nos mate.
Perguntas de reenquadramento de negociação: Em que podemos concordar?
Qual é o mínimo múltiplo comum nesse relacionamento?

FONTE: Marion (2017, p. 37-38)

O próximo promotor de mudança a ser abordado é:

II. MAPA NÃO É TERRITÓRIO

Desafie a visão que seu coachee tem da sua própria realidade ou “mapa de
vida”. Cada pessoa carrega seu próprio mapa dentro de si. O nosso mapa é a
nossa orientação de vida.

Herdamos nosso mapa dos nossos pais e/ou educadores, ou seja, muito de
como nós interpretamos nossa própria realidade de vida foi transferido por como
outros receberam ou interpretaram sua própria realidade.

Todo mapa tem limites, regras de vida e significados que damos como guias
determinantes. Nosso mapa, contudo, é apenas uma perspectiva parcial do
território da vida. O coach deve ajudar o coachee a ampliar sua visão e desafiar
limites mentais sobre a realidade.

Muitas vezes, por estarmos tão imersos em uma realidade ou problema,


supomos que todos veem a realidade em que estamos da mesma forma que nós

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e, portanto, consideram-se certos fatos óbvios e evidentes e não apenas uma


interpretação da realidade.

Contudo, percebemos que uma realidade é apenas uma perspectiva, olhada


de um ângulo, baseada em uma moldura mental, a partir de uma lente herdada
por nossos pais e educadores.

Diante de uma perspectiva limitada e diminuída de escolhas e oportunidades,


desafie seu coachee: “E se seu mapa de vida for apenas uma ilusão? E se
descobrisse que seu mapa não representa todo o território do mundo de escolhas
que tem? O que faria?”.

III. NÃO EXISTEM ERROS, APENAS RESULTADOS

Claro, ninguém gosta de errar ou fracassar, especialmente em uma


sociedade cuja cultura é perfeccionista e intolerante aos erros. Criamos uma
geração com fobia de erros. Qual o resultado? As pessoas não agem, pois têm
medo de fracassar ou falhar.

É preferível nem tentar e evitar as frustrações, gerando um tipo de paralisia.


Uma forma de superar esse medo é compreender que o erro é o significado que
damos a uma escolha que produziu um resultado.

Resultados são fruto de escolhas que fazemos. Se não quero mais certo tipo
de resultado, preciso fazer novas escolhas. Isso anula o efeito punitivo do erro e o
recondiciona de maneira pedagógica, como parte de um processo de crescimento
e aprendizado.

Diante da inação movida pelo medo de falhar, desafie seu coachee: “Se
tivesse convicto de que na vida não existe fracasso, apenas feedback e resultados,
o que faria de novo hoje?”.

IV. AUTOCONSCIÊNCIA

Toda iniciativa de mudança e transformação se inicia na autoconsciência. Por


isso, ela é imprescindível em um processo de coaching. Sem autoconsciência, o
coaching se torna só mais uma ferramenta em uma maleta de soluções rápidas,
portanto não poderia enfatizar suficientemente a importância dela. Autoconsciência
é produto do foco, da atenção, da concentração e da clareza. Significa estar
consciente, ou seja, não ignorar ou desconhecer. É uma característica que nos
distingue de todos os outros animais criados. Há infinitos níveis de consciência,
que podem ser ricos ou pobres, em uma pessoa sobre determinada realidade.

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

No coaching, pretende-se aumentar a quantidade (dos fatos) e a qualidade


(relevância) do nível de consciência. Aumentar a autoconsciência é como oferecer
uma lente de aumento para alguém, aumentando sua capacidade de ver o que
antes não podia.

Nosso nível natural de autoconsciência é relativamente baixo. Sozinhos,


levaríamos um período muito maior para descobrir, se descobríssemos,
assumindo consciência dos fatos. Torna-se indispensável a habilidade de um
coach para promover essa autoconsciência.

V. AUTORRESPONSABILIDADE

“É a crença de que você é o único responsável pela vida que tem levado,
sendo assim, é o único que pode mudá-la” (VIEIRA, 2008 apud MARION, 2017,
p. 1).

A autorresponsabilidade é uma das grandes geradoras de rupturas na vida


das pessoas. Assumir autorresponsabilidade pela minha vida e pelos meus
resultados não é fácil, e pode ser altamente confrontivo e intimidador assumir uma
postura de passividade e fracassos.

Todavia, a incapacidade de viver de forma autorresponsável nos faz reviver


as mesmas circunstâncias de dor ao longo da vida. Começamos a progredir
quando assumimos a responsabilidade pelas nossas mudanças. A verdade é que
as coisas não mudarão até nós mudarmos. Observe no quadro a seguir, os seis
pressupostos da autorresponsabilidade.

QUADRO 3 – OS SEIS PRESSUPOSTOS DA AUTORRESPONSABILIDADE


1. Eu sou o único responsável pela vida que tenho levado.
2. Eu estou onde me coloquei, e somente eu posso mudar essa circunstância.
3. Minha vida é mérito meu, por ações conscientes ou inconscientes.
4. Meus resultados são fruto da qualidade de minhas atitudes, palavras e
pensamentos.
5. Não existem coincidências, você está colhendo o que plantou.
6. É a certeza de que nada na minha vida muda até que eu mude.
FONTE: Vieira (2008 apud MARION, 2017, p. 42)

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Por mais difícil que seja, minha mudança depende do meu nível de
autorresponsabilidade. É o princípio da semeadura. Significa reconhecer que
tenho a vida que mereço, o emprego que mereço, o casamento que mereço, o
salário que mereço, os amigos que mereço, a saúde física que mereço, pois são
fruto e resultados das minhas próprias escolhas (MARION, 2017).

Autorresponsabilidade é uma realidade libertadora. A crença de que você se


colocou ou pelo menos se permitiu colocar, por ação ou inação, em certa realidade.
A minha vida hoje é resultado das escolhas que eu tomei. Eu sou responsável por
elas. A boa notícia que a autorresponsabilidade nos traz é que não dependemos
de ninguém para começar a mudar. Sim, autorresponsabilidade é tomar o leme do
barco de sua vida em suas mãos e decidir o rumo. E quando chegar a algum lugar
desagradável, basta entender que é você que está no controle, sendo assim,
basta zarpar e ir em outra direção (MARION, 2017).

De acordo com Vieira (2010 apud MARION, 2017), agir com


autorresponsabilidade significa seguir estas cinco leis:

• Lei I – Não criticar as pessoas: ajudá-las a focar na solução e na melhoria,


e não no erro e fracasso.
• Lei II – Não reclamar das situações: contaminamo-nos com o veneno da
insatisfação e da crítica.
• Lei III – Não buscar culpados: maneira fácil e rápida de se
desresponsabilizar.
• Lei IV – Não se fazer de vítima: crianças doentes recebem mais amor
(criador de vício emocional).
• Lei V – Não justificar seus erros: se não houver erros, não há aprendizado,
sem aprendizado, não há mudanças.

Como mecanismo de fuga, notamos que frequentemente pessoas alocam


a um ser supremo uma responsabilidade que lhes foi atribuída, dizendo:
“Minha vida está como Deus quer”. Lembre-se do livre-arbítrio e que a palavra
“responsabilidade” nada mais é do que a junção de “resposta + habilidade”, ou
seja, como você tem respondido à habilidade, ao tempo e aos recursos que lhe
foram dados.

4.1 TÉCNICAS DE ESTUDO


Contar com algumas técnicas de estudo pode ser extremamente eficaz para
o estudante que precisa assimilar de forma completa um conteúdo. Desse modo,
é necessário que a preparação seja estratégica nesse momento, baseada em

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Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

métodos que garantem a fixação e a aceleração do processo de aprendizagem


(ESCOLA DE APOIO MDC, 2020).

Portanto, mesmo que o estudante conte com poucas horas diárias ou


semanais para estudar, é possível aplicar metodologias que o auxiliem a aumentar
a produtividade e a otimizar o tempo. No entanto, deve-se escolher uma opção
que atenda às necessidades, considerando a mais adequada para cada caso.

Um bom desempenho estudantil com a utilização de um coaching educacional


compreende as fases apresentadas na figura a seguir:

FIGURA 6 – FASES DA MENTORIA EDUCACIONAL

FONTE: <https://meudeverdecasa.com.br/como-funciona/>. Acesso em: 22 maio 2021.

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As técnicas aqui apresentadas foram desenvolvidas a partir dos conceitos da


neuroeducação, ciência nova que trabalha com a interação entre as descobertas
da neurociência e sua aplicabilidade para o aprendizado através das propostas da
psicologia cognitiva e da pedagogia (ESCOLA DE APOIO MDC, 2020).

FIGURA 7 – COMPOSIÇÃO DA NEUROEDUCAÇÃO

FONTE: <https://docplayer.com.br/docs-images/109/187990513/
images/9-0.jpg>. Acesso em: 22 maio 2021.

Vamos entender um pouco desses conceitos, de acordo com a Escola de


Apoio MDC (2020):

• Neurociência: é o estudo do sistema nervoso: sua estrutura,


seu desenvolvimento, funcionamento, evolução, relação com o
comportamento e a mente, e também suas alterações. Abrange áreas
diversas e está focado nos trabalhos voltados ao entendimento do
processo de formação de memória e de aprendizado que ocorrem no
cérebro.
• Psicologia cognitiva: é um segmento da psicologia voltado ao estudo
da maneira como as pessoas percebem, aprendem, recordam e
representam as informações da realidade. Abrange como principais
objetos de estudo, a percepção, o pensamento e a memória, procurando
explicar como o ser humano percebe o mundo e como utiliza-se do
conhecimento para desenvolver diversas funções cognitivas, tais como:
falar, pensar, resolver situações e memorizar.
36
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

• Pedagogia: é a ciência que tem como objeto de estudo a educação,


o processo de ensino e a aprendizagem. Se baseia em dois grandes
pedagogos: Jean Piaget e Vygotsky. O primeiro, um os principais
representantes da psicologia cognitiva, ao contrário do que muitos
pensam, não construiu uma teoria da aprendizagem, mas uma teoria do
desenvolvimento mental humano. Para ele, a aprendizagem é entendida
como o aumento do conhecimento e apenas ocorre aprendizagem
quando o esquema de assimilação passa pelo processo de acomodação.
Em outras palavras, para que alguém aprenda é preciso que haja uma
reconfiguração da estrutura cognitiva (esquemas de assimilação) do
indivíduo, resultando em novos esquemas de assimilação cognitiva.
Vygotsky, por sua vez, na análise que faz das relações entre pensamento
e linguagem, apresenta a questão do significado com grande relevância.
Ӄ no significado da palavra que o pensamento e a fala se unem em
pensamento verbal”. Essa nítida demonstração do envolvimento de
várias áreas do cérebro para a formação da linguagem demonstram
a coerência de sua teoria. A teoria de Piaget aproxima-se da teoria de
Vygotsky ao afirmar que o desenvolvimento cognitivo de um indivíduo
consiste em seu constante esforço para adaptar-se ao meio em que vive
em termos de assimilação e acomodação.

Vamos às técnicas, ainda segundo a Escola de Apoio MDC (2020):

I. BUSCANDO O FOCO

A primeira atividade indicada é sintetizada na técnica denominada: Buscando


o Foco. Manter o foco e a concentração às vezes é muito complicado; e isso
acontece, ainda mais quando consideramos chato o que temos que fazer. Muito
se fala sobre esse tema, mas nossa intenção é apresentar uma técnica simples
que ajudará a iniciar o processo de concentração. Como fazer?

a) Mantenha na mesa apenas o necessário para o estudo e tenha uma boa


iluminação.
b) Procure usar fones de ouvido tocando músicas que tenham frequência
Alfa ou Beta. Esse tipo de música é facilmente encontrado no Youtube e
é gratuito.
c) Sente-se de modo confortável, mas sentindo que suas costas estão
apoiadas, totalmente, no encosto da cadeira.
d) Respire fundo contando até cinco. Prenda o ar nos pulmões, conte até
cinco novamente e solte o ar lentamente, novamente, contando até
cinco. Repita esse procedimento por quatro vezes.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

e) Agora, você deverá fechar os olhos por uns instantes e procurar acalmar
sua mente. Ao fechar os olhos, repita a respiração mais vezes e, ao final,
abra os olhos.
f) Inicie seus estudos fazendo caça-palavras, jogo de sete erros ou uma
palavra cruzada simples. O objetivo é fazer com que sua concentração
seja “capturada”.
g) Nada de acessar celular ou computador (que não seja para consultas
do estudo). Esses são os grandes vilões que nos tiram a concentração.
E procure parar a cada 60 minutos de estudo; isso é importante para
refrescar a cabeça.

II. LVPR – LER OU VER PARA RETER

Essa técnica é indicada para o estudo da parte teórica de todas as matérias,


inclusive as da área de exatas. Como ler um texto ou ver alguma explicação em
vídeo? São necessários cinco passos:

1º – LEITURA/VISUALIZAÇÃO RÁPIDA: separe o texto ou o vídeo da matéria


que irá estudar e dê uma primeira lida/assistida bem rapidamente. O objetivo
é que você consiga se contextualizar com o tema. Não é necessário que ainda
esteja totalmente focado. O importante nesse momento é você ter como meta o
conhecimento geral do que está no texto ou no vídeo. Do que se trata a matéria?
Seja história, química, física, matemática, geografia, não importa; é fundamental
que tenha conhecimento da teoria para que possa compreender e desenvolver
com mais facilidade os exercícios que serão posteriormente solicitados.

Defina um tempo que terá para ler uma página ou o trecho da matéria a
ser estudada. No caso de vídeos, o tempo já estará definido. Esse tempo é
importante para que você não se distraia nessa primeira leitura. Essa leitura ou
esse processo de visualização do vídeo tem que ser direta, sem interrupções,
e como você terá um tempo definido para ler (ou ver o vídeo), isso o forçará a
ter foco e concentração. Não é para apostar corrida! É para ler/ver direto, sem
interrupções, sem anotar, sem sublinhar, sem voltar para reler ou ver algo. Apenas
se concentre e leia ou assista.

2º LEITURA/VISUALIZAÇÃO DETALHADA COM ANOTAÇÕES E DESENHOS:


sem tempo definido, leia ou veja com calma, com o objetivo de entender melhor
o que leu ou viu da primeira vez e sempre que algo chamar a atenção, anote
numa folha em branco ou em um caderno – não anote no mesmo local onde está
o texto. Escreva apenas os tópicos que considerar importantes e faça gráficos e
desenhos. Faça desenhos que o ajudem a memorizar. Podem ser organogramas,
gráficos, desenhos soltos, qualquer tipo de desenho que forme uma historinha na
sua cabeça. Use símbolos.

38
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

Caso o conteúdo esteja falando da França, por exemplo, um desenho da


Torre Eiffel pode ser útil, já se o tema for biologia, desenhe a célula e escreva ao
lado dela o que eventualmente esteja no texto. Para o nosso cérebro, quanto mais
elementos usarmos, mais eficaz será o processo de formação de memória. Existe
alguma palavra ou termo que não conhece e que você percebe que é importante
para o entendimento do texto? Então pare a leitura ou o vídeo e procure a
definição. Esse passo servirá para fornecer os tópicos importantes do material de
estudo que o ajudarão na elaboração do futuro resumo.

3º LEITURA/VISUALIZAÇÃO DE CONFERÊNCIA: ao final do segundo passo,


você deverá ler/ver mais uma vez para verificar se algo importante deixou de ser
anotado. Agora, o seu nível de compreensão deverá ser quase total. Caso reste
alguma dúvida, anote e busque o entendimento final.

4º RESUMO: chegou a hora de você verificar o que entendeu e começar o


processo eficaz de memorização. Feche o livro, o caderno, o texto ou desligue o
vídeo, e baseado apenas nas anotações e desenhos que fez, escreva um resumo
(não consulte o texto nem acesse ao vídeo nesse momento).

Escreva seu resumo da maneira que se lembrar, mesmo tendo dúvidas, não
consulte o texto. Consulte apenas suas anotações. Não se preocupe em usar as
palavras do texto ou do vídeo. O importante é ver se você conseguiu entender o
que a matéria apresentava.

5º CHECAGEM E RESUMO APERFEIÇOADO: ao finalizar o resumo é hora de


voltar ao texto/vídeo e verificar se o que escreveu está correto e contempla tudo
que considera importante. Caso necessário, proceda a eventuais correções, mas
sempre sem copiar do texto ou do vídeo. Após essa checagem, elabore um novo
resumo, desta vez, aperfeiçoado, que nada mais é que o seu primeiro resumo, só
que mais completo.

III. ECE – ESTUDANDO COM EXERCÍCIOS

Esta técnica é indicada para sessões de estudos que são feitas através
de exercícios. Fazer exercícios é uma ótima maneira de estudar. Quanto mais
colocamos em teste nosso conhecimento sobre determinado tema, mais
aprendemos. Apenas fazer exercícios com frequência já é ótimo e, se utilizarmos
algumas pequenas dicas no momento em que estivermos fazendo os exercícios,
essa atividade terá um efeito ainda mais eficaz.

Algumas matérias, principalmente da área de exatas, como matemática, física


e química, necessitam do conhecimento de fórmulas para o desenvolvimento de
várias questões. Ao ler o enunciado da questão, o importante é entender o que

39
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

é perguntado e que fórmula ou fórmulas deveremos utilizar. A maioria dos erros


nesse tipo de questão vem, em primeiro lugar, por desentendimento do enunciado
e, em seguida, por utilizar a fórmula errada ou de modo errado na questão.

Etapas para solucionar um exercício com fórmulas:

1º LEIA E RELEIA A QUESTÃO ATENTAMENTE: esse momento é fundamental


para que você tenha o melhor entendimento do que está sendo perguntado.
2º DEFINA A FÓRMULA QUE PRECISARÁ SER UTILIZADA: ao entender o
problema, veja que fórmula(s) precisará(ão) utilizar e escreva-as.
3º INICIE A RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO.
4º REVISÃO: ao final, reveja o exercício (muitos erros ocorrem por distrações).

Exercícios com respostas discursivas:

Quando o exercício a ser desenvolvido pedir respostas discursivas, os


cuidados deverão ser os seguintes:

1º LEIA E RELEIA A QUESTÃO ATENTAMENTE: essa etapa sempre será


importante.
2º RELEMBRE A TEORIA: com calma, respire fundo e lembre-se dos resumos
que fez sobre o tema quando estudou usando a técnica LVPR.
3º INICIE, EM SUA CABEÇA, A FORMULAÇÃO DA RESPOSTA.
4º RASCUNHE E ORDENE: escreva num rascunho, os tópicos principais da
questão e depois ordene-os.
5º REDIJA: baseado no rascunho, redija a resposta de modo objetivo e claro.

Exercícios com respostas de múltipla escolha:

Os exercícios com respostas de múltipla escolha são perigosos. Uma palavra,


um sinal ou uma pontuação pode mudar todo o sentido da resposta e induzir ao
erro. A proposta com esse tipo de exercício é verificar, além do conhecimento do
aluno, sua capacidade de atenção. As etapas deverão ser as seguintes:

1º LEIA E RELEIA A QUESTÃO ATENTAMENTE: como vimos anteriormente, a


leitura é fundamental.
2º NÃO VEJA AS RESPOSTAS: nossa atitude imediata é ver as opções, não faça
isso ainda.
3º RESPONDA À PERGUNTA COMO SE ELA NÃO FOSSE MÚLTIPLA
ESCOLHA: responda à pergunta fazendo contas, caso o exercício assim exija, ou
escrevendo a resposta.
4º COMPARE SUA RESPOSTA COM AS OPÇÕES APRESENTADAS.
5º ESCOLHA A OPÇÃO QUE MAIS SE APROXIMA DA SUA RESPOSTA.

40
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

IV. AUTOTESTE

Esta técnica deverá ser empregada após o estudante ter passado pelas
técnicas LVPR e ECE. O objetivo é consolidar conceitos através de uma
autoavaliação, que levará o estudante a imaginar, o que é baseado nas suas
leituras e exercícios, realmente essencial em toda a matéria estudada. Como
fazer?

1º O ESTUDANTE ACESSA SEUS RASCUNHOS DE ESTUDO E DE AULA:


esses rascunhos devem conter aquilo que ele entendeu que era fundamental no
momento em que estava estudando.
2º ELABORAR PERGUNTAS: com base nos rascunhos, ele mesmo elabora
perguntas que imagina
que seriam feitas pelos professores.
3º RESPONDA, SEM CONFERÊNCIA: sem acesso aos rascunhos, livros ou
videoaulas, o estudante responde às perguntas com base em sua memória de
estudo.
4º CHECAR RESPOSTAS: uma vez respondidas a todas as perguntas, ele deverá
checar suas respostas no livro ou na fonte onde está o conteúdo.
5º APRIMORAR RESPOSTAS: por último, deverá aprimorar suas respostas
baseado na consulta feita.

V. ALUNO PROFESSOR

Esta técnica visa reforçar as anteriores levando o estudante a ter mais


confiança em seu processo de aprendizagem. Como fazer?

1º O estudante, com base em todo o conhecimento até então adquirido, deverá


imaginar que terá que dar uma aula para toda a turma.
2º Essa aula terá o tempo máximo de 50 minutos e os tópicos a serem ensinados
deverão ser dados nesse tempo.
3º O estudante começa a preparar a aula dividindo-a em tópicos: Introdução,
Desenvolvimento, Conclusão e Exemplos.
4º O estudante monta essa aula hipotética e simula a situação. Nesse momento,
ele deverá, caso esteja estudando sozinho, criar eventuais perguntas que podem
ser feitas e preparar as respostas a essas perguntas. Funciona muito bem quando
o estudante pode dar essa “aula” a colegas ou familiares.

VI. INTERROGATÓRIO ELABORADO

Esta técnica é voltada a alunos que têm maior curiosidade sobre os fatos,
sobre o mundo e sobre a funcionalidade das coisas. Uma curiosidade que vai
além da matéria propriamente dada. Uma curiosidade que os levará a ter mais

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

consciência dos temas e, consequentemente, um domínio mais abrangente da


matéria. Esta técnica demanda que haja interatividade com o professor ou com
alguém que esteja apto a formular as perguntas abaixo indicadas. Como fazer?

1º O estudante deverá estar com um bom domínio dos temas.


2º Um professor ou um responsável deverá, baseado na matéria estudada,
elaborar perguntas que incitem o aluno a investigar detalhes do assunto, como:
Qual o sentido disso? O que estava na cabeça dessas pessoas quando isso
aconteceu? Por que isso aconteceu nessa época da história? Qual seria uma
utilização prática desse conhecimento? Como essa questão poderia ser utilizada
nos dias de hoje? Cite um exemplo concreto de como podemos usar essa fórmula.
3º O estudante poderá consultar suas fontes para elaborar as respostas.
4º As respostas deverão ser entregues ao professor/responsável e este
deverá avaliar se estão devidamente respondidas e, se possível, buscar um
aprofundamento ainda maior.

Acadêmico, chegamos ao final do Capítulo 1. Esperamos que você tenha


gostado dos assuntos e assimilado as informações.

1) Qual a origem da palavra coach?

2) O International Coaching Federation (ICF) afirma que o coach


honra o cliente como o expert em sua vida e trabalho e acredita
que cada cliente é criativo, inventivo e completo. Baseado neste
fundamento, o coach é responsável por quais atividades?

3) Em suas palavras, qual a definição de Coach Educacional?

4) Por que o coaching educacional vem crescendo no mercado?

5) Resistência nada mais é do que travas e bloqueios interiores que


se revelam como obstáculos ao novo. Apresente os diferentes
motivos de resistência estudados neste livro.

6) O coach deve estar munido de um conjunto de ferramentas


que apoiarão o coachee a promover decisões de progresso e
mudança de vida. Sobre os promotores de mudança abordados,
qual deles lhe chamou mais a atenção e por quê?

42
Capítulo 1 PRINCÍPIOS DE C. E M. APLICADOS AO A. E.

7) Contar com técnicas de estudo pode ser extremamente eficaz


para o estudante que precisa assimilar um conteúdo de forma
completa. No que consiste a técnica Aluno Professor e como ela
deve ser aplicada?

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A origem da palavra coach vem do esporte, que significa treinador, tendo este
o papel de ensinar e dar instruções. Coach é o profissional que inspira o cliente
em direção a uma nova maneira de ser e pensar; sobre novas possibilidades e
tomada de decisão. É aquele que acompanha o cliente no caminho da conquista,
engajado para o futuro. Algumas palavras são comumente confundidas com o
coach, são elas: treinamento, consultoria, mentoria e terapia.

O coaching educacional é um conjunto de ferramentas que tem por objetivo


promover o autoconhecimento, aumentar o desempenho dos alunos, usar os
conhecimentos adquiridos por estes para criar novos, transformar os limites
de cada discente em recursos promissores, pensar e discutir metas e ações
observando o passado, visando ao futuro, focando na aceleração de resultados
e felicidade.

Durante um processo de coaching, é muito comum enfrentar um grande vilão:


a resistência a mudanças. É da natureza humana que qualquer pessoa saudável
psicologicamente deseje progresso em sua vida.

Quando estudamos algo, o conhecimento fica armazenado em diversas


áreas do cérebro. As imagens ficam em um local, o som das palavras em outro,
e, ainda, existe uma terceira área responsável por organizar isso no cérebro;
enfim, são várias regiões que precisam de incentivos para que sejam formadas as
sinapses que irão gerar a memória.

O coach deve estar munido de um conjunto de ferramentas que apoiarão o


coachee a promover decisões de progresso e mudança de vida.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Patricia; ESTEVES, Veronica Esteves; AMARAL,
Roberta. Diálogos Entre Coaches. Editora Alta Books, 2020.

BARROQUEIRO, Carlos Henriques et al. Coaching educacional


na formação de professores para melhorar o processo de
aprendizagem dos alunos. Instituto Federal de São Paulo, 2017.

ESCOLA DE APOIO MDC. 2020. Disponível em: https://


meudeverdecasa.com.br/. Acesso em: 22 maio 2021.

MARION, Arnaldo. Manual de Coaching: Guia Prático de


Formação Profissional. Grupo GEN. [Minha Biblioteca], 2017.

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos


desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007.

PORFIRIO, Francisco. “Geração Z”. Brasil Escola. 2021. Disponível em: https://
brasilescola.uol.com.br/sociologia/geracao-z.htm. Acesso em: 22 maio 2021.

SILVA, Andreza Regina Lopes da; MACHADO, Andreia de Bem. Coaching


como estratégia para a inovação educacional. Educação no Século XXI
- Volume 47. Formação Docente Tecnologia na Educação, 2019. p. 52.

44
C APÍTULO 2
PROGRAMAÇÃO
NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 conhecer os princípios da Programação Neurolinguística (PNL);


 compreender os princípios da Programação Neurolinguística (PNL) em um
contexto geral;
 aprender sobre a Programação Neurolinguística (PNL) na área da educação;
 entender a estrutura do pensamento (funcionamento);
 aplicar os princípios da Programação Neurolinguística (PNL);
 utilizar a Programação Neurolinguística (PNL) na área da educação;
 compreender a estrutura do pensando na formação do indivíduo.
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46
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Programação Neurolinguística (PNL) é um assunto ainda pouco debatido
entre os educadores. A PNL constitui-se de um mecanismo em que o aluno
começa a aprender sobre seus pensamentos, o modo que isso pode influenciar
no seu cotidiano para que, a partir disso, ele possa desenvolver a mente a seu
favor.

Não raro são encontradas em salas de aula situações em que alguns alunos
apresentam dificuldades para assimilar os novos conhecimentos com determinado
professor, porém, diante da presença de outro, a mesma disciplina consegue
ser compreendida pelos mesmos alunos de maneira natural (LORENA; PINHO,
2015).

Esse fato muitas vezes é reflexo de conflitos na relação professor-aluno,


sejam estes explícitos ou implícitos; isto é, o discente normalmente culpa o
professor por achar que este está “enrolando” o assunto, ou talvez se apresente
rígido demais, ou não sabe se expressar, entre outros motivos. O professor, por
sua vez, culpa o aluno por este não ter interesse em aprender, ou não demonstrar
o desempenho necessário para a disciplina, ou porque não entrou na universidade
com a base de conhecimento suficiente etc. (LORENA; PINHO, 2015).

Segundo Lima (2019), professores desmotivados, alunos com baixo


rendimento e famílias distantes da escola é um cenário com eminente
necessidade de transformação nas mais diversas áreas educacionais, por isso
a necessidade da Programação Neurolinguística – PNL – como ferramenta
facilitadora do processo de ensino-aprendizagem devido a sua capacidade de
compreender o funcionamento interno do ser e reprogramá-lo de maneira a atingir
objetivos almejados. Não que a PNL seja a solução de todas as problemáticas
que envolvem o âmbito educacional institucionalizado, porém podemos destacá-
la como um instrumento de grande valia para o educador.

PNL é um estudo revolucionário do processo do pensamento humano. Em


outras palavras, é o estudo do que realmente está acontecendo quando pensamos.
O interessante sobre a mente é que, se abrirmos um cérebro, não conseguiremos
encontrá-la. Não é possível encontrar um poema nem o gosto do chocolate, o
sentimento de um primeiro beijo nem a música do baile de formatura. Tudo o que
se encontrará é um monte de tecido nervoso. O tecido nervoso em seu cérebro
age como um substrato. É quase como um computador. Ele age como seu disco
rígido ou placa-mãe, e basicamente é configurado para armazenar vários bits de
dados e montá-los, remontá-los, reorganizá-los e chamá-los sempre que você

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

desejar (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018). A PNL é uma compreensão, não


do cérebro, mas de como a mente, usando o cérebro, expressa-se em sua vida e
cria o que você chama de sua experiência.

2 PRINCÍPIOS DA PROGRAMAÇÃO
NEUROLINGUÍSTICA (PNL)
Como diria Connor (2000), vamos começar pelo começo. O que é PNL? Não
se pode reduzir a Programação Neurolinguística (PNL) a uma única definição. Há
muitas explicações do que seja PNL, cada uma como um feixe de luz brilhando de
um ângulo diferente, iluminando inteiramente a forma e a sombra do objeto.

A PNL estuda talento e qualidade – como organizações e indivíduos


excelentes obtêm resultado excelentes. Os métodos podem ser ensinados a
outros para que eles também possam obter a mesma classe de resultados. Esse
processo denomina-se “modelagem”.

Para modelar, a PNL estuda como estruturamos nossa experiência subjetiva


– como pensamos sobre nossos valores e crenças e como criamos nossos
estados emocionais – e como construímos nosso mundo inteiro a partir de
nossa experiência e lhe damos significado. Nenhum evento tem significado em
si mesmo, nós lhe atribuímos significado, e pessoas diferentes podem atribuir
significados iguais ou diferentes. Assim, a PNL estuda a experiência pelo lado de
dentro (CONNOR, 2000).

A PNL teve início na Universidade da Califórnia no começo dos anos


1970, quando Richard Bandler, um estudante de psicologia, e John Grinder, um
professor de linguística, iniciaram os estudos sobre PNL na Universidade de
Santa Cruz. O primeiro trabalho que realizaram foi modelar famosos terapeutas da
época, buscando identificar quais eram os padrões internos e externos que eles
utilizavam que tornavam o trabalho deles tão efetivo (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

Os pesquisadores da PNL estudaram originalmente terapeutas famosos


por conseguirem resultados quase milagrosos com seus clientes. Um dos
psicoterapeutas estudados inicialmente foi Fritz Perls, que desenvolveu a terapia
gestalt “estar aqui agora”. Ele era um perito em linguagem corporal e obter
mudanças imediatas. Sua abordagem única era o oposto direto da Psicanálise,
que requer anos de terapia e autoestudo para desenvolver uma compreensão de
como alguém chegou a ser quem é.

48
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

FIGURA 1 – FRITZ PERLS

FONTE: <https://twitter.com/perls_fritz>. Acesso em: 28 jun. 2021.

A segunda terapeuta foi Virginia Satir, a brilhante desenvolvedora da terapia


familiar. Em vez de trabalhar com apenas a pessoa na família que ficou perturbada
ou tem problemas, lidava com a família inteira. Ela achava que cada pessoa e seu
comportamento eram parte da dinâmica familiar. Achava que se tratasse apenas
a pessoa, esta voltaria para a estrutura familiar e sofreria um retrocesso, assim,
trabalhava com a família inteira (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

FIGURA 2 – VIRGINIA SATIR

FONTE: <https://golfinho.com.br/escritor/virginia-satir.htm>. Acesso em: 28 jun. 2021.

A terceira pessoa estudada foi Milton Erickson, médico e primeiro


desenvolvedor da hipnoterapia clínica. Um gênio, com uma abordagem
completamente diferente da terapia de Perls e Satir, Erickson também produziu
resultados que pareciam mágica (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

FIGURA 3 – MILTON ERICKSON

FONTE: <https://albertodellisola.com.br/tecnicas-da-hipnose-
ericksoniana/>. Acesso em: 28 jun. 2021.

E o quarto sujeito do estudo inicial foi um homem chamado Moshe


Feldenkrais, um praticante de medicina alternativa que fez um brilhante trabalho
de cura com suas mãos (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

FIGURA 4 – MOSHE FELDENKRAIS

FONTE: <http://wikidanca.net/wiki/index.php/Moshe_
Feldenkrais>. Acesso em: 28 jun. 2021.

Os princípios operacionais subjacentes da PNL, chamados “Pressuposições”,


refletem as crenças unificadas básicas desses indivíduos importantes que foram
estudados para descobrir o que era mais eficaz – e elas se tornaram os princípios
operacionais da PNL (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

A base de toda construção é a peça fundamental que sustenta tudo que nela
é construído, e com a PNL não é diferente. Ela é constituída de seis pilares, sendo
eles, conforme Connor (2000):
50
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

• 1º pilar da PNL – Você


Tudo parte de você, e você é a principal pessoa que vai se beneficiar dos
resultados com o PNL. Você envolve seu estado emocional ou nível de habilidade.
Lembre-se, você é o único responsável pelo seu sucesso.

• 2º pilar da PNL – Pressuposições


As pressuposições ou os princípios da PNL são as crenças e ideias
consideradas certas, acima de tudo, crenças que vão trazer resultados positivos
para sua vida, em cima dessas crenças todas as ações serão executadas. As
pressuposições são os princípios centrais da Programação Neurolinguística.
Abordaremos mais sobre as pressuposições ao final dos seis pilares.

• 3º pilar da PNL – RAPPORT


Rapport é a harmonia, uma conexão e a empatia que você gera em algum
relacionamento, essa harmonia é resultado do sentimento de confiança e
segurança da outra pessoa, isso faz com que seja possível a aceitação para
mudanças de comportamentos, a melhora da comunicação e a resolução de
problemas.

• 4º pilar da PNL – Resultado


Esse pilar foca o que exatamente você deseja alcançar. Para alcançar o que
você quer, primeiro você precisa saber exatamente o que é. Foque o que você
deseja e não naquilo que você não quer. Resultado é aquilo que você deseja! A
melhor forma de solucionar um problema é definir um resultado. Os três elementos
básicos do resultado são:

1. Conhecer sua situação atual (onde você está agora).


2. Conhecer sua situação desejada (onde você quer estar).
3. Planejar sua estratégia (como chegar de um ponto até outro e fazer uma
ponte para o futuro, utilizando os recursos que dispõe e criando novos
recursos).

• 5º pilar da PNL – Feedback


Uma vez sabendo o que deseja, sempre prestar atenção no que está
conseguindo para que determine os próximos passos:

o Seu Feedback é preciso e exato? Qual o seu foco hoje? Sua atenção
está sendo bem direcionada? Você está atento? Você presta atenção
nos seus próprios sentidos? (eles são a única maneira para que você
obtenha um feedback direto). Feedback na PNL significa mais do que
"retorno", significa também estabelecer padrões de críticas e elogios,
saber avaliar seus próprios resultados e manter um diálogo aberto e
assertivo com você e os outros dentro de um meio.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

• 6º pilar da PNL – Flexibilidade


A flexibilidade trata exatamente da capacidade de ser maleável, de procurar
novas rotas, novas opções, novos caminhos. A pessoa que tem várias escolhas e
alternativas tem mais poder para agir! E mais chances de sucesso!

Se você tem poucas opções, pouca flexibilidade, acaba se comportando


de maneira igual e produzindo resultados iguais, porém com muita flexibilidade,
você tem mais escolhas, se comporta de maneira diferente e produz resultados
extraordinários.

FIGURA 5 – SEIS PILARES DA PNL

FONTE: Adaptado de Connor (2000)

Abordados os seis pilares da PNL, vamos voltar e falar mais sobre o 2º


pilar – Pressuposições.

As 13 pressuposições são os princípios centrais da PNL, sua filosofia


orientadora, suas “crenças”. Esses princípios não são, com certeza, verdadeiros ou
universais. Não é necessário acreditar que sejam verdadeiros. São denominadas
“pressuposições” porque você as pré-supõe como sendo verdadeiras e depois
age como se o fossem. Basicamente, formam um conjunto de princípios éticos
para a vida (CONNOR, 2000).

A seguir, eis algumas maneiras para agir como se as pressuposições


fossem verdadeiras em sua vida, além de algumas ações que são o oposto das
pressuposições.

52
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

1. As pessoas respondem a suas experiências, não à realidade em si.


Ação: respeitar os valores e as crenças dos outros. Permitir que tenham suas
próprias opiniões ao mesmo tempo certificando-se de que cuida de si mesmo.
Oposto: acreditar que você conhece a verdade enquanto os outros estão
errados. Insistir em que vejam as coisas da sua maneira (especialmente quando
sua maneira é a da PNL!).

2. Ter uma escolha é melhor do que não ter escolha.


Ação: sempre agir para aumentar sua própria escolha e para dar mais
escolhas aos outros.
Oposto: tentar tirar as escolhas das pessoas quando elas não ameaçam
você nem a ninguém.

3. As pessoas fazem a melhor escolha que podem no momento.


Ação: respeitar as suas ações e as de outros como sendo as melhores
possíveis no momento. Conscientizar-se de que se você tivesse a educação, as
experiências e os pensamentos do outro, e fosse colocado na mesma situação,
agiria da mesma forma que ele. Compreender que não é melhor do que ele.
Oposto: pensar que é melhor do que os outros, condenar as escolhas dos
outros de uma posição superior com visão retroativa perfeita.

4. As pessoas funcionam perfeitamente.


Ação: ver cada uma de suas ações como sendo o melhor que pode fazer, ao
mesmo tempo lutar para aprender mais.
Oposto: tratar a si mesmo e aos outros como se estivessem “quebrados” e
errados precisando de conserto (e você é a pessoa mais indicada para fazê-lo!).

5. Toda ação tem um propósito.


Ação: ser claro quanto aos seus próprios objetivos e usar o modelo de
objetivo bem formulado para eliciar os objetivos de outras pessoas.
Oposto: vagar aleatoriamente como se suas ações não tivessem qualquer
finalidade. Não se dar ao trabalho de descobrir o que as outras pessoas desejam.

6. Todo comportamento tem uma intenção positiva.


Ação: reconhecer a intenção positiva em seus próprios erros. Reconhecer
a intenção positiva por trás das ações das outras pessoas ao mesmo tempo se
protegendo das consequências.
Oposto: pensar que você ou outra pessoa sejam completamente maus,
condenando algumas ações como sendo sem qualquer mérito para quem quer
que seja, não importa como as encare.

53
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

7. A mente inconsciente equilibra a consciente. Não é maliciosa.


Ação: ver sua própria falta de saúde como maneira de o corpo curar a si
mesmo.
Oposto: acreditar que as pessoas são inteiramente podres e que existe uma
versão psicológica de “pecado original”.

8. O significado da comunicação é a resposta que você obtém.


Ação: assumir a responsabilidade por ser um bom comunicador para
explicar o que está querendo dizer. Prestar atenção no feedback da outra pessoa.
Reconhecer as intenções dos outros ao mesmo tempo em que presta atenção no
efeito que tem sobre eles, como eles o percebem. Não há falha de comunicação,
apenas respostas.
Oposto: pensar que quando você comunica e a outra pessoa não compreende
é automaticamente culpa dela e que ela é burra. Julgar os outros pelo que você
pensa deles e julgar a si mesmo pelas suas próprias intenções.

9. Nós já possuímos todos os recursos de que necessitamos ou então


podemos criá-los.
Ação: dar a outros, o espaço e a ajuda para encontrar suas próprias soluções.
Saber que não é indefeso, sem esperança ou desmerecedor.
Oposto: acreditar que é completamente dependente de outros para
motivação, conhecimento e aprovação. Tratar a educação como transferência de
conhecimento dos que a têm para os que não a têm.

10. Mente e corpo formam um só sistema. São expressões diferentes de


uma só pessoa.
Ação: cuidar de nossos pensamentos além de nossos corpos, reconhecendo
e evitando pensamentos tóxicos e estados tóxicos além de ambientes tóxicos.
Sermos flexíveis na escolha dos meios para tratarmos nossa própria falta de
saúde.
Oposto: usar soluções químicas para todos os problemas físicos e mentais
ou tentar curar doenças físicas através de meios puramente mentais.

11. Processamos todas as informações através de nossas mentes.


Ação: considerar os limites de nosso mundo como limites de nossos sentidos.
Lutar constantemente para aguçar e estender seu alcance.
Oposto: “se não pode ver alguma coisa, ela não está lá”.

12. A modelagem de desempenho bem-sucedido leva à excelência.


Ação: buscar constantemente a excelência para que a possa modelar.
Observar seus próprios momentos de excelência e modelá-los para que possa ter
mais deles. Aprender com todos que encontrar.

54
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

Oposto: considerar “talento inato” como explicação de desempenho


excelente. Não dar chance às pessoas para que se desenvolvam se você pensa
que elas não têm esse “talento” misterioso. Ressentir-se em vez de se fascinar se
alguém faz algo melhor do que você.

13. Se quiser compreender, aja!


Ação: testar constantemente seus limites e crenças.
Oposto: alegar muitas crenças e ideais que parecem impressionantes, mas
jamais colocá-los em prática.

Quer aprender um exercício que usa como base os pressupostos


da PNL para solucionar seus problemas? Acesse o link: https://
crieseudestino.com/exercicio-de-pressupostos-da-pnl/.

A PNL difere-se da psicologia porque sua filosofia e suas técnicas são


derivadas de uma forma especializada de estudar as pessoas, chamada
“Modelagem” (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

Os pesquisadores da PNL entrevistaram e observaram pessoas fazendo


muitas atividades — então compartilharam o enorme corpus de conhecimento
acumulado sobre como as pessoas pensam quando se apaixonam, sofrem com
uma perda pessoal, disparam uma arma, voam de avião, aprendem um idioma
ou dormem. Milhares de pessoas foram estudadas ao longo dos anos, e muito foi
aprendido sobre como pensamos e podemos ajustar nossos próprios processos
de pensamento internos.

A PNL popularizou os estilos de aprendizagem “Visual, Auditivo e Cinestésico”,


além de muitas tecnologias novas utilizadas na Educação, Psicoterapia e
Comunicação. É usada nas empresas para entrevistas, contratações, treinamento,
gerenciamento e vendas. Os profissionais de entretenimento e de negócios,
assim como atletas e técnicos de esportes amadores, profissionais e olímpicos
usam o treinamento da PNL para melhorar o desempenho (HOOBYAR; DOTZ;
SANDERS, 2018).

Em outras palavras, a PNL permite compreender melhor nosso funcionamento


interno, identificar nossos modelos mentais para que possamos questioná-los,
refletir sobre eles e se é preciso ressignificá-los (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021). No Quadro 1 é possível
identificar uma série de definições aplicadas à PNL.
55
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DE PNL


PNL é o estudo da estrutura da experiência subjetiva.
PNL é uma estratégia de aprendizagem acelerada para a detecção e utilização
de padrões no mundo (John Grinder).
PNL é a epistemologia de retornarmos àquilo que perdemos – um estado de
graça (John Grinder).
PNL é qualquer coisa que funcione (Robert Dilts).
PNL é uma atitude e uma metodologia, que deixam um rastro de técnicas
(Richard Bandler).
PNL é a influência da linguagem sobre nossas mentes e nossos comportamentos
subsequentes.
PNL é o estudo sistêmico da comunicação humana (Alix Von Uhde).
PNL é o método para modelagem de excelência de forma que possa ser
duplicada.
FONTE: Adaptado de Connor (2000)

A partir de técnicas de PNL e ferramentas podemos “reprogramar” a nossa


estrutura interna com foco nos resultados que queremos alcançar.

Reflita: “Ou você molda os seus pensamentos, ou alguém os


molda por você. Ou você direciona a sua vida, ou alguém faz isso por
você” (Tony Robbins).

Se pararmos para refletir, todos nós temos histórias de vida, interesses,


valores, crenças e motivações completamente diferentes, o que faz com que
tenhamos percepções de mundo diferentes. Isso faz com que pessoas vejam as
situações de formas distintas e, consequentemente, também reajam de outras
maneiras, o que pode interferir diretamente no relacionamento interpessoal
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

A realidade externa de um evento é igual para todos, e recebemos as


informações através dos nossos canais sensoriais (NEURO), que passam
por filtros (PROGRAMAÇÃO) e formam uma representação interna para a
pessoa. Essa representação interna gera um estado na pessoa, ou seja, leva
a diferentes emoções que acabam interferindo na fisiologia e também nos
comportamentos, nas ações dessa pessoa, tanto no aspecto verbal quanto não
verbal (LINGUÍSTICA).
56
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

FIGURA 6 – SIGNIFICADO DE PNL

FONTE: <https://www.pnl.com.br/o-que-e-pnl/>. Acesso em: 28 jun. 2021.

A grande questão está vinculada aos filtros utilizados, pois estes são
diferentes para cada pessoa. É comum uma pessoa, ao processar as informações,
omitir alguma parte ou logo já generalizar a informação, podendo até distorcê-la,
baseado em seus valores, crenças e histórico de vida (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

Então, ao observar a reação ou o comportamento de uma pessoa frente à


determinada situação, é importante termos claro que esta pessoa tem um mapa
de mundo diferente do nosso. E para ajudá-la no seu desenvolvimento, devemos
primeiramente compreender o “mapa” que ela utiliza.

A programação neurolinguística tem muitas aplicações e benefícios, além


da vantagem de poder ser ensinada e aprendida com facilidade; e seus efeitos
resultam em mudanças muito rápidas e benéficas. Com ela é possível gerenciar
melhor as emoções e sentimentos, assim como programar comportamentos.

Com potencial de provocar sobre esses atributos humanos, é possível


aumentar a performance pessoal em tudo o que se deseja desempenhar na vida
acadêmica, profissional e pessoal.

57
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

FIGURA 7 – COMO A PNL PODE TE AJUDAR?

FONTE: <https://www.aprimoresuamente.com/quais-os-
beneficios-da-pnl/>. Acesso em: 28 jun. 2021.

2.1 TÉCNICAS DA PNL


A Programação Neurolinguística compreende diversas técnicas para que você
consiga mudar os caminhos que o seu cérebro tem para enfrentar as situações
do dia a dia. Muitas vezes, por força do hábito ou por não ter encontrado uma
forma diferente de resolver problemas, o ser humano toma atitudes que podem
ser prejudiciais ao seu desenvolvimento pessoal ou profissional.

Quando as técnicas são conhecidas, podemos alterar nosso estado interno e


conhecer em níveis neurológicos profundos os gatilhos que resultam em nossas
ações ou até pensamentos. Vamos abordar agora, as principais técnicas utilizadas
na PNL.

• ANCORAGEM

De acordo com a Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística


(2021), as âncoras de PNL fazem parte das técnicas que ajudam as pessoas
a mudarem as suas vidas! A principal função delas é evitar que as nossas

58
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

emoções fiquem à deriva. Dessa forma, as âncoras são utilizadas consciente e


inconscientemente, a todo momento, criando condições de lidar com diferentes
momentos e situações.

o O conceito de âncora: ao pensarmos em um barco se deslocando pela


água em direção ao seu destino, podemos perceber que há momentos
em que ele deve parar ou pelo menos diminuir sua velocidade. Isso
permite que ele não seja levado pelas forças que agem ao seu redor,
como as ondas ou correntezas. Nessa situação, a âncora pode ser
utilizada para alcançar esses objetivos.
o Reconhecendo as próprias âncoras: baseando-se na sua própria
experiência, quais são as âncoras que você estabeleceu ao longo de sua
vida? Elas possuem um efeito positivo ou negativo para as suas ações?
Por exemplo, muitas mulheres se sentem mais poderosas ao usarem
um sapato de salto alto, mostrando que aquele calçado é uma âncora
positiva.
No entanto, também pode acontecer o oposto, com um estímulo retraindo
suas ações. Nesse caso, é possível citar o exemplo de alguém que não
consegue se relacionar amorosamente com outras pessoas depois de
ter vivenciado um relacionamento negativo. Para resolver essa situação,
será importante desconstruir essas ideias e ancorar novos sentimentos
ligados a relacionamentos.
o Procure âncoras positivas: ao perceber a funcionalidade das âncoras
em sua vida, você tem a chance de usar esses mecanismos e melhorar
seu desempenho em todos os aspectos – profissionais ou pessoais.
Para isso, você deve buscar uma lembrança bastante nítida de alguma
experiência já vivenciada anteriormente, para então captar a sensação
desse evento e trazê-la para o presente.
Ao experimentar essa sensação em seu nível máximo, escolha um
gatilho específico. Quando você se deparar com algum momento em
que precisa daquela emoção ou sensação, utilize esse gatilho. Pode
ser necessário repetir esses passos algumas vezes até você fortalecer
essa âncora (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROGRAMAÇÃO
NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

• RAPPORT

Segundo Anthony Robbins, um dos coaches mais respeitados do mundo,


“Rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém”. Ou seja, Rapport é uma
técnica que trabalha nossa empatia, capacidade de compreender emocionalmente
alguém, permitindo que duas pessoas diferentes estabeleçam um novo nível de

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

comunicação que transcende sutilmente barreiras conscientes e inconscientes


e ajuda a criar relacionamentos mais saudáveis e sustentáveis (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

O Rapport é importante no processo de comunicação, uma vez que cria


laços mais fortes de compreensão e entendimento entre as pessoas, tornando-
se potencialmente a base de um relacionamento bem-sucedido, seja pessoal ou
profissional.

No momento de fazer uma venda, por exemplo, ainda que uma pessoa esteja
procurando por um produto, a maneira com que o vendedor faz sua abordagem irá
interferir na decisão de compra do cliente. O mesmo acontece em uma conversa
pessoal.

Quando a outra pessoa tem confiança no que você tem a dizer, a tensão
interpessoal diminui, deixando as pessoas mais à vontade e receptivas. Nesse
tipo de conversa há mais liberdade para a exposição de ideias, desejos,
necessidades e intenções. Por outro lado, sem estabelecer essa relação de
confiança, a comunicação torna-se mais difícil e, às vezes, os objetivos de ambas
as partes não são alcançados, mesmo com o diálogo (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

Como criar Rapport? Uma das formas mais utilizadas para se obter Rapport
é o espelhamento de comportamentos, ou seja, ajustando o seu comportamento
verbal e não verbal para que ele se mova em conjunto com a outra pessoa. Isso
desencadeia uma mensagem de confiança no inconsciente de seu interlocutor,
que sente que você é parecido com ele.

No entanto, essa técnica precisa ser aplicada com elegância, sutileza e


discrição. Caso seja percebida, seu interlocutor poderá ficar irritado, criando o
efeito contrário. Por isso, treine bem antes de fazer isso com outra pessoa para
valer. Os comportamentos que podem ser espelhados são:

a) Qualidades vocais: igualar a tonalidade da voz, assim como o ritmo,


velocidade e volume.
b) Gestos: escolha um movimento corporal feito por seu interlocutor e que
tenha uma frequência – podem ser movimentos das mãos, dos braços
ou algo do tipo.
c) Vocabulário: incorpore em seu vocabulário algumas das palavras que
seu interlocutor usa, tentando igualar, inclusive, a tonalidade usada.
d) Respiração: a respiração também pode ser igualada através do mesmo
ritmo. Esse é um dos exercícios mais complexos, mas que traz uma
incrível capacidade de rapport.

60
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

e) Expressões faciais: coisas simples como apertar os lábios, levantar as


sobrancelhas, enrugar o nariz ou mexer a cabeça afirmativamente já
são métodos de estabelecer o rapport por espelhamento (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA, 2021).

• METÁFORAS

Allen (2015) escreve que as metáforas consistem em encontrar uma relação


análoga à definida pela crença que questione ou reforce a generalização definida
pela crença.

Na PNL, chamamos fragmentar, literalmente, e consiste, basicamente, em


buscar metáforas que nos trazem uma nova perspectiva sobre as implicações
das nossas generalizações ou julgamentos. Por exemplo, podemos dizer
que “a dificuldade de aprendizagem” é como “uma falha em um programa de
computador”. Isso levaria, automaticamente, a perguntas como “Onde está a
falha? ”, ”Qual é a causa e como pode ser corrigida?”.

Todas as metáforas proporcionam benefícios em um contexto e limitações


em outros. Ter uma única metáfora é uma ótima maneira de limitar sua vida. As
metáforas podem mudar o significado associado a qualquer coisa, mudar o que
vincula à dor e ao prazer, e transformar sua vida (ALLEN, 2015).

Faça, com cuidado e inteligência, uma seleção delas para aprofundar e


enriquecer sua experiência da vida e dos que são importantes para você. Torne-
se um "detetive de metáforas". Cada vez que ouvir alguém usar uma metáfora que
imponha limites, intervenha, quebre seu padrão, e ofereça uma nova metáfora.
Faça isso com você e com os outros.

Recorde que as metáforas que utilizamos determinam nossas ações. Tenha


cuidado para não tirar as metáforas que são apropriadas em um contexto, como
o ambiente de trabalho, para outro contexto, como o relacionamento com sua
família ou seus amigos (ALLEN, 2015).

• METAMODELAGEM DE LINGUAGEM

O Metamodelo de Linguagem permite a nossa interação com o mundo. É tudo


o que utilizamos para representar nossa experiência, sejam elas imagens, sons,
palavras, sensações, sentimentos. O metamodelo se resume em um conjunto de
instrumentos com os quais é possível construir uma comunicação melhor, o seu
objetivo é reconectar a sua representação, a sua experiência, o mesmo que dar
nome a coisas e fatos.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Com a técnica do metamodelo é possível tornar a comunicação mais incisiva,


chegando de maneira mais fácil ao seu objetivo. Relacionar-se com o outro
depende da nossa cultura e da forma como fomos criados, cada pessoa tem o
seu padrão de comunicação e de interpretar a realidade (IBCG, 2013).

Em cada conversa, inconscientemente, usamos três filtros ou processos.


Esses filtros são omissão, distorção e generalização. Os filtros transformam o que
nós experimentamos com nossos sentidos em pensamentos e podem funcionar
de forma positiva ou negativa.

A omissão consiste em ser seletivo nas experiências e omitir certas


informações, de modo que uma parte é apagada. Por exemplo, pode-se dizer que
um projeto vai bem porque as metas foram cumpridas, e omitir que os custos
estão acima do orçamento.

A distorção baseia-se em palavras ou ações de pessoas para criar um


significado que não é, necessariamente, certo. Por exemplo, você escuta alguém
rir e pensa que está rindo de você.

A generalização consiste em acreditar que algo é uma verdade universal


com base em uma experiência limitada. Com generalizações, inconscientemente,
desenvolvemos regras que podem ser verdadeiras ou não. As palavras, para
generalizar, podem ser “sempre”, “nunca”, “todo”, “nada”, etc. (ALLEN, 2015).

• ESPELHAMENTO

Espelhamento é copiar, fisicamente, os comportamentos de uma determinada


pessoa, de forma tênue. É a capacidade que a pessoa tem de espelhar apenas
um aspecto do comportamento da outra pessoa durante o momento em que fala
com ela – pode ser a postura que essa pessoa adota, por exemplo (IBCG, 2013).

Uma pessoa que pratica a técnica do espelhamento pode ser surpreendida


ao constatar que a sua percepção ficará mais intensa quando se tornar consciente
dos comportamentos e ações que anteriormente não percebia. Espelhar é uma
coisa que as pessoas fazem automaticamente quando estão diante das pessoas
com as quais se sentem confortáveis.

Aprender a espelhar de propósito para obter rapport qualifica as pessoas


a melhorarem a comunicação com os demais e a ter o apoio de todos que
encontram, de todos que os ajudam a realizar seus objetivos e metas.

Pesquisas recentes confirmaram que espelhar a linguagem corporal de uma


pessoa aumenta dramaticamente o relacionamento. Esse achado confirma os

62
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

resultados de pesquisas anteriores, especialmente no campo da psicologia social:


copiar as palavras e os gestos da pessoa que você está encontrando aumentará
a boa vontade entre vocês.

O espelhamento acontece muito naturalmente quando as pessoas estão


falando. É o caso de um ouvinte quando sorri, franze a testa ou acena com a
cabeça junto com a pessoa que está falando (IBCG, 2013).

Essa técnica de copiar o comportamento de outras pessoas é aprendida


desde sempre. Bebês e crianças pequenas aprendem palavras e gestos copiando
adultos, que respondem com prazer a esse tipo de comportamento. Espelhar é
como uma dança. Enquanto conversam normalmente, duas pessoas se combinam
como se estivessem dançando, naturalmente, fazendo ajustes na linguagem
corporal e nas palavras.

• MÉTODO DISNEY

Essa técnica consiste em organizar o pensamento para que você ou sua


equipe ampliem a capacidade para alcançar metas e sonhos. Ela foi idealizada
pelos pesquisadores e desenvolvedores da Programação Neurolinguística, Todd
Epstein e Robert Dilts, que estudaram o processo de criação realizado por Walt
Disney com objetivo de modelar as habilidades de compreender, condensar,
simplificar e realizar de Disney (IBCG, 2013).

Após estudos, reconheceram que durante o processo de criação da Disney


utilizou-se três tipos de pensamento: sonhador, planejador e crítico. Mas se
analisarmos, cada um de nós tem essas três "personalidades" em si. Então, o que
torna essa estratégia diferente e com grande potencial?

A grande diferença é que essa abordagem é feita sequencialmente, uma após


a outra, diferente do que acontece na maioria dos nossos pensamentos, em que
as três "personalidades" atuam ao mesmo tempo, provocando um pensamento
confuso, embaralhado, que frequentemente resulta no abandono de projetos e
ideias (IBCG, 2013).

Vamos conhecer mais sobre esse método? Observe a figura a seguir.

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FIGURA 8 – MÉTODO DISNEY

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Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

FONTE: <https://america24h.tv/noticias/103-melhore-o-processo-criativo-
com-o-m%C3%A9todo-de-walt-disney.html>. Acesso em: 25 jul. 2021.

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Abordados os conceitos e técnicas da programação neurolinguística, é hora


de nos aprofundarmos nesse assunto na área da educação. Vamos lá?

3 PROGRAMAÇÃO
NEUROLINGUÍSTICA (PNL) NA ÁREA
DA EDUCAÇÃO
As habilidades disponibilizadas pela PNL são úteis na comunicação, gestão de
equipes, gerenciamento de projetos, a lidar com situações difíceis e em qualquer
ocasião quando for necessário interagir com pessoas ou alcançar a excelência
pessoal. As ferramentas lhe permitem alcançar uma profunda compreensão dos
padrões de comportamento e de como as pessoas podem responder a diversas
situações. Ajudará você a trabalhar de forma eficiente e eficaz. Todos podem se
beneficiar da PNL, sejam empresários, desportistas, atores, estudantes, líderes,
políticos etc. (ALLEN, 2015).

O domínio que você tem da comunicação e do mundo externo determinará


seu grau de êxito com os outros, no aspecto pessoal, emocional, social e
econômico. Mas também, o grau de sucesso que você alcança interiormente
é resultado de sua comunicação consigo. Sua percepção não resulta do que
acontece em sua vida, mas da sua interpretação para o que acontece. Você é
a única pessoa que pode decidir como quer se sentir e agir de acordo com sua
percepção das suas experiências.

Você deve saber que os estados emocionais, como a depressão, não são
coisas que ocorrem sem mais nem menos. Uma pessoa não “cai” em uma
depressão, ela a cria, da mesma forma como qualquer outro “resultado” na vida é
obtido através de determinadas ações mentais. A pessoa que se sente deprimida
está contemplando a vida de uma forma particular, e diz coisas para si com uma
determinada entonação, adotando uma postura física específica (ALLEN, 2015).

O mesmo acontece com as pessoas de êxito. Elas alcançam a excelência


por trilhar um caminho coerente até o sucesso. As pessoas podem fazer,
praticamente, qualquer coisa que conseguem encontrar, em seu interior, os
recursos para acreditar que podem trabalhar eficazmente. Todos podemos trazer
à tona o poder que temos em nosso interior. Só devemos aprender a colocar
em prática e utilizar a nossa mente e o nosso corpo da forma mais poderosa e
rentável possível (ALLEN, 2015).

66
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

A aprendizagem é um processo constante no qual a pessoa altera o seu


comportamento para modificar os resultados que está gerando no ambiente.
Além disso, envolve a capacidade de estabelecer mapas cognitivos para se
adequar ao meio e atingir os resultados desejados. Para tal ação é necessária
a construção desses mapas que são grandemente influenciados por diversos
tipos de representações e experimentos realizados por nossa mente, entre elas, a
linguagem (RAMOS, 2020).

Embora a PNL ainda não esteja sendo considerada ciência, ela utiliza
elementos que podem ser examinados pela ciência consagrada para atuar. Desse
modo, são extremamente relevantes as discussões que versam sobre o tema,
principalmente no que diz respeito à aplicação das técnicas de PNL no âmbito
escolar, já que muitas de suas ferramentas utilizam mecanismos cognitivos
para programar o cérebro a agir sobre hábitos determinados, por processos de
estruturação mental definidos e organizados para o resultado desejado (LIMA,
2016).

Em outras palavras, pode-se dizer que a PNL é uma disciplina capaz


de promover, por meio de técnicas de memorização, de construção de mapas
mentais, hábitos de alta produtividade. Dentro dessa conjuntura, pode-se dizer
que no campo educacional ela tem importante papel, principalmente no que diz
respeito a sua alta capacidade de promover a modelagem, técnica que consiste
em estudar comportamentos que levam ao sucesso e reaplicá-los em outros que
desejam atingir o mesmo objetivo. De certa forma, a PNL é a ciência que utiliza
uma metodologia para o sucesso capaz de, por meio de ferramentas, nos fazer
atingir resultados excepcionais na área que quisermos obtê-lo (LIMA, 2016).

A PNL adentra o cenário escolar com o objetivo de qualificar o trabalho


docente, reduzindo os obstáculos enfrentados diariamente, tanto por docentes
quanto por discentes. Ao expor os caminhos para a apreensão de conhecimento,
o bom professor precisa ter consigo o entendimento de que cada aluno possui
uma forma de assimilar o que está sendo exposto. O professor precisa identificar
essas diferentes formas de aprendizagem. Logo, lembramos do sistema de
filtros da mente do ser humano, dessa forma, compreende-se que os agentes
extraclasse influenciam de forma maciça o aprendizado dentro da sala de aula
(LIMA, 2019).

Mas como utilizar a PNL na educação? Para Allen (2015), a PNL ajuda a
desvendar e interpretar situações e esclarecer nossos sentimentos e pensamentos.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Inicialmente, necessitamos compreender como se estabelecem os padrões


de pensamentos, comportamentos e como desenvolvemos hábitos e programas
mentais. Posteriormente, podemos considerar formas para reprogramar nossas
mentes e criar novos caminhos neurológicos para alcançar o sucesso (ALLEN,
2015).

Nós armazenamos informações em nossa mente com base nas experiências


e sentidos. As informações estão associadas a determinadas pessoas, lugares
ou situações e podem ser positivas ou negativas. Compreender como utilizar
as experiências positivas como um banco de recursos é tão importante como
aprender a lidar com as situações negativas para deixar de repetir hábitos antigos
(ALLEN, 2015).

A compreensão de como seu cérebro cria seus pensamentos e de como ele


desenvolve conexões pode fazer você entender como enfrenta certas situações,
consciente e inconscientemente. Aprender a mudar hábitos e reconectar
pensamentos lhe permite ter mais flexibilidade e desenvolver novas abordagens
para situações complexas (ALLEN, 2015).

Nesse contexto é que se insere os estilos de aprendizagem, também


conhecidos como sistemas de representação ou sentidos, que nada mais é que
a forma que se usa para obter conhecimento. Porém, cada indivíduo aprende do
modo pessoal e único. Conceitualmente, o estilo de aprendizagem não é o que
se aprende, e sim a forma como se comporta durante o aprendizado. Isso ajuda
a explicar por que uma pessoa pode aprender a falar todo o alfabeto após ler um
livro de alfabetização, enquanto outros podem aprender a mesma coisa brincando
com blocos de construção com letras (ALLEN, 2015).

Os estilos de aprendizagem têm gerado grande interesse, mas também


controvérsia nos últimos 30 anos. Segundo Valente (2019), Thurstone, em 1924,
foi um dos primeiros autores a fazer referência ao papel dos estilos cognitivos no
desempenho intelectual. Mais tarde, em 1937, Allport usou o termo para designar
abordagens individuais para resolver problemas, receber e recuperar informações
memorizadas. A partir dessas observações, diferentes autores mencionaram as
relações entre estilos cognitivos e o processo de ensino e aprendizagem como
uma abordagem individual por meio da qual as pessoas respondem a situações
de aprendizagem (VALENTE, 2019).

Para Felder (2017), os estilos de aprendizagem são uma preferência


característica e dominante na forma como as pessoas recebem e processam
informações, considerando os etilos como habilidades passíveis de serem
desenvolvidas. Para o autor, alguns aprendizes tendem a focar em estratégias
mais visuais, com ênfase em imagens, figuras, esquemas, enquanto outros

68
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

absorvem melhor a partir de mensagens verbais, explanações orais ou escritas,


e outros, ainda, demonstram grande interesse por cálculos, dados, teorias.
Uns preferem aprender de modo ativo e interativo, enquanto outros já têm uma
preferência mais introspectiva e individual.

O crescente número de investigações sobre os processos de ensino e de


aprendizagem aponta para a preocupação em melhorar o desempenho.

A avaliação dos estilos de pensar e aprender, tanto no sentido de obter


vantagens dos potenciais identificados como no enfrentamento dos limites
percebidos é uma oportunidade que vem crescendo, já que permite verificar a
forma como as pessoas agem ou como pensam, e não as habilidades adquiridas.

No entanto, avaliar os estilos de aprendizagem e entender como os


estudantes processam a informação não é algo trivial. No Quadro 2 são
apresentados diferentes instrumentos utilizados por alguns autores para avaliar
os estilos de aprendizagem, e cada um traz uma classificação específica, mas
todos objetivam mensurar os tipos de capacidades mediadoras, de percepção
de ordem, de julgamento, de entendimento ou de processamento da informação
(CANTO; BASTOS, 2020).

QUADRO 2 – RESUMO DAS TEORIAS E INSTRUMENTOS DE


AVALIAÇÃO DOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM
Referência Teoria Instrumento Elementos do Estilo
Myers; Não Inventário Myers- Extrovertido/introvertido;
Briggs, identificada Briggs Type sensorial/intuitivo;
1970 Indicator (MBTI) reflexivos/sentimentais;
julgadores/perceptivos
Grasha, Aprendizado Escala de Estilos Independente/dependente;
1972 Universitáriode Aprendizagem colaborativo/competitivo;
do Estudante participante/ausente.
Grasha-Riechmann
Kolb, 1976 Aprendizado Inventário de Estilos Acomodador; convergente;
vivencial de Aprendizagem assimilador; divergente.
Nunney, Estilo Cognitivo Inventário de Símbolos e seus
1978 educacional Estilo de Interesse significados; determinantes
Cognitivo culturais; modalidades
de inferência.
Albrecht, Compreensão Mindex Blue sky; Blue earth;
1980 sobre o Red sky; Red Earth.
cérebro
Lynch, Estrutura da BrainMap Controle; exploração;
1981/1984 Cérebro compra; preservação.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Hermann, Funcionamento Formulário de Cerebral left; limbic left;


1981/1988 de Cérebro Participante cerebral right; limbic right.
Price; Aprendizado Pesquisa de Ambiente imediato;
Dunn; de crianças em preferências de emocional; necessidades
Dunn, 1982 sala de aula produtividade sociais; necessidades
ambiental físicas.
Gregorc, Não Capacidades Percepção abstrata
1982 identificada mediadoras e concreta; ordem
de percepção sequencial e aleatória.
e de ordem
Honey; Aprendizagem Questionário Executores/ativista;
Mumford, vivencial de estilos de Executores/pragmático;
1982 aprendizagem Pensadores/refletor;
Pensadores/teorista.
Canfield, Não Inventário de estilos Condições; conteúdo;
1983 identificada de aprendizagem forma; expectativa
Ward, 1983 Não Não identificado Idealista; pragmático;
identificada realista; existencialista.
Myers; Tipos Inventário de Tipo Extroversão/introversão;
Mccaulley, psicológicos Myers-Briggs sensação/intuição;
1985 (Jung) pensamento/sentimento;
percepção/julgamento.
Kannar, Fatores Teste de estilos de Auditivo; visual; cinestésico.
1995 fisiológicos aprendizagem
Casado, Tipos Inventário Brasileiro Extroversão/introversão;
1998 psicológicos para Diagnóstico sensação/intuição;
(Jung) das Diferenças pensamento/sentimento;
Individuais percepção/julgamento.
Felder; Não Índices de estilos Percepção (sensorial/
Saloman, identificada de aprendizagem intuitivo); organização
1998 (indutiva/dedutiva);
processamento (ativo/
reflexivo); compreensão
(sequencial/global).
Fleming, Mapa de Modelo VARK Visual; aural-read;
2001 estilos e write; kinesthetic.
aprendizagem
Oxford, Não Instrumento VAK; introvertido/
2003 identificada padronizado extrovertido; intuição/
de Oxford pensamento analítico;
mente fechada/aberta;
e global/analítico.
FONTE: Adaptado de Mendes e Bottentuit Júnior (2015 apud CANTO; BASTOS, 2020)

70
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

A teoria dos estilos de aprendizagem vem se consolidando ao longo dos anos


pela sua relevância e pela contribuição para a prática pedagógica, permitindo
conhecer o que está sendo pesquisado, orientando a proposição de novos
estudos e apontando as lacunas existentes na área (CANTO; BASTOS, 2020).

Existem cinco sentidos principais (visão, audição, tato, paladar, olfato).


Usamos nossos sentidos para interpretar o mundo ao nosso redor. Normalmente,
a comunicação é mais eficaz quando utilizamos todos os nossos sentidos. Eles
nos ajudam a avaliar situações, analisar eventos e interpretar o ambiente ao
nosso redor.

Ainda que a maioria de nós temos estes cinco sentidos, interpretamos de


forma distinta. Algumas pessoas, por exemplo, amam o cheiro do café e outras
não o suportam. A PNL nos ajuda a entender como as pessoas interpretam o
mundo e quais são seus sentidos preferidos (ALLEN, 2015).

Considere um jardim. Uma pessoa pode amar o cheiro da grama molhada,


enquanto outra pessoa pode preferir o perfume das flores, e uma terceira pessoa
pode preferir escutar o canto dos pássaros. Uma mesma cena pode significar
coisas diferentes para pessoas diferentes dependendo do sentido preferido de
cada uma (ALLEN, 2015).

Vamos conhecer os cinco sentidos?

• Visual: o que vemos, imagens, usando cores e decoração. Preferência


pelas informações apresentadas graficamente.
• Auditivo: o que ouvimos, sons, vozes, música. Processa as informações
apresentadas verbalmente.
• Cinestésico (tato): o que sentimos ao tocar. Preferência por tocar e
experimentar as coisas pessoalmente. Aprende bem, fazendo.
• Gustativo: o que saboreamos. Respostas relacionadas a refeições e
bebidas.
• Olfativo: o que cheiramos. Vinculado a cheiros e recordações.

Nota: o sentido olfativo age, diretamente, no sistema límbico,


mais rápido que todos os outros sentidos. Pensa-se que as mulheres
são mil vezes mais sensíveis aos aromas do que os homens.

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FIGURA 9 – OS CINCO SENTIDOS

FONTE: <https://www.infoescola.com/biologia/sistema-
sensorial/>. Acesso em: 30 jun. 2021.

Na comunicação diária são usados, com maior frequência, três sentidos:


visual, auditivo e cinestésico. Falar com alguém usando a linguagem do sentido
preferido dessa pessoa aumenta o rapport e melhora a comunicação. Vamos
conhecer um pouco mais sobre estes três sentidos, de acordo com Motta (2020).

3.1 VISUAL
Os alunos desse grupo conseguem memorizar matérias, nomes e dados com
mais facilidade quando estimulam a visão. Slides, gráficos, diagramas, ilustrações
e textos são os materiais mais adequados para revisar e estudar depois das aulas,
sempre em ambientes tranquilos e silenciosos. Para eles, qualquer som funciona
como uma distração.

Em sala de aula, portanto, é fundamental tomar nota de tudo o que foi dito,
já que a escrita também é uma forma de estimular a visão. Em casa, dá para
aproveitar esse material de outras maneiras, combinando as anotações com
imagens e outros elementos visuais que ampliam o contexto do tema estudado.
Outra possibilidade é preparar resumos gerais, cartazes e fichamentos que
facilitam o resgate na memória de assuntos específicos.

3.2 AUDITIVO
Estimular a audição não tem a ver, necessariamente, com estudar em
ambientes barulhentos. Alunos auditivos precisam de silêncio e concentração
para ouvir a explicação dos professores e repassar o conteúdo em voz alta, mais
tarde, na hora de estudar. A melhor alternativa é buscar ambientes tranquilos, que
não sejam afetados por ruídos externos.

72
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

Além de repetir as informações em voz alta, outras técnicas auditivas ajudam


na memorização das matérias. Graças aos milagres da tecnologia, é possível
estudar com a ajuda de livros e documentários em áudio e podcasts especiais
dentro do tema discutido em sala de aula. Vídeos também podem ajudar, desde
que a visão não atrapalhe a audição, claro.

3.3 CINESTÉSICO
Para estes alunos, não basta apenas ler ou ouvir as explicações do professor.
Eles precisam entender o conteúdo na prática, com a mão na massa. Por isso, a
dica é estar sempre em movimento, fazendo algumas pausas relaxantes durante
os estudos.

Isso porque os cinestésicos nem sempre aguentam passar tanto tempo


parados, apenas resolvendo exercícios, sem qualquer ação. Os primeiros sinais
desse método aparecem já na infância. Alunos cinestésicos apresentam desde
cedo o gosto por montar e desmontar alguns brinquedos.

Outro macete é contar com uma série de gestos e ações para ‘gravar’ o que
foi passado nas aulas. Laboratórios, atividades em campo, viagens e pequenos
experimentos caseiros também trazem bons resultados, já que transformam
teorias em algo palpável, real.

Todos nós temos traços de todas essas dimensões, e o interessante na


perspectiva da PNL é que o modo como entendemos a realidade está intimamente
relacionado com a nossa personalidade e também com nossos sentidos. É uma
forma a mais para nos conhecermos, outra perspectiva interessante com a qual
se pode virar a chave do autoconhecimento.

Importante ressaltar que toda e qualquer técnica não pode


suplantar recursos mnemônicos, naturalmente, que efetuam resgates nos porões
da memória por determinados estímulos ambientais, o chamado down time, ou
seja, atenção voltada para dentro, desligamento da situação externa e que, em
geral, produz interpretações errôneas quanto ao sentido desse comportamento do
aluno. A ideia é, então, produzir up time, em que podemos gerar concentração para
resolução de problemas e manter o foco de atenção ao que somos chamados.

“Estudos realizados por Trinity College mostraram que, em ratos, a


potenciação causada pela novidade pode durar até meia hora (30 minutos) após a
primeira estimulação neural gerada pela novidade”. Essa informação nos remete

73
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

aos cuidados na elaboração da aula e escolha de métodos, estratégias e recursos


que melhor se adéquem ao desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades
vinculados ao tema a ser abordado. Fundamentamo-nos em quatro alicerces:

1. O despertar da curiosidade.
2. O cuidado com os estilos de aprendizagem.
3. As técnicas de estudo.
4. O uso de TIC (tecnologias da informação e comunicação) em sala de
aula.

Para fomentar a interatividade entre os alunos e a conexão com o aprendizado


é apropriado que o docente busque organizar suas aulas adotando metodologias
integradoras e TIC, que inste os alunos perguntas, argumentações, momentos de
socialização em grupos, ou seja, a efetivação da comunicação em suas diferentes
nuances, além disso, proporcione o desenvolvimento de senso de equipe, a
exploração individual e em grupo de suas capacidades criativas, dentre outras
habilidades. A própria aula expositiva precisa ser planejada, inserindo momentos
para que se torne dialogada, de maneira que o aluno se expresse e mantenha o
contato ad hoc com os colegas, presencial e virtualmente.

Redes ad hoc são redes que não possuem um nó ou terminal


especial (ponto de acesso). Ad hoc é uma expressão latina que
significa “para esta finalidade” ou “com este objetivo”. Em geral,
trata-se de uma solução destinada a atender a uma necessidade
específica ou resolver problema imediato. Alguns a definem como
“rede de igual para igual”. Nas redes ad hoc, os dispositivos podem
se comunicar diretamente entre si, o que permite maior flexibilidade
na rede.

Connor (2000) escreve que a aprendizagem sempre envolve


autodesenvolvimento – aprender a agir de forma diferente, pensar de forma
diferente e nos sentirmos diferentes. A aprendizagem é natural. Aprendemos a
todo momento; é parte da adaptação a circunstâncias mutantes. No entanto, nem
sempre pensamos nisso como aprendizagem.

74
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

Aprender não é a mesma coisa que ensinar e pode nada ter a ver com a
forma de ensinar. Podemos aprender algumas coisas quando somos ensinados
de forma direcionada por um professor ou tutor, e outras coisas no processo
individual de vivência do mundo. Por exemplo, no processo de aprendizagem,
pode-se ensinar utilizando diversas metodologias, muitos alunos podem vir a
crer que não são capazes de aprender, quando na verdade não seriam bons em
serem ensinados na forma tradicional que direcionamos o aprendizado, de acordo
com alguns parâmetros apontados nas pesquisas atuais de forma de aprender e
ensinar com a PNL.

A aprendizagem também não é a mesma coisa que educação. Educação


descreve os resultados da aprendizagem e é frequentemente testada através
de exames. A origem da palavra advém do latim educere, significando “extrair,
retirar”. Educação diz respeito a professores retirando os recursos e capacidade
dos alunos em linha com a pressuposição da PNL de que “todos já têm todos
os recursos de que precisam, ou podem adquiri-los”. Essa pressuposição dá
empowerment tanto ao professor quanto ao aluno (CONNOR, 2000).

FIGURA 10 – RELAÇÃO ALUNO-PROFESSOR

FONTE: Connor (2000, p. 28)

Não se pode ter um professor sem um aluno; o ensino não pode existir como
atividade por si só. Não faz qualquer sentido dizer: “Ensinei a matéria, mas os
alunos não a aprenderam”. Isso é o equivalente educacional da piada de médicos:
“ A cirurgia foi um sucesso, mas o paciente morreu”. O professor também é um
aprendiz, embora vá aprender algo diferente daquilo aprendido pela pessoa a
qual estiver ensinando (CONNOR, 2000).

Com demasiada frequência, a educação é vista como o professor despejando


conhecimento na vasilha vazia – o aluno. Isso não é educação, é injeção de
conhecimento. Essa pressuposição deixa o professor literalmente “esvaziado”. E

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o aluno se sentindo dependente e “inchado de conhecimento”. Exames podem


criar “bulimia educacional” – engula rapidamente e depois regurgite no momento
certo para abrir espaço para o próximo porre (CONNOR, 2000).

Connor (2000) destaca ainda que a aprendizagem tradicional pode ser


dividida em quatro estágios principais:

a) INCOMPETÊNCIA INCONSCIENTE: você não sabe e não sabe que não


sabe. Pense em alguma atividade que você faz bem agora, tal como ler,
praticar algum esporte ou dirigir um automóvel. Houve um tempo em que
você não sabia a respeito. Sequer tinha consciência disso.
b) INCOMPETÊNCIA CONSCIENTE: agora, você treina a habilidade, mas
não é muito bom nela. No entanto, aprende rápido nesse estágio, porque
quanto menos você sabe, maior o espaço para melhoria. Você obtém
resultados imediatos.
c) COMPETÊNCIA CONSCIENTE: neste estágio, você tem a habilidade,
mas ainda não é consistente e habitual. Você precisa se encontrar. Essa
é uma parte satisfatória do processo de aprendizagem, mas a melhoria
é mais difícil. Quanto melhor você for, maior o esforço necessário para
alcançar um ganho perceptível.
d) COMPETÊNCIA INCONSCIENTE: agora, a sua habilidade é habitual
e automática. Você não precisa pensar nela. Essa é a meta da
aprendizagem, a de colocar o quanto for possível dessa habilidade nos
treinos de competência inconsciente, de forma que sua mente consciente
esteja livre para fazer outra coisa como, por exemplo, conversar com os
passageiros e ouvir música enquanto dirige um automóvel.

FIGURA 11 – CICLO DE APRENDIZAGEM

FONTE: <http://www.aikinews.com.br/index.php/artigos/12-as-4-fases-
do-aprendizado-segundo-robert-dilts>. Acesso em: 30 jun. 2021.

76
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

Esse é caminho normal da aprendizagem, porém, o autor acrescenta mais


um passo:

a) MAESTRIA: a maestria é mais do que competência inconsciente; possui


uma dimensão estética adicional. Não só é eficaz, mas lindo de se ver.
Quando você alcança a maestria, não precisa mais tentar; tudo acontece
em um fluxo constante, você adentra um “estado de fluxo”. Tal estágio
tem tempo e esforço para ser alcançado, mas os resultados são mágicos.

A aprendizagem em qualquer nível demanda tempo. Leva cerca de 1.000


horas para se alcançar competência consciente em qualquer habilidade que valha
a pena. Leva cerca de 5.000 horas para se chegar à competência insciente. E são
necessárias cerca de 25.000 horas para se chegar à maestria (CONNOR, 2000).

Existem dois atalhos. O primeiro é um bom ensino. Um bom professor manterá


seu nível de motivação elevado, dividirá o trabalho em partes gerenciáveis, lhe
proporcionará uma série constante de pequenos sucessos, o manterá em um bom
estado emocional e satisfará sua curiosidade intelectual sobre a matéria. Também será
bom na matéria ele próprio e acelerará sua aprendizagem, sendo um bom modelo. Não
só lhe dará o conhecimento, mas também uma boa estratégia para o assimilar.

O segundo atalho é a aprendizagem acelerada. Ela vai diretamente do


primeiro estágio (incompetência inconsciente) para o quarto estágio (competência
inconsciente), passando por cima dos estágios conscientes. A modelagem PNL é
um dos caminhos para a aprendizagem acelerada. (CONNOR, 2000).

Por fim, há muitos desafios. Os professores encontram-se no olho de um


furacão educacional. O perfil de nossos alunos está se alterando, a sociedade
apresenta avanços tecnológicos diversos, o mercado de trabalho faz exigências
sobre os profissionais do futuro, novas gerações despontam com características
muito próprias. Urge repensar a formação de professores e as propostas para a
escola contemporânea.

4 A ESTRUTURA DO PENSAMENTO:
APRENDIZAGEM, AÇÃO E REAÇÃO
Os neurônios são os responsáveis por seu pensamento. À medida que
pensa, imagina ou aprende algo, mensagens são transmitidas entre neurônios
formando conexões cerebrais. Cada neurônio se comunica liberando substâncias
químicas chamadas neurotransmissoras, que transportam as mensagens entre os
neurônios (ALLEN, 2015).

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Os dendritos e axônios conectam cada neurônio. Os dendritos recebem as


informações e os axônios as transmitem. Entre cada neurônio existe um pequeno
espaço chamado sinapses, pelo qual circulam os neurotransmissores.

O cérebro está em constante mutação à medida que as conexões sinápticas


crescem e se tornam mais estáveis. Se as conexões não são utilizadas,
enfraquecem e eventualmente se perdem. As atividades intelectuais mantêm as
conexões sinápticas fortes e saudáveis (ALLEN, 2015).

Você tem um potencial infinito em seu cérebro e, provavelmente, usa menos


de 5% desse potencial. O cérebro é o órgão mais complexo no corpo humano e
com a maior capacidade para se reinventar (ALLEN, 2015).

Segundo Allen (2015), as três regiões envolvidas no pensamento são:

• Córtex cerebral:
o Hemisférios esquerdo e direito.
o Processa informações visual, auditiva e cinestésica (tato). Controla
os processos intelectuais (falar, ver, ouvir, raciocinar, pensar).
o Esta área considera uma situação e, baseada em lembranças, decide
como reagir.

• Cérebro mamífero (sistema límbico):


o Conta com a amígdala, o hipotálamo, o tálamo e o hipocampo.
o Tem um papel vital na memória em longo prazo.
o Controla as emoções, a sexualidade, a saúde e o sistema imunológico.
o Mantém a pressão sanguínea, a frequência cardíaca, a temperatura e
os níveis de açúcar no sangue.

• Cérebro réptil:
o Controla a respiração e o sono.
o Detecta informações sensoriais, controla a temperatura e a digestão.

78
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

FIGURA 12 – TRÊS CAMADAS DO CÉREBRO (TRINO)

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

FONTE: <https://garantiaon.com/quais-sao-os-3-cerebros/>. Acesso em: 30 jun. 2021.

Os Três Cérebros - Cérebro Reptiliano, Sistema Límbico,


Neocórtex - Instinto/Emoção/Razão
Link: https://www.youtube.com/watch?v=EVnmeamqhWc.

4.1 SISTEMA LÍMBICO


O sistema límbico, também conhecido como cérebro emocional, é um
conjunto de estruturas localizado no cérebro de mamíferos, abaixo do córtex e
responsável por todas as respostas emocionais (TODA MATÉRIA, 2021).

O nome "límbico" é derivado da ideia de limbo por se situar no limite de partes


da neuroanatomia do cérebro entre o córtex e o cérebro reptiliano. Esse termo foi
criado em 1878 pelo médico e anatomista francês Paul Broca.

Dentre as diversas funções pelas quais o sistema límbico é responsável


estão: as respostas emocionais, o comportamento e a memória.

O sistema límbico é conhecido como a base de nossas emoções e


pensamentos. Conforme a informação viaja para o sistema límbico, ela se conecta
a uma emoção ou lembrança para armazenar os dados no cérebro. Logo, as
emoções são armazenadas até que se necessite delas.

A grande função do sistema límbico nos seres humanos é coordenar as


atividades sociais que possibilitam a manutenção da espécie através de sua vida
em sociedade (TODA MATÉRIA, 2021).

80
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

As emoções e sentimentos só são possíveis através do funcionamento do


sistema límbico. Desenvolver relações que permitam uma vida em comunidade
dependem da atividade dos neurônios localizados nessas estruturas.

FIGURA 13 – SISTEMA LÍMBICO

FONTE: <https://www.todamateria.com.br/sistema-limbico/>. Acesso em: 30 jun. 2021.

O sistema límbico é o conjunto de diversas estruturas de neurônios


conectadas que atuam de forma integrada e complementar. Suas principais
estruturas são:

1. Giro do cíngulo
O giro do cíngulo ou giro cingulado é a área responsável por uma série de
respostas emocionais como a relação entre odores e imagens com a memória de
experiências agradáveis.

2. Amígdalas
As amígdalas são duas estruturas esféricas da neuroanatomia do sistema
límbico. É uma das áreas mais importantes, responsável por respostas emocionais
relativas ao comportamento social de humanos e outros mamíferos. É umas das
principais áreas do controle da agressividade.

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A área é ligada ao hipocampo e ao hipotálamo por meio do fórnix. Desenvolve


uma série de ligações que controlam diversas atividades autônomas do corpo,
como as alterações emocionais dos batimentos cardíacos, da respiração e da
pressão arterial.

A relação entre os estímulos emocionais e respostas musculares como


gestos ou expressões faciais também são mediadas por esse grupo de neurônios.

3. Tálamo
O tálamo é responsável pela comunicação dos neurônios de diversas áreas
do sistema límbico. Localizado na parte mais interior do encéfalo, suas conexões
estão relacionadas às funções motoras e sensitivas.

4. Hipotálamo
O hipotálamo é uma das áreas mais importantes do sistema límbico. Possui
a função de regular a produção hormonal e outros processos metabólicos, realiza
a conexão do sistema nervoso ao sistema endócrino.

As atividades realizadas pelo hipotálamo controlam todo o ciclo biológico,


sono, fome, sede, temperatura corporal e é o centro da atividade sexual. O
hipotálamo é responsável também pela regulação de diversas atividades
autônomas do corpo.

5. Septo
O septo coordena as relações entre as sensações de prazer, memórias e as
funções sexuais, como o orgasmo.

6. Corpo mamilar
O corpo mamilar é responsável pela transmissão dos impulsos oriundos
das amígdalas e do hipocampo. Também funciona na manutenção da memória
recente e da memória espacial ligada à localização de objetos e eventos.

4.2 APRENDIZAGEM E
DESENVOLVIMENTO HUMANO
Para compreender o processo de aprendizagem faz-se necessária
uma abordagem teórica sobre o desenvolvimento cognitivo no processo da
aprendizagem. Foi descrito por Jean Piaget, um psicólogo suíço, falecido em
1980, cujos trabalhos são mundialmente conhecidos e, por mais de quarenta

82
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

anos realizou pesquisas com crianças visando não somente a conhecer melhor
a infância para aperfeiçoar os métodos educacionais, mas também para
compreender o homem (MIRANDA; SILVA, 2021).

Usando a observação direta, sistemática e cuidadosa de crianças (incluindo


seus três filhos), Piaget chegou a uma teoria que revolucionou nossa compreensão
do desenvolvimento intelectual. Essa teoria foi o desenvolvimento mental do ser
humano no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade.

Piaget propôs, antes de qualquer coisa, que o desenvolvimento cognitivo se


realiza em estágios. Isso significa que a natureza e a caracterização da inteligência
mudam significativamente com o passar do tempo. Em linhas gerais, Piaget
esquematiza o desenvolvimento intelectual nos estágios seguintes: sensório-
motor (de zero a dois anos); pré-operacional (de dois a seis anos); de operações
concretas (de sete a onze anos); de operações formais (doze anos em diante). As
idades atribuídas ao aparecimento dos estágios não são rígidas, havendo grande
variação individual (MIRANDA; SILVA, 2021).

A análise da relação entre desenvolvimento e aprendizagem, antes de


ser de cunho psicológico, é de natureza essencialmente epistemológica. Ela
está vinculada à relação sujeito/objeto do conhecimento. É sabido que todo
conhecimento implica necessariamente uma relação entre dois polos, isto é, entre
sujeito que busca conhecer e o objeto a ser conhecido.

Como se constrói o conhecimento? Nas sistematizações teóricas de Piaget,


conhecer significa organizar, estruturar e explicar o real a partir das experiências
vividas. Conhecer é modificar, transformar o objeto, é compreender o mecanismo
de sua transformação e, consequentemente, o caminho pelo qual o objeto é
construído. O conhecimento é sempre produto da ação do sujeito sobre o objeto.
Orientado pelos princípios da biologia, Piaget viu na coordenação funcional da
ação adaptativa, a origem de todo o conhecimento (MIRANDA; SILVA, 2021).

O ser humano, segundo Piaget, nasce com a possibilidade de, através da


interação com o meio ambiente, construir seus esquemas de ação integrando-os
em sistemas cada vez mais abrangentes. Piaget distingue a aprendizagem de
maturação, destacando que a maturação é baseada exclusivamente em processos
fisiológicos. Distinguem também aprendizagem de conhecimento, pois para ele, o
conhecimento se define pela soma de coordenações, que tendo passado por um
lento processo de desenvolvimento, encontram-se disponíveis para o organismo
em determinado estágio. Já o conceito de aprendizagem em sentido estrito
está diretamente vinculado às aquisições que decorrem fundamentalmente das
contribuições provenientes do meio externo (MIRANDA; SILVA, 2021).

83
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Piaget enfatiza a importância da estimulação ambiental como essencial ao


desenvolvimento cognitivo e à aprendizagem. Por isso, os ambientes enriquecidos
e estimulados com recursos materiais, prática de exercícios físicos e uma boa
nutrição influenciaram o desenvolvimento da memória e a aprendizagem.
Pesquisas médicas atestam que o desenvolvimento do cérebro ocorre mais rápido
nos primeiros anos de vida da criança. O desenvolvimento sadio do cérebro atua
diretamente sobre a capacidade cognitiva (MIRANDA; SILVA, 2021).

O lado direito do cérebro é responsável pela imaginação criativa, a


serenidade, a capacidade de síntese, a facilidade de memorizar. As pessoas que
utilizam mais esse lado do cérebro possuem habilidades para analisar esquemas e
técnicas em oratórias. Para que a memória funcione adequadamente no processo
de informação; faz-se necessária a busca da integração entre os dois hemisférios,
equilibrando o uso de nossas potencialidades (MIRANDA; SILVA, 2021).

Torna-se necessário estimular as áreas do cérebro objetivando auxiliar os


neurônios a desenvolverem novas conexões, educar as crianças desde a mais
tenra idade em um ambiente enriquecedor, estimulando a linguagem falada,
cantada, escrita, estruturado com afetividade e diversificando positivamente as
sensações, com a presença de cor, de música, de interações sociais e de jogos,
visando ao desenvolvimento de suas capacidades cognitivas e memórias futuras,
favorecendo, assim, o seu processo de aprendizagem.

Em outras palavras, podemos dizer que todos os seres humanos têm as


mesmas conexões. Como nascemos com a mesma conexão, aprendemos as
mesmas coisas do mesmo modo. Podemos estar preocupados com coisas
parecidas, embora não pensemos igual. Na verdade, cada um de nós pensa
de modo um pouco diferente de outro ser humano que já viveu ou até viverá.
Cada um de nós é tão único quanto um floco de neve ou uma impressão digital
(HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

Entender que somos únicos no PNL é tão importante como entender como as
sensações são criadas. A primeira coisa que acontece é que você recebe algum
estímulo externo. Por exemplo, quando você acordou esta manhã, a primeira
coisa que sentiu foi seu comentário interior. Era só você, certo? Então, começou
a enfrentar o mundo – uma cafeteira assobiando, uma criança chorando, um
cachorro que precisa sair, o jornal na porta da frente, a TV ligada. Qualquer que
seja seu mundo, você recebeu estímulos em seu cérebro.

84
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

Assim que entra em seu cérebro, uma informação sensorial é interpretada,


e você atribui um significado a ela. Isso é realmente importante, porque acontece
tão rápido que você nem se dá conta. O interessante é que assim que um
significado é atribuído, você tem uma emoção. Você cria uma sensação sobre ele
(HOOBYAR; DOTZ; SANDERS, 2018).

Você poderia pensar: “Será um dia ruim… Terá trânsito… Tem poluição…
Odeio política… A economia está em baixa… Ficaremos sem café… Ninguém vai
cuidar da droga do cachorro?”. Parece familiar? Ou se você tiver sorte como eu
de estar feliz e casadoa, poderá até ser: “Bom dia, amor. Qual é a agenda do
dia?” O resultado? Há uma coisa ou outra acontecendo em sua mente.

Qualquer que seja o estímulo, você atribui um significado a ele, você tem
uma emoção, e são essas emoções que geram sua reação. É como acontece
com a maioria das pessoas. Quando você começa a entender que suas emoções
vêm do significado que você confere a algum pensamento ou informação externa,
pode voltar para esse pensamento, “esvaziá-lo” e mudá-lo. É onde a capacidade
de diminuir a velocidade de seus pensamentos realmente permitirá pensar com
mais eficiência e escolher respostas melhores (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS,
2018).

FIGURA 14 – ESTRUTURA DA EXPERIÊNCIA

FONTE: Adaptada de Hoobyar, Dotz e Sanders (2018)

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Então, do estímulo ao significado… do significado à emoção… da emoção à


ação. O ciclo inteiro acontece rapidamente. E acontece milhões de vezes todos os
dias, e quase sempre sem que estejamos conscientes dele.

Lembre-se de que a parte complicada é que geralmente temos consciência


apenas do primeiro estímulo, depois, da emoção. O significado geralmente fica ao
largo de nossa consciência. Experimente as seguintes frases: “Eu me sinto ótimo
quando estou com você”. “Ele me deixou irritado”. “Aquele cliente acabou com
meu dia”. Apesar de como essas emoções são declaradas, o autor real de nossas
sensações NÃO é a outra pessoa. O autor real delas é o significado que demos
a qualquer coisa que chamou nossa atenção (HOOBYAR; DOTZ; SANDERS,
2018).

LEITURA COMPLEMENTAR:

“APRENDER”

Aprender é uma maneira de abordar o conhecimento e a vida,


em que a ênfase é colocada na iniciativa humana. Ela engloba a
aquisição de novas metodologias, novas habilidades, novas atitudes
e novos valores, necessários para se viver num mundo em mutação.
O aprendizado é um processo em que nos preparamos para lidar
com novas situações (Alvin Toffler).
“Não é um grande prazer aprender, aprender mais e aprender de
novo?”. Confúcio fez esta pergunta quase 500 anos antes de Cristo.
E aprender ainda é para nós sujeito de muitas perguntas ainda sem
respostas.
Aprender por quê? Aprender para que? Parece-me que
aprendemos porque não há outro jeito, porque esta é a nossa
natureza. Aprendemos porque nosso aparato sensorial nos obriga.
Com tanto para ver, ouvir e sentir, só nos resta estabelecer relações
e significados entre todos estes inputs que recebemos. Uma vez
alguém disse que quando o Criador concluiu sua obra, infinitamente
completa, colocou uma tabuleta onde havia a inscrição: “A quem
interessar possa”. E aí está.
Conhecer é diferente de aprender e de saber. Mais da nossa
neurologia está envolvida no processo de aprender do que no de
conhecer. Aprender é mais parecido com incorporar como verdade,
com fazer sentido e ter ressonância em nossas crenças e identidade.
E a outra tarefa, até mais árdua, mais instigante, e quando possível,

86
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

mais prazerosa, talvez seja o desaprender para aprender de novo.


É desejável que seja um ciclo sem fim, e tem sido assim com os
indivíduos através de gerações e gerações. E ocorre na maioria das
vezes como um processo inconsciente, do qual não conhecemos. É
mais fácil aprender do que não aprender.
Quando aprendemos, nossos modelos mentais se ampliam, e
mais do mundo se mostra. É como recriar o universo a cada momento.
Na busca de reconhecer o processo da aprendizagem colheram-
se depoimentos de pessoas tidas como eternos aprendizes, que
demonstram que eles compartilham alguns traços comuns:
• “Aprendem com facilidade quando o assunto os interessa,
quando podem ver e fazer uma conexão a alguma coisa que já
conhecem ou sabem ou ainda com algo que lhes possa ser útil no
futuro.
• “Nenhum deles aprende sob stress, e alguns, às vezes, se
referem a si mesmos com nós, nestes momentos do “eureka”. Como
se reconhecessem e levassem em conta suas múltiplas facetas
envolvidas no processo de curiosidade e o encantamento pela
descoberta.
• “Todos são hábeis em criar imagens, gostam se imaginar outros
elementos presentes na experiência, vendo, ouvindo e sentindo a
partir de pontos de vista diferentes.
• “Eles têm presente o pressuposto de que não sabem tudo e
que suas crenças são apenas formas de alinharem os eventos com
as informações de que dispõem até então.
• “Tomam erros por resultados e acham que errar é apenas outra
forma de aprender.
• “E adoram brincar de faz de conta.
Para o eterno aprendiz, o aprender envolve curiosidade,
liberdade para pensar além do quadrado, flexibilidade em relação
aos significados dados aos eventos, compreensão da fragilidade do
que denominamos realidade e um grande amor às diferenças. Entre
outros requisitos… Nós aprendemos a partir da experiência direta,
com nossos erros e acertos, aprendemos com modelos reais ou
virtuais e aprendemos através de histórias, metáforas e parábolas.
Perceber em cada momento a oportunidade de aprender alguma
coisa, de provocar novas conexões no que nos parece já conhecido,
de fazer perguntas jamais feitas, de inaugurar caminhos neuronais

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

inéditos, pode proporcionar respostas magníficas seguidas de não


menos magníficos, grandes e saborosos pontos de exclamação!
Aprender é uma grande e divertida aventura. Desfrute dela.

FONTE: Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística. 2021.


Disponível em: https://www.pnl.com.br/aprender/. Acesso em: 30 jun. 2021.

1) A PNL teve início na Universidade da Califórnia no começo dos


anos 1970, quando Richard Bandler, um estudante de psicologia,
e John Grinder, um professor de linguística, iniciaram os estudos
sobre PNL na Universidade de Santa Cruz. O primeiro trabalho
que realizaram foi modelar famosos terapeutas da época,
buscando identificar quais eram os padrões internos e externos
que eles utilizavam que tornavam o trabalho deles tão efetivo.
Dos quatro terapeutas apresentados, disserte sobre aquele que
mais lhe chamou a atenção.

2) Existem muitas variantes da PNL, então há um debate entre


alguns praticantes de que outros estão fazendo algo errado.
Mesmo com esses debates acalorados, os princípios básicos são
os mesmos, e todos concordam que isso funciona para tornar
sua vida mais gratificante. Sobre os pilares da PNL, relacione as
colunas a seguir:

Pilar Conceito
1º Pilar - Você ( ) Harmonia, conexão e empatia que se gera
em um algum relacionamento.
2º pilar - Pressuposições ( ) Você é o único responsável pelo seu suces-
so.
3º Pilar - Rapport ( ) Significa mais do que "retorno", mas tam-
bém, estabelecer padrões de críticas e elogios.
4º Pilar - Resultado ( ) Capacidade de ser maleável, de procurar no-
vas rotas, novas opções, novos caminhos.
5º pilar - Feedback ( ) São os princípios centrais da Programação
Neurolinguística.
6º Pilar - Flexibilidade ( ) É aquilo que você deseja.

88
Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

3) A PNL popularizou os estilos de aprendizagem “Visual, Auditivo


e Cinestésico”, além de muitas tecnologias novas utilizadas na
Educação, Psicoterapia e Comunicação. É usada nas empresas
para entrevistas, contratações, treinamento, gerenciamento e
vendas. Disserte sobre as principais características desses três
estilos de aprendizagem.

4) PNL significa Programação Neurolinguística. Qual é o conceito


por trás de cada uma dessas palavras?

5) A Programação Neurolinguística compreende diversas técnicas


para que você consiga mudar os caminhos que o seu cérebro tem
para enfrentar as situações do dia a dia. Disserte sobre a técnica
que mais lhe chamou a atenção.

6) Connor (2000) destaca que a aprendizagem tradicional pode ser


dividida em quatros estágios principais. Sobre esses estágios,
associe os itens, utilizando o código a seguir:

I – Incompetência Inconsciente
II – Incompetência Consciente
III – Competência Consciente
IV – Competência Inconsciente

( ) Sabe o que não sabe.


( ) Sabe que sabe.
( ) Não sabe o que não sabe.
( ) Não sabe que sabe.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) II – III – I – IV.
b) ( ) II – IV – I – III.
c) ( ) IV – III – II – I.
d) ( ) I – II – IV – III.

7) Quais são as três regiões envolvidas no pensamento? Disserte


sobre as características de cada região.

89
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PNL é um estudo revolucionário do processo do pensamento humano. Em
outras palavras, é o estudo do que realmente está acontecendo quando pensamos.
Sua base é constituída de seis pilares, sendo eles: você, pressuposições, rapport,
resultado, feedback e flexibilidade.

A PNL é uma compreensão, não do cérebro, mas de como a mente, usando


o cérebro, expressa-se em sua vida e cria o que você chama de sua experiência.

A PNL difere-se da psicologia porque sua filosofia e suas técnicas são


derivadas de uma forma especializada de estudar as pessoas, chamada
“Modelagem”.

A PNL popularizou os estilos de aprendizagem “Visual, Auditivo e Cinestésico”,


além de muitas tecnologias novas utilizadas na Educação, Psicoterapia e
Comunicação.

As habilidades disponibilizadas pela PNL são úteis na comunicação, gestão


de equipes, gerenciamento de projetos, a lidar com situações difíceis e em
qualquer ocasião quando for necessário interagir com pessoas ou alcançar a
excelência pessoal.

O cérebro está em constante mutação à medida que as conexões sinápticas


crescem e se tornam mais estáveis. Se as conexões não são utilizadas,
enfraquecem-se e eventualmente se perdem. As atividades intelectuais mantêm
as conexões sinápticas fortes e saudáveis (ALLEN, 2015).

REFERÊNCIAS
ALLEN, S. Programação Neurolinguística: o manual do
usuário do Cérebro. 2. ed. Editora Create Space, 2015.

CANTO, C. A. R. de L.; BASTOS, R. C. Avaliação dos estilos de aprendizagem


em universitários: uma revisão sistemática. Revista E-Tech: Tecnologias para
Competitividade Industrial-ISSN-1983-1838, v. 13, n. 1, p. 141-158, 2020.

CONNOR, S. Cultura Pós-Moderna: Introdução às Teorias


do Contemporâneo. São Paulo: Edições Loyola, 2000.

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Capítulo 2 PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA (PNL)

FELDER, R. M. Richard Felder’s home page. 2017. Disponível em: http://www4.


ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/RMF.html. Acesso em: 30 jun. 2021.

HOOBYAR, T.; DOTZ, T.; SANDERS, S. PNL Guia Essencial.


Editora Alta Books, 2018. [Minha Biblioteca].

IBCG. Metamodelo de linguagem: como melhorar a comunicação no trabalho?


2013. Disponível em: https://www.ibccoaching.com.br/portal/metamodelo-de-
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LIMA, A. K. A programação neurolinguística – PNL – como ferramenta


facilitadora do ensino-aprendizagem bem como força motriz qualificadora
do trabalho docente. Congresso Nacional de Educação, 2019.

LIMA, J. I. L. Os mapas mentais da programação neurolinguística e sua


eficácia na leitura e interpretação de textos de língua portuguesa do ENEM.
Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, 2016.

LIMA, C. L. de; QUEIROZ, C. S. B.; SANT' ANNA, J. G. A relação entre


concentração e aprendizagem: o uso de TIDC para a aprendizagem do aprender.
CIET: EnPED, São Carlos, maio 2018. Disponível em: https://cietenped.ufscar.
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LORENA, A. L. F. de; PINHO, M. L. da Silva. A contribuição da programação


neurolinguística para o exercício da docência no ensino universitário.
XV Colóquio Internacional de Gestão Universitária – CIGU 2015.

MEDEIROS, A. J. de O. O uso da Neurolinguística na


prática escolar. Universidade Candido Mendes, 2012.

MIRANDA, E. N. M. de; SILVA, P. V. T. da. Implicações do sistema


límbico na aprendizagem em uma perspectiva neuropsicomotora.
Criar Educação, v. 10, n. 1, p. 161-180, 2021.

MOTTA, A. Visual, auditivo ou cinestésico: descubra o seu modo de aprender.


2020. Disponível em: https://www.alexmotta.com.br/post/visual-auditivo-ou-
cinest%C3%A9sico-descubra-o-seu-modo-de-aprender. Acesso em: 26 jul. 2021.

RAMOS, G. Y. da C. Programação Neurolinguística aplicada à


aprendizagem. 2020. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.
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91
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA.


A arte da excelência Humana. 2021. Disponível em: https://
www.pnl.com.br/pnl/. Acesso em: 28 jun. 2021.

TODA MATÉRIA. Sistema Límbico. 2021. Disponível em: https://www.


todamateria.com.br/sistema-limbico/. Acesso em: 30 jun. 2021.

VALENTE, J. A. Criando condições para que alunos indiquem suas


preferências de aprendizagem: uma experiência com a graduação
em Midialogia. In: CAMPOS, F. R.; BLIKSTEIN, P. (Orgs.). Inovações
radicais na educação brasileira. Porto Alegre: Penso, 2019.

92
C APÍTULO 3
NEUROEDUCAÇÃO E
NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA,
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 conhecer e aplicar os princípios da Neuroeducação,


Neurodidática e Neurociência;
 aprender sobre a Neurociência na educação;
 compreender o processo ensino-aprendizagem;
 identificar os benefícios da Neuroeducação, Neurodidática e Neurociência;
 implantar a Neurociência na educação.
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

94
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O conceito de inteligência é amplo e tem variado ao longo do tempo e nos
diversos ambientes culturais, mas pode ser considerado como a habilidade de se
adaptar ao ambiente e aprender com a experiência (COSENZA; GUERRA, 2011).

Recentemente, pesquisadores do assunto propuseram uma definição


abrangente: “A inteligência é uma capacidade muito geral que, entre outras
coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar
de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e por
meio da experiência” (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 1).

Não é apenas uma habilidade acadêmica, uma aprendizagem livre ou


esperteza ao responder aos testes. Ela reflete uma capacidade mais ampla e
profunda para a compreensão do ambiente: apreender o contexto, dar sentido às
coisas, antecipar o melhor curso de ação (COSENZA; GUERRA, 2011).

O fato é que existem muitas maneiras de ser inteligente, por isso o conceito
de inteligência sofre variações, inclusive dependendo do contexto cultural.
Outras culturas valorizam habilidades pouco enfatizadas na nossa, como a
determinação, a humildade, a independência de julgamento, o autoconhecimento
e as aptidões que contribuem para a estabilidade das relações grupais. Portanto,
o comportamento inteligente em uma sociedade não é necessariamente o que é
valorizado em outra (COSENZA; GUERRA, 2011).

Cosenza e Guerra (2011) escrevem que a discussão sobre a inteligência tem


sido muito contaminada por questões políticas e por preconceitos. A constatação
de que o QI está correlacionado com a posição socioeconômica, por exemplo,
suscita diferentes interpretações. Alguns acham que os pobres são pobres
porque têm pouca inteligência e, portanto, não vale a pena o investimento em
educá-los. Esquecem-se, todavia, que uma boa educação pode melhorar o QI e,
seguramente, promover uma melhoria na situação socioeconômica.

Não podemos seguir ensinando cada nova geração de crianças como


fazíamos com a anterior, garante o historiador escocês e especialista em
educação, Niall Ferguson. E, como ele, muitas outras figuras do âmbito educativo
consideram que a educação, na era tecnológica em que vivemos, deve mudar para
enfrentar com sucesso a tarefa de conquistar os novos estudantes (IBERDROLA,
2021).

95
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

A pergunta então é: Como fazer isso? O debate é complicado e aí é onde


entra em jogo a neuroeducação, neurodidática e neurociência, que surgem como
uma alternativa prometedora para fazer evoluir a educação e, nunca melhor dito,
usando a cabeça.

Como vimos nos capítulos anteriores, a neurociência é o conjunto


de disciplinas científicas que estuda o sistema nervoso com o objetivo de
compreender melhor os mecanismos que regulam o controle das reações
nervosas e do comportamento do cérebro (IBERDROLA, 2021).

Graças à neurociência aplicada à educação, sabemos que a motivação e os


desafios são capazes de ativar determinadas áreas do cérebro que ajudam no
processo de aprendizagem, que aprendemos mais e melhor em interação com
outras pessoas do que de forma individual, e que a experimentação livre e natural
incentiva às capacidades e competências, entre outras coisas (IBERDROLA,
2021).

2 PRINCÍPIOS DA NEUROEDUCAÇÃO,
NEURODIDÁTICA E NEUROCIÊNCIA
Para compreendermos a neuroeducação, neurodidática e neurociência é
necessário que primeiro façamos um breve histórico do conhecimento humano e
do aprendizado.

Na Modernidade, Kant (1724-1804) recupera as ideias de Descartes (1596-


1650) sobre conhecimento, que envolve um sujeito epistêmico – que se trata
de um sujeito “que conhece” liberto da metafísica, pois agora a mente humana
é tratada como instrumento útil e eficaz de sintetização e organização das
informações obtidas por meio dos sentidos e do contato com o mundo, a partir do
uso de mecanismos lógicos da própria mente.

Trata-se de uma concepção demasiadamente inovadora para a época,


chamada pela literatura de "revolução copernicana" na área da filosofia (MARTINI,
2006), e estava diretamente relacionada a novas descobertas envolvendo a
compreensão acerca do funcionamento da mente, da produção de conhecimento
e a metodologia científica, verificando haver uma relação biológica entre a gênese
de conhecimento e a mente humana (ZARO et al., 2010).

A literatura costuma indicar Jean Piaget (1973, 1987) como o pioneiro desse
pensamento, que transforma qualitativamente a abordagem do aprendizado do

96
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

ser humano, que passa de uma especulação para uma pesquisa empírica, ao
descrever sobre a formação do pensamento e do arcabouço de conhecimentos
do ser humano, em um estudo sobre a epistemologia genética (CAMPELO et al.,
2020).

No referido estudo, o cientista analisa as estruturas mentais, suas naturezas


e complexidades, verificando como estas se comportam ao longo das etapas de
todo o aprendizado que o indivíduo passa em sua vida. Jean Piaget iniciou seu
estudo analisando seus próprios filhos e, posteriormente, passou a estudar um
quantitativo maior de crianças, sendo, ao final, capaz de identificar as principais
etapas de um processo de aprendizagem. Segundo o estudioso, esse processo
possui termo inicial com a percepção do mundo pela criança, e caminha, ao
longo do amadurecimento, dando ensejo a construções mentais lógicas, formais
e abstratas, que processadas em conjunto permitem que o indivíduo processe
informações mais complexas (CAMPELO et al., 2020).

O cientista elaborou um esquema no qual descreveu como seria a base


do processo permanente de aprendizado que ocorre na mente do ser humano,
que envolve três etapas principais, sendo elas: (i) a de assimilação, quando o
indivíduo se depara como novas informações; (ii) de acomodação, em que as
novas informações se relacionam ao arcabouço cognitivo que o indivíduo já
possuía; e de (iii) equilibração, na qual ocorre um novo arranjo das estruturas
cognitivas existentes, em razão das transformações provocadas pelo contato das
novas informações com as já existentes (CAMPELO et al., 2020).

O referido esquema, sem dúvidas, pode ser considerado um modelo correto,


contudo é inevitavelmente incompleto, pois apenas descreve um processo
simplificado e básico de aquisição, consolidação e lembrança de memórias, aos
olhos da neurofisiologia (ZARO et al., 2010). No entanto, as observações de Jean
Piaget serviram de suporte para grandes e complexas interpretações pedagógicas,
que estruturam o modelo do pensamento disseminado na atualidade, inclusive
aqueles relacionados com processos de ensino-aprendizagem (MARTINI, 2006).

Um dos modelos inspirados pelas ideias de Jean Piaget é o construtivismo,


uma teoria que considera de extrema relevância a participação do estudante no
processo de construção dos seus conhecimentos. Sendo este um modelo não
considerado apto a cobrir integralmente as necessidades científicas acerca da
pesquisa educacional contemporânea, principalmente em relação ao ensino
superior, que é detentor de mais variáveis e maior complexidade. Essa limitação
talvez diga respeito ao fato de os alunos do ensino superior, em sua maioria, já
serem adultos, ultrapassando a faixa etária de estudo de Jean Piaget (CAMPELO
et al., 2020).

97
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Muita gente acha que o construtivismo abordado por Jean Piaget é um


método de ensino mais moderno, mas na verdade, o construtivismo não é um
método, é uma concepção pedagógica, que entende que o aprendizado é
construído, que não surge do nada nem começa de repente, ou seja, cada pessoa
usa os conhecimentos que já tem para entender as coisas novas que aprende.
Observe a figura a seguir.

FIGURA 1 – CONSTRUTIVISMO

FONTE: <https://www.papoeducador.com/post/construtivismo-
construtivismo>. Acesso em: 21 jul. 2021.

Passado esse período, e com base nas novas exigências educacionais que
decorrem principalmente do uso massivo de tecnologias na área da educação,
assim como pelas nova concepção acerca das diferentes necessidades
estudantis, tanto cognitivas e motoras quanto afetivas e culturais da sociedade,
bem como de cada área de conhecimento em particular, a literatura tem apontado
a neuroeducação como terreno fértil para o desenvolvimento de uma pesquisa
multidisciplinar e dinâmica, capaz de oferecer soluções para os desafios
decorrentes do processo de ensino e aprendizagem (ZARO et al., 2010).

98
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

Nesse cenário é que entra a Aprendizagem Baseada no Cérebro, ou Brain-


based Learning, que provém das pesquisas neurocientíficas acerca do cérebro, da
anatomia e fisiologia do sistema nervoso, dos modos e formas de aprendizagem
cerebral. Suas descobertas e resultados – sobre como o cérebro aprende – são
aplicadas em muitos campos de estudo (MORAIS, 2011).

2.1 APRENDIZAGEM BASEADA NO


CÉREBRO (BRAIN-BASED LEARNING)
A expressão “Brain-based Learning” ou Aprendizagem Baseada no Cérebro
provém das pesquisas neurocientíficas acerca do cérebro, da anatomia e
fisiologia do sistema nervoso, dos modos e formas de aprendizagem cerebral.
Suas descobertas e resultados sobre como o cérebro aprende são aplicadas em
muitos campos de estudo (MORAIS, 2011).

Morais (2011) escreve que ao contrário do que muitos pensam, a


aprendizagem baseada no cérebro não é uma área ou pesquisa “feita para
a educação” ou “da educação”. Também não se refere a um “método de
aprendizagem para Instituições de Ensino”, mas antes um complexo território de
estudos envolvendo pessoas e seus distintos cérebros, com suas personalíssimas
assinaturas cerebrais, constituições psíquicas, emocionais, anatômicas e
fisiológicas. Tem nuances e desdobramentos que vão do individual ao social, do
biológico ao psíquico, do comportamental ao ambiental, independentes de gênero,
raça, cor, credo, idade, profissão ou âmbito isolado das ciências.

Técnicas baseadas na aprendizagem cerebral são, portanto, vastamente


exploradas e utilizadas, a exemplo, em treinos preparatórios da Marinha, Exército
e Aeronáutica; no campo dos Desportos; na Medicina; na Administração e
Marketing; na Economia; na Informática; nas Artes Dramatúrgicas, na Sociologia;
na Teologia; no Direito; na Arquitetura; na Informática; na Psicologia e também na
área de Educação (MORAIS, 2011).

Como se vê, desvendar o cérebro e seus mecanismos de aprendizagem é


um desafio que não tem inquietado apenas os pesquisadores das neurociências.
As descobertas nessa área têm trazido grandes oportunidades de desfrute e,
portanto, trata-se de um “bem humano”, visto referir-se ao cérebro e suas funções
(MORAIS, 2011).

Sanaiotte (2017) escreveu, em seu artigo, que apesar das inúmeras


referências disponíveis, ainda é escasso um conteúdo que auxilie a prática

99
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

docente e torne a rotina na sala de aula mais prática e produtiva. Nos anos 1980,
o Dr. Spencer Kagan desenvolveu o conceito de Aprendizagem Cooperativa,
apresentando estruturas que permitem aos alunos trabalharem em conjunto,
serem mais disciplinados, gostarem mais da escola e terem melhores resultados
acadêmicos.

Esse conceito já levava em consideração o funcionamento do cérebro e as


vantagens de unir a maneira de ensinar com a maneira que o cérebro aprende
melhor. Após anos de implementação da Aprendizagem Cooperativa em escolas
ao redor do mundo, fez-se necessário apresentar os princípios que são a base
para a o Ensino e a Aprendizagem Baseada no Cérebro. Acompanhe a seguir.

• Princípio 1: Nutrição

É preciso nutrir o cérebro! Para um cérebro bem nutrido não basta uma
alimentação balanceada e hidratação. Isso é essencial, porém precisamos ir além
e garantir que os cérebros dos alunos recebam glicose e oxigênio suficientes
para que eles possam permanecer alertas e sejam capazes de reter informações
e gerar conhecimento. Esses nutrientes só chegam ao cérebro pela circulação
sanguínea, estimulados por movimentos e interação entre os colegas. Faça
atividades em que os alunos tenham que caminhar e conversar com seus pares.
O movimento ativa a circulação sanguínea e, o interagir com outra pessoa, ativa
áreas do cérebro que os mantêm mais alertas.

• Princípio 2: Segurança

Torne sua sala uma comunidade! Sentimo-nos seguros quando estamos com
as pessoas que conhecemos. Normalmente, esperamos que os alunos formem
seus grupos de amizades por afinidades e os obrigamos a fazerem trabalhos em
grupo somente com objetivo acadêmico. Esse tipo de abordagem não promove
grupos de confiança e pode até mesmo gerar ou aumentar o bullying quando
um aluno faz parte de um grupo no qual não é bem aceito. Pelo menos, duas
vezes por semana, promova atividades nas quais os alunos tenham que trocar
informações pessoais e trabalhar a empatia. Em pouco tempo, será fácil perceber
que a interação entre todos os alunos da sala acontecerá com mais frequência e
terá melhor qualidade.

• Princípio 3: Sociabilidade

O ser humano é um ser social! Estudamos Vygotsky por anos a fio e


acabamos cometendo o grande erro de acreditar que uma aula produtiva é uma
aula em que os alunos estão em silêncio. Nossos alunos vão para a escola
preocupados se vão encontrar o colega preferido, se o material escolar é parecido

100
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

e aceito pelos outros ou se o corte ou penteado de cabelo está dentro dos padrões
estabelecidos pelos diferentes grupos a que pertencem. Utilize o princípio da
sociabilidade. Promova situações propícias à maior interação dos alunos, para
que expressem seus conhecimentos e possam dar opiniões sobre os conteúdos
que estão sendo abordados na aula.

• Princípio 4: Emoção

Tudo o que é seguido por emoção é mais lembrado! Lembramo-nos do cheiro


do bolo da avó, da música que estava tocando quando algo importante aconteceu
em nossas vidas; colocamos um sorriso no rosto ao lembrar de um acontecimento
marcante. O Dr. Spencer Kagan reuniu diversos estudos e comprovou que
tudo o que envolve a emoção positiva tem o poder de aumentar a criatividade,
a percepção e habilidades de raciocínio. Promova situações em que os alunos
se divirtam e, logo após, trabalhe o conteúdo que necessita ser memorizado. A
melhora no desempenho dos alunos será notada rapidamente ao utilizar esta
técnica com frequência.

• Princípio 5: Atenção

A atenção melhora a retenção! Quando nossos alunos estão distraídos


e com as mentes vagando enquanto explicamos, eles têm pouca chance de
conseguir assimilar e fixar os conhecimentos e habilidades. Ao notar que a sala
'está cansada', devemos promover primeiro a interação entre os alunos e focar
nos objetivos principais da aula e, logo após, essas interações. O cérebro só está
atento enquanto está oxigenado.

• Princípio 6: Estímulo

O cérebro precisa de estímulos para atuar no seu potencial máximo! Muitas


vezes, palestramos por tempo demais e esperamos que os alunos continuem
prestando atenção e ganhando conhecimento. O tempo de concentração do
cérebro não ultrapassa dez minutos em alunos do Ensino Fundamental, por
exemplo. Se considerarmos a Educação Infantil, esse tempo diminui para a média
de dois minutos. Trabalhar estímulos como a variação de atividades e associar
palavras a gestos melhora a retenção das informações, auxiliando os alunos a
memorizarem melhor.

Todos esses princípios já são utilizados na metodologia da Aprendizagem


Sistêmica, por meio das diversas estruturas que os professores podem aplicar em
sala de aula. Os estudos sobre as técnicas de Ensino Baseado no Funcionamento

101
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

do Cérebro estão cada vez mais complexos, e formações profissionais que


auxiliam o professor a aplicar esses conhecimentos de forma prática estão
finalmente disponíveis (SANAIOTTE, 2017).

2.2 NEUROEDUCAÇÃO
A palavra neuroeducação surge da junção do conceito de neurociência com
o conceito de educação, um campo novo e aberto da neurociência, repleto de
enormes possibilidades que devem fornecer ferramentas úteis para o ensino e,
como resultado, alcançar um pensamento verdadeiramente crítico em um mundo
cada vez mais abstrato e simbólico (OLIVEIRA, 2018).

Em outras palavras, a neuroeducação é uma área do saber que junta a


pedagogia à psicologia, investindo em processos de conhecimento do cérebro
humano em prol de uma aprendizagem mais eficaz.

A par da psicologia, da sociologia e também da medicina, essa nova ciência


pretende, através do estudo do cérebro, criar novas estratégias de aprendizagem
que beneficiem os alunos em geral, e em particular, os alunos que têm baixo
rendimento escolar e/ou algum tipo de défice cognitivo. Não representa uma nova
pedagogia, mas ajuda a fundamentar estratégias que respeitem a forma como
o cérebro aprende e, ainda, as suas ligações de modo a conhecer os alunos
(OLIVEIRA, 2018).

A neuroeducação surge após várias descobertas acerca do conhecimento


do cérebro, isto é, como é que ele aprende, que mecanismos ou fatores estão
pendentes dessa aprendizagem e quais as suas funcionalidades. Conhecendo
como funciona o cérebro na aprendizagem e quais as estruturas implicadas para
o sucesso da mesma (ALMEIDA, 2019).

Santos e Souza (2016) escrevem que a neuroeducação pode ser definida


como um novo campo do conhecimento. Desse modo, esta área do conhecimento
permite estabelecer uma relação de interdisciplinaridade entre as práticas
pedagógicas e a pesquisa educacional, já que trabalha conjuntamente com outras
ciências, tais como a neuropsicopedagogia, a neuropsicologia e a psicopedagogia.
Essa relação tão íntima entre as várias áreas permite que os docentes se munam
de métodos e estratégias em sala de aula, uma vez que “a neuroeducação
detém, potencialmente, a chave para uma mudança de paradigma em técnicas de
ensino e um novo modelo de aprendizagem desde a infância até a idade adulta”
(OLIVEIRA, 2014, p. 20).

102
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

Ao partirmos da ideia de que cada cérebro é único e que cada um tem


particularidades que o distinguem de todos os outros, o professor é alguém
que, apropriando-se dos conhecimentos que a neuroeducação nos faculta, deve
conhecer cada um dos seus alunos, sobretudo aquilo que não é possível conhecer
através da sala de aula. É fundamental perceber o seu comportamento fora da
sala, o seu ambiente e estrutura familiar, se se alimenta, se dorme as devidas
horas, entre outros, porque são esses mesmos fatores que vão influenciar a forma
como os alunos estão interessados e motivados para a aprendizagem (ALMEIDA,
2019).

O Instituto Superior de Estudos Psicológicos, na Espanha, define a


neuroeducação como uma disciplina que promove integração entre as ciências
da educação e a neurologia. Nessa área, o objetivo é melhorar os métodos de
ensino em diferentes programas educativos, como ensino básico, ensino médio e
escolas técnicas (PROXIS, 2021).

Com essa ciência, foram realizados avanços no processo de aprendizagem


que contribuem para potencializar as capacidades cognitivas e emocionais das
pessoas. Francisco Mora, autor do livro Neuroeducação escreve: só se pode
aprender aquilo que se ama, afirma que o que a neuroeducação faz é transferir
a informação de como o cérebro funciona com a melhoria dos processos de
aprendizagem (PROXIS, 2021).

Em entrevista ao jornal El País, ele explica que por meio da neurociência


aplicada à educação é possível saber, por exemplo, “quais estímulos despertam
a atenção, que em seguida dá lugar à emoção. Pois sem esses dois fatores
nenhuma aprendizagem ocorre” (PROXIS, 2021, s.p.).

103
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

FIGURA 2 – CAPA DA REVISTA EDUCAÇÃO –


PRESSMATRIX (NEUROEDUCAÇÃO N. 11)

FONTE: <https://bc-v2.pressmatrix.com/ptBR/profiles/c9e49eb97a66/
editions/37316cc20520bb78ace7>. Acesso em: 21 jul. 2021.

Essas descobertas estão começando a influenciar diretamente como as aulas


são organizadas e ensinadas. A contribuição dada pela neuroeducação pode ser
fundamental para traçar perfis cada vez mais reais de acordo com as capacidades
e limitações dos alunos. Isso levando em conta não apenas as habilidades
cognitivas e comportamentais, mas também fatores biológicos (PROXIS, 2021).

Antes, as salas de aula não estavam preparadas para as diversidades. Hoje,


muitas escolas sabem lidar com as deficiências ou dificuldades de aprendizado,
como dislexia ou discalculia. Porém, a Fundação Dana, que apoia pesquisas
sobre o cérebro, alerta que a transição desse conceito para a sala de aula ainda
é lenta. Confira algumas contribuições da neuroeducação na aprendizagem
(PROXIS, 2021):

104
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

• Ajuda a identificar condições de saúde que podem afetar a aprendizagem


escolar.
• Permite caracterizar o perfil cognitivo do aluno e auxiliar o planejamento
de estratégias educacionais de intervenção.
• Auxilia o estabelecimento de um prognóstico realista ao processo
educacional, sem sobrecarregar o aluno e sem deixar de promover seu
desenvolvimento.

Além disso, uma das principais descobertas da neuroeducação é o grande


impacto das emoções na aprendizagem.

FIGURA 3 – NEUROEDUCAÇÃO E APLICAÇÕES

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/403987029064481341/>. Acesso em: 21 jul. 2021.

Partindo da perspectiva de que a neuroeducação relaciona os conhecimentos


sobre o modo como o cérebro aprende com as práticas educativas, é importante
conhecer e compreender os 14 princípios básicos da neuroeducação que devem
servir de fio condutor para as práticas pedagógicas, a saber:

1. Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que


quando não têm motivação.
2. Stress impacta aprendizado.
3. Ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

4. Estados depressivos podem impedir aprendizado.


5. O tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como
ameaçador ou não ameaçador.
6. As faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e.,
intenções boas ou más).
7. Feedback é importante para o aprendizado.
8. Emoções têm papel-chave no aprendizado.
9. Movimento pode potencializar o aprendizado.
10. Humor pode potencializar as oportunidades de aprendizado.
11. Nutrição impacta o aprendizado.
12. Sono impacta consolidação de memória.
13. Estilos de aprendizado (preferências cognitivas) são devidas à estrutura
única do cérebro de cada indivíduo.
14. Diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas
diferentes inteligências dos alunos (TOKUHAMA-ESPINOSA, 2008).

Hoje, conhecimentos expressados por Edgar Morin (Teoria do Pensamento


Sistêmico), por Howard Gardner (Teoria das Múltiplas Inteligências), nas
contribuições de Daniel Goleman (sobre Inteligência Emocional), Jean Piaget
(Teoria do Construtivismo) e de tantos outros cientistas, ganham mais sentido.
Eles já ousavam montar essa complexa peça, agora mais acessível. Poderíamos
até considerá-los precursores da Neuroeducação.

Entretanto, há de se destacar o pioneirismo de Tokuhama-Espinosa,


pesquisadora que estabeleceu o marco de nascimento deste novo paradigma
científico, o qual originou a Neuroeducação, e já deu margens para outros
campos subdisciplinares como a Neuropedagogia, a Neurodidática e a
Neuropsicopedagogia (ALMEIDA, 2019).

Tokuhama-Espinosa contou com a colaboração de especialistas nas áreas


da Neurociência, Psicologia e Educação para definir parâmetros para padrões
neuroeducacionais. Após realizar uma revisão da literatura sobre potenciais
resultados da Neurociência para aplicação em sala de aula, a autora desenvolveu
uma meta-análise desse material e os especialistas usaram os critérios
estabelecidos pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) para chegar a um consenso sobre o uso de informações
neuroeducacionais em ambientes de sala de aula. A própria autora atuou como
coordenadora das discussões que estabeleceram esses padrões. No final de sua
pesquisa, Tukuhama-Espinosa (2008) propôs 12 Fundamentos, 22 Princípios,
e 10 Diretrizes Instrucionais para um novo modelo, para o que ela chamou de
Neuroeducação.

106
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

A neuroeducação não precisa atuar apenas no sistema educacional. Nós


aprendemos a cuidar da nossa saúde física e mental e recebemos constantemente
informações novas sobre medicina e doenças. Ainda mais quando somos
diagnosticados com uma doença. Recebemos diversas informações sobre o que
é a enfermidade, como ela atinge o organismo, quais são os tratamentos etc.
(PROXIS, 2021).

Assim, os profissionais da saúde nos educam e informam sobre a doença.


Portanto, as descobertas da neuroeducação são muito importantes para ajudar o
paciente a se engajar no tratamento. Muitas pessoas sabem que estão doentes,
mas mesmo assim, não seguem as orientações médicas.

Dessa forma, é importante promover a conscientização da condição de saúde


e o que deve ser feito para melhoria da qualidade de vida. Para isso, profissionais
e empresas do setor de saúde precisam criar uma comunicação personalizada de
acordo com cada perfil, emoção e experiência do paciente (PROXIS, 2021).

O estudo Neuroeducação: integrando a psicoeducação baseada no cérebro


na prática clínica, publicado no Jornal de Aconselhamento em Saúde Mental,
afirma que a neuroeducação pode ajudar nos cuidados clínicos. A autora do artigo,
Raissa M. Miller, do Departamento de Educação de Conselheiros da Boise State
University, argumenta que a neuroeducação auxilia a direcionar intervenções
eficazes, adaptar a linguagem e facilitar a comunicação interdisciplinar (PROXIS,
2021).

A neuroeducação pode ser entendida como uma nova área do


conhecimento. Possibilita ao ser humano a modificação de estruturas funcionais
da aprendizagem e o aperfeiçoamento de operações/matrizes de inteligência,
através do seu mapeamento cerebral, o que torna possível a expressão máxima
da sua potencialidade. Dessa forma, os contributos da neuroeducação ajudam a
fundamentar e a (re)construir as práticas de ensino, porque clarificam o que cada
aluno é como pessoa e os seus modos de aprendizagem diversos (ALMEIDA,
2019).

2.3 NEURODIDÁTICA
Para Hermann (2012), a neurodidática é, antes de tudo, uma nova perspectiva
sobre as condições, estruturas e processos de aprendizagem e memória. Estuda
os benefícios e as adversidades no processo de aprendizagem por meio das
funções cerebrais. Além disso, a neurodidática procura explicar por que o cérebro
deve ser sempre estimulado.

107
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

O termo neurodidática foi proposto em 1988 pelo professor de educação


matemática, Gerhard Preiss, da Universidade de Freiburg, na Alemanha, e
foi divulgado pela primeira vez em 1996. O trabalho intitulado Neurodidática –
contribuições teóricas e práticas descreve que essa ciência não é apenas um
instrumento científico teoricamente coerente e inovador, mas pode ser aplicada
beneficamente na prática educativa (MÜLLER, 2015).

A neurodidática serve para desenvolver e aplicar novas metodologias que


otimizem a aprendizagem na sala de aula. A CogniFit, empresa fundada pelo
neurocientista Shlomo Breznitz, defende que, para educar e aprender melhor,
devemos começar a aplicar nas escolas as descobertas sobre como o nosso
cérebro adquire conhecimentos. Ou seja, que não aprendemos memorizando,
mas sim, experimentando, ao nos envolvermos e ao praticar com nossas mãos
(IBERDROLA, 2021).

A neurodidática está baseada em quatro certezas profusamente pesquisadas


e comprovadas, conforme são abordadas na figura a seguir.

FIGURA 4 – CERTEZAS DA NEURODIDÁTICA

FONTE: <https://www.iberdrola.com/talentos/o-que-e-
neuroeducacao>. Acesso em: 21 jul. 2021.

108
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

Todo aprendizado se inicia pelas sinapses, que ocorrem por meio dos
neurônios no cérebro. Estudos feitos no Laboratório de Neuroplasticidade do
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), por Roberto Lent e Suzana Herculano-Houzel, indicam que o cérebro de
um adulto possui aproximadamente 86 bilhões de células nervosas e que elas se
comunicam entre si por meio de sinapses (IBERDROLA, 2021).

Na perspectiva neurobiológica, o aprendizado efetivo ocorre à medida


que novas sinapses são realizadas no cérebro. Grein (2013) afirma que
aproximadamente 10 milhões de informações por segundo chegam ao nosso
cérebro, mas apenas 20 delas são captadas e, eventualmente, guardadas. Todo o
restante é eliminado.

Lent et al. (2012) explicam que o cérebro é composto pelos


hemisférios esquerdo e direito, sendo ambos idênticos quando visualizados
macroscopicamente. Todavia, quando se refere à funcionalidade, eles são
diferentes, cada um exercendo atividades específicas. O hemisfério esquerdo
corresponde à matemática, aos símbolos, às sequências e ao processo do
pensar. Já o hemisfério direito, aos sentimentos, à criatividade, à fantasia e à
coordenação do corpo.

FIGURA 5 – HEMISFÉRIO ESQUERDO X HEMISFÉRIO DIREITO

FONTE: <https://amavc.com.br/entendendo-o-funcionamento-
do-cerebro/>. Acesso em: 25 jul. 2021.

109
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

O lado direito é o responsável pela percepção e construção de modelos e


estruturas de conhecimento. Nos indivíduos destros, normalmente, a linguagem é
controlada no hemisfério esquerdo, local em que estão situadas as áreas corticais
de controle da linguagem, da fala e da escrita. As duas regiões relacionadas à
língua são a área de Broca, no córtex pré-frontal, e a área de Wernicke, no córtex
temporal. Ambas as áreas trabalham juntas como se fossem uma “rede”.

FIGURA 6 – ÁREA DE BROCA E ÁREA DE WERNICKE

FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/319614904780349954/>. Acesso em: 25 jul. 2021.

Portanto, a neurodidática poderia mudar toda a estrutura do sistema


educacional do ensino do nosso país pelo menos até a quarta série. Um exemplo
dessas mudanças seria o ensino de línguas estrangeiras logo no período de
alfabetização (MÜLLER, 2015).

Segundo estudos, o ensino básico deveria se constituir em duas fases. A


primeira fase se basearia no estímulo da capacidade da memória, percepção e
atenção através do uso das linguagens integradas através de atividades para, em

110
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

seguida, desenvolver as capacidades de representação, recreação e manutenção


de tudo o que se é aprendido através dos sentidos e no aumento das capacidades
psicomotoras.

A segunda fase se constituiria em formar e desenvolver a capacidade


de abstração e formação de conceitos através das funções cognitivas (a
compreensão, a interpretação, a criação, a adaptação, o reconhecimento, o
interesse etc.) num processo de construção gradativo da aprendizagem dessas
estruturas.

Compreendido o conteúdo sobre a Neuroeducação e a Neurodidática,


passaremos a estudar a Neurociência na educação.

3 NEUROCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO
Desde a época dos antigos romanos até o século XVIII, acreditava-se que
o cérebro funcionava por intermédio de espíritos, que eram gerados no interior
do organismo. Pensava-se que os nervos eram canais por onde circulava essa
substância espiritual que se movia sob o comando do cérebro (COSENZA;
GUERRA, 2011).

As próprias células nervosas, que são responsáveis pelas funções do sistema


nervoso, somente vieram a ser conhecidas em um passado bem mais recente, e
a maneira como funcionam só pôde ser compreendida no princípio do século XX.

Hoje, sabemos que os neurônios processam e transmitem a informação por


meio de impulsos nervosos que os percorrem ao longo de toda a sua extensão.
Além disso, temos conhecimento de que o impulso nervoso tem uma natureza
elétrica, pois é constituído de alterações na polaridade elétrica da membrana que
reveste essas células (COSENZA; GUERRA, 2011).

Um neurônio pode disparar impulsos seguidamente, dezenas de vezes por


segundo, mas a informação, para ser transmitida para uma outra célula, depende
de uma estrutura que ocorre geralmente nas porções finais do prolongamento
neuronal, chamada de axônio. Esses locais, onde ocorre a passagem da
informação entre as células, são denominadas sinapses, e a comunicação é feita
pela liberação de uma substância química, um neurotransmissor (COSENZA;
GUERRA, 2011).

Observe na figura a seguir, nossos principais neurotransmissores e suas


funções:

111
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

FIGURA 7 – PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES E SUAS FUNÇÕES

FONTE: <https://vtmneurodiagnostico.com.br/perguntas_respostas/saiba-ja-quais-
sao-os-principais-neurotransmissores-e-suas-funcoes/>. Acesso em: 26 jul. 2021.

O neurotransmissor, liberado na região das sinapses, atua na membrana


da outra célula (membrana pós-sináptica) e aí pode ter dois efeitos: vai excitá-la
de forma que impulsos nervosos sejam disparados por ela, ou poderá dificultar o
início de novos impulsos nervosos, pois muitos neurotransmissores são inibitórios.

As sinapses, portanto, são os locais que regulam a passagem de informações


no sistema nervoso e têm uma importância fundamental na aprendizagem. As
conexões sinápticas dos bilhões de células presentes em nosso sistema nervoso
são em número incalculável.

112
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

Um neurônio normalmente pode estabelecer sinapses com centenas de


outros neurônios ao mesmo tempo em que recebe informações vindas de outras
centenas de células. Sua resposta a esses influxos vai depender do equilíbrio
de ações sinápticas excitatórias e inibitórias que recebe num determinado
momento, o que vai influenciar, por sua vez, outras células próximas ou distantes,
dependendo dos circuitos dos quais ele participa.

Compreenda o processo de geração de sinapse observando a figura a seguir:

FIGURA 8 – SINAPSE

FONTE: <http://magicnumbers-parussolo.blogspot.com/2011/09/sinapses-
potencial-de-acao-em-neuronios.html>. Acesso em: 26 jul. 2021.

Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam


como receptores de estímulos, funcionando como "antenas" para o neurônio. Os
axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos
nervosos.

Todos os axônios terminam em ramificações chamadas botões terminais.


O terminal do axônio é o local onde seu neurônio entra em contato com outros
neurônios e/ou outras células (musculares etc.) para transmitir o impulso nervoso.

Oliveira (2014) escreve que, por muito tempo, a neurociência não teve
um papel relevante nem se aproximava do conceito de educação, porque se
acreditava que existia uma unidade básica do sistema nervoso – o neurônio – e
que este não passava pelo processo de regeneração, todas as células morriam e
não ocorria esse mesmo processo.

113
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Porém, conforme os autores Cosenza e Guerra (2011) abordam, a


aprendizagem é consequência de uma facilitação da passagem da informação
ao longo das sinapses. Mecanismos bioquímicos entram em ação, fazendo com
que os neurotransmissores sejam liberados em maior quantidade ou tenham uma
ação mais eficiente na membrana pós-sináptica.

Mesmo sem a formação de uma nova ligação, as já existentes passam a ser


mais eficientes, ocorrendo o que já podemos chamar de aprendizagem. Para que
ela seja mais eficiente e duradoura, novas ligações sinápticas serão construídas,
sendo necessário, então, a formação de proteínas e de outras substâncias.

Portanto, trata-se de um processo que só será completado depois de algum


tempo. Resumindo, do ponto de vista neurobiológico, a aprendizagem se traduz
pela formação e consolidação das ligações entre as células nervosas. É fruto de
modificações químicas e estruturais no sistema nervoso de cada um, que exigem
energia e tempo para se manifestar. Professores podem facilitar o processo, mas,
em última análise, a aprendizagem é um fenômeno individual e privado e vai
obedecer às circunstâncias históricas de cada um de nós (COSENZA; GUERRA,
2011).

Sugerimos o vídeo a seguir: A verdadeira função do cérebro.


TEDGLOBAL, 2011. Disponível em: https://www.ted.com/talks/
daniel_wolpert_the_real_reason_for_brains?language=pt#t-7694.

No final do século XX, “o neurônio foi reconhecido como uma célula capaz
de se modificar, estrutural e funcionalmente […] provocando uma reorganização
cerebral que atenda a cada fase de vida do indivíduo” (OLIVEIRA, 2014, p. 18), e
o que a neurociência atual demonstra é que não se pode reduzir mente/cérebro a
uma maquinaria cognitiva que processa informações.

As pesquisas sobre neurociências são constituídas por estudos acerca do


Sistema Nervoso, em que buscam compreender o funcionamento cerebral para o
entendimento do comportamento humano. Devem-se denominar neurociências,
no plural, pois se dividem em cinco disciplinas, neurociência molecular,
neurociência celular, neurociência sistêmica, neurociência comportamental e
neurociência cognitiva.

114
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

Cada uma dessas neurociências possui objetivos diferentes, conforme você


pode observar no quadro a seguir.

QUADRO 1 – DISCIPLINAS NEUROCIENTÍFICAS

FONTE: Ghedin, Andrade e Vale (2020, p. 14)

Hoje em dia, a relação entre as neurociências e a educação tem se


intensificado, dado que existe uma certa curiosidade em perceber o impacto das
neurociências na educação, pois “a investigação neurocientífica pode influenciar
a teoria e prática educacional” (RATO; CALDAS, 2010, p. 1). Partindo do
pressuposto que esta é uma ciência que permite compreender o funcionamento
do cérebro, é, então, possível perceber que ligações se criam e que informações
se combinam quando o aluno aprende.

É esta ciência que tem vindo a ser muito explorada por profissionais da área
da educação, para que se possam mobilizar estratégias que permitam responder
ao ritmo das aprendizagens dos alunos, à forma como estes aprendem e aos
fatores motivadores da aprendizagem. A pesquisa e a investigação que se tem
vindo a fazer no ramo da neurociência não introduz, por si só, novas estratégias
para aplicar em contexto educativo, no entanto, dá-nos informação relevante
sobre o fato de certas abordagens serem mais eficientes do que outras (RATO;
CALDAS, 2010).

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

O papel dos profissionais é fundamental, na medida em que “elaborar ações


educativas com base no conhecimento da neurociência é dispor de ferramentas
capazes de analisar o percurso da aprendizagem para que se alcance o potencial
individual de desenvolvimento e aprendizagem” (OLIVEIRA, 2014, p. 22).

Acadêmico, antes de darmos continuidade a este vasto assunto que é


neurociências, convidamos você a efetuar a leitura complementar que trata sobre
como a neurociência ajuda a entender a aprendizagem.

LEITURA COMPLEMENTAR

Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem

A emoção interfere no processo de retenção de informação.


É preciso motivação para aprender. A atenção é fundamental na
aprendizagem. O cérebro se modifica em contato com o meio
durante toda a vida. A formação da memória é mais efetiva quando a
nova informação é associada a um conhecimento prévio. Para você,
essas afirmações podem não ser inovadoras, seja por causa da sua
experiência em sala, seja por ter estudado Jean Piaget (1896-1980),
Lev Vygotsky (1896-1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel
(1918-2008), a maioria da área da Psicologia cognitiva. A novidade é
que as conclusões são fruto de investigações neurológicas recentes
sobre o funcionamento cerebral.
“O que hoje a Neurociência defende sobre o processo de
aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por
diferentes caminhos”, diz a psicóloga Tania Beatriz Iwaszko Marques,
da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS), estudiosa de Piaget. O avanço das metodologias de
pesquisa e da tecnologia permitiu que novos estudos se tornassem
possíveis. “Até o século passado, apenas se intuía como o cérebro
funcionava. Ganhamos precisão”, diz Lino de Macedo, do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), também piagetiano.
Mas é preciso refletir antes de levar as ideias neurocientíficas para a
sala.
A Neurociência e a Psicologia Cognitiva se ocupam de entender
a aprendizagem, mas têm diferentes focos. A primeira faz isso por
meio de experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como
os de ressonância magnética e de tomografia, que permitem observar

116
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

as alterações no cérebro durante o seu funcionamento. “A Psicologia,


sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os significados, se
pautando em evidências indiretas para explicar como os indivíduos
percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido”, explica
Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do Instituto Oswaldo
Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e especialista em aprendizagem
significativa, campo de estudo de Ausubel.
As duas áreas permitem entender de forma abrangente o
desenvolvimento da criança. “Ela é um ser em que esses fatores são
indissociáveis. Por isso, não pode ser vista por um único viés”, diz
Claudia Lopes da Silva, psicóloga escolar da Secretaria de Educação
de São Bernardo do Campo e estudiosa de Vygotsky.
Sabemos, por exemplo, com base em evidências
neurocientíficas, que há uma correlação entre um ambiente rico e
o aumento das sinapses (conexões entre as células cerebrais).
Mas quem define o que é um meio estimulante para cada tipo de
aprendizado? Quais devem ser as intervenções para intensificar o
efeito do meio? Como o aluno irá reagir? “A Neurociência não fornece
estratégias de ensino. Isso é trabalho da Pedagogia, por meio das
didáticas”, diz Hamilton Haddad, do Departamento de Fisiologia
do Instituto de Biociências da USP. Como, então, o professor
pode enriquecer o processo de ensino e aprendizagem usando as
contribuições da Neurociência?
Para o educador português, Antônio Nóvoa, reitor da
Universidade de Lisboa, responder à questão é o grande desafio do
século 21. “A estrutura educacional de hoje foi criada no fim do século
19. É preciso fazer um esforço para trazer ao campo pedagógico as
inovações e conclusões mais importantes dos últimos 20 anos na
área da ciência e da sociedade”, diz.
Ao professor, cabe se alimentar das informações que surgem,
buscando fontes seguras, e não acreditar em fórmulas para a sala
de aula criadas sem embasamento científico. “A Neurociência
mostra que o desenvolvimento do cérebro decorre da integração
entre o corpo e o meio social. O educador precisa potencializar
essa interação por parte das crianças”, afirma Laurinda Ramalho de
Almeida, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em
Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP), e especialista em Wallon.
Para tornar mais claro o diálogo entre Neurociência, Psicologia
e Pedagogia, serão abordadas cinco conclusões neurocientíficas
ligadas à aprendizagem.

117
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

EMOÇÃO – Ela interfere no processo de retenção da informação.


Os pesquisadores Larry Cahill e James McGaugh, da
Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, publicaram nos
anos 1990, os resultados de estudos em que foram mostradas duas
séries de imagens a pessoas. Uma tinha um caráter emocional e a
outra era neutra. O grupo teve uma recordação maior das emotivas.
Por meio de um tomógrafo, foi observada a relação entre a ativação
da amígdala (parte importante do sistema emotivo do cérebro) e o
processo de formação da memória. “Quanto mais emoção tiver um
determinado evento, mais ele será gravado no cérebro”, diz Iván
Izquierdo, médico, neurologista e coordenador do Centro de Memória
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
A emoção, para Piaget:
“O psicólogo valoriza o termo afetividade, em vez de emoção,
e diz que ela influencia positiva ou negativamente os processos
de aprendizagem, acelerando ou atrasando o desenvolvimento
intelectual.” Lino de Macedo
A emoção, para Vygotsky:
“Para compreender o funcionamento cognitivo (razão ou
inteligência), é preciso entender o aspecto emocional. Os dois
processos são uma unidade: o afeto interfere na cognição, e vice-
versa. A própria motivação para aprender está associada a uma base
afetiva.” Claudia Lopes da Silva
A emoção, para Wallon:
“O pesquisador defende que a pessoa é resultado da integração
entre afetividade, cognição e movimento. O que é conquistado em
um desses conjuntos interfere nos demais. O afetivo, por meio de
emoções, sentimentos e paixões, sinaliza como o mundo interno
e externo nos afeta. Para Wallon, que estudou a afetividade
geneticamente, os acontecimentos à nossa volta estimulam tanto
os movimentos do corpo quanto a atividade mental, interferindo no
desenvolvimento.” Laurinda Ramalho de Almeida.
Implicações na Educação
O professor, ao observar as emoções dos estudantes, pode
ter pistas de como o meio escolar os afeta: se está instigando
emocionalmente ou causando apatia por ser desestimulante. Dessa
forma, consegue reverter um quadro negativo, que não favorece a
aprendizagem.

MOTIVAÇÃO – Ela é necessária para aprender.


Da mesma forma que sem fome não apreendemos a comer
e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não
conseguimos aprender, afirma Iván Izquierdo. Estudos comprovam

118
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

que no cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à


recompensa. Quando o sujeito é afetado positivamente por algo, a
região responsável pelos centros de prazer produz uma substância
chamada dopamina. A ativação desses centros gera bem-estar, que
mobiliza a atenção da pessoa e reforça o comportamento dela em
relação ao objeto que a afetou.
A neurologista Suzana Herculano-Houzel, autora do livro
Fique de Bem com Seu Cérebro, explica que tarefas muito difíceis
desmotivam e deixam o cérebro frustrado, sem obter prazer do
sistema de recompensa. Por isso são abandonadas, o que também
ocorre com as fáceis.
A motivação, para Piaget:
“É a procura por respostas quando a pessoa está diante de
uma situação que ainda não consegue resolver. A aprendizagem
ocorre na relação entre o que ela sabe e o que o meio físico e social
oferece. Sem desafios, não há por que buscar soluções. Por outro
lado, se a questão for distante do que se sabe, não são possíveis
novas sínteses.” Tania Beatriz Iwaszko Marques.
A motivação, para Vygotsky:
“A cognição tem origem na motivação. Mas ela não brota
espontaneamente, como se existissem algumas crianças com
vontade - e naturalmente motivadas - e outras sem. Esse impulso
para agir em direção a algo é também culturalmente modulado. O
sujeito aprende a direcioná-lo para aquilo que quer, como estudar.”
Claudia Lopes da Silva
A motivação, para Ausubel:
Essa disposição está diretamente relacionada às emoções
suscitadas pelo contexto. Pela perspectiva de Ausubel, o prazer,
mais do que estar na situação de ensino ou mediação, pode fazer
parte do próprio ato de aprender. Trata-se da sensação boa que a
pessoa tem quando se percebe capaz de explicar certo fenômeno
ou de vencer um desafio usando apenas o que já sabe. Com isso,
acaba motivada para continuar aprendendo sobre o tema.” Evelyse
dos Santos Lemos.
Implicações na Educação
A escola deve ser um espaço que motive e não somente que
se ocupe em transmitir conteúdos. Para que isso ocorra, o professor
precisa propor atividades que os alunos tenham condições de realizar
e que despertem a curiosidade deles e os faça avançar. É necessário
levá-los a enfrentar desafios, a fazer perguntas e procurar respostas.

119
CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

ATENÇÃO – Ela é fundamental para a percepção e para a


aprendizagem.
Pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram que o
sistema nervoso central só processa aquilo a que está atento. Em
um estudo de Gilberto Fernando Xavier e André Frazão Helene,
do Instituto de Biociências da USP, publicado em 2006 na revista
Neuroscience, um grupo de pessoas passou por um teste que
avaliava o desenvolvimento da habilidade de leitura de palavras
espelhadas.
Uma parte delas treinou escrever, de maneira imaginária,
palavras invertidas. Outra pôde ler termos desse tipo. Depois, ambas
conseguiram ler com rapidez palavras espelhadas criadas pelos
pesquisadores. Um terceiro grupo, enquanto treinava a leitura e a
escrita de termos espelhados, realizou outra tarefa de memorização
visual. Tanto a memorização quanto a aquisição da habilidade de
leitura invertida ficaram prejudicadas. Assim, comprovaram que, se
o desvio de atenção é significativo, a aquisição de habilidade e a
memorização sofrem prejuízo.
A atenção, para Piaget:
“De acordo com o psicólogo, prestamos atenção porque
entendemos, ou seja, porque o que está sendo apresentado tem
significado e representa uma novidade. Se há um desafio e se for
possível estabelecer uma relação entre esse elemento novo e o que
já se sabe, a atenção é despertada.” Tania Beatriz Iwaszko Marques.
A atenção, para Ausubel:
“A mente é seletiva. Segundo Ausubel, só reconhecemos
nos fenômenos que acontecem a nossa volta aquilo que o nosso
conhecimento prévio nos permite perceber. Não hesitamos, por
exemplo, em interromper uma atividade quando sentimos um cheiro
de fumaça no ambiente. Conhecer padrões é fundamental para se
dedicar, agir e aprender sobre o que importa.” Evelyse dos Santos
Lemos
A atenção, para Vygotsky:
“No decorrer do processo de desenvolvimento, a atenção passa
de automática para dirigida, sendo orientada de forma intencional
e estreitamente relacionada com o pensamento. Ou seja, ela sofre
influência dos símbolos de um meio cultural, que acaba por orientá-
la. Atenção e memória se desenvolvem de modo interdependente,
num processo de progressiva intelectualização.” Claudia Lopes da
Silva.
Implicações na Educação
Falta de atenção não é sinônimo de indisciplina ou de
desinteresse por parte das crianças. Ela pode ser decorrente de um

120
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

meio desestimulante ou de situações inadequadas à aprendizagem.


Para evitar isso, o professor deve focar a interação entre ele, o saber
e o aluno, refletindo sobre as atividades propostas e modificando-as
se necessário.

PLASTICIDADE CEREBRAL – O cérebro se modifica em


contato com o meio durante toda a vida.
A interferência do ambiente no sistema nervoso causa mudanças
anatômicas e funcionais no cérebro. Assim, a quantidade de
neurônios e as conexões entre eles (sinapses) mudam dependendo
das experiências pelas quais se passa. Antes, acreditava-se que as
sinapses formadas na infância permaneciam imutáveis pelo resto da
vida, mas há indícios de que não é assim.
Nos anos 1980, um estudo pioneiro do neurocientista norte-
americano Michael Merzenich, da Universidade da Califórnia, nos
Estados Unidos, demonstrou que o cérebro de macacos adultos se
modificava depois da amputação de um dos dedos da mão. A perda
do membro provocava atrofia dos neurônios da região responsável
pelo controle motor do dedo amputado. Porém ele observou também
que essa área acabava sendo ocupada pelos neurônios responsáveis
pelo movimento do dedo ao lado.
A influência do meio, para Vygotsky:
“A cognição se constitui pelas experiências sociais, e a
importância do ambiente nesse enfoque é fundamental. À medida
que aprende, a criança - e seu cérebro - se desenvolve. A ideia é
oposta à da maturação, de acordo com a qual se deve aguardar que
ela atinja uma prontidão para poder ensiná-la.” Claudia Lopes da
Silva.
A influência do meio, para Wallon:
“A relação complementar e recíproca entre os fatores orgânicos
e socioculturais está presente em todas as análises de Wallon.
Para ele, a criança nasce com um equipamento biológico, mas
vai se constituir no meio social, que tanto pode favorecer seu
desenvolvimento como tolhê-lo.” Laurinda Ramalho de Almeida.
A influência do meio, para Piaget:
“Para o estímulo provocar certa resposta, é necessário que o
indivíduo e seu organismo sejam capazes de fornecê-la. Por isso,
não basta ter um meio provocativo se a pessoa não participar dele ou,
como complementaria o teórico, se ela for incapaz de se sensibilizar
com os estímulos oferecidos e reagir a eles. A aprendizagem,
portanto, não é a mesma para todos, e também difere de acordo com

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

os níveis de desenvolvimento de cada um, pois há domínios exigidos


para que seja possível construir determinados conhecimentos.” Lino
de Macedo.
Implicações na Educação
O aluno deve ser ativo em suas aprendizagens, mas cabe ao
professor propor, orientar e oferecer condições para que ele exerça
suas potencialidades. Para isso, deve conhecê-lo bem, assim como
o contexto em que vive e a relação dele com a natureza do tema a
ser aprendido.

MEMÓRIA – Ela é mais efetiva na associação com um


conhecimento já adquirido.
A ativação de circuitos ou redes neurais se dá em sua maior
parte por associação: uma rede é ativada por outra e assim
sucessivamente. Quanto mais frequentemente isso acontece, mais
estáveis e fortes se tornam as conexões sinápticas e mais fácil é a
recuperação da memória. Isso se dá por repetição da informação
ou, de forma mais eficaz, pela associação do novo dado com
conhecimentos já desenvolvidos.
Podemos simplesmente decorar uma nova informação, mas
o registro se tornará mais forte se procurarmos criar ativamente
vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está armazenado
em nosso arquivo de conhecimentos, afirmam os médicos e doutores
em Ciência do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) Ramon M. Cosenza e Leonor B.
Guerra no livro Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende.
A memória, para Vygotsky:
“Uma criança pequena constrói memórias por imagens,
associando uma a outra. No decorrer do desenvolvimento, ela
passa a fazer essa relação conceitualmente, pela influência e pelo
domínio da linguagem - o componente cultural mais importante.
Com isso, passa de uma memória mais apoiada nos sentidos para
outra mais escorada na linguagem. Portanto, a memória relacionada
às aprendizagens escolares é uma função psicológica que vai se
definindo durante o desenvolvimento.” Claudia Lopes da Silva.
A memória, para Ausubel:
“Aprendemos com base no que já sabemos. Essa premissa
é central na Teoria da Aprendizagem Significativa, de Ausubel. É
preciso diferenciar memória de aprendizagem significativa. A primeira
é a capacidade de lembrar algo. Já a segunda envolve usar o saber
prévio em novas situações - um processo pessoal e intencional de
construção de significados com base na relação com o meio (social e
físico).” Evelyse dos Santos Lemos.

122
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

A memória, para Wallon:


“O pressuposto da psicogenética walloniana é que somos seres
integrados: afetividade, cognição e movimento. Portanto, informações
e acontecimentos que nos afetam e fazem sentido para nós ficam
retidos na memória com mais facilidade. Como a construção de
sentido passa pela afetividade, é difícil reter algo novo quando ele
não nos afeta.” Laurinda Ramalho de Almeida.
Implicações na Educação
Aprender não é só memorizar informações. É preciso saber
relacioná-las, ressignificá-las e refletir sobre elas. É tarefa do
professor, então, apresentar bons pontos de ancoragem, para que os
conteúdos sejam aprendidos e fiquem na memória, e dar condições
para que o aluno construa sentido sobre o que está vendo em sala.

FONTE: Nova Escola. Neurociência: como ela ajuda a entender a


aprendizagem. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/217/
neurociencia-aprendizagem. Acesso em: 26 jul. 2021.

Por fim, Escribano (2007) escreve que as neurociências têm trabalhado de


forma multidisciplinar com mais do que uma área científica, pois esse tipo de
organização mobiliza conhecimentos entre a neurologia, a psicologia, a biologia e
a medicina nuclear, esclarecendo o modo como opera o nosso sistema nervoso.
Ao mesmo tempo, facilita o trabalho que os educadores e/ou professores têm,
porque, para estes profissionais da educação, é essencial ter conhecimento do
sistema nervoso, contribuindo para melhorar as suas práticas educativas, de modo
a diminuir as dificuldades no processo de ensinoaprendizagem (ESCRIBANO,
2007).

4 PROCESSO
ENSINOAPRENDIZAGEM
Devemos ter em mente que o cérebro é um dispositivo aperfeiçoado pela
natureza ao longo de milhões de anos de evolução com a finalidade de detectar,
no ambiente, os estímulos que sejam importantes para a sobrevivência do
indivíduo e da espécie. Ou seja, o cérebro está permanentemente preparado
para apreender os estímulos significantes e aprender as lições que daí possam
decorrer (COSENZA; GUERRA, 2011).

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Essa é uma boa notícia para os professores, ao mesmo tempo em que é,


talvez, o maior desafio que têm no ambiente escolar. Podemos dizer que o cérebro
tem uma motivação intrínseca para aprender, mas só está disposto a fazê-lo
para aquilo que reconheça como significante. Portanto, a maneira primordial de
capturar a atenção é apresentar o conteúdo a ser estudado de maneira que os
alunos o reconheçam como importante.

O filósofo Sêneca, há cerca de 2 mil anos, dizia que nos primeiros anos se
aprendia mais para a escola que para a vida, e esse é um problema que chegou
até nossos dias. A sobrevivência, na escola, pode significar simplesmente
aprender para passar na prova. E depois, rapidamente, esquecer (COSENZA;
GUERRA, 2011). Quem ensina precisa ter sempre presente a indagação: por que
aprender isso? E em seguida: qual a melhor forma de apresentar isso aos alunos,
de modo que eles o reconheçam como significante?

Terá mais chance de ser significante aquilo que tenha ligações com o que já é
conhecido, que atenda às expectativas ou que seja estimulante e agradável. Uma
exposição prévia do assunto a ser aprendido, que faça ligações do seu conteúdo
com o cotidiano do aprendiz e que crie as expectativas adequadas é uma boa
forma de atingir esse objetivo (COSENZA; GUERRA, 2011).

Um ambiente estimulante e agradável pode ser criado envolvendo os


estudantes em atividades em que eles assumam um papel ativo e não sejam
meros expectadores. Lições centradas nos alunos, o uso da interatividade, bem
como a apresentação e a supervisão de metas a serem atingidas são também
recursos compatíveis com o que conhecemos do funcionamento dos processos
atencionais.

Por outro lado, o manejo do ambiente tem grande importância. A minimização


de elementos distraidores e a flexibilização dos recursos didáticos, com o uso
adequado da voz, da postura e de elementos como o humor e a música podem
ser essenciais, principalmente para estudantes de menor idade, mas também
para plateias mais maduras. É bom lembrar que a novidade e o contraste são
eficientes na captura da atenção (COSENZA; GUERRA, 2011).

Acadêmico, como a atenção é figura primordial na aprendizagem de qualquer


ser humano, vale abordarmos alguns conceitos sobre os quatro tipos de atenção:
sustentada, seletiva, concentrada e alternada. Entenda melhor sobre cada uma
delas observando a figura a seguir:

124
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

FIGURA 9 – QUATRO TIPOS DE ATENÇÃO

FONTE: <https://www.facebook.com/essenceespacointegrado/
posts/1058739224298406/>. Acesso em: 26 jul. 2021.

A atenção é amplamente estudada por diferentes áreas do conhecimento, tais


como a psicologia, neurociência cognitiva, biologia, fisiologia, sendo considerada
um importante construto para a compreensão dos processos perceptivos e
funções cognitivas em geral (LIMA, 2005).

De acordo com Brandão (1995), a atenção pode ser definida como a


capacidade de o indivíduo responder predominantemente aos estímulos que
lhe são significativos em detrimento de outros. Nesse processo, o sistema
nervoso é capaz de manter um contato seletivo com as informações que chegam
através dos órgãos sensoriais, dirigindo a atenção para aqueles que são
comportamentalmente relevantes e garantindo uma interação eficaz como meio.

Desse modo, a atenção está relacionada ao processamento preferencial


de determinadas informações sensoriais. Aquilo que nós percebemos depende
diretamente de onde estamos dirigindo a nossa atenção. O ato de prestar
atenção, independentemente da modalidade sensorial, aumenta a sensibilidade
perceptual para a discriminação do alvo, além de reduzir a interferência causada

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

por estímulos distratores (PESSOA, 2018). O sistema atencional atua como


um filtro que “abre” para as informações a serem atendidas e “fecha” para as
ignoradas (LIMA, 2005).

Vários fatores podem influenciar a atenção, como o contexto no qual o


indivíduo está inserido, as características dos estímulos, expectativa, motivação,
relevância da tarefa desempenhada, estado emocional, experiências anteriores.
Outra subdivisão da atenção é baseada na maneira como ela á operacionalizada,
já abordada anteriormente, que são: seletiva, sustentada, alternada e dividida.
Vejamos o conceito de cada atenção, de acordo com Lima (2005):

• Atenção seletiva é definida como a capacidade de o indivíduo


privilegiar determinados estímulos em detrimento de outros, ou seja, está
ligada ao mecanismo básico que subsidia o mecanismo atencional.
• Atenção sustentada descreve a capacidade de o indivíduo manter o
foco atencional em determinado estímulo ou sequência de estímulos
durante um período de tempo para o desempenho de uma tarefa.
• Atenção alternada é a capacidade de o indivíduo em alternar o foco
atencional, ou seja, desengajar o foco de um estímulo e engajar em
outro.
• Atenção dividida é a atenção dividida para o desempenho de duas
tarefas simultaneamente. Um exemplo comum desse tipo de atenção é
conversar enquanto executa outra tarefa. Os estudos com esse tipo de
atenção indicam que para a divisão da atenção, uma das informações
deve estar sendo mediada pelo processamento automático enquanto a
outra, por meio de esforço cognitivo (processamento controlado). Assim,
ao contrário do que podemos pensar, ouvir música e estudar é um
exemplo de atenção alternada e não de atenção dividida.

A atenção pode ter como foco outras coisas, além dos estímulos sensoriais
que chegam pelos sentidos. Ela pode dirigir-se para processos mentais, tais
como as memórias, pensamentos, recordações, e execução de cálculos mentais.
Quando o foco é voltado para o ambiente externo, também pode ser chamada de
percepção seletiva, e quando voltada ao ambiente interno pode ser chamada de
cognição seletiva (LIMA, 2005).

Os métodos de investigação dos mecanismos atencionais mudaram


significativamente. Atualmente, com o avanço das técnicas de neuroimagem
cerebral, tem sido possível evidenciar as estruturas cerebrais e mecanismos
neurofisiológicos envolvidos com a atenção. Do ponto de vista neuropsicológico,
é fundamental compreender os mecanismos atencionais, na medida em que
representam a base de todos os processos cognitivos e encontram-se alterados
na presença de sintomas clínicos (LIMA, 2005).

126
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

Acadêmico, abordada uma breve explicação sobre a atenção e seus tipos,


retornamos ao assunto do processo de ensinoaprendizagem, e aqui cabe
destacar a fala de Oliveira (2018), que aborda que em uma sociedade em
constante evolução, o professor não é apenas um transmissor de conhecimentos.
Hoje, o professor tem um desafio maior na sala de aula: fazer com que todos
adquiram competências independentemente das suas etnias, idades ou ideais. Só
se consegue assegurar melhorias importantes no rendimento escolar do aluno se
o professor assumir uma atitude de questionamento e reflexão sobre concepções
pouco adequadas de ensino.

Assim, o professor contemporâneo deve também preocupar-se com o seu


aluno enquanto futuro ser humano com valores perante uma sociedade cheia
de injustiças. O profissional de educação deve ser crítico e reflexivo. Saber agir
perante as mudanças educacionais contemporâneas, estar disposto a mudar e
a evoluir, ter criticidade e, com isso, criar possibilidades de enfrentar os desafios
do ato de ensinar, com motivação e empenho para fazer mais e melhor. Além do
mais, os educadores possuem o objetivo de auxiliarem os seus alunos a tornarem-
se cidadãos críticos, curiosos, responsáveis, com o intuito de estarem preparados
para as adversidades da sociedade (OLIVEIRA, 2018).

O autor ainda aborda que não existe uma espécie de guia para se tornar bom
professor, porém destaca algumas das competências essenciais para um bom
professor contemporâneo:

I. Deve ser um aprendiz ao longo de toda a sua vida.


II. Administrar a evolução da aprendizagem.
III. Participar da gestão da sala de aula, animar as aprendizagens.
IV. Ser flexível e adaptável a novas situações.
V. Ser inovador e empreendedor.
VI. Dominar as TIC.
VII. Ser aberto às necessidades dos seus alunos e dos colegas de trabalho.
VIII. Envolver os pais na sala de aula.
IX. Promover um saber mais holístico, (pluri) e (inter) transdisciplinar.

O principal objetivo dentro da sala de aula é ensinar melhor o aluno. Daqui,


decorrem as evoluções constantes e o fato do conhecimento do cérebro e as
suas funcionalidades ser algo que implica um investimento por parte do docente
(OLIVEIRA, 2018). Desse modo, segundo os apontamentos de Oliveira (2018), o
professor na era contemporânea deve conhecer os mecanismos de aprendizagem
do cérebro, porque isso vai auxiliá-lo em sua metodologia em sala de aula.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

Cada parte do cérebro tem a sua função e é responsável por conseguirmos


desenvolver determinadas competências e por podermos resolver problemas,
pensarmos, reagirmos emocional e fisicamente, entre outros. Por outro lado, esse
órgão tão importante tem funcionalidades que têm implicações na aprendizagem,
como a atenção, a memória, as emoções (a parte afetiva) e a plasticidade cerebral.
De uma forma sucinta, essas funcionalidades estão relacionadas com uma tríade
estruturante, da qual fazem parte as funções cognitivas, conativas e executivas,
que permitem o bom trabalho dessas funcionalidades (FONSECA, 2014).

FIGURA 10 – TRÍADE ESTRUTURANTE DA PERFETIBILIDADE

FONTE: A autora

As funções cognitivas, que dizem respeito ao processamento da informação,


relacionam-se às funcionalidades da atenção e da memória. A atenção possibilita
a seleção das informações relevantes, daquilo que é verdadeiramente importante,
para que não memorizemos informações desnecessárias.

Essa funcionalidade pode ser comparada a uma “lanterna que utilizamos


para iluminar os aspetos que mais nos interessam” (COSENZA; GUERRA, 2011,
p. 42). No processo de aprendizagem, é fundamental compreender que a atenção
é um fenômeno que necessita de algo concreto, isto é, o aluno necessita viver
experiências que fazem sentido, que, aquilo que aprende, esteja ligado a algo que
ele já conhece, seja estimulante, agradável de aprender e, sobretudo, que seja
relevante para o contexto em que vive.

128
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

A memória operacional ou de trabalho é outra das funcionalidades do cérebro


que ajuda a recordar aquilo que foi aprendido, dito e feito em determinadas
ocasiões. No entanto, há conhecimentos que adquirimos conscientemente
(memória explícita) e outros que adquirimos sem que tenhamos consciência
(memória implícita). Embora, no primeiro caso, se desejamos que o aluno adquira
algum conhecimento é necessário que lhe proporcionemos momentos de atenção,
em que ele possa filtrar a informação que está recebendo.

Para que a memória seja um alicerce da aprendizagem, devemos, enquanto


futuros professores, privilegiar as informações relevantes e que devem ser
aprendidas, e reduzir e/ou limitar os estímulos que, por vezes, são distratores e
que influenciam, de forma negativa, o processo de aprendizagem (COSENZA;
GUERRA, 2011).

Assim, não é possível falar de aprendizagem sem a função da memória,


“se não houvesse, na mente, um modo de armazenamento das representações
vividas e um complexo mecanismo de recuperação de experiências, não haveria
aprendizagem” (OLIVEIRA, 2014, p. 19).

Relativo às funções conativas, estas prendem-se com o modo como o


aluno se comporta face às funções cognitivas, ou seja, “integram a motivação e
o esforço anímico das condutas” que executam a informação e a pragmatizam
(FONSECA, 2014, p. 34).

Esse tipo de função diz respeito à afetividade, às emoções, à motivação,


à personalidade e ao temperamento do próprio aluno, possibilitando uma
aprendizagem bem-sucedida, especialmente quando as funções cognitivas
estão bem desenvolvidas e são bem aplicadas, pois, dessa forma, geram mais
autoestima, satisfação e entusiasmo por parte do aluno.

Quanto às funções executivas, que estão intimamente agregadas às


cognitivas e às conativas, formam um conjunto de capacidades e habilidades
que admitem a execução de ações necessárias para atingir o objetivo que
definimos. Por meio delas, organizamos nosso pensamento, levando em conta
as experiências e os conhecimentos armazenados em nossa memória, assim
como nossas expectativas em relação ao futuro, sempre respeitando os valores e
propósitos individuais (COSENZA; GUERRA, 2011).

Esse tipo de função possibilita que o aluno seja independente para utilizar
habilidades para aprender, aja em função dos objetivos que pretende atingir,
que reflita sobre o que pensou e que, fundamentalmente, aperfeiçoe as suas
respostas ao longo do tempo. A plasticidade cerebral, uma das funcionalidades
do cérebro fulcral para a aprendizagem, está relacionada à capacidade que o

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

cérebro tem para formar novas sinapses, ou seja, novas ligações entre neurônios;
e não se reduz apenas aos primeiros anos da infância, cuja faixa etária é marcada
pelo longo período de maturação do cérebro, mas prolonga-se até a idade adulta,
e o conhecimento atual permite afirmar que a plasticidade nervosa, ainda que
diminuída, permanece pela vida inteira, portanto, a capacidade de aprendizagem
é mantida (COSENZA; GUERRA, 2011).

No entanto, é fundamental que haja uma relação e interação permanente


entre os indivíduos e o ambiente externo e interno, o que exige apenas que
pratiquemos e corrijamos os nossos erros, que treinemos a nossa concentração,
exige esforço, repetição e muito tempo investido naquilo que queremos aprender.

O que fazemos com as crianças, enquanto educadores e professores, é


resultado da forma como o cérebro vai evoluir. Sendo o cérebro um órgão capaz
de se adaptar a desafios tão difíceis de superar, é decisivo estruturar atividades
e estratégias que coloquem à prova o raciocínio das crianças e que promovam o
desenvolvimento das suas capacidades (COSENZA; GUERRA, 2011).

A falta de estímulo pode ser prejudicial para o desenvolvimento do cérebro,


já que existem períodos em que o mesmo tem mais facilidade em aprender novas
habilidades e competências. Como futuros docentes, é relevante conhecer e
compreender a capacidade plástica que o nosso sistema nervoso tem, porque não
podemos pensar que uma criança nunca mais vai aprender apenas porque não o
fez na idade em que deveria. Devemos desenvolver os estímulos, a atenção, a
memória, a capacidade de concentração, e criar estratégias com vista ao produto
final, que é a aprendizagem efetiva e sentida (COSENZA; GUERRA, 2011).

O professor, enquanto mediador do processo de ensinoaprendizagem,


tem um papel relevante no modo como o cérebro aprende, pois deve conhecer
cada aluno, as suas características, a sua estrutura familiar, as suas rotinas,
entre outros, para que possa agir em conformidade com as necessidades,
dificuldades, facilidades, interesses e motivações do seu grupo de alunos. Através
de estratégias neurodidáticas, o profissional de educação deve proporcionar
contextos em que os alunos desenvolvam o conhecimento como uma construção
ativa, devendo esse conhecimento ser “baseado na atividade” (OLIVEIRA, 2014,
p. 20), na manipulação, na concretização e na resolução.

Por fim, destaca-se que a aprendizagem é dependente das estruturas e


funcionalidades cerebrais, da recolha, análise e tratamento da informação, e
de uma diversidade de fatores que condicionam a concentração, a memória, a
linguagem e o pensamento.

130
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

1) Um dos modelos inspirados pelas ideias de Jean Piaget é o


construtivismo. Do que se trata e o que vem a ser essa teoria?

2) A expressão “Brain-based Learning” ou Aprendizagem Baseada


no Cérebro provém das pesquisas neurocientíficas acerca do
cérebro, da anatomia e fisiologia do sistema nervoso, dos modos
e formas de aprendizagem cerebral. Qual é a área de estudo
desta aprendizagem?

3) Quais são os princípios “base” para a o Ensino e a Aprendizagem


Baseada no Cérebro?

4) A palavra neuroeducação surge da junção do conceito de


neurociência com o conceito de educação, um campo novo
e aberto da neurociência, repleto de enormes possibilidades
que devem fornecer ferramentas úteis para o ensino e, como
resultado, alcançar um pensamento verdadeiramente crítico
em um mundo cada vez mais abstrato e simbólico. Sobre a
neuroeducação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Surgiu após várias descobertas acerca do conhecimento do


cérebro, isto é, como é que ele aprende, que mecanismos ou
fatores estão pendentes dessa aprendizagem e quais as suas
funcionalidades.
( ) Detém, potencialmente, a chave para uma mudança de paradigma
em técnicas de ensino e um novo modelo de aprendizagem,
desde a infância até a idade adulta.
( ) Tem como objetivo melhorar os índices de ensino em diferentes
programas educativos, como ENEM e ENADE.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V – V – F.
b) ( ) F – V – V.
c) ( ) V – F – F.
d) ( ) F – V – F.

5) Disserte sobre as contribuições da neuroeducação na


aprendizagem.

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CoACHiNG E. E P. NEuroLiNGuÍSTiCA PArA EDuCADorES

6) O termo “Neurodidática” foi proposto em 1988 pelo professor


de educação matemática, Gerhard Preiss, da Universidade de
Freiburg, na Alemanha, e foi divulgado pela primeira vez em 1996.
Sobre a neurodidática, analise a sentença a seguir e assinale se
é verdadeira ou falsa:

“É uma nova perspectiva sobre as condições, estruturas e processos


de aprendizagem e memória. Estuda os benefícios e as adversidades
no processo de aprendizagem por meio das funções cerebrais”.

a) ( ) Verdadeira.
b) ( ) Falsa.

7) Os locais onde ocorre a passagem da informação entre as


células são denominados sinapses, e a comunicação é feita
pela liberação de uma substância química, um neurotransmissor.
Sobre os neurotransmissores e suas funções, relacione as
colunas:

1 Adrenalina ( ) Aprendizagem
2 Glutamato ( ) Fuga ou Luta
3 Acetilcolina ( ) Amor
4 Noroadrenalina ( ) Concentração e Alerta
5 Ocitocina ( ) Memória e Aprendizagem

8) As pesquisas sobre neurociências são constituídas por estudos


acerca do Sistema Nervoso, em que buscam compreender o
funcionamento cerebral para o entendimento do comportamento
humano. Devem-se denominar neurociências, no plural, pois
se dividem em cinco disciplinas. Disserte sobre neurociência
cognitiva.

9) O filósofo Sêneca, há cerca de 2 mil anos, dizia que nos primeiros


anos se aprendia mais para a escola que para a vida, e esse é
um problema que chegou até nossos dias. Disserte sobre esse
pensamento.

132
Capítulo 3 N. E NEURODIDÁTICA: NEUROCIÊNCIA, P. E E.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O conceito de inteligência é amplo e tem variado ao longo do tempo e nos
diversos ambientes culturais, mas pode ser considerado como a habilidade de
se adaptar ao ambiente e aprender com a experiência. Existem muitas maneiras
de ser inteligente, por isso o conceito de inteligência sofre variações, inclusive
dependendo do contexto cultural.

A palavra neuroeducação surgiu da junção do conceito de neurociência com


o conceito de educação, um campo novo e aberto da neurociência, repleto de
enormes possibilidades que devem fornecer ferramentas úteis para o ensino e,
como resultado, alcançar um pensamento verdadeiramente crítico em um mundo
cada vez mais abstrato e simbólico. A neurodidática serve para desenvolver e
aplicar novas metodologias que otimizem a aprendizagem na sala de aula.

As pesquisas sobre neurociências são constituídas por estudos acerca


do Sistema Nervoso, em que buscam compreender o funcionamento cerebral
para o entendimento do comportamento humano. Nesse sentido, o papel dos
profissionais é fundamental, na medida em que “elaborar ações educativas com
base no conhecimento da neurociência é dispor de ferramentas capazes de
analisar o percurso da aprendizagem para que se alcance o potencial individual
de desenvolvimento e aprendizagem” (OLIVEIRA, 2014, p. 22).

Por fim, destaca-se que a atenção é amplamente estudada por diferentes


áreas do conhecimento, tais como a psicologia, neurociência cognitiva, biologia,
fisiologia, sendo considerada um importante construto para a compreensão dos
processos perceptivos e funções cognitivas em geral.

Acadêmico, chegamos ao final do nosso livro didático. Desejamos sucesso


em sua caminhada! Até mais.

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