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UMA ANÁLISE DA OBRA AMOR DE

PERDIÇÃO DE CAMILO CASTELO


BRANCO
Prof. Fernanda Pantoja
 BIOBIBLIOGRAFIA DO AUTOR


 Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um dos maiores
escritores portugueses do século XIX, sendo um autor que viveu
uma vida tipicamente romântica. Sofreu ao longo da existência toda
a sorte de vicissitudes começando por seus problemas familiares
causadores de suas crenças nas idéias de desgraça e fatalidade.
Teve uma vida amorosa igualmente atribulada e completamente
passional devido ao seu caráter instável que serviu de base e
inspiração para suas obras. Um dos muitos casos notórios de sua
vida passional ficou demonstrado no rapto de Ana Plácido, mulher
casada que foge com Camilo. Os dois acabam sendo encontrados
e levados a um julgamento que causou grande consternação a
sociedade portuguesa da época devido ao caráter romântico do
caso.
 Camilo escreveu mais de duzentas e sessenta obras
predominantemente românticas, mas que, no entanto, já
apresentava traços realistas devido a críticas, sátiras, explicações e
análises de personagens. Suas obras são notavelmente marcadas
por traços autobiográficos. Camilo Castelo Branco também foi
jornalista, crítico, cronista, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor.

 RESUMO DO ENREDO DE AMOR DE PERDIÇÃO


 A história narra à vida do jovem Simão Botelho. Este era filho de um
desembargador, Domingos Botelho, tinha um irmão mais velho, Manuel Botelho
com quem tinha desavenças, duas irmãs mais novas sendo a caçula Rita sua
preferida e sua mãe que também se chamava Rita, e possuía uma postura
muitas vezes arrogante. Simão era um jovem violento e problemático que
envergonhava a sua família. Suas amizades eram com pessoas desordeiras de
classes inferiores. Passava os dias agredindo as pessoas pelos locais que
passava. Suas atitudes traziam desgosto e desprezo por parte dos pais. Por
conta de um romance o rapaz muda o seu comportamento completamente.
Torna-se caseiro, quieto e calmo. Sua paixão era pela jovem Tereza
Albuquerque, filha de Tadeu Albuquerque, inimigo de seu pai. O romance era
proibido e mantido em segredo pelos dois apaixonados que mal podiam se
observar. Simão retorna a Coimbra, onde tinha iniciado os seus estudos, a fim de
terminá-los para dessa forma ter condições de construir um futuro com a amada
Tereza. O rapaz se esforça ao máximo nos estudos. Os dois continuam
mantendo o romance através de cartas. Há esse tempo Tereza e Ritinha, irmã de
Simão se tornam amigas. Tereza lhe confidencia o segredo do romance. Um dia
Domingos pega a filha de conversa com Tereza e lhe obriga a contar tudo o que
sabe. O pai ao saber do romance fica irado e ai começa todo o tormento do
casal. Tadeu sabendo também agora o que se passava promete a mão da filha
ao sobrinho Baltazar Coutinho. A moça o repudia veementemente. O pai não
conseguindo o que deseja, começa a ameaçar Tereza constantemente: ou a
moça casava com o primo ou tornar-se-ia freira. A menina não decide por nada e
se mantém sempre fiel a Simão que através de cartas da moça fica sabendo o
que se passa em sua ausência. Simão volta de Coimbra enfurecido
 pelas tentativas de Baltazar. Desta vez não volta para sua casa, se instala na
casa de um ferrador que devia a vida ao seu pai. Este era João da Cruz. O
homem se torna seu servo fiel e lhe promete ajuda com relação à Tereza. João
possuía uma filha de nome Mariana que logo se apaixona perdidamente por
Simão. Esta o trata com todo carinho e zelo mesmo sabendo que nunca seria
correspondida em seu amor. Tereza sabendo da presença de Simão no local o
avisa através de carta sobre seu aniversário. Diz a este que esta era noite
oportuna para o encontro dos dois. Simão de pronto vai ao local, porém não
consegue encontrar Tereza porque Baltazar percebera algo diferente seguindo
a menina. O encontro é remarcado para o dia seguinte. Simão volta na noite
seguinte, contudo Baltazar já lhe havia preparado uma armadilha. João da Cruz
que já havia pensado em tal armadilha vai junto de Simão e um ajudante para
auxiliar o rapaz que estava em perigo. O encontro se faz e começa um
combate, Simão e os companheiros fogem do local a cavalo, entretanto os
comparsas de Baltazar os perseguem. João mata um dos homens e o outro
foge. Simão é ferido no ombro e levado para a casa do ferrador. João e
Mariana fazem de tudo pelo hóspede chegando ao ponto de darem suas
economias a ele fingindo ser esta uma a quantia enviada pela mãe de Simão.
 Tereza continua negando o casamento e por isto é encarcerada num convento
por seu pai. Leva secretamente consigo o tinteiro e papéis para continuar
enviando cartas a Simão. No convento, onde pensava que teria uma vida de
paz, surpreende-se com o convívio com freiras fofoqueiras e maldosas. Mais
tarde Tadeu resolve tirar a filha daquele convento para levá-la a outro onde
tinha uma parenta. Simão recebe por carta esta noticia e fica sabendo que seu
pai também levaria junto dela o resto de sua família e a família de Baltazar. A
notícia enlouquece a Simão que resolve ir até lá. Escondido de João e Mariana
parte para o convento da amada. Chagando lá se depara com todos, inclusive
Baltazar que o enfrenta. Enfurecido, Simão mata o rival.
 Simão por ser filho de desembargador, facilmente escaparia a prisão, mas não
quis e faz de tudo para ser preso. Seu pai ao saber do acontecimento resolve
não ajudá-lo desprezando-o totalmente. Sua família muda-se para Vila Real. Sua
mãe lhe oferece ajuda desta vez, mas Simão a rejeita e se declara sem família.
Passa a viver do socorro de João da cruz e Mariana que a este ponto
encontrasse totalmente submissa a ele e apresenta problemas de ordem mental.
Tereza no novo convento encontra freiras mais bondosas e verdadeiras. A
correspondência com Simão é cada vez mais difícil porém ainda é feita.
 Nesse período Simão é condenado à forca. Tereza ao saber de tal noticia se
entrega a tristeza e passa a viver como moribunda. O avô de Simão vai até
Domingos e lhe pede que este agora interceda pelo filho dizendo que não vivera
uma vida honrada até aquele momento para presenciar tal acontecimento.
Ameaça suicidar-se. Domingos pressionado pelo pai decidiu então livrar o filho
da sentença de morte. Simão é transferido para uma prisão mais próxima ao
porto onde também ficava o convento de Tereza. Tadeu tenta tirar a filha de lá,
mas as freiras, amigas da menina, já não permitem tal ato. Simão vive por dois
anos e nove meses na prisão. João é morto pelo filho do homem que havia
assassinado. Sendo assim, Mariana vende tudo o que tinha e vive
exclusivamente para Simão. São oferecidas duas penas a Simão: ficar dez anos
preso ou viver dez anos no exílio na Índia. A vontade de Tereza é que o amado
espere por ela na cadeia, porém Simão opta pelo exílio. E assim o faz. Mariana o
segue. Graças ao cargo de seu pai, Simão entra no navio como homem livre e
torna-se logo amigo do capitão que também lhe oferece ajuda para que este
tenha na índia uma vida nova. Promete também socorrer a jovem Mariana no
que for preciso.
 No entanto, Simão do porto, assiste a morte da
amada Tereza que já estava no limite da debilidade
e da tristeza. Lá recebe as cartas que havia escrito
e ela e a última carta da amada. Simão abalado
adoece e passa a arder em febre e delírios. Tereza
mais uma vez cuida dele com total dedicação.
Simão não suporta e morre. Tereza beija o homem
amado pela primeira vez. Quando o corpo deste é
amarrado a uma pedra e lançado ao mar do navio,
Mariana não resiste e joga-se junto ao corpo deste
entregando-se também a morte e deixando as
cartas de amor que Simão lhe havia confiado.

 PERSONAGENS


 Simão Botelho

 A princípio mostra-se como um rebelde de temperamento
incontrolável e cruel. Um grande perturbador e agitador da ordem
pública e uma fonte interminável de desgostos para seus pais. Tem
seu comportamento modificado de forma brusca quando começa a
nutrir sentimentos pela jovem vizinha Tereza de Albuquerque. O
amor o transforma, redime, modifica, apresentando Simão a partir
de então um caráter cheio de virtudes e um sentimento realmente
puro e verdadeiro. Torna-se honesto, estudioso e responsável, pois
deseja obter condições de sustento para viver com a amada. O
único sentimento que Simão não perde apesar de toda a
transformação em sua personalidade é o sentimento incoercível de
vingança que culmina com o assassinato de Baltazar Coutinho,
primo de Tereza. A passionalidade de Simão também é recuperada
a partir deste episódio na medida e que ele foge das tentativas de
absolvição deste crime declarando-se sempre como culpado e
demonstrando-se firme e obstinado. Simão é o estereótipo do típico
herói ultra-romântico.
 Tereza de Albuquerque

 Tereza de Albuquerque é a protagonista feminina da trama.


Uma jovem de apenas quinzes anos que se apaixona de
forma proibida pelo vizinho Simão Botelho. Tereza,
aparentemente frágil, assim como o amado, sustenta uma
personalidade de caráter firme e resoluto que enfrenta tudo e
todos pelo seu sentimento. Atua de forma inflexível perante as
sucessivas ameaças de seu pai, um homem cruel e autoritário.
Ela não age diretamente como Simão (devido principalmente a
condição subjugada a mulher de sua época), porém
demonstra a mesma obstinação do amado preferindo até
mesmo o martírio, o enclausuramento e até a perda a vida do
que ceder a vontade de um casamento forçado por seu pai.
Age guiada somente pelo amor. Por estas e outras
características, Tereza assume a posição de heroína
romântica que tanto vigorou no Romance Romântico.

 Mariana

 É a terceira peça principal desta história formando o segundo
triangulo amoroso mesmo que de forma não correspondida e
indireta. É uma moça humilde, abnegada e triste, sendo
considerada em muitas das vezes como a personagem mais
romântica deste livro. Cuida de Simão com extremo
devotamento quando este mais necessita, passando a nutrir
um amor puro, mas sem esperanças, que tudo suporta e tudo
perdoa até mesmo a paixão deste por Tereza. Seu amor é
sublimado, dedicado, fazendo esta de tudo para ajudar o
amado, tornando-se até mesmo cúmplice da sua paixão
proibida, nunca rivalizando com Tereza.
 Quando Simão é preso, Mariana abandona o pai e passar a
viver em sua companhia na prisão. Sua entrega culmina com
seu suicídio quando se joga ao mar ao ver o corpo de Simão
ser lançado. Ela é a própria personificação do espírito de
sacrifico.
 Domingos Botelho e Tadeu de Albuquerque

 São as personagens que atuam como impossibilitadoras da
concretização do amor dos protagonistas. Nutrem uma profunda
aversão um pelo outro. Odeiam-se por causa de um litígio em que o
corregedor Domingos Botelho deu ganho de causa contrário aos
interesses De Tadeu de Albuquerque. Radicais em seus
comportamentos preferem o padecimento dos filhos a abrir mãos de
suas convicções pérfidas e odiosas. Representam o
conservadorismo, as manifestações egoísticas e cruéis, o apego ao
nome e a honra e a hipocrisia social da época desmoralizadas pelo
narrador da obra.

 Baltazar Coutinho

 É um primo de Tereza que nutre grande desejo pela moça. Muito
apreciado por seu tio conquista rapidamente a posição de
pretendente da jovem. Torna-se então cúmplice do tio nas armações
contra o casal preparando até mesmo uma emboscada para Simão.
É dissimulado, hipócrita, perverso e prepotente, despertando
somente a aversão e o asco de Tereza. Fidalgo arrogante e traiçoeiro
representa o vilão da história e o rival do protagonista Simão Botelho.
É o personagem que constitui o primeiro triangulo amoroso na
história.

 João da Cruz

 Pai de Mariana e grande amigo do jovem Simão Botelho


sentindo-se responsável pela vida e bem estar do jovem
desde que este se separa da família. Agindo por um ato
de gratidão ao pai de Simão que o livrará em certa feita
da prisão, torna-se o protetor do jovem e auxiliando-o
com seus conselhos e estratégias. Toma atitudes de
extrema coragem e até violência para defender e
proteger o rapaz. Sua vida é muito simples e de grande
amor pela única filha. Sua honradez, sua fortaleza de
espírito e seus grandes atos de coragem fazem com que
o leitor esqueça e até perdoe seus crimes. É a
representação do homem do campo daquela época em
Portugal.
 TEMPO


 O amor entre Simão e Tereza desenvolve-se num período de sete anos.
O tempo cronológico é, portanto, desta forma minuciosamente
demonstrada. Os acontecimentos se desenvolvem de forma bastante
linear privilegiando a ação ao invés da descrição.
 O tempo psicológico da mesma forma é profundamente explorado
através da angustia, do sofrimento e do clima denso e repleto de
inquietações experimentado pelas personagens. A história desenrola-se
no século XIX.


 ESPAÇO


 A história se passa em Portugal. Tudo começa na cidade provinciana de
Viseu (revelando assim o provincianismo português da época arraigado
a tradição ao convencionalismo e as exigências sociais em detrimento
da liberdade e do individualismo do indivíduo). A obra também percorre
Coimbra (onde Simão passa um período estudando), e na cidade do
Porto (marcada profundamente pelo desfecho trágico das
personagens).
 FOCO NARRATIVO

 O narrador apresenta-se em 1 pessoa na introdução falando sobre a


história de sua família. No decorrer dos capítulos seguintes passa a se
apresentar em 3 pessoa caracterizando-se como narrador onisciente por
penetrar e desvendar o que se passa nas mentes e corações das
personagens. Esta fórmula busca a veracidade no que é dito. A 1 pessoa
do inicio funciona como suporte para esta verdade e confirma o que será
relatado. Já o uso da 3 pessoa nos outros capítulos concretiza esta
veracidade precisando datas, descendências e costumes da época, além
das circunstancias vividas pelas personagens. Passa a intervir, a criticar,
permitindo-se também introduzir na história (não somente revelando, mas
também comentando os comportamentos e os atos além de expor os seus
pontos de vista) como podemos observar neste trecho:

“Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher aos
quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível. Alguns prosadores
de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O amor aos quinze
anos é uma brincadeira; é a última manifestação do amor às bonecas;” é a
tentativa da avezinha que ensaia o vôo fora do ninho, sempre com os olhos
fitos na ave-mãe, que a está da fronde próxima chamando: tanto sabe a
primeira o que é amar muito, como a segunda o que é voar para longe

 Capitulo 2


 ESTILO
 Amor de perdição é classificada pelos críticos como uma novela passional. Em
novelas passionais, Camilo Castelo Branco apresentou três fases: a 1 foi à fase
melodramática, de grande pobreza psicológica onde predominaram temas como
ódio, vingança e crimes. Produziu novelas criadas basicamente para o
entretenimento.
 Na 2 fase (onde se insere Amor de Perdição) é representado o melhor de sua obra.
A linguagem apresenta-se mais direta e por vezes irônica. A leitura é estimulada
através de um suspense bem dosado e de um enredo conciso aproximando mais o
leitor da obra que passa a acompanhar as jornadas das personagens. O tema amor
reina absoluto.
 Na 3 fase as novelas passam a constituir romances e modificam-se apresentando
características realistas como as sátiras, críticas sociais e as observações
minuciosas da realidade. Temas como o adultério passam a ser explorados. A
linguagem torna-se mais popular.

 Na novela passional Amor de Perdição, o amor funciona como uma espécie de


destino e de fatalidade que domina e orienta tanto o a vida quanto a morte das
personagens que passam a seguir cegamente os seus impulsos amorosos. Não
podemos esquecer que a novela se enquadra no período literário do Romantismo
apresentando-se como ótimo exemplo de literatura da época.
 O amor é o tema central. Apresenta-se desenfreado,
profundo, além das forças e dos limites, trazendo
consigo o sofrimento por chocar-se frontalmente com as
necessidades e convenções sociais. A paixão passa a
justificar toda sorte de condutas, até mesmo o
enlouquecimento num tom profundamente trágico e
passional. Existe toda uma luta por parte das
personagens para alcançar a felicidade amorosa, que
em contrapartida apresenta-se em vão contra a
sociedade injusta da época. A ideia de que o sentimento
deve sobrepor-se a razão é levada até as ultimas
conseqüências nesta história.
 A presença de “mártires do amor” demonstra a
angustiosa procura pelo sofrimento como razão de viver,
característica marcadamente ultra-romântica. O casal
luta, sofre todo o tipo de provação onde permanece a
ideia de que o amor só será conquistado através do
sofrimento e da morte.
 As personagens possuem a consciência de que não
deveriam se apaixonar, porém não conseguem abdicar
de sua paixão. Enfrentam tudo e todos mesmo quando a
felicidade apresenta-se cada vez mais longínqua até
que o destino realmente lhes fala mais alto. Chegando a
morte, ocorre também a sublimação do amor das
personagens através dela. O destino trágico do
protagonista já nos é apresentado pelo autor logo na
introdução do livro: “Amou, perdeu-se e morreu
amando”.
 Funcionou como uma espécie de Romeu e Julieta
lusitano (apresentando vários traços Shakespereanos,
como o drama de Romeu e Julieta, a obra focaliza dois
apaixonados que têm como obstáculo para a realização
amorosa a rivalidade entre as famílias.) muito bem
recebido pela sociedade portuguesa da época..
 O próprio autor justifica o sucesso de seu romance: “Rapidez das peripécias, a
derivação concisa do dialogo para pontos essenciais do enredo, a ausência de
divagações filosóficas, a lhaneza de linguagem e o desartifício das locuções”.


 VEROSSIMILHANÇA


 Com relação ao período literário é evidente a verossimilhança com o
Romantismo pela obra apresentar todas as características predominantes deste
movimento. No que toca a realidade da época em que foi escrita, também
apresenta todos os dados constituintes daquela sociedade além de datas,
locais, acontecimentos precisos e transcrevendo documentos para
dar autenticidade. Já no que condiz a própria história também podemos
encontra veracidade por ser muito comum no século XIX principalmente nos
períodos em que vigoraram o Romantismo e o Ultra-Romantismo, a entrega
completa de jovens a este tipo de amor que nada mais deseja ou teme por
pensar somente no ser amado. É fato que foi uma época em que ocorreram
muitas tragédias passionais, muita entrega a tristeza profunda e um número
enorme de suicídios advindos principalmente destas questões do coração.


 MOVIMENTO LITERÁRIO


 O Livro esta inserido no período Literário conhecido como
Romantismo. O Romantismo nasce na Alemanha, na Itália e
na Inglaterra, mas é na França que ganha força e expande-se
para o restante da Europa e para as Américas. Inicia-se no
final do século XVIII e perdura até o fim do século XIX. Foi um
período literário fortemente influenciado pelos ideais do
Iluminismo e de liberdade advindos da Revolução Francesa.
 O Romantismo apresentou como características principais:
 - o Nacionalismo: os temas nacionais e o passado são
explorados exaltando valores e os heróis nacionais.
 - O Historicismo e o Medivealismo: ambientado em seu
passado histórico principalmente no período medieval.
Interesse pelas origens das famílias, do povo e do país.
 - Valorização das fontes populares e do folclore: os
autores buscam inspiração nas narrativas orais e nas canções
populares
 - Confessionalismo: são expressos nas obras os
sentimentos pessoais do autor em determinadas ocasiões.
 - Pessimismo: a melancolia se faz presente, além do
individualismo e do egocentrismo adquirindo traços doentios.
É o chamado mal- do -século, o Byronismo angustiado e até
por vezes satânico. A impossibilidade de realizar o sonho do
"eu" grande inquietação, desespero, frustração, levando
muitas vezes ao suicídio.
 - Morte: tema constante nas produções românticas serve
como fuga, sublimação ou ultima solução.
 - Critica social: o Romantismo por vezes assumiu um
caráter combativo de oposição e critica social.
 -Oposição ao nacionalismo e ao rigor neoclassicismo: o
romântico recusa as formas, liberta-se se aproximando da
linguagem coloquial. É a liberdade de criação. Repudio aos
clássicos
 - Sentimentalismo: os sentidos são exaltados e tudo que deriva
dos impulsos passa a ser permitido. As emoções são exploradas
com grandes picos de intensidade.
 - Culto ao fantástico: a imaginação, o sonho, o mistério, a fantasia
emergem em profusão.
 - Idealização: o artista romântico envolto as suas fantasias, idealiza
tudo. As coisas e as pessoas não são vistas como realmente são e
sim como deveriam ser segundo a sua própria ótica pessoal. O
homem romântico idealiza a mulher como uma deusa divina
retornando assim ao seu passado trovadoresco e a vassalagem
onde as damas eram imensamente desejadas mesmo que se
apresentassem inatingíveis.
 - Egocentrismo: o “eu” é cultuado, as atitudes são egoístas e
narcisistas. O individualismo prevalece.
 -Escapismo: fuga da realidade, refúgio na fantasia, no sonho, na
morte, na religião. O romântico não aceita a vida como ela é.
 - Luta entre o liberalismo e o absolutismo: heróis grandiosos, muitas
vezes personagens históricos, que foram de algum modo infelizes:
vida trágica, amantes recusados, patriotas exilados.
 -Religiosidade: vida espiritual e a crença em Deus enfocadas como
pontos de apoio ou válvulas de escape diante das frustrações do
mundo real.
 CONCLUSÃO

 Compreendemos que o livro Amor de Perdição constitui um


marco no Romantismo Português tornando-se uma das suas
expressões mais perfeitas, principalmente ligadas a segunda
fase romântica. O autor abusa de todos os recursos do
período envolvendo-nos em uma trama onde personagens
vivem em eterno conflito com a sociedade, numa saga de
encontros e desencontros, alimentados por cartas carregadas
de tristezas e angustias numa apoteose de sentimentos de
um amor impossível e no seu destino trágico onde a morte
sublima o amor no seu ideal romântico.
 Permitiu-nos também observar através do estudo da obra o
próprio Romantismo marcado pela definitiva liberdade de
expressão e do pensamento repudiando as regras que até
então eram impostas e já antecipando um novo período que
logo iria se firmar: o Modernismo.
CAMILO CASTELO BRANCO- LISBOA, ENCARNAÇÃO, 16
DE MARÇO DE 1825 — VILA NOVA DE FAMALICÃO, SÃO
MIGUEL DE SEIDE, 1 DE JUNHO DE 1890

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