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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)

Ciências Aeronáuticas
Artur Marques Cangussu

Tanque de Guerra
Estudo sobre o conceito de conservação de momento.

Uberaba - MG
2021
1. Introdução
Ao longo das aulas de física orientadas pelo professor Dario, foram abordados tópicos
como a conceituação de momento linear e impulso, bem como o estudo do Teorema do
Impulso e da conservação de momento. A partir daí, iniciou-se uma discussão acerca de
possíveis cenários nos quais tais conceitos são aplicáveis, resultando na proposição de
uma análise da situação hipotética da queda livre de um tanque de guerra.

2. Objetivo
Este trabalho tem como principal objetivo exercitar os conceitos trabalhados em aula
de conservação de momento linear (quantidade de movimento) e impulso por meio da
análise da situação proposta, julgando-a plausível ou não.

3. Metodologia
3.1- Tanque escolhido para análise.
Para conduzir essa análise foi escolhido o tanque M1A1 – Abrams (Figuras 1 e 2)
como objeto de estudo, equipamento de grande renome internacional por ser o principal
carro de combate do exército dos Estados Unidos. O M1 possui, em média, massa de
61.300 kg (depende da versão e do armamento equipado) e opera um canhão principal de
120mm que, nessa versão escolhida, dispara o projétil M829A2 (Figura 3), com 9kg de
massa e a impressionante velocidade de disparo de 1.675 m/s (6.030 km/h).

Figura 1- Esquema ilustrado do tanque M1A1.

Disponível em: https://www.inetres.com/gp/military/cv/tank/M1.html


Figura 2- Tanque M1A1 do exército dos Estados Unidos.

Disponível em: http://www.defenselink.mil

Figura 3- Projétil M829A2

Disponível em: https://www.wikiwand.com/en/M829

3.2- Situação proposta para estudo.


O cenário que será analisado foi baseado em uma cena do filme “The A-Team”, mais
especificamente no trecho conhecido como “You can´t fly a tank”, que significa “você
não pode voar um tanque”. Nela, tem-se um tanque de guerra caindo em queda livre de
um avião transportador, enquanto seus ocupantes tentam disparar o canhão principal no
sentido contrário ao da queda.
A partir daí foi proposto analisar, primeiramente, qual seria a velocidade de recuo
sofrida pelo tanque após o disparo de um único projétil e, em sequência, descobrir quantos
disparos teriam que ser realizados simultaneamente para que a queda fosse interrompida,
após o tanque cair 100 metros.
3.3- Cálculos
Análise 1- velocidade de recuo:
Para ser possível realizar essa análise, será considerado que o tanque já atingiu sua
velocidade terminal de queda, isto é, o arrasto do ar se igualou à força de atração
gravitacional e esse não mais está sobre o efeito de acelerações, isso porque o teorema da
conservação do momento somente é aplicável para sistemas conservativos, ou seja, sem
a ação de forças externas. Assim temos:

Em um sistema conservativo o impulso é nulo,


portanto, 𝐼 = ∆𝑃 = 0.
-Massa tanque = 61.300kg
-Massa projétil = 9kg
-Velocidade projétil = 1.675 m/s

𝑃𝑝𝑟𝑜𝑗é𝑡𝑖𝑙 − 𝑃𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = 0
𝑃𝑝 = 𝑃𝑡
𝑚𝑝. 𝑣𝑝 = 𝑚𝑡. 𝑣𝑡
9 . 1.675 = 61.300 . 𝑣𝑡
15.075
𝑣𝑡 =
61.300
𝑣𝑡 = 0,24 𝑚/𝑠
Ou seja, o disparo de um único projétil a 1.675 m/s de velocidade resulta em uma
velocidade de recuo sobre o tanque de apenas 0,24 m/s (no sentido contrário ao do
disparo).

Análise 2- número de projéteis para parar o tanque:


Neste caso, será considerado que o tanque já se deslocou 100 metros verticalmente a
partir da aeronave transportadora. Dessa forma, por meio da fórmula 𝑣 = √2𝑔ℎ é
possível encontrar que o mesmo terá velocidade de cerca de 44,29 m/s nesse ponto da
queda.
Para que o tanque tenha a queda interrompida, é necessário que o momento de todos
os projéteis disparados simultaneamente se iguale ao momento do tanque, logo tem-se:
𝑃𝑡 = 𝑚𝑡. 𝑣𝑡
𝑃𝑡 = 61.300 . 44,29
𝑃𝑡 = 2.714.977 𝑘𝑔. 𝑚/𝑠
𝑃𝑝 = 𝑚𝑝. 𝑣𝑝
𝑃𝑝 = 9. 1.675
𝑃𝑝 = 15.075 𝑘𝑔. 𝑚/𝑠
Dividindo-se o momento do tanque pelo momento de um único projétil:
2.714.977
~180
15.075
Ou seja, o disparo simultâneo de cerca de 180 projéteis M829A2 produziria uma
quantidade de momento equivalente ao momento do tanque, possibilitando interromper
sua queda.

4. Conclusões
A situação proposta, ainda que bastante hipotética, foi eficiente na proposta de
exercitar o conceito de momento linear, certamente contribuindo para sua melhor
compreensão. Quanto ao segundo foco desse trabalho, o de julgar plausível ou não essa
proposta na vida real, percebe-se que de forma alguma o disparo de projéteis poderia ser
usado para frear a queda de um tanque. Mesmo se desconsideradas as limitações de tempo
de cadência de tiros e tempo de recarregamento do canhão, não existe no mundo um
tanque capaz de carregar tantas unidades de uma munição de alto calibre como o
M829A2. O próprio M1, por exemplo, apenas carrega 40 unidades, valor muito distante
dos teóricos 180 necessários para tal feito. Assim, conclui-se que o único final fisicamente
possível para a cena apresentada no filme seria a completa destruição do tanque após
colisão com a superfície e, consequentemente, a morte de todos os ocupantes.

5. Referências para pesquisa.

M829A2. [S. l.]: John Pike, 21 fev. 2017. Disponível em:


https://www.globalsecurity.org/military/systems/munitions/m829a1.htm. Acesso em: 24 maio
2021.

M1 Abrams Main Battle Tank. [S. l.]: Garry W. Cooke, 3 maio 2008. Disponível em:
https://www.inetres.com/gp/military/cv/tank/M1.html. Acesso em: 24 maio 2021.

BUMGARDNER, Richard. U.S Army M1A1 Abrams. [S. l.], 11 fev. 2005. Disponível em:
http://www.defenselink.mil. Acesso em: 24 maio 2021.

Orientações a respeito da realização dos cálculos obtidas durante as aulas de física do professor
Dario Eberhardt.

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