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Resenha do texto: PIAULT, Marc-Henri. Real e ficção: onde está o problema? IN: KOURY, Mauro
G. P. Imagem e Memória. Ensaios em Antropologia Visual. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. (PP.
151-171).
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Talvez alguns aspectos fiquem de fora, intencionalmente, a fim de demonstrar os recortes
que faço que mais me interessam dentro do texto.
O uso do cinema, segundo Piault, começava a permear um tempo de
“descobertas e incertezas que não obedeciam as fronteiras estabelecidas” e
buscava assim romper com esses lugares estabelecidos, principalmente com a
literatura, a história, a pintura e o desenho, no caso da descrição de
acontecimentos históricos, onde o cinema mostrava não só o evento como
determinado, mas todas as nuances “imperceptíveis” que deram condições de
possibilidade para o acontecimento.
A ficção por meio das suas potência de ruptura consegue acessar lugares,
subjetivos, que muitas vezes o real não consegue, quantas vezes a arte e o cinema
mostraram a realidade de uma maneira muito mais tocante do que uma notícia de
um telejornal? Aqui se trata de pensar como que essa ficção e esse real foram
pensados para obter os impactos obtidos.
Consegue-se então traçar uma linha que nos permite entender que “o que é
construído vem do que é percebido, do que se passa e se exprime ao olhar a à
escuta de uma câmera”, a câmera aqui é mais uma peça que também é mediadora
dessas percepções.
Gosto de pensar com Foucault que existem dispositivos que fazem ver e
falar certos funcionamentos, sob certos regimes de verdades, e com Deleuze que
nos coloca a percepção sempre como subtraindo algo a matéria, e portanto, ela
afasta da realidade tudo aquilo que não me interessa e que não entra em
consonância comigo.
Digo isso por entender que o cinema etnográfico e documental, nos moldes
de sua invenção, não eram os vilões de um plano arquitetado para consumir o outro
como imagem, esse era o projeto da modernidade em todas as áreas de
conhecimento (PIAULT, 1995), mas compreender que o que eles conseguiram fazer
era o possível naquele momento; porém estamos em um outro momento, onde o
giro descolonial e pós estruturalista, nos permitem usá-los como base para
superá-los e produzir novos sentidos e novos mundos através da imagem.
Agenciamentos utilizados:
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é filosofia? São Paulo: Ed. 34, 1992