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Beleza e Saúde: como a mídia 

influencia
“A gente vive num mundo de ilusão, a televisão, as revistas, a Internet vendem imagens que 
não são reais. Essas mesmas celebridades que ditam moda, no dia a dia são como nós.” 

Por Clara Freitas, Gabriela Bone, Luana Martins, Mauricio Ruan   

Em meio a um cenário revolucionário, toda pequena mudança é um grande


passo para a sociedade. Mesmo com tantos veículos de comunicação em
2018, dando destaque à internet, a mídia associada ao mercado lucrativo trata
a beleza com padrões antigos mantendo como modelo a beleza europeia:
branca, alta, magra e loira.
Todas mulheres já se sentiram pressionadas em algum momento para se
encaixar em algo, a indústria da beleza usa mídias que a maioria tem acesso, o
que faz o processo de manipulação ser mais direto e eficiente, para propagar
um ideal de imagem quase inalcançável e assim aumentar a margem de lucro
com a insegurança de jovens.
Com a popularização das redes sociais, vemos publicidade e incentivo ao
consumismo o tempo todo, em todos os lugares, seja naquela foto usando um
super creme anti celulite de uma influencer no instagram, que parece amar o
produto e promete milagres, quando na verdade está sendo muito bem paga
para divulgação de tal, ou aquela promoção incrível de 5 sessões de um
tratamento contra manchas e rugas que uma outra blogueira divulga.
Com base disso, todos os modelos que são reproduzidos em grandes mídias
influenciam de forma negativa a população que almeja um padrão de beleza
que muitas vezes não se encaixa com a realidade em que ela vive. A
consequência desse padrão milenar nos leva a um tema de saúde preocupante
e muito comum no mundo adolescente: transtornos alimentares.
Segundo Thaís Ladeira, nutricionista, aqueles que se influenciam por famosos
da TV e das redes sociais acabam se frustrando, pois, cada indivíduo possui
uma forma física, que existe como consequência da associação de muitos
fatores como genéticos e fisiológicos, e também da alimentação e da prática de
exercícios físicos (por exemplo: intensidade, regularidade, etc.). O que causa
muita dificuldade num quadro clínico geral de uma pessoa que tem excesso de
preocupação com o corpo.
“Ninguém é igual a ninguém e buscar esta ou aquela forma física só causa
frustração. Além disso muitas pessoas (midiáticas) transmitem informações
errôneas, como por exemplo as dietas malucas, que podem trazer
consequências sérias, como transtornos hormonais, afetando a saúde do
indivíduo física e psicologicamente” afirma a nutricionista.

A busca por esses padrões de beleza midiáticos coloca os jovens em muitas


situações de risco dado ao grau de importância que é dado à saúde.
Transtornos alimentares e psicológicos são muito mais comuns em
adolescentes e jovens adultos entre 12 e 24 anos, uma época onde a
autoestima fica mais abalada e a influência midiática é maior.

Transtornos alimentares
De modo geral transtornos ou distúrbios alimentares são exageros
relacionados a comida, seja o excesso ou a privação da ingestão de alimentos.
Geralmente quem sofre desses tipos de doenças apresentam baixa autoestima
e problemas psicológicos como a distorção da própria imagem mas a pressão
midiática e social também são fatores significativos. A anorexia e bulimia são
as doenças mais comuns relacionadas ao fator mídia. ‘’Dependendo do quadro,
quando não diagnosticada a tempo, pode levar a morte, depressão e até
mesmo o suicídio’’ afirma a psicóloga Rayanne Alves.
A anorexia é causada pela perda de peso excessiva, geralmente pessoas
anoréxicas tem um comportamento compulsivo pelo emagrecimento e deixam
de comer e ingerir nutrientes importantes para o corpo deixando-as exaustas
física e psicologicamente, com a pele seca e os ossos mais aparentes e
frágeis. Um dos exemplos das consequências da anorexia em alguém é a
danificação das paredes do intestino, enfraquecimento do coração deixado
mais propenso a paradas e disritmias cardíacas, desidratação e desnutrição.
Bulimia é quando a pessoa tem crises de ansiedade e come compulsivamente,
depois se sente culpada e para compensar se induz ao vômito, toma laxantes,
diuréticos ou faz exercícios físicos de forma exagerada. É comum pessoas com
bulimia estarem na faixa normal de peso ou até mesmo um pouco acima do
peso. Alguns exemplos de consequências da bulimia: depressão, fadiga,
arritmia cardíaca, irregularidade menstrual, problemas de estômago e esôfago
(causados pelos vômitos).
“As pessoas precisam enxergar que não é brincadeira, que não é frescura -ouvi
muito isso-, que não é drama, que não é “você tá assim porque você quer”,
afirma Alyne Lobato que superou a bulimia com a ajuda de amigas, “A
ignorância faz hoje da nossa sociedade, uma sociedade problemática, onde
pessoas com distúrbios sejam eles quais forem, são intimidadas diariamente a
não procurar ajuda pois ao procurar serão julgadas à drama, frescura,
fingimento... vai ter tudo que você imaginar, menos compreensão... e isso tanto
fora quanto dentro de casa!”.
Para o tratamento dessas doenças o acompanhamento e o apoio psicológico
são fundamentais, por isso existem grupos de apoio como o Grupo de Apoio e
Tratamento dos Distúrbios Alimentares e da Ansiedade (GATDA) auxiliando o
tratamento de diversas pessoas. O GATDA fica na rua João Ramalho, 257 em
Perdizes, São Paulo. ‘’Além de buscar ajuda de profissionais qualificados, os
parentes e amigos também são importantes durante o tratamento,
mantendo-se informado e apoiando no processo e nas dificuldades’’ acrescenta
Rayanne.

Autoaceitação 
De fato a beleza vai mudando de acordo com os anos, o que hoje é
considerado bonito no passado talvez não fosse, esse é o poder que a mídia
tem, ela altera os padrões e nos últimos anos em consequência da
globalização um novo padrão global foi criado, influenciando o consumismo e
afetando de forma negativa a percepção do que realmente é beleza.
Apesar da existência do conhecimento sobre a autoaceitação, ainda vivemos
em uma sociedade que impõe padrões, sejam eles de beleza ou
comportamento, a partir do momento em que esses modelos são reproduzidos
em diversos meios metade da população se torna constantemente criticada ou
rejeitada, aumentando os riscos a saúde mental.
“A gente vive num mundo de ilusão, a televisão, as revistas, a Internet vendem
imagens que não são reais. Essas mesmas celebridades que ditam moda, no
dia a dia são como nós. Possuem olheira, rosto inchado, cabelo com frizz, pele
desidratada e etc. Quando elas vão divulgar imagem são maquiadas com os
melhores produtos, profissionais e fotografada com a melhor câmera,
equipamentos e luz quando a foto não é editada. Há um caminho imenso entre
como a pessoa chega ao local de trabalho até sua imagem estar nas mídias”
declara Valéria, maquiadora.
“As pessoas acham que você tem que ser 100% perfeita igual nas fotos, e
esquecem que você é um ser humano normal. Que às vezes não está em um
bom dia, que não é sempre que vai estar maquiada e arrumada. Exigem muito,
como se fôssemos máquinas e não pessoas normais” completa Jennifer Lima,
usuária do instagram.
A perfeição não existe e não existe beleza no padronizado, na mesmice, ser
diferente, ter um corpo saudável e se sentir feliz dentro dele é o primeiro passo
para quebrar as barreiras impostas. Ninguém tem que se esforçar tanto para
ser aceito, beleza não tem cor, não tem corpo, não tem raça, não tem jeito,
beleza está relacionada a auto-aceitação.

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