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Dr. Carlos Henrique de O. Ivantes – OAB/RJ 111.

044
Dr. Claudio Luiz Gomes Viana – OAB/RJ 223.978
ILMO SENHOR PRESIDENTE DA CONSELHO REGIONAL DE
MEDICINA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

AFONSO CLAUDIO DE MEIRELES, brasileiro, casado, Militar


Estadual, portador da carteira de identidade RG nº 63.961 PMERJ,
inscrito no CPF/MF sob o nº036.576.537-67, residente e domiciliado
na Rua Jose Gervasio, 17, cs 2, FNM, Duque de Caxias, RJ, CEP
25.253-605; ALEX RANGEL MOÇO, brasileiro, casado, Militar
Estadual, portador da carteira de identidade RG nº 79547 PMERJ,
inscrito no CPF/MF sob o nº 090.753.127-09, residente e domiciliado
na Rua Das Alamandas, 13, Campo Redondo, São Pedro da Aldeia,
RJ, CEP 28.942-344; ANDRE RICARDO SILVÉRIO DE MELO,
brasileiro, casado, Policial Militar, portador da identidade nº 70.371
PMERJ, inscrito no CPF/MF nº 037.564.697-35, residente e
domiciliado na Rua Bebedouro, nº 234, casa 10, Senador
Vasconcelos, Campo Grande, Rio de Janeiro/RJ CEP 23.012-320;
ARMENIO BRUM LEITE FILHO, brasileiro, casado, Militar Estadual,
portador da carteira de identidade RG nº 60.429 PMERJ, inscrito no
CPF/MF sob o nº 684.256.866-87, residente e domiciliado na Al dos
Pinheiros, 335, Paraiso, Cataguases, MG, CEP 38.772-168; CLEI
COSTA ALVES, brasileiro, casado, Militar Estadual, portador da
carteira de identidade RG nº 69.049PMERJ, inscrito no CPF/MF sob
o nº 023.746.997-90,residente e domiciliado na Est. Cafunda, 175,
bl8, GR 3A, Ap702, Tanque, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22.725-030;
DILSON DIAS DOS SANTOS, brasileiro, casado, Militar Estadual,
portador da carteira de identidade RG nº 50.280 PMERJ, inscrito no
CPF/MF sob o nº 893.375.657-49, residente e domiciliado na Rua
Waldemar Machado Mendonça, nº 185, casa 3, Industrial, Juiz de
Fora, MG, CEP 36.081-530; FLAVIO VIEIRA DE OLIVEIRA,
brasileiro, solteiro, Militar Estadual, portador da carteira de
identidade RG nº 55.603 PMERJ, inscrito no CPF/MF sob o nº
010.945.697-12, residente e domiciliado na Est. Água Grande, nº
1525, Bl. 13B, ap. 201, Vista Alegre, Rio de Janeiro, RJ, CEP 21.230-
354, REPRESENTADO PELO SEU CURADOR (IRMÃO) ALEXANDRE
Dr. Carlos Henrique de O. Ivantes – OAB/RJ 111.044
Dr. Claudio Luiz Gomes Viana – OAB/RJ 223.978
VIEIRA DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, portador da carteira de
identidade nº087761193 IFP-RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº
018.484.477-01, residente e domiciliado na Est. Água Grande, nº
1525, Bl. 13B, ap. 201, Vista Alegre, Rio de Janeiro, RJ, CEP 21.230-
354; JAN GOMES PINHEIRO, brasileiro, casado, portador da
carteira de identidade RG nº 74.776 PMERJ, inscrito no CPF/MF sob
o nº 032.449.597-84, residente e domiciliado na Rua Dr. Alberto
Santos de Carvalho, nº 188, frente, Parada 40, São Gonçalo, RJ, CEP
24.435-590; MARCELO DE SOUZA NOGUEIRA, brasileiro, casado,
Militar Estadual, portador da carteira de identidade RG nº 71.745
PMERJ, inscrito no CPF/MF sob o nº 039.471.117-38, residente e
domiciliado na Rua Antonio de Castro, nº 195, Rua do Matadouro –
Parque Presidente Vargas – Cidade de Campos dos Goytacazes, RJ,
CEP 28.083-320; MARCELO MOREIRA LEITE, brasileiro, casado,
Militar Estadual, portador da carteira de identidade RG nº 81.282
PMERJ, inscrito no CPF/MF sob o nº 051.513.057-51, residente e
domiciliado na Rua Alcobaca, 1465, Anchieta, Rio de Janeiro, RJ,
CEP 21.645-001; ANSELMO SCOFANO DE MATOS, brasileiro,
casado, Funcionário Público, portador da carteira de identidade RG
nº 74.693 PMERJ, inscrito no CPF/MF sob o nº077.311.197-26,
residente e domiciliado na rua Doutor Carlos Esteves, nº 600, Vila
Guanabara, Duque de Caxias, RJ, CEP 25.065-005.;PAULO
AFONSO NOGUEIRA BARROSO, brasileiro, casado, Militar
Estadual, portador da carteira de identidade RG nº 61.266 PMERJ,
inscrito no CPF/MF sob o nº 007.015.227-63, residente e domiciliado
na Rua Amaro, nº 17, casa 17, Bairro Donana – Cidade de Campos
dos Goytacazes, RJ, CEP 28.070-326; RICARDO COELHO
CHAVANTES, brasileiro, casado, Militar Estadual, portador da
carteira de identidade RG nº 69.712 PMERJ, inscrito no CPF/MF sob
o nº 029.378.537-65, residente e domiciliado na Rua Sebastião
Pereira Venda, nº 210, casa 01, Morro Azul do Tinguá, Engenheiro
Paulo de Frontin, RJ, CEP 26.680-000.; RONALDO DA SILVA
VASQUES, brasileiro, casado, Militar Estadual, portador da carteira
de identidade RG nº 68.564 PMERJ, inscrito no CPF/MF sob o nº
003.078.447-65, residente e domiciliado na Travessa Estado de
Israel, nº 14, casa, Bairro Icaraí, Cidade de Niterói, RJ, CEP 24.230-
550.;SAMUEL SILVA FERNANDES, brasileiro, casado, Militar
Estadual, portador da carteira de identidade RG nº 63.965 PMERJ,
inscrito no CPF/MF sob o nº 022.721.667-92, residente e domiciliado
na Rua Marta, nº 174, Bairro Santa Dalila, Suruí, Cidade de Magé,
RJ, CEP 25.900-001.;VIRNA GLAUCE GABRIELSEN, brasileira,
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solteira, Militar Estadual, portadora da carteira de identidade RG nº
64.314 PMERJ, inscrita no CPF/MF sob o nº 028.169.377-39,
residente e domiciliada na Rua Dr. Raul Boaventura, nº 84, Bairro
Sepetiba, Cidade do Rio de Janeiro, RJ, CEP 23.545-470.; WALFER
DIAS DE SOUZA, brasileiro, casado, Militar Estadual, portador da
carteira de identidade RG nº 63.272 PMERJ, inscrito no CPF/MF sob
o nº 019.429.097-21, residente e domiciliado na Al Bela Vista, 470,
casa1, Praça da Ponte, Miguel Pereira, RJ, CEP 26.900-00 e
WASHINGTON LUIZ MOTTA, brasileiro, solteiro, Militar Estadual,
portador da carteira de identidade RG nº 68.090 PMERJ, inscrito no
CPF/MF sob o nº 021.748.877-38, residente e domiciliado na
Avenida Sta. Cruz, nº 719B, BL. 18, AP. 204, Bairro Senador
Camará, Cidade do Rio de Janeiro, RJ, CEP 21.830-264., por seus
advogados Dr(s). CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA IVANTES,
brasileiro, casado, advogado, devidamente inscrito na OAB-RJ sob o
nº 111.044, CLAUDIO LUIZ GOMES VIANA, OAB/RJ 223.978 com
escritório na Avenida Marechal Fontenelle, nº 4.163, Mallet, Sl. 102,
Rio de Janeiro/RJ, telefone (21) 964147890, ambos com endereço
eletrônico: claudiolgviana@hotmail.com., vem mui
respeitosamente requerer a esse conselho, apresentar:

REPRESENTAÇÃO/DENUNCIA
EM FACE DOS MÉDICOS DA PMERJ

Os requerentes são todos Policiais Militares do Estado do Rio de


janeiro e foram reformados (aposentados) por invalidez, podendo
prover meios de subsistência, sem relação de causa e efeito com o
trabalho Policial exercido.

O termo podendo prover meios de subsistência significa que, todos,


em tese, estariam aptos a exercer atividades laborativas na vida civil.
Ocorre que a reforma (aposentadoria) dos requerentes e outras
centenas Militares Estaduais, se deram por doenças mentais,
conforme documentos anexados.

A gravidade da situação é que a PMERJ, possui Estatuto, Lei nº


443/81, cuja rigidez nas doenças incapacitantes impede os Médicos
responsáveis pela Perícia de aplicar corretamente o CID das doenças
realmente diagnosticadas.
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Transcrevemos o artigo 104 da Lei nº 443/81 que tipifica as doenças


incapacitantes:

Art. 104 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em consequência de:


I - ferimento recebido na manutenção da ordem pública ou enfermidade
contraída nessa situação, ou que nela tenha sua causa eficiente;
II - acidente em serviço;
III - doença, moléstia ou enfermidades adquirida, com relação de causa e efeito
a condições inerentes ao serviço;
IV - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia malígna, cegueira, lepra,
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson,
pêndigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que
a lei indicar com base nas conclusões da medicina especializada; e * Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), incluída pela Lei nº 1493 /1989.
V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito
com o serviço.
§ 1º - Os casos de que tratam os incisos I, II, e III deste artigo serão provados
por atestado de origem ou inquérito sanitário de origem, sendo os termos do
acidente, baixa ao hospital, papeletas de tratamento nas enfermarias e hospitais
e os registros de baixa, utilizados como meios subsidiários para esclarecer a
situação.

§ 2º - Os policiais-militares julgados incapazes por um dos motivos constantes


do inciso IV deste artigo, somente poderão ser reformados após a homologação,
por Junta Superior de Saúde, da inspeção de saúde que concluiu pela
incapacidade definitiva, obedecida a regulamentação própria da Polícia Militar.

§ 3º - Nos casos de tuberculose, as Juntas de Saúde deverão basear seus


julgamentos, obrigatoriamente, em observações clínicas, acompanhadas de
repetidos exames subsidiários, de modo a comprovar, com segurança, a
atividade da doença, após acompanhar sua evolução até 3 (três) períodos de 6
(seis) meses de tratamento clínico-cirúrgico metódico atualizado e, sempre que
necessário, nosocomial, salvo quando se tratar de formas grandemente
avançadas no conceito clínico e sem qualquer possibilidade de regressão
completa, as quais terão parecer imediato de incapacidade definitiva.

§ 4 º - O parecer definitivo a adotar, nos casos de tuberculose, para os


portadores de lesões aparentemente inativas, ficará condicionado a um período
de consolidação extranosocomial, nunca inferior a 6 (seis) meses, contados a
partir da época da cura.

§ 5º - Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio mental ou


neuromental grave persistente, no qual esgotados os meios habituais de
tratamento, permaneça alteração completa ou considerável na
personalidade, destruindo a autodeterminação do pragmatismo e
tornando o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
qualquer trabalho.

§ 6º - Ficam excluídas do conceito de alienação mental as epilepsias psíquicas


e neurológicas, assim julgadas pelas Juntas de Saúde.

§ 7º - Considera-se paralisia todo o caso de neuropatia grave e definitiva que


afeta a motilidade, sensibilidade, troficidade e mais funções nervosas, no qual,
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esgotados os meios habituais de tratamento, permaneçam distúrbios graves
extensos e definitivos, que tornem o indivíduo total e permanentemente
impossibilitado para qualquer trabalho.

§ 8º - São também equiparados às paralisias os casos de afecção ósteo-


músculo-articulares graves e crônicos (reumatismos graves e crônicos ou
progressivos e doenças similares), nas quais, esgotados os meios habituais de
tratamento, permaneçam distúrbios extensos e definitivos, quer ósteo-músculo-
articulares residuais, quer secundários das funções nervosas, motilidade,
troficidade ou mais funções, que tornem o indivíduo total e permanentemente
impossibilitado para qualquer trabalho.
§ 9º - São equiparados à cegueira, não só os casos de afecções crônicas,
progressivas e incuráveis, que conduzirão à cegueira total, como também os de
visão rudimentar que apenas permitam a percepção de vultos, não suscetíveis
de correção por lentes, nem removíveis por tratamento médico-cirúrgico.

Observe Vossa Senhoria, que o § 5º do artigo 104 amplia um pouco


mais a alienação mental, contudo, os diagnósticos que levam a
reforma precoce dos Militares, nunca abrange essas especificações.

Se não todos, mas a grande maioria, são diagnosticados com CID


F.33 (TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE) e F.60-4
(PERSONALIDADE HISTRIONICA).

Assim, os Médicos responsáveis pela Perícia dos Militares, alteram


a realidade dos fatos e os aposentam, afirmando que NÃO existe
relação de causa e efeito com o serviço Policial e que estão aptos a
exercer atividades laborativas na vida civil, sendo que nessa
modalidade de aposentadoria o salário é calculado pelo tempo de
efetivo serviço, reduzindo drasticamente o valor, causando ainda
mais danos à saúde mental dos requerentes além dos danos
materiais.
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PODENDO PROVER MEIOS DE SUBSISTÊNCIA

Se o policial pode prover meios de subsistência na vida civil,


trabalhar em outra função, fora dos quadros da polícia militar,
porque o policial não pode trabalhar internamente, em funções
administrativas????.

Na verdade, os Policiais adoecidos são descartados pela PMERJ por


meio do sistema de saúde. Todos ao ingressarem são submetidos a
rigorosos exames de saúde e, somente aqueles considerados
saudáveis, estão aptos a prosseguir no certame e posteriormente
tomar posse no cargo público.

Outro ponto controvertido é o fato de que a grande maioria, mais de


90% dos Militares reformados por cota, por doença mental, ou
psicossocial, já são graduados, já fizeram diversos cursos dentro da
Polícia Militar, estudaram foram aprovados em concurso interno e,
depois de mais de 10 anos de serviço, considerando que todos já
alacaram a estabilidade prevista em Lei, são diagnosticados com
depressão, transtorno de adaptação ao serviço Policial Militar,
Transtorno de ansiedade generalizada e, segundo os laudos da
perícia medica, as doenças não possuem relação de causa e efeito
com o labor desenvolvido durante décadas.

Os Professores Filho, Antonio Ferreira e Souza, Alex Pereira, em seu


livro ERRO MÉDICO, p. 17, explicam de forma clara e objetiva o nexo
causal:

“(...)A relação causal não encontra seu conceito nos


pilares jurídicos, e sim, na própria natureza, pois
advém do princípio universal e natural da causa e
efeito.
O laço causal é, portanto, o vínculo,
a ligação entre um fato ocorrido após a ocorrência de
um primeiro que, se desaparecesse, faria também
desaparecer aquele, isto é, o resultado. É pois, o elo
de ligação entre as duas extremidades (conduta e
resultado) que conduzem à responsabilização, quer
objetiva, quer subjetiva.
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Oportuno dizer que o vinculo de
causalidade é o elemento relevante e indispensável
para a caracterização da responsabilidade civil,
seja a baseada na culpa, seja a baseada no
risco.(...)”

O que temos dentro das relações entre Policiais Militares e


tratamento da saúde mental, é que não se reconhece como nexo
causal o desenvolvimento das síndromes mentais, mesmo que sendo
todos sabedores que os Policiais Militares trabalham sob extremo
estresse, vendo a morte de colegas e tendo que prosseguir na jornada
laboral, quase sempre de 24 horas.

Então surge a pergunta que precisará ser respondida, como esse


homem não serve mais para o serviço Policial Militar, nem
mesmo nos setores administrativos, mas pode prover seu
sustento na vida civil, exercendo atividades laborativas???????

A resposta seria simples, se não fossem, as ordens que os médicos


militares têm que cumprir, mesmo ferindo o código de ética médica,
ESSES HOMENS, SE ESTÃO INCAPACITADOS PARA O SERVIÇO
MILITAR, APÓS DÉCADAS TRABALHADAS, NÃO DEVERIAM SER
CONSIDERADOS APTOS PARA PROVER MEIOS DE SUBSISTÊNCIA
NA VIDA CIVIL.

JULGAR ESSES MILITARES APTOS PARA O EXRCÍCIO DE LABOR


NA VIDA CIVIL, OU SEJA, PODENDO PROVER MEIOS DE
SUBSTÊNCIA, CHEGA PRÓXIMO DE UM ATO DE COVARDIA,
LARGANDO OS MILITARES A PRÓPRIA SORTE.

DA REALIDADE DOS MÉDICOS MILITARES DA PMERJ

Os médicos Militares da PMERJ, prestam concurso público para


ingressarem no serviço Militar Estadual, iniciando a carreira como 1º
Tenente PM Médico, podendo alcançar o último Posto que é o de
Coronel PM Médico e, passarem para a reserva remunerada com
salário integral e com a paridade garantida.
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Ocorre que, antes de prestarem o concurso público para
ingressarem no serviço Militar Estadual, os Médicos prestam o
juramento médico, conforme é do conhecimento de V. Sa., contudo,
após iniciarem a carreira Militar, o Médico fica subordinado ao
Regulamento Militar e dele se socorre em total desacordo com a ética
médica, insculpida na resolução nº 1.931/09.

Basta observar que em seus carimbos médicos, enquanto Militares,


primeiro vem escrito a sua Patente, por exemplo, Coronel PM, depois
a sua gloriosa função, Médico.

O Médico Militar atua de acordo com os interesses do Poder


Executivo, submetendo-se ao Regulamento e agindo debaixo de uma
Lei em detrimento ao que é mais importante, a saúde do Paciente.

O pior é o tratamento dispensado aos Militares que necessitam do


atendimento Médico e principalmente da perícia interna, que acaba
resultando muitas vezes em punições Administrativas para o
Paciente, que naquele momento é visto como um Militar subalterno
e não como um paciente.

Sempre houve esse tipo de tratamento e agora ao sentir dos


Militares adoecidos pelos sofrimentos do trabalho Policial, piorou,
ocorrendo uma verdadeira limpeza nos quadros da PMERJ. É melhor
aposentar prematuramente e sem relação de causa e efeito com
trabalho desenvolvido do que oferecer um tratamento digno aos mais
2 (dois) mil Policiais Militares afastados de suas funções por
problemas de saúde mental.

O médico não pode esquecer do juramento em detrimento de uma


Patente Militar, existem regras inegociáveis na relação médico x
paciente.

O Código de Ética Médica em sua última versão atualizada, prevê


no artigo 80 a proibição do Médico expedir documento sem ter
praticado ato profissional que justifique, ou que seja tendencioso ou
não corresponda a verdade.

Art. 80. Expedir documento médico sem ter praticado ato


profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que
não corresponda à verdade.
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Quando um Médico Militar, apresenta um CID diferente da doença


do paciente, levando-se em conta que os requerentes faziam e ainda
fazem tratamentos com Médicos especialistas, apresentaram laudos
de Médicos assistentes, que já tratavam as enfermidades com
diagnósticos diferentes, deveria o Médico Militar justificar a alteração
do CID e indicar o tratamento adequado. Ao contrário, em menos de
5 minutos é realizada a Perícia Médica que define a doença,
apresenta um CID divergente da realidade e determina a
aposentadoria do Militar/paciente por cotas de tempo de efetivo
serviço prestado à PMERJ.

Muitas situações têm sido revertidas por meio de ações Judiciais,


contudo, o desgaste emocional e financeiro para os pacientes é
demasiadamente grande, uma vez que os processos levam de 5(cinco)
a 10(dez) anos até a solução final.
A verdade é que os Médicos da PMERJ, em especial aqueles que
fazem parte do corpo de perícias, estão praticando condutas vedadas
pelo Código de Éticas Médicas, causando danos aos pacientes e
manchando o bom nome da medicina e contrariando totalmente a
Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

A Constituição do Estado do Rio de janeiro, em seu art. 89 prevê


sobre a aposentadoria do servidor:

Art. 89. O servidor será aposentado:


Regulamentado pela Lei nº 2173, de 26.10.93.
I - por invalidez permanente, com os proventos integrais, quando decorrentes de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
especificadas em lei, e proporcionais nos demais casos;

No caso dos requerentes foi aplicada a parte final do mencionado


artigo, contudo, sem uma fundamentação legal, apenas alterando o
CID e determinando a aposentadoria compulsória por doença
mental, sem relação de causa e efeito com execução do labor Policial,
tudo isso na visão equivocada dos Médicos Militares da PEMRJ, que
exercem suas funções primeiramente como Militar e se der tempo
como Médico, quando deveria ser ao contrário.

Observando nas ATAS de perícia médica, quando o Militar é


aposentado por invalidez, verifica-se que na grande maioria dos
casos, os Médicos não possuem a especialidade necessária para
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emitir um parecer tão importante e, quando possuem a especialidade
em Psiquiatria, muitas vezes não possuem o REGISTRO DE
QUALIFICAÇÃO DE ESPECIALISTA (RQE).

Se faz necessário uma investigação aprofundada para saber se os


Médicos especialistas possuem esse REGISTRO e caso positivo
quando foi que solicitaram.

Ao que se tem conhecimento, nos quadros da PMERJ somente 5


Médicos Psiquiatras atuam, sendo que dois estão na junta de perícia
médica e nem sempre participam das seções de perícia nos Militares.

Ainda mais grave e necessário é saber se estão regularmente


registrados no RQE.

ADOECIMENTO MENTAL DA TROPA

É de sabença comum que a tropa da PMERJ e CBMERJ está doente


mentalmente.

É inimaginável que o homem participe dessa guerra Urbana, onde


pessoas morrem, inclusive muitos dos próprios PPMM e, depois
apenas lavem suas fardas e continuem o serviço de patrulhamento.

Muitas vezes o homem Policial, que sai de casa e não sabe se


retornará ao seu lar, participa de vários episódios de tiroteios com
morte em um único dia de serviço, não sendo crível que esse homem
ao longo de um curto tempo não venha a sofrer de doenças mentais
e que não tenha relação de causa e efeito com o trabalho
desempenhado.

A Lei 13.146/2015 que trata das pessoas com deficiência, em seu


art. 2º é clara em definir a incapacidade, entre elas a pessoa com
deficiência psicossocial, o que inclui a depressão e os transtornos da
mente.

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.
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Vários são os estudos sobre as doenças mentais das quais são
acometidos os agentes da área de segurança pública, em especial os
Policiais. Abaixo transcrevemos a parte introdutória de estudo
acadêmico e juntamos na integra, sobre a síndrome de burnout.

Burnout em Policiais: a Relação entre o Trabalho e o Sofrimento


Autoria: Leonardo Fávero Sartori, Marcio Pascoal Cassandre, Cristiane Vercesi
RESUMO
O trabalho é a atividade humana que constrói as organizações e as pessoas. A
organização de um trabalho e suas condições pode trazer problemas às
organizações e aos trabalhadores.
Dentre os problemas decorrentes do trabalho está a Síndrome de Burnout. Os
Policiais Militares, grupo de risco para esta síndrome, tem seu trabalho bem
visível em uma realidade na qual a segurança pública é diariamente discutida e
refletida. Neste sentido, a relação existente entre as condições e a organização
do trabalho do policial militar e os fatores da Síndrome de Burnout, em um
Batalhão de Polícia Militar, é apresentada nesta análise. Para tanto, utilizou-se
da abordagem epidemiológica, dos estudos em Saúde Mental e Trabalho para sua
realização. A coleta e análise de dados foram realizadas conforme metodologia
proposta pelo Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de
Brasília (LPT – UnB), chamada de Diagnóstico Integrado do Trabalho (DIT),
cujos fatores de burnout foram levantados através do Maslach Burnout Inventory
(MBI), adaptado pelo LPT – UnB. O MBI foi respondido por 350 sujeitos tendo
seus dados tabulados e analisados utilizando-se do software SPSS, realizando
cruzamentos de variáveis demográficas com os fatores de burnout, com teste não
paramétrico do qui-quadrado, para independência das variáveis.

O Tribunal de Justiça do estado do rio de janeiro, tem entendido


pela relação de causa e efeito entre as doenças mentais desenvolvidas
pelos Policiais Militares e o exaustivo trabalho desenvolvido,
determinado a mudança de ato de reforma, para que a aposentadoria
seja plena no forma da Lei nº 443/81, pedimos vênia para
transcrever ementa de Acórdão sobre o tema:

“REMESSA NECESSÁRIA Nº 0002642-69.2018.8.19.0014


AUTOR: LUIZ FELIPPE FERREIRA DE SOUZA
RÉU: ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RELATORA: DES. CINTIA CARDINALI
REMESSA NECESSÁRIA. REVISÃO DE BENEFÍCIO.
AUTOR, POLICIAL MILITAR DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, QUE FOI REFORMADO POR INVALIDEZ
PERMANENTE, RECEBENDO PROVENTOS DE FORMA
PROPORCIONAL AO TEMPO DE SERVIÇO. ADUZ, QUE A
Dr. Carlos Henrique de O. Ivantes – OAB/RJ 111.044
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SUA DOENÇA INCAPACITANTE (PSIQUIÁTRICA) TEM
RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO COM A FUNÇÃO
EXERCIDA NA CORPORAÇÃO, PELO QUE FAZ JUS AO
RECEBIMENTO DO VENCIMENTO INTEGRAL,
OBSERVADO O SOLDO DO GRAU IMEDIATAMENTE
SUPERIOR AO QUE POSSUÍA QUANDO NA ATIVA. ASSIM,
PROPÔS A PRESENTE DEMANDA VISANDO À REVISÃO
DO BENEFÍCIO, RECEBIMENTO DAS DIFERENCIAS DOS
BENEFÍCIOS JÁ PAGOS, BEM COMO INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA,
QUE ACOLHEU OS PEDIDOS, COM EXCEÇÃO AO PLEITO
INDENIZATÓRIO POR DANOS MORAIS, CONDENANDO O
RÉU AO PAGAMENTO DE HONORÁRIO ADVOCATÍCIO NO
PERCENTUAL DE 10% (DEZ POR CENTO) DA
CONDENAÇÃO. DIANTE DA AUSÊNCIA DE RECURSO
VOLUNTÁRIO, VIERAM OS AUTOS EM RESPEITO AO
OBRIGATÓRIO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.
SENTENÇA QUE SE REFORMA PARCIALMENTE.
É CEDIÇO QUE OS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO
SÃO SUBMETIDOS A ELEVADO NÍVEL DE ESTRESSE,
DADO O ALTO ÍNDICE DE CRIMINALIDADE E
CONFRONTOS COM GRUPOS ARMADOS. AUTOR QUE
INGRESSOU SAUDÁVEL NA POLICIA MILITAR, E APÓS
MAIS DE 20 (VINTE) ANOS DE SERVIÇO DESENVOLVEU
DOENÇA PSIQUIÁTRICA GRAVE (CID 10 – F43 – REAÇÕES
AO “STRESS” GRAVE E TRANSTORNOS DE
ADAPTAÇÃO”), QUE O LEVOU A SER REFORMADO.
RELATOS E DOCUMENTOS NOS AUTOS QUE SÃO O
BASTANTE PARA CARACTERIZAR A RELAÇÃO DE CAUSA
E EFEITO ENTRE A FUNÇÃO EXERCIDA PELO AUTOR E A
DOENÇA INCAPACITANTE. AUTOR QUE FAZ JUS AO
RECEBIMENTO DE PROVENTO INTEGRAL, OBSERVADO
O SOLDO DO GRAU HIERARQUICAMENTE SUPERIOR AO
QUE ESTAVA NA ATIVA. INTELIGÊNCIA DO ART. 106 DA
LEI O ESTATUTO DA POLICIA MILITAR DO RIO DE
JANEIRO – LEI 443/81. PAGAMENTO DAS DIFERENÇAS
AOS BENEFÍCIOS JÁ PAGOS QUE SE IMPÕE. A
SENTENÇA MERECE UM PEQUENO REPARO NO QUE
TANGE AOS ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIA E
JUROS, BEM COMO AO PERCENTUAL DO HONORÁRIO
ADVOCATÍCIO.
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Dr. Claudio Luiz Gomes Viana – OAB/RJ 223.978
CORREÇÃO MONETÁRIA QUE DEVE SER DE ACORDO
COM O IPCA-E, A CONTAR DE CADA PAGAMENTO FEITO
A MENOR, E JUROS SEGUNDO O ÍNDICE DE
REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA, A
CONTAR DA CITAÇÃO. HONORÁRIO ADVOCATÍCIO QUE
DEVE TER PERCENTUAL DEFINIDO EM LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA, CONSOANTE O DISPOSTO NO INCISO II, DO
§4º, DO ARTIGO 85 DO CPC, JÁ QUE A SENTENÇA É
ILÍQUIDA.
REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA EM REMESSA
NECESSÁRIA, A FIM DE ESTABELECER QUE A
CORREÇÃO MONETÁRIA SEJA DE ACORDO COM O
IPCAE, A CONTAR DE CADA PAGAMENTO FEITO A
MENOR E, OS JUROS, SEGUNDO O ÍNDICE DE
REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA, A
PARTIR DA CITAÇÃO, BEM COMO ESTABELECER QUE O
PERCENTUAL DO HONORÁRIO ADVOCATÍCIO DEVE SER
ARBITRADO POR OCASIÃO DA LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA, MANTENDOSE, NO MAIS, A SENTENÇA
RECORRIDA.”

O caso acima demonstrado é apenas um dos muitos casos idênticos,


não sendo diferente com os requerentes acima qualificados.

O que se pretende com a presente representação é a participação


efetiva do Conselho de Medicina na sua função fiscalizadora do
exercício da profissão Médica, que não pode sucumbir à função
Militar, baseado na patente do Médico em detrimento do Paciente,
que também é Militar, contudo, de patente mais baixa e acaba sendo
massacrado pelo sistema.

Cada vez mais a sociedade como um todo vem adoecendo


mentalmente e, por esse motivo os estudos e ajudas vêm sendo
aprimoradas.

Em breve pesquisa pela rede mundial de computadores, não é difícil


encontrar dicas para diagnósticos e tratamentos das síndromes
relacionadas com a saúde mental.

A legislação da PMERJ não se adequou as doenças modernas,


permanecendo presa no tempo, mais especificamente na década de
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1980, coma Lei nº 443/81, onde a única doença mental que dá ao
Militar o direito de se aposentar integralmente é a alienação mental,
não fazendo distinção entre as doenças já atualizadas pela OMS.

Basta uma simples pesquisa para que se aprenda sobre doença


mental, incluindo a depressão e outras doenças psicossociais.

A depressão é uma doença mental?


De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão
pode ser considerada um transtorno mental, que se caracteriza
principalmente por uma tristeza forte e permanente em quem está
com o problema, além do fato de a pessoa não sentir prazer em
praticamente nenhum atividade realizada durante sua rotina.
Além da falta de prazer, também costuma vir uma sensação de
incapacidade, o que pode afetar fortemente a vida profissional. Por
isso, não é raro que o diagnóstico de depressão venha juntamente com
uma recomendação de afastamento por algum tempo, até que a pessoa
possa iniciar um tratamento que traga o bom rendimento de volta.
Há sintomas físicos
Porém, apesar de podermos dizer que a depressão é, sim, uma doença
que afeta o mental, não podemos esquecer também dos sintomas
físicos que a cercam.
O apetite diminui, o que pode gerar emagrecimento exagerado e perda
de energia; também não é raro mudança na rotina de sono, seja
porque a pessoa passa a ficar mais tempo na cama e,
consequentemente, dorme mais, ou o contrário, com a insônia
aparecendo.
Importância do tratamento
Embora a depressão seja um problema que traz sensação de
impotência, é importante que a pessoa acometida pelo mal tenha a
noção de que há tratamento possível, com psicoterapia e, se
necessário, utilização de remédios específicos para o transtorno.
Porém, como é uma fase muito complicada em casos mais sérios, nos
quais o indivíduo vive desanimado, sem energia e sem motivação para
seguir e tentar mudar o rumo, é fundamental o apoio de pessoas
próximas.
Seja a família, os amigos, uma namorada, pouco importa. O fato é que
a pessoa com depressão precisa deste apoio, inclusive, para se motivar
a tratar o problema e a seguir as recomendações.
Isso é ainda mais importante a partir do momento em que, inclusive,
uma pessoa abandonada pode começar a pensar na catastrófica
hipótese do suicídio, por não ter muitas razões para seguir em frente.
Portanto, as pessoas ao redor são essenciais para ajudar.
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Como tentar superar


Além do tratamento médico e do suporte dos demais, a pessoa
diagnosticada também pode realizar algumas ações para reagir. O
ideal é tentar manter atividades, hobbies, que traziam prazer. Leitura,
prática de esportes, seja o que for, é importante tentar manter ao
máximo.
Alimentação mais cuidadosa e manutenção de um bom período de
sono, também. Como dissemos, esses fatores podem ser afetados pela
depressão, mas se for possível lutar contra o desequilíbrio nestes
aspectos, melhor.
Sendo assim, a resposta para a pergunta inicial é: a depressão é um
problema mental, um transtorno que pode trazer influências também
na parte física. Mas o mais importante: é tratável. Não é algo
autoimune, que necessariamente persistirá para o resto da vida. Com
bom acompanhamento médico e apoio de quem está próximo, tudo
pode (e vai) se resolver.

Site para pesquisa


https://www.qualicorp.com.br/qualicorp-explica/doencas-e-
tratamentos/depressao-e-doenca-mental/

A despeito da situação dos requerentes, todos são portadores de


síndromes mentais e foram simplesmente descartados pela PMERJ
como se fossem apenas um número de registro.

Malgrado o Médico ser Militar, este deve estar sujeito às regras do


Código de Ética Médica e da Legislação vigente, não podendo atribuir
CID divergente daquele ao qual realmente o paciente está acometido,
sem uma justa causa, como vem ocorrendo na medicina da PMERJ.

DO PRICÍPIO DA IGAULDADE - art. 5º CF/88

Esculpido expressamente no art. 5º da CF/88, o


princípio da igualdade é forma republicana de tratamento entre os
iguais, não podendo o legislador ou o próprio Poder Executivo, na
edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas
provisórias, permitindo que possam criar tratamentos abusivamente
diferenciados a pessoas que se encontram em situação idêntica.

Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete,


basicamente, a Autoridade Pública, de aplicar a lei e atos normativos
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de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em
razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou políticas, raça e
classe social. (MORAES, 2002, p. 65).

A maior gravidade no caso presente, é que vêm sendo


dispensado tratamentos diferenciados aos PPMM em tratamento
Médico, em especial, por doenças da saúde mental.

O que se tem conhecimento, é que centenas de outros


PPMM em situação análoga aos requerentes, continuam no serviço
ativo da PMERJ, exercendo atividades meio, ou seja, funções
administrativas, contudo, continuam a carreira Militar, fazendo os
cursos e sendo promovidos até completarem o tempo de efetivo
serviço e passarem para a inatividade com o tempo de serviço e as
promoções integras, o que é diferente no caso dos requerentes, pois
na maioria dos casos dos requerentes, não ficaram muito tempo
como apto C, inclusive teve caso do policial ser reformado direto, sem
sequer ter ficado como apto C.

Os requerentes, reprise-se foram reformados por cota de


tempo de serviço, na graduação que se encontravam, não sendo
oportunizado a possibilidade de exercerem atividades
administrativas, mas, são aposentados podendo prover meios de
subsistência na vida civil.

A discrepância não para por aí, os requerentes foram


extremamente prejudicados pela reforma/aposentadoria precoce,
com salario reduzidos e sem condições de exercerem atividades
laborativas na vida civil, pois não foram preparados para esse fim.

Em simples pesquisas podemos extrair a essência do


princípio da igualdade, vejamos;

https://anajus.jusbrasil.com.br/noticias/2803750/principio-constitucional-
da-igualdade

(...) O princípio da igualdade pressupõe que as


pessoas colocadas em situações diferentes sejam
tratadas de forma desigual: “Dar tratamento
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isonômico às partes significa tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na exata
medida de suas desigualdades”. (NERY JUNIOR,
1999, p. 42).

Certo é que não há igualdade no tratamento dispensado


aos PPMM reformados por cota, podendo prover meios de
subsistência, na visão dos Médicos Militares e, outros nas mesmas
condições da saúde, ou seja, em tratamentos, muitos há cerca de
mais de 10 anos, podendo prosseguir na carreira Militar, assim se
encontra claramente ferido o princípio garantido na Constituição,
que é a garantia individual do tratamento igualitário entre os iguais.

DA PARTICIPAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O MP é de suma importância para o efetivo cumprimento das Leis,


por esse motivo, será entregue cópia da presente representação ao
Órgão Fiscalizador, para que adote as medidas legais cabíveis em
relação a atuação dos Médicos Militares, aqui descritas.

As funções do MP estão muito bem definidas na Constituição em seu


artigo 129:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;


II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância
pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis
com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria
jurídica de entidades públicas.
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§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste
artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto
nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da
carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização
do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três
anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de
classificação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93.
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.

CONCLUSÃO

O que se pretende com a representação é a provocação do Órgão


fiscalizador do cumprimento das Éticas Médicas, com a adoção das
medidas cabíveis, punitivas de acordo com a Lei nº 3.268 de 30 de
setembro de 1957, artigos 21 e 22.

Art . 21. O poder de disciplinar e aplicar penalidades aos médicos


compete exclusivamente ao Conselho Regional, em que estavam inscritos
ao tempo do fato punível, ou em que ocorreu, nos termos do art. 18, § 1º.

Parágrafo único. A jurisdição disciplinar estabelecida neste artigo não


derroga a jurisdição comum quando o fato constitua crime punido em lei.

Art . 22. As penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos


seus membros são as seguintes:
a) advertência confidencial em aviso reservado;
b) censura confidencial em aviso reservado;
c) censura pública em publicação oficial;
d) suspensão do exercício profissional até 30 (trinta) dias;
e) cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho
Federal.
§ 1º Salvo os casos de gravidade manifesta que exijam aplicação
imediata da penalidade mais grave a imposição das penas obedecerá à
gradação deste artigo.
§ 2º Em matéria disciplinar, o Conselho Regional deliberará de oficial ou
em consequência de representação de autoridade, de qualquer membro,
ou de pessoa estranha ao Conselho, interessada no caso.
§ 3º A deliberação do Comércio precederá, sempre, audiência do
acusado, sendo-lhe dado defensor no caso de não ser encontrado, ou fôr
revel.
§ 4º Da imposição de qualquer penalidade caberá recurso, no prazo de 30
(trinta) dias, contados da ciência, para o Conselho Federal, sem efeito
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suspenso salvo os casos das alíneas c , e e f , em que o efeito será
suspensivo.
§ 5º Além do recurso previsto no parágrafo anterior, não caberá qualquer
outro de natureza administrativa, salvo aos interessados a via judiciária
para as ações que foram devidas.
§ 6º As denúncias contra membros dos Conselhos Regionais só serão
recebidas quando devidamente assinadas e acompanhadas da indicação
de elementos comprobatórios do alegado.

Não há que se falar em Poder jurisdicionado por se tratar de Médicos


Militares, subordinados ao Poder Executivo, mas sim, de um Poder
exclusivo do Conselho Regional de Medicina, que trata das possíveis
faltas praticadas pelos seus inscritos.

A prática dos médicos Militares Estaduais, em relação aos Militares,


em especial àqueles que dependem da parte pericial, é totalmente
contrária a Legislação e aos bons costumes e porque não dizer, fere
o princípio da dignidade humana, insculpida no artigo 1º inciso III
da CRFB/88

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

Não se trata de um fato corriqueiro, é uma denúncia que deve e


cremos que será apurada com o devido rigor e Direito a Ampla Defesa
a ao Contraditório, que ao final restará comprovada a situação
vexatória, humilhante e degradante que os Bravos Policiais Militares
vêm enfrentando com os Médicos Militares.

Vale ressaltar que o presente procedimento será encaminhado a


diversos Órgãos fiscalizadores, tais quais Conselho Federal de
Medicina, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal,
Tribunal de Contas do Estado, ALERJ, Ministério dos Direitos
Humanos e outros.

Diante do exposto requerem:

a) O recebimento da presente representação/denuncia;


b) A nomeação de relator, com a abertura de processo interno na
forma da Legislação cabível;
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c) A Expedição de ofício ao Diretor Geral de Saúde da PMERJ, para


que responda a presente denuncia, informando o número de
Médicos Psiquiatras que atuam diretamente nos consultórios dos
Hospitais da PMERJ, indicando nome e CRM, em período do
quinquídio anterior a apresentação da presente
REPRESENTAÇÃO;

d) O quantitativo de Médicos Psiquiatras nas JUNTAS DE PERÍCIAS


DA PEMRJ, indicando nome e CRM;

e) O número de atendimentos ao mês nos consultórios de Psiquiatria


da PMERJ;

f) O número de Psicólogos e o número de atendimentos ao mês,


somente de Policiais Militares ativos;
g) Se os Médicos que assinam as Perícias e aposentadorias dos
Pacientes Militares são Psiquiatras, caso positivo, indique o nome
e CRM desses Especialistas;

h) Como é realizada a perícia médica na JOIS e JSS dos PPMM;

i) Qual a o número quantitativo de PPMM afastados por problemas


de saúde mental, nos últimos 10(dez) anos;

j) Qual o número de PPMM reformados pela JUNTA SUPERIOR DE


SAÚDE por doenças mentais e quais são essas doenças, indicando
os últimos 10 (dez) anos;

POR SER DE DIREITO E


JUSTIÇA!!!

Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2022.

Carlos Henrique de Oliveira Ivantes


OAB/RJ 111.044

Claudio Luiz Gomes Viana


OAB/RJ 223.978

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