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(Organização)

Posturas Municipais
Amazonas
(1838-1967)
Patrícia Melo Sampaio
(Organização)

Posturas Municipais
Amazonas
(1838-1967)
Copyright © 2016 Universidade Federal do Amazonas

Reitora
Márcia Perales Mendes Silva

Editora
Suely Oliveira Moraes Marquez

Diagramação - Capa e Internas:


Márcia R. Coimbra

Ficha Catalográfica elaborada por Suely O. Moraes - CRB 11/365

P858 Posturas municipais, Amazonas (1838-1967). / Organização de Patrí-


cia Melo Sampaio. – Manaus: EDUA, 2016.
406 p.

ISBN 978-85-7401-848-5

1. História do Amazonas. 2. Códigos de postura – Amazonas. 3.


Documentação pública – Amazonas. I. Sampaio, Patrícia Melo.

CDU 94(811.3)

Editora da Universidade Federal do Amazonas


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SUMÁRIO

Apresentação ............................................................................. 9
01. Manaus (1838)
Posturas Policiais da Câmara Municipal que se devem observar nesta Vila de
Manaus e seu Termo, até que sejam modificadas ou aprovadas pela Assembleia
Provincial ............................................................................................................... 15

02. Manaus (1848)


Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento
municipal de 29 de Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do
referido artigo da lei ............................................................................................... 18

03. Manaus (1869)


Lei n.º 196, de 26 de maio de 1869 - Aprova alguns artigos de posturas da câmara
municipal da cidade de Manaus ............................................................................. 41

04. Manaus (1872)


Lei nº 247, de 1 de junho de 1872 - Promulga o Código de Posturas Municipais da
Cidade de Manaus ................................................................................................ 43

05. Manaus (1875)


Lei n.º 336 de 20 de maio de 1875 - Aprova o Código de Posturas Câmara Municipal
desta Capital .......................................................................................................... 60

06. Manaus (1881)


Lei nº 534 de 3 de junho de 1881 - Aprova dois artigos de posturas da Câmara
Municipal da Capital .............................................................................................. 76

07. Manaus (1890)


Decreto nº 5, de 10 de Janeiro - Código de Posturas ........................................... 77

08. Manaus (1893)


Lei nº 23 de 6 de maio - Promulga o Código Municipal ........................................ 97

09. Manaus (1896)


Código de Posturas nº 49 - de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei
nº 369 - de 10 de dezembro de 1904 .................................................................... 116
10. Manaus (1901)
Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de posturas Municipais ..
............................................................................................................................. 152

11. Manaus (1910)


Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de
Manaus ............................................................................................................... 163

12. Manaus (1920)


Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920 - Promulga o Código de Posturas do Município
de Manaus ........................................................................................................... 223

13. Manaus (1938)


Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 - Outorga o novo código de posturas do Município
de Manaus ........................................................................................................... 285

14. Manaus (1967)


Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967 - Institui o Código
de Posturas do Município .................................................................................... 377

Anexo
Superintendentes/Prefeitos de Manaus (1890/1972)........................................... 405
APRESENTAÇÃO
Recuperando as “cartilhas para civilizar”:
os Códigos de Postura no Amazonas

Este é um daqueles livros que nascem das agruras do ofício de historiador.


No Amazonas, como em inúmeros outros lugares deste país, a inexistência de uma
política pública de preservação do patrimônio e que inclua seus diferentes acervos
documentais (materiais e imateriais) tem obrigado os pesquisadores à tarefa gigan-
tesca buscar fragmentos. Pior é que, a cada nova pesquisa, tudo se repete como se
estivéssemos condenados à sina de Sísifo. Obviamente, nem todos são bem sucedidos
porque, em vários casos, a documentação pública tornou-se propriedade privada de
uns poucos “senhores da memória” ou, tão grave quanto, foi descartada de modo
irresponsável. Foram as condições vivenciadas ao longo destes anos de trabalho que
nos conduziram a esta tentativa de remar na contracorrente da desmemória, ao mes-
mo tempo em que se buscava oferecer uma alternativa para futuras investigações.
A proposta deste trabalho é disponibilizar os textos completos dos Códigos
de Posturas Municipais do Amazonas relativos ao período de 1838 a 1967. A pes-
quisa foi desenvolvida no âmbito do Núcleo de Pesquisa em Política, Instituições e
Práticas Sociais da Universidade Federal do Amazonas – POLIS/UFAM, vinculada
inicialmente a projeto de pesquisa financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico) e que chegou às condições necessárias de
publicação com financiamento da FAPEAM (Fundação de Amparo à Pesquisa do
Amazonas).
Por demandas específicas dos projetos financiados, o esforço concentrou-se
na cidade de Manaus e assim recuperamos 14 (catorze) Códigos de Posturas que
vigoraram na cidade nos séculos XIX e XX. A despeito do empenho em realizar um
levantamento exaustivo, é certo que ainda existam lacunas nesta empreitada, contu-
do, acreditamos que este já é um caminho para criar condições mais favoráveis para
o trabalho de outros pesquisadores.

Entendendo os Códigos de Posturas

As posturas municipais são parte inseparável da tradição administrativa lusa


e seus registros mais longevos aparecem nas cartas de foros dos concelhos medievais
portugueses. Magnus de Mello Pereira e Antônio Almeida Santos afirmam que o
termo “postura”, de modo mais comum, era então utilizado na acepção de “pôr lei”
ou “pôr regulamento”. Só no curso do século XIV é que o termo ganhou o sentido
que hoje nos é mais familiar, ou seja, uma norma do direito municipal. Finalmente,
foi com as Ordenações Afonsinas (1446) que se estabeleceu a obrigatoriedade das

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 9


câmaras municipais registrarem suas posturas em livros específicos.1
Quem elaborava tais códigos? A resposta a tal pergunta permite iluminar a
riqueza e a complexidade desta legislação. Desde suas origens, as posturas foram ges-
tadas em estreita sintonia com as disputas e expressões dos poderes locais materiali-
zados nas câmaras. Pereira e Santos asseguram que, até o século XVIII, elas “mantive-
ram-se como espaço de manifestação da autonomia municipal e do pacto com o rei.
[...] Nenhuma das instâncias ou tribunais intermediários do reino tinham alçada em
processos que envolvessem o descumprimento deste tipo de legislação. Ultrapassado
o âmbito das câmaras, o foro exclusivo de recurso contra as posturas era o próprio
rei”. 2 No século XIX, também era tarefa das câmaras municipais, a formulação e apli-
cação de seus respectivos códigos de postura, conforme estabelecido no Artigo 169
da Constituição Política do Império do Brasil, de 25 de março de 1824. Posterior-
mente, a partir de 1834, caberá às Assembleias Legislativas Provinciais, a apreciação
e aprovação dos respectivos códigos de posturas a partir das propostas das câmaras.
Era uma legislação de amplo espectro buscando dar conta de diferentes dimen-
sões do viver e do estar no espaço urbano. Assim, posturas disciplinaram questões
relativas aos prédios urbanos (ocupação do solo, calçamentos e ordenamento das
ruas e casas), abastecimento de alimentos (vendedores ambulantes, mercados, feiras,
tabernas e outros estabelecimentos comerciais, controle de preços, pesos e medidas),
questões sanitárias (salubridade da cidade, destino das águas servidas, limpeza das
ruas, circulação de animais, restrições à circulação de doentes, vacinas), questões re-
ferentes aos comportamentos (uso de determinadas vestimentas, hábitos de higiene,
restrição de horários de circulação nas ruas da cidade, proibição de quaisquer ativi-
dades ou atitudes individuais que comprometessem o “sossego público”).
Há muito mais que isso em um código, especialmente, se os tomamos em série
no tempo e no espaço. Em Curitiba, eram recorrentes as disputas quanto à circulação
de animais (cães, porcos e cabras) pelas ruas da cidade. Já em Fortaleza, pesquisado-
res chamam a atenção para o sistemático esforço disciplinador na disposição das ruas
e casas. Proibições recorrentes informam-nos acerca de questões que eram cruciais
para o estar na cidade e outras, já em desuso no presente, iluminam aspectos da di-
versidade e dos conflitos próprios da convivência entre seus habitantes.3
Por sua riqueza evidente, as posturas despertaram interesse de pesquisadores

1 - PEREIRA, Magnus R. Mello e SANTOS, Antônio C. Almeida. Códigos de Posturas Municipais. In:
Posturas Municipais, Paraná, 1829 a 1895. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2003, p. 4-5.
2 - Idem, p. 5.
3 - Para Curitiba, ver PEREIRA, Magnus R. Mello e SANTOS, Antônio C. Almeida, Op. Cit, p. 19; para
Fortaleza, ver ALVES, Marco e CARVALHO, Alba. As marcas do progresso: alguns códigos urbanos
na cidade de Fortaleza nos séculos XIX e XX. O público e o privado, n. 17, p. 13-24, jan./jun. 2011. Im-
portante consultar ainda CAMPOS, André L. Vieira. Posturas municipais na Província Fluminense: os
casos de Niterói e Campos. Revista de Administração Municipal, Rio de Janeiro, v. 35, n. 188, p. 42-55,
jul./set. 1988.
de campos variados, além da História. A lista é grande e abrange a Sociologia, Antro-
pologia, Arquitetura, Urbanismo, Direito e interessados nos estudos de saúde públi-
ca, entre outros a mencionar. Difícil era ter acesso a elas em um conjunto organizado
como este instrumento de pesquisa se propôs a fazer garantindo a possibilidade de
uma análise sistemática dos códigos, sublinhando recorrências e assinalando ruptu-
ras. Sem dúvida, este parece ser o caminho mais seguro para escapar das armadilhas
e conclusões apressadas que a abordagem de um código descontextualizado pode
nos levar.

Posturas de Manaus: algumas leituras

Uma iniciativa pioneira para disponibilizar códigos de postura foi do etnógra-


fo Geraldo de Macedo Pinheiro que, em 1949, trouxe à luz as Posturas Policiais de
Manaus de 1838, o código que abre este catálogo. Graças ao seu interesse e cuidado
em resgatar o material, temos a chance de dispor daquele que, possivelmente, é o
primeiro código de posturas de Manaus. Reconhecendo-lhe a riqueza, afirma que
neste antigo diploma:

[...] ficou focalizado o principal critério dos nossos primeiros adminis-


tradores em manter a paz pública e em dispor, da melhor forma que
entendiam, a respeito da limpeza do vilarejo, do alinhamento das ruas,
do castigo dos escravos, do isolamento aos leprosos, como também so-
bre a organização dos Pescadores da Praça, o racionamento do café, o
picadeiro do gado e outros pequenos problemas de Manaus antiga.4

Manaus foi elevada à categoria de vila quando da aplicação do Código do Pro-


cesso Criminal de 1833. Sua primeira câmara foi instalada em sessão extraordinária
realizada em 21 de dezembro daquele ano. Foram eleitos vereadores Manoel Gon-
çalves Loureiro Filho, Francisco Gonçalves Pinheiro, Mathias da Costa, Ignácio Ro-
drigues do Carmo, Francisco de Paula da Silva Cavalcante, Henrique João Cordeiro
e Claudio José do Carmo. Nestas circunstâncias, é razoável supor que as posturas da
nova vila foram sendo elaboradas, de modo mais sistemático, ao longo dos anos que
se seguiram à implantação de sua câmara.5
Recorrer às posturas como fonte não é algo novo em nossa historiografia. Ar-
thur Cézar Ferreira Reis já lançava mão de tal recurso nos anos de 1930. Outros auto-
res, seus contemporâneos, também fizeram uso delas como é caso de Mário Ypiranga
Monteiro nas décadas de 1960 e 1970. As posturas integraram o corpo documental
de trabalhos pioneiros produzidos no curso dos anos de 1980 como o de Edinea
4 - PINHEIRO, Geraldo de Macedo. Posturas Policiais da Vila de Manaus (1838). Arquivos. Manaus:
Associação Comercial do Amazonas, ano 3, v. 11, p. 3-5, dez. 1949.
5 - REIS, Arthur C. F. Manaus e outras villas. Manaus: Typ. Fênix, 1934, p 72.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 11


Mascarenhas Dias ao abordar a Manaus da Belle Époque. Também estão presentes,
de modo importante, em trabalhos mais recentes como os de Maria Luiza Ugarte Pi-
nheiro, Francisca Deusa Sena da Costa, Hideraldo Lima da Costa e de Otoni Moreira
Mesquita, para citar apenas alguns deles.6
Talvez, a diferença mais relevante quanto a seu emprego, ao longo deste largo
período, esteja no fato de que os estudos mais especializados, realizados no âmbito
de programas de pós-graduação, retiraram as posturas de um uso episódico e qua-
se pitoresco para tratá-las como fontes, ou seja, contextualizando-as, inquirindo-as,
tomando-as como pontos de partida para pensar contradições da cidade. Mesquita,
que as utiliza de modo exaustivo em seus trabalhos de mestrado e doutorado, defi-
ne-as como parte de uma “cartilha para civilizar” e o faz em razão de sua natureza
disciplinadora: “O conteúdo didático desses documentos, assim como de seu caráter
normativo, pode ser interpretado como uma cartilha de costumes da cidade, cuja
função era orientar o processo civilizador.”7
Certamente, não há o que discutir quanto à sua relevância em termos docu-
mentais porque, sendo produzidos no campo normativo, os códigos de postura car-
regam dimensões relevantes para entender projetos políticos em disputa que marca-
ram o cotidiano da cidade e que, certamente, levaram seus protagonistas a agir, de
modo sistemático, para que fossem efetivados – ou não. Longe de tomar as Posturas
como expressão do vivido/feito, elas devem ser abordadas no próprio contexto dos
espaços de tensão em que foram gestadas, como parte intrínseca daquilo que Edward
P. Thompson chamou de “campo de lutas” e, nesse sentido, acabam se configurando
como uma possibilidade de iluminar relações sociais e transformações históricas.8

Notas sobre as transcrições e agradecimentos

Os códigos foram recuperados de diferentes acervos documentais que estão


indicados no final de cada um. São eles: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Arquivo
Público do Pará e Instituto Histórico Geográfico do Amazonas. Para transcrição dos
códigos, optamos pela atualização ortográfica para facilitar a leitura, mas não in-

6 - REIS, Arthur C. F. op. cit; MONTEIRO, Mário Ypiranga. Fundação de Manaus. 3. ed. Rio de Janeiro:
Conquista, 1971; DIAS, Ednea M. A ilusão do Fausto: Manaus, 1890-1920. 2. ed. Manaus: Valer, 2007;
PINHEIRO, Maria Luiza U. A cidade sobre os ombros: trabalho e conflito no Porto de Manaus. 2. ed.,
Manaus: Governo do Estado do Amazonas/SEC/ EDUA, 2003; MESQUITA, Otoni M. Manaus: Histó-
ria e Arquitetura (1852-1910). 3. ed. Manaus: Valer, 2006 e La belle vitrine: Manaus entre dois tempos
(1890-1900). Manaus: EDUA/FAPEAM, 2009 e COSTA, Francisca Deusa S. Quando viver ameaça a
ordem urbana. Manaus: Valer/FAPEAM, 2015. Também ver COSTA, Hideraldo L. Questões à margem
do encontro do velho com o novo mundo: saúde e doença no paiz das Amazonas. 1850-1889. Tese (Dou-
torado em História)--Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2002.
7 - MESQUITA, Otoni M. op. cit, p. 184.
8 - THOMPSON, Edward. P. Senhores e Caçadores. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987.

12 |
terferimos na pontuação original. A despeito das (incontáveis) revisões, sempre fica
algo para trás pelo que pedimos a compreensão do leitor/usuário deste instrumento
de pesquisa. Para facilitar o trabalho de análise, acrescentamos uma listagem dos
intendentes/prefeitos da cidade de Manaus que exerceram seus mandatos durante a
vigência dos códigos deste catálogo. A lista se inicia no final do século XIX quando o
cargo foi criado no contexto do regime republicano.
Tomadas em conjunto, chama nossa atenção o número de revisões das pos-
turas no curso do século XIX: entre 1869 e 1881, pouco mais de 10 anos, a cidade
passou por 4 códigos diferentes, ou seja, uma profusão de normas e procedimentos
que, certamente, nos “ajuda a pensar”. Também é preciso notar que as posturas de
1896 foram reeditadas em 1904, ou seja, romperam as fronteiras temporais do século
não nos deixando esquecer que os códigos possuem cronologia própria e que não se
subordinam a “grandes marcos” pré-estabelecidos pela historiografia.9
Não vamos nos alongar aqui. Antes de concluir, não é demais lembrar que a
ausência de uma política de preservação da memória compromete o processo de pro-
dução do conhecimento e, consequentemente, limita o exercício pleno da cidadania;
Com este catálogo, esperamos contribuir para a democratização do acesso à docu-
mentação pública e para outras tantas possibilidades de reconstrução e reapropriação
das memórias históricas.
Por fim, gostaríamos de agradecer às bolsistas de iniciação científica respon-
sáveis pelo trabalho de levantamento e transcrição nas diferentes etapas de produção
deste catálogo: Sílvia Barbosa Cavalcante, Bianca Kyseng Barbosa da Silva Costa e
Roberta Kelly Lima de Brito. Coube a Lusirene Celestino França Ferreira, na con-
dição de bolsista de Apoio Técnico/FAPEAM, a tarefa de finalizar o trabalho, des-
cobrindo novos códigos ali onde não esperávamos novidades, fazendo e refazendo
transcrições, organizando e revendo tudo com enorme zelo. Sem ela e sua notável
dedicação, teria sido difícil ver este livro terminado. Também é fundamental registrar
a imensa generosidade de vários colegas que compartilharam seus preciosos acha-
dos de pesquisa e, com isso, tornaram-no mais completo: Hideraldo Lima da Costa,
Francisca Deusa Sena da Costa e Otoni de Moreira Mesquita. A todos, meus sinceros
agradecimentos.

Patrícia Melo Sampaio


(Organizadora)

9 - Este código de 1896 ainda carrega outra peculiaridade por conta desta reedição em 1904: como exis-
tia já um código aprovado em 1901, aparentemente, vigoraram em simultâneo. Será necessário cuidado
adicional dos especialistas na sua análise para esclarecer sobre possíveis sobreposições que o tempo e as
condições de levantamento não nos permitiram avançar.

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01. MANAUS (1838)
Posturas Policiais da Câmara Municipal que se devem observar
nesta Vila de Manaus e seu Termo, até que sejam modificadas
ou aprovadas pela Assembléia Provincial.

Art. 1º - Toda e qualquer pessoa que levantar edifícios na vila, ainda mesmo
com licença da Câmara, sem que para isso consulte o Arruador para conhecer do
alinhamento, será condenado e pagará de multa mil réis.
Art. 2º - Todo aquele que não tiver sua testada capinada e a circunferência de
sua moradia limpa, será condenado e pagará de multa quinhentos réis.
Art. 3º - Todo aquele que tiver chãos que não os tenha cercado, os mandará
limpar tanto os chãos como a testada que lhe pertencer que por toda a omissão será
condenado e pagará de multa quinhentos réis.
Art. 4º - Todo aquele que tiver lojas, Armazéns, tabernas, botequins, casa de
pasto, tabuleiros com fazendas e comestíveis a venda na rua, sem licença da Câmara,
será condenado e pagará de multa dois mil réis.
Art. 5º - Todo aquele que quiser vender fazendas secas ou molhadas, no porto
da vila, em canoas, obterá licença da Câmara ou do Presidente e Secretário, no inter-
valo das sessões, ao contrário pagará de multa quatro mil réis.
Art. 6º - Os compreendidos nos artigos antecedentes, ficam igualmente obri-
gados a fidelidade de suas balanças, pessoa, varas, côvados e medidas, que por cuja
omissão, serão condenados em dois mil réis.
Art. 7º - Todo aquele que não tiver os utensílios de suas tabernas limpas e as-
seadas, será condenado seiscentos réis.
Art. 8º - Todo aquele que não tiver aferidas as suas balanças, pesos, varas, cô-
vados e medidas, será condenado e pagará de multa mil e duzentos réis.
Art. 9º - Todo aquele que vender como comprar o gênero Café, que não seja
a peso de quarenta libras, além da perda do gênero, sofrerá a multa de três mil réis.
Objeto tomado será vendido, sendo a metade do seu produto recolhido ao cofre da
Câmara e a outra metade para o apreensor.
Art. 10º - Todo aquele que comprar como vender farinha, polvilho, carimã,
que não seja alqueirado por medida do padrão da Câmara, aferida pelo Aferidor do
Conselho, incorrerá nas penas do artigo antecedente.
Art. 11 - Todo aquele que tiver mantimento exposto publicamente a vender
com alguma danificação ou corrupção, o que provado por vistoria, o fiscal da Câmara
poderá mandar lançar os ditos gêneros no mar.
Art. 12 - O mesmo fiscal evitará com todo o desvelo e vigilância, os monopo-
listas de tais gêneros, impondo-lhes duplicadas multas.
Art. 13 - Todo aquele que se conhecer atravessar as compras de pescado, evi-
tando por alguma forma compra do povo, será reputado como transgressor, que por

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 15


tal procedimento será condenado e pagará de multa dois mil réis.
Art. 14 - Haverá dez pescadores constantemente para abastecimento da vila,
com o nome de: Pescadores da praça – cuja maneira de fornecer os utensílios, venda
do pescado, arrecadamento e fiscalização a benefícios dos mesmos, fica privativa-
mente a cargo e jurisdição do respectivo Juiz de Paz; como também cominar a pena
de oito dias de prisão no caso de omissão aos referidos.
Art. 15 - A Câmara Municipal amplia a todo aquele que quiser picar gado, o
poderá fazer onde bem quiser, contanto que o faça em lugares patentes em que se
possa fiscalizar a limpeza e asseio da carne, assim como a fidelidade dos pesos, por
cuja omissão, será condenado e pagará de multa quinhentos réis, imposição do talho.
Art. 16 - Todo aquele que tiver edifícios ruinosos indicando precipícios, o
Fiscal determinará aos seus donos para mandar arrasar no prazo de quinze dias, e
quando o não faça, será condenado e pagará de multa oitocentos réis; e pela segunda
vez, fica ao alcance do Fiscal, mandar arrasar a dita ruina, cujas despesas serão pagas
pelo proprietário.
Art. 17 - O Fiscal terá em vista todo e qualquer gênero seco ou molhado que
conheça corrupção que possa danificar ao povo, será condenado a pessoa que vender
e pagará a multa de mil réis.
Art. 18 - Toda a pessoa que divagar pelas ruas com vozerias, proferindo injú-
rias e obscenidades contra a moral pública, será castigada com prisão de dois dias;
se for escravo, o senhor ficará obrigado pela multa de dois mil réis, o que recusando,
será castigado o escravo com cinquenta açoites.
Art. 19 - O Fiscal terá toda vigilância possível, sobre as penas, digo, as pessoas
que tiverem o mal de elefância e denunciará disso imediatamente ao Juiz competente,
para que faça logo expoliar de dentro da vila, Freguesia ou sítio, que tenham vizinhos
pertos a Capital para que lá façam recolher ao Hospital do Lazarêto – e se assim o não
fizer, ficará responsável.
Art. 20 - Nas freguesias ou lugares que não existirem Fiscais, compete aos Ins-
petores dos Quarteirões, cumprirem com os artigos antecedentes.
Art. 21 - Todo aquele que consentir amparamentos em sua testada, que preju-
diquem aos que transitam, bem como causando precipícios, será condenado e pagará
a multa de mil réis.
Art. 22 - Todo aquele que consentir em suas testadas escavações que motiva-
rem precipícios, será condenado e pagará de multa mil réis.
Art. 23 - Todo aquele que quiser deitar fogos ao ar, dar salvas, o não poderá
fazer, sem licença do Juiz de Paz, que por cuja omissão, será condenado e pagará de
multa mil réis.
Art. 24 - Toda e qualquer pessoa que tiver porcos, devem conservá-los com
segurança, não consentindo saltos pelas ruas, para não estragarem as mesmas e mes-
mo para não arrombarem algumas cercas, destruindo as plantações de qualquer; e se
assim o não fizer, o Fiscal o multará pela primeira vez em dois mil réis, digo em mil

16 | 01. MANAUS (1838) - Posturas Policiais da Câmara Municipal que se devem observar nesta Vila de Manaus e seu Termo,
até que sejam modificadas ou aprovadas pela Assembléia Provincial.
réis; pela segunda em dois mil réis e pela terceira, o poderá mandar matar os ditos
porcos e vender ao público, e seu rendimento fazer entrada ao cofre da Câmara.
E para que chegue a notícia e conhecimento de todos e ninguém possa alegar
ignorância na execução das referidas posturas, mandamos que sejam por todas as
ruas desta Vila e fixadas no lugar do estilo.
Dadas e passadas em Sessão ordinária, nesta Vila de Manaus, seladas com o
selo da Câmara Municipal e assinadas por nós em dez de Janeiro de mil oitocentos e
trinta e oito, décimo sétimo da Independência do Império.
João Antonio da Silva, Presidente; Antonio Lôbo de Macêdo; José Cazemiro
Ferreira do Prado; José Joaquim Valerio da Costa; Ignacio Alves; Antonio de Macêdo
Portuguêz.

FONTE: Arquivos, Associação Comercial do Amazonas. Manaus, ano 3, v. 11, p. 3-5, dez. 1949. Com
apresentação original de Geraldo de Macedo Pinheiro.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 17


02. Manaus (1848)
Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei
do orçamento municipal de 29 de Novembro de 1848, aprovado
provisoriamente na forma do referido artigo da lei.

Art. 1º - Os crimes contra a Polícia, e Economia dos Municípios desta Provín-


cia serão punidos pela forma, que recomendam as seguintes Posturas, os quais são
divididas em Gerais, e Especiais de cada um dos indicados Municípios.

TÍTULO I - DAS POSTURAS GERAIS

CAPÍTULO I - Dos Cemitérios

Art. 2º - As Câmaras Municipais, que não fizerem cumprir o disposto no § 2.º


Tit. 3.º da Lei do 1.º de Outubro de 1828, dando Cemitério com Capela sem pompa
para enterramento, serão multadas pelo Presidente da Província em trinta mil réis
por cada um dos seus membros, se até ao fim do ano de 1852 não tiverem satisfeito
tais deveres.
Art. 3º - A multa imposta pelo artigo antecedente será arrecadada pelo Procu-
rador para os cofres das respectivas municipalidades, e não poderá ser aplicada se-
não por uma só vez durante o quatriênio; porém o Presidente a imporá tantas vezes,
quantas forem as reuniões de novas Câmaras, se no fim do quatriênio ainda perdurar
a mesma falta.
Art. 4º - As Câmaras que não possuírem terrenos próprios para a edificação
dos cemitérios, proporão imediatamente ao Governo os meios de obtê-los, para com-
petentemente lhes serem concedidos.
Art. 5º - Logo que hajam cemitérios, será proibido enterrar-se cadáveres nos
Templos, ou átrios destes, sob pena de ser multado o infrator em vinte mil réis ou
oito dias de prisão.
Parágrafo Único - As Câmaras expedirão os precisos Regimentos para a
boa gerência de tais estabelecimentos.

CAPÍTULO II - Da venda de gêneros e remédios;


e de outros objetos de saúde pública

Art. 6º - Os que venderem, ou tiverem a venda quaisquer gêneros sólidos ou


líquidos, corrompidos, ou falsificados serão multados em vinte mil réis, ou oito dias
de prisão.
Parágrafo Único - O Fiscal fará conduzir para depósito os ditos gêneros

18 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
para terem o destino, que lhes for dado por sentença. As carnes ou pei-
xes, que estiverem danificadas serão logo enterradas ou lançadas ao rio.
Art. 7º - É proibido nas casas de vendas o uso de utensílios, e vasilhas de cobre,
como torneiras, medidas e, sob pena de ser multado o infrator em vinte mil réis ou
oito dias de prisão.
Art. 8º - Nenhum Facultativo, Boticario, ou Sangrador poderá curar, ou exer-
cer a sua arte sem ter apresentado os seus títulos a Câmara Municipal, em cuja Secre-
taria ficarão registrados. O contraventor incorrerá na multa de vinte mil réis ou oito
dias de prisão.
Parágrafo Único - Os estrangeiros, ou mesmo os nacionais, que não fo-
rem conhecidos, além da apresentação dos diplomas, serão obrigados a
justificarem a identidade da pessoa para verificação da legalidade.
Art. 9º - O Boticário, que vender drogas suspeitas de venenosas, ou tóxicas,
sem fórmula ou receita de Facultativo, a escravos, ou pessoas desconhecidas, quando
estas não precisem delas no exercício de sua profissão, pagará a multa de vinte mil
réis ou oito dias de prisão, sem prejuízo de penas mais graves, que deverá sofrer das
justiças ordinárias, na conformidade das Leis.
Art. 10º - O Boticário que introduzir nos remédios mais ou menos drogas, ou
drogas diversas daquelas, que se contiverem nas receitas dos Facultativos, incorrerá
na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 11 - O Boticário que vender remédios corruptos, falsificados, ou já inutili-
zados pelo tempo, incorrerá na multa de dez mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 12 - É proibido abrir Botica sem comunicação à Câmara respectiva. O
contraventor incorrerá na multa de dez mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 13 - Os Boticários são obrigados a prontificarem a receitas, que se exigi-
rem a qualquer hora da noite; e no caso de recusa incorrerão na multa de dez mil réis
ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO III - Dos pântanos, águas infectas, limpezas de


terrenos, ruas, e empacamentos em geral

Art. 14 - Quem tiver terreno pantanoso dentro dos limites das Cidades, Vilas, e
suas imediações, ou nas freguesias e povoados, onde se conservem águas estagnadas,
será obrigado a aterrá-lo, ou a dar esgotamento às águas, sendo possível, dentro do
prazo, que a Câmara ordenar, em consequência de exame, que o Fiscal tiver feito com
dois peritos, lavrando-se disso auto circunstanciado. Findo o prazo será o infrator
condenado em dez mil réis ou quatro dias de prisão, e se prorrogará o tempo, que a
Câmara julgar necessário para concluir uma ou outra obra: depois deste se julgará ter
reincidido, e então mandará a Câmara fazer a obra à custa do possuidor do terreno.
Art. 15 - Os proprietários de terrenos, ou foreiros dentro dos limites das Cida-
des, Vilas, ou Freguesias deverão conservar sempre os ditos terrenos limpos, e livres

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 19


de imundices, sob pena de incorrerem na multa de duzentos réis por cada braça de
frente, ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - A inspeção sob esta limpeza deverá ser feita no últi-
mo dia de cada mês, a qual hão de preceder editais oito dias antes.
Art. 16 - Os moradores das Cidades, Vilas, ou Freguesias, cujas casas fizerem
fundos para as bandas dos rios, ou dos campos, serão obrigados a mandarem lim-
pá-los aningaes, canaranas, mato &, e imundices, de três em três meses, no primeiro
caso até à margem dos rios, e no segundo até à distância de seis braças dos campos. O
infrator incorrerá na multa de cinco mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 17 - Ninguém poderá lançar, ou consentir, que se lance águas infectas nas
ruas, quintais, pátios, estradas, e canos de casas, devendo estes servir somente para
dar saída às águas pluviais. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou quatro
dias de prisão.
Art. 18 - Ninguém poderá lançar nas ruas, praças, estradas, praias, cais, e mais
lugares públicos imundices, cisco, vidros, restos de peixe &, o que só poderá ser feito
nos lugares, que as Câmaras designarem por editais. O infrator incorrerá na multa
de dois mil réis, ou um dia de prisão, e será obrigado a mandar fazer a limpeza a sua
custa, ou a pagar a despesa, que o Fiscal para isso tiver feito.
Art. 19 - Os moradores das Cidades, Vilas, ou Freguesias, e os donos de terre-
nos dentro dos limites delas são obrigados a conservar sempre limpas as testadas de
suas casas, e terrenos até ao meio da rua, ou travessa, dando esgotamento às águas,
e não consentindo, que na frente das ditas casas, ou terrenos se lance lixo ou outra
qualquer coisa imunda. O contraventor incorrerá nas penas do artigo antecedente.
Art. 20 - As Câmaras respectivas conservarão também sempre limpas as pra-
ças e estradas, sob pena de ser multado cada um dos membros em dez mil réis ou
quatro dias de prisão.
Art. 21 - A pessoa, que empachar as praças, ruas, travessas, cais, e outros luga-
res públicos com quaisquer objetos volumosos, como carroças, pedras, madeiras, &;
ou as praias e portos com canoas velhas ou outras algumas coisas, por mais de vinte
e quatro horas depois de ali postas; ou que frigir peixe, fizer cozinhados, e amassar
bebidas do país naqueles ditos lugares; ou que tiver pendurado fora das portas das
vendas bacalhau, pirarucu, ou outra qualquer coisa, incorrerá na multa de cinco mil
réis ou dois dias de prisão em qualquer dos casos.
Art. 22 - O proprietário, mestre, ou encarregado de embarcação qualquer, que
alijar lastro de pedra, areia, ou outras coisas de entulho nos canais, rios, e igarapés, ou
ancoradouros incorrerá na multa de dez mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 23 - Os moradores dos rios, e igarapés, ou canais deverão desembaraça-los
na parte correspondente às suas terras de paus, raízes, galhos de arvores e outras coi-
sas, que tendam a obstruí-los, ou a embaraçar a livre navegação. O infrator incorrerá
na multa de dez mil réis ou quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - As Câmaras marcarão por editais as épocas, e prazos

20 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
para tais limpezas.
Art. 24 - É absolutamente proibido fincar-se nas praias, e portos moirões ou
marás para amarrar canoas. O transgressor incorrerá na multa de dez mil réis ou
quatro dias de prisão.

CAPÍTULO IV - Da economia, e asseio dos matadouros públicos,


e dos açougues, ou talhos

Art. 25 - Não se poderá matar, ou esquartejar rêses para consumo público se-
não nos matadouros públicos, onde haverá currais seguros para ser depositado o
gado. O infrator incorrerá na multa de vinte mil réis ou oito dias de prisão.
Art. 26 - Nenhuma rês será picada, senão depois de calculado o seu arromba-
mento com assistência dos exactores dos direitos sobre a carne, podendo então seu
dono vendê-la. Como melhor lhe convier. O infrator incorrerá na multa de dez mil
réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 27 - As carnes verdes serão vendidas publicamente em casas abertas com
licença da Câmara, para que se possa fiscalizar a limpeza, e salubridade do lugar, e
das carnes, e a fidelidade dos pesos. O que vender particularmente, ou sem licença
incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão; e havendo infidelidade
nos pesos, na de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 28 - As carnes verdes estarão penduradas sobre panos limpos nos talhos,
que serão estabelecidos em casas asseadas; o talhador terá sobre a camisa um avental
limpo, que cubra a parte anterior do corpo desde o pescoço até os joelhos; a carne
será cortada por um facão asseado, e os ossos serrados por meio de serrote; as balan-
ças serão forradas de arame, ou folha de flandres, e suspensas por correntes daquele
metal, devendo tudo ser areado todos os dias. O infrator incorrerá na multa de cinco
mil réis ou dois dias de prisão em qualquer dos casos.
Art. 29 - Os Administradores dos matadouros públicos são obrigados a tê-los
sempre muito limpos, e a fazer lavá-los todos os dias depois da matança, observando
além disto as demais obrigações impostas pelos respectivos regulamentos, sob pena
de incorrerem na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão por cada uma falta,
que cometerem.
Art. 30 - Não se poderão matar para consumo rêses doentes sem serem exa-
minadas pelo médico da Saúde, nem esquartejar as que aparecerem mortas. Assim o
dono das rêses, que mandar, que o praticar, incorrerá na multa, cada um, de vinte mil
réis, ou oito dias de prisão; e as rêses serão enterradas, ou lançadas ao rio.
Art. 31 - Os administradores dos currais públicos não consentirão, que os
marchantes, ou mercadores façam vexames, ou acintes aos que trouxerem gado, e que
os Empregados das Repartições públicas cometam opressões; nem que se maltrate o
gado no desembarque, ou apartamento para a matança. O infrator incorrerá na multa
de dez mil réis, ou quatro dias de prisão em qualquer dos casos.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 21


Art. 32 - O Médico da Saúde, onde o houver, ou pessoa entendida, que a Câ-
mara nomear, é obrigado a ver todos os dias depois da matança a carne das rêses,
para que a boa seja entregue a seus donos, e a corrupta, e incapaz de servir de ali-
mento saudável seja inutilizada no lugar destinado pela Câmara. O Médico nos dias,
em que faltar a visita, não provando ter sido por moléstia, deixará de vencer o salário
correspondente a esses dias.

CAPÍTULO V - Dos Curandeiros, Loucos


e Elefantíacos

Art. 33 - Toda a pessoa, que se intitular Pajé, ou que a pretexto de tirar feitiços,
se introduzir em qualquer casa, ou receber na sua alguém para simular curas por
meios supersticiosos, e bebidas desconhecidas, ou para fazer adivinhações e outros
embustes incorrerá na multa, assim como o dono da casa, de vinte mil réis, ou oito
dias de prisão, em qualquer dos casos.
Art. 34 - Toda pessoa, que cuidar de um louco furioso, será obrigada a conser-
vá-lo em boa guarda, ou recolhê-lo ao hospital, onde o houver. Mas se a alienação for
pacifica bastará apenas usar dos meios necessários para que o enfermo não divague
pelas ruas. Demonstrada a negligência de quem tratar dele, será o infrator incurso
na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, e o doido recolhido ao lugar com-
petente.
Art. 35 - Todo chefe de família, administrador, ou tutor, em cuja casa parecer
pessoa dela, ou subordinado, afetada de elefantíase será obrigado a fazê-la tratar em
sua casa com as cautelas necessárias, ou no hospital do Lázaros, sob pena de ser mul-
tado em vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Parágrafo Único - Nenhum elefantíaco poderá transitar pelos lugares
públicos, e logo que for encontrado o Fiscal o fará recolher ao lugar
competente.

CAPÍTULO VI - Dos animais bravos, e dos


que podem incomodar ao público

Art. 36 - Ninguém poderá ter animais bravos, ferozes, ou que causem dano
aos habitantes, senão presos, e bem seguros, sob pena de incorrer o dono na multa
de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, e de ser morto o animal proibido, que for
encontrado a divagar.
Parágrafo Único - Os cães, que pelas ruas forem achados sem coleira ao
pescoço, onde se leia o nome do dono, serão mortos, pela forma que a
Câmara determinar.
Art. 37 - É proibido ter-se gado de qualquer espécie amarrado nas ruas, praças
e mais lugares públicos. O contraventor incorrerá na multa de cinco mil réis, ou dois
dias de prisão por cada animal, que estiver amarrado.

22 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
Art. 38 - Também é proibido o prejudicial uso de andar solto o gado vacum e
cavalhar, divagando pelas ruas, praças, e mais lugares públicos. O dono será multado
em dez mil réis, ou quatro dias de prisão por cada animal, que for encontrado solto.
Parágrafo Único - Excetua-se na Cidade de Belém o gado vacum, que
poderá pastar pelas estradas e subúrbios.
Art. 39 - A ninguém é permitido ter porcos, ou qualquer gado, soltos nas fa-
zendas rurais com prejuízo das plantações dos vizinhos. O infrator incorrerá na mul-
ta de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 40 - Os porcos, que forem encontrados pelas ruas, praças, e mais lugares
públicos, serão apreendidos, e depositados no matadouro público para serem entre-
gues a quem provar ser o dono, depois de paga a multa de três mil e duzentos réis, e
as despesas do sustento, e outras se as houver.
Parágrafo Único - Se passado três dias não houver quem os reclame,
serão vendidos judicialmente, e o seu produto, deduzidas todas as des-
pesas, e a multa, será guardado na área da Câmara com as clarezas ne-
cessárias para o todo tempo ser entregue a quem pertencer, depois de
provada a propriedade perante a autoridade competente, e por ela orde-
nada a entrega.
Art. 41 - A pessoa que tiver porcos, cujo chiqueiro exalarem mau cheiro por
falta de limpeza, incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 42 - Ninguém poderá correr a cavalo, ou em carrinho a toda brida, ou a
galope pelas ruas, travessas e praças, podendo somente ir a passo, ou a trote regular.
O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão, se for de dia,
e de vinte mil réis ou oito dias de prisão, se for de noite.
Parágrafo Único - Excetuam-se os casos de serviço público, quando este
reclamar brevidade.
Art. 43 - Os condutores de carroças devem guiá-las indo junto do animal, que
as puxar, levando o cabresto ou corda na mão; sendo-lhe vedado introduzir-se dentro
delas, quando estiverem com carga; e não deixando trotar nem galopar o animal em
ocasião alguma. O contraventor em qualquer dos casos incorrerá na multa de dez mil
réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 44 - Todo o guia ou condutor de animais de carga, que os maltratar cruel, e
asperamente com pancadas, aguilhoadas, ou outras ofensas físicas em ocasião de seus
serviços, ou os sobrecarregar com maior peso de carga, do que realmente possam
aguentar, incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão em qualquer
dos casos.
Art. 45 - O morador das Cidades, Vilas, Freguesias, ou Povoados, que encon-
trar animal morto na frente de sua habitação, ou em terreno, que lhe pertença, é
obrigado a mandar enterrá-lo, se o animal for de pequeno vulto. O infrator incorrerá
na multa de dois mil réis, ou um dia de prisão, e o Fiscal satisfará o disposto a custa
da Câmara.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 23


Art. 46 - Mas se o animal for de maior proporção, como boi, cavalo & é apenas
obrigado o morador mais próximo do lugar, onde jazer o animal morto, a dar aviso
ao Fiscal, para o mandar enterrar a custa da Câmara, ou do dono, se o animal chegar
a ser reconhecido. O infrator incorrerá nas penas do artigo antecedente.
Parágrafo Único - As Câmaras determinarão por editais o lugar destina-
do para tais enterramentos.

CAPÍTULO VII - Das árvores das estradas e outros lugares, e


dos animais daninhos

Art. 47 - Quem maltratar, danificar, ou inutilizar as árvores plantadas nas es-


tradas incorrerá na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão por cada árvore
prejudicada.
Art. 48 - É proibido o corte de árvores denominadas andirobeiras. Quem for
encontrado na transgressão desta postura, ou mesmo conduzindo, ou vendendo le-
nha ou madeira de tais arvores incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de
prisão.
Parágrafo Único - Excetua-se o caso de se fazer roçado para lavouras,
podendo então serem cortadas tais árvores, e aproveitada a madeira.
Art. 49 - A pessoa que cortar ou por qualquer forma destruir as seringueiras,
castanheiros e os aturiás da margem dos rios, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou
oito dias de prisão.
Art. 50 - Fica proibida a cultura da planta vulgarmente chamada Diamba, de
que usam fumar os escravos, sob pena de vinte mil réis, ou oito dias de prisão a qual-
quer dono de sítio, fazenda, ou lugar aonde for achada em vegetação tal planta, dois
meses depois da publicação da presente postura.
Art. 51 - A pessoa, que descobrir algum meio de extinguir os répteis, e bichos
venenosos, os insetos, e animais devoradores de plantas, entre estes a formiga chama-
da içaúba terá direito a um prêmio conferido pela respectiva Câmara na proporção
do merecimento da descoberta.

CAPÍTULO VIII - Da edificação e alinhamento

Art. 52 - Nenhuma pessoa poderá edificar, ou reedificar prédio ou muro den-


tro dos limites das Cidades, Vilas, e seus subúrbios, sem licença da Câmara respectiva
para que por intermédio do seu Arrumador, Procurador e Fiscal possa providenciar
a cerca da arrumação, e linha de direção conveniente. O contraventor incorrerá na
multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, e será compelido a demolir dentro
de oito dias a frente, quando ela esteja fora do alinhamento; e não sendo feita a dita
demolição no prazo marcado, a Câmara mandará proceder a ela dentro de três dias
a custa do proprietário.

24 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
Parágrafo Único - Quando alguém fizer vistoria judicial, a ela devem
assistir gratuitamente os referidos empregados, e por isso requererá a
autoridade competente, que os faça notificar para esse fim.
Art. 53 - Ninguém poderá edificar, ou reedificar exteriormente seu prédio sem
correr pela frente um cercado com prévio conhecimento do Fiscal, para este designar
o espaço da rua, que deverá ocupar, nunca podendo ser mais da terça parte. Os an-
daimes, matérias, e entulhos ficarão dentro do cercado. O contraventor incorrerá na
multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 54 - As casas, que se edificarem ou reedificarem serão feitas na elegância,
e regularidade externa conforme o prospecto adotado pelas Câmaras, ficando livre
dar-se maior elegância, que a do prospecto, contanto que o proprietário apresente a
planta para a Câmara verificar, se há melhoria, e permitir então, que se leve a efeito
da obra. O infrator incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, sendo
obrigado a demolir o que estiver feito dentro de oito dias, e quando assim não cum-
pra, a Câmara mandará fazer a demolição à custa do proprietário.
Art. 55 - Os prédios que se edificarem ou reedificarem dentro dos limites das
Cidades ou Vilas terão na parede da frente sendo baixos ou térreos vinte palmos de
pé direito, e sendo altos ou de sobrado trinta e oito com a grossura proporcional. O
infrator incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, e na pena de de-
molição como no artigo antecedente.
Parágrafo Único - Nos subúrbio, freguesias, ou povoados será a edifica-
ção dos prédios a vontade de seus donos.
Art. 56 - O proprietário será obrigado a avisar o Arrumador e Fiscal respecti-
vo, quando tenha levado à altura de quatro palmos a parede da frente do seu prédio,
se esta for de pedra e cal, e sendo de madeira, logo que tenha assentado os esteios
principais e linhas, para se ratificar o alinhamento. O infrator incorrerá na multa de
cinco mil réis, ou dois dias de prisão, e será obrigado a demolir a parede senão estiver
no alinhamento.
Art. 57 - Os prédios ou muros já edificados, ou que houverem de se edificar
terão a face externa da parede da frente rebocada, e caiada, ou pintada segundo o
gosto de seus donos, sob pena de serem estes multados em dez mil réis ou quatro dias
de prisão.
Parágrafo Único - As Câmaras concederão um prazo razoável para a
confecção desta obra aos donos dos prédios já acabados, mas cujo exte-
rior não estiver convenientemente decorado.
Art. 58 - Nenhum proprietário dos prédios, que ficarem sujeitos ao alinha-
mento, poderá repará-los ou concertá-los na frente, sem que os metam na linha da
arrumação. O infrator incorrerá nas penas do artigo 54.
Parágrafo Único - Os arrumadores designarão quais as casas, que de-
vem ficar sujeitas ao alinhamento. No alinhar as ruas, travessas, e outros
lugares públicos diligenciarão alargá-las, sendo possível, regulando-se
sempre pelo maior número de prédios, que houver alinhados.

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Art. 59 - Os que levantarem andaimes ou cercados nas ruas &, serão obrigados
a tirá-los vinte quatro horas depois de concluída a obra, ou quando por algum motivo
ela tenha parado por seis meses consecutivos, e a tapar os buracos, que houverem
feito, repondo o lugar como antes se achava. O infrator incorrerá na multa de dez
mil réis, ou quatro dias de prisão, e a Câmara ordenará o desempacamento a custa
do dono da obra.
Art. 60 - O proprietário, procurador, ou administrador, que parar com a obra
de seu prédio, ficando este sem portas e janelas, será obrigado a pô-las ou tapá-las
sob pena de incorrer na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, e de ser feito o
exigido a sua custa por mandado da Câmara.
Art. 61 - Ninguém poderá construir alpendres, sapatas, degraus, ou escadas
fora do alinhamento da parede externa dos prédios, muros, ou cercados, sob pena de
incorrer na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão e de ser demolido a sua
custa em oito dias, o objeto proibido por mandado da Câmara.
Art. 62 - Os alpendres, sapatas, degraus, ou escadas, que atualmente existem na
frente dos prédios nas ruas, travessas ou praças já niveladas, aterradas, ou calçadas,
serão demolidos dentro do prazo de seis meses improrrogável depois da publicação
da presente postura. O infrator incorrerá na mesma multa, e pena de demolição co-
minadas no artigo antecedente.
Parágrafo Único - Excetuam-se as sapatas, que servirem para segurança
dos prédios.
Art. 63 - As sapatas, ou escadas de prédios situados nas travessas ou praças
ainda não aterradas, ou calçadas também serão demolidas à proporção que se for
fazendo tais obras públicas. O infrator incorrerá na mesma multa e pena do artigo 61.
Art. 64 - O que edificar, ou fazer qualquer obra em terrenos públicos sem o
competente aforamento, ou arrendamento ficará sujeito à multa de vinte mil réis ou
oito dias de prisão, além da demolição da obra à sua custa.
Art. 65 - É vedado levantar na frente dos prédios peões, ou colunelos de pedra,
ou madeira (vulgo frades) sem licença da Câmara, para ela resolver sobre a conve-
niência. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão, e será
obrigado a remover o empacamento.
Parágrafo Único - Excetuam-se os colunelos nas esquinas, ou cunhais
dos edifícios.

CAPÍTULO IX - Dos edifícios ruinosos, escavações, recipícios,


e danos causados às servidões ou edifícios públicos, e
particulares

Art. 66 - O edifício, muro, ou cercado, que ameaçar ruina, será demolido a cus-
ta do proprietário, quando pelo exame do Fiscal, e dois louvados, do que se lavrará
auto, se decidir, que ele não admite reparo. O Fiscal intimará então o proprietário, ou

26 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
quem suas vezes fizer, para imediatamente proceder a demolição. No caso porém de
que seja admissível o reparo, será este satisfeito no prazo, que a Câmara marcar. Ha-
vendo contravenção em qualquer dos casos será imediatamente demolido o edifício,
muro, ou cercado por ordem desta à custa do proprietário.
Art. 67 - É proibido escavar, seja qualquer que for o pretexto, para tirar terra ou
areia, os terrenos públicos não designados por editais pelas respectivas Câmaras, sob
pena de incorrer o infrator na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Parágrafo Único - É livre porém tirar-se terra ou areia de terrenos par-
ticulares, quando forem superiores ao nível das vias públicas, não cau-
sando prejuízo ao terreno vizinho.
Art. 68 - Ninguém poderá usurpar as servidões públicas, tapando, mudando,
ou estreitando-as a seu arbítrio. O contraventor incorrerá na multa de dez mil réis, ou
quatro dias de prisão, e na pronta restituição do lugar usurpado. No caso de contumá-
cia será a servidão restituída ao seu antigo estado pela câmara à custa do usurpador.
Art. 69 - Todo aquele que causar dano às prisões, muros, ou paredes de edi-
fícios públicos, as calçadas, pontes, poços, chafarizes, valas, ou a quaisquer objetos
públicos incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão, e será obrigado
a pagar as despesas do reparo.
Art. 70 - Somente em distância de três braças de circunferência dos poços
públicos, ou fontes se poderá lavar roupa, ou ter depósito de objetos que tornam
imunda, e infecta a água, sob pena de incorrer o infrator na multa de dois mil réis,
ou um dia de prisão.
Art. 71 - A pessoa que se lavar dentro das fontes, chafarizes, ou poços públicos,
ou nos mesmos lançar imundices incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias
de prisão em qualquer dos casos.
Art. 72 - Aquele que fizer estrago nas divisas, marcos, ou cercas, que as Câ-
maras mandarem colocar junto de covões feitos em terrenos públicos para evitar
precipício aos viandantes, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 73 - As Câmaras, ou os particulares mandarão por luzes durante a noite
na proximidade de suas obras para servirem de farol aos viandantes, e livrá-los de
algum precipício, sob pena de incorrer o infrator na multa de dez mil réis, ou quatro
dias de prisão.
Parágrafo Único - Sendo a Câmara o transgressor recairá a pena sobre
o seu Procurador.
Art. 74 - É proibido colocar-se sob os parapeitos das janelas ou em armadilhas,
vasos, ou caixotes com flores, ou outros objetos, que podendo cair incomodem, e
maltratem os viandantes. O infrator incorrerá na multa do artigo antecedente.
Art. 75 - Todo aquele que for encontrado nos cacoaes, roças, canaviais, ou em
qualquer outro sitio de plantações sem licença de seus donos, a pretexto de juntar
frutas, ou algum outro fim, incorrerá nas penas do artigo 73, além dos prejuízos, que
causar, pelos quais ficará obrigado.

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CAPÍTULO X - Das vozerias, assuadas,
e ofensas à moral pública

Art. 76 - Quem fizer vozerias na rua, ou em sua casa a horas da silêncio, incor-
rerá na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão.
Art. 77 - Toda a pessoa, que proferir em público palavras injuriosas, infaman-
tes, ou indecentes, ou praticar obscenidades, ou ações ofensivas da honestidade, e sã
moral, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão em qualquer dos
casos.
Art. 78 - Quem formar ou afixar dísticos, ou figuras desonestas, ou palavras
obscenas em paredes, portas, ou janelas de edifícios, ou em muros, ou em qualquer
lugar público, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 79 - Os moradores, ou donos dos edifícios ou seus administradores são
obrigados a mandar retirar dentro de vinte e quatro horas tais pinturas, ou letreiros,
sob pena de mil réis de multa ou um dia de prisão.
Parágrafo Único - Quando os edifícios ou lugar forem públicos manda-
rá então a Câmara fazer esse serviço à custa do respectivo cofre.
Art. 80 - Ninguém se poderá banhar, ou lavar de dia nos rios, que banham
as Cidades, Vilas, Freguesias ou Povoados, fora dos lugares para isso marcados por
editais pelas respectivas Câmaras, ou nas valas, poços públicos &, sem ser coberto da
cintura para baixo. O infrator incorrerá na multa de cinco mil réis, ou dois dias de
prisão.
Art. 81 - Nenhum chefe de família consentirá, que seus filhos, fâmulos, ou es-
cravos apareçam nus, pelas ruas, e mais lugares públicos, sob qualquer pretexto que
seja. O infrator incorrerá na multa de cinco mil réis ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - As pessoas, que andarem trabalhando poderão trazer
o corpo descoberto da cintura para cima.
Art. 82 - Os donos, ou administradores de qualquer casa de venda, não con-
sentirão aí ajuntamento de mais de dois escravos, nem batuques, ou vozerias deles
dentro da casa, ou em frente dela. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou
quatro dias de prisão.
Art. 83 - O mestre, contra mestre, ou administrador de qualquer loja, ou ofi-
cina que consentir, que seus oficiais, aprendizes, ou outros subordinados façam as-
suada, profiram palavras, ou pratiquem ações ofensivas da sã moral e bons costumes,
já de uns para outros, já para os viandantes, incorrerá na multa de dez mil réis, ou
quatro dias de prisão, e na mesma pena incorrerão os delinquentes.
Art. 84 - Ficam proibidas as assuadas, e mais atos praticados no Sábado de
Aleluia contra as figuras denominadas judas e assim também os mesmos judas. Os
contraventores que expuserem em público tais figuras, ou que fizerem assuadas in-
correrão na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.

28 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
Parágrafo Único - Os Fiscais serão obrigados a retirar, e destruir tais
figuras a custa da Câmara antes das seis horas da manhã.
Art. 85 - Fica proibido nas Cidades, Vilas, Freguesias e mais lugares qualquer
tráfico comercial nos Domingos. Dia da Circuncisão do Senhor, Quinta-feira de En-
doenças, Sexta-feira da Paixão, Dia do Corpo de Deus, e o do Nascimento de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Nestes dias todas as casas de comércio, artes, e ofícios estarão
fechadas, e as lojas ambulantes não percorrerão as ruas. O transgressor incorrerá na
multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Parágrafo Único - Excetuam-se as boticas, açougues, matadouros de
gado, e os mercados públicos de peixe, frutas, hortaliças, e outros obje-
tos de primeira necessidade, que poderão estar patentes à concorrência
pública.

CAPÍTULO XI - Da polícia dos mercados, casas de comércios, e


outros; e das licenças em geral

Art. 86 - É proibido estarem pousadas em cantos, ruas, ou travessas, fazendo


ajuntamentos, as pessoas, que venderem frutas, aves, peixes ou outro qualquer obje-
to. O infrator incorrerá na multa de dois mil réis, ou em um dia de prisão.
Art. 87 - Ninguém poderá ter venda fixa, ou ambulante de fazendas secas, ou
molhadas, gêneros, comestíveis, ou outros misteres, sem que previamente se tenha
munido de licença da Câmara respectiva até ao fim de Agosto. Quem for encontrado
sem a dita licença, além de ser obrigado a solicita-la dentro de quinze dias depois de
condenado, sob pena de incorrer em reincidências, será multado no dobro do valor
dela, ou em oito dias de prisão.
Art. 88 - Todos os que venderem gêneros por grosso, ou miúdo, que tiverem de
ser medidos, ou pesados serão obrigados a ter balança e pesos, ou medidas adotadas
no país. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 89 - Os donos ou administradores das casas de venda fixas, ou ambu-
lantes, de oficinas, ou de outros objetos sujeitos a alvarás de licença, terão em mão
de seus caixeiros, administradores ou pessoas encarregadas as competentes licenças
para as apresentarem ao Fiscal, sendo exigidas. O infrator incorrerá na multa de vinte
mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 90 - As balanças, pesos e medidas de capacidade, e extensão das casas de
venda serão anualmente aferidas pelo aferidor nos meses de julho e agosto, sob pena
de incorrer o infrator na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão, além de ser
obrigado a solicitar a competente aferição.
Parágrafo Único - Aos lavradores é permitido mandar aferir em qual-
quer tempo dentro do ano financeiro.
Art. 91 - As medidas para óleo de copaíba, e mais líquidos, maiores de canada,
serão aferidas com três furos de polegada de diâmetro. Quem usar de medidas com

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 29


outras divisas incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, e elas toma-
das para sofrerem a aferição legal.
Art. 92 - Se as medidas, pesos & forem encontradas falsificadas depois de afe-
ridas, o dono da casa incorrerá nas penas do artigo antecedente.
Art. 93 - O aferidor aferirá todas as balanças, pesos, e medidas, pondo a marca
de fogo, ou punção, conforme a matéria de que for construído o objeto aferido, para o
que permanecerá na casa destinada para aferição desde as oito horas da manhã até a
uma da tarde de todos os dias úteis. Igualmente numerará por ordem aritmética toda
a carroça, que lhe for apresentada. Quando ele não cumpra o que dispõe a presente
postura e o seu regimento, ou leve maiores [ilegível], dos que estão taxados por lei,
incorrerá na multa de quatro mil réis por cada falta, que cometer.
Art. 94 - Os que venderem em loja ambulante, ou em canoa de regatão, são
obrigados a trazerem consigo a competente licença, bem como balança, pesos, ou
medidas, de capacidade, ou extensão, segundo a natureza dos artigos, que expuserem
à venda. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 95 - Nenhum padeiro poderá fabricar pão senão de boa farinha, para ser
vendido a peso, quer nas padarias, quer nas vendas públicas, ou pelas ruas, ficando
todavia livre o preço. Se o pão não tiver o peso devido, ou se o fabricante recusar
pesá-lo à vista do comprador, ou se for fabricado com farinha ardida ou alterada,
incorrerá o infrator na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão em qualquer dos
casos, e será inutilizada a farinha arruinada.
Art. 96 - Toda a pessoa, que comprar gêneros, ou vender bebidas espirituosas
a escravos, fâmulos, ou agregados de lavradores, e fazendeiros sem consentimento de
seus senhores, amos, ou feitores incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de
prisão.
Art. 97 - É proibido, que os escravos estejam vendendo nas ruas, praças e mais
lugares públicos depois do toque de recolher. Os infratores serão presos, e entregues
a autoridade competente para os mandar punir corporalmente.
Art. 98 - Também é proibido o comércio chamado de travessia. As pessoas, que
em tal se empregarem pelas praias, portos, e subúrbios das Cidades, e Vilas, ou mes-
mo forem ao encontro das canoas, a fim de mercadejar gêneros, comestíveis, e mais
produtos, fazendo monopólio deles para depois tornarem a vendê-los ao público,
incorrerão na multa de vinte mil réis ou oito dias de prisão em qualquer dos casos.
Art. 99 - Quem fizer rifa sem a competente licença, além de pagar os impostos
marcados por lei, incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 100 - Ninguém poderá expor espetáculos públicos sem prévia licença da
Câmara, sob pena de incorrer na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão, além
do pagamento dos direitos da licença não tirada.
Art. 101 - Quem tiver carroça será obrigado a mandar numerá-la pelo aferidor
do município, antes de munir-se do competente alvará de licença, sob pena de incor-
rer na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão.

30 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
Art. 102 - Nenhuma oficina tipográfica, litográfica, ou de gravura poderá ser
estabelecida sem prévio conhecimento da Câmara respectiva, que fará transcrever
em livro próprio o nome da pessoa, a quem a dita oficina pertencer, o lugar, rua, e
número da casa, onde for colocada, fazendo-se igualmente participação à câmara
dentro de vinte quatro horas, quando aconteça haver mudança de casa, sob pena de
incorrer o contraventor em dez mil réis de multa, ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO XII - Dos jogos proibidos e escravos

Art. 103 - Todas as pessoas, que forem encontradas em qualquer parte que
seja, quer de dia, quer de noite, mesmo em tempo de festa de arraial, a jogar qualquer
espécie de jogo proibido, tais como os de parada de cartas ou dados, roletas &; e os
donos das casas, onde semelhantes jogos se fizerem, incorrerão na multa de vinte mil
réis, ou oito dias de prisão, e os infratores, apanhados em flagrante serão conduzidos
debaixo de prisão à presença a autoridade policial competente.
Parágrafo Único - São permitidos os jogos de vazas, bilhar, tabulas em
tabuleiros &.
Art. 104 - A ninguém é permitido andar pelas ruas, e lugares públicos jogando
o entrudo, nem das casas lançar coisa alguma sobre os viandantes, sob pena de incor-
rer cada hum dos infratores na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Parágrafo Único - São livres as mascaradas e danças próprias do tempo
do carnaval, mas de forma que não ofendam a moral, nem perturbem a
tranquilidade pública, e comodidade dos habitantes.
Art. 105 - Ninguém poderá alugar casas para nelas morarem escravos, sem que
obtenham licença por escrito de seus senhores, sob pena de incorrer o infrator na
multa de dez mil réis, ou quatro dias, de prisão.
Art. 106 - Os escravos, que forem encontrados de noite desde o toque de re-
colher até o da alvorada, a mandado de seus senhores, sem bilhete destes, datado, e
assinado, com declaração do nome do escravo, ou sem lanterna, facho, ou archote,
serão conduzidos debaixo de prisão à presença da autoridade competente, e os se-
nhores incorrerão na multa de dois mil réis, ou um dia de prisão.
Art. 107 - Toda a pessoa, que for convencida de ter notícia, ou mesmo conheci-
mento da existência de algum mocambo de pretos fugidos, e o não tiver comunicado
à autoridade competente mais próxima, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito
dias de prisão.

CAPÍTULO XIII - Da segurança e tranquilidade pública

Art. 108 - Os moradores vizinhos de qualquer casa incendiada, que não se


prestarem com seus servos, e vasilhas com água, ou não derem socorro por alguma
outra forma ao seu alcance, incorrerão na multa de vinte mil réis, ou oito dias de
prisão, imposta sobre o chefe da família.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 31


Art. 109 - Logo que for público o incêndio deverão os moradores imediata-
mente iluminar as suas janelas, estando as ruas as escuras, desde o lugar onde princi-
piar o concurso destinado a apagar o fogo, sob pena de incorrer o infrator na multa
de cinco mil réis, ou dois dias de prisão por cada um chefe de família.
Art. 110 - As pessoas, que venderem água em pipas, ou em barris conduzidas
em carroças, são obrigadas a conservá-los de noite cheios de água, a fim de acudirem
prontamente a qualquer incêndio. Os infratores incorrerão na multa de dez mil réis,
ou quatro dias de prisão.
Art. 111 - Ninguém poderá por fogo a coivaras, ou roçados sem ter feito sufi-
ciente aceiro, e de antemão avisado seus vizinhos para tomarem medidas de cautela.
O infrator incorrerá na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão, além da satis-
fação do dano causado.
Art. 112 - Todo aquele que não prestar socorro, podendo fazê-lo, a qualquer
pessoa, ou embarcação, que estiver em perigo de se perder, incorrerá na multa de
vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 113 - Fica proibido acender fogos do ar, ou roqueiras depois das nove
horas da noite, sem licença competente, sob pena de ser multado o infrator em cinco
mil réis, ou dois dias de prisão.
Art. 114 - Aquele que der tiros dentro dos limites das Cidades, Vilas, Fregue-
sias ou povoados de dia, ou de noite, ou que apitar de noite, não sendo pessoa en-
carregada da segurança pública, incorrerá na multa de dez mil réis ou quatro dias de
prisão.
Art. 115 - Aquele que nas Cidades, Vilas, Freguesias, ou povoados vender pól-
vora, ou fabricar fogo de artificio fora das condições e lugares marcados por editais
pelas respectivas Câmaras, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.

CAPÍTULO XIV - Da Vacina, Exposto e Educação

Art. 116 - Quem tiver em sua casa qualquer pessoa desde a idade de treze me-
ses, que não tiver sido vacinada, a fará vacinar, sendo possível, no lugar pela Câmara
destinado, sob pena de incorrer na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão.
Art. 117 - Os vacinados deverão comparecer no mesmo lugar ao oitavo dia
depois de operados, para serem verificadas as vacinas, sob pena de incorrer na multa
de dez mil réis ou cinco dias de prisão a pessoa, que sobre eles tiver domínio, ou o
próprio vacinado.
Parágrafo Único - As Câmaras expedirão os necessários regulamentos
para o melhor desempenho deste ramo de serviço público.
Art. 118 - Toda a pessoa, que tiver a seu cargo a criação de algum exposto, será
obrigada a tratá-lo humanamente, e não lhe infligirá castigos donde resultem con-
tusões, ferimentos, ou outras lesões físicas. O infrator incorrerá na multa de dez mil
réis, ou cinco dias de prisão, sem prejuízo de penas mais graves, a que esteja sujeito

32 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
pelas leis criminais.
Art. 119 - A pessoa encarregada da criação de algum exposto, ainda que gra-
tuitamente, será obrigada a apresentá-lo trimestralmente perante a Câmara respecti-
va em uma das suas Sessões Ordinárias, sob pena incorrer na multa de dois mil réis,
ou um dia de prisão.
Art. 120 - Todo o pai de família, tutor, ou outra qualquer pessoa, que tiver a seu
cargo filho, pupilo, ou em geral algum menino de um ou outro sexo, na idade de seis
anos, e em estado de se aplicar ao estudo do ensino primário, e que por sua negligên-
cia, ou desprezo o não mandar frequentar alguma escola, incorrerá na multa de dez
mil réis ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO XV - Da Polícia rural das


fazendas de gado, pescas, caça &

Art. 121 - Nenhuma pessoa poderá estabelecer ferro, e sinal para fazenda de
criação de gado sem prévia concessão do Presidente, a quem requererá, desenhando
na margem do requerimento o ferro e sinal, que tiver escolhido. O infrator incorrerá
na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Parágrafo Único - Esta concessão será feita, depois de ter precedido
audiência da Câmara Municipal respectiva, e dos vizinhos e circun-
vizinhos, somente a quem perante a Presidência provar possuir terras
próprias, arrendadas, ou realengas, e vinte cinco novilhas pelo menos.
O Presidente da Província expedirá os necessários regulamentos para a
melhor execução da presente postura.
Art. 122 - Nenhum fazendeiro poderá mudar o seu ferro, ou sinal sem legítima
autorização do Presidente, para o que serão antes ouvidos os vizinhos e circunvizi-
nhos, e a respectiva Câmara Municipal. O transgressor incorrerá na multa de vinte
mil réis ou oito dias de prisão, e será considerado orelhudo o gado marcado com
ferro, ou sinal incompetentemente usado.
Art. 123 - Nenhum fazendeiro, ou feitor de fazenda de gado poderá principiar
os seus trabalhos de ferras, assinalações, apartações ou vaquejadas sem ter quinze
dias antes dado aviso ao seus vizinhos, e circunvizinhos, para assistirem a eles, que-
rendo, por si, ou por seu encarregado. O contraventor incorrerá na multa de vinte mil
réis, ou oito dias de prisão por cada vizinho ou circunvizinho, que deixar de avisar.
Art. 124 - Nenhum fazendeiro, ou feitor consentirá, que seus fâmulos, ou es-
cravos ultrapassem os limites de campos alheios, quando fizer seus trabalhos rurais,
sem prévia licença dos donos; nem que por eles se introduzam fora do tempo desses
trabalhos, a pé, ou montados, e munido de cordas de lançar. E quando por algum
motivo legítimo tenham de transitar pelos ditos campos, deverão levar bilhete data-
do, e assinado pelo fazendeiro ou feitor, em que declare o motivo, que aí os leva, ou o
lugar para onde vão, e por quanto tempo, o qual será apresentado ao dono, ou encar-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 33


regado da fazenda, ou fazendas, por onde tiverem de passar. O infrator incorrerá na
multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão em qualquer dos casos.
Parágrafo Único - Todo o fazendeiro, feitor, ou vaqueiro, que encontrar
pessoa, ou pessoas suspeitas, divagando pelos campos, é autorizado a
capturá-las, remetendo-as imediatamente à autoridade policial do dis-
trito.
Art. 125 - Toda a pessoa encarregada de conduzir boiadas, vaquejadas, ou
gado de produção, deverá levar uma guia do fazendeiro, ou feitor, por ele assinada e
datada, indicando o número, ferro, sinal, e qualidade do gado, e ao passar por pastos
de fazendas habitadas participará ao dono, ou feitor delas para verificar a guia, ter
conhecimento do gado, e acompanhá-lo, querendo, até fora de seus pastos. O infrator
incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.
Art. 126 - Todo o criador de gado, ou feitor, em cuja fazenda se desenvolver
nos animais a peste denominada – quebra-bunda, - ou outra qualquer moléstia con-
tagiosa, será obrigado a dar aviso aos vizinhos e circunvizinhos. O infrator incorrerá
na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão por cada vizinho, ou circunvizinho,
que deixar de avisar, e na perda dos animais afetados da moléstia, que serão logo
mortos, e enterrados.
Art. 127 - Nenhuma pessoa poderá lançar nos rios, e igarapés, lagos ou olhos
da água, timbó, camará, assacú, cunambí, ou outra qualquer substância venenosa
para pescar, ou matar peixe, sob pena de incorrer na multa de vinte mil réis, ou oito
dias de prisão.
Art. 128 - São proibidas as tapagens nos lagos, rios, e as bateduras usadas para
pescar, ou matar peixe. O infrator em qualquer dos casos incorrerá na multa de vinte
mil réis, ou oito dias de prisão, sendo as tapagens derrubadas.
Parágrafo Único - É livre porém levantar nos rios, e igarapés pequenas
tapagens de maré feitas com parís, as quais não possam impedir o fácil
trânsito das canoas e outras embarcações.
Art. 129 - Toda a pessoa, que for ao fabrico de peixe seco, ou de moura, e entrar
para os lagos, ou rios antes, ou deles sair depois do tempo aprazado pelas respectivas
Câmara; ou pescar por qualquer meio que seja em lugares pelas mesmas proibidos,
o que tudo elas farão constar por editais com antecedência publicados, incorrerá na
multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão em qualquer dos casos.
Art. 130 - Ninguém poderá ir ao fabrico de manteiga de ovos de tartaruga se-
não no tempo marcado pelas respectivas Câmaras, devendo estas fazê-lo constar por
editais. O infrator incorrerá nas penas do artigo antecedente.
Art. 131 - É proibido flechar tartarugas perto das praias nos dois meses ante-
riores ao tempo da desova, e fabrico da manteiga. O infrator ficará sujeito as penas
do artigo cento e vinte nove.
Art. 132 - Ninguém poderá virar tartarugas nas praias, onde desovam, nem
nas mesmas apanhar tartaruguinhas. O infrator em qualquer dos casos incorrerá nas

34 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
penas do artigo cento e vinte nove.
Art. 133 - É proibido lançar fogo nos campos, e pastos próprios para criação
de marrecas antes do tempo designado pelas respectivas Câmaras, para o que elas
publicarão anualmente editais com dois meses de antecedência. O infrator sofrerá as
penas do artigo cento e vinte nove.

Capítulo XVI - Da Economia Municipal

Art. 134 - Em cada novo quatriênio as Camaras, logo no começo de suas ses-
sões, farão declarar por editais os limites urbanos das Cidades, ou Vilas respectivas,
designando a linha de demarcação, que houverem estabelecido, sob pena de serem
multadas as que infringirem esta disposição, em dez mil réis por cada um de seus
membros.
Art. 135 - As estradas, que d’ora em diante se houverem de abrir, terão doze
braças de largura, e as ruas e travessas dez. As Câmaras que alterarem este plano
serão multadas em vinte mil réis por cada um de seus membros.
Art.136 - As estradas serão guarnecidas de duas alas de árvores, plantadas, tra-
tadas e conservadas pelas Câmaras. As alas serão separadas nas novas estradas pelo
espaço de dez braças. As Câmaras que transgredirem serão multadas em vinte mil
réis por cada um de seus membros.
Art. 137 - As Câmaras marcarão salários às amas dos expostos pelo trabalho da
criação, e educação, e prestarão enxoval preciso aos mesmos.
Art. 138 - Logo que os expostos cheguem à idade própria de se dedicarem ao
estudo do ensino primário as Câmaras lhes arbitrarão uma ajuda de custo mensal
para o seu vestuário e calçado.
Art. 139 - Se a pessoa encarregada de alguma exposta quiser continuar na sua
educação, quando tenha chegado a idade de oito anos, lhe será permitido, assinando
termo na Câmara, pelo qual se obrigue a fazer continuar a aprender a leitura, escrita,
contabilidade e economia doméstica de uma mãe de família, e receberá a prestação
até a idade de 11 anos.
Art. 140 - As expostas que continuarem a ser educadas pelas pessoas que as
criaram, logo que tenham chegado à idade de 16 anos, as Câmaras promoverão al-
gum arranjo honesto, ou fazendo-as casar, ou distribuindo-as por casas de famílias
de probidade.
Art. 141 - A quem estiver encarregado da criação de algum exposto, e quiser
continuar a educá-lo tendo completado oito anos, será isso concedido, assinando um
termo na Câmara, pelo qual se obrigue a mandá-lo estudar as ciências superiores, ou
a aprender algum ofício mecânico, ou arte liberal, depois de se ter aplicado ao ensino
primário.
Art. 142 - Os Fiscais visitarão mensalmente os expostos, e darão certificado
do que acerca deles observarem, e só á vista de semelhante documento é que se fará

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 35


pagamento às amas.
Art. 143 - Os Fiscais remeterão semestralmente às Câmaras uma relação no-
minal dos expostos com suas idades,e capacidades, afim de se lhes dar o destino, que
melhor convier.
Art. 144 - Os Fiscais, em observância do artigo setenta da lei do 1º de Outubro
de 1828, visitarão pelo menos uma vez por semana as escolas de primeiras letras, e
as inspecionarão, dando parte mensalmente à respectiva Câmara dos Professores,
que não cumprirem os seus deveres, e de tudo o mais, que observarem relativo à
instrução.
Art. 145 - Os Fiscais procederão no começo de todos os anos ao arrolamento
dos meninos de seu distrito, tomando os nomes, idades, filiações, moradas, sexo,
condição, cor, e de tudo formarão um mapa, que remeterão à Câmara respectiva até
o fim de Fevereiro impreterivelmente.
Art. 146 - Os Fiscais remeterão as respectivas Câmaras na sua primeira sessão
ordinária relação dos expostos e dos órfãos pobres de um e outro sexo filhos de pais
pobres dos seus distritos, para elas curarem da sua educação e destino.
Art. 147 - Os Fiscais, ou seus Suplentes no exercício de suas funções são res-
ponsáveis perante as Câmaras pelos prejuízos, que lhes ocasionarem por sua negli-
gência. Se esta for julgada grave, e continuada serão multados na quantia de dez a
vinte mil réis, além da indenização devida.

TÍTULO II
DAS POSTURAS ESPECIAIS

CAPÍTULO I - Do Município da Cidade de Belém

Art. 148 - No Largo das Mercês, nas Ruas de Belém, do Imperador, dos Mer-
cadores, da Boa-Vista, e nas que na Marinha, se abrirem para o futuro, nas Travessas
das Mercês, do Passinho, de S. Matheus, do Pelourinho, e da Companhia desde a
Rua dos Mercadores até ao rio, e bem assim na Travessa do Seminário, e em todo o
Largo do Palácio ninguém poderá edificar, ou reedificar casas senão de sobrado, nem
consertar a parede da frente das casa baixas, que nas ditas ruas existirem, sob pena
de incorrer na multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão, sendo depois demolido
o prédio.
Art. 149 - As casa dentro dos limites da Cidade, cuja frente for de tábuas, serão
demolidas por seus donos ou procuradores no prazo de seis meses peremptórios, sob
pena de incorrer o infrator na multa de vinte mil réis ou oito dias de prisão, e de ser
demolida a casa por ordem da Câmara à custa do dono.
Art. 150 - Os proprietários de chãos dentro dos limites da Cidade, serão obri-
gados a tapá-los com cercado na direção do alinhamento respectivo, para o que re-

36 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
quererão à Câmara a competente arrumação. No prazo de seis meses prefixos depois
da publicação da presente postura serão cercados os chãos compreendidos dentro
da linha, que partindo do rio seguir pela travessa da Estrela, Praça Pedro Segundo,
Ruas dos Inocentes, Largo dos Quartéis, Rua de S. João, e Atalaia, e acabar no rio;
dentro de doze meses os compreendidos na linha, que tendo o ponto de partida do
rio seguir pela Rua da Princesa, Estrada de Nazaré, frente do cemitério velho, Ruas
da Cruz das Almas, e de S. José até a travessa do Arsenal; e dentro de dezoito meses,
os compreendidos no restante do espaço desde esta última linha até aos limites da
Cidade. Os infratores serão multados em dois mil réis por cada braça de frente dos
terrenos compreendidos dentro da 1ª linha, em mil duzentos e oitenta réis para os de
segunda, e em oitocentos réis para os de terceira, ou oito dias de prisão em qualquer
dos casos; e serão considerados em reincidências seis meses depois de findos os refe-
ridos prazos, e assim sucessivamente.
Art. 151 - Nos ditos terrenos é permitido fazer-se telheiros afastados doze pal-
mos dos cercados mas tão somente para depósitos dos matérias para edificação dos
mesmos terrenos. O infrator incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito dias de
prisão, e os telheiros serão demolidos.
Art. 152 - Os telheiros, ou barracões, que ora existem nos ditos terrenos, e que
não guardarem as disposições acima declaradas serão recuados por seus donos den-
tro de quatro meses depois da publicação da presente postura, sob pena de incorrer
o infrator na multa e pena do artigo antecedente.
Parágrafo Único - Em ambos os casos, havendo contumácia serão as
demolições feitas pela Câmara à custa dos proprietários.
Art. 153 - Os passeios de lajes, ou pedras brancas colocados na frente dos pré-
dios serão picados à custa de seus donos, sempre que oferecerem superfície lisa, e
escorregadia, devendo neste caso ser o dono intimado pelo Fiscal para mandar pro-
ceder a esse serviço. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de
prisão.
Art. 154 - É proibido ter-se salgadeiras, ou depósitos de couros verdes ou sal-
gados, em lugar que não seja contiguo ao matadouro público, ou a outro ponto indi-
cado pela Câmara, mas próximo do rio, de onde possam ser imediatamente embar-
cados em ocasião de exportação. O infrator incorrerá na multa de vinte mil réis ou
oito dias de prisão.
Art. 155 - Também é vedado corar, ou enxugar, ou estender roupa nas praças,
largos, ruas, e travessas em armadilhas, e cordas, ou mesmo no chão. O infrator in-
correrá na multa de cinco mil réis, ou dois dias de prisão.
Art. 156 - Fica proibido estender, ou bater couros, e assoalhar peixe de qual-
quer qualidade nas ruas e travessas. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou
quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - Os que quiserem beneficiar os ditos gêneros poderão
fazê-lo nos largos, mas de modo que não incomodem os viandantes.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 37


Art. 157 - Na ponte de pedra é vedado descarregar, e depositar madeiras, e
pedras. A descarga destes objetos será nas praias, ou noutros portos, onde se não
devem demorar mais de cinco dias. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou
quatro dias de prisão em qualquer dos casos, e será obrigado a retirar imediatamente
tais artigos.
Art. 158 - A carne de porco picada para consumo público será vendida nos
talhos, ou sobre bancas colocadas no largo das Mercês com as mesmas circunstâncias
recomendadas no artigo vinte oito. O infrator incorrerá na multa de cinco mil réis,
ou dois dias de prisão.
Art. 159 - Enquanto se não edificar um mercado público com todas as como-
didades servirá para mercado o telheiro do Largo das Mercês; e nesta praça todos os
dias se fará feira de hortaliça, ovos, frutas, aves e outros provimentos.
Art. 160 - A Câmara terá uma casa própria, e asseada onde se aceitarão os
recém-nascidos enjeitados, com o nome de Casa dos expostos. Nela haverá uma re-
gente, e uma ama de leite. A Câmara dará um regimento especial para este estabele-
cimento.
Art. 161 - Fica proibido o uso de andarem pelas ruas indivíduos mascarados,
tocando tambor ou outros instrumentos com o fim de anunciarem o dia em que terá
lugar algum espetáculo público. O contraventor incorrerá na multa de dez mil réis,
ou quatro dias de prisão.
Art. 162 - Todo o pescado fresco, conduzido, à Cidade para consumo público
será exposto à venda na rampa da travessa da Merces, quer seja pertencente a pesca-
dor matriculado na companhia criada pela Lei Provincial N.º 25 de 28 de Setembro
de 1839, quer a outro qualquer, e nunca poderá ser vendido por atacado enquanto
houver quem queira comprar por miúdo, ou a retalho. O infrator incorrerá na multa
de cinco mil réis, ou dois dias de prisão.
Art. 163 - O serviço da iluminação da Cidade, quer seja por contrato, quer por
administração fica sujeito a condições, multas, e regulamento anualmente organiza-
dos e estabelecidos pela Câmara com a aprovação do Presidente da Província.

CAPÍTULO II - Do Município de Santarém

Art. 164 - Ninguém poderá levantar currais dentro dos limites da Cidade para
depósito de gado vacum ou cavalar, sob pena de incorrer o infrator na multa de cinco
mil réis, ou dois dias de prisão por cada animal, nunca excedendo o total das penas
ao máximo marcado no artigo 72 da Lei do 1.º de Outubro de 1828.

CAPÍTULO III - Do Município da Cachoeira

Art. 165 - A ninguém é permitido ter currais com gado dentro dos limites da
Vila, ou nos da Freguesia de Marajô-assú, ou Ponta de Pedras em lugares públicos, ou

38 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
em terrenos particulares na estação do inverno, cuja época será marcada pela Câma-
ra por meio de edital. O infrator incorrerá nas penas do artigo antecedente.
Parágrafo Único - Para um e outro lugar a Câmara designará os sítios
mais conveniente para levantar tais currais fora dos referidos limites.

CAPÍTULO IV - Do Município de Macapá

Art. 166 - Ninguém poderá queimar dentro dos limites da vila casca de casta-
nha de jandiroba. O contraventor incorrerá na multa de dois mil réis ou um dia de
prisão.

CAPÍTULO V - Do Município de Oeiras

Art. 167 - É proibido acender-se foguetes do ar, carretilhas, bombas, e outros


fogos soltos dentro dos limites da Vila. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis
ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO VI - Do Município de Mazagão

Art. 168 - O tecelão, que fabricar panos de algodão terá uma marca dada pela
Câmara, que será obrigado a pôr em os rolos de sua manufatura, e em segmento de-
clarará no mesmo rolo o numero de varas que contiver. O infrator incorrerá na multa
de cinco mil réis, ou dois dias de prisão, por cada rolo não marcado.

CAPÍTULOVII - Do Município de Portel

Art. 169 - Todo aquele que nas praias de Manarijó queimar ranchos ou telhei-
ros, que sevem de comodidade pública, incorrerá na multa de vinte mil réis, ou oito
dias de prisão.

CAPÍTULO VIII - Do Município de Igarapé-Mirim

Art. 170 - Quem tirar barro das margens do canal daquele nome incorrerá na
multa de vinte mil réis, ou oito dias de prisão.

CAPÍTULO IX - Do Município de Maués

Art. 171 - É proibido bater-se mandioca na água no porto da Vila. O infrator


incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão.
Art. 172 - Os proprietários de casas dentro dos limites da Vila, ou povoações
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 39
substituirão as portas, e janelas de japães da frente de seus prédios por outras de
madeiras, no prazo de um ano da data da publicação da presente postura. O infra-
tor incorrerá na multa de dez mil réis, ou quatro dias de prisão, e será considerado
incurso em reincidência seis meses depois daquele prazo, e assim progressivamente.
Art. 173 - É proibido construir, ou conservar cercados de palha dentro dos
limites da Vila, ou povoações. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis, ou dois
dias de prisão.

TÍTULO III
DISPOSIÇÕES COMUNS

Art. 174 - Todas as penas cominadas nestes artigos de posturas serão duplica-
das, e triplicadas no caso de reincidência; e nas multas pecuniárias metade do valor
pertencerá a patrulha, ou a pessoa, que denunciar a infração de qualquer dos sobre-
ditos artigos, e a outra metade ao cofre da Câmara respectiva.
Art. 175 - Quando o réu não tenha meios para satisfazer a pena pecuniária,
será comutada na de prisão.
Art. 176 - Quando o réu for escravo será condenado em açoites, cujo número,
sendo vinte e cinco o mínimo, e trezentos o máximo, será fixado na sentença do juiz,
e só depois de os sofrer publicamente será entregue a seu senhor.
Art. 177 - Ficam revogadas as Leis Provinciais N.º 123 de 11 de Outubro de
1844, e N.º 124 de 13 de Maio de 1846, e todas as mais disposições em contrário.

Palácio do Governo da Província do Pará 29 de Novembro de 1848. Jeronimo


Francisco Coelho.

FONTE: Arquivo Público do Pará (APP) – Coleção das Leis Provinciais do Pará. Pará, 1888, p. 49- 89.

40 | 02. Manaus (1848) - Código de posturas municipais, a que se refere o artigo 8º da lei do orçamento municipal de 29 de
Novembro de 1848, aprovado provisoriamente na forma do referido artigo da lei.
03. Manaus (1869)

Lei n.º 196, de 26 de maio de 1869: Aprova alguns artigos de


posturas da câmara municipal da cidade de Manaus.

João Wilkens de Mattos, oficial da Imperial Ordem da Rosa, Cavaleiro da Or-


dem de Cristo, tenente coronel da guarda nacional e presidente da província do Ama-
zonas, &.
Faço Saber a todos os seus habitantes que a assembleia legislativa provincial,
sobre proposta da câmara municipal da capital, decretou a lei seguinte:
Art. 1º - Ficam aprovados os artigos seguintes das posturas municipais da câ-
mara desta cidade de 3 de março de 1868.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.

POSTURAS MUNICIPAIS

Art. 1º - Fica proibido o corte de árvores, varas e arbustos maiores de cinco


palmos em todos os riachos ou igarapés que ficarem dentro dos limites da cidade e
nos seus subúrbios, em uma zona de sessenta palmos de largura a partir do leito dos
mesmos riachos ou igarapés. O infrator incorrerá na pena de vinte mil reis de multa
ou quatro dias de prisão.
Art. 2º - Nesta mesma pena incorrerão aqueles que fizerem escavações nesses
lugares, revolverem lama, deitarem lixo, paus, coisas pútridas, ou qualquer outra ma-
téria que possa alterar a pureza das águas.
Art. 3º - Também fica proibido o corte de árvores nas margens dos igarapés das
caxoeiras grande e pequena contiguas a esta cidade, maximé nos lugares que servem
de logradouros públicos. O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou oito dias
de prisão.
Art. 4º - Fica proibido de hora em diante tirar-se água no igarapé do Aterro
para ser vendida à população e vem assim lavar-se roupa, cavalos e outros animais. O
infrator será punido com cinco mil réis de multa ou dois dias de prisão.
Art. 5º - É proibida a escavação, o quebramento e tiramento de pedras em todo
o litoral da cidade, máxime daquelas que servem de segurança aos barrancos e impe-
direm as escavações das águas pluviais. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis
ou dois dias de prisão, além de ser obrigado a repor em seus lugares as pedras tiradas.
Mando portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da
referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 41


contem. O secretario da província a faça imprimir, publicar e correr.
Dada no palácio da presidência da província do Amazonas, cidade de Manaus,
aos 28 dias do mês de maio do ano de 1869, 48.º da independência e do Império.

João Wilkens de Mattos.

FONTE: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (ANRJ) – Coleção das Leis da província do Amazonas,
Tomo XVII, 1869, p. 37-38.

42 | 03. Manaus (1869) - Lei n.º 196, de 26 de maio de 1869: Aprova alguns artigos de posturas da câmara municipal da cidade
de Manaus.
04. Manaus (1872)
Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de
Posturas Municipais da Cidade de Manaus.

O BACHAREL JOSÉ DE MIRANDA DA SILVA REIS, COMENDADOR DA


IMPERIAL ORDEM DA ROSA, OFICIAL DA IMPERIAL DO CRUZEIRO, CAVA-
LEIRO DE S. BENTO D’AVIZ, CONDECORADO COM AS MEDALHAS DO ME-
RITO MILITAR E DA CAMPANHA NO PARAGUAY, GENERAL PRESIDENTE E
COMMANDANTE DAS ARMAS DA PROVINCIA DO AMAZONAS, ETC.
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa provincial,
sob proposta da Câmara Municipal da capital, decretou as seguintes posturas

TITULO I
AFORMOSEAMENTO E REGULARIDADE
DA CIDADE E SUBÚRBIOS

Art. 1º - Sem prévia licença da câmara e alinhamento dado pelos empregados


competentes, não se dará começo, dentro dos limites da cidade, a qualquer edifício
ou muro nem reconstrução deles; e sempre que for possível buscará o projetado edi-
fício ou muro a altura do que lhe for anexo, de aparência mais elegante, não tendo po-
rém os edifícios menos de cinco metros de altura na parede da frente sendo térreos,
a mesma altura os assobradados a contar do travejamento ao soalho, e nove metros
os sobrados; devendo ter as portas nunca menos de três metros de altura e as janelas
dois metros e cinquenta centímetros sobre um metro e vinte e cinco centímetros de
largura. O contraventor será multado em trinta mil réis e o dobro na reincidência,
demolida a obra a sua custa.
§ 1º - Os proprietários, apresentando o risco e desenho exterior da obra
que desejam construir, deverão requerer a câmara, o alinhamento ne-
cessário afim de que, aprovados pela câmara tais desenhos, ela conceda
o referido alinhamento.
§ 2º - A multa deste artigo se fará extensiva àqueles que sem consen-
timento se afastarem do risco, desenho e alinhamento aprovados pela
câmara.
Art. 2º - Dentro dos limites da cidade, os terrenos por edificar deverão ser
amurados ou cercados por seus donos dentro do prazo de um ano, sob pena da multa
de mil réis por metro de frente, e o dobro nas reincidências.
Art. 3º - Fica proibido de ora em diante, nas ruas dos Remédios, Boa-Vista, Es-
pirito Santo, Marcilio Dias, Flores, Imperador, Brasileira, Manaus até o Aterro, Hen-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 43


rique Martins, Cinco de Setembro, S. Vicente, Independência e Travessas que lhes são
correspondentes, e em todas as Praças, a edificação de casas cobertas de palha; sob
pena de demolir-se a obra por conta de quem a fizer e sujeito a multa de trinta mil
réis ou oito dias de prisão.
Art. 4º - É proibido fazer escavações, quebrar ou tirar pedras em todo o litoral
da cidade, máxime daquelas que servem de segurança as barrancas e impedem as es-
cavações das águas pluviais. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou dois dias
de prisão, além de ser obrigado a repor em seus lugares as pedras tiradas.
Art. 5º - Dentro do município ninguém poderá, em estradas, margens de rios
ou terras devolutas cortar árvores, quer sejam frutíferas. O infrator incorrerá na mul-
ta de trinta mil réis ou oito dias de prisão. Esta disposição não se entende para os
lugares em que seja preciso edificar ou fazer aberturas de ruas, estradas ou caminhos
públicos.
Art. 6º - Nos terrenos e estradas públicas não é permitido fazer-se escavações
para tirar terra, barro ou areia, sob pena de pagar o infrator a multa de dez mil réis
ou três dias de prisão.
Parágrafo Único - Permite-se porém, nos lugares que a câmara designar
fazer desmoronamentos de modo a nivelar os terrenos e estradas, não
causando isso prejuízo aos terrenos vizinhos, sob pena da multa do pre-
sente artigo.
Art. 7º - Fica proibido o corte de árvores ou varas maiores de dois metros em
todas as margens de riachos ou igarapés dentro dos limites da cidade e subúrbios, em
uma zona de quatorze metros de largura a partir do leito dos mesmos riachos ou iga-
rapés. O infrator incorrerá na pena de vinte mil réis de multa ou cinco dias de prisão.
§ 1º - Nesta mesma pena incorrerão aqueles que fizerem escavações nes-
ses lugares, revolverem lama, deitarem lixo, pedras, paus, coisas pútridas
ou qualquer outra matéria, que possam alterar a passagem das águas.
§ 2º - Também fica proibido o corte de árvores nas margens dos igarapés
das cachoeiras grande e pequena contiguas a esta cidade, principalmen-
te nos lugares que servem de logradouros públicos. O infrator incorrerá
na multa de trinta mil réis ou oito dias de prisão.
Art. 8º - É proibida a abertura de buracos nas ruas e praças para fincar paus,
levantar andaimes ou outra qualquer obra sem prévia licença da câmara. O Infrator
incorrerá na multa de cinco mil réis ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - Em cada extremidade dos andaimes, é o dono da obra
obrigado a conservar, durante a noite, dois lampiões acesos, sob pena da
multa de cinco mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 9º - Todo aquele que causar dano as calçadas, pontes, muros, edifícios
públicos, ou particulares, plantações das ruas e praças, prender, encostar animais ou
depositar quaisquer objetos nos arredores, será multado em vinte mil réis ou quatro
dias de prisão e o dobro nas reincidências.

44 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
Art. 10º - A câmara mandará fazer, em livro próprio, o lançamento do nome
das ruas e praças desta cidade, de conformidade com os já adotados; bem como a
numeração de todas as casas. Aquele que alterar ou destruir de qualquer modo os
nomes e números das ruas, praças e casas, será multado em cinco mil réis ou dois dias
de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 11 - As ruas que de novo se abrirem e as que ainda não tiveram edificação,
deverão ter de largura dezesseis metros de casa à casa, dando-se para as testadas ou
passeios dois metros de cada lado e serão sempre em linha reta.
Art. 12 - Os que por meio de entulhos, escavações ou quaisquer objetos obs-
truírem as ruas, serão multados em trinta mil réis e o dobro na reincidência, sendo
obrigados a remover por sua conta os ditos objetos no prazo improrrogável que lhe
for marcado pelo fiscal.
Art. 13 - Nas ruas que se forem calçando, serão os donos dos prédios neles
sitiados obrigados a fazer, dentro do prazo que lhes for marcado pela câmara, os
passeios ou testadas de suas casas com os materiais geralmente adotados pela câmara
para outros passeios ou testadas, salvo se for o morador reconhecidamente pobre,
em cujo caso será o passeio feito pela câmara. Os contraventores sofrerão a multa de
trinta mil réis se, findo o prazo, não estiverem concluídos e igual pena em cada novo
prazo que lhes for concedido.
Art. 14 - Os moradores das casas desta cidade, são obrigados a conservar sem-
pre limpos os passeios das mesmas. Aos contraventores a multa de dez mil réis e o
dobro na reincidência, e nesta caso o fiscal da câmara mandará fazer a limpeza a
custa do infrator. Quando o morador for reconhecidamente pobre a limpeza será
feita pela câmara.
Art. 15 - A limpeza das praças, estradas e ruas ficará a cargo da câmara, de-
vendo o seu fiscal prover o que for necessário para este ramo de serviço público que
deverá ser feito oportunamente dentro do ano.

TITULO II
CÔMODO E SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 16 - Os proprietários de casas, muros ou qualquer edifício que ameace


ruina ou estejam desaprumados, serão compelidos pela câmara para, dentro do prazo
que lhes for marcado, praticarem a demolição, sob pena de multa de trinta mil réis
ou oito dias de prisão.
Art. 17 - Qualquer mestre de obras que edificar alguma parede ou muro de
alvenaria ou de madeira, sem alicerces sólidos, e depois de examinados por peritos,
será multado em trinta mil réis e compelido a demolir a obra defeituosa para a por
nas condições necessárias, tudo a sua custa.
Art. 18 - São proibidas nas casas desta cidade, quer particulares ou de proprie-
dade pública, as portas e janelas que abram para fora, e igualmente a colocação de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 45


degraus na frente da porta da rua impedindo o trânsito público. Os donos das que
atualmente existem nestas condições, serão compelidos pela câmara a demoli-los e
reconstruir, de acordo com o respectivo engenheiro, no prazo que lhe for marcado,
sob pena da multa de vinte mil réis ou cinco dias de prisão.
Art. 19 - Ficam proibidos os canos nos telhados que, do alto precipitem a rua
as águas pluviais. Os donos dos prédios são obrigados a colocar calhas e canos adap-
tados a receber e dar esgoto as águas por dentro ou junto a parede, de modo a despe-
jarem ao nível dos passeios ou nos canos da servidão dos mesmos prédios. O infrator
incorrerá na multa de vinte mil réis ou cinco dias de prisão, intimados a fazer o me-
lhoramento dentro do prazo que lhe for marcado.
Art. 20 - Não é permitido, nas ruas, praças e portos a conservação de volumes e
objetos ainda mesmo do comércio de qualquer qualidade que seja, mais que o tempo
necessário para o descanso dos condutores. O infrator incorrerá na multa de cinco
mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 21 - É proibido transitarem pelos passeios das casas as pessoas que car-
regarem volumes de qualquer natureza que seja ou ali depositá-los. Aos infratores a
multa de dois mil réis ou um dia de prisão, e quando o depósito exceda de seis horas
de estada do objeto, será a multa elevada a vinte mil réis ou cinco dias de prisão, fa-
zendo-se a remoção a custa do dono.
Art. 22 - Os objetos, volumes ou qualquer artigo de indústria ou comércio, que
se descarregarem nas rampas, cais ou outros pontos da cidade, não poderão ali ser
conservados além do dia da mesma descarga, salvando-se porém sempre o trânsito
público sob pena da multa de vinte mil réis e o dobro na reincidência, imposta a seus
donos.
Art. 23 - Fica proibido o embarque e desembarque de madeiras, pedras ou ou-
tros objetos pesados, que impedirem o trânsito, nas rampas das praças da Imperatriz
e do Tamandaré e cais que lhes são prolongados a menos que não sejam transporta-
dos a proporção que os mesmo objetos se forem embarcando para o transporte ou
veículo que tiver de conduzi-los ao lugar de seu destino. Ao contraventor a multa de
vinte mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 24 - Fica proibido cravar pregos, argolas ou estacas nos cais e rampas da
cidade para amarrar embarcações, sob pena de cinco mil réis de multa e o dobro na
reincidência.
§ 1º - Os botes ou barcos que estiverem presos a esses lugares, serão
apreendidos até a satisfação da multa.
§ 2º - Só é permitido conservarem-se atracados aos cais e rampas desta
cidade, os botes, barcos ou qualquer embarcação, o tempo necessário
para receberem cargas e passageiros ou descarregarem. Os que exce-
derem desse tempo pagarão dez mil réis de multa, se as embarcações
forem pequenas, e vinte mil réis se de maiores dimensões e calados.
Art. 25 - Fica proibido o ensino de animais para veículos, nas ruas e praças

46 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
da cidade e somente permitido nas estradas, sendo pela infração o condutor deles
multado em cinco mil réis ou dois dias de prisão, apreendido o animal ou veiculo até
a satisfação da multa.
Art. 26 - É proibido estabelecer-se fábricas de fogos artificiais, dentro da cida-
de. Os lugares para esse fim destinados são a ocidente, além do perímetro da cidade.
Aos contraventores multa de trinta mil réis ou oito dias de prisão e o dobro na rein-
cidência.
Art. 27 - Os estabelecimentos de indústria cujos trabalhos possam incomodar
ou prejudicar os habitantes da cidade, só poderão fundar-se para o futuro em lugares
para esse fim destinados, no litoral da cidade ou além do seu perímetro. Aos contra-
ventores a multa de trinta mil réis e o dobro na reincidência no fim de cada prazo que
lhes for marcado para sua mudança.
Art. 28 - Os possuidores de terrenos com plantações de qualquer natureza nas
imediações da cidade e nas estradas, são obrigados a conservá-los cercados.
Art. 29 - Os condutores de carroça, carros ou veículos, deverão trazer seus
animais enfreados e guiá-los pela arreata a fim de não ofenderem pessoa alguma, des-
viando-se de outros que encontrarem, o espaço conveniente. Aos infratores a multa
de cinco mil réis e o dobro na reincidência, ficando o carro depositado até o paga-
mento da multa.
§ 1º - As pessoas que forem condutoras de carros, sege ou qualquer
transporte, deverão guiá-los dando a direitas a outras que encontrarem.
As seges públicas e particulares só poderão andar a trote e trarão lanter-
nas acesas nas noites de escuro. Os carros, carroças etc., andarão sempre
a passo, trazendo os animais um chocalho no pescoço. Os seus donos,
na infração, pagarão a multa de dez mil réis, ficando depositado o veí-
culo até a satisfação da multa.
§ 2º - Os carros ou carroças que transitarem pelas ruas, praças e estra-
das, deverão ter as rodas móveis e o eixo fixo, e aqueles com chapas de
ferro que as circulem e com pregarias nas escarvas. Os contraventores
pagarão dez mil réis de multa e o dobro na reincidência, ficando depo-
sitado o carro até a satisfação da multa.
§ 3º - Ficam sujeitos a multa de cinco mil réis os donos de carros ou
carroças que chiarem pelas ruas ou praças da cidade apreendendo-se o
carro até a satisfação da multa.
Art. 30 - As pessoas alienadas ou afetadas de elefantíases ou outras moléstias
contagiosas, quer sejam livres ou escravas, não poderão transitar pela cidade e as
que por falta de meios não poderem ser tratadas em suas casas, a câmara as mandará
recolher a algum estabelecimento ou lugar que for para esse fim designado. Serão
considerados contraventores aqueles a quem pertençam esses indivíduos, e multados
em trinta mil réis ou oito dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 31 - Os donos de carroças de condução de água serão obrigados a conser-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 47


var cheias suas pipas à noite e comparecer com elas ao lugar de incêndio sob pena de
multa de vinte mil réis.
Parágrafo Único - A câmara dará de prêmio vinte mil réis a primeira
pipa de água que se apresentar no lugar do incêndio sendo de noite; e
dez mil se for de dia.
Art. 32 - É proibido apitar-se ou usar dos sinais das patrulhas e rondas, exceto
o caso de pedir socorro. Aos contraventores a multa de cinco mil réis.
Art. 33 - As casas de comércio onde haja a venda bebidas espirituosas, e as de
jogo lícito, só poderão conservar-se abertas até às dez horas da noite. Aos contraven-
tores a multa de vinte mil réis.
Art. 34 - A pessoa que apagar a luz ou quebrar vidros dos lampiões da ilumi-
nação pública ou causar outro qualquer prejuízo será multado em dez mil réis ou três
dias de prisão, pertencendo ao denunciante, metade do valor da multa.
Art. 35 - Não é permitido soltar nas ruas da cidade o fogo de artificio deno-
minado busca-pés. Os contraventores incorrerão na multa de trinta mil réis ou oito
dias de prisão.
Art. 36 - É proibido assoalhar-se a roupas às janelas, ruas e praças, armar cor-
das para estendê-las nos mesmos lugares, bem como lavá-las nos igarapés que cortam
esta cidade, e só poderá fazer-se nos lugares que para isso forem designados pela
câmara municipal. Os contraventores pagarão cinco mil réis de multa ou dois dias de
prisão e o dobro na reincidência.
Art. 37 - Ninguém poderá disparar armas de fogo dentro da cidade e subúr-
bios; bem como flechas. Ao contraventor a multa de cinco mil réis, sendo de dia, de
dez mil réis sendo de noite e o dobro na reincidência.
Art. 38 - As boticas e drogarias deverão conservar-se aberta até as dez horas da
noite e seus donos são obrigados abri-las a qualquer hora da noite para prontificarem
receitas ou pedidos que lhes forem enviados; no caso de infração testemunhada, pa-
garão vinte mil réis de multa e o dobro na reincidência.
§ 1º - Fica proibido aos boticários ou droguistas vender remédios ou
drogas corruptas, falsificadas ou inutilizadas, bem como introduzir nos
remédios mais ou menos drogas diversas outras das que contiver a re-
ceita ou pedido, sob pena de vinte mil réis de multa ou cinco dias de
prisão e o dobro na reincidência.
§ 2º - Também é vedado aos mesmos boticários e droguistas, vender
a escravos e pessoas desconhecidas, drogas venenosas ou tóxicas sem
fórmula ou receita de médico, sob pena de sofrerem as multas do artigo
antecedente além de outras penas em que possam incorrer pelas leis
criminais.
Art. 39 - Fica proibido de ora em diante tirar-se água no igarapé do Aterro para
ser vendida a população e bem assim nele lavar roupa, cavalos e outros animais. Ao
infrator cinco mil réis de multa ou dois dias de prisão.

48 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
Art. 40 - Não é permitido fincar-se nas praias dos portos da cidade, mourões
permanentes ou estacas para amarrar embarcações. A contraventor cinco mil réis de
multa e o dobro na reincidência, além da perda da estaca ou mourão.

TITULO III
LIMPEZA PÚBLICA

Art. 41 - Fica proibido todo o despejo de qualquer natureza que seja nas ruas,
pontes, praças, rampas e cais desta cidade. Ao contraventor a multa de vinte mil réis
e a remoção do despejo feita a sua custa, e sendo o contraventor fâmulo sofrerá três
dias de prisão e aplicável a multa a pessoa a cujos serviços se achar.
Art. 42 - Os canos das casas só deverão despejar as águas pluviais para as ruas e
nunca imundices de qualquer natureza. O morador do prédio onde se der a infração
desta postura, sofrerá a multa de vinte mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 43 - Ninguém consentirá defronte de sua morada, animal algum morto,
ou qualquer objeto imundo que exale mau cheiro. O morador sob pena de multa de
cinco mil réis
Art. 45 - Os condutores de carroças ou de qualquer outro receptáculo de lixo,
estrumes ou matérias fecais para despejo deverão não deixar derramar pelas ruas,
dado porém este caso, imediatamente devem limpar o que cair. Aos contraventores a
multa de quatro mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 46 - Os donos de terrenos alagados ou pantanosos em que existem imun-
dícies, são obrigados, no prazo de seis meses, a cercá-los, e aterrá-los para tornarem-
se limpos e salubres.
Aos contraventores a multa de trinta mil réis e o dobro no fim de oito dias de-
pois de intimada a ordem se não derem começo aos benefícios dos mesmos terrenos.
Art. 47 - Ninguém poderá conservar água ou qualquer líquido deteriorado,
lixo ou imundície aglomeradas, nas casas de suas moradas, lojas, tavernas, oficinas
ou quaisquer outros estabelecimentos. Ao contraventor a multa de trinta mil réis ou
oito dias de prisão, fazendo-se a remoção a sua custa.
Art. 48 - É proibido embaraçar o escoamento das águas pluviais, de terrenos ou
prédios vizinhos que corram naturalmente, haja ou não servidão estabelecida, afim
de serem as mesmas águas encanadas com presteza para as ruas, praças e estradas.
Aos contraventores a multa de dez mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 49 - É igualmente proibido estreitar, fazer ou edificar obras sobre os canos
ou valas públicas, incorrendo o infrator na pena de dez mil réis e a demolição da obra
à sua custa.
Art. 50 - Os entulhos provenientes de qualquer obra, edificação ou demolição,
lançados juntos a mesma, serão tirados no prazo de três dias contados daquele que
ela terminar. Aos contraventores a multa de vinte mil réis e o dobro na reincidência,
e a remoção feita a sua custa.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 49


Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão as pessoas ou corpora-
ções á quem competir a remoção dos entulhos que existirem nas ruas e
praças públicas, os quais serão removidos dentro de um mês, depois de
intimados pelo fiscal.
Art. 51 - Os moradores dos prédios desta cidade são obrigados a conservar
limpos os quintais respectivos e a remover as matérias excrementícias para o lugar
designado no art. 44. Os infratores pagarão dez mil réis de multa e o dobro na rein-
cidência.
Art. 52 - Os igarapés dos Remédios, Espírito Santo e S. Vicente, que cortam esta
cidade deverão ser limpos todos os anos, pelo menos duas vezes, a custa da câmara,
a fim de desinfetá-los de quaisquer imundícies que, estagnadas, possam causar insa-
lubridade pública, bem como roçar e queimar as matas em tempo próprio, de forma
que no princípio da enchente se conserve todo os espaços sempre limpos. Aqueles
que forem encontrados a fazer neles despejos ou obstrução, por meio de entulhos,
serão multados em trinta mil réis ou oito dias de prisão, e o dobro na reincidência.
Art. 53 - Ficam sujeitas a inspeção do fiscal da câmara as cachoeiras e cavala-
riças que existirem dentro da cidade, as quais seus donos trarão sempre limpas. Aos
contraventores a multa de dez mil réis e o dobro na reincidência.

TITULO IV

Art. 54 - Ninguém poderá abrir ou conservar aberta casa de comércio qual-


quer que seja, fábricas e oficinas, boticas, drogarias casas de saúde, hospedarias,
hotéis, casas de fogos não proibidos, escritórios comerciais, armazéns de depósitos
e quaisquer outros estabelecimentos sujeitos a impostos gerais ou provinciais sem
prévia licença da câmara e pagamento da taxa respectiva, fixada na lei de orçamento
municipal a qual deverá ser satisfeita no mês de julho de cada ano e na ocasião da
abertura da casa de comércio, fábrica etc. Aos contraventores a multa de trinta mil
réis e o dobro nas reincidências.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão os que em particular
venderem gêneros sem prévia licença da câmara tirada nas épocas refe-
ridas no artigo antecedente.
Art. 55 - Deverão ser aferidos pelos padrões da câmara todos os peso e me-
didas de que se servirem os comerciantes para a venda de suas mercadorias. Aos
contraventores a multa de dez mil réis, se feita a aferição e não estiverem exatos com
os padrões, e de vinte mil réis ou oito dias de prisão e o dobro nas reincidências se
não estiverem conformes.
Art. 56 - Todos os anos nos meses de janeiro e fevereiro se farão na câmara
as aferições, pelos respectivos empregados que para esse fim anunciará o dia em que
deve principiar esse trabalho que será feito das 9 horas da manhã até as três da tarde
em dias úteis. Os contraventores pagarão dez mil réis de multa ou três dias de prisão.
§1º - Sob pretexto algum poderá o aferidor recusar-se a aferir os pesos

50 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
e medidas que lhe forem apresentados, podendo as pessoas que se jul-
garem prejudicadas apresentar suas reclamações ao fiscal para trazê-las
ao conhecimento da câmara e esta dar as providências que julgar con-
venientes.
§ 2º - O aferidor pagará a multa de dez a trinta mil réis quando se pro-
var, sem motivo justificado, sua negligência ao cumprimento de seus
deveres.
Art. 57 - Nos meses de janeiro e julho de cada ano se matricularão na câmara
municipal todos os carros, seges e carruagens de luxo, carroças ou qualquer outro
veículo de transporte ou condução de cargas, água etc. que transitarem pela cidade.
As carroças ou qualquer outro veículo terão uma chapa de metal com o número da
matrícula para ser pregada na parte posterior. Os transportes de luxo ou de aluguel
serão numerados somente. Aos contraventores a multa de vinte e cinco mil réis e o
dobro nas reincidências, devendo aqueles nessa ocasião ser numerados e matricula-
dos, ficando em depósito até o pagamento.
Parágrafo Único - Os mesmos carros, transportes etc. que forem postos
em serviço fora dos referidos meses serão matriculados nessa ocasião
ou sujeitos as multas do presente artigo.
Art. 58 - Aos fiscais no exercício de suas funções serão facultadas as licenças
quando as exigirem, salvo se houver motivo justo para negá-las, caso em que as apre-
sentarão dentro de vinte quatro horas depois da intimação. Aos infratores a multa de
trinta mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 59 - Qualquer que seja a obra de ouro ou prata exposta a venda terá uma
marca especial indicativa vendedor e outra do quilate do ouro ou do dinheiro da
prata. Excetua-se desta 2ª marca a obra que não for fabricada no município. No ato
de requerer-se a licença o vendedor fará conhecer a câmara a marca de que faz uso.
Aos contraventores a multa de trinta mil réis e o dobro nas reincidências.
Art. 60 - Toda a pessoa que for encontrada fazendo ou cometendo negócio
fraudulento, vendendo objetos falsos, por verdadeiros será multada em trinta mil
réis e sofrerá oito dias de prisão, lavrando-se o respectivo auto de infração para ser
enviado a autoridade competente.
Art. 61 - O pão exposto a venda terá o peso fixo de sessenta e quatro gramas;
cento e vinte oito, duzentas e cinquenta e seis, trezentas e oitenta e quatro, ditas. Não
tendo qualquer dos pesos marcados o vendedor deverá preenchê-lo com suficiente
contrapeso. Os contraventores sofrerão a multa de dez mil réis e o dobro nas rein-
cidências.
Parágrafo Único - A água empregada no fabrico do pão exposto a venda
será pura e de boa qualidade. Aos contraventores a multa de dez mil réis
e o dobro nas reincidências.
Art. 62 - O sal comum será vendido a peso nas casas de retalho. Multa de dez
mil réis e o dobro nas reincidências aos contraventores.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 51


Art. 63 - Sem licença da câmara não se poderá dar espetáculos públicos em
qualquer lugar, exceto nos teatros quando houver contrato com o governo, sob pena
da multa de trinta mil réis e o dobro nas reincidências.
Art. 64 - As pessoas que venderem bebidas espirituosas a quem já estiver em-
briagado incorrerá na multa de cinco mil réis cada vez que o fizer.
Art. 65 - O vasilhame empregado na venda de líquidos e comidas alimentícias
deverá andar sempre limpo e não será de metal cujo óxido seja nocivo. Aos contra-
ventores a multa de cinco mil réis por infração.
Parágrafo Único - Na mesma pena incorrerão os que misturarem ingre-
dientes nocivos às comidas ou líquidos para venderem. Aos contraven-
tores a multa de dez mil réis.
Art. 66 - As pessoas que comerciarem na venda de água potável em pipas
ou outra qualquer vasilha pelas ruas deverão trazer os depósitos e vasilhas sempre
limpos, sendo estas conforme a bitola fornecida pela câmara, segundo o preço con-
vencionado pela quantidade. Aos contraventores a multa de cinco mil réis e o dobro
na reincidência, ficando o fiscal obrigado a proceder o respectivo exame pelo menos
uma vez por semana.
Art. 67 - Compete ao fiscal a obrigação de semanalmente fiscalizar os estabe-
lecimentos comerciais de molhados não só relativamente à qualidade dos gêneros
alimentícios como das balanças e pesos. Aqueles gêneros cuja ruina esteja conhecida
ou se tornem prejudiciais à salubridade pública serão pelo mesmo fiscal mandados
lançar ao rio, pagando o infrator a multa de vinte de mil réis e as despesas que se
fizerem.
Parágrafo Único - O mesmo fiscal, quando entender conveniente, re-
quererá a câmara para que os gêneros arruinados sejam vistoriados por
pessoa que ela designar como competente, lavrando-se nestes casos o
respectivo termo de vistoria e consumo se o houver.
Art. 68 - É proibido estender-se ou assoalhar nos passeios das casas gêneros de
qualquer qualidade. O contraventor sofrerá a multa de quinze mil réis por infração e
obrigado a tirá-los logo daí, sob pena de ser isso feito a sua custa.

TITULO V - MERCADO

Art. 69 - Não é permitido a venda em grosso de legumes frescos, cereais, frutas,


aves ou facto. Aos contraventores a multa de cinco mil réis por infração. Igualmente
não é permitida a venda de peixe fresco nas canoas que o conduzirem sob pena da
multa de dez mil réis por infração.
Parágrafo Único -Na casa do mercado será exclusiva a venda dos gêne-
ros de que trata este artigo, nos lugares que para este fim forem designa-
dos dentro do dito edifício. Aos contraventores a multa de vinte mil réis
e o dobro na reincidência.

52 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
Art. 70 - Estabelecida na casa do mercado a venda de peixe fresco, seco, salga-
do, facto ou de ventre será por peso para cujo fim a câmara terá no lugar competente
a balança e os pesos de modo que os compradores possam verificar o peso do objeto.
Os contraventores pagarão multa de dez mil réis por infração.
Parágrafo Único - Enquanto não funcionar a casa do mercado o fiscal
da câmara designará o lugar em que devem ser vendidos os gêneros de
que tratam os artigos antecedentes. Aos contraventores a multa de dez
mil réis pela infração.

TITULO VI
DISTÚRBIOS E OFENSAS A MORAL PÚBLICA

Art. 71 - Todo aquele que insultar com palavras ou ações a qualquer pessoa
será multado em vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 72 - É proibido dar gritos, fazer alaridos, vozerias, assuadas e correrias nas
ruas, praças, estradas, sem ser para pedir socorro ou captura de algum criminoso. O
infrator, sendo de dia, pagará cinco mil réis de multa ou sofrerá vinte quatro horas de
prisão; sendo de noite o dobro destas penas.
Art. 73 - Será multada em cinco mil réis ou dois dias de prisão a pessoa que
andar embriagada pelas ruas, sendo a prisão aplicada em dobro àquele que não tiver
meios de pagar a pecuniária.
Art. 74 - Todo aquele que for encontrado escrevendo ou fazendo dísticos, fi-
guras indecentes ou colocando pasquins e escritos imorais em qualquer edifício ou
lugar será multado em trinta mil réis ou oito dias de prisão.
Art. 75 - É proibido andar seminu ou indecentemente vestido pelas ruas, pra-
ças e estradas da cidade, tomar banho nu, lavar roupa e animais no seu litoral e igara-
pés, que a cortam, ou próximo das fontes que fornecem água para consumo público.
Pena de dez mil réis de multa ou três dias de prisão.
Art. 76 - Nas ruas, praças e estradas da cidade é proibido trazer a cintura faca
ou canivete de ponta aquelas pessoas a quem ainda mesmo compitam esses instru-
mentos em razão de seus ofícios, sob pena de multa de cinco mil réis ou dois dias de
prisão.

TITULO VII
JOGOS PROIBIDOS E ESCRAVOS

Art. 77 - São proibidos os jogos de parada de qualquer denominação, e as rifas,


embora efetuadas como loterias; e somente permitidos os jogos de casa de bilhar e
tabulas. Aos contraventores que são os que em suas casas os admitirem, a multa de
trinta mil réis, além das penas do art. 181 do código criminal e mais disposições a
respeito.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 53


Art. 78 - As pessoas que forem encontradas em algum lugar público, que não
for o destinado para jogo licito, a jogar qualquer espécie de jogo proibido serão mul-
tadas em vinte e cinco mil réis ou oito dias de prisão e o dobro nas reincidências. Se
for escravo sofrerá dois dias de prisão, se o seu senhor não quiser pagar logo a multa.
Parágrafo Único - Aqueles que permitirem essas pessoas em alguma ta-
verna ou outro estabelecimento não destinado para jogo lícito incorre-
rão na multa de vinte e cinco mil réis ou oito dias de prisão, e o dobro
na reincidência.
Art. 79 - Não é permitido o trânsito de escravos pelas ruas além das nove horas
da noite sem autorização por escrito de seus senhores. Os infratores serão presos até
o dia seguinte, dependendo a sua soltura da multa de mil réis ficando retido por mais
vinte e quatro horas se a multa não for satisfeita.
Art. 80 - Sem licença de seus senhores não é permitido aos escravos terem
estabelecimentos de comércio de qualquer natureza. Aos contraventores a multa de
dez mil réis e na reincidência o dobro ou três dias de prisão.
Art. 81 - Os donos de qualquer estabelecimento comercial não permitirão a
reunião de escravos ou de quaisquer outras pessoas que possam causar distúrbios em
seus estabelecimentos, especialmente se estiverem entretidos em jogos ou em bebidas
espirituosas. Os que assim consentirem serão multados em vinte mil réis e o dobro
nas reincidências.
Art. 82 - É proibido andar-se pelas ruas e lugares públicos a jogar entrudo ou
lançar alguma coisa sobre os transeuntes. Pena de dez mil réis de multa ou três dias
de prisão.
§ 1º - Permite-se as mascaradas e danças carnavalescas, de modo que
não se ofenda a moral e tranquilidade pública e não contenham alusão
as autoridades ou a religião.
§ 2º - Pelas ruas, praças e estradas da cidade não transitarão pessoas
mascaradas depois do toque de – Ave Maria salvo os que tiverem para
isso licença da autoridade policial. Os infratores incorrerão na multa de
cinco mil réis ou dois dias de prisão.

TITULO VIII
DOS ANIMAIS DANINHOS &

Art. 83 - É proibido espancar animais nas ruas e praças públicas, e carregá-los


com excessivo peso. Os contraventores incorrerão na multa de dez mil réis ou três
dias de prisão.
Art. 84 - Fica proibido no serviço de cargas ou condução de carros e carroças
o emprego de animal demasiadamente magro ou doente. Aos contraventores a multa
de dez mil réis por infração.
Art. 85 - Os condutores de carros ou de qualquer outro veículo de condução

54 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
não poderão nas ruas e praças públicas tirar os animais que os conduzirem, a me-
nos que não seja para substituí-los por outros. Quando por qualquer circunstância
tiverem de descarregar o veículo só é permitido fazê-lo à mão e de modo que não
estrague ou destrua calçadas. Aos contraventores a multa de cinco mil réis ou dois
dias de prisão ao condutor.
Art. 86 - Não é permitido correr a cavalo ou de sege a desfilada pelas ruas ou
praças. Aos contraventores a multa de cinco mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 87 - É proibido prender as paredes, portas, cercas, postes ou conservar
peiados nas ruas e praças públicas sob qualquer pretexto os cavalos ou outros ani-
mais. Aos contraventores a multa de dez mil réis ou três dias de prisão.
Art. 88 - É proibida a divagação de animais de qualquer espécie dentro dos
limites da cidade sem condutor. Os cães que não andarem açamados serão apreen-
didos para lhes dar destino. Os outros animais encontrados sem condutor serão
apreendidos e depositados em lugar designado pela câmara até serem reclamados
por seus donos, os quais pagarão nessa ocasião a multa de cinco mil réis por cabeça e
mais despesas que se fizerem. Do mesmo modo se procedera com as aves de qualquer
espécie, pagando o reclamador a multa de dois mil réis por cabeça.
Parágrafo Único - Os animais não reclamados dentro de três dias da
apreensão serão arrematados depois de anunciados por editais o dia e
a hora da venda, e satisfeitas as despesas e multas será o líquido do va-
lor levado a depósito para se entregar dentro do exercício financeiro a
quem de direito pertencer; e findo esse tempo será o mesmo depósito
levado a receita da municipalidade.
Art. 89 - Em terras agricultadas ninguém poderá soltar animais que possam
causar dano as plantas cultivadas. Aos contraventores a multa de cinco mil réis por
animal além da indenização do dano causado. Os moradores das terras invadidas
farão deles apreensão e os remeterão acompanhados de um termo de infração, assi-
nado por duas testemunhas de vista, ao fiscal competente para proceder de confor-
midade com o artigo antecedente.
Art. 90 - Fica proibida a divagação de animais bravios ou ferozes que posam
causar dano aos habitantes, pelas ruas, praças e estradas sem serem presos e guiados
por alguma pessoa. O infrator que será o dono sofrerá a multa de vinte mil réis ou
oito dias de prisão e morto o animal que for encontrado a vagar.
Art. 91 - Não é permitido dentro da cidade chiqueiros de porcos. As pessoas
que os quiserem criar deverão tê-los em lugares fora do perímetro da cidade. Aos
contraventores a multa de dez mil réis por infração e o dobro na reincidência.
Art. 92 - Os animais destinados para consumo público ou particular só pode-
rão desembarcar no lugar que for designado pela câmara e conduzidos para o depó-
sito ou matadouro respectivo. Aos contraventores a multa de dez mil réis por cabeça.
Parágrafo Único. – Sendo gado vacum será conduzido por meio de cor-
das, sob pena da multa do artigo antecedente.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 55


Art. 93 - Só é permitido conduzir animal cavalar pelo cabresto: aquele que
montar em pelo será multado em cinco mil réis ou dois dias de prisão.

TITULO IX
SALUBRIDADE PÚBLICA

Art. 94 - São obrigados a vacina depois de três meses de nascidas as crianças e


em qualquer tempo as pessoas que ainda não tiverem sido vacinadas, depois de avi-
sadas pelos editais que se publicarem, sob pena da multa de dez mil réis e o dobro nas
reincidências aos pais, tutores ou educadores daquela, e vinte mil réis a estas.
Parágrafo Único - Os vacinadores são obrigados a apresentarem-se ao
facultativo competente no dia que por este for designado. Aos contra-
ventores a multa do art. antecedente.
Art. 95 - Somente no matadouro público ou lugar que a câmara designar em
quanto aquele não for edificado, é permitido matar reses para consumo. Aos contra-
ventores a multa de trinta mil réis e o dobro nas reincidências.
§ 1º - As reses destinadas para consumo serão mortas a choupa e depois
sangradas. Aos contraventores a multa de vinte mil réis e o dobro na
reincidência.
§ 2º - Esquartejadas as reses serão os quartos conduzidos, depois de
amanhecer, para os talhos nos quais serão pendurados em ganchos de
ferro ou bronze; pondo-se panos brancos limpos de permeio se tiverem
de ficar encostados a parede, renovando-se diariamente este processo.
Aos contraventores a multa de vinte mil réis em qualquer dos casos.
§ 3º - Serão conduzidos por animais ou carroças e envoltos em panos
brancos ou folhas verdes os quartos de carne que seguirem para os ta-
lhos. Aos contraventores a multa de dez mil réis e dobro na reincidência.
§ 4º - Os talhos onde for vendida a carne deverão ser fechados com
grades de todos os lados para que o ar facilmente se renove, e serão dia-
riamente lavados e bem limpos. Os contraventores serão multados em
vinte mil réis por qualquer uma das infrações e o dobro na reincidência.
§ 5º - Os cortadores de carnes nos talhos deverão vestir sobre a roupa
um avental limpo que cubra a parte anterior do corpo desde o pescoço
até os joelhos. Os contraventores serão multados em cinco mil réis de
cada vez.
§ 6º - A carne assim como os ossos serão cortados com serrote apro-
priado. As balanças serão forradas de arame ou estanho e suspensas por
corrente do mesmo metal. O balcão de pedra de cantaria ou de boa ma-
deira, trazendo-se sempre limpo e bem lavado, assim como muito asseio
nos mais objetos. Os contraventores de qualquer falta serão multados
em dez mil réis ou três dias de prisão.

56 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
§ 7º - A venda da carne só poderá ser feita pela frente dos talhos e so-
mente até as 12 horas do dia subsequente a tarde em que se matar a rês.
Art. 96 - A câmara providenciará para que o médico ou pessoa apta exami-
ne o gado destinado ao consumo, evitando matar-se rês demasiadamente magra ou
doente e vender-se a carne que for julgada prejudicial e nociva à saúde pública. Aos
contraventores a multa de vinte mil réis e oito dias de prisão.
Art. 97 - O de ventre ou facto depois de bem limpo e preparado no lugar que
a câmara designar para esse fim serão expostos à venda no mercado ou lugar que for
designado. Os contraventores pagarão a multa de vinte mil réis e o dobro na reinci-
dência.
Art. 98 - As reses deverão descansar antes de serem mortas, pelo menos duas
horas, e só por algum acidente de membro fraturados, que as privem de andar pode-
rão ser mortas em outro lugar que não seja o matadouro e depois de esquartejadas
serão para ali conduzidas. Aos contraventores a multa de vinte mil réis.
Art. 99 - Tentando-se introduzir no matadouro rês já morta por outro acidente
ou moléstias não previstas no art. antecedente seu dono será multado em trinta mil
réis, sendo a rês enterrada no lugar que for designado.
Art. 100 - As pessoas que sofrerem moléstias cutâneas ou contagiosas não po-
dem vender carne ou outro qualquer comestível. Os contraventores pagarão dez mil
réis de multa e o dobro na reincidência.
Art. 101 - As carne e mais objetos de comestíveis para consumo, os quais exa-
lem mau cheiro ou seu aspecto indique corrupção serão lançados ao rio ou enterra-
dos, e seus donos multados em dez mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 102 - É proibido lançar ou bater timbó ou outras ervas venenosas nos rios,
igarapés, lagos ou riachos para o fim de matar peixe. O contraventor sofrerá a pena
de vinte mil réis de multa ou oito dias de prisão.
Art. 103 - Igualmente não é permitido fumar liamba e expô-la a venda para
tal fim. Os contraventores no 1º caso pagarão dez mil réis de multa e no 2º vinte mil
réis por infração.

TITULO X
CEMITÉRIOS E ENTERRAMENTOS

Art. 104 - Os cadáveres conduzidos a sepultura deverão ir encerrados em cai-


xões de modo a não exalarem o menor cheiro. Os armadores a quem se incumba o
enterramento ou as pessoas pertencentes ao finado pagarão vinte mil réis de multa e
o dobro na reincidência se cometerem a infração.
Art. 105 - Os terrenos ao sul dos cemitérios são lugares próprios para enter-
ramento de animais. Os contraventores pagarão dez mil réis de multa por infração.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 57


TITULO XI
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 106 - Os estabelecimentos comerciais se conservarão fechados todos os


domingos e dias santos de guarda, e na semana santa desde quinta-feira maior até sá-
bado de aleluia: excetuam-se as casas que venderem gêneros de primeira necessidade
que poderão conservar uma porta somente aberta até o meio dia, menos naqueles
dias da Semana Santa. Aos infratores a multa de trinta mil réis ou oito dias de prisão,
dobrando-se nas reincidências.
Art. 107 - Não poderá pessoa alguma matar tartarugas nas ruas e praças, sob
pena de cinco mil réis de multa ou dois dias de prisão.
Art. 108 - As tapagens nos lagos e igarapés do município para lancear peixe
-boi ou tartarugas são proibidas. Ao infrator a multa de trinta mil réis ou oito dias de
prisão além da obrigação de demolir as tapagens.
Art. 109 - Tudo quanto for prejudicial a saúde pública será apreendido para
ser inutilizado. A autoridade dos fiscais ou seus subordinados em caso de flagrante
infração de posturas é cumulativa em todo o município e são responsáveis pelo exato
cumprimento das posturas.
Art. 110 - Os que se neguem a prestar auxílio aos fiscais sem causa justificável
ficarão sujeitos a multa de cinco mil réis ou três dias de prisão.
Art. 111 - Se a contravenção tiver lugar no interior da casa do cidadão, o fiscal
fará denúncia por escrito ao procurador, o qual a remeterá a autoridade competente
para proceder como for de justiça.
Art. 112 - Quando o multado na contravenção quiser pagar a multa, se este
não for de prisão para que o processo não siga nos termos, apresentará um recibo
da importância, passado pelo procurador da câmara, e rubricado pelo presidente ou
quem suas vezes fizer para juntar-se ao seu processo.
Art. 113 - Nos casos não especificados neste código, quando o contraventor for
escravo, pagará seu senhor a multa.
Art. 114 - Os fiscais no exercício de suas funções são responsáveis pelos prejuí-
zos que causarem a câmara por negligência deles; sendo esta grave, serão multados
de dez a trinta mil réis além da indenização devida.
Art. 115 - Os empregados a quem incumbe a execução do presente código
requisitarão das autoridades civis ou militares todo o auxílio que lhes for mister para
desempenho de suas obrigações.
Art. 116 - As posturas municipais para as quais não estiver marcado prazo
determinado, principiarão a ter efeito quinze dias depois de publicadas por editais.
Art. 117 - Ficam revogadas todas as disposições em contrário.
Mando portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da
referida lei pertencer que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela

58 | 04. Manaus (1872) - Lei nº 247, de 1 de junho de 1872: Promulga o Código de Posturas Municipais da Cidade de Manaus.
se contem.
O secretário da presidência faça imprimir, publicar e correr.
Dada no palácio da presidência da província do Amazonas, em Manaus, ao 1º
dia do mês de Junho do ano de 1872, 51º da Independência e do império.
L. S.
O Bel. José de Miranda da Silva Ramos
Pedro Gonçalves d’Assis, a fez.
Nesta secretaria foi a presente lei selada e publicada em 1º de junho de 1872.
O secretario, Manoel Nogueira Borges da Fonseca.

FONTE: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (ANRJ) – Coleção das Leis da Província do Amazonas,
Tomo XX, 1872, p. 107-148

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 59


05. Manaus (1875)
Lei n.º 336 de 20 de maio de 1875: Aprova o Código de Posturas
Câmara Municipal desta Capital.

Nuno Alves Pereira de Mello Cardoso Capitão de Mar e Guerra reformado da


Armada Nacional, Oficial da Imperial Ordem da Rosa, Cavaleiro das de S. Bento de
Avis e Cristo e Vice Presidente da Província.
FAÇO saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial,
sob proposta da Câmara Municipal da Capital decretou as seguintes posturas:

TITULO I
AFORMOSEAMENTO DA CIDADE

Art. 1º - Ninguém poderá edificar ou reedificar prédio, cerca ou muro dentro


da cidade sem prévia licença e alinhamento dado pela Câmara Municipal.
§ 1º - Os edifícios não terão menos de cinco metros de altura na parede
da frente sendo térreos, a mesma altura terão os assobradados a contar
do travejamento do assoalho e sendo sobrado terão nove metros deven-
do os portais ter nunca menos de 3m e as janelas 2m10 de altura sobre
um e cinco centímetros de largura. Quando as portas e janelas forem
de voltas, serão as medidas tomadas do centro da dita volta. O contra-
ventor será multado em 30$000 réis ou 8 dias de prisão e o dobro na
reincidência, ficando além disto obrigado a demolir a obra a sua custa.
§ 2º - Os proprietários quando tiverem de pedir alinhamento deverão
apresentar o desenho do edifício que pretenderem construir, para ser
aprovado pela Câmara, do qual depois de aprovado não poderão se
afastar sob pena da multa do § 4º.
§ 3º - Não é permitido edificar-se telheiros, meias águas, ou outras obras
com frente, fundo ou lado fazendo face para os alinhamentos das ruas,
praças, etc., sob pena da multa do §1º.
§ 4º - As casas que fizerem canto serão construídas com duas cumeeiras,
ficando proibida a pratica de fazer-se tacaniças para a frente ou para o
seguimento da rua; e sempre que se houver de reparar as casas que as ti-
verem, se observará esta disposição. O infrator será multado em 30$000
réis ou 8 dias de prisão e obrigado a demolir a obra.
Art. 2º - Fica proibida a construção de casebres ou pequenos quartos dentro do
alinhamento das ruas, travessas e praças desta cidade, sem que os donos ou possuido-
res de terrenos levantem no alinhamento um muro simulando casa, tendo de altura
os metros exigidos no § 1º do art. 1º. O infrator incorrerá na multa de 30$000 réis ou

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8 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 3º - Os proprietários dos terrenos onde já existirem esses casebres ou pe-
quenos quartos são obrigados a levantar o dito muro dentro de um ano a contar da
data da publicação desta postura. O infrator incorrerá na mesma multa do artigo
antecedente.
Art. 4º - Os donos ou posseiros dos terrenos dentro do perímetro da cidade
são obrigados a conservá-los sempre limpos de mato, cisco, imundícies, etc. O in-
frator incorrerá na multa de 1$000 réis por metro linear, que for encontrado em tais
condições.
Art. 5º - É necessário licença da Câmara Municipal para cercar terrenos den-
tro dos limites urbanos, afim de que esta faça dar o alinhamento devido. O infrator
incorrerá na multa de 5$000 réis ou 2 dias de prisão.
§ 1º - Os terrenos que estiverem por edificar-se dentro dos limites da
cidade deverão ser amurados ou cercados por seus donos no prazo de
2 anos, sob pena da multa de 1$000 réis por metro de frente e o dobro
na reincidência.
Art. 6º - É proibido dentro da área do patrimônio municipal, roçar ou apossar-
se de qualquer porção de terreno baldio em que pela Câmara tenha sido concedido
por aforamento. O infrator incorrerá na multa de 30$000 réis ou 9 dias de prisão.
Parágrafo Único - Enquanto não estiver concluída a demarcação do pa-
trimônio da Câmara, são considerados pertencentes a ele todos os ter-
renos que se acharem compreendidos dentro dos limites urbanos, que
não estiverem possuídos legalmente.
Art. 7º - É proibido aos posseiros de terrenos que estiverem sujeitos ao afora-
mento municipal, isto é aos que não tiverem sido comprados ao governo, garantidos
e legitimados, ou revalidados, na conformidade da lei das terras, a transferência por
qualquer título sem que o dito aforamento se tenha realizado. O infrator incorrerá na
multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 8º - Os tabeliães, antes de lançarem em seus livros de notas as escrituras
de transferência, por qualquer título, quer oneroso, quer gratuito, farão exibir do-
cumentos em que se prove achar-se o terreno em algumas das condições do artigo
precedente. O infrator incorrerá na multa de 15$000 réis ou 4 dias de prisão.
Art. 9º - Fica proibido de ora em diante nas ruas dos Remédios, Boa-Vista,
Espirito-Santo, Marcilio Dias, Flores, Imperador, Brasileira, Manaus até o Aterro,
Henrique Martins, Cinco de Setembro, S. Vicente, Independência, Sete de Setembro,
Palma, Constituição, Inocentes e travessas que lhes são correspondentes, bem como
em todas as praças, a edificação de casas cobertas de palha, sob pena de demolir-se a
cobertura por conta de quem a fizer e sujeito a multa de 30$000 réis ou oito dias de
prisão.
Art. 10º - Em todo o litoral da cidade é proibido fazer-se escavações, quebrar
ou tirar pedras, máxime aquelas que seguram as barrancas e impedem as escavações

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 61


das águas pluviais, sob pena da multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão e ser obriga-
do a por em seus lugares as pedras tiradas.
Art. 11 - Nos lugares públicos não é permitido tirar terra, barco ou areia, salvo
nos lugares que a Câmara designar, sob pena de pagar o infrator a multa de 10$000
rs. ou 3 dias de prisão.
Parágrafo Único - Permite-se também nos lugares que a Câmara de-
signar fazer desmoronamento para nivelar os terrenos e estradas, não
causando isso prejuízo aos terrenos, sob pena da multa do §1º deste art.
Art. 12 - É proibido abertura de buracos, nas ruas e praças para fincar paus,
levantar andaimes ou qualquer outra obra, sem prévia licença da Câmara, sob pena
da multa de 5$000 rs. ou um dia de prisão.
§ 1º Em cada extremidade dos andaimes é o dono da obra obrigado
a conservar durante a noite um lampião aceso, sob pena da multa de
5$000 ou um dia de prisão.
§ 2º Permite-se um terço da largura da rua para a colocação de andai-
mes e estadas de madeiras, até a conclusão da obra.
Art. 13 - Fica proibido sem licença da Câmara Municipal o corte de árvores,
quer frutíferas quer não, e de madeira de construção na área patrimonial, excetuan-
do-se as posses, aforadas ou isentas do foro que se acharem encravadas na referida
área. O infrator incorrerá na multa de 15$000 rs. ou 4 dias de prisão, além de lhe ser
apreendida a madeira.
Art. 14 - Dentro do município, em estradas, margens de rios, igarapés, nin-
guém poderá cortar árvores de qualquer espécie, salvo nos lugares onde tenha de
edificar-se, abrir ruas, estradas ou caminhos etc. O infrator incorrerá na multa de
20$000 rs. ou 5 dias de prisão.
Parágrafo Único - Nos leitos dos riachos e igarapés dentro dos limites
da cidade e seus subúrbios, ninguém poderá revolver lama, deixar lixo,
pedras, vidros, ou outra qualquer matéria que possa alterar a passagem
e pureza das águas ou causar dano ao público. O infrator será multado
em 30$000 réis ou 8 dias de prisão.
Art. 15 - Também fica proibido o corte de árvores nas margens dos igarapés
das cachoeiras grande e pequena; contiguas a esta cidade, principalmente nos lugares
que servem de logradouros públicos. O infrator incorrerá na multa de 30$000 réis ou
8 dias de prisão.
Art. 16 - Todo aquele que destruir ou alterar de qualquer modo, o nome, nú-
mero e marca das ruas, será multado em 5:000 réis ou 1 dia de prisão e o dobro da
reincidência.
Art. 18 - As ruas de novo abertas e as que ainda não estão edificadas deverão
ter de largura 16 metros e serão em linha reta, dando-se para as testadas ou passeios
2 metros de cada lado. Os quarteirões terão 132 metros, salvo quando o não permiti-
rem as condições do terreno.

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Art. 19 - Os que por meio de entulhos, escavações ou qualquer objeto obstruí-
rem as ruas, serão multados em 30$000 réis ou 8 dias de prisão e o dobro na reinci-
dência, sendo obrigados a reparar o dano no prazo que lhe for marcado pelo fiscal.
Art. 20 - Nas ruas que forem calçadas, serão os donos dos prédios nelas situa-
dos obrigados a fazer dentro do prazo que lhe for marcado pela Câmara, os passeios
ou testadas das suas casas com os materiais geralmente usados por esta, para tais
obras, salvo se for o dono reconhecidamente pobre em cujo caso será feito pela Câ-
mara. Os contraventores sofrerão a multa de 30$000 rs. ou 8 dias de prisão: se findo
o prazo não estiverem concluídos os ditos passeios, igual pena em cada novo prazo
que lhes for concedido.
Art. 21 - Os moradores das casas desta cidade são obrigados a conservar sem-
pre limpos os passeios ou testadas das mesmas, sob pena da multa de 5$000 réis ou
1 dia de prisão e o dobro na reincidência e a pagar mais a despesa da limpeza que o
fiscal mandará fazer. Quando o morador for reconhecidamente pobre a limpeza será
feita pela Câmara.

TITULO II
CÔMODO E SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 22 - Os proprietários de casas, muros ou qualquer edifício que ameace


ruína ou estejam desaprumado serão obrigados dentro do prazo que lhe for marcado
à fazerem a demolição, sob pena da multa de 30$000 réis ou 8 dias de prisão, além das
despesas, quando por ventura a demolição se fala por conta da Câmara.
Art. 23 - Qualquer mestre de obra que edificar alguma parede ou muro de al-
venaria ou madeira, sem alicerces sólidos, será multado em 30$000 réis ou 8 dias de
prisão, e compelido a demolir a obra à sua custa no prazo que lhe for marcado.
Art. 24 - São proibidos nas casas desta cidade, quer de particulares ou de pro-
priedade pública, as portas e janelas que abram para fora e igualmente a colocação
de degraus na frente da rua. Os donos das que atualmente existem nestas condições
serão obrigados a demolí-los e a reconstruí-los, de acordo com o engenheiro da Câ-
mara, no prazo que for por ela marcado, sob pena da multa de 20$ rs. ou 5 dias de
prisão e a pagar as despesas em que importar essa obra se o fiscal a mandar fazer.
Art. 25 - Fica proibido os canos nos telhados que do alto precipitem a rua as
águas pluviais. Os donos dos prédios são obrigados a colocar calhas e canos adotados
a receber e dar esgotos às águas por dentro ou junto à parede, de modo a despejarem
nos passeios ou canos de servidão dos mesmos prédios. O infrator incorrerá na multa
de 20:000 réis ou 5 dias de prisão, intimado a fazer o melhoramento no prazo que lhe
for marcado.
Art. 26 - Não é permitido nas ruas, praças e portos a conservação de volumes
e objetos, ainda mesmo de comércio, de qualquer qualidade que seja mais do que o
tempo necessário para descanso do condutor, sob pena da multa de 5:000 réis ou um
dia de prisão.
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 63
Art. 27 - É proibido as pessoas que carregarem volumes, não só transitarem
como depositarem as cargas nos passeios das ruas e praças. Ao infrator será imposta
a multa de 2:000 réis ou um dia de prisão, e quando o deposito exceda a 6 horas, será
a multa elevada a 20:000 réis ou 5 dias de prisão, fazendo-se a remoção à custa do
dono.
Art. 28 - Os objetos, volumes ou qualquer artigo de indústria ou comércio, que
se descarregarem nas rampas, cais ou outros pontos da cidade, não poderão ali ser
conservados, além do dia da descarga deles, salvando-se porém sempre o trânsito pú-
blico, sob pena da multa de 20:000 réis ou 5 dias de prisão e o dobro na reincidência,
feita a remoção à custa do dono.
Art. 29 - Fica proibido o embarque ou desembarque de madeira pedra ou ou-
tros objetos pesados, que impeçam o trânsito nas rampas da praça da Imperatriz e de
Tamandaré e cais que lhes são prolongados, a menos que não sejam transportados a
proporção que os mesmos objetos se forem desembarcando. Ao contraventor é im-
posta a multa de 20:000 réis ou 5 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 30 - Também é proibido cravar-se pregos, argolas, e estacas nos cais e
rampa da cidade para amarrar embarcações bem como para esse fim fincar-se nas
praias do porto, mourões ou estacas permanentes, sob pena de 5:000 réis de multa ou
um dia de prisão e o dobro na reincidência, sendo as embarcações apreendidas até a
satisfação da multa.
Art. 31 - Nos esteios e travessões das pontes desta cidade não se prenderá bo-
tes, barcos ou qualquer embarcação, sob pena da multa de 10:000 réis ou 3 dias de
prisão e observada a disposição do artigo antecedente.
Art. 32 - Podem, porém conservar-se atracados aos cais e rampas os botes, bar-
cos ou qualquer embarcação, o tempo necessário para receberem cargas, passageiros
ou descarregarem. Os que excederem desse tempo pagarão 10$000 rs. de multa ou 3
dias de prisão, sendo pequenos, e 20$000 rs. ou 5 dias de prisão os de maior calado.
Sendo eles apreendidos até a satisfação da multa.
Art. 33 - Fica proibido o ensino de animais com veículo ou sem ele pelas ruas
e praças da cidade sendo permitido pelas estradas. O infrator será multado em 5$000
réis ou 2 dias de prisão e apreendidos até a satisfação da multa.
Art. 34 - É proibido estabelecer-se fábricas de fogos artificiais dentro da cida-
de. Os lugares para esse fim destinados serão ao ocidente além do perímetro urbano.
Aos contraventores é imposta a multa de 30$000 réis ou 8 dias de prisão e o dobro
na reincidência.
Art. 35 - Os estabelecimentos de indústria cujos trabalhos possam incomodar
os habitantes da cidade, só poderão fundar-se em lugares para esse fim destinados, no
litoral ou além do perímetro da cidade. Os que por ventura já estiverem montados, a
Câmara Municipal lhes marcará prazo razoável para removê-los. Os contraventores
quer num quer noutro caso, serão multados em 30$000 réis ou 8 dias de prisão, e o
dobro na reincidência.

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Art. 36 - Os possuidores de terrenos com plantações de qualquer natureza, nas
imediações da cidade e nas estradas são obrigados a conservá-los cercados sob pena
da multa de 1$000 réis por cada metro de extensão de frente.
Art. 37 - É proibido apitar-se ou usar-se dos sinais das patrulhas e rondas,
exceto no caso de pedir socorro, sob pena da multa de 5$000 réis ou 2 dias de prisão.
Art. 38 - As pessoas que apagarem as luzes ou quebrarem os vidros dos lam-
piões da iluminação pública, ou causar outro qualquer prejuízo, serão multadas em
10$000 réis ou 3 dias de prisão pertencendo ao denunciante metade da multa pecu-
niária.
Art. 39 - Não é permitido nas ruas da cidade soltar fogos de artifícios, deno-
minados carretilhas, busca-pés, etc. Os infratores incorrerão na multa de 30$000 reis
ou 8 dias de prisão;
Art. 40 - É proibido assoalhar-se roupa nas janelas, ruas, praças ou armar cor-
das, varas etc., para estendê-la assim como lavá-la nos lugares que não estiverem
designados pela Câmara Municipal. Ao contraventor a multa de 5$000 réis ou 2 dias
de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 41 - Ninguém poderá disparar armas de fogo ou flechas dentro dos limites
da cidade e subúrbios. Aos contraventores é cominada a multa de 5$000 réis sendo
de dia e de 10$000 réis sendo de noite ou 3 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 42 - Nos subúrbios da cidade não é permitido queimar-se roçados sem
fazer aceiros, sob pena da multa de 20$000 réis ou 5 dias de prisão e o dobro na re-
incidência.
Art. 43 - Fica proibido tirar água para vender a população, no igarapé do Ater-
ro e ali lavarem-se animais sob pena da multa de 5$000 réis ou dois dias de prisão.

TITULO III
LIMPEZA PÚBLICA

Art. 44 - Fica proibido o despejo de qualquer natureza que seja nos terrenos,
ruas, praças, rampas e cais da cidade, sob pena da multa de 20$000 réis ou 5 dias de
prisão, além da limpeza que será a custa da pessoa que tiver feito o despejo; sendo
fâmulo recairá a multa em seu amo.
Art. 45 - Os canos das casas só deverão despejar as águas pluviais para as ruas e
nunca imundices de qualquer natureza. O morador do prédio onde se der a infração
sofrerá a multa de 20$000 réis, ou 5 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 46 - Ninguém consentirá, defronte ou junto de sua morada animal algum
morto, ou qualquer objeto imundo, que exale mau cheiro. O morador sob pena da
multa de 5$000 réis ou um dia de prisão, dará parte ao fiscal da câmara para que este
providencie sobre a remoção.
Parágrafo Único - Sabendo-se quem é o dono do animal ou quem ali o
lançou, será multado em 10$000 réis e a despesa da remoção, quando a

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 65


não faça, será substituída por 3 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 47 - A correnteza do rio no litoral da cidade é o lugar próprio para o des-
pejo das matérias fecais, o qual só poderá ser feito das dez horas da noite em diante,
até às quatro da manhã em vasos próprios, para não exalar mau cheiro. Os contraven-
tores serão multados em 5$000 réis ou 2 dias de prisão.
Art. 48 - Os donos dos terrenos alagados ou pantanosos em que existirem
imundices, são obrigados, no prazo de 6 meses a aterrá-los e cercá-los. Se o não fi-
zerem, pelo fiscal da Câmara lhes será marcado o prazo de 8 dias, findos os quais
incorrerão na multa de 30$000 réis ou 8 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 49 - É proibido conservar-se águas estagnadas, ou imundices nos quintais,
ou nas casas de moradia, oficinas, tabernas, sob pena da multa de 30$000 rs. ou 8 dias
de prisão, além de mandar fazer a limpeza a sua custa.
Art. 50 - É proibido estreitar, fazer ou edificar obras sobre canos ou valas públi-
cas, incorrendo o infrator na multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão e na demolição
da obra a sua custa.
Art. 51 - Os entulhos provenientes de qualquer obra, ou demolição lançados
junto a mesma, serão tirados no prazo de 3 dias contados daquele em que ela ter-
minar. Ao contraventor será imposta a multa de 20$000 réis ou 5 dias de prisão e o
dobro na reincidência, sendo a remoção feita à sua custa.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão as pessoas ou corpora-
ções, à quem competir a remoção dos entulhos, que existirem nas ruas
e praças públicas, o que será efetuado dentro de um mês depois da inti-
mação do fiscal.
Art. 52 - Os que forem achados a fazer despejo ou obstrução por meio de cerca
ou outro qualquer obstáculo ou entulho nos igarapés de S. Vicente, Espirito- Santo e
Remédios, que cortam esta cidade, serão multados em 30$000 rs. ou 8 dias de prisão
e o dobro na reincidência.
Art. 53 - As cocheiras e cavalariças deverão estar sempre limpas. Os fiscais
serão obrigados à visitá-las todas as manhãs, multando o dono daquelas que não
estiverem com o preciso asseio, em 30$000 rs. ou 8 dias de prisão, e o dobro na rein-
cidência, quanto a pena pecuniária.

TITULO IV
DO MERCADO E OUTROS

Art. 54 - Ninguém poderá abrir ou conservar abertas casas de comércio, fá-


bricas, oficinas, boticas, drogarias, casas de saúde, açougue, padarias, hotéis, casas
de jogos não proibidos, escritórios comerciais, armazéns e trapiches, de depósito ou
qualquer outros estabelecimentos, sem alvará de licença da câmara municipal, o qual
será passado à vista dos impostos gerais, provinciais e municipais, do exercício em
que for passada a licença. O infrator incorrerá na multa de 30$000 réis ou 8 dias de

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prisão, e o dobro na reincidência.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão os que em particular
venderem gêneros, sem a competente licença, bem como aqueles que
em seus estabelecimentos fizerem vendas de gêneros de que não tenham
pago o imposto.
Art. 55 - Nos meses de Julho até Setembro de cada ano terá lugar o pagamento
dos impostos municipais, de todas as casas comerciais, oficinas e mais estabelecimen-
tos, assim como se fará a aferição dos pesos, medidas e balanças e findo esse prazo
pagarão a multa de 30$000 réis ou 8 dias de prisão e o dobro da respectiva taxa.
Parágrafo Único - Excetuam-se as casas comerciais e mais estabeleci-
mentos que se abrirem dentro do exercício, os quais tirarão suas licen-
ças, antes de sua abertura. Os que assim não o fizerem ficarão sujeitos a
multa do artigo antecedente.
Art. 56 - Os estabelecimentos comerciais se conservarão fechados aos domin-
gos e na semana santa desde quinta feira maior até sábado depois de aleluia, exceto
aqueles que venderem exclusivamente, viveres, os quais se conservarão abertos nos
domingos até meio dia somente. O infrator incorrerá na multa de 30$000 réis ou 8
dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 57 - Pelos padrões da câmara municipal, deverão ser aferidos os pesos,
medidas e balanças de que se servirem para venderem mercadorias. Os contravento-
res serão multados em 10$000 réis, ou 3 dias de prisão, se feita a aferição estiverem
exatos, e 20$000 réis ou 5 dias de prisão, no caso contrário: e o dobro na reincidência.
§ 1º - Sobre pretexto algum poderá o aferidor recusar-se de aferir os pe-
sos e medidas que lhe forem apresentados e as pessoas que se julgarem
prejudicadas nesse ramo de serviço, farão suas reclamações a câmara
para as atender.
§ 2º - O aferidor pagará a multa de dez a trinta mil réis quando provar-se
sua negligência no cumprimento de seus deveres.
Art. 58 - As casas de comércio e as de jogos Feitos, só poderão conservar-se
abertas, até as 10 horas da noite; sob pena da multa de 20$000 réis ou 5 dias de prisão
e o dobro na reincidência.
Art. 59 - As boticas e drogarias estarão abertas até às 11 horas da noite, e seus
donos serão obrigados a abri-las a qualquer hora para prepararem os remédios que
lhes forem pedidos. No caso de infração testemunhada pagará 20$000 réis de multa
ou 5 dias de prisão e o dobro na reincidência.
§ 1º - Fica proibido aos boticários ou droguistas, venderem remédios ou
drogas corruptas, falsificadas ou inutilizadas, bem como introduzirem
nos remédios mais ou menos drogas ou diversas das que contiverem a
receita ou pedido, sob pena da multa de 20$000 réis ou 5 dias de prisão
e o dobro na reincidência.
§ 2º - Também é vedado aos mesmos boticários e droguistas vende-

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rem às pessoas desconhecidas, escravos ou fâmulos, drogas venenosas
ou tóxicas sem fórmulas ou receitas dos médicos; sob pena de sofrerem
as multas do artigo antecedente além de outra em que possam incorrer
pelas leis criminais.
Art. 60 - O pão exposto a venda terá o peso fixo de 64 gramas, 128, 256, 384
ditas. Não tendo qualquer dos pesos marcados o vendedor terá de preenchê-lo com
contra peso suficiente. Os contraventores sofrerão a multa de 10$000 ou três dias de
prisão e o dobro na reincidência.
Parágrafo Único - A água empregada no fabrico do pão, será pura e de
boa qualidade, sob pena da multa de 10$000 réis e o dobro na reinci-
dência.
Art. 61 - As pessoas que venderem bebidas espirituosas, a quem já estiver em-
briagado, incorrerá na multa de 5$000 mil réis cada vez que o fizer.
Art. 62 - O vasilhame empregado na venda de líquidos e comidas alimentícias,
deverá andar sempre limpo e não será de metal cujo óxido seja nocivo. Ao contraven-
tor será imposta a multa de 5$000 réis ou um dia de prisão e o dobro na reincidência.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão os que misturarem in-
gredientes nocivos nas comidas ou líquidos para venderem.
Art. 63 - As pessoas que venderem água potável em pipas ou outras quaisquer
vasilhas, deverão ter esses depósitos sempre limpos e aferidos pela bitola marcada
pela câmara. Aos contraventores será imposta a multa de 5$000 ou 1 dia de prisão e
o dobro na reincidência, ficando o fiscal obrigado a proceder, sempre ao respectivo
exame.
Parágrafo Único - Os potes em que os aguadeiros venderem água ao
público deverão ser aferidos pela câmara municipal e deverão ter a ca-
pacidade de 24 litros. O infrator incorrerá na multa de 5$000 ou um dia
de prisão.
Art. 64 - O marchante ou picador de carne verde que por capricho ou má
vontade, recusar a alguém a venda desta, quando exposta para esse fim, em talhos
públicos, ou não guardarem na mesma venda as devidas proporções, quando a carne
não for suficiente para satisfazer a todos, sofrerá a multa de 20$000 ou cinco dias de
prisão.
Art. 65 - Compete ao fiscal semanalmente examinar os estabelecimentos co-
merciais de molhados, embarcações ou quaisquer outros depósitos não só relativa-
mente a qualidade dos gêneros alimentícios, como das balanças, pesos e medidas.
Art. 66 - Aqueles gêneros cuja ruina seja conhecida ou se tornarem prejudi-
ciais a salubridade pública, serão pelo mesmo fiscal mandados lançar ao rio, pagando
o dono a multa de 20$000 réis ou 5 dias de prisão e as despesas que se fizerem.
Parágrafo Único - O mesmo fiscal quando entender conveniente convi-
dará o médico para examinar os gêneros suspeitos de arruinados.
Art. 67 - Qualquer que seja a obra de ouro ou prata, exposta a venda, terá uma

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marca especial, indicativa do vendedor, e outra do quilate do ouro ou da prata. No
ato de requerer a licença o vendedor fará conhecer a câmara a marca de que faz uso,
designando-a em seu requerimento. Ao contraventor será imposta a multa de 30$000
réis ou 8 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 68 - Toda a pessoa que for encontrada fazendo ou cometendo negócio
fraudulento, vendendo objetos falsos por verdadeiros, será multado em 30$000 rs.
ou 8 dias de prisão, lavrando-se auto da infração para ser enviado a autoridade com-
petente.

TITULO V
DAS CARROÇAS

Art. 69 - Nos meses de Julho a Setembro de cada ano se matricularão na câma-


ra municipal todos os carros, seges e carruagens de luxo, carroças ou outro qualquer
veículo de transporte, de condução, de cargas, água &. As carroças ou outro qual-
quer veículo terão uma chapa de metal com número da matrícula, pregada na parte
posterior. Os transportes de luxo ou de aluguel serão somente numerados. Aos con-
traventores será imposta a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro
na reincidência, devendo os que forem encontrados sem o sinal da matrícula serem
nessa ocasião numerados e matriculados, ficando em depósito até o pagamento da
multa e dos direitos respectivos,
§ 1º - Os mesmos carros, transportes & que forem postos em serviço
depois dos referidos meses, serão matriculados nessa ocasião e sujeitos
às multas do artigo presente.
§ 2º - São obrigados a aferição na câmara municipal as carroças ou car-
ros de condução de terra, areia ou pedra, as quais terão de comprimento
1, 45, de largura, 0, 94 de altura 0, 29; de capacidade correspondente a
uma carrada. O infrator incorrerá na multa de cinco mil réis ou dois
dias de prisão e o dobro na reincidência, sendo apreendido o carro ou
carroça até a satisfação da multa.
Art. 70 - Os condutores de carros; carroças ou veículos, deverão trazer seus
animais enfreados e guiá-los pela arreata, afim de não ofender a pessoa alguma, des-
viando-se de outro carro que encontrarem a distância conveniente. O infrator incor-
rerá na multa de cinco mil réis ou um dia de prisão e o dobro na reincidência ficando
o carro em deposito até o pagamento da multa.
Art. 71 - Aos carros e carroças de condução será vedado todo o tráfego nos
domingos e dias santos de guarda, assim como de quinta-feira Santa até depois de
romper a aleluia, sob pena da multa de vinte mil réis ou cinco dias de prisão.
Parágrafo Único - Nos casos de urgente e indeclinável necessidade po-
derá o presidente da câmara conceder por algumas horas desses dias
menos na quinta, sexta e sábado, até romper a aleluia, permissão aos

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 69


carros e carroças para se empregarem em certo e determinado serviço,
sujeitos os que desta permissão abusarem a mesma multa estabelecida
neste artigo.
Art. 72 - As seges públicas e particulares só poderão andar a trote e terão lan-
ternas acesas nas noites de escuro, e os carros, carroças & só andarão a passo. Os
contraventores pagarão a multa de dez mil réis ou três dias de prisão, ficando o carro
depositado até a satisfação da pena pecuniária.
Art. 73 - Os carros ou carroças que chiarem pelas ruas e praças da cidade, se-
rão seus donos multados em cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 74 - O dono de carro de condução de água serão obrigado a conservar
cheias as pipas todas as noites e comparecerem com elas nos lugares onde houver
incêndio, sob pena da multa de vinte mil réis ou cinco dias de prisão.
Parágrafo Único - A câmara municipal dará de prêmio ao dono do pri-
meiro carro com pipa de água que se apresentar no lugar do incêndio, de
noite, a quantia de vinte mil réis e dez mil réis se for de dia.
Art. 75 - Os condutores de carros ou outro qualquer veículo de condução de
lixo, estrumes, materiais fecais para despejo, não deixarão derramar pelas ruas e
quando se dê tal caso deverão limpá-las imediatamente. Ao contraventor será impos-
ta a multa de 4$000 réis ou 2 dias de prisão.
Art. 76 - É proibido carregar animais com excessivo peso sob pena da multa de
10$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 77 - Nos carros, carroças ou outro qualquer veículo, não se empregará
animal demasiadamente magro, doente ou que não esteja ainda amestrado para esse
serviço. Aos contraventores será imposta a multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 78 - Os condutores de qualquer veículo não poderão nas ruas, praças de-
satrelar os animais que conduzirem cargas, a menos que não seja para substituí-los
por outro. Quando por qualquer circunstância tiverem de descarregar o veículo, só
será permitido fazê-lo a mão e de modo que não estrague ou danifique a calçada. Aos
contraventores será imposta a multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 79 - Os donos de carros ou outro qualquer veículo que forem encontrados
vazios, estacionando em lugar que não for designado pela câmara para esse fim, serão
multados em 5$000 réis ou 2 dias de prisão e obrigados a removê-los imediatamente
para a estação competente ou pagar das despesas que com isso se fizer.
Art. 80 - Os carroceiros empregados na condução de pedras, terras e areia,
deverão trazer sempre seus carros e carroças completas com o volume correspon-
dente com a bitola municipal. O infrator incorrerá na multa de 5$000 réis ou 2 dias
de prisão.

70 | 05. Manaus (1875) - Lei n.º 336 de 20 de maio de 1875: Aprova o Código de Posturas Câmara Municipal desta Capital.
TITULO VI
OFENSAS A MORAL PÚBLICA

Art. 81 - Todo aquele que insultar com palavras ou ações a qualquer pessoa,
será multado em 20$000 réis ou 5 dias de prisão.
Art. 82 - É proibido nas ruas, praças e estradas dar gritos, fazer alaridos, pro-
nunciar palavras obscenas, vozerias, assuadas e correrias, sem ser para pedir socorro
ou capturar algum criminoso. O infrator incorrerá, sendo de dia em 5$000 réis ou 24
horas de prisão, e sendo de noite no dobro desta pena.
Art. 83 - Será multado em 5$000 réis e sofrerá a pena de 2 dias de prisão a
pessoa que andar embriagada, sendo a prisão aplicada em dobro a quem não pagar
a pena pecuniária.
Art. 84 - Aquele que for encontrado escrevendo ou fazendo dísticos, figuras
indecentes, ou colocando pasquins, escritos imorais em qualquer edifício ou lugar
será multado em 30$000 réis ou 8 dias de prisão, além das penas que incorrer pelas
leis criminais.
Art. 85 - É proibido andar-se seminu, ou indecentemente vestido pelas ruas,
praças e estradas da cidade, sob pena da multa de 10$ ou três dias de prisão.
Art. 86 - Nas ruas, praças e estradas da cidade, é proibido andar-se de faca, ca-
nivete, ou outro ferro perfurante, mesmo aquelas pessoas a quem esses instrumentos
compitam, em razão de seu ofício, sob pena da multa de 5$000 réis ou 2 dias de prisão
e o dobro na reincidência.

TITULO VII
DOS JOGOS E ESCRAVOS

Art. 87 - São proibidos os jogos de parada de qualquer denominação e as rifas


embora efetuadas como loterias, somente permitidos os jogos de vasa, bilhar, tabula
e quino. Os contraventores, que são os donos das casas ou estabelecimentos, serão
multados em 30$000 réis ou 8 dias de prisão e os jogadores em 25$000 réis ou o mes-
mo tempo de prisão.
Parágrafo Único - Se o dono da casa ou jogador for escravo, será preso
por 2 dias se o senhor não quiser pagar a multa do artigo acima.
Art. 88 - Não é permitido o trânsito de escravos pela cidade, depois de 9 horas
da noite, sem licença por escrito de seus senhores. O que for encontrado será preso
até ser reclamado, pagando o senhor a multa de 1$000 réis ou um dia de prisão.
Art. 89 - Também não é permitido ao escravo ter casa alugada ou estabeleci-
mento de comércio de qualquer natureza sem licença de seus senhores. Os donos de
tais casas serão multados em 10$000 réis ou 3 dias de prisão e o dobro na reincidên-
cia.
Art. 90 - Os donos de qualquer estabelecimento comercial, não permitirão a

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 71


reunião de escravos ou qualquer outras pessoas que possam causar distúrbios e bem
assim os que estiverem em estado de embriaguez. Os que consentirem em tal serão
multados em 20$ réis ou 4 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 91 - É proibido andar-se pelas ruas e lugares públicos a jogar entrudo, ou
lançar sobre os transeuntes alguma coisa que possa prejudicá-los, sob pena da multa
de 10$000 ou 3 dias de prisão.
§ 1º - Permite-se as mascaradas, danças carnavalescas de modo que não
ofendam a moral, a tranquilidade pública e não contenham alusões à re-
ligião, as autoridades ou a pessoas gradas, sob pena da multa de 10$000
réis ou 3 dias de prisão.
§ 2º - Pelas ruas, praças e estradas da cidade não se andará com másca-
ras na cara depois das <Ave Marias>, salvo tendo para isso licença por
escrito da autoridade policial. O infrator será multado em 5$000 réis ou
24 horas de prisão.

TITULO VIII
DOS ANIMAIS

Art. 92 - É proibido espancar animais, quer com carga, quer sem ela, sob pena
da multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão e o dobro da reincidência.
Art. 93 - Não é permitido correr a desfilada a cavalo, pelas ruas da cidade e
praças. O infrator será multado em 5$000 réis ou 2 dias de prisão.
Art. 94 - É proibido prender cavalo ou outros animais às paredes, portas, pon-
tes, cercas e mourões ou conservá-los peados nas ruas e praças públicas sobre qual-
quer pretexto. O contraventor será multado em 10$000 rs. ou 3 dias de prisão.
Art. 95 - É proibido a divagação de gado vacum e cavalar, pelas ruas e praças
da cidade; os que forem encontrados serão apreendidos e depositados no matadouro
público, até serem reclamados por seus donos, dentro do prazo de 3 dias, os quais
pagarão a multa de 10$000 rs. e as despesas que houverem feito com a apreensão,
sustento etc.
§ 1º - Da mesma forma se praticará com outros animais, sendo porém a
multa de 5$000 rs. além das despesas.
§ 2º - Todos os animais acima mencionados que não forem reclamados
no prazo de 3 dias, serão arrematados em hasta pública ao juízo de paz,
precedidos os anúncios por editais e de seu produto será paga a multa e
despesas, sendo o restante houver entregue ao dono do animal.
§ 3º - Permite-se dentro da cidade e subúrbios, pastarem vacas leiteiras
acompanhadas de vigias, e as que forem encontradas sem eles, serão
apreendidas para proceder-se conforme o disposto no § 2º deste artigo.
§ 4º - Os cães que não andarem açamados, serão também apreendidos
para se lhes dar o destino que a câmara julgar conveniente, desde que

72 | 05. Manaus (1875) - Lei n.º 336 de 20 de maio de 1875: Aprova o Código de Posturas Câmara Municipal desta Capital.
não sejam reclamados por seus donos, que pagarão a multa do § 1º.
Quando essa apreensão não for possível serão mortos com as devidas
cautelas e pelos meios mais eficazes.
Art. 96 - Em terras agrícolas não se poderá soltar animais que possam causar
dano às plantas, sob pena da multa de 5$000 rs. ou um dia de prisão por animal, além
da indenização do prejuízo causado.
§ 1º - Os donos das terras invadidas farão apreender os animais e reme-
ter ao fiscal para proceder conforme o artigo antecedente.
§ 2º - Quando o animal não possa ser apreendido por ser bravio, e de-
pois de certificar-se o fiscal desta ocorrência será morto e o mesmo fis-
cal providenciará sobre e entrega ao dono, que pagará as despesas e a
multa em que tiver incorrido.
Art. 97 - Nas ruas, praças e estradas da cidade, não podem divagar animais
bravios ou ferozes que possam causar dano, sem serem presos e guiados por quem os
possa conter. O dono que for infrator pagará a multa de 30$000 rs. ou 5 dias de prisão
e o animal será morto.
Art. 98 - Os animais destinados para consumo da população só poderão de-
sembarcar no matadouro público, sob pena da multa de 10$000 rs. por cada um.
Art. 99 - Só é permitido conduzir cavalos pelo cabresto: aquele que os montar
a pelo, será multado em 5$000 rs. ou 2 dias de prisão.

TITULO IX
SALUBRIDADE PÚBLICA

Art. 100 - São obrigados a vacina depois de 3 meses de nascidas as crianças, e


bem assim em qualquer tempo as pessoas que o não tiverem sido. O infrator incor-
rerá na multa de 10$000 ou 3 dias de prisão sendo pais, tutores ou educadores dos
meninos, e a de 20$000 rs. ou 5 dias de prisão, as pessoas adultas que vivem sobre si.
Parágrafo Único - Os vacinados são obrigados a apresentarem-se ao médico
vacinador, no dia que por este for designado, sob pena das multas do art. antecedente.
Art. 101 - As rezes destinadas para o consumo público serão mortas a choupa
e depois sangradas. Aos contraventores a multa de 20$000 rs. ou 5 dias de prisão e o
dobro na reincidência.
Art. 102 - Nos talhos, a carne será pendurada em ganchos de ferro, tendo pano
branco na parede, se tiver de encostar-se nela, renovando-se todos os dias os panos,
sob pena da multa de 20$000.
Art. 103 - Os cortadores da carne terão sobre a roupa um avental limpo, que
os cubra desde o pescoço até os joelhos. O contraventor será multado em 5$000 rs:
ou 2 dias de prisão.
Art. 104 - Tanto a carne como os ossos serão cortados a serrote apropriado. As
balanças serão ferradas de estanho ou zinco. O balcão será de pedra de cantaria ou de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 73


madeira forrada de zinco trazendo-se tudo sempre limpo e bem lavado, bem como os
utensílios. Os contraventores sofrerão a multa de 10$000 réis ou três dias de prisão.
Art. 105 - A venda da carne só poderá ser feita até as 12 horas do dia, sob pena
da multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 106 - As pessoas que sofrerem moléstias contagiosas não poderão ser em-
pregadas nos serviços dos talhos. Os contraventores que são os donos deles, sofrerão
a multa de 10$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 107 - As carne e mais comestíveis, para consumo, que exalarem mau chei-
ro, ou seu aspecto indicar corrupção, serão lançados no rio ou enterrados, e seus
donos multados em 10$000 réis ou 3 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 108 - É proibido lançar ou botar timbó, ou outras ervas e leites venenosos
nos rios, igarapés, lagos ou riachos, para matar peixe, sob pena da multa de 20$000
réis ou 5 dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 109 - As pessoas alienadas ou afetadas de elefantíases, ou outras moléstias
contagiosas, quer sejam livres ou escravas, não poderão transitar pela cidade, e as
que por falta de meios, não poderem ser tratadas em suas casas, a câmara as mandará
recolher a algum lugar para isso designado. Serão considerados infratores aqueles
a quem pertençam esses indivíduos e multados em 20$000 réis ou 5 dias de prisão.

TITULO X
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 110 - São proibidas as tapagens nos lagos e igarapés para lancear peixe-boi
ou tartarugas. Os infratores serão multados em 30$000 réis ou 8 dias de prisão e obri-
gados a demolir as tapagens.
Art. 111 - Tudo quanto for prejudicial a saúde pública, será apreendido e inu-
tilizado.
Art. 112 - A autoridade dos fiscais e seus suplentes, no caso de flagrante in-
fração de posturas, é cumulativa em todo o município, e são responsáveis pelo exato
cumprimento das posturas.
Art. 113 - Os que negarem-se a prestar auxilio aos fiscais e seus suplentes, fi-
cam sujeitos a multa de 5$000 réis ou 2 dias de prisão.
Art. 114 - Se a contravenção tiver lugar no interior da casa do cidadão, o fiscal
ou suplente fará denúncia por escrito ao procurador da câmara, o qual a remeterá a
autoridade competente para proceder como for de direito.
Art. 115 - Das multas por infração impostas pelos fiscais, ou seus suplentes,
será por ele lavrado um termo com declaração da natureza da infração e do artigo da
pena imposta. Este termo depois de assinado pelo fiscal ou suplente e por mais duas
testemunhas que tiverem presenciado a infração, será intimado e multado e depois
remetido a secretaria da câmara para proceder a cobrança pelos meios competentes.
Art. 116 - Quando o multado quiser pagar a multa no ato de ser-lhe ela inti-

74 | 05. Manaus (1875) - Lei n.º 336 de 20 de maio de 1875: Aprova o Código de Posturas Câmara Municipal desta Capital.
mada, não sendo ela de prisão, o poderá fazer e mesmo quando já estiver afetada ao
juízo, caso este em que apresentará conhecimento do pagamento para ser junto aos
autos respectivos, com que findará a ação intentada.
Art. 117 - Em todos os casos de multa, se o multado for escravo, pagará seu
senhor, sobre quem também correrá a ação judicial que se tenha de propor.
Art. 118 - Os fiscais e seus suplentes no exercício de suas funções, são respon-
sáveis pelos prejuízos que causarem, quer a câmara municipal por sua negligência,
quer aos particulares por dolo e serão multados de 10 a 30$000 réis pela mesma câ-
mara, além de indenizarem o prejuízo que houver.
Art. 119 - Os empregados a quem incumbe a execução do presente código,
requisitarão às autoridade civis ou militares todo o auxílio que lhes for mister para
cumprimento das disposições do mesmo.
Art. 120 - As posturas municipais para as quais não estiver marcado prazo
neste código, principiarão a ter efeito quinze dias depois de sua aprovação.
Mando portanto a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da
referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se
contém. O secretário da presidência a faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio da Presidência da Província do Amazonas, em Manaus, aos
29 dias do mês de Maio de 1875, 54º da Independência e do Império.
(L.S.) Nuno Alves Pereira de Mello Cardozo
Otelo Fernandes de Sá Antunes, a fez.
Nesta Secretaria da Presidência do Amazonas, foi a presente lei selada e publi-
cada aos 29 dias do mês de Maio de 1875.
Servindo de Secretario, Raimundo Antônio Fernandez.

FONTE: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (ANRJ) – Coleção das Leis da Província do Amazonas,
Tomo XXII, 1875, p. 62-77

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 75


06. Manaus (1881)
Lei nº 534 de 3 de junho de 1881. Aprova dois artigos de
posturas da Câmara Municipal da Capital

ALARICO JOSÉ FURTADO, BACHAREL FORMADO EM CIÊNCIAS JURI-


DICAS E SOCIAIS PELA ACADEMIA DO RECIFE E PRESIDENTE DA PROVIN-
CIA DO AMAZONAS, ETC. ETC.
Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial
decretou a lei seguinte:

Art. 1º - Ficam aprovados os dois artigos de posturas da Câmara Municipal da


Capital abaixo declarados:
1º - É proibido nos lagos, igarapés e paraná-mirins do município a lan-
ceação com redes denominadas – arrastão. O infrator incorrerá na mul-
ta de vinte mil réis ou cinco dias de prisão, e o dobro na reincidência.
2º - É também proibido desde as cinco horas da manhã às seis horas e
trinta minutos da tarde, a qualquer pessoa, banhar-se nua dentro do
litoral e nos igarapés que o cortam. O infrator incorrerá na multa do
artigo antecedente.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.

Mando, portanto, à todas as autoridades a quem o conhecimento e execução


da referida Lei pertencer que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como
nela se contém. O Secretario da Presidência a faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio da Presidência da Província do Amazonas, em Manaus, aos
três dias do mês de Junho de 1881, 60º da Independência e do Império.
(L.S.) Alarico José Furtado.
Severiano de Souza Coelho, a fez.
Neste Secretaria da Presidência da Província do Amazonas foi a presente Lei
selada e publicada aos três dias do mês de Junho de 1881.
O Secretario, Manuel Francisco Machado.
Registrada a fls. 13 do livro 2º de registro de leis e resoluções provinciais.
Secretaria do Governo do Amazonas, 2 de Junho de 1881.
O Oficial maior, João Manuel de Souza Coelho.

FONTE: Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (ANRJ)- Coleção das Leis da Província do Amazonas,
Tomo XXX, 1881, p. 35-36.

76 |
07. Manaus (1890)
Decreto nº 5, de 10 de Janeiro
Código de Posturas

A Intendência Municipal de Manaus, usando das atribuições que lhe foram


conferidas nas instruções mandadas observar pelo Decreto n. 5 de 10 de Janeiro do
corrente ano, do Governador deste Estado, faz saber nos habitantes deste Município
que promulgou o seguinte.

CÓDIGO DE POSTURAS
CAPÍTULO I - Aformoseamento da cidade

Art. 1º - Ninguém poderá edificar ou reedificar prédio, muro ou cerca dentro


do perímetro urbano desta cidade sem prévia licença da Municipalidade que manda-
rá seu engenheiro, com assistência do Fiscal do distrito, determinar o alinhamento e
marcar o nível em que devem ficar as soleiras das portas exteriores.
Art. 2º - Os proprietários quando tiverem de pedir alinhamento para novos
prédios deverão apresentar o desenho respectivo do qual, depois de aprovado, não
poderão se afastar, sob pena da multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão, além
de serem obrigados a demolir a sua custa o que não tiver sido feito de acordo com o
mesmo desenho.
Art.3º - O desenho de que se trata o artigo anterior constará da fachada e da
planta, em escala nunca inferior a um por cento.
Art. 4º - Os edifícios térreos não terão menos de cinco metros de altura na pa-
rede da frente: a mesma altura terão os assobradados a contar do nível do vigamento
do soalho.
Art. 5º - Os sobrados de um andar terão pelo menos, nove metros de altura na
parede da frente; dos quais cinco para o pavimento térreo.
Art. 6º - Na fachada dos edifícios a largura das portas e janelas não será infe-
rior a 1,30 metros, a altura das portas a 3 metros e a das janelas a 2. Quando as janelas
e portas forem de volta, as alturas serão contadas nas ombreiras. - O contraventor
será multado em cinquenta mil réis ou oito dias de prisão, ficando, além disso, obri-
gado a demolir a obra a sua custa.
Art. 7º - O teto das casas de canto será construído de tal maneira que qualquer
parede que faça frente para uma das ruas tenha a altura exigida nos mesmos arts [ar-
tigos]. 4. º e 5. º, ficando o infrator sujeito às mesmas penas do art. 2. º.
Art. 8º - Não é permitido edificar-se telheiros, meias-águas, barracões etc.,
com frente, lado ou fundo no alinhamento das ruas e praças, sob pena de trinta mil
réis de multa ou três dias de prisão, além de ser a obra demolida.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 77


Art. 9º - Fica proibida a edificação de casebres ou pequenos quartos dentro do
alinhamento das ruas e praças desta cidade, sem que os donos ou possuidores dos
terrenos levantem no alinhamento um muro, tendo pelo menos dois metros e meio
de altura. - O contraventor incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.
Art. 10º - Os proprietários dos terrenos onde já existirem estes casebres ou
pequenos quartos são obrigados a levantar o dito muro dentro de um ano a contar
da data da publicação deste Código, - O infrator incorrerá na mesma pena do artigo
antecedente.
Art. 11 - Os donos dos cortiços ou casebres são obrigados a calçar a arcar dos
mesmos e a conservar durante a noite, quer de luar ou não, um ou mais lampiões
acesos na mesma área. -O contraventor incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis
dias de prisão.
Art. 12 - Os edifícios de alvenaria ou taipa existentes dentro do perímetro ur-
bano sem reboco e os que para o futuro se fizerem devem ser rebocados e caiados ou
pintados, os primeiros dentro de seis meses contados da publicação do Código e os
outros no fim de três meses depois de terminados, sob pena de trinta mil réis de mul-
ta ou quatro dias de prisão. - O infrator sofrerá pena dobrada toda a vez que trinta
dias depois da intimação do Fiscal não tiver cumprido esta disposição.
Art. 13 - Além dos edifícios também devem ser rebocados e caiados ou pinta-
dos os muros existentes e os que se fizerem dentro do perímetro urbano desta cidade,
incorrendo o contraventor nas mesmas penas do artigo antecedente.
Art. 14 - Os donos ou possuidores de terrenos nesta cidade, são obrigados a
conservá-los sempre limpos de mato, cisco, imundices, etc. - O infrator incorrerá na
multa de quinhentos réis por cada metro linear que for encontrado com tais condi-
ções.
Art. 15 - Os terrenos que estiverem por edificar dentro dos limites urbanos
deverão ser amarrados ou cercados no prazo de três meses contados da publicação
deste Código, sob pena da multa de cem réis por metro linear de frente e o dobro no
fim de seis meses.
Art. 16 - Aos possuidores de terrenos nas ruas Municipal, Henrique Antony,
Matriz até Saldanha Marinho, dos Remédios, do Imperador, Guilherme Moreira,
Henrique Martins, Marquês de Santa Cruz e praças D. Pedro Segundo, da Impera-
triz, dos Remédios e Vinte e oito de Setembro fica marcado o prazo de dois anos para
substituírem por muros ou por gradeamentos de ferros os cercados, sob pena de mil
réis por metro linear de frente.
Art. 17 - O proprietário ou encarregado de qualquer prédio é obrigado a fazê
-lo caiar ou pintar exteriormente afim de trazê-lo sempre limpo, sob pena de pagar a
multa de vinte mil réis ou seis dias de prisão.
Art. 18 - Fica proibido nas ruas e praças dentro dos limites urbanos a edifi-
cação de casas cobertas de palha, sob pena de demolir-se a cobertura por conta de
quem a fizer e ficará sujeito à multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.

78 | 07. Manaus (1890) - Decreto nº 5, de 10 de Janeiro - Código de Posturas


Art. 19 - Em todo o litoral da cidade é proibido fazer-se escavações, quebrar ou
tirar pedras; máxime aquelas que seguram as barracas e impedem as escavações das
águas pluviais, sob pena de dez mil réis de multa ou dois dias de prisão e ser obrigado
a repor em seus lugares as pedras tiradas.
Art. 20 - Nos lugares públicos não é permitido tirar terra, areia ou barro sob
pena de dez mil réis de multa ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - Nos lugares que forem designados para extração des-
ses materiais não é permitido fazer cortes que possam prejudicar os ter-
renos vizinhos ou a segurança pública. – o contraventor pagará a multa
de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e fará o trabalho preciso para
evitar desabamentos.
Art. 21 - É proibida a abertura de buracos nas ruas, praças e rampas para fincar
paus, levantar andaimes ou outra qualquer obra sem prévia licença da Municipalida-
de, sob pena da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
§ 1º - Aquele a quem for concedida essa licença fica obrigado a tapar os
buracos que tiver aberto e a repor o calçamento, sob pena de serem esses
trabalhos mandado fazer pela Municipalidade a sua custa.
§ 2º - Nos andaimes é o dono da obra obrigado a conservar durante a
noite, quer de luar ou não, um lampião aceso, sob pena de cinco mil réis
de multa ou um dia de prisão.
§ 3º - O construtor de prédios pode ocupar até a 3ª parte de largura da
rua em frente aos mesmos, para andaimes e colocação de materiais até
conclusão das obras.
Art. 22 - Os que por meio de entulhos ou outro qualquer objeto obstruírem as
ruas serão multados em trinta mil réis ou seis dias de prisão e obrigados a reparar o
dano no prazo que lhe for marcado pelo Fiscal.
Art. 23 - Todo aquele que causar dano às calçadas, pontes, muros, edifícios
públicos ou particulares, plantações das ruas e praças será multado em vinte mil réis
ou quatro dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 24 - Aquele que destruir ou alterar de qualquer modo o nome, número e
marca das ruas, praças e casas será multado em cinco mil réis ou um dia de prisão e
o dobro na reincidência.
Art. 25 - Nas ruas que forem calçadas são os donos dos prédios nela situados
obrigados a fazer dentro do prazo que lhes for marcado pela Municipalidade, os pas-
seios ou testadas de suas casas, com os materiais geralmente usados por esta para esse
fim. – Os contraventores incorrerão na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão
se findo o prazo não estiverem concluídos os ditos passeios e igual pena quando fin-
dar-se cada novo prazo que for marcado.
Art. 26 - Os moradores das casas desta cidade são obrigados a conservar sem-
pre limpos os passeios ou testadas das mesmas sob pena da multa de cinco mil réis
ou um dia de prisão e o dobro na reincidência. Além de pagarem mais a despesa da

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 79


limpeza que o Fiscal mandar fazer.
Art. 27 - As ruas de novo abertas e as que ainda não estão edificadas terão a
largura de 16 metros e serão em linha reta, dando-se para os passeios ou testadas 2
metros de cada lado – Os quarteirões terão pelo menos, 132 metros de lado, salvo
quando o não permitirem as condições do terreno, devendo nesse caso o Engenheiro
encarregado da abertura da rua trazer esse fato ao conhecimento da Municipalidade.
Art. 28 - Os quiosques que se construírem nesta cidade serão de secção cir-
cular, octogonal ou hexagonal tendo, no máximo, dois metros de diâmetro ou de
distância entre os lados paralelos.
Parágrafo Único - Para a colocação de quiosques precederá licença da
Municipalidade, devendo os requerimentos para esse fim ser acompa-
nhados dos desenhos da elevação e planta feita na escala de um por dez,
ou de um por quinze.

CAPÍTULO II - Cômodo e segurança pública

Art. 29- É proibido ao operário que trabalhar na construção ou conserto de


qualquer edifício atirar para as ruas e praças corpos sólidos ou líquidos que possam
ofender ou enxovalhar a qualquer pessoa. – O contraventor, além de responder pelo
dano que possa causar, fica sujeito à multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 30 - O proprietário de casa, muro ou qualquer edifício que ameace ruína
ou esteja desaprumado é obrigado, dentro do prazo que for marcado, a fazer a demo-
lição, sob pena de multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão, além das despesas
quando a demolição seja feita pela Municipalidade por conta do proprietário.
Art. 31 - Qualquer mestre de obras que edificar alguma parede ou muro sem
alicerces sólidos, será multado em trinta mil réis ou seis dias de prisão e compelido a
demolir a obra a sua custa, no prazo que lhe for marcado.
Art. 32 - São proibidas nas casas desta cidade, quer de particulares quer de
propriedade pública as portas e janelas que abram para fora e igualmente a colocação
de degraus na frente das portas que dão para a rua. – Os donos das casas que atual-
mente existem nestas condições são obrigados a demoli-los e a rasgar suas portas
de maneira que os degraus fiquem dentro das mesmas casas, no prazo que lhes for
marcado, sob pena da multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e a pagar as
despesas em que importar essa obra, se for mandada fazer pela Municipalidade por
conta do proprietário.
Parágrafo Único - As folhas das portas das Igrejas e dos Teatros podem
abrir para fora.
Art. 33 - Ficarão proibidos os canos nos telhados que do alto precipitem à
rua as águas pluviais. – Os donos dos prédios são obrigados a colocar calhas e tubos
adaptados a dar esgoto às águas por dentro ou junto à parede, de modo a despejarem
em sarjetas nos passeios ou nos canos de servidão dos mesmos prédios. – O infrator

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incorrerá na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão se, intimado, não fizer o
melhoramento no prazo que lhe for marcado.
Art. 34 - Os donos dos prédios que não tiverem bicame, são obrigados a colo-
cá-lo nas condições do artigo antecedente.
Art. 35 - Não é permitido nas ruas e praças a conservação de volume de qual-
quer qualidade que seja, mesmo de comércio, mais do que o tempo necessário para
descanso do condutor, sob pena de multa de cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 36 - É proibido às pessoas que carregarem volumes não só transitarem
como depositarem, as cargas nos passeios das ruas e praças. – Ao infrator será im-
posta a multa de cinco mil réis ou um dia de prisão e quando o depósito exceda de
seis horas será a multa elevada a vinte mil réis ou quatro dias de prisão fazendo-se a
remoção a custa do dono.
Art. 37 - Os objetos, volumes ou qualquer artigo de indústria ou comércio que
forem descarregados nas rampas, cais ou outros pontos da cidade não poderão ali ser
conservados além do tempo permitido pela Alfândega, salvando-se sempre, porém,
o trânsito público, sob pena da multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o
dobro na reincidência, sendo a remoção feita a custa do dono.
Art. 38 - Fica proibido fazer-se depósito de madeira, peça de ferro, pedra ou
outros objetos pesados nas rampas da praça da Imperatriz, dos Remédios, de Taman-
daré, cais adjacentes e praias do litoral da cidade. – Ao contraventor será imposta a
multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 39 - É proibido cravar-se pregos, argolas e estacas nos cais e rampas da
cidade para amarrar embarcações, bem como, para esse fim, fincar-se nas praias do
porto moirões ou estacas permanentes, sob pena de cinco mil réis de multa ou um dia
de prisão e o dobro na reincidência, sendo as embarcações apreendidas até satisfação
da multa.
Parágrafo Único - Para desembarque das cargas ficam designadas as
rampas da Imperatriz e dos Remédios.
Art. 40 - Nos esteios e travessões das pontes desta cidade não prenderá bote,
barco ou qualquer embarcação, sob pena da multa de dez mil réis ou dois dias de
prisão, observando-se as disposições do artigo anterior.
Art. 41 - Podem conservar-se atracados às escadas e rampas os botes, barcos
ou qualquer embarcação o tempo necessário para descarregarem ou receberem car-
gas e passageiros. – Os que excederem desse tempo pagarão a multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão se as embarcações forem pequenas, e vinte mil réis ou quatro dias
de prisão se elas forem de maior calado e elas apreendidas até satisfação da multa.
Art. 42 - Fica proibido o ensino de animais com veículo ou sem ele pelas ruas,
estradas e praças da cidade, sendo permitido somente nas praças da Saudade e Vis-
conde do Rio Branco. – o infrator será multado em cinco mil réis ou um dia de prisão
e apreendidos os animais até satisfação da multa.
Art. 43 - Serão multadas em dez mil réis ou dois dias de prisão as pessoas que

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 81


andarem a cavalo a galope ou a disparada pelas ruas, estradas e praças da cidade, a ex-
ceção da força pública, quando a isso for obrigada por exigência do serviço público.
Art. 44 - É proibido estabelecer-se fábricas de fogos de artificiais dentro do
perímetro da cidade. – Ao contraventor será imposta a multa de trinta mil réis ou seis
dias de prisão e o dobro na reincidência, quanto à pena pecuniária.
Art. 45 - Os estabelecimentos de indústrias cujos trabalhos possam incomodar
os habitantes da cidade só poderão fundar-se em lugares para esse fim destinados
nos subúrbios, ou litoral fora dos limites urbanos. Aos que por ventura já estiverem
montados a Municipalidade lhes marcará prazo razoável para sua remoção. – Os
contraventores quer em um quer em outro caso serão multados em trinta mil réis ou
seis dias de prisão e o dobro na reincidência, quanto à pena pecuniária.
Art. 46 - É proibido apitar-se ou usar-se dos sinais das patrulhas e rondas,
exceto no caso de pedir socorro, sob pena da multa de cinco mil réis ou um dia de
prisão.
Art. 47 - As pessoas que apagarem as luzes ou quebrarem os vidros dos lam-
piões da iluminação pública, ou causarem qualquer prejuízo nos mesmos lampiões
serão multados em dez mil réis ou dois dias de prisão, pretendendo ao denunciante
metade da multa pecuniária.
Art. 48 - Não é permitido nas ruas da cidade soltar fogos de artifício denomi-
nados busca-pés, carretilhas, etc. – Os infratores incorrerão na multa de trinta mil
réis ou seis dias de prisão.
Art. 49 - Das nove horas da noite às cinco da manhã fica proibido acender-se
foguetes do ar, bombas e roqueiras, exceto nos largos e praças públicas por ocasião
de regozijo público ou nacional, ou nas festas populares de Santo Antônio, S. João e S.
Pedro. – Os infratores incorrerão na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 50 - É proibido assoalhar-se roupa nas janelas, ruas, estradas e praças, ou
armar cordas e varas, etc. para estendê-la assim como lavá-la nos lugares que não
estiverem designados pela Municipalidade. – Ao contraventor a multa de cinco mil
réis ou um dia de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 51 - Ninguém poderá disparar armas de fogo ou flechas dentro da cidade e
subúrbios. – Aos contraventores será imposta a multa de cinco mil réis ou um dia de
prisão, sendo de dia ou dez mil réis ou dois dias de prisão, sendo de noite e o dobro
na reincidência.
Art. 52 - Nos subúrbios da cidade não é permitido queimar-se roçados sem
fazer-se aceiros, sob pena da multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 53 - Fica proibido tirar água no igarapé do Aterro para vender à popula-
ção, sob pena da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 54 - Nas ruas, praças e estradas da cidade é proibido andar-se com esto-
ques, punhal, faca, navalha, revólver, pistola, espingarda (ou outra qualquer arma
perfurante, cortante ou de fogo) luva de ferro, mesmo àquelas pessoas a quem esses
instrumentos compitam em razão de seu ofício, sob pena da multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão.

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Art. 55 - Ficam proibidos os toques de sino das oito horas da noite às cinco
da manhã, exceto os de rebate e de incêndio. – O contraventor, que será o sineiro ou
quem suas vezes fizer, pagará a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.

CAPÍTULO III - Limpeza pública

Art. 56 - Fica proibido o despejo de qualquer natureza que seja nos terrenos,
ruas, praças, pontes, rampas e cais da cidade, sob pena da multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão, além da limpeza ser feita a custa de pessoa que tiver feito o des-
pejo: sendo fâmulo a multa recairá em seu amo.
Art. 57 - Os canos das casas só deverão despejar as águas pluviais e servidas
para as ruas e nunca imundícies de qualquer natureza. – O morador do prédio onde
se der a infração sofrerá a multa de dez mil réis, ou dois dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 58 - Ninguém consentirá defronte ou junto à sua morada animal algum
morto, ou qualquer objeto imundo que exale mau cheiro. – O morador, sob pena
de cinco mil réis de multa ou um dia de prisão, dará parte na Municipalidade ou ao
Empresário da limpeza pública para que providencie sobre a remoção.
Parágrafo Único - Sabendo-se quem era o dono do animal ou quem ali o
lançou será multado em cinco mil réis ou um dia de prisão, e a despesa
da remoção, quando a não faça, correrá por sua conta.
Art. 59 - A correnteza do rio em frente à cidade é o lugar próprio para o des-
pejo das matérias fecais o qual só poderá ser feito das dez horas da noite às quatro
da manhã, em vasos próprios para não exalar mau cheiro. – Os contraventores serão
multados em dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 60 - É proibido conservar-se águas estagnadas ou imundícies nos quintais
das casas de moradias, oficinas, tabernas, casas de pastos e hotéis, sob pena de multa
de trinta mil réis ou seis dias de prisão, além da limpeza ser feita a custa do morador
ou proprietário do estabelecimento.
Art. 61 - É proibido estreitar canos ou valas públicas e fazer obras sobre as
mesmas, incorrendo o infrator na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e
a demolição a sua custa.
Art. 62 - Nos leitos dos riachos e dos igarapés desta cidade ninguém poderá
revolver lama, deitar pedras, vidros, lixo ou outra qualquer matéria que possa emba-
raçar a corrente das águas e alterar a pureza das mesmas ou causar dano público. – O
contraventor incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.
Art. 63 - Os entulhos provenientes de qualquer obra ou demolição lançados
junto as mesmas serão tirados no prazo de três dias contados daquele em que o dono
da obra for intimado pelo Fiscal. – Ao contraventor será imposta a multa de vinte mil
réis ou quatro dias de prisão e o dobro na reincidência, sendo a remoção feita a sua
custa.

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Parágrafo Único - Nas mesmas penas pecuniárias incorrerão as pessoas
ou corporações à quem competir a remoção dos entulhos que existirem
nas ruas e praças públicas.
Art. 64 - Os que forem achados a fazer despejo ou obstrução por meio de cerca
ou qualquer obstáculo ou entulho nos igarapés de S. Vicente, Espírito Santo, Remé-
dios e de Manaus que cortam esta cidade serão multados em trinta mil réis ou seis
dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 65 - As cocheiras e cavalariças deverão estar sempre limpas. – Os fiscais
são obrigados a visitá-las frequentemente multando os donos daquelas que não es-
tiverem com o preciso asseio, ou onde hajam imundícies em depósito, em trinta mil
réis ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência, quanto à pena pecuniária.
Art. 66 - As latrinas e poços de despejo devem ser situados no lugar mais afas-
tado das ruas ou praças, incorrendo o infrator na multa de vinte mil réis ou quatro
dias de prisão, além de ser obrigado a entulhar no prazo de oito dias, sob pena da
multa de cinquenta mil réis.
Art. 67 - É proibido a colocação de cartazes ou de qualquer anúncio nas pare-
des dos prédios desta cidade. – O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou dois
dias de prisão e o dobro na reincidência.

CAPÍTULO IV - Salubridade pública

Art. 68 - São obrigados a vacina depois de três meses de nascidas as crianças


e bem assim, em qualquer tempo, as pessoas que não tiverem sido vacinados. – o
infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - Os vacinados são obrigados a apresentar-se ao médi-
co vacinador, no dia que por este for designado, sob pena da multa do
artigo antecedente.
Art. 69 - As rezes destinadas para consumo público serão mortas à choupa
e depois sangradas. – Aos contraventores será imposta a multa de vinte mil réis ou
quatro duas de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 70 - Nos talhos a carne será exposta pendurada em ganchos de ferro, ten-
do pano branco na parede se tiver de encostar nela, renovando-se todos os dias os
panos, sob pena da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 71 - Os cortadores da carne terão sobre a roupa um avental limpo que os
cubra desde o pescoço até aos joelhos. – Os contraventores serão multados em cinco
mil réis ou um dia de prisão.
Art. 72 - Os ossos serão cortados com serrotes apropriados. – As balanças
serão de metal amarelo ou estanhadas; o balcão será de pedra de cantaria ou de ma-
deira forrado de zinco, trazendo-se tudo sempre bem lavado, limpo e asseado, bem
como os utensílios. – Os contraventores sofrerão a multa de dez mil réis ou dois dias
de prisão.

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Art. 73 - A venda de carne só poderá ser feita até as onze horas do dia, sob pena
da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 74 - As pessoas que sofrerem de moléstias contagiosas não poderão ser
empregadas nos serviços de talhos. – Os contraventores, que são os donos deles, pa-
garão a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 75 - É proibido abater-se para o consumo público novilhas e vacas ainda
em estado de procriar. – O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias
de prisão.
Parágrafo Único - As vacas infecundas ou impróprias para a produção
só poderão ser abatidas precedendo licença da Municipalidade. – O
contraventor incorrerá nas mesmas penas deste artigo.
Art. 76 - É igualmente proibida a matança de touros para o consumo público. –
O contraventor incorrerá na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão por cada
um que abater e o dobro na reincidência.
Art. 77 - As carnes e mais comestíveis para consumo que estiverem deteriora-
dos, ou forem julgados prejudiciais à saúde pública, serão lançados ao rio ou enter-
rados e seus donos multados em vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 78 - É proibido lançar ou botar timbó ou outras ervas e leites venenosos
nos lagos, riachos, igarapés e rios, para matar peixe, sob pena da multa de vinte mil
réis ou quatro dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 79 - As pessoas alienadas ou afetadas de elefantíases ou outras moléstias
contagiosas, não poderão transitar pela cidade e as que, por falta de meios, não pode-
rem ser tratadas em suas casas, a Municipalidade as mandará recolher à algum lugar
para isso designado.

CAPÍTULO V - Visitas domiciliarias

Art. 80 - Ficam criadas nesta cidade as visitas domiciliarias para inspecionar,


em bem da salubridade pública, se o interior dos domicílios se conservam limpos e
não se convertam em focos de infecção que prejudiquem o saneamento da cidade.
Art. 81 - Estas visitas serão feitas por uma comissão composta do Médico da
Municipalidade, do Fiscal do distrito e de um dos membros da mesma Municipali-
dade designado pelo Superintendente ou Presidente da Câmara, revezando-se entre
todos esse serviço. A comissão estará em efetivo exercício nas quadras em que estiver
alterada a salubridade pública, ou ameaçada dessa alteração e em todas as outras em
que a Municipalidade julgue conveniente.
Art. 82 - Logo que a comissão se apresentar em qualquer domicílio o seu mo-
rador lhe franqueará as suas portas e o interior de suas casas para ela verificar-se a
falta de limpeza que prejudique a salubridade pública. A comissão intimará ao dono
ou inquilino para imediatamente remover qualquer foco de infecção que encontrar,

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aconselhando medidas que tornem saudáveis os saguões áreas, quintais, ou outros
lugares que sejam repositórios de materiais em decomposição.
Art. 83 - Os moradores ou donos dos domicílios que se recusarem a franquear
suas portas e interior de suas casas para a inspeção, os que as não conservarem com
a limpeza necessária, ou não cumprirem imediatamente as prescrições da comissão,
serão por esta multados em trinta mil réis ou seis dias de prisão.
Art. 84 - O dia e hora em que deve principiar o serviço da inspeção será desig-
nado pelo Presidente da Municipalidade e publicados pelos jornais com antecedência
de oito dias, para conhecimento dos moradores.
Art. 85 - Qualquer dos membros da comissão da visita domiciliaria que no dia
ou dias designados para inspeção se não achar no lugar e a hora em que o serviço
deva principiar será multado pelo Presidente da Municipalidade em trinta mil réis
e o dobro nas reincidências, repetindo-se esta multa tantas vezes quantas se der a
infração.

CAPÍTULO VI - Das casa comerciais e vendas de gêneros

Art. 86 - Ninguém poderá abrir ou conservar abertas casas de comércios, fá-


bricas, oficinas, boticas, drogarias, casas de saúde, açougues, padarias, hotéis, casas
de jogos não proibidos, escritórios comerciais, armazéns, trapiches de depósitos ou
outro qualquer estabelecimento sem Alvará de licença da Municipalidade, o qual
será passado a vista de documentos que provem terem sido pagos os impostos gerais,
provinciais e municipais do exercício em que tiver de ser dada a licença. – O infrator
incorrerá na multa de dez mil réis ou dois dias de prisão e o dobro na reincidência.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão os que em particular
venderem gêneros sem a competente licença, bem como aqueles que
em seus estabelecimentos fizerem venda de gêneros de que não tenham
pago o imposto.
Art. 87 - Nos meses de Janeiro e Março de cada ano terá lugar o pagamento dos
impostos municipais de todas as casas comerciais, oficinas e mais estabelecimentos,
assim como se fará a aferição dos pesos, balanças e medidas, – Se os impostos não ti-
verem sidos pagos no prazo acima, serão cobrados com mais a multa de 10% sobre o
valor dos mesmos, de Abril a Junho, de 20% de Julho a Setembro, de 30% de Outubro
a Dezembro e daí em diante de 50%.
Parágrafo Único - Excetuam-se as casas comerciais e mais estabeleci-
mentos que se abrirem do mês de Março os quais tirarão suas licenças,
sem multa alguma, dentro de três meses contados do dia da sua aber-
tura, – Os que assim o não fizerem ficam sujeitos às multas deste artigo.
Art. 88 - Os estabelecimentos comerciais se conservarão fechados aos domin-
gos do meio dia em diante e, na semana santa, na quinta-feira maior e sexta-feira
da paixão. – Aquele que conservar a casa aberta nos domingos depois do meio dia

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incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência,
quanto à pena pecuniária.
Art. 89 - Pelos padrões da Câmara ou Intendência Municipal deverão ser afe-
ridas as medidas, pesos, balanças que tiverem de ser empregados na venda de mer-
cadorias. – Os contraventores serão multados em vinte mil réis ou quatro dias de
prisão, se feita a aferição não estiverem exatos, e o dobro na reincidência.
Art. 90 - Sob pretexto algum poderá o aferidor recusar-se a aferir as medidas,
pesos e balanças que para isso lhe forem apresentados e as pessoas que se julguem
prejudicadas nesse ramo de serviço farão suas reclamações à Municipalidade para as
atender. – O aferidor pagará a multa de dez a trinta mil réis quando prova-se a sua
negligência no cumprimento de seus deveres.
Art. 91 - As casas de comércio só poderão conservar-se abertas até às nove
horas da noite e as casas de jogos lícitos e botequins até meia noite, sob pena de multa
de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 92 - As boticas e drogarias poderão estar abertas até meia noite e seus do-
nos são obrigados a abri-las a qualquer hora para preparar os remédios que lhe forem
pedidos, e no caso de infração testemunhada pagarão a multa de trinta mil réis ou
seis dias de prisão e o dobro na reincidência quanto à pecuniária.
§ 1º - Fica proibido aos boticários ou droguistas venderem remédios ou
drogas corruptas, falsificadas ou inutilizadas; bem como introduzirem
nos preparos ou remédios mais ou menos drogas ou substâncias diver-
sas do que as mencionadas na receita, ou pedido sob pena da multa
de cinquenta mil réis ou oito dias de prisão e o dobro na reincidência,
quanto à pena pecuniária.
§ 2º - Também é vetado aos mesmos boticários ou droguistas venderem
à pessoas desconhecidas drogas venenosas, sem fórmula ou receita de
médico, sob pena da multa do § antecedentes além de outras em que
possam incorrer pelas leis em vigor.
Art. 93 - O pão exposto a venda terá o peso fixo de 64, 128, 256 e 384 gramas e
será preparado com farinha de primeira qualidade e com água potável bastante pura,
sob pena do padeiro pagar a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro
na reincidência.
Art. 94 - As pessoas que venderem bebidas espirituosas a quem já estiver em-
briagado incorrerão na multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 95 - O vasilhame empregado na venda de líquidos e de gêneros alimen-
tícios deverá andar sempre limpo e não será de metal cujo óxido seja nocivo. – Ao
contraventor será imposta a multa de cinco mil réis ou um dia de prisão e o dobro
na reincidência.
Art. 96 - Os que misturam ingredientes nocivos nas bebidas ou líquidos que
venderem ficam sujeitos à multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.
Art. 97 - As pessoas que venderem água potável deverão ter as pipas sempre

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limpas. – Aos contraventores será imposta a multa de cinco mil réis ou um dia de
prisão e o dobro na reincidência. – O Fiscal fica obrigado a proceder frequentemente
o respectivo exame.
Parágrafo Único - Os potes em que os aguadeiros venderem água ao
público deverão ser aferidos e ter a capacidade de 24 litros. – O infrator
incorrerá na multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 98 - É proibido misturar água com o leite, vinho e bebidas espirituosas que
tenham de ser vendidas ao público. – o infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão.
Art. 99 - O marchante ou picador de carne verde que por capricho ou má
vontade recusar a alguém a venda desta, quando exposta para esse fim em talhos
públicos; ou não guardar na mesma venda as devidas proporções, quando a carne
não for suficiente para satisfazer a todos, sofrerá a multa de vinte mil réis ou quatro
dias de prisão.
Art. 100 - Compete ao Fiscal frequentemente examinar os estabelecimentos
comerciais de molhados, embarcações, ou qualquer outro depósito não só relativa-
mente à qualidade dos gêneros alimentícios, como as balanças, pesos e medidas.
Parágrafo Único - Quando parecer ao Fiscal que alguns gêneros estão
deteriorados ou arruinados ou são prejudiciais à saúde pública, convi-
dará ao Médico da Municipalidade para examiná-los e informar sobre
seu estado.
Art. 101 - Aqueles gêneros que estiverem deteriorados ou que forem prejudi-
ciais à salubridade pública, segundo o Médico da Municipalidade, serão pelo mesmo
Fiscal mandados lançar ao rio, pagando o dono da multa de vinte mil réis ou quatro
dias de prisão.
Art. 102 - Toda a pessoa que for encontrada fazendo ou cometendo qualquer
negócio fraudulento, vendendo objetos falsos por verdadeiros será multada em cin-
quenta mil réis ou oito dias de prisão, lavrando-se auto de infração para ser enviado
à autoridade competente.
Art. 103 - Os donos das padarias ou das fábricas de que provenham fumaça
ou gases insalubres ou cheiro desagradável são obrigados a ter chaminés e estas com
altura nunca menor de quatro metros acima do telhado, sob pena de multa de trinta
mil réis ou seis dias de prisão e toda vez que trinta dias depois da intimação do Fiscal
não tiver cumprido esta disposição pagará em dobro a multa pecuniária.
Art. 104 - Os donos dos hotéis e casas de hospedagem são obrigados a ter um
livro em que registrem o dia da entrada de seus hóspedes, nome, profissão, naciona-
lidade e procedência.
Parágrafo Único - Os mesmos donos são obrigados a enviar à Repar-
tição de Polícia, todos os dias as dez horas da manhã, uma relação dos
hóspedes que no dia anterior entraram ou sairam, com as notas acima,
sob pena de pagar a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o
dobro na reincidência.

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CAPÍTULO VII - Comércio de travessia
e materiais inflamáveis

Art. 105 - Fica proibido o comércio de travessia e as pessoas que nele se em-
pregarem nas praias, portos e subúrbios da cidade, ou que forem encontrar as canoas
dos roceiros afim de comprar gêneros destinados para o consumo público, fazendo
deles monopólio, para depois vender, incorrerão na multa de trinta mil réis ou seis
dias de prisão.
Art. 106 - As tartarugas e farinha não se poderão vender por atacado senão de
acordo com o art. 41 do Regulamento do Mercado público. O infrator incorrerá na
multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.
Parágrafo Único - Para os efeitos deste artigo é reputada compra e venda
por atacado, a que compreender lote maior de seis tartarugas ou seis
alqueires de farinha.
Art. 107 - Os Guardas urbanos serão empregados na ronda do porto em frente
ao Mercado, para velar no cumprimento destas Posturas de acordo com os Fiscais. Os
fiscais também são obrigados a rondar o litoral.
Art. 108 - É proibido ter depósito de pólvora, querosene, nafta ou de qualquer
gênero ou líquido inflamável no perímetro compreendido: ao norte pela rua Conde
d’Eu, ao Sul pelo Rio Negro, ao Oriente pelas estradas Sete de Dezembro e Correia de
Miranda e ao poente pelo igarapé de São Vicente.
Art. 109 - Cada casa de comércio poderá ter para vender a retalho até dez
caixas ou um barril de querosene e um barril de pólvora – Os contraventores ficam
sujeitos à multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência,
quanto à pena pecuniária.
Art. 110 - Os depósitos deverão ser feitos em casas isoladas e a 25 metros de
qualquer habitação por cada um dos lados.
Parágrafo Único - Os depósitos atualmente existentes dentre os limites
marcados no art. 108 serão removidos trinta dias depois de publicadas
estas Posturas.
Art. 111 - As disposições dos arts. 105 e 106 também são aplicáveis dentro do
Mercado público.

CAPÍTULO VIII - Ofensas à moral pública

Art. 112 - Todo aquele que insultar com palavras ou ações a qualquer pessoa
será multado em vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 113 - É proibido nas ruas, estradas e praças dar gritos, pronunciar palavras
obscenas, fazer alaridos, vozerias, assuadas e correrias, sem ser para pedir socorro ou
capturar algum criminoso. – Sendo de dia o infrator incorrerá na multa de dez mil

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 89


réis ou dois dias de prisão e sendo de noite no dobro dessa pena.
Art. 114 - Aquele que for encontrado escrevendo ou fazendo dísticos e figuras
indecentes, ou colocando pasquins e escritos imorais em qualquer edifício ou lugar
será multado em cinquenta mil réis ou oito dias de prisão, além das penas em que
incorrer pelas leis criminais.
Art. 115 - O que borrar, inutilizar, rasgar ou arrancar edital de qualquer au-
toridade fica sujeito à multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 116 - É proibido andar-se seminu ou indecentemente vestido pelas ruas,
praças e estradas das cidades sob pena da multa de dez mil réis ou dez dias de prisão.
Art. 117 - São proibidos os banhos de dia nos igarapés e litoral desta cidade ou
em qualquer lugar público sem estar a pessoa decentemente vestida de modo a não
ofender à moral pública, sob pena de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 118 - Aquele que praticar atos imorais em qualquer lugar público será
multado em vinte mil ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO IX - Dos Carros e carroças

Art. 119 - Nos meses de Janeiro à Março de cada ano se matricularão na Câ-
mara ou Intendência Municipal todos os carros, seges, carruagens, ou outro qualquer
veículo de transporte de passageiros e os carros, carroças ou qualquer outro veículo
de condução de cargas, água etc. Os carros e carroças de cargas terão uma chapa de
metal, com o número de matrícula pregada em um dos varais; os carros de transporte
de passageiros terão esse número escrito na parte posterior da caixa, com tinta de
cor que seja bem visível sobre a da mesma caixa e com algarismos de, pelo menos,
doze centímetros de altura. – Aos infratores será imposta a multa de vinte mil réis ou
quatro dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 120 - As seges, carros, carroças, etc., que foram postos em serviço depois
do mês de Março serão matriculados nessa ocasião e sujeitos às disposições do artigo
anterior.
Art. 121 - Os condutores de carros, carroças ou outros veículos de carga deve-
rão trazer seus animais enfreados e guiá-los pela arreiata, afim de não ofenderem a
pessoa alguma, desviando-se de outro carro que encontrarem a distância convenien-
te. – O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou dois dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 122 - Aos carros e carroças de cargas é vedado todo o tráfego nos domin-
gos, quinta-feira santa e sexta-feira da paixão e nos dias úteis das seis horas da tarde
às cinco horas da manhã, sob pena da multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
§ 1º - Os carros empregados na venda de água poderão transitar nos
dias acima vedados até meio dia.
§ 2º - Nos casos de urgência e indeclinável necessidade o Presidente da

90 | 07. Manaus (1890) - Decreto nº 5, de 10 de Janeiro - Código de Posturas


Municipalidade ou o Membro da mesma encarregado do serviço exter-
no poderá conceder, por algumas horas dos dias acima mencionados,
permissão aos carros e carroças para se empregarem em certos e deter-
minados serviços.
Art. 123 - Os donos dos carros de condução de água são obrigados a conservar
cheias as pipas todas as noites e a comparecerem com elas nos lugares onde houver
incêndio, sob pena de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - A Municipalidade dará de prêmio ao dono do pri-
meiro carro com pipa de água que se apresentar no lugar do incêndio a
quantia de vinte mil réis sendo de noite e de dez mil réis sendo de dia.
Art. 124 - Os condutores de carros ou outro qualquer veículo de condução de
lixo, estrumes, materiais fecais não as deixarão derramar pelas ruas e praças e quando
se dê tal caso deverão limpá-las imediatamente. – Ao contraventor será imposta a
multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 125 - Os carros e carroças só poderão andar a passos. As seges e carros de
passageiros só poderão a trote e à noite terão duas lanternas acesas. – Os contraven-
tores pagarão a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 126 - Os donos dos carros e carroças que chiarem nas ruas e praças da
cidade serão multado em cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 127 - Nos carros, carroças ou outro qualquer veículo não se empregarão
animais demasiadamente magros, doentes, feridos ou que não estejam ainda ames-
trados para esse serviço. – Ao contraventor será imposta a multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão.
Art. 128 - É proibido carregar os animais com excessivo peso, sob pena da
multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 129 - Os condutores de qualquer veículo não poderão nas ruas e raças de-
satrelar os animais que conduzirem os mesmos, a menos que não seja para substituí
-lo por outros. – Quando tiverem de descarregar o veículo só será permitido fazê-lo
a mão e de modo que não estraguem ou danifiquem as calçadas – Aos contraventores
será imposta a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 130 - Os donos dos carros ou outro qualquer veículo que for encontrado
abandonado ou estacionado em lugar que não for designado pela Municipalidade
para esse fim serão multados em cinco mil réis ou um dia de prisão e obrigado a
removê-lo imediatamente para a estação competente ou a pagar a despesa que com
isso se fizer.
Art. 131 - Os carros de qualquer natureza, só poderão transitar pelo centro das
ruas e estradas, sendo proibido passar por cima dos passeios. O infrator incorrerá na
multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 132 - Serão apreendidos em flagrante até a satisfação da multa os carros e
animais pelas infrações de que trata este Capítulo.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 91


CAPÍTULO X - Dos animais

Art. 133 - É proibido espancar-se animais quer com carga ou sem ela, sob pena
da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 134 - Os cavalos não atrelados a carros, ou que não estejam servindo de
montaria só poderão ser conduzidos pelo cabresto. – O contraventor incorrerá na
multa de cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 135 - É proibido prender cavalos ou outros animais às paredes, portas,
pontes, cercas e moirões ou conservá-los parados nas ruas e praças públicas sob qual-
quer pretexto. – O infrator será multado em dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 136 - É proibida a divagação de gado vacum e cavalar pelas ruas e praças
da cidade: os que forem encontrados serão apreendidos e depositados no Matadouro
Público até serem reclamados pelos seus donos dentro do prazo de três dias, os quais
pagarão a multa de dez mil réis e as despesas que houverem sido feitas com a apreen-
são e sustento dos mesmos animais.
§ 1º - Da mesma forma se praticará com outros animais sendo porém a
multa de cinco mil réis além das despesas.
§ 2º - Os animais apreendidos, que não forem reclamados no prazo e
três dias, serão vendidos em hasta pública pelo Porteiro da Municipali-
dade precedendo editais assinados pelo Secretário e de seu produto será
paga a multa e despesas sendo o restante, quando houver, entregue ao
dono o animal.
Art. 137 - Permite-se nos subúrbios da cidade pastarem vacas leiteiras acom-
panhadas de vigias e as que forem encontradas sem eles serão apreendidas para pro-
ceder-se conforme o disposto no artigo antecedente.
Art. 138 - Em terras agrícolas não se poderão soltar animais que possam cau-
sar danos as plantações, sob pena de cinco mil réis de multa ou um dia de prisão,
além da indenização do prejuízo causado.
§ 1º - Os donos das terras invadidas farão apreender os animais e reme-
ter ao Fiscal para proceder conforme dispõe o art. 136.
§ 2º - Quando o animal não possa ser apreendido por ser bravio, e de-
pois de certificar-se o Fiscal desta ocorrência, será morto e o mesmo
Fiscal providenciará sobre a entrega ao dono que pagará as despesas
multa em que tiver incorrido.
Art. 139 - Nas ruas, praças e estradas da cidade não podem divagar animais
bravios ou ferozes que possam causar dano, sem serem presos e guiados por quem
possa conter. – O infrator pagará a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e
na reincidência o animal será morto.
Art. 140 - É proibida a criação de porcos pelas ruas e praças desta cidade, assim
como tê-los enchiqueirados nos quintais das casas. – Os que forem encontrados di-
vagando pelas ruas e praças serão apreendidos e conduzidos ao Curro público e com

92 | 07. Manaus (1890) - Decreto nº 5, de 10 de Janeiro - Código de Posturas


eles se procederá na forma do art. 136; os donos ou inquilinos das casas em cujos
quintais forem eles encontrados enchiqueirados, pagarão a multa de cinco mil réis
por cabeça e o dobro na reincidência.
Art. 141 - Os animais destinados para consumo da população só poderá de-
sembarcar no Curro público, sob pena da multa de cinco mil réis por cada um.
Art. 142 - Não se poderá expor à venda para consumo público carne de porco
ou carneiro se esses animais não forem abatidos no Curro público. – O infrator paga-
rá a multa de cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 143 - É proibido matar urubu. – O infrator incorrerá na multa de cinco
mil réis ou um dia de prisão.
Art. 144 - Os cães que não andarem açamados serão também aprendidos para
se lhes dar o destino que a Municipalidade julgar conveniente, desde que não se-
jam reclamados pelos seus donos, que pagarão a multa de cinco mil réis. Quando a
apreensão não for possível serão mortos com as devidas cautelas pelos meios mais
eficazes.

CAPÍTULO XI - Dos jogos, máscaras e bailes públicos

Art. 145 - São proibidos os jogos de parada de qualquer denominação e as rifas


embora efetuadas como loterias; somente são permitidos os jogos de vasa, bilhar,
tabola e quino. – Os donos de casas ou estabelecimentos em que houverem jogos
proibidos serão multados em trinta mil réis ou seis dias de prisão e cada jogador em
cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 146 - Os donos das casas de jogos permitidos, ou de qualquer outro esta-
belecimento comercial, não permitirão nelas a reunião de pessoas que possam causar
distúrbios, nem das que estiverem em estado de embriaguez. – Os que consentirem
em tal serão multados em vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na rein-
cidência.
Art. 147 - É proibido andar-se pelas ruas e lugares públicos a jogar entrudo, ou
lançar sobre os transeuntes alguma coisa que possa prejudicá-los, sob pena da multa
de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 148 - Permite-se as mascaradas e danças carnavalescas de modo que não
ofendam a moral e tranquilidade públicas e não contenham alusão a religião alguma,
às autoridades, congregações ou a qualquer pessoa, sob pena da multa de dez mil réis
ou dois dias de prisão.
§ 1º - Pelas ruas, praças e estradas da cidade não se andará com másca-
ras na cara depois de anoitecer, salvo tendo para isso licença por escrito
da autoridade policial. – O infrator será multado em cinco mil réis ou
um dia de prisão.
§ 2º - Também incorrerá na mesma multa de cinco mil réis ou um dia
de prisão o máscara que andar nas ruas com vestes indecentes; ou usar

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 93


de vestimenta que aluda à qualquer autoridade civil, militar ou religiosa.
Art. 149 - São proibidos os bailes públicos mascarados e passeio de máscaras
fora do tempo de carnaval. – O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis
dias de prisão.
Parágrafo Único - O tempo de carnaval de que trata este artigo é de-
corrido desde o dia 2 de Fevereiro até ao amanhecer da quarta-feira de
cinzas.
Art. 150 - Não são permitidos nesta cidade os chinfrins e bailes públicos sem
licença da Municipalidade, visada pelo Chefe de Polícia ou por quem suas vezes fizer.
– Os infratores, que são os donos das casas onde tiverem lugar tais divertimentos,
incorrerão na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.

CAPÍTULO XII - Das esmolas, vadios e vagabundos

Art. 151 - Só é permitido tirar esmolas neste município:


1º - As irmandades que tiverem compromisso aprovado.
2º - Aos indivíduos que estiverem impossibilitados de trabalhar.
3º - As viúvas, órfãos ou pessoas que ficarem por qualquer desastre reduzidos
a indigência.
4º - Para auxílio de qualquer calamidade pública.
5º - Para festas religiosas ou de regozijo público. – Os infratores incorrerão na
multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 152 - O indivíduo que não tiver moradia ou residência certa, mas que
viver sem indústria, renda, emprego ou profissão habitual certa, honesta e suficiente
é considerado vadio e vagabundo e, como tal obrigado, desde que for intimado pelo
Fiscal, a tomar uma ocupação honesta dentro de quinze dias e no fim desse tempo
deve provar ter tomado um emprego ou ocupação, que lhe garanta a subsistência.
§ 1º - Findo o prazo de quinze dias sem mudar de vida será multado em
trinta mil réis ou seis dias de prisão.
§ 2º - Sofrerão a pena da prisão e não se corrigindo, será intimado para
tomar uma ocupação dentro de quinze dias e se o não fizer será multado
em cinquenta mil réis ou oito dias de prisão.

CAPÍTULO XIII - Disposições gerais

Art. 153 - É proibido dentro do patrimônio Municipal roçar ou apossar-se de


qualquer porção e terreno baldio, sem que pela Municipalidade tenha sido concedi-
do por aforamento.– O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de
prisão.
Art. 154 - É proibido aos posseiros dos terrenos que estiverem sujeitos a afo-
ramento municipal a transferência por qualquer título sem que o dito aforamento se

94 | 07. Manaus (1890) - Decreto nº 5, de 10 de Janeiro - Código de Posturas


tenha realizado e sem permissão da Municipalidade. – O infrator incorrerá na multa
de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 155 - Fica proibido sem licença da Municipalidade o corte e árvores quer
frutíferas ou não e de madeira de lei ou de construção na área patrimonial, excetuan-
do-se nas posses aforadas ou isentas de foro que se acharem encravadas na mesma
área. – O infrator incorrerá na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 156 - Também fica proibido o corte de árvores nas margens dos igarapés
da Cachoeira grande e da Cachoeirinha, principalmente nos lagares que servem e
logradouro público. – O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de
prisão.
Art. 157 - São proibidas as tapagens nos lagos e igarapés para lanceação de
peixe-boi ou tartarugas. – Os infratores são multados em trinta mil réis ou seis dias
de prisão.
Art. 158 - É proibido nos lagos igarapés e paranamiry do município a lancea-
ção com redes denominadas de arrastão. – O infrator incorrerá na multa de trinta mil
réis ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência quanto a pena pecuniária.
Parágrafo Único - Fica proibido o emprego de bombas de dinamite para
pegar peixe. – O infrator incorrerá na multa de vinte mil réis ou quatro
dias de prisão.
Art. 159 - Tudo quanto for prejudicial à saúde pública será apreendido e inu-
tilizado.
Art. 160 - A autoridade dos fiscais e seus suplentes, no caso de flagrante infra-
ção de Posturas, é extensiva a todo o município. – Eles são responsáveis pelo exato
cumprimento destas Posturas.
Art. 161 - Os que se negarem a prestar auxílios aos Fiscais e seus suplentes
ficam sujeitos a multa de cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 162 - Se a contravenção tiver lugar no interior da casa do cidadão o Fiscal
fará denúncia por escrito ao Procurador da Municipalidade o qual a remeterá à auto-
ridade competente para proceder como for de direito.
Art. 163 - Na imposição das multas se procederá de conformidade com o dis-
posto nos §§ 1.º e 2.º do art. 3.º do Dec. nº 5 de 8 de Janeiro de 1890.
Art.164 - Em todos os casos de multa só se efetuará a prisão se o multado não
quiser ou não poder pagar a multa.
Art.165 - Os Fiscais e seus suplentes no exercício de suas funções são respon-
sáveis pelos prejuízos que causarem quer à Municipalidade por sua negligência, quer
aos particulares por dolo, etc., e serão multados na quantia de trinta mil réis pela
mesma Municipalidade, além de indenizarem o prejuízo que houver.
Art. 166 - Os empregados a quem incube a execução do presente Código re-
quisitarão às autoridades civis ou militares todo o auxílio que lhes for mister para
cumprimento das disposições do mesmo.
Art. 167 - As disposições deste Código para as quais nele não houver prazo

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 95


marcado, começarão a ser postas em vigor oito dias depois de sua publicação.

Sala das Sessões da Intendência Municipal de Manaus, 16 de Maio de 1890.

JOAQUIM LEOVIGILDO DE SOUZA COELHO


ALFREDO FERNANDES DA COSTA
RAYMUNDO ANTÔNIO FERNANDES
JOÃO CARLOS ANTONY

Fonte: Instituto Geográfico Histórico do Amazonas (IGHA) - Coleção das Leis, Decretos, regulamentos
do Amazonas. Primeira parte período provisório. (1890-1892).

96 | 07. Manaus (1890) - Decreto nº 5, de 10 de Janeiro - Código de Posturas


08. Manaus (1893)
Lei nº 23 de 6 de maio – Promulga o Código Municipal

A Intendência Municipal da Capital decreta e promulga o seguinte:

CÓDIGO MUNICIPAL
CAPÍTULO I - Aformoseamento da cidade

Art. 1º - Ninguém poderá edificar ou reedificar prédio, muro ou cerca dentro


do perímetro arruado da cidade, sem prévia licença da Superintendência Municipal
que mandará o Engenheiro, com assistência do fiscal do distrito, determinar o ali-
nhamento e marcar o nível em que devem ficar as soleiras das portas exteriores.
Art. 2º - Os proprietários quando tiverem de pedir alinhamento para novos
prédios, deverão apresentar o desenho respectivo do qual, depois de aprovado, não
poderão afastar-se sob pena de multa de 30$000 réis ou seis dias de prisão, além de
serem obrigados a demolir à sua custa o que não tiver sido feito de acordo com o
mesmo desenho.
Art. 3º - O desenho de que trata o art. anterior constará da fachada e da planta,
em escala, nunca inferior a um por cento.
Art. 4º - Os edifícios térreos não terão menos de cinco metros de altura na pa-
rede da frente; a mesma altura terão os assobradados a contar do nível do vigamento
do soalho.
Art. 5º - Os sobrados do um andar terão pelo menos nove metros de altura na
parede da frente, dos quais cinco para o pavimento térreo.
Art. 6º - Na fachada dos edifícios a largura das portas e janelas não será infe-
rior a 1,30 metros, a altura das portas a 3 metros e a das janelas a dois.
Parágrafo Único - Quando as janelas e portas forem de voltas, as alturas
acima serão contadas nas ombreiras. O contraventor será multado em
cinquenta mil réis ou oito dias de prisão, ficando além disso obrigado a
demolir a obra.
Art. 7º - O teto das casas de canto será construído de maneira que qualquer pa-
rede que faça frente para uma das ruas tenha a altura exigida nos arts. 4º e 5°, ficando
o infrator sujeito às mesmas penas do art. 2º.
Art. 8° - Fica proibida a edificação de casebres ou pequenos quartos dentro do
alinhamento das ruas e praças no perímetro urbano e fora desse limite, sem que os
donos ou possuidores dos terrenos levantem primeiramente no alinhamento uma
parede imitando frente de casa, na altura e de conformidade com o disposto no art.
4º. O contraventor incorrerá na multa de 30$, ou seis dias de prisão.
Art. 9° - Não será permitida a edificação de casas térreas ou assobradadas fora

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 97


do alinhamento das ruas e praças, sem que seja levantado na frente dos mesmos e no
alinhamento da rua ou praça um muro de dois metros e meio pelo menos de altura
ou de um metro de altura e um e meio de gradil de ferro.
O infrator incorrerá na multa de 30$000, ou seis dias de prisão.
Art. 10º - Os proprietários dos terrenos onde já existirem os casebres ou pe-
quenos quartos de que trata o art. 8o ou casas nas condições do art. 9o, são obrigados
a levantar o dito muro ou parede dentro de um ano a contar da data da publicação
deste Código.
O infrator incorrerá na mesma pena do artigo antecedente.
Art. 11 - Nenhuma casa para moradia será construída nesta cidade, sem que
tenha pelo menos, a altura de um metro do soalho ao solo.
Parágrafo Único - Aquelas que forem destinadas ao comércio serão dis-
pensadas destas condições.
Art. 12 - Os donos dos cortiços ou casebres são obrigados a calçar a área das
mesmas e a conservar durante toda a noite, quer de luar ou não, um ou mais lampiões
acesos na mesma área. O contraventor incorrerá na multa de 30$000, ou seis dias de
prisão.
Art. 13 - Os edifícios de alvenaria ou taipa existentes dentro do perímetro
urbano sem reboco e os que para o futuro se fizerem devem ser rebocados e caiados
ou pintados, os primeiros dentro de um ano depois da publicação deste Código pela
imprensa e os últimos seis meses depois de terminados, sob pena de multa de 30$000,
ou seis dias de prisão.
O infrator sofrerá pena dobrada toda a vez que trinta dias depois da intimação
do Fiscal não tiver cumprido esta disposição.
Art. 14 - Além dos edifícios, também devem ser rebocados e caiados ou pinta-
dos, os muros existentes e os que se fizerem dentro do perímetro urbano desta cida-
de, incorrendo o contraventor nas mesmas penas do artigo antecedente.
Art. 15 - Os donos ou possuidores de terrenos nesta cidade, são obrigados a
conservá-los sempre limpos de mato, cisco, imundices etc.
O infrator incorrerá na multa de 1$000, por cada metro linear que for encon-
trado em tais condições.
Art.16 - Os terrenos que estiverem por edificar dentro do limite arruado de-
verão ser murados ou cercados no prazo de seis meses contados da publicação deste
Código, sob pena da multa de 200 réis por metro linear de frente e o dobro, se o não
fizer dentro de três meses depois de intimado.
Art. 17 - O proprietário ou encarregado de qualquer prédio é obrigado a tra-
zê-lo sempre limpo, sob pena de pagar a multa de 20$000, ou quatro dias de prisão.
Art. 18 - Fica proibido dentro dos limites urbanos a edificação de casas cober-
tas de palhas, sob pena de demolir-se a cobertura por conta de quem a fizer, e ficará
ele sujeito a multa de 30$000, ou seis dias de prisão.
Art. 19 - Em todo o litoral da cidade, é proibido fazer-se escavações, quebrar

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ou tirar pedras, máxime aquelas que seguram os barrancos e impedem as escavações
das águas pluviais, sob pena de multa de 20$000, ou quatro dias de prisão.
Art. 20 - Nos lugares públicos não é permitido tirar terra, areia ou barro, sem
a competente licença da Superintendência Municipal, sob pena da multa de 20$000,
ou quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - Nos lugares que forem designados para extração des-
ses materiais não é permitido fazer-se cortes que possam prejudicar os
terrenos vizinhos ou a segurança pública.
O contraventor pagará a multa do 20$000, ou quatro dias de prisão, e fará o
trabalho preciso para evitar desabamentos.
Art. 21 - É proibida a abertura de buracos nas ruas, praças e rampas para fincar
paus, levantar an-daimes ou outra qualquer obra sem prévia licença da municipalida-
de, sob pena da multa de 20$000, ou quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - Aquele aquém for concedida essa licença, fica obriga-
do a tapar os buracos que tiver aberto e a repor o calçamento, sob pena
de serem esses trabalhos feitos à sua custa.
Art. 22 - O construtor de prédios pode ocupar a terça parte da largura da rua
em frente aos mesmos para andaimes e colocação de materiais até conclusão das
obras.
Parágrafo Único - Nos andaimes é o dono da obra, obrigado a conservar
durante a noite, quer de luar ou não, um lampião aceso, e cercar os mes-
mos andaimes com tábuas até a altura de dois metros.
Art. 23 - Os que por meio de entulhos ou outro qualquer objeto obstruírem as
ruas, serão multados em 30$000, ou seis dias de prisão, e obrigados a reparar o dano
no prazo que lhe for marcado pelo Fiscal.
Art. 24 - Todo aquele que causar dano às calçadas, muros, edifícios públicos
ou particulares, plantações das ruas, praças e casas, será multado em 10$000, ou dois
dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 25 - Os donos dos prédios situados com frentes para as ruas e praças desta
cidade são obrigados a fazer dentro do prazo que lhes for marcado pela Superinten-
dência, os passeios ou testadas de suas casas.
Os contraventores incorrerão na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão
se findo o prazo não estiverem concluídos os ditos passeios, e igual pena quando
findar-se cada novo prazo que for marcado.
Parágrafo Único - Nas ruas, cuja largura for menor de 16 metros, os
passeios terão l,m50 de largura, nas em que a largura for até 24 metros
terão 2 metros e naquelas em que for de 24 a 30m, o passeio deverá ser
de 2,m50.
Art. 26 - Os passeios de que trata o art. antecedente serão formados de concre-
to coberto de uma camada de cimento com a espessura mínima de 0,02m ou lajedo
de cantaria.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 99


Art. 27 - Os moradores das casas desta cidade são obrigados a conservar sem-
pre limpos os passeios ou testadas das mesmas sob pena da multa de cinco mil réis
ou um dia de prisão e o dobro na reincidência, além de pagarem mais a limpeza que
o Fiscal mandar fazer.
Art. 28 - Aquele que destruir ou alterar de qualquer modo o nome, número e
marca das ruas, praças e casas será multado em cinco mil réis ou um dia de prisão e
o dobro na reincidência.
Art. 29 - Não se poderá edificar prédio algum com frente para as ruas e praças
desta cidade, sem platibandas. Ao infrator será imposta a multa de cinquenta mil réis
ou oito dias de prisão, e o dobro na reincidência quanto à pena pecuniária.
Art. 30 - As ruas de novo abertas e as que ainda não estão edificadas terão a
largura de 30 metros o serão em linha reta. Os quarteirões terão 132 metros de lado,
salvo quando o não permitirem as condições do terreno, devendo nesse caso o Enge-
nheiro encarregado da abertura da rua trazer o fato ao conhecimento da Superinten-
dência, que, se julgar necessário, recorrerá a Intendência a fim de resolver.
Art. 31 - Fica proibido o estabelecimento de quiosques nas ruas e praças desta
cidade sem prévia licença da Superintendência que designará o lugar onde devam ser
colocados. Ao infrator será imposta a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO II - Comodo e Segurança Pública

Art. 32 - É proibido a qualquer pessoa atirar para as ruas e praças corpos sóli-
dos ou líquidos que possam ofender ou enxovalhar a qualquer pessoa. O contraven-
tor, além de responder pelo dano que possa causar, fica sujeito à multa de vinte mil
réis ou quatro dias de prisão.
Art. 33 - O proprietário de casa, muro ou qualquer edifício que ameace ruína
ou esteja desaprumado, é obrigado dentro do prazo que lhe for marcado, a fazer a de-
molição, sob pena da multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão além das despesas
quando a demolição seja feita pela Municipalidade por conta do proprietário.
Art. 34 - Qualquer mestre de obra que edificar alguma parede ou muro sem
alicerces sólidos será multado em trinta mil réis ou seis dias de prisão e compelido a
demolir a obra a sua custa no prazo que lhe for marcado.
Art. 35 - São proibidas nas casas desta cidade, quer de particulares, quer de
propriedade pública, as janelas e portas que abram para fora e igualmente a colocação
de degraus na frente das portas que dão para as ruas sobre os passeios. Os donos das
casas que atualmente existem nestas condições são obrigados a demoli-los e a rasgar
suas portas de maneira que os degraus fiquem dentro das mesmas casas no prazo que
lhe for marcado, sob pena da multa de trinta mil réis ou quatro dias de prisão e a pa-
gar as despesas em que importar essa obra, se for mandada fazer pela Municipalidade
por conta do proprietário.
Art. 36 - Ficam proibidos os canos nos telhados que do alto precipitem à rua as

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águas pluviais. Os donos dos prédios são obrigados a colocar calhas e tubos adapta-
dos a dar esgoto às águas por dentro das paredes, de modo a despejarem nos passeios
ou nos canos de servidão dos mesmos prédios. O infrator incorrerá na multa de
trinta mil réis ou seis dias de prisão se, intimado, não fizer o melhoramento no prazo
que lhe for marcado.
Parágrafo Único - Os donos dos prédios que não tiverem bicame, são
obrigados a colocá-lo nas condições deste artigo.
Art. 37 - Não é permitido nas ruas e praças a conservação de volumes de qual-
quer qualidade que seja, mesmo do comércio, mais do que o tempo necessário para
o descanso do condutor, sob, pena da multa de cinco mil réis ou um dia do prisão.
Art. 38 - É proibido às pessoas que carregarem volumes, não só transitarem
como depositarem as cargas nos passeios das ruas e praças. Ao infrator será imposta
a multa de cinco mil réis ou um dia de prisão, e quando o depósito exceda de seis
horas será a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão, fazendo-se a remoção à
custa do dono.
Art. 39 - Os objetos, volumes ou qualquer artigo de indústria ou comércio
que forem descarrega-dos nas rampas, cais ou outros pontos da cidade, não poderão
ali ser conservados além do tempo permitido pela Alfândega, salvando-se sempre,
porém, o trânsito público, sob pena da multa de 20$000, ou quatro dias de prisão e o
dobro na reincidência, sendo a remoção feita à custa do dono.
Parágrafo Único - Para desembarque das cargas ficam designadas as
rampas - 15 de Novembro, Remédios e São Vicente.
Art. 40 - É proibido cravar-se pregos, argolas e estacas nos cais e rampas da
cidade, para amarrar embarcações, bem como, para esse fim, fincar-se nas praias do
porto, moirões ou estacas permanentes, sob pena de 5$000, ou um dia de prisão e o
dobro na reincidência, sendo as embarcações apreendidas até a satisfação da multa.
Art. 41 - Nos esteios e travessões das pontes não se prenderá bote, barco ou
qualquer embarcação, sob pena da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão, ob-
servando-se as disposições do artigo anterior.
Art. 42 - Podem conservar-se atracados as escadas e rampas, os botes, barcos
ou qualquer embarcação o tempo necessário para descarregarem ou receberem car-
gas e passageiros. Os que excederem desse tempo pagarão a multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão, sendo pequenos, e vinte mil réis ou quatro dias de prisão os de
maior calado, e apreendidos até a satisfação da multa.
Art. 43 - Fica proibido o ensino de animais com veículo ou sem ele pelas ruas,
estradas e praças da cidade, sendo permitido somente nas praças designadas pela
Superintendência. O infrator será multado em dez mil réis ou dois dias de prisão e
apreendidos os animais até a satisfação da multa.
Art. 44 - Serão multadas em dez mil réis ou dois dias de prisão as pessoas que
andarem a cavalo a galope ou à disparada pelas ruas, estradas e praças da cidade, a
exceção da força pública quando a isso for obrigada por exigência do serviço público.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 101
Art. 45 - É proibido estabelecerem-se fábricas de fogos artificiais dentro do
perímetro da cidade. Ao contraventor será imposta a multa de trinta mil réis ou seis
dias de prisão e o dobro na reincidência, quanto à pena pecuniária.
Art. 46 - Os estabelecimentos de indústrias, cujos trabalhos possam incomo-
dar os habitantes da cidade, só poderão fundar-se em lugares para esse fim destina-
dos nos subúrbios ou litoral fora dos limites urbanos. Aos que por ventura já estive-
rem montados, a Superintendência lhes marcará prazo razoável para sua remoção.
Os contraventores, quer em um, quer em outro caso serão multados em trinta mil
réis ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência, quanto à pena pecuniária.
Art. 47 - É proibido apitar-se ou usar-se dos sinais das patrulhas e rondas,
exceto no caso de pedir socorro, sob pena da multa de cinco mil réis ou um dia de
prisão.
Art. 48 - As pessoas que apagarem as luzes ou quebrarem os vidros dos lam-
piões da iluminação pública, ou causarem qualquer prejuízo nos mesmos lampiões
serão multadas em dez mil réis por cada lampião quebrado ou cuja luz seja apagada
ou dois dias de prisão, pertencendo ao denunciante metade da multa pecuniária.
Art. 49 - Não é permitido nas ruas da cidade soltar fogos de artificio denomi-
nados busca pés, carretilhas, etc. Os infratores incorrerão na multa de trinta mil réis
ou seis dias de prisão.
Art. 50 - Das nove horas da noite as cinco da manhã fica proibido acender-se
foguetes do ar, bombas, e roqueiras, exceto nos largos e praças públicas por ocasião
de regozijo público ou nacional. Os infratores incorrerão na multa de vinte mil réis
ou quatro dias de prisão.
Art. 51 - É proibido assoalhar-se roupas nas janelas, ruas, estradas, e praças, ou
armar cordas, varas, etc., para estendê-las assim como lavá-las nos lugares que não
estiverem designados pela Municipalidade.
Ao contraventor a multa de cinco mil réis ou um dia de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 52 - Ninguém poderá disparar armas de fogo ou flechas dentro da cidade
ou subúrbios. Aos contraventores será imposta a multa de dez mil réis ou dois dias de
prisão sendo de dia e vinte mil réis ou quatro dias de prisão sendo de noite, e o dobro
na reincidência.
Art. 53 - Nos subúrbios da cidade não é permitido queimar-se roçados sem
fazer-se aceiros, sob pena da multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 54 - Nas ruas, praças e estradas da cidade é proibido andar-se com es-
toque, punhal, faca, navalha, revólver, pistola, espingarda ou outra qualquer arma
perfurante, cortante, ou de fogo, luva de ferro, exceto aquelas, pessoas a quem esses
instrumentos compitam em razão de seu ofício, sob pena da multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão,
Art. 55 - Ficam proibidos os toques de sino, das oito horas da noite às cinco da
manhã, exceto os de rebate e de incêndio. O contraventor, que será o sineiro ou quem

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suas vezes fizer, pagará a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.

CAPÍTULO III - Limpeza pública

Art. 56 - Fica proibido o despejo de qualquer natureza que seja nos terrenos,
ruas, praças, pontes, rampas, e cais da cidade, sob pena da multa de dez mil réis ou
dois dias de prisão, além da limpeza ser feita à custa da pessoa que tiver feito o des-
pejo: sendo fâmulo a multa recairá em seu amo.
Art. 57 - Os donos das casas só deverão despejar as águas pluviais e servidas
para as ruas e nunca imundices de qualquer natureza. O morador do prédio onde
se der a infração sofrerá a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 58 - Ninguém consentirá de fronte ou junto a sua morada animal algum
morto, ou qualquer objeto imundo que exale mau cheiro. O morador, sob pena de
cinco mil réis de multa ou um dia de prisão, dará parte à Superintendência ou ao
Empresário da limpeza pública, para que providencie sobre a remoção.
Parágrafo Único - Sabendo-se quem era o dono do animal ou quem ali o
lançou será multado em cinco mil réis ou um dia de prisão, e a despesa
da remoção, quando a não faça, correrá por sua conta.
Art. 59 - O despejo das matérias fecais se fará na correnteza do rio em frente
à cidade e só das dez horas da noite às quatro da manhã, em vasos próprios para não
exalar mau cheiro. Os contraventores serão multados em dez mil réis ou dois dias de
prisão.
Art. 60 - É proibido conservar-se águas estagnadas ou imundices nos quintais
das casas de moradia, oficinas, tabernas, casas de pasto e hotéis, sob pena da multa de
trinta mil réis ou seis dias de prisão, além da limpeza ser feita à custa do morador ou
proprietário do estabelecimento.
Art. 61 - É proibido estreitar canos ou valas públicas e fazer obras sobre os
mesmos, incorrendo o infrator na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e
a demolição a sua custa.
Art. 62 - Nos leitos dos riachos e dos igarapés desta cidade ninguém poderá
revolver lama, deitar pedras, vidros, lixo, ou outra qualquer matéria que possa emba-
raçar a corrente das águas e alterar a pureza das mesmas ou causar dano ao público.
O contraventor incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão.
Art. 63 - Os entulhos provenientes de qualquer obra ou demolição lançados
junto as mesmas serão tirados no prazo de três dias contados daquele em que o dono
da obra for intimado pelo Fiscal.
Ao contraventor será imposta a multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão
e o dobro na reincidência, sendo a remoção feita à sua custa.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas pecuniárias incorrerão as pessoas
ou corporações a quem competir a remoção, dos entulhos que existirem

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 103
nas ruas e praças públicas.
Art. 64 - É proibido queimar-se lixo, caixão, cavacos; etc. Nas ruas e praças des-
ta cidade, sob pena de pagar o infrator a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 65 - As cocheiras e cavalariças deverão estar sempre limpas. Os fiscais são
obrigados a visitá-las frequentemente, multando os donos daquelas que não estive-
rem com o preciso asseio, ou onde hajam imundices em depósito, em trinta mil réis
ou seis dias de prisão, e o dobro na reincidência quanto à pena pecuniária.
Art. 66 - Os que forem encontrados a fazer despejos ou obstrução por meio de
cerca ou qualquer obstáculo ou entulho nos igarapés de São Vicente, Espirito Santo,
Remédios, Manaus, Bittencourt, Cachoeirinha e Cachoeira-Grande, que cortam esta
cidade, serão multados em trinta mil réis ou seis dias de prisão e o dobro na reinci-
dência.
Art. 67 - As latrinas e poços de despejo devem ser situados no lugar mais afas-
tado das ruas ou praças, incorrendo o infrator na multa de vinte mil réis ou quatro
dias de prisão, além de ser obrigado a entulhar no prazo de oito dias sob pena da
multa de cinquenta mil réis.
Art. 68 - É proibido a colocação de cartazes ou de qualquer anúncio nas pa-
redes dos prédios desta cidade. O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou dois
dias de prisão e o dobro na reincidência.

CAPÍTULO IV - Salubridade pública

Art. 69 - As rezes destinadas ao consumo público serão mortas a choupa e de-


pois sangradas. Aos contraventores será imposta a multa de vinte mil réis ou quatro
dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 70 - Os talhos fora do mercado deverão ter o chão ladrilhado e as paredes
cobertas de azulejo até a altura de 2,m50.
Art. 71 - Os ossos serão cortados com serrotes apropriados. As balanças serão
de metal amarelo ou estanhadas: o balcão será de pedra mármore ou de madeira for-
rada de zinco, trazendo-se tudo sempre bem lavado, limpo e asseado, bem como os
utensílios. Os contraventores sofrerão a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 72 - A venda da carne verde só poderá ser feita no mercado público até às
onze horas e em talhos fora do mercado até às nove horas do dia, sob pena da multa
de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 73 - É proibido abater-se para o consumo público, novilhas e vacas ainda
em estado de procriar. O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de
prisão.
Art. 74 - As pessoas que sofrerem moléstias contagiosas não poderão ser em-
pregadas nos serviços dos talhos. Os contraventores, que são os donos deles, pagarão
a multa de trinta mil réis ou seis dias prisão.
Art. 75 - As vacas infecundas ou impróprias para a produção só poderão ser

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abatidas precedendo licença da Superintendência. O contraventor incorrerá nas pe-
nas do artigo 76.
Art. 76 - É igualmente proibida a matança de touros para o consumo público.
O contraventor incor-rerá na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão por
cada um e o dobro na reincidência.
Art. 77 - As carnes e mais comestíveis para o consumo que estiverem dete-
rioradas, ou forem julgadas prejudiciais a saúde pública, serão lançados ao rio, ou
enterrados e seus donos multados em vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro
na reincidência .
Art. 78 - É proibido lançar ou botar timbó ou outras ervas e leites venenosos
nos lagos, riachos, igarapés e rios, para matar peixe, sob pena da multa de cinquenta
mil réis ou oito dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 79 - As pessoas alienadas ou afetadas de moléstias contagiosas, não po-
derão transitar pela cidade e as que, por falta de meios, não poderem ser tratadas em
suas casas, a Superintendência as mandará recolher a algum lugar para isso designa-
do.

CAPÍTULO V - Das casas comerciais e venda de gêneros

Art. 80 - Ninguém poderá abrir ou conservar abertas casas de comércio, fá-


bricas, oficinas, boticas, drogarias, casas de saúde, açougues, padarias, hotéis, casas
de jogos não proibidos, escritórios comerciais, armazéns, trapiches de depósito, ou
qualquer estabelecimento, sem Alvará de licença da municipalidade, o qual será pas-
sado a vista de documentos que provem terem sido pagos os impostos estaduais e
municipais do exercício em que tiver de ser dada a licença.
O infrator incorrerá na multa de dez mil réis ou dois dias de prisão e o dobro
na reincidência.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerão os que em particular
venderem gêneros sem a competente licença, bem como aqueles que
em seus estabelecimentos fizerem venda de gêneros de que não tenham
pago o imposto.
Art. 81 - Nos meses de Janeiro a Março de cada ano terá lugar o pagamento dos
impostos municipais de todas as casas comerciais; oficinas e mais estabelecimentos,
assim como se fará a aferição dos pesos, balanças e medidas.
§ 1º - Se os impostos não tiverem sido pagos no prazo acima serão co-
brados com mais a multa de 10 % sobre o valor das mesmas, de Abril a
Junho; de 20 % de Julho a Setembro; de 30 % de Outubro a Dezembro e
daí em diante 50 %.
§ 2º - As casas comerciais e mais estabelecimentos que se abrirem depois
do Mês de Março tirarão suas licenças, sem multa alguma dentro de
três meses contados do dia de sua abertura. Os que assim o não fizerem

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 105
ficam sujeitos às multas deste artigo.
Art. 82 - Os estabelecimentos comerciais conservarão fechados aos Domingos.
O infrator incorrerá na multa de trinta mil réis ou seis dias de prisão e o dobro na
reincidência quanto a pena pecuniária.
Art. 83 - Pelos padrões da Intendência Municipal deverão ser aferidas as me-
didas pesos e balanças, que tiverem de ser empregadas na venda de mercadorias. Os
contraventores serão multados em vinte mil réis ou quatro dias de prisão, se feita a
aferição não estiverem exatos, e o dobro na reincidência.
Art. 84 - Sob pretexto algum poderá o aferidor recusar-se a aferir as medidas,
pesos e balanças que para isso lhe forem apresentados, e as pessoas que se julgarem
prejudicadas nesse ramo de serviço farão suas reclamações a Superintendência para
atender. O aferidor pagará a multa de dez a trinta mil réis quando provar-se a sua
negligencia no cumprimento de seus deveres.
Art. 85 - As casas de comércio só poderão conservar-se abertas até ás nove
horas da noite e as casas de jogos lícitos e botequins até meia noite, sob pena da multa
de vinte mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na reincidência.
Art. 86 - As boticas e drogarias poderão estar abertas até meia noite e seus
donos são obrigados a abri-las a qualquer hora para prepararem os remédios que lhe
forem pedidos, e no caso de infração testemunhada pagarão a multa de trinta mil réis
ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência quanto a pena pecuniária.
Art. 87 - Fica proibido aos boticários droguistas venderem remédios ou drogas
corruptas, falsificadas ou inutilizadas, bem como introduzirem nos preparados ou
remédios mais ou menos drogas ou substancias diversas do que as mencionadas na
receita ou pedido, sob pena da multa de cinquenta mil réis ou oito dias de prisão e o
dobro na reincidência quanto a pena pecuniária.
Parágrafo Único - Também é vedado aos mesmos boticários ou droguis-
tas, venderem a pessoas desconhecidas drogas venenosas, sem fórmula
ou receita de médico, sob pena da multa do art. antecedente, além de
outras em que possa incorrer pelas leis em vigor.
Art. 88 - O pão exposto a venda terá o peso fixo de 64, 128, 256, 384 gramas e
será preparado com farinha de 1a qualidade e com água potável bastante pura, sob
pena do padeiro pagar a multa de 20$, ou quatro dias de prisão e o dobro na reinci-
dência.
Art. 89 - As pessoas que venderem bebidas espirituosas a quem já estiver em-
briagado incorrerão na multa de 10$000, ou dois dias de prisão.
Art. 90 - O vasilhame empregado na venda de líquidos e de gêneros alimentí-
cios deverá estar sempre limpo e não será de metal cujo oxido seja nocivo.
Ao contraventor será imposta a multa de 10$000 ou dois dias de prisão e o
dobro na reincidência.
Art. 91 - É proibido misturar água com leite, vinho e bebidas espirituosas que
tenham de ser vendidas ao público. O infrator incorrerá na multa de 10$000, ou dois

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dias de prisão.
Art. 92 - O marchante ou picador de carne verde que por capricho ou má
vontade recusar a alguém a venda desta, quando exposta para esse fim em talhos
públicos, ou não guardar nas mesmas vendas as devidas proporções, quando a carne
não for suficiente para satisfazer a todos, sofrerá a multa de 20$000, ou quatro dias
de prisão.
Art. 93 - Os que misturarem ingredientes nocivos nas bebidas ou líquidos que
venderem, ficam sujeitos a multa de 50$000, ou oito dias de prisão.
Art. 94 - Compete aos fiscais frequentarem, examinarem os estabelecimentos
comerciais de molhados, embarcações, ou qualquer outro depósito, não só relativa-
mente a qualidade dos gêneros alimentícios, como as balanças pesos e medidas.
Parágrafo Único - Quando parecer aos fiscais que alguns gêneros estão
deteriorados ou arruinados ou são prejudiciais a saúde pública, convi-
darão ao medico da municipalidade para examina-los e informar sobre
o seu estado.
Art. 95 - Aqueles gêneros que estiverem deteriorados ou que forem prejudi-
ciais a salubridade pública, segundo o parecer do médico da municipalidade, serão
pelos mesmos fiscais mandados lançar ao rio pagando o dono a multa de 20$000, ou
quatro dias de prisão e as despesas que se fizeram.
Art. 96 - Toda a pessoa que for encontrada fazendo ou cometendo qualquer
negócio fraudulento, vendendo objetos falsos por verdadeiros, será multada em
50$000, ou oito dias de prisão, lavrando-se auto de infração para ser enviado a auto-
ridade competente.
Art. 97 - Os donos das padarias ou das fábricas, de que provenham fumaça ou
luzes insalubres ou cheiro desagradável são obrigados a ter chaminés e estas com al-
tura nunca menor de quatro metros acima do telhado, sob pena da multa de 30$000,
ou seis dias de prisão; e, toda a vez que trinta dias depois da intimação do fiscal não
tiver comprido esta disposição, pagará em dobro a multa pecuniária.
Art. 98 - As carroças que conduzirem carne verde do matadouro público, ao
Mercado, serão construídas de acordo com o modelo fornecido pela Superintendên-
cia Municipal.
Art. 99 - É proibido apresentarem-se nos estabelecimentos comerciais os res-
pectivos donos ou empregados com vestes indecentes, imundos, seminus ou unica-
mente de camisa de meia, sob pena da multa de 10$000, ou dois dias de prisão.
Art. 100 - Nas mesmas penas do art. antecedente incorrerão os donos das pa-
darias e casas de pasto ou seus empregados que nos balcões, salões etc., se apresenta-
rem ao publico nas condições do referido art.
Art. 101 - Não é permitido estacionar nas ruas e praças desta cidade a vender
redes, calçados, quinquilharias, etc. Os contraventores pagarão a multa de 10$000, ou
dois dias de prisão.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 107
CAPÍTULO VI - Comércio de travessia e materiais inflamáveis

Art. 102 - Fica proibido o comércio de travessia e as pessoas que nele se em-
pregarem nas praias, portos, e subúrbios da cidade, ou que forem encontrar as ca-
noas dos roceiros, a fim de comprarem gêneros destinados para o consumo público,
fazendo deles monopólio, para depois os vender incorrerão na multa de 30$000, ou
seis dias de prisão.
Art. 103 - As tartarugas e farinhas não se poderão vender por atacado, senão
nos casos determinado no Regulamento do Mercado Público. O infrator incorrerá na
multa de 30$000, ou seis dias de prisão.
Parágrafo Único - Para os efeitos deste art. é reputá-la compra e venda
por atacado, a que compreender lote maior de quatro tartarugas ou de
seis paneiros de farinha.
Art. 104 - Os guardas municipais serão empregados na ronda do porto em
frente a cidade, para velar no cumprimento deste Código, de acordo com os fiscais,
os quais também são obrigados a rondar o litoral.
Art. 105 - É proibido ter depósito de pólvora, querosene, nafta ou de qualquer
gênero ou líquido inflamável na cidade ou seus subúrbios ou dentro de um raio de
três quilômetros. O depósito de tais matérias será feito no Pontão da municipalidade,
mediante guia extraída na mesma antes de ser efetuado o depósito. A retirada dos
inflamáveis do mesmo depósito só poderá ser feita por ordem da Superintendência à
requisição dos interessados. O infrator pagará a multa de trinta mil réis ou seis dias
de prisão.
Art. 106 - Cada casa de comércio poderá ter para vender a retalho até dez
caixas ou um barril de querosene e um barril de pólvora. Os contraventores ficam
sujeitos a multa de 30$000 mil réis ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência,
quanto á pena pecuniária.
Art. 107 - As disposições dos artigos 103 e 105 também são aplicáveis dentro
do Mercado Público.

CAPÍTULO VII - Ofensas à moral pública

Art. 108 - Todo aquele que insultar com palavras ou ações a qualquer pessoa,
será multado em 20$000 mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 109 - É proibido nas ruas e praças e estradas dar gritos, pronunciar pala-
vras obscenas, fazer alaridos, vozerias, assuadas e correrias, sem ser para pedir so-
corro ou capturar algum criminoso. Sendo de dia o infrator incorrerá na multa de
10$000 mil réis ou dois dias de prisão, e sendo de noite no dobro dessa pena.
Art. 110 - Aquele que for encontrado escrevendo ou fazendo dísticos e figuras
indecentes, ou colocando pasquins e escritos imorais em qualquer edifício ou lugar
será multado em 50$000 mil réis ou oito dias de prisão, além das penas em que in-

108 | 08. Manaus (1893) - Lei nº 23 de 6 de maio – Promulga o Código Municipal


correr pelas leis criminais.
Art. 111 - O que borrar, inutilizar, rasgar ou arrancar edital de qualquer auto-
ridade fica sujeito à multa de 20$000 mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 112 - É proibido andar-se seminu ou indecentemente vestido pelas ruas,
praças e estradas da cidade sob pena da multa de 10$000 mil réis ou dois dias de
prisão.
Art. 113 - São proibidos os banhos de dia nos igarapés e litoral desta cidade ou
em qualquer lugar público sem estar a pessoa vestida de modo a não ofender a moral
pública, sob pena de 20$000 mil réis de multa ou quatro dias de prisão.
Art. 114 - São proibidos os banhos, quer de dia, quer de noite, nas torneiras do
encanamento de água potável que se encontram pelas ruas, praças e estradas desta
cidade, sob pena da multa de 20$000 mil réis ou quatro dias de prisão: sendo meno-
res os infratores serão responsáveis pela multa os pais, tutores ou amos dos mesmos.
Art. 115 - Aquele que abrir e deixar abertas as torneiras do encanamento de
água potável, estragando por esta forma a água ou molhando as ruas, praças e estra-
das da cidade será multado em 15$000 mil réis ou três dias de prisão.
Art. 116 - Aquele que praticar atos imorais em qualquer lugar público será
multado em 20$000 mil réis ou quatro dias de prisão.

CAPÍTULO VIII - Dos carros e carroças

Art. 117 - Nos meses de Janeiro a Março de cada ano se matricularão na Supe-
rintendência Municipal todos os carros, seges, carruagens ou outro qualquer veículo
de condução de cargas, água etc. Os carros e carroças de carga terão uma chapa de
metal, com o número da matrícula pregada em um dos varais; os carros de transporte
de passageiros terão esse número escrito na parte posterior da caixa, com tinta de cor
que seja bem visível sobre a da mesma caixa e com algarismo de, pelo menos doze
centímetros de altura. Aos infratores será imposta a multa de 20$000 mil réis ou qua-
tro dias de prisão, e o dobro na reincidência.
Art. 118 - As seges, carros, carroças, etc., que forem postos em serviço depois
do mês de Março serão matriculados nessa ocasião e sujeitos às disposições do artigo
anterior.
Art. 119 - Os condutores de carros, carroças ou veículos de carga deverão tra-
zer seus animais enfreados e guiá-los pela arreata, afim de não ofenderem a pessoa
alguma, desviando-se de outro carro, que encontrarem, a distância conveniente. O
infrator incorrerá na multa de 10$000 mil réis ou dois dias de prisão e o dobro na
reincidência.
Art. 120 - Aos carros e carroças de cargas é vedado todo o tráfego nos domin-
gos e das seis horas da tarde às cinco da manhã nos dias úteis, sob pena da multa de
20$000 mil réis ou quatro dias de prisão.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 109
Art. 121 - Nos casos de urgência e indeclinável necessidade o Superintenden-
te Municipal poderá conceder, por algumas horas dos dias mencionados no artigo
antecedente, permissão aos carros e carroças para se empregarem em certos e deter-
minados serviços.
Art. 122 - Os condutores de carros ou outro qualquer veículo de condução de
lixo, estrumes, matérias fecais etc., não as deixarão derramar pelas ruas e praças e
quando se dê tal caso deverão limpá-las imediatamente. Ao contraventor será impos-
ta a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 123 - Os carros e carroças só poderão andar a passo. As seges e carros de
passageiros só poderão andar a trote e a noite terão duas lanternas acesas. Os contra-
ventores pagarão a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 124 - Os donos dos carros e carroças que chiarem nas ruas e praças da
cidade serão multados em cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 125 - Nos carros, ou qualquer veículo não se empregarão animais dema-
siadamente magros, doentes, feridos ou que não estejam ainda amestrados para esse
serviço. Ao contraventor será imposta a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 126 - É proibido carregar os animais com excessivo peso, pena da multa
de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 127 - Os condutores de qualquer veículo não poderão nas ruas e praças
desatrelar os animais que conduzirem os mesmos, a menos que não seja para subs-
tituí-los por outros. Quando tiverem de descarregar os veículos só será permitido
fazê-lo a mão e de modo que não estraguem ou danifiquem as calçadas, Aos contra-
ventores será imposta a multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 128 - Os donos dos carros ou outro qualquer veículo que for encontrado
abandonado ou estacionado em lugar que não for designado pela Municipalidade
para esse fim, serão multados em cinco mil réis ou um dia de prisão e obrigados a
removê-lo imediatamente para a estação competente ou a pagar a despesa que com
isso se fizer.
Art. 129 - Os carros, de qualquer natureza, só poderão transitar pelo centro
das ruas, ou estradas, sendo proibido passar por cima dos passeios. O infrator incor-
rerá na multa de vinte mil réis ou quatro dias de prisão.
Art. 130 - Serão apreendidos em flagrante até a satisfação da multa os carros e
animais pelas infrações de que trata este capítulo.

CAPÍTULO IX - Dos animais

Art. 131 - É proibido espancar-se animais, quer com carga ou sem ela, sob
pena da multa de dez mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 132 - Os cavalos não atrelados a carros, ou que não estejam servindo de
montaria só poderão ser conduzidos pelo cabresto. O contraventor incorrerá na mul-
ta de cinco mil réis ou um dia de prisão.

110 | 08. Manaus (1893) - Lei nº 23 de 6 de maio – Promulga o Código Municipal


Art. 133 - É proibido prender cavalos ou outros animais às paredes, portas,
pontes, cercas e moirões ou conservá-los nas ruas e praças públicas sob qualquer
pretexto. O infrator será multado em cinco mil réis ou um dia de prisão.
Art. 134 - É proibida a divagação de gado vacum e cavalar pelas ruas e praças
da cidade: os que forem encontrados serão apreendidos e depositados no matadouro
público até serem reclamados dentro do prazo de três dias, pelos seus donos, que pa-
garão a multa de dez mil réis e as despesas que houverem sido feitas com apreensão
e sustento dos mesmos animais.
§ 1º - Da mesma forma se praticará com o gado lanígero, suíno ou ou-
tros animais, sendo, porém a multa de cinco mil réis, além das despesas.
§ 2º - Os animais apreendidos, que não forem reclamados no prazo de
três dias, serão vendidos em hasta pública pelo porteiro da Superin-
tendência Municipal, precedendo editais assinados pelo Secretário da
mesma Superintendência, e de seu produto será paga a multa e despesas
sendo o restante, quando houver, entregue ao dono do animal.
Art. 135 - Permite-se nos subúrbios da cidade pastarem vacas leiteiras acom-
panhadas de vigias e as que forem encontradas sem eles, serão apreendidas para pro-
ceder-se conforme o disposto no art. antecedente.
Art. 136 - Em terras agrícolas não se poderão soltar animais que possam cau-
sar dano às planta-ções, sob pena de 10$000 de multa ou dois dias de prisão, além da
indenização do prejuízo causado.
§ 1º - Os donos das terras invadidas farão apreender os animais e reme-
ter ao fiscal para proceder conforme dispõe o art. 134.
§ 2º - Quando o animal não possa ser apreendido por ser bravo, e depois
de certificar-se o fiscal desta ocorrência, será morto e o mesmo fiscal
providenciará sobre a entrega ao dono que pagará as despesas e multa
em que tiver incorrido.
Art. 137 - Os lavradores heróis (sic) confinantes com fazenda de criação de
gado são obrigados a fazerem nos aceiros de suas roças, cercados de madeira, a fim de
evitar a invasão dos animais, sob pena de 20$000, de multa ou quatro dias de prisão.
Art. 138 - Os lavradores que tiverem suas roças nas condições do art. antece-
dente e que sejam invadidas por qualquer animal pertencente às fazendas circunvi-
zinhas, terão direito a serem indenizados pelo dono da respectiva fazenda de acordo
com as leis vigentes.
Art. 139 - Nas ruas, praças e estradas da cidade não podem divagar animais
bravos, ou ferozes que possam causar dano, sem serem presos e guiados por quem os
possa conter. O infrator pagará a multa de 30$000 mil réis ou seis dias de prisão e na
reincidência o animal será morto.
Art. 140 - É proibido a criação de porcos pelas ruas e praças desta cidade,
assim como tê-los em chiqueiros nos quintais das casas. Os que forem encontrados
vagando pelas ruas e praças serão apreendidos e conduzidos ao Matadouro Publico

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 111
e com eles se procederá na forma do art. 134; os donos ou inquilinos das casas em
cujos quintais forem eles encontrados enchiqueirados, pagarão a multa de 5$000 mil
réis por cabeça e o dobro na reincidência.
Art. 141 - Os animais destinados para o consumo da população, só poderão
desembarcar no Matadouro público sob pena da multa de 5$000 mil réis por cada
um.
Art. 142 - Não poderá se expor à venda para consumo publico, carne de porco
ou carneiro se esses animais não forem abatidos no Matadouro publico.
O infrator pagará a multa de 10$000 mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 143 - É proibido matar urubus. O infrator incorrerá na multa de 5$000,
ou um dia de prisão.
Art. 144 - Os cães que não andarem açaimados serão também apreendidos
para se lhes dar o destino que a Municipalidade julgar conveniente, desde que não
sejam reclamados pelos seus donos, que pagarão a multa de 5$000 mil réis. Quando
a apreensão não for possível serão mortos com as devidas cautelas pelos meios mais
eficazes.
Art. 145 - São proibidos os jogos de paradas de qualquer denominação e as
rifas, embora efetuadas como loterias: somente são permitidos os jogos de rasa o
bilhar, tabola e quino. Os donos casas ou estabelecimentos em que houverem jogos
proibidos, serão multados em 30$000 mil réis ou seis dias de prisão e cada jogador
em 10$000 mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 146 - Os donos das casas de jogos permitidos, ou de qualquer outro esta-
belecimento comercial não permitirão nelas a reunião de pessoas que possam causar
distúrbios, nem dos que estiverem em estado de embriaguez. Os que consentirem em
tal serão multados em 20$000 mil réis ou quatro dias de prisão e o dobro na reinci-
dência.
Art. 147 - É proibido o jogo do pincho, assim como o de atirar chumbos ou
pedras por meio de baladeiras, pelas ruas, praças e estradas desta cidade, sob pena da
multa de 5$000 mil réis ou um dia de prisão: se o contraventor for de menor idade,
pagarão a multa os seus pais, tutores ou amos.
Art. 148 - É proibido andar-se pelas ruas e lugares públicos a jogar entrudo, ou
lançar sobre os transeuntes alguma coisa que possa prejudicá-los, sob pena da multa
de 10$000, ou dois dias de prisão.
Art. 149 - Permite-se as mascaradas e danças carnavalescas de modo que não
ofendam a moral e tranquilidade pública e não contenham alusão a religião alguma,
as autoridades, congregações ou a qualquer pessoa, sob pena da multa de 10$000 mil
réis ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - Pelas ruas, praças e estradas da cidade não se andará
com mascaras na cara depois de anoitecer, salvo tendo para isso licença
por escrito da autoridade policial. O infrator será multado em 10$000
mil réis ou dois dias de prisão.
Art. 150 - São proibidos os bailes públicos mascarados e passeios de máscaras

112 | 08. Manaus (1893) - Lei nº 23 de 6 de maio – Promulga o Código Municipal


fora do tempo de carnaval. O infrator incorrerá na multa de 30$000 mil réis ou seis
dias de prisão.
Parágrafo Único - O tempo de carnaval de que trata este art. é o decor-
rido desde o dia dois de fevereiro até ao amanhecer do de quinze do
mesmo mês.
Art. 151 - Não são permitidos nesta cidade os chinfrins e bailes públicos sem
licença da Superintendência Municipal. Os infratores, que serão os donos ou mora-
dores das casas onde tiverem lugar tais divertimentos, incorrerão na multa de 30$000
mil réis ou seis dias de prisão.

CAPÍTULO XI - Das esmolas, vadios e vagabundos

Art. 152 - Só é permitido tirar esmolas neste município:


1º - Aos indivíduos que estiverem completamente impossibilitados de traba-
lhar;
2º - As viúvas, órfãos ou pessoas que ficarem por qualquer desastre reduzidos
á indigência;
3º - Para auxílio de qualquer calamidade pública.
4º - Para festas religiosas ou de regozijo público.
Os infratores incorrerão na multa de 10$000, ou dois dias de prisão.

CAPÍTULO XII - Disposições gerais



Art. 153 - É proibido dentro do patrimônio municipal, roçar ou apossar-se de
qualquer porção de terreno baldio, sem que pela municipalidade tenha sido conce-
dido por aforamento.
O infrator incorrerá na multa de 30$000, ou seis dias de prisão, além de perder
o trabalho que tiver feito no terreno.
Art. 154 - Fica proibido sem licença da municipalidade, o corte de árvores fru-
tíferas, ou não e de madeira de lei ou de construção na área patrimonial excetuando-
se nas posses aforadas ou isentas de foro que se acharem encravadas na mesma área.
O infrator incorrerá na multa de 20$000, ou quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - Nas proibições deste art. compreende-se em todo o
município, o corte ou a derrubada de árvores de açaís, bacabas, patauás,
sorvas, dendês e outras árvores cujos frutos sejam utilizados pela po-
pulação, sem prévia licença da autoridade municipal da localidade, do
distrito a que pertencer a mata.
Ao contraventor será imposta a multa de 5$000 por cada árvore cortada, ou
dois dias de prisão; excetuando-se desta proibição o proprietário particular das plan-
tações ou matas.
Art. 155 - São proibidas as tapagens nos lagos e igarapés e paraná-mirins para

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 113
lanceação do peixe-boi, pirarucu ou tartarugas.
O infrator incorrerá na multa de 30$000, ou dois dias de prisão.
Parágrafo Único - Nas proibições deste artigo não se compreendem as
pequenas tapagens denominadas cacuris nas margens dos rios ou nos
lugares conhecidos por igapós, contando que tenham pagado a com-
petente licença, não impeçam o trânsito público e não excedam esses
cacuris de um, para cada família residente na circunvizinhança desses
lugares.
Art. 156 - É proibida a pesca denominada de ESPINHEL em qualquer parte
do município.
Ao contraventor será imposta a multa de 20$000 ou quatro dias de prisão e o
dobro na reincidência.
Art. 157 - É proibido nos lagos, igarapés e paranás-mirins do município a lan-
ceação com redes denominadas de arrastão. O infrator incorrerá na multa de 30$000,
ou seis dias de prisão e o dobro na reincidência, quanto á pena pecuniária.
Art. 158 - Fica proibido o emprego de bombas de dinamite para pegar peixe.
O infrator incorrerá na multa de 20&000, ou quatro dias de prisão.
Art. 159 - Tudo quanto for prejudicial à saúde pública, será apreendido e inu-
tilizado.
Art. 160 - A autoridade dos fiscais, no caso de infração deste Código, é exten-
siva a todo o município: eles são responsáveis pelo exato cumprimento das determi-
nações do mesmo Código.
Art. 161 - Os que se negarem a prestar auxílios aos fiscais no cumprimento das
disposições deste Código, ficam sujeitos a multa de 10&000, ou dois dias de prisão.
Art. 162 - Se a contravenção tiver lugar no interior da casa do cidadão, o fiscal
fará denuncia por escrito à Superintendência, a fim de remetê-la a autoridade com-
petente para proceder como for de direito.
Art. 163 - Em todos os casos de multa, só se efetuará a prisão se o multado não
quiser ou não puder pagar a multa.
Art. 164 - Os fiscais, no exercício de suas funções, são responsáveis pelos pre-
juízos que causarem, quer à municipalidade por sua negligência, quer aos particu-
lares por dolo etc., e serão multados na quantia de 30$000, pela Superintendência
Municipal, além de indenizarem o prejuízo que houver.
Art. 165 - Todo aquele que desautorizar os fiscais no cumprimento de seus de-
veres, será multado em 50$000, ou oito dias de prisão, além de indenizar os prejuízos
que com tal procedimento tiver causado.
Art. 166 - Os empregados a quem incumbe a execução do presente Código,
requisitarão às autoridades civis ou militares todo o auxilio que lhes for mister para o
cumprimento das disposições do mesmo.
Art. 167 As disposições deste Código, para as quais não houver prazo marca-
do, começarão a ser postas em vigor quinze dias depois de sua publicação.

114 | 08. Manaus (1893) - Lei nº 23 de 6 de maio – Promulga o Código Municipal


Manaus, 6 de Maio de 1893.
Antônio G. P. de Sá Peixoto, Presidente.
Raymundo Nunes Salgado, Vice-presidente
José Policarpo de Sousa
Antônio Joaquim Nunes
José Irineu de Souza
Ignácio Ribeiro Pessoa Netto.

FONTE: Instituto Geográfico Histórico do Amazonas (IGHA) - Intendência Municipal. Manaus, Typ.
do “Amazonas”, 1898.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 115
09. Manaus (1896)
Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896,
mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de dezembro de 1904.

Lei nº 369 de 10 de dezembro de 1904

Autoriza a Superintendência a permitir que o fiscal Joaquim Antunes da Silva,


mande reeditar e por conta própria exponha à venda o Código de Posturas e leis que
lhe forem referentes, sem ônus para a Municipalidade.
O Dr. João Coelho de Miranda Leão, superintendente municipal de Manaus,
por substituição legal, etc.
Faço saber a quem o conhecimento desta pertencer, que a Intendência Munici-
pal em sua 4.ª reunião ordinária do corrente ano promulgou a seguinte.

LEI

Art. 1º - Fica a Superintendência autorizada a permitir que o fiscal desta mu-


nicipalidade, Joaquim Antunes da Silva mande reeditar e por conta própria exponha
à venda o Código de Posturas e leis que lhe forem referentes, sem ônus algum para os
cofres municipais, cumprindo-lhe fornecer gratuitamente ao arquivo da Intendência
cinquenta exemplares da edição reeditada.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.
Paço da Intendência Municipal de Manaus, 10 de dezembro de 1904.
João Coelho de Miranda Leão

Nesta Secretaria foi a presente lei publicada.


Secretaria da Superintendência Municipal de Manaus, 10 de dezembro de
1904.

O SECRETARIO
Elviro Dantas Cavalcante

116 |
INTENDÊNCIA MUNICIPAL
Lei nº 49, de 24 de Novembro de 1896
Promulga o Código de Posturas Municipais

CAPÍTULO I - Das infrações

Art. 1º - Toda ação ou omissão contrária às disposições e posturas municipais


será punida com as pensa de multa até um conto de réis, ou até 20 dias de prisão,
quando houver impossibilidade de pagamento ou formal recusa dos infratores.
Art. 2º - Os pais, tutores, curadores e patrões são responsáveis pelo pagamento
das multas em que incorrerem seus filhos menores, tutelados e curatelados, empre-
gados, ou pessoas a seu mando.
Art. 3º - Nos casos de reincidências, as penas por infração das posturas muni-
cipais serão aplicadas em dobro, salvo sendo menor infrator.
Art. 4º - A multa poderá ser comutada em prisão, atendendo-se para a efetivi-
dade desta à gravidade do caso a punir.

CAPÍTULO II - Ruas e terrenos

Art. 5º - Os donos de terrenos nesta cidade e subúrbios são obrigados a conser-


vá-los limpos de matos, imundícies, etc. O infrator pagará a multa de 5$000 réis por
metro linear de terreno que não estiver limpo.
Art. 6º - Os terrenos nos bairros da Cachoeira Grande, Cachoeirinha e Mocó,
na parte arruada, e os das ruas que não se acharem compreendidas no seguinte ar-
tigo, deverão ser murados ou cercados dentro do prazo de seis meses, contados da
publicação da presente lei, sob pena de multa de 300 réis por metro linear de frente e
ao dobro se o não murar ou cercar dentro de três meses da data da intimação.
Art. 7º - Os terrenos compreendidos nas ruas Municipal até a ponte, Marechal
Deodoro, 7 de Dezembro até Ramos Ferreira, Marcílio Dias, Theodoreto Souto, Dr.
Moreira, Independência, S. Vicente, Instalação, Matriz, 24 de Maio, Saldanha Mari-
nho até o Igarapé de Manaus, Henrique Martins, Joaquim Sarmento, Demétrio Ri-
beiro, Marquês de Santa Cruz, Barés, Tesouro, Andradas, Leovegildo Coelho, Quin-
tino Bocaiuva, Barroso, José Clemente, 10 de Julho, Henrique Antony, Afonso de
Carvalho, Costa Azevedo, Tapajós até a rua Ramos Ferreira, Boa Vista, Ramos Ferrei-
ra da Praça 5 de Setembro à rua Tapajós, José Paranaguá e Lima Bacury; nas praças 15
de Novembro, República, Tamandaré, Constituição, S. Sebastião, Remédios, General
Osório, Tenreiro Aranha e 5 de Setembro; Avenidas Eduardo Ribeiro e Estrada Epa-
minondas até a rua Leonardo Malcher, devem ser limpos e murados, com aparência
exterior da casa, de acordo com o Código, dentro do prazo de 120 dias, contados da
data da publicação desta lei. O proprietário que não satisfazer esta condição pagará
anualmente o imposto de 20$000 réis por metro linear de frente de terreno e o dobro

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 117
cada ano que se seguir; imposto que a Superintendência cobrará amigavelmente ou
judicialmente, se preciso for.
Parágrafo Único - A obrigatoriedade de construir muros nos termos
deste artigo só poderá ser exigida nas ruas que estiverem devidamente
niveladas.
Art. 8º - Em todo o litoral da cidade é proibido fazer escavações, quebrar ou
tirar pedras, máxime aquelas que seguram os barrancos e impedem as escavações
pelas águas pluviais. O infrator incorrerá na multa de 40$000 ou cinco dias de prisão.
Art. 9º - Nos lugares públicos não é absolutamente permitido tirar terra, areia
ou barro, sem a competente licença do Superintendente. O infrator pagará 30$000
réis de multa ou sofrerá quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - Nos lugares designados para extração destes materiais
não será permitido fazer cortes que possam prejudicar as propriedades
e os terrenos vizinhos ou a segurança pública. O contraventor pagará a
multa de 40$000 réis ou sofrerá quatro dias de prisão e fará o trabalho
para reparar os ditos prejuízos.
Art. 10º - É proibida a abertura de buracos nas ruas, praças, rampas etc., para
fincar paus, levantar andaimes ou outra qualquer obra, sem prévia licença do Supe-
rintendente. O infrator incorrerá na multa de 30$000 réis ou sofrerá 4 dias prisão.
Art. 11 - Todo o fosso ou escavação que se fizer nas ruas, etc. para execução de
qualquer serviço, será defendido por uma grade de madeira da altura de um metro,
convenientemente travada, sob pena de 20$000 réis de multa e o dobro na reincidên-
cia.
§ 1º - O aterro para tapamento de fosso ou escavação far-se-á por cama-
das de [0,m20] e bem socadas.
§ 2º - Os fossos ou aberturas, além da grade, serão à noite guardados
por uma lanterna, sob pena de multa de 20$000 réis e o dobro na rein-
cidência.
Art. 12 - Todo aquele que fizer escavações para qualquer fim na via pública,
terminado o serviço é obrigado a nivelar e calçar o terreno, à sua custa, deixando-o
nas condições encontradas, sob pena da multa de 20$000 réis ou 3 dias de prisão.
Parágrafo Único - Ficará o dono do trabalho executado responsável du-
rante um ano por qualquer diferença de nível que suceder, fazendo o
serviço à sua custa, sob as penas do serviço antecedente.
Art. 13 - Só de modo que não incomode os transeuntes, e sem que suje a pas-
sagem pública, se permitirá a condução de cal, terra, barro e palha nas ruas da cidade;
ao infrator se multará em 15$000 réis, ou um dia de prisão.
Art. 14 - Os entulhos provenientes de edificação, reedificação, demolição, etc.,
de prédios urbanos, serão depositados juntos da obra, devendo, porém, ser removi-
dos sucessivamente, sem que liguem amontoados por mais de 48 horas; ao infrator
se multará em 40$000 réis.

118 | 09. Manaus (1896) - Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de
dezembro de 1904.
Art. 15 - Nos andaimes é o dono da obra obrigado a conservar durante toda
a noite um lampião aceso e a cercar os mesmos andaimes com táboas até a altura de
dois metros tapamento este que não poderá exceder a largura dos passeios; o infrator
pagará a multa de 20$000 réis.
Art. 16 - Os cercados ou andaimes permitidos para efeito de construção, serão
tirados 24 horas depois de concluída a obra ou quando esta ficar parada por mais de
4 meses consecutivos, ficando seus donos obrigados a reparar o lugar nas condições
encontradas; ao infrator 50$000 réis de multa, podendo a Intendência fazer serviços,
reparar o calçamento, tudo por conta do dono da construção.
Art. 17 - Aquele que destruir ou alterar de qualquer modo o nome, número e
marco das ruas, praças, casas etc., pagará a multa de 100$000 réis.
Art. 18 - As ruas de novo abertas e as que ainda não estão edificadas terão a
largura de 30 metros e serão em linha reta quanto possível.
Parágrafo Único - Os quarteirões terão cento e trinta e dois metros de
lado, salvo quando o não permitirem as condições do terreno, devendo,
neste caso, o engenheiro encarregado da abertura da rua, trazer o fato ao
conhecimento da Superintendência que, se julgar necessário, recorrerá
à intendência para resolver.
Art. 19 - O estudo de alinhamento de uma rua compreenderá forçosamente o
nivelamento.
Art. 20 - Todo o proprietário de terreno é obrigado a numerá-lo, como as ca-
sas, salvo quando fizerem tais terrenos parte de algum prédio como serventia. Neste
caso, quando mais tarde sejam edificados os terrenos, dar-se-lhes-á o número do
prédio que lhe ficar contíguo, distinguindo-se com a letra alfabética.
§ 1º - Nas ruas a numeração começará do lado meridional para o seten-
trional e nas travessas da ocidental para a oriental, ficando os números
pares à direita e os impares a esquerda.
§ 2º - A numeração de terrenos que não fizerem parte de serventia de
prédios, será feita como a numeração de casas, pelo arrematante desse
serviço, e pago pelo preço da arrematação.
Art. 21 - O proprietário de terreno cujo nível for inferior ao da rua, fica obri-
gado a construir muro de tijolo ou pedra para impedir desabamento.
Art. 22 - Não será permitido nas ruas e praças a conservação de volumes de
qualquer natureza, mesmo do comércio, mais do que o tempo necessário para des-
canso do condutor; ao infrator a multa de 10$000 ou um dia de prisão.
Art. 23 - É proibido transitar com volumes ou carros pelos passeios das ruas e
praças, bem como andar em velocípedes ou bicicletas nos mesmos passeios; ao infra-
tor 10$000 réis de multa ou um dia de prisão.
Art. 24 - É proibido dentro do patrimônio municipal, roçar ou apossar-se
quem quer que seja de terrenos baldios, sem que pela municipalidade seja o terreno
concedido por aforamento. O infrator pagará 50$000 réis de multa, perdendo o ser-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 119
viço que tiver feito no referido terreno.
Art. 25 - Fica proibido, sem licença da municipalidade, cortar árvores frutífe-
ras, de madeira de lei ou de construção, na área patrimonial, excetuando-se as posses
aforadas ou isentas de foro que se acharem encravados na mesma área.
Art. 26 - Aquele que, mesmo casualmente, prejudicar o asseio da cidade e in-
continente o não reparar, pagará a multa de 20$000 réis.

CAPÍTULO III - Pontes, cais e rampas

Art. 27 - É proibido, sob pena de multa de 30$000 réis ou 5 dias de prisão, fazer
nos cais da cidade ou na margem do rio e igarapés, despejos de qualquer natureza que
possam sujar ou obstruir .
Art. 28 - É proibido cravar-se pregos, argolas ou estacas nos cais ou rampas da
cidade, e bem assim moirões ou estacas nas praias do litoral, para amarrar embarca-
ções.
Art. 29 - Nas travessas e esteios, etc., das pontes, não se prenderão botes ou
outras quaisquer embarcações, sob pena de multa de 20$090 réis.
Art. 30 - Podem conservar-se atracados nas escadas e rampas da cidade, os
botes e mais embarcações, o tempo necessário para descarregar ou receber cargas. Os
que excederem o tempo preciso para esses serviços pagarão a multa de 20$000 réis ou
sofrerão 2 dias de prisão, sendo a embarcação apreendida até a satisfação da multa.
Parágrafo Único - Os botes para passageiros podem conservar-se atra-
cados nas praias, uma vez que prejudiquem o trânsito, pagando 10$000
de multa na infração.
Art. 31 - Objetos, volumes ou qualquer artigo de indústria ou comércio, des-
carregados nas rampas, cais ou outros pontos da cidade, poderão ser aí conservados
sem interromperem o trânsito público – o tempo preciso para que seja providenciada
sua remoção. O infrator pagará a multa de 20$000 réis ou sofrerá 2 dias de prisão.

CAPÍTULO IV - Passeios

Art. 32 - Os donos dos prédios situados com frente para as ruas e praças da ci-
dade, são obrigados à fazer dentro do prazo que lhe for marcado pelo Superintenden-
te, os passeios ou testadas de suas casas. O infrator incorrerá na multa de 50$000 réis
ou sofrerá 6 dias de prisão, se, findo o prazo concedido, não tiver o serviço concluído;
pagará igual multa toda vez que terminado novo prazo a obra não estiver ultimada.
§ 1º - Os fiscais de cada distrito deverão remeter à secretaria uma lista
dos prédios cujos passeios ou testadas não estejam feitos.
§ 2º - Nas ruas já calçadas, cuja largura for menor de 16 metros, os pas-
seios deverão ter [1, m50] de largura; nas ruas em que a largura for até
30m o passeio deverá ter [2m, 50].

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dezembro de 1904.
Art. 33 - A construção dos passeios das ruas, praças, etc., será feita à custa dos
proprietários.
Art. 34 - Não se poderá construir, alterar ou suprimir um passeio sem autori-
zação da Superintendência.
Parágrafo Único - A autorização dada será válida por 3 meses.
Art. 35 - A intendência mandará levantar a planta e orçamento dos passeios
que julgar mais convenientes e pô-los-á, sendo preciso, em arrematação, construindo
-os por conta dos proprietários, que, no entretanto, poderão, querendo, construí-los
sob sua imediata direção, atendidas as regras estatuídas para tais serviços.
Art. 36 - Os trabalhos para assentamento de passeios só poderão começar de-
pois que o Engenheiro da Intendência houver dado nivelamento e alinhamento.
§ 1º - Concluído o serviço, as sobras de materiais serão imediatamente
removidas, por conta do proprietário, sob pena da multa de 40$000 réis.
§ 2º - Tais trabalhos serão fiscalizados pela intendência e serão ultima-
dos sem interrupção.
§ 3º - Os materiais empregados nestas construções serão previamente
examinados pelo Engenheiro da Intendência, que os rejeitará se forem
de má qualidade.
Art. 37 - Os passeios serão feitos de lajedo de cantaria, de concreto e cimento
ou de asfalto comprimido, sustentados por uma bordadura de cantaria; as lajes serão
de forma retangular e terão no mínimo 7 centímetros de espessura no centro e 6 cen-
tímetros nos lados, largura nunca inferior a 40 centímetros e a superfície mínima de
40 centímetros de um metro quadrado.
§ 1º - As lajes dos passeios serão colocadas sobre um leito de argamassa
de 5 centímetros de espessura, estendido sobre uma camada de areia
comprida com 10 centímetros de espessura.
§ 2º - As juntas das lajes, bem como das bordaduras, serão cuidadosa-
mente tomadas a cimento, de modo a evitar os interstícios.
Art. 38 - A bordadura dos passeios terá uma largura uniforme de 22 centíme-
tros e não poderá ter menos de 1 metro de comprimento.
§ 1º - A argamassa empregada nos passeios deverá ser hidráulica.
§ 2º - A altura dos passeios nas ruas será de 18 à 22 centímetros, termi-
nando sempre em plano chanfrado nas esquinas, conforme o estabele-
cimento para as construções dos prédios.
Art. 39 - O plano transversal dos passeios, não incluindo a bordadura, elevar-
se-á das mesmas bordaduras para as casas de 4 a 5 centímetros por metro.
Art. 40 - É proibido colocar-se marcos nos passeios.
Art. 41 - Os proprietários que reconhecerem defeito nas construções dos pas-
seios executados pelos arrematantes da Intendência, deverão dirigir suas reclama-
ções por escrito à Superintendência, até dois meses depois da conclusão da obra;
terminando esse prazo sem reclamação alguma, considerar-se-á aceita a obra pelo
proprietário.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 121
Parágrafo Único - Os proprietários pagarão a construção dos passeios
pelo preço porque for arrematada e deverão entrar com a importância
para os cofres da Intendência antes da execução dos trabalhos.
Art. 42 - Os reparos e conservação dos passeios correrão por conta dos pro-
prietários.
Art. 43 - As extremidades dos passeios deverão combinar com os passeios dos
vizinhos, sem diferença de nível ou de largura.
Art. 44 - Os moradores desta cidade são obrigados a conservar limpos os pas-
seios e testadas das casas até o meio da rua, sob pena da multa de 10$000 réis ou um
dia de prisão, pagando neste caso, a despesa da limpeza que será mandada fazer pelo
fiscal.
Art. 45 - Não será permitido nos passeios laterais da via pública: 1.º colocar
permanentemente pontes ou estrados para passagem de carga ou carruagens, o que,
no entretanto, provisoriamente se consentirá em momento preciso, sendo logo de-
pois removido; 2.º colocar cadeira ou quaisquer objetos que embaracem o livre trân-
sito. Ao infrator 20$000 réis de multa.

CAPÍTULO V - Condições gerais da edificação



Art. 46 - As construções e reconstruções ou acréscimos dos prédios bem assim
os consertos que atingirem a mais de um terço da área dos prédios, ficam depen-
dentes de licença que será concedida pela Superintendência, ouvindo o engenheiro
municipal.
Parágrafo Único - Ficam também dependentes de licença as alterações a
fazer-se nas fachadas e nas divisões internas dos prédios.
Art. 47 - Para a obtenção da licença o construtor ou proprietário requerê-la-á
ao Superintendente, declarando o gênero, rua e local da obra.
§ 1º - Tratando-se de obra nova ou reconstrução, deverá apresentar os
seguintes documentos:
a) Planta do terreno na escala de 1:100, indicando a posição do edifício
a construir ou reconstruir, e a de todas as dependências em relação ao
logradouro público.
b) Planta de cada pavimento da mesma escala.
c) Elevação geométrica da fachada, dando para a via pública, e seção
longitudinal na mesma escala de 1:100.
§ 2º - Para a reconstrução ou modificação de fachada exigir-se-ão as
elevações geométricas das fachadas existentes e projetadas.
§ 3º - Os acréscimos serão representados por plantas e seções, mostran-
do a sua posição relativamente à edificação existente.
§ 4º - Nas modificações de divisões internas serão apresentadas não so-
mente a planta da parte a alterar, mas também as dos cômodos contí-

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dezembro de 1904.
guos que podem ser prejudicados nas suas condições higiênicas, caso
em que a licença deve ser negada.
§ 5º - Todos esses desenhos deverão ser assinados pelo proprietário e
construtor e apresentados em duplicata; o primeiro será restituído ao
requerente e o segundo ficará arquivado na Intendência.
§ 6º - Os desenhos e respectivas licenças deverão achar-se sempre nas
obras; de modo a serem examinados pelo pessoal da fiscalização de Mu-
nicipalidade.
Art. 48 - Pelas licenças cobrar-se-ão os emolumentos constantes da lei respec-
tiva.
Art. 49 - Os documentos que acompanharem petições indeferidas, serão, me-
diante recibo, restituídos aos interessados.

CONDIÇÕES TÉCNICAS 1

Art. 50 - O pé direito mínimo dos edifícios será de 5 metros no primeiro pavi-


mento, [5, m50] no segundo e 4 metros nos demais.
§ 1º - Os porões terão o pé direito máximo de [3m,20] e mínimo de [1,
m40] a contar de cima da soleira da porta, não podendo ter porta dando
para a via pública: só será permitido dividi-los quando tiverem [2m, 20]
de pé direito, sendo que em caso algum poderão os seus compartimen-
tos servir para quartos de dormir.
§ 2º - Os prédios construídos para casa de comércio ficam dispensados
das condições do § 1.º do art. 50º.
Art. 51 - Nenhum prédio se edificará dentro ou no alinhamento das ruas, etc.,
sem platibanda, salvo as construções de que trata o art. 58.º.
Parágrafo Único - A altura mínima da platibanda, na frente do prédio,
terá 1 metro.
Art. 52 - A altura das soleiras dos prédios será no máximo de [0m, 20] acima
dos passeios, salvo sendo preciso atender a declividade das ruas.
Art. 53 - Na fachada dos edifícios a largura das portas não poderá ser inferior
a [1m, 30].
§ 1º - Quando a porta for retangular terá a altura da soleira as ombreiras,
[3m, 30].
§ 2º - Quando as portas forem de volta ou ogivais terão [3m], no míni-
mo, entre as soleiras e as ombreiras.
§ 3º - As janelas, quer sejam retangulares ou de voltas, quer sejam ogi-
vais, terão no mínimo, [1m, 20] de largura e [2m, 20] de altura.
Art. 54 - Nenhum cômodo ou divisão terá menos de [12m,²] de área livre,
salvo os destinados a cozinha, copas, dispensas, banheiros e Water-closet que não

1 - Vide o Reg. da Polícia Sanitária do Estado, art. 117, p. 225.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 123
podem ter menos de [7m²].
Parágrafo Único - Todos estes compartimentos deverão ter aberturas
para entrada direta de ar e luz do exterior, dando para um pátio ou área,
cuja superfície mínima será de [8m,²] sendo a sua menor dimensão li-
near de [1m, 50].
Art. 55 - As fachadas laterais não poderão distar dos muros divisórios menos
de dois metros, sempre que se tratar de construções dentro de terrenos ou fora do
alimento das ruas.
Art. 56 - No pavimento térreo dos prédios, situados no alinhamento das ruas,
ficam proibidas portas, janelas, vidraças, etc., abrindo para a rua.
Art. 57 - Nenhum degrau será permitido fazer-se adiantando-se para o logra-
douro público.
Art. 58 - No alinhamento da via pública são proibidas as beiradas de telhados
salientes, que, só em construções especiais, dentro do terreno, ou fora da linha das
ruas, serão permitidas.
Parágrafo Único - As construções no ângulo de duas ruas, praças, ave-
nidas, etc., deverão ter os cunhais chanfrados por um plano cuja largura
será de [2m, 40] no mínimo, devendo nesta superfície chanfrada abrir-
se porta ou janela, em todos os andares.
Art. 59 - Em todo o prédio onde não houver canalização horizontal já feita
nos telhados, será obrigada a colocação de condutores para esgoto das águas pluviais,
condutores estes que serão prolongados até a valeta por baixo do lajedo dos passeios,
se o prédio o tiver, e até o rés da rua se o não tiver, no prazo de 90 dias, contados da
publicação destas posturas.
Parágrafo Único - Feitos nestas ruas, novos passeios, se observará, a res-
peito dos prédios aí situados a disposição deste artigo quanto à canali-
zação até a valeta, no prazo de 15 dias sob pena de 30$000 réis de multa.
Art. 60 - Nos prédios onde não houver canalização horizontal nos telhados, se-
rão seus proprietários obrigados a fazê-la de acordo com o art. antecedente, no prazo
de seis meses, contados da publicação deste Código; ao infrator 40$000 réis de multa.
Parágrafo Único - Os condutores acima referidos serão sempre de metal
apropriado.
Art. 61 - É obrigatória a construção de sobrado na avenida Eduardo Ribeiro,
praças da República, Constituição, 15 de Novembro e nas ruas Governador Victorio,
Tenreiro Aranha, Tesouro, Municipal até a Praça da Constituição.
Parágrafo Único - Nas ruas, etc. a que se refere este artigo só se permi-
tirá, ipso facto, murar s respectivos terrenos, – com frente exterior de
casas, como estabelece o art. 7.º, satisfazendo o proprietário ou cons-
trutor, absolutamente, as condições exigidas para fachadas de prédios
de sobrado.
Art. 62 - Nos logradouros públicos nenhum prédio se levantará com menos de

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dezembro de 1904.
5 metros de largura de fachada.

DISPOSIÇÕES DIVERSAS 2

Art. 63 - As arruações serão feitas segundo os alinhamentos gerais existentes,


sendo que, os prédios que deles se afastarem deverão recuar ou avançar por ocasião
de serem reconstruídos.
Art. 64 - Nenhuma desapropriação se fará para alargamentos parciais das vias
públicas; os melhoramentos da cidade serão feitos, ao menos, por quarteirões intei-
ros e os seus planos submetidos a aprovação do Conselho Municipal, afim de provi-
denciar-se sobre os (verbas) meios necessários à sua execução.
Art. 65 - As águas pluviais das puxadas das casas, e bem assim as servidas, não
poderão ter saída pelos terrenos de casas vizinhas, sob pena de multa de 30$000 réis,
cabendo ao proprietário a obrigação de canalizá-las para o cano geral no prazo que
lhe for marcado pela Superintendência ou pelo Inspetor da Higiene.
Art. 66 - Os possuidores de prédios urbanos são obrigados a dar saída às águas
pluviais de seus quintais para a rua, por meio de calha e condutores, e as águas servi-
das, em tubos de grés, até o esgoto mais próximo, sob pena de 50$000 réis de multa e
o dobro na reincidência.
§ 1º - As águas pluviais deverão ser esgotadas por baixo dos passeios em
sarjetas feitas de pedra e cimento, saindo na sarjeta da rua.
§ 2º - Os requerimentos para construção de condutores de águas plu-
viais ou esgotos deverão ser acompanhados da respectiva planta dos
serviços a fazer-se.
Art. 67 - Os tubos para esgoto de água pluviais, ou servidas, deverão ser assen-
tados no mínimo a [0,m50] de profundidade.
§ 1º - Para os esgotos, quem os tiver de construir, dirá em seu requeri-
mento quais os materiais que pretende empregar e qual a disposição do
condutor, numa planta, relativamente ao eixo da rua.
§ 2º - A junção desse condutor com o principal, deverá ser feito de bar-
ro, cimento ou argamassa hidráulica.
Art. 68 - No princípio de cada condutor de águas pluviais deverá ter uma gre-
lha que evite a passagem de imundícies.
Art. 69 - É proibido deitar nos canos líquidos nocivos à salubridade pública ou
à conservação do esgoto.
Art. 70 - O fiscal de cada distrito apresentará à Superintendência, bimensal-
mente, uma lista dos prédios da cidade encontrados em mau estado e que ameacem a
segurança pública. O Superintendente intimará a demolição de tais prédios, fazendo
o serviço por conta do proprietário, caso este se recuse a executá-lo.
§ 1º - Em caso de desacordo, e quando o serviço de demolição tiver

2 - [Aumentado] com o reg. Sanitário Municipal, p. 65.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 125
de ser feito pela Intendência, o Superintendente, em antes da execução,
nomeará uma comissão ou peritos para julgarem o caso conveniente-
mente.
§ 2º - A medida estabelecida neste artigo quanto aos prédios, será exten-
siva aos muros e cercados.
Art. 71 - Nenhum edifício ou muro poderá ser levantado sem que se proceda
alinhamento e nivelamento do terreno. Todo muro deverá ser rebocado, caiado e pin-
tado, salvo quando feito de pedra tosca, com juntas tomadas a cimento, ou quando de
tijolos apropriados; ao infrator, 40$000 réis de multa.
Art. 72 - Quando para regularidade do alinhamento de uma rua for mister
reunir a um terreno dado, parte de terras municipais, o Superintendente proporá
ao proprietário do terreno a venda das terras municipais, nomeando para as avaliar,
uma comissão de competentes.
Parágrafo Único - Vendido o terreno no caso acima, o comprador não
poderá ocupá-lo senão depois de entrar para os cofres municipais com
a importância da compra realizada.
Art. 73 - Quando, em caso contrário ao antecedente, for preciso para a regu-
laridade do alinhamento de uma rua, fazer-se a desapropriação de um terreno ou
parte de um terreno particular, o Superintendente, para sua aquisição, entrará em
acordo com o respectivo proprietário, tendo sempre em vista, neste caso, o interesse
do município.
Parágrafo Único - Não sendo possível um acordo, o Superintendente
fará a desapropriação do referido terreno para utilidade pública, no-
meando, como no caso antecedente, peritos para a necessária avaliação.
Art. 74 - A concessão de licença para a construção ou reconstrução compreen-
de a permissão para a edificação do barracão provisório para depósito de materiais, o
qual poderá ser iniciado, dentro do terreno logo que esteja requerida a licença.
Art. 75 - Os edifícios ou construções destinadas à ponte de diversão pública,
só poderão funcionar depois de competentemente vistoriados pela Intendência. A
Superintendência providenciará nesse sentido, designado peritos que verifiquem a
solidez da construção.
Parágrafo Único - Os transgressores pagarão 50$000 réis de multa ou
sofrerão 3 dias de prisão.
Art. 76 - Em qualquer obra que não seja edificação ou reedificação, como lava-
gem, caiação ou pintura de telhado ou grades exteriores dos prédios ou muros serão
as paredes defendidas nas suas extremidades, com balizas de madeiras do compri-
mento nunca inferior a 2 metros, obliquamente encostadas da rua para a parede e
seguras a esta. Ao infrator 20$000 réis de multa.
Art. 77 - Fica proibida a construção de biombos nas ruas e praças, sem prévia
licença da Superintendência, que, permitindo-a de acordo com o tipo estabelecido,
designará o local onde poderão ser levantados e marcará o tempo da sua duração.

126 | 09. Manaus (1896) - Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de
dezembro de 1904.
Art. 78 - Fica proibida, sob pena de 1:000$000 réis de multa construir ou repa-
rar prédio, na sua parede da frente sem metê-lo no alinhamento.
Art. 79 - Os gradis nas frentes das casas não poderão ser feitos senão a [0,m20]
afastados do alinhamento geral, sob pena da multa de 40$000 réis.
Art. 80 - Os arrumadores das ruas designarão quais as casas que devem ficar
sujeitas a alinhamento, e procurarão alargar as ruas, quanto possível, regulando-se
sempre pelo maior número de prédios já alinhados.
Art. 81 - A autorização para reedificar uma fachada não será dada senão com
a condição de suprimir-se imediatamente toda e qualquer saliência sobre a rua, pro-
duzidas pelas sacadas, grades, soleiras, sapatas, degraus ou escadas.
Art. 82 - É proibido dentro do perímetro urbano edificar casas cobertas de
palhas, sob pena de 200$000 réis de multa.
Art. 83 - É proibido empregar madeira de pinho branco na construção das
casas, sob pena de 50$000 réis de multa.
Art. 84 - Não se construirão meias águas na linha da rua, nem telheiros; es-
tes, nem mesmo dentro da linha serão permitidos, exceto para guardar materiais de
obras em construção.
Art. 85 - O proprietário ou encarregado de qualquer prédio é obrigado e tra-
zê-lo sempre limpo.
Parágrafo Único - A fachada da casa deverá ser limpa, pintada ou caia-
da, pelo menos uma vez cada triênio, ou quando tais serviços forem
reclamados, precedendo, neste caso, se preciso for, intimação da Inten-
dência.
Art. 86 - Qualquer construção nova em rua onde haja esgoto, terá os respec-
tivos condutores para escoamento direto aos mesmos esgotos das águas pluviais e
servidas.
Parágrafo Único - Os prédios antigos que fizerem consertos ou recons-
truções ficam sujeitos a obrigatoriedade deste art. e as demais disposi-
ções desta lei.
Art. 87 - Os prédios construídos em todo litoral da cidade, deverão ter duas
fachadas, sendo uma para o rio e outra para a rua.
Art. 88 - Os donos de casebres são obrigados a calçar a área dos mesmos, e
conservar durante toda a noite um ou mais lampiões acesos na referida, área, sob
pena de 50$000 de multa.
Art. 89 - É absolutamente proibido construir-se sótãos, postigos ou águas-fur-
tadas, sob pena de 200$000 réis de multa, ficando ainda o construtor ou proprietário
obrigado a demolir no prazo que lhe for marcado pelo Superintendente ou inspetoria
de obras, a construção feita.
Art. 90 - Não se dará, para os prédios fora do alinhamento das ruas, permissão
para quaisquer obras que importem no prolongamento de sua duração ou na sua
valorização.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 127
Art. 91 - Nenhum prédio poderá ter janelas ou aberturas com balanço para a
rua em altura inferior a [3m, 20].
Art. 92 - As obras embargadas e que por qualquer circunstância forem alte-
radas em suas plantas aprovadas, não poderão ser executadas ou continuadas sem
que seus proprietários ou construtores paguem novas licenças e apresentem novas
plantas com as alterações a fazer-se e que deverão ser perfeitamente de acordo com
as posturas.
Art. 93 - Embargada qualquer construção por efeito de infração das posturas,
ou, especialmente, quando a determinar causa de interesse coletivo, como:
a) Construção de edifícios ou estabelecimentos públicos;
b) Casas de caridade, instrução e hospitais;
c) Abertura, alargamento ou prolongamento de ruas, estradas, praças,
canais, etc.;
d) Decoração, comodidade, higiene e salubridade pública;
O proprietário ou construtor dará começo a demolição ou reparo, dentro de 96
horas, contadas da hora da intimação do embargo, cumprindo previamente, sendo
mister, o estatuído no artigo antecedente.
Parágrafo Único - Desrespeitada a ordem do embargo e esgotado o pra-
zo fixado para a demolição da obra, a Superintendência fará o serviço
administrativamente, correndo as despesas por conta do proprietário
ou construtor, despesas de que será a Intendência indenizada, com as
multas respectivas, amigável ou judicialmente.
Art. 94 - Se houver conveniência de ordem superior, máxime sendo preciso
atender a salubridade e higiene pública, a Superintendência determinará, nas mes-
mas condições do art. antecedente (embargos) a demolição dos cortiços já existentes
nesta cidade, construção esta que fica d’ora em diante expressamente proibida, sob
pena da multa de 1:000$000 ou 8 dias de prisão.
Art. 95 - As descargas de materiais para construções só se farão na rua à falta
absolutamente de outro local, dependendo, neste caso, de licença especial do Supe-
rintendente.
Parágrafo Único - Os materiais descarregados nas ruas serão removidos
no mesmo dia, exceto os de grande volume ou peso, que sê-lo-ão 48
horas depois.

FISCALIZAÇÃO

Art. 96 - As infrações das presentes posturas serão punidas com multas de


10$000 a 1:000$000 réis, conforme a gravidade do caso.
§ 1º - Além destas multas ficam os proprietários e construtores sujeitos
à demolição das obras que forem feitas contrariamente ao estatuído nas
presentes posturas e ao prospecto aprovado, o qual deverá ser fielmente
observado.
128 | 09. Manaus (1896) - Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de
dezembro de 1904.
§ 2º - As modificações que, segundo as regras estabelecidas, importarem
em melhoramento para o prédio serão toleradas, devendo o proprie-
tário ou construtor requerer a modificação instruindo o requerimento
com planos novos ou com as alterações consignadas nos primitivos.
Art. 97 - De todas as multas impostas por infração desta lei, terá o infrator
recurso suspensivo para a Superintendência Municipal.
Art. 98 - Os casos omissos das presentes posturas serão resolvidos tendo-se
sempre em vista facilitar as construções, desde que não haja compromisso para a
segurança nem inconveniência para a higiene dos prédios.

CAPÍTULO VI - Demarcação de terrenos particulares

Art. 99 - Não se poderá fazer colocação de marcos de limites em terrenos de


propriedade particular sem que sejam convidados os proprietários confinantes. O
infrator pagará 50$000 de multa ou sofrerá 5 dias de prisão.
Parágrafo Único - Não comparecendo os proprietários confinantes, o
engenheiro, à revelia destes, ouvirá a respeito dos limites os vizinhos do
terreno a demarcar-se.
Art. 100 - Todo aquele que arrancar ou mudar o marco de separação de terre-
nos, será passível de multa de 50$000 ou a um conto de réis e restituirá o terreno de
que se houver indevidamente apossado, restabelecendo o marco em seu lugar.
Art. 101 - Os marcos para delimitar terrenos serão sempre de alvenaria, blocos
de pedra ou madeira de lei.
Art. 102 - A Intendência só reconhecerá para qualquer efeito, plantas e demar-
cações feitas por engenheiros ou agrimensores competentemente autorizados e que
tenham suas cartas registradas na Intendência.
Parágrafo Único - Cada carta de engenheiro ou agrimensor, registrada,
pagará 10$000 réis.

CAPÍTULO VII - Dessecamento de pântanos

Art. 103 - Todo o proprietário de terreno alagado ou pantanoso é obrigado a


beneficiá-lo de modo que se torne salubre e enxuto. Aos contraventores, a multa de
50$000 réis, podendo a Intendência mandar fazer o serviço preciso à custa do pro-
prietário.
Art. 104 - É proibido, sob pena de multa de 50$000 réis e o dobro nas reinci-
dências, embaraçar o escoamento de águas pluviais dos terrenos ou prédios, e tapar
os esgotos públicos ou edificar sobre eles, destruindo-os.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 129
CAPÍTULO VIII - Water-closet 3

Art. 105 - Os proprietários e construtores são obrigados a assentar nas latrinas


das casas aparelhos de descarga, colocando-o em cima de soalho impermeável e her-
meticamente fechado.
Parágrafo Único - A canalização dos esgotos das latrinas, nas ruas onde
não houver cano geral, terá, por meio de um sifão, comunicação com
fosso convenientemente aberto e que receberá o ar exterior por meio de
um tubo de ventilação.
Art. 106 - As latrinas serão conservadas convenientemente limpas e ventiladas
e serão desinfetadas pelo menos três vezes por semana, sob pena de multa de 50$000
réis.

MICTÓRIOS

Art. 107 - Serão adotados os de louça grossa – tipo Jenings ou Taylor, de fundo
chato e guarnições de ardósia, que deverão ser feitas nos fundos e aos lados. O vaso
deverá ser pouco saliente, apresentando a menor superfície possível de contaminação
e lavado perenemente por abundante corrente de água que evite o mau cheiro pela
demora do líquido a esgotar.
§ 1º - Os canos de água destinados à lavagem serão ocultos na ardósia.
Na base do mictório deverá ser colocado um ralo que receba e conduza
ao cano geral de esgotos as águas e urinas, devendo mais o chão dos
mictórios ter inclinação necessária, na direção do ralo, de modo a im-
pedir que as águas e urinas se escoem para a rua.
§ 2º - Uma caixa de água de lavagem automática, será colocada de modo
conveniente, afim de que fortes chasses concorram intermitentemente
para a limpeza dos mictórios.
§ 3º - Enquanto não houver rede completa de esgotos na cidade, os mic-
tórios serão estabelecidos nos pontos onde presentemente passão os ca-
nos provisórios empregados nesse serviço.

CAPÍTULO IX - Conveniência e moral pública



Art. 108 - Ficam proibidos os divertimentos e danças de cordões, salvo nos
dias de carnaval. Ao infrator 20$000 de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 109 - É proibido o entrudo nas ruas da cidade; ao infrator, 20$000 de
multa ou 1 dia de prisão.
Art. 110 - É proibido: andar mascarado com trajes indecentes ou alusivos a
corporações civis, militares ou religiosas, etc., transitar de máscara, mesmo no carna-
3 - Vide artigo 4.º § 2.º do regulamento sanitário Municipal. p. 65.

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dezembro de 1904.
val, depois das 9 ¹/² horas da noite.
Parágrafo Único - Ao infrator, 20$000 de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 111 - É proibido, sob pena de 20$000 réis de multa ou 1 dia de prisão,
fazer batuques, sambas ou divertimentos desta ordem quando perturbem o sossego
público.
Art. 112 - Os divertimentos públicos, espetáculos, etc., não se poderão realizar
sem prévia licença passada na Secretaria da Intendência. O infrator pagará 50$000
réis de multa, além do imposto respectivo de licença.
Art. 113 - Ninguém poderá apitar ou dar sinais dos usados pelas patrulhas da
cidade, salvo caso de socorro; ao infrator 30$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 114 - É expressamente proibido sob pena de 30$000 réis de multa ou 1 dia
de prisão:
1º - Proferir ou escrever em lugares público palavras e frases ou figuras
imorais;
2º - Vender ou distribuir manuscritos ou impressos ofensivos à moral;
3º - Chegar às janelas ou andar em público indecentemente vestidos ou
em completa nudez;
4º - Tomar banho nas fontes públicas, bicas e chafarizes.
Art. 115 - No litoral da cidade, nos igarapés e cachoeiras, só será permitido
tomar banho com roupas decentes e apropriadas a esse fim.
Parágrafo Único - O infrator pagará 30$000 de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 116 - É proibido o ajuntamento de filhos-família, fâmulos ou criados nas
lojas, tavernas, açougues e ruas, sob pena de 10$000 réis de multa.
Art. 117 - É proibido fazer rifa sobre qualquer pretexto; aos infratores, 30$000
réis de multa.
Art. 118 - É proibido esmolar na cidade.
Art. 119 - Não será consentido esmolar para santos; aos infratores, 20$000 réis
de multa e o dobro nas reincidências.
Art. 120 - Ninguém poderá andar armado sem prévia licença das autoridades
policiais, sob pena de multa de 30$000 réis ou 1 dia de prisão.
Art. 121 - Aquele que danificar postes telefônicos, da iluminação, etc., será
multado em 40$000 réis, e pagará a indenização devida.
Art. 122 - São proibidos jogos ou brinquedos que possam prejudicar o fun-
cionamento das linhas telefônicas, telegráficas e da iluminação elétrica, sob pena da
multa de 20$000 réis ou 1 dia de prisão.
Art. 123 - É absolutamente proibido jogar jogos de azar, quer em casas de ta-
volagem quer sob quaisquer pretextos.
Parágrafo Único - Incorrerá na multa de 200$000 à 500$000 réis quem
bancar tais jogos proibidos, e, outrossim, em 50$000 à 100$000 réis cada
indivíduo encontrado jogando.
Art. 124 - É proibido nas ruas públicas partir lenha, cozinhar, estender couros

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 131
ou peixes, lavar e corar roupa, ferrar animais; sob pena de multa de 30$0000 réis, ou
dois dias de prisão.
Art. 125 - É proibido estender roupa nas janelas, bater ou limpar tapetes ou
roupas na rua pública, das 6 horas da manhã às 12 da noite. Ao infrator 20$000 réis
de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 126 - É proibido ter em ponto que ameace a segurança dos transeuntes,
volumes ou quaisquer objetos. O infrator pagará 20$000 réis de multa ou 1 dia de
prisão.

CAPÍTULO X - Comércio e Indústria 4

Art. 127 - Ninguém poderá vender gêneros destinados ao consumo da popula-


ção, sem prévia licença Municipal, e só fará nos lugares para tal fim respectivamente
designados: ao infrator, 30$000 réis de multa ou 3 dias de prisão.
Art. 128 - Estão sujeitos à multa até 50$000 réis:
a) Vendedores de gêneros falsificados não prejudiciais à saúde.
b) Os que venderem água ou outros líquidos em vasilhames cuja oxida-
ção prejudique a saúde.
c) Os que venderem frutos não sazonados, frutos estes que encontra-
dos deverão ser inutilizados pelos fiscais.
d) Os padeiros que fabricarem pão com farinha ou água de má qualida-
de e os que venderem pão mal cozinhado ou insuficiente levedado.
e) Aqueles que venderem cal em estabelecimentos onde se fizer comér-
cio de substâncias alimentares.
f) Os vendedores ou confeiteiros que pintarem doces com ácidos, sais
ou tintas prejudiciais.
Art. 129 - Pagarão a multa 50$000 a 200$000 réis e perderão os gêneros con-
denados:
a) Os que adicionarem aos gêneros de consumo ou alimentação subs-
tâncias nocivas ou tóxicas.
b) Os que expuserem a venda gêneros deteriorados ou danificados.
Art. 130 - As casas de negócio, especialmente as de gêneros de alimentação
pública, são obrigados a rigoroso asseio no tocante ao edifício como aos utensílios de
que se servirem. O contraventor pagará 30$000 réis de multa.
Art. 131 - Os utensílios de cobre empregados nas cozinhas de hotéis, restau-
rantes, botequins e estabelecimentos congêneres, deverão ser conservados limpos e
bem estanhados. O contraventor pagará multa de 50$000 réis.
Art. 132 - Não é permitido forrar de metais que possam causar danos à saúde
os balcões de estabelecimentos onde se venderem gêneros para alimentação pública.
O infrator pagará a multa de 50$000 réis, sendo o forro imediatamente removido à

4 - Vide regulamento do sanitário do Estado art. 119, p. 79.

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dezembro de 1904.
custa do proprietário.
Art. 133 - É proibido empregar nos encanamentos de água potável, chumbo e
outros metais prejudiciais à saúde. Ao infrator, 10$000 réis de multa.
Art. 134 - É proibido, sob pena de 30$000 réis de multa, vender objetos de ouro
ou prata sem o necessário contraste e bem assim comprar objetos de qualquer espécie
a fâmulos e meninos, sem autorização das pessoas por eles responsáveis.
Art. 135 - É proibido vender bebidas alcoólicas a menores ou a quem estiver
embriagado, sob pena de multa de 30$000 réis.
Art. 136 - O pão exposto a venda terá o peso fixo de 64-128-256-184 gramas, e
será vendido por preço relativo ao peso. Ao infrator 10$000 réis de multa.
Art. 137 - É proibido o comércio chamado de travessia, na cidade e subúrbios.
Ao infrator 50$000 réis de multa.
Art. 138 - É expressamente proibido:
a) Usar pesos, balanças ou medidas não aferidas, ou que alterem a pe-
sagem ou medição.
b) Medir líquidos acidulados em medidas de ferro, cobre, zinco, esta-
nho ou barro.
c) Medir outros líquidos em vasilhas usadas para líquidos oleosos.
Parágrafo Único - Ao infrator, 10$000 réis de multa ou 3 dias de prisão.
Art. 139 - A medida geral para pesar castanha, farinha e semelhantes, terá 50
litros de capacidade. Ao infrator 10$000 réis de multa.
Art. 140 - Havendo desconfiança, todo instrumento de medir ou pesar, poderá
ser apreendido para se conferida a sua exatidão, incorrendo aquele que se opuser a
essa apreensão na multa de 40$000 réis, além da multa a que estiver obrigado, uma
vez provado a inexatidão do peso ou medida.
Art. 141 - É proibido usar no comércio pesos e medidas que não sejam do sis-
tema métrico decimal, sob pena da multa de 30$000.
Art. 142 - Pelos padrões da Intendência deverão ser aferidas as medidas, pesos
e balanças, que tiverem de ser empregadas no comércio. O contraventor será multa-
do em 30$000 réis, se no ato da aferição das medidas etc., submetidos a exame, ficar
verificado o vício destas.
Parágrafo Único - Sobre pretexto algum poderá o aferidor recusar-se a
aferir as medidas, pesos, etc., que lhe forem apresentados e que estive-
rem em condições de o ser. O aferidor pagará a multa de 10 a 30$000
réis, quando ficar provada sua negligência no cumprimento de tais de-
veres.
Art. 143 - Os proprietários de estabelecimentos comerciais, industriais, etc.,
salvo aqueles que discriminadamente forem excetuados nestas posturas, são obri-
gados a conservar fechadas as portas de seus estabelecimentos aos domingos e nos
seguintes dias e feriados: 1 de Janeiro, 24 de Fevereiro, 5 e 7 de Setembro, 2, 15 e 21 de
Novembro, 25 de Dezembro, sexta-feira santa e terça-feira de carnaval , este último,

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 133
somente de meio dia em diante.
Parágrafo Único - Ao infrator será aplicada a multa de 50$000 réis ou
dois dias de prisão e o dobro nas reincidências.
Art. 144 - As exceções de que trata o artigo acima compreendem: As farmácias,
hotéis, restaurantes, casas de pastos, bilhares e bem assim os botequins que não ti-
verem absolutamente comunicação com estabelecimentos de outro qualquer gênero.
As mercearias e tavernas poderão conservar-se abertas naqueles dias até ao meio dia.
§ 1º - As oficinas, barbearia etc., estão compreendidas na proibição do
artigo 141.º
§ 2º - Nos referidos dias, fica proibido o trânsito de carros e demais
viaturas destinadas ao transporte de mercadorias ou cargas; permitir-
se-á apenas, nos cais da cidade, os serviços de carroças para embarque e
desembarque de viajantes.
Art. 145 - As casas de comércio só poderão conservar-se abertas até as 10 ho-
ras da noite, e as casas de jogos lícitos e botequins até a meia noite; ao infrator da
noite 10$000 réis de multa.
Art. 146 - Cada casa de comércio poderá ter, para vender a retalho, até dez cai-
xas (10) de querosene e vinte e cinco (25) libras pólvora. O contraventor fica sujeito
a multa de 200$000 réis.

CAPÍTULO XI - Viação 5

Art. 147 - Os carros de praça e carroças só estacionarão nos pontos da cidade


previamente designados pela Superintendência ou pelo Inspetor de viação. O infra-
tor pagará 10$000 reis de multa ou sofrerá dois dias de prisão.
Art. 148 - As carroças não poderão fazer carga ou descarga atravessadas nas
ruas, de forma a interromper a passagem de transeuntes; não deverão igualmente en-
costar-se nas bordaduras dos passeios de modo a danificá-los; aos infratores, 50$000
réis de multa ou 3 dias de prisão.
Art. 149 - As carroças destinadas ao serviço de transporte terão as seguintes
dimensões:
Comprimento....1,60
Largura..............0,75
Altura.................0,25 – sendo o volume total, 100 decímetros cúbicos dobro
Parágrafo Único - Aos infratores deste artigo 10$000 réis de multa ou o
dobro nas reincidências.
Art. 150 - O Inspetor de viação, de acordo com o Superintendente, publicará
um edital, marcando o prazo preciso para que o serviço de transporte seja feito em
carroças nas condições exigidas no artigo antecedente.
Art. 151 - Nenhum veículo poderá ser abandonado na via pública, sob pena de
5 - Vide o reg.º de veículos, p. 39.

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multa de 20$000 réis, que será paga por quem o houver abandonado.
Art. 152 - É proibido nos carros e carroças o chiar dos eixos; o infrator pagará
a multa de 20$000 réis e o dobro nas reincidências.
Art. 153 - Todo o carro de praça deverá ser rigorosamente asseado: sob pena
de 50$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 154 - Nenhum veículo transitará à noite sem luz, que deverá ser conser-
vada em lanterna envidraçada, iluminando para frente; aos infratores, 20$000 réis de
multa ou 1 dia de prisão.
Art. 155 - O condutor de carros de carga, na cidade ou subúrbios, é obrigado
a trazer um encerado ou oleado, em cada carro, para o fim de evitar avarias nos vo-
lumes que conduzirem em ocasião de chuva; ao infrator, 30$000 réis de multa ou 1
dia de prisão.
Art. 156 - As carroças de carga, quer carregadas quer não, trarão sempre um
descanso para os mesmos carros e que será colocado em um dos varais do veículo; ao
infrator, 20$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 157 - Toda a gerência de companhia de bondes mandará afixar em cada
carro da respectiva companhia um impresso marcando a lotação do referido carro. O
infrator pagará 20$000 réis de multa ou o duplo na reincidência.
Parágrafo Único - O condutor de bonde que conduzir passageiros em
número superior ao da lotação do carro pagará a multa de 50$000 réis
ou sofrerá 1 dia de prisão.
Art. 158 - O condutor de carroças, quando conduzirem estrume ou lixo da
limpeza pública ou particular, serão multados em 30$000 réis e o dobro nas reinci-
dências se propositalmente, por desídia ou descuido sujarem as ruas da cidade.
Art. 159 - O condutor ou boleeiro que ofender o passageiro ou que exigir deste
pagamento maior que o estipulado na respectiva tabela, pagará a multa de 30$000
réis ou sofrerá 1 dia de prisão.
Art. 160 - É proibido ao condutor ou boleeiro, salvo caso perfeitamente justi-
ficável, deixar de concluir uma viagem contratada. O infrator pagará 30$000 réis de
multa ou sofrerá 2 dias de prisão.
Art. 161 - Salvo caso de força maior, e nunca em encruzilhadas ou entradas de
ruas, poderá parar um veículo na via pública, senão para receber ou deixar passagei-
ros ou cargas; ao infrator, 20$ réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 162 - Os veículos quebrados na rua serão dentro de cinco horas, no máxi-
mo, removidos, sob pena de 20$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 163 - O boleeiro encontrado em estado de embriaguez será preso e o veí-
culo que conduzir será apreendido e recolhido à estação mais próxima, para ser mais
tarde restituído.
Art. 164 - Os condutores de carroças ou carrocinhas de mão apresentarão na
secretaria de polícia para registro, o número que lhes for dado na Intendência sob
pena de multa de 10$000 réis ou quatro dias de prisão.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 135
Art. 165 - O número das carroças será colocado sobre a chumaceira das mes-
mas e o das carrocinhas de mão em um dos varais destas. O infrator pagará 10$000
de multa.
Art. 166 - Pagará 20$000 réis de multa o condutor de veículo que numerar
estes com número diferente do que lhe pertencer.
Art. 167 - Todos os carros de praça serão numerados, observado o seguinte:
a) A numeração será feita no painel traseiro do carro e nas lanternas;
b) O número será encarnado sobre fundo branco, no painel, e encarna-
do nas lanternas; ao infrator 15$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 168 - O carroceiro é obrigado a guiar a sua carroça, a pé, conduzindo o
animal pelo cabresto ou arreata, que deverá ter, no máximo, um metro de compri-
mento; ao infrator, 20$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 169 - Os cocheiros ou boleeiros de carros públicos ou particulares serão
matriculados na Intendência, à vista de habilitação dada pela polícia.
Parágrafo Único - Os matriculados andarão sempre munidos da respec-
tiva matrícula, que apresentarão, prontamente, quando exigidas pelos
agentes fiscais da municipalidade ou por autoridades policiais; ao infra-
tor, 20$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 170 - É proibido:
a) Empregar em serviços de carros animais doentes ou cansados;
b) Conduzir em veículos peso superior às forças do animal que o pu-
xar;
c) Conduzir em carros de praça doentes de moléstias contagiosas.
d) Disparar o carro na via pública;
e) Conduzir carros ou carroças sem guia.
Parágrafo Único - Aos transgressores deste artigo, 20$000 réis de multa
ou 1 dia de prisão.
Art. 171 - O condutor ou boleeiro de carro de praça é obrigado:
a) A trazer à vista, no interior do carro, a tabela em vigor dos preços de
viagens e bem assim, impressos, os artigos deste Código referentes ao
serviço.
b) A ensinar a tabela de preços com o número respectivo do carro;
c) A trazer em bom estado os arreios dos animais;
d) A atender sem detença a qualquer chamado para viagem, uma vez
que não esteja ocupado neste serviço;
e) A ser delicado e atencioso, com os passageiros, auxiliando-os na en-
trada e saída do carro.
Parágrafo Único - Aos transgressores destas disposições, a multa de
20$000 réis ou 1 dia de prisão.

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dezembro de 1904.
CAPÍTULO XII - Medicina, Farmácias e Drogarias

Art. 172 - Todo aquele que exercer a medicina sem habilitação legal incorrerá
na multa de 50$000 réis ou sofrerá 5 dias de prisão.
Art. 173 - As farmácias e drogarias poderão conservar-se abertas até a meia
noite, sendo o farmacêutico obrigado a prontificar e aviar receitas a qualquer hora da
noite, sob pena de 100$000 réis de multa; no caso de infração testemunhada, e ha-
vendo recusa do infrator na satisfação da multa, ser-lhe-á aplicada a pena em dobro
ou será preso por 3 dias.
Art. 174 - É vedado aos farmacêuticos e droguistas venderem drogas veneno-
sas, sem fórmula ou receita medica; ao infrator 50$000 réis de multa.
Art. 175 - É proibido, sob pena de 20$000 réis de multa:
a) Vender remédios corrompidos;
b) Deixar de transcrever no vaso ou invólucro do remédio e receita mé-
dica;
c) Deixar de lacrar e selar as garrafas com o selo da farmácia.

CAPÍTULO XIII - Saúde pública 6

Art. 176 - Só se permitirá o estabelecimento de enfermarias ou casas de saúde


em lugares previamente designados pela Superintendência, ouvindo a Diretoria da
Repartição de Higiene do Estado. Aos contraventores, 100$000 réis de multa ou cin-
co dias de prisão.
Art. 177 - Todo aquele que tiver em sua casa doente de moléstia epidêmica
ou contagiosa, é obrigado a comunicar o caso à Superintendência e à Repartição de
Higiene do estado para que sejam dadas as precisas providências no sentido de evitar
a propagação do mal. Ao contraventor, 100$000 réis de multa ou cinco dias de prisão.
Art. 178 - O elefantíaco encontrado em lugares públicos da cidade será condu-
zido para o hospital dos lázaros.
Art. 179 - O louco que for encontrado nas ruas da cidade será entregue à pessoa
encarregada da sua guarda, e na falta desta, será recolhido ao hospital de alienados.
Art. 180 - Os proprietários das casas que tiverem sido ocupadas por pessoas
afetadas de moléstias infectocontagiosas só poderão de novo alugá-las depois de 40
dias, devendo ter todo o cuidado em desinfetá-las convenientemente, caiá-las, pintá
-las e lavar o respectivo soalho. Pena de 100$000 réis de multa.
Art. 181 - As pessoas que ocuparem as casas em que tenham estado doentes
de moléstias contagiosas e infecciosas não poderão conservá-las fechadas e deverão
desinfetar e lavar as roupas de linho e algodão e queimar as de lã e seda, bem como
os colchões de que se tenham servido aqueles doentes. Pena de 50$000 réis de multa.
Art. 182 - No tempo de epidemia é expressamente proibido armar câmaras
6 - Vide reg. Sanitário do Estado art. 127.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 137
mortuárias e paramentar as casas interior e exteriormente, sob pena de 30$000 réis
de multa.
Art. 183 - Em época epidêmica não será franqueada a entrada das igrejas, tea-
tros e casas de bailes, sem que estes lugares tenham estado abertos três horas antes,
pelo menos, para serem devidamente ventilados. Pena de 30$000 réis de multa.
Art. 184 - Todas as pessoas não acometidas da varíola e não vacinadas, ou, que
já o tenha sido sem resultado, são obrigadas a comparecer nos lugares, dias e horas
designados pela Superintendência, para serem vacinadas, ou revacinadas, sob pena
de 10$000 réis de multa, revelada somente diante de motivos que justifiquem a falta
de comparecimento.
§ 1º - Os diretores de colégios, os professores particulares, os donos de
oficinas e fábricas, ou quaisquer pessoas que, admitindo alunos e em-
pregados a seu serviço não derem as providências para que o sejam,
serão multados em 5$000 por cada pessoa admitida.
§ 2º - É obrigatória a vacinação dentro do segundo mês de idade.
Art. 185 - Oito dias depois de praticada a vacinação ou revacinação deverão
as pessoas vacinadas ou revacinadas voltarem à presença do médico municipal para
verificar os efeitos da vacina e extrair-se a linfa para propagação. Não comparecendo,
incorrerão na multa de 50$000, salvo justificando a falta.
Art. 186 - Ficam isentas da obrigação do artigo 184.º aquelas pessoas que pro-
varem a vacinação com atestado exibido ao médico municipal.
Art. 187 - É proibida a inoculação da linfa vacínica extraída de pessoas que não
tenham completado 40 dias fora dos lugares infeccionados de varíola, donde proce-
deram, bem como praticar inoculação do pus tirado de pústulas variólicas.
Art. 188 - A linfa vacínica deverá ser extraída de pessoas reconhecidamente
sadias.

CAPÍTULO XIV - Carnes verdes

Art. 189 - É proibido matar e esquartejar rezes, porcos, cabras, carneiros, etc.,
para consumo público, fora do matadouro.
Parágrafo Único - Todo aquele que negociar neste gênero apresentará,
sendo reclamado pela autoridade local, uma guia passada no Matadou-
ro, que prove o cumprimento das disposições deste artigo; incorrerá
infrator na multa de 30$000 réis, ou sofrerá três dias de prisão.
Art. 190 - As rezes serão abatidas por meio de golpe de estilete no cérebro e
convenientemente sangradas.
Art. 191 - Não se venderão: carnes que indiquem deterioração; Carnes de rezes
cansadas, demasiadamente magras ou doentes; Carnes de rezes levadas já mortas
para o Matadouro.
Parágrafo Único - O infrator deste artigo pagará a multa de 50$000 réis,

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dezembro de 1904.
ficando-lhe ainda a obrigação de mandar enterrar, em lugar indicado,
as carnes estragadas que foram encontradas; no caso de desobediência
será preso por oito dias.
Art. 192 - A matança do gado no Matadouro começará às 3 horas da tarde em
ponto.
Art. 193 - A carne do gado abatido será conservada no Matadouro ou no Mer-
cado, durante a noite, pendurada em depósito convenientemente ventilado.
Art. 194 - Serão abatidas diariamente tantas rezes quantas precisas forem para
o abastecimento do Mercado.
Art. 195 - O gado só poderá ser abatido para consumo depois de 48 horas, pelo
menos, de sua entrada no Curro.
Art. 196 - O transporte de carne verde do Matadouro para o Mercado ou açou-
gues se fará das 4 às 6 horas da manhã, em carroças montadas sobre molas conforme
o modelo existente na secretaria da Intendência.
§ 1º - Sendo preciso ou de conveniência, empregar-se-ão embarcações
apropriadas e cuidadosamente limpas, para o transporte, pelo rio, das
mesmas carnes verdes.
§ 2º - Dada a condução da carne verde do Matadouro para pernoitar
no Mercado, só poderá ser feito o transporte das 6 horas da tarde em
diante.
Art. 197 - Nenhum açougue se abrirá sem prévia licença da Superintendência,
que fielmente fará cumprir as disposições das posturas municipais.
Art. 198 - Nos açougues do Mercado Público ou da cidade a carne verde será
conservada em ganchos de ferro ou de bronze, pondo-se de permeio panos brancos
limpos e diariamente renovados, quando encostados à parede; multa de 25$000 réis
aos contraventores e o duplo nas reincidências.
Art. 199 - Toda a carne verde em decomposição que for exposta à venda será
incontinente inutilizada; o marchante ou o açougueiro pagará neste caso a multa de
50$000 réis e mandará sem demora, remover a carne condenada e que será enterrada
em lugar convenientemente designado.
Art. 200 - É expressamente proibido conservar carnes nas porás dos açougues,
recebendo sol ou o seu calor, poeira ou tudo quanto possa concorrer para sua de-
composição; o infrator pagará a multa de 30$000 réis, ou sofrerá dois dias de prisão.
Parágrafo Único - Nas casas de açougue cuja frente for batida pelo sol,
fortemente, o proprietário do açougue colocará um toldo para resguar-
dá-las.
Art. 201 - As carnes verdes encontradas exposta à venda de 11 horas da manhã
em diante serão apreendidas pagando o contraventor a multa de 40$000 réis.
Art. 202 - Fica proibido nos açougues o comércio de qualquer gênero estranho
a carnes verdes; ao infrator 30$000 réis de multa ou 2 dias de prisão.
Art. 203 - É proibido nos açougues o emprego do machado para cortar os os-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 139
sos do gado abatido; empregar-se-ão serrotes e facas apropriadas.
Art. 204 - O preço da carne verde exposta à venda, será diariamente declarado
em cartaz que ficará colocado, no açougue, de modo que possa ser facilmente lido; o
infrator será multado em 20$000 réis ou sofrerá um dia de prisão.
Art. 205 - As paredes interiores dos compartimentos onde funcionarem açou-
gues, serão lavadas, pelo menos, de 2 em 2 dias.
Parágrafo Único - Os açougues serão diariamente lavados logo que ter-
mine a venda da carne.
Art. 206 - É expressamente proibido alterar para mais ou para menos nos ta-
lhos públicos os pesos de carne; o infrator será multado em 40$000 réis ou sofrerá
quatro dias de prisão.
Parágrafo Único - Qualquer agente fiscal da Municipalidade poderá, ato
contínuo à venda, apreender pesadas de carne para verificar a exatidão
do peso.
Art. 207 - As mesas e balcões dos açougues serão revestidos de pedra branca
polida, que serão diariamente lavadas.
Art. 208 - As balanças dos açougues serão de arame ou estanho e suspensas
por corrente daquele metal.
Parágrafo Único - O contraventor deste artigo ou do artigo anterior in-
correrá na multa de 15$000 réis ou sofrerá um dia de prisão.
Art. 209 - Os magarefes e talhadores de carnes verdes são obrigados à matri-
cula na Secretaria da Intendência; aos contraventores, 10$000 réis de multa e o duplo
nas reincidências.
Parágrafo Único - A matrícula será requerida ao Superintendente, reu-
nindo o interessado à sua petição, atestado médico que prove não sofrer
o requerente moléstia contagiosa ou cutânea e um atestado do subpre-
feito do distrito de sua residência, abonando sua conduta.
Art. 210 - A matrícula exigida no art. antecedente se dará trimensalmente, nos
meses de Janeiro, Abril, Julho e Outubro, e terá vigor por um ano.
Parágrafo Único - O matriculado quando deixar a profissão o comuni-
cará à Diretoria da Secretaria da Intendência, para que seja feita a neces-
sária nota no livro de matrícula.
Art. 211 - O talhador de carnes verdes é obrigado a usar avental branco e limpo
e camisa branca com mangas curtas. O avental deverá cobrir o corpo desde o pescoço
até os joelhos; o infrator pagará 20$000 réis de multa e o dobro se reincidir.
Art. 212 - Os miúdos de gado abatido só sairão do Matadouro depois de con-
venientemente limpos.
Art. 213 - O médico da Intendência irá diariamente ao Matadouro examinar o
gado a abater-se e ao Mercado Público examinar a carne exposta à venda.
Art. 214 - Os condutores dos carros de carne verde ou das embarcações que
conduzirem as mesmas carnes são obrigados a trajar com o maior asseio e a trazer

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dezembro de 1904.
sempre limpas as embarcações ou os carros; pagará o infrator a multa de 15$ réis e o
duplo na reincidência.
Art. 215 - O inspetor municipal de viação, ouvindo a Superintendência, mar-
cará um prazo razoável para que sejam substituídas as carroças atualmente emprega-
das no serviço de condução de carnes pelas determinadas no art. 196.º
Art. 216 - O açougueiro que, para consumo público, talhar carne por menos de
1$500 o quilograma, fica isento o pagamento de todo e qualquer imposto municipal,
exceção do imposto de entrada do gado no curro; tirará, gratuitamente, a respectiva
matrícula na Intendência.
Art. 217 - No Matadouro Público será observada a seguinte tabela de cobrança
sobre o gado:
Vitelas em pé ou abatidas, por cabeça .......................2$000
Gado bovino abatido, por cabeça...............................2$000
Gado lanígero e caprino, em pé ou abatido por cabeça....
......................................................................................... $300
Gado suíno em pé ou abatido.....................................1$000
Parágrafo Único - São isentos do imposto os bezerros em amamentação
até um ano, os cabritos, e bem assim os leitões que tiverem menos de
oito quilogramas.
Art. 218 - Aos agentes fiscais do Município e aos administradores do Mercado
e Matadouro Municipal cumpre, especialmente, observarem e fazerem observar as
expressas disposições destas posturas.

CAPÍTULO XV - Leite

Art. 219 - Todo o proprietário de estábulo de vacas é obrigado a registrá-lo na


Intendência.
Parágrafo Único - O registro será feito dentro do prazo de trinta dias,
contados da publicação do presente código, sob pena de 20$000 réis de
multa ou 3 dias de prisão.
Art. 220 - Os vendedores de leite, mesmo os que venderem em vasilhames,
serão matriculados na Intendência e trarão sempre consigo a chapa contendo o nú-
mero da matrícula; ao infrator 30$000 réis de multa ou 3 dias de prisão.
Art. 221 - O falsificador de leite será punido com a multa de 200$000 réis ou 10
dias de prisão; na reincidência ser-lhe-á dado em dobro a mesma pena.
Art. 222 - O leite destinado a consumo será ordenhado de vacas, que, previa-
mente examinadas, pelo médico da Intendência forem julgadas aptas.
Art. 223 - Quando o médico julgar de nenhum prejuízo, poderão permanecer
nos estábulos as vacas doentes de moléstias curáveis e intransmissíveis; no caso con-
trário serão imediatamente retiradas.
Art. 224 - É obrigação do proprietário do estábulo comunicar à Superinten-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 141
dência qualquer ocorrência havida no estábulo, após a visita médica, e prestar ao
médico todas as informações que lhe forem pedidas.
Art. 225 - O leite não poderá ser vendido por mais de 1$000 réis a garrafa de
um litro.
Art. 226 - As latas para a vendagem de leite serão aferidas na municipalidade.
Art. 227 - O vendedor de leite que, além das medidas decimais destinadas a
medir o leite, trouxer outra qualquer vasilha, perdê-la-á e pagará a multa de 30$000
réis.
Art. 228 - Permitir-se-ão depósitos de leite convenientemente conservados por
processos aprovados pela junta de higiene, ficando, ainda assim, sob a imediata fisca-
lização da Intendência.
Art. 229 - Todo o vendedor de leite é obrigado a ceder aos fiscais municipais
até a quantidade de ¹/² litro de leite para ser examinado, sob pena, havendo recusa,
de 30$000 réis de multa.
Parágrafo Único - O fiscal passará um recibo do leite, indicando, data,
hora e o local em que o houver adquirido. Este recibo servirá para o ven-
dedor haver dos cofres municipais, pelo preço ordinário, a importância
do leite cedido, caso do exame procedido se verifique sua pureza.
Art. 230 - O leite deverá ter a temperatura de 115.º centigrados, um peso espe-
cífico de 1.028 a 1.034 e conter pelo menos 3% de gordura.
Art. 231 - O fiscal que obtiver o leite para análise tomará nota do número da
matrícula do vendedor e remeterá o leite em vaso fechado e lacrado ao médico mu-
nicipal para proceder ao exame.
Art. 232 - O leite que não for aprovado no exame indicado será enviado à junta
de higiene para mais rigoroso exame.
Art. 233 - O exame do leite será feito por meio do lacto densimetro Quevene,
do lactoscopio de Teser ou do lacto-butyrometro de Marchand ou outros instrumen-
tos por ventura mais aperfeiçoados.
Art. 234 - O vendedor de leite é obrigado apresentar “o visto” dos médicos da
Intendência e inspetoria de higiene todas as vezes que lhe for pedido pelos agentes
municipais, sob pena de multa de 20$000 réis.
Art. 235 - O vendedor de leite é obrigado a apresentar atestado médico, no ato
de sua matrícula na Intendência, que prove não sofrer de moléstia de pele ou conta-
giosa. O infrator pagará 40$000 réis de multa.
Art. 236 - Os estábulos ou casas de vender leite que não satisfizerem rigoro-
samente as condições destas posturas, quanto ao serviço em geral e especialmente
quanto ao asseio e higiene dos estabelecimentos, poderão ser mandados fechar pela
Superintendência, pagando o seu proprietário a respectiva multa.
Parágrafo Único - Não será permitido o estabelecimento de estábulos
no perímetro da cidade.
Art. 237 - Os vendedores de leite sujeitos à matrícula na Intendência, quando

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dezembro de 1904.
deixarem este serviço, deverão comunicá-lo à Diretoria da Intendência para que
sejam feitas as precisas notas no livro de matrícula.

CAPÍTULO XVI - Pescarias e caçadas

Art. 238 - Para o exercício da indústria da pesca a Intendência permite o em-


prego de tarrafas e das redes seguintes:
1º - Redes: que tiverem no corpo a malha de 30 milímetros, no mínimo,
medidos de nó a nó.
2º - Alvitaria – Esta rede terá, no mínimo, na malha do centro, 40 milí-
metros, medidos de nó a nó, e só poderá pescar em águas da profundi-
dade de 40 metros para cima.
3º - Tresmalho: Esta rede terá no mínimo da malha, 40 milímetros me-
didos de nó a nó, e só poderá pescar em águas que tiverem de três me-
tros de profundidade para cima.
4º - Cassoal: Esta rede terá na malha, no mínimo, de 15 a 20 centíme-
tros, medidos de nó a nó.
5º - Redes de Emmalhar ou Branqueiras.
Parágrafo Único - As medidas de nó a nó serão tomadas depois que as
redes estiverem mergulhadas na água, pelo menos, por espaço de meia
hora.
Art. 239 - Permitir-se-á fazer pescarias com:
a) Arpões, flechas e jatecás;
b) Caniços e linhas;
c) Cercados ou currais de bambus ou tela de arame.
Parágrafo Único - A construção de cercado ou currais para peixe será
metida onde não dificulte a navegação.
Art. 240 - Da data da promulgação desta lei fica concedido o prazo de seis me-
ses para substituição das redes, etc., presentemente empregadas nas pescarias e que
não estiverem de acordo com as condições estatuídas neste Código.
Art. 241 - Fica a Superintendência autorizada a proibir, temporariamente, a
colheita de acautelar a procriação e desenvolvimento dos mesmos produtos; outros-
sim proibirá o emprego de qualquer instrumento que a prática demonstre ser preju-
dicial à indústria da pesca, levando a medida tomada, neste caso, ao conhecimento
do Conselho Municipal, para o fim de definitivamente adotá-la como lei ou não.
Parágrafo Único - O emprego de qualquer aparelho novo de pesca, de-
pois de prévias experiências, que demonstrem sua inocuidade, poderá
ser autorizado pela Superintendência, que posteriormente submeterá o
seu ato à aprovação do Conselho.
Art. 242 - A Superintendência concederá licença para fazer pescarias a todo
aquele que for matriculado como pescador na Capitania do Porto.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 143
Parágrafo Único - As licenças serão concedidas gratuitamente.
Art. 243 - São proibidas a posse e uso, na zona fluvial deste município, das
redes denominadas de arrastões e da dinamite e outros explosivos, bem como dos
tóxicos, para efeito da pescaria.
§ 1º - Os que forem encontrados a pescar, em qualquer ponto com as
redes acima proibidas, perdê-la-ão; as embarcações ser-lhes-ão confis-
cadas, pagando ainda o infrator 50$000 réis de multa.
§ 2º - Os que forem encontrados a pescar com dinamite e outros ex-
plosivos e tóxicos perderão os instrumentos de pesca encontrados; as
embarcações, se as tiverem, serão confiscadas, e pagarão mais multa de
100$000 a 200$000 réis.
Art. 244 - Todos os que de terra lançarem bombas de dinamite ou qualquer
explosivo sobre as águas ficarão sujeitos à multa de 100$000 a 200$000 réis.
Art. 245 - Todos os que lançarem nas águas quaisquer tóxicos, bem como os
proprietários de fábricas que conspurcarem as mesmas águas com detritos dessas
fábricas, os quais possam ser nocivos a procriação e desenvolvimento dos produtos
dos rios, ficam sujeitos à pena de 100$000 réis de multa.
Art. 246 - É proibido desalojar os peixes ou outros produtos dos rios, batendo
nas águas com varas, bambus, ou arremessando pedras ou outros projetis, com o fim
de impeli-los por esses meios a que vão de encontro às redes de pescarias; pôde-se,
entretanto, empregar esses meios à distância de 300 metros das praias.
Art. 247 - É proibido tirar peixes dos cercados (currais de peixes) aos que não
forem proprietários dos mesmos cercados ou seus prepostos.
Art. 248 - São permitidos, nos igarapés e pequenos rios, as tapagens com parys
para pegar peixes, desde que não interrompam a passagem.
Art. 249 - As embarcações e aparelhos permitidos que forem confiscados por
infração de lei servirão de garantia para o pagamento da multa, sendo entregues ao
infrator, logo que seja esta satisfeita no prazo de 30 dias; findo este prazo, e havendo
recusa para pagamento da multa, tudo se venderá em hasta pública, em benefício da
municipalidade, sendo o infrator revelado da pena de prisão.
Parágrafo Único - Os aparelhos proibidos que forem apreendidos serão quei-
mados.
Art. 250 - É proibido:
1º - pescar nos lagos deste município, com redes ou tarrafas, nos meses
de Janeiro, Fevereiro, Março e de Outubro a Dezembro;
2º - pescar tartarugas, nos baixos, nas pontas de praias e nos lagos.
Parágrafo Único - Ao infrator, 30$000 réis de multa ou 6 dias de prisão.
Art. 251 - Em todos os casos de infração, os produtos colhidos pelo infrator
serão confiscados e repartidos pelos asilos.
Art. 252 - É proibida a pesca denominada espinhel, sob pena da multa de
30$000 réis.
Art. 253 - É expressamente proibido, sob pena de multa de 50$000 a 100$000

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dezembro de 1904.
réis, caçar nas proximidades de pontos populosos da cidade, subúrbios ou povoados,
e bem assim colocar armadilhas para caça e outras em pontos transitados ou nos
matos dos arredores da cidade e povoados.

CAPÍTULOS XVII - Currais, estrebarias e cocheiras

Art. 254 - As cocheiras e estrebarias, currais, etc., deverão satisfazer as seguin-


tes condições, sob pena de multa de 50$000 réis e o dobro na reincidência:
a) Luz e ventilação precisas: espaço necessário em relação aos animais
a que foram destinadas as casas, de modo que cada baia não tenha me-
nos de 1 metro e 30 centímetros de largura e o comprimento proporcio-
nal.
b) Pavimento impermeável em toda a área ocupada, com o declive de
3 por centro para esgoto das urinas, e estas encanadas para cano geral,
com o competente solo hidráulico. Quando não houver cano ou fosso
geral, serão obrigados os proprietários a ter um depósito para aquele
fim e que será convenientemente desinfetado.
Art. 255 - As cocheiras, estrebarias, currais, etc., etc., só poderão funcionar de-
pois de verificado pelo médico da Intendência o cumprimento exato das disposições
deste Código.
Art. 256 - Cada proprietário de cocheiras, cavalariças, currais, estábulos, etc.,
terá um ferro especial com o qual marcará o gado, ferro que será registrado na Inten-
dência e que não poderá ser transferido senão com a cocheira, cavalariça, etc.
Art. 257 - No perímetro populoso da cidade, e que será determinado pela Ins-
petoria de Higiene Municipal não será permitido estabelecer cocheiras; ao infrator
30$000 de multa ou 3 dias de prisão.

CAPÍTULO XVIII - Animais 7

Art. 258 É proibido ter cabras, carneiros, cavalos e mais animais pelas ruas,
praças e estradas da cidade e subúrbios, bem como galinhas e outras aves. A pessoa
a quem pertencerem será multada em 10$000 réis, e, no caso de se não reconhecer,
será o animal, cinco dias depois de apreendido, mandado vender em leilão no Curro
Público.
§ 1º - Do produto da venda serão deduzidas a multa e as despesas feitas,
e o restante, se houver, será entregue pela Intendência a quem o recla-
mar, provando direito.
§ 2º - A Superintendência marcará por edital assinado pelos fiscais os
pontos nos subúrbios da cidade para pastadouro das vacas de leite.
Art. 259 - Será permitido ter até duas vacas ou duas cabras de leite ou até dois
7 - Alterado por lei n. 180 de 26 de maio de 1899, p. 54.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 145
carneiros, em casas onde houver chácaras ou quintais; encontrados nas ruas, serão
apreendidos esses animais e seus donos multados.
Art. 260 - É proibido transitar com animais de qualquer espécie nos passeios
das ruas públicas, ou em disparada, na cidade, sob pena de 25$000 réis de multa.
Art. 261 - É expressamente proibido ter cães, sem que pague previamente a
taxa de licença estabelecida na lei n. 28, de 4 de Maio de 1896.
§ 1º - O cão provido de licença trará uma coleira com designação do
nome e morada do dono; o número da licença será inscrito em chapa
metálica, pregada à coleira. O infrator pagará 25$000 réis de multa.
§ 2º - A licença para ter cães será anualmente paga.
Art. 262 - Na cidade e subúrbios não serão tolerados cães soltos, ainda que
munidos de coleira e licença; os fiscais os mandarão matar, ficando o dono do cão
obrigado à multa de 25$000 réis e a despesa que fizer com tal diligência.
Parágrafo Único - Os donos de cães, nas ruas, conduzirão esses ani-
mais presos a um cordão ou corrente pouco extensa. O infrator pagará
15$000 réis de multa e o dobro se reincidir, sendo, neste caso, apreen-
dido o cão.
Art. 263 O cão acometido de hidrofobia deverá ser imediatamente morto e
quem o poupar ou soltar pagará 50$000 réis de multa ou sofrerá 3 dias de prisão.
Art. 264 - Não é permitido conservar feras dentro da cidade ou conduzi-las
nas ruas, senão em jaulas apropriadas ou convenientemente amordaçadas; ao infra-
tor, 30$000 réis de multa e o dobro na reincidência.
Art. 265 - É proibido ensinar animais, de tiro ou carga, nas ruas da cidade, ao
contraventor, 30$000 réis de multa ou 2 dias de prisão.
Art. 266 - É proibido prender animais nos postes telefônicos e da ilumina-
ção pública e nas paliçadas da arborização da cidade. O infrator pagará a multa de
20$000 réis ou sofrerá 1 dia de prisão.
Art. 267 - É proibido criar gado de qualquer espécie solto nos terrenos de agri-
cultura. O infrator pagará 20$000 réis de multa ou sofrerá um dia de prisão.
Art. 268 - É proibido espancar animais, sob pena de multa de 20$000 réis ou
um dia de prisão.
Art. 269 - É proibida a criação de porcos dentro do perímetro da cidade até
a margem do Igarapé da Cachoeira Grande, Igarapé da Castelhana, Estrada Epami-
nondas, Boulevard Amazonas, Avenida Maués, Antimany e Igarapé da Cachoeiri-
nha. Os que forem encontrados nas ruas, praças, estradas, etc., etc., serão, no caso
possível, apreendidos e conduzidos para o Curro Público, ou, não sendo possível,
poderão ser mortos e imediatamente conduzidos e enterrados em lugar conveniente,
por quem os matar.
§ 1º - Os donos ou inquilinos de prédios em cujos quintais forem encon-
trados estes animais, enchiqueirados ou não, pagarão a multa de 10$000
réis por cabeça e o dobro nas reincidências.

146 | 09. Manaus (1896) - Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de
dezembro de 1904.
§ 2º - Os porcos apreendidos e conduzidos ao Curro serão deposita-
dos até serem reclamados, dentro de 3 dias, pelos donos, que pagarão a
multa de 15$000 réis e as despesas feitas com a apreensão e sustento dos
mesmos animais; mortos, a nenhuma reclamação a Intendência aten-
derá.

CAPÍTULO XIX - Explosivos, Fábricas e Ofícios 8



Art. 270 - No perímetro comercial e pontos mais populosos da cidade, não será
permitido o estabelecimento de fábricas de óleos, curtume e sabão, nem depósitos de
couros ou de sebo em rama; ao infrator a multa de 200$000 réis ou 10 dias de prisão.
Art. 271 - As padarias, refinações e quaisquer fábricas permitidas dentro da
cidade terão chaminés, cuja altura deverá ser superior aos telhados da própria fábrica
e casas vizinhas. O contraventor pagará a multa de 50$000 réis ou sofrerá 3 dias de
prisão.
Art. 272 - É proibido, sob pena de 30$000 réis de multa ou 3 dias de prisão.
Art. 273 - É igualmente proibido:
a) Ter nos armazéns e tabernas petróleo em quantidade superior a 100
galões;
b) Fabricar foguetes com carretilha de folha de flandres ou com dina-
mite; ao infrator 30$000 réis de multa ou 2 dias de prisão.
Art. 274 - Os depósitos de petróleo, pólvora ou outras matérias inflamáveis
serão estabelecidos, sob pena de 50$000 réis de multa, nos lugares designados pela
Superintendência.
Art. 275 - Salvo licença dada na Secretaria da Intendência, não se permitirá
acender fogos de ar, bombas ou roqueiras depois das 10 horas da noite; ao contraven-
tor 30$000 réis de multa ou 2 dias de prisão.
Art. 276 - As oficinas de gravura, tipografia, litografia ou quaisquer outras de
reprodução de exemplares por meios mecânicos ou químicos, só poderão ser insta-
ladas depois de previamente licenciadas pela Superintendência o necessário termo
de responsabilidade, em cujo termo será declarado o luar, rua e número da casa da
oficina; qualquer mudança de local será dentro de 24 horas participada à Superinten-
dência; ao infrator, 40$000 réis de multa ou 3 dias de prisão.

CAPÍTULO XX - Cemitérios e enterramentos

Art. 277 - Só nos cemitérios ou lugares licenciados pela Superintendência se


permitirá o enterramento de defuntos; ao infrator, 300$000 réis de multa ou 10 dias

8 - Alterado por lei n. 373 de 12 de Dezembro de 1904, p. 60.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 147
de prisão.
Art. 278 - As Inumações serão feitas:
a) Das 6 horas da manhã até às 6 horas da tarde, salvo nos casos de
epidemia;
b) No prazo máximo de 24 horas, exceção dos casos anormais, atesta-
dos por um facultativo ou quando preciso for para diligências policiais;
c) Em caixões hermeticamente fechados.
Parágrafo Único - Os contraventores destas disposições serão multados
em 100$000 réis ou 5 dias de prisão.
Art. 279 - Nos casos de mal contagioso, os caixões para inumação de cadáveres
deverão ser forrados de pano de lona impregnado de alcatrão.
§ 1º - O corpo, nesses casos, será amortalhado e depois de colocado no
respectivo caixão, ser-lhe-á posto a cal conveniente.
§ 2º - O enterramento se dará depois de satisfeitas todas as exigências
da lei.
§ 3º - Aos infratores deste artigo e seus parágrafos, 100$000 réis de mul-
ta.
Art. 280 - A casa em que falecer doente de moléstia contagiosa será rigorosa-
mente desinfetada no prazo máximo de 24 horas depois de retirado o cadáver. Aos
contraventores, 50$000 réis de multa ou 2 dias de prisão.
Art. 281 - Incorrerão na multa de 50$000 réis aqueles que apresentarem cadá-
veres para serem inumados sem atestado de competente que prove a identidade do
morto e a causa do falecimento.
Art. 282 - As exumações só serão permitidas depois de, pelo menos, três anos
do enterramento, salvo nos casos de diligência da polícia ou quando por atestado da
Repartição de Higiene do Estado ficar provado não haver inconveniência para a salu-
bridade pública, precedendo, neste caso, comunicação à Superintendência Municipal
precedendo, neste caso, comunicação à Superintendência Municipal.
Art. 283 - Aos administradores dos cemitérios cumpre executar, fielmente, as
determinações destas posturas.
Art. 284 - É expressamente proibido dobrar a finados. Ao infrator, 20$000 réis
de multa e o dobro na reincidência.

CAPÍTULO XXI - Disposições gerais

Art. 285 - É proibido colocar mercadorias nas paredes e portas das casas de
negócios de modo que impeça o trânsito ou cause dano aos transeuntes, sob pena de
20$000 réis de multa.
Art. 286 - Todo aquele que for encontrado fazendo qualquer negócio fraudu-
lento, será multado em 100$000 réis ou sofrerá 8 dias de prisão, lavrando-se, neste
caso, auto de infração para ser enviado à autoridade competente.

148 | 09. Manaus (1896) - Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de
dezembro de 1904.
Art. 287 - Não será permitido afixar anúncios ou cartazes nas paredes exte-
riores dos prédios, nos muros com gradil, nos troncos ou paliçadas das árvores. Ao
infrator, 30$000 de multa ou 2 dias de prisão.
Parágrafo Único - Permitir-se-á colocar cartazes ou anúncios nos mu-
ros ou paliçadas dos terrenos baldios, satisfazendo as condições das leis
sobre emolumentos e licenças.
Art. 288 - Todo o toldo armado às portas de casas deverá satisfazer as condi-
ções seguintes:
a) Altura mínima, do pavimento do passeio à margem inferior da sane-
fa, [2m,50];
b) Saliência nunca excedente à largura do passeio se o tiver, ou até 2
metros no caso contrário;
c) O toldo só se conservará armado quando houver sol na frente do
prédio.
Parágrafo Único - O infrator será multado em 20$000 réis e o dobro na
reincidência.
Art. 289 - Ninguém poderá exercer o ofício de carregador sem prévia matrí-
cula na Secretaria da Intendência. Aos transgressores, 20$000 réis de multa ou um
dia de prisão.
§ 1º - O carregador matriculado receberá na Secretaria da Polícia uma
chapa numerada, que trará sempre consigo e à vista.
§ 2º - A matrícula renovar-se-á anualmente.
Art. 290 - Os locatários dos quartos externos do Mercado Público não poderá
fazer inscrições nas paredes do edifício; o contraventor pagará a multa de 30$000 réis
e fará o reparo preciso na parede dentro do prazo que lhe for marcado pela autorida-
de competente.
Art. 291 - Só no Curro Público se permitirá o desembarque de gado vacum; o
cavalar ou muar poderá desembarcar em outros pontos previamente marcados pelo
Superintendente. Ao infrator, 30$000 réis de multa ou 1 dia de prisão.
Art. 292 - É proibido dentro do município o corte ou derrubada de árvores de
açaí, bacaba, patauá, sorvas, dendê; salvo licença da autoridade municipal ou distri-
tal.
Art. 293 - É proibido cortar as árvores, salvo permissão da Superintendência,
que marginam os rios e Igarapés desta cidade, sob pena da multa de 40$000 réis.
Art. 294 - É igualmente proibido lançar fogo em roçados sem prévio aviso de 3
dias aos proprietários vizinhos, sob pena da multa de 100$000 réis.
Art. 295 - Os moradores das margens dos rios e igarapés, deverão conservar
limpas de paus, aningais ou murerus, à frente de suas terras, sob pena da multa de
30$000 réis e o dobro na reincidência.
Art. 296 - Aquele que destruir ou danificar cercados públicos ou particulares,
será multado em 40$000 réis e fará o serviço de reconstrução à sua custa.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 149
Art. 297 - É permitido em lugares da via pública designados pelo Inspetor de
viação, colocar cadeiras para engraxates.
Art. 298 -Os sacristãos ou sineiros são obrigados a dar sinais de incêndio nos
sinos das igrejas, conforme o regulamento da polícia, logo que lhes chegue ao conhe-
cimento haver incêndio em qualquer ponto da cidade.
Art. 299 - Quando, em consequência dos passeios das ruas, for impossível o
cruzamento de dois carros, a Superintendência decidirá que por uma só extremida-
de, marcando-a, será permitido a entrada dos mesmos.
Art. 300 - O fiscal é responsável perante a Superintendência e inspetores-in-
tendentes, por sua negligência, decídia ou condescendência, podendo em tais casos
ser demitido ou suspenso pelo Superintendente ou por uma sua resolução da Inten-
dência.
Art. 301 - Os executores das posturas municipais requisitarão, por intermédio
da Superintendência, das autoridades civis ou militares, o auxílio de que precisarem
para o cumprimento fiel de seus deveres e respeito à lei.
Art. 302 - Das multas impostas pelos inspetores-intendentes haverá recurso
para o Superintendente e em última instância para a Intendência.
Art. 303 - Os tabeliães ou escrivães que lavrarem escrituras de venda ou trans-
ferência de prédios ou de estabelecimento comerciais ou industriais, sujeitos aos im-
postos predial, de indústria e profissão e 4% proporcionais, sem que se prove estarem
quites com a Municipalidade, incorrerá na multa do dobro do débito reconhecido.
Art. 304 - Ficam o Superintendente, o Engenheiro Municipal ou qualquer au-
toridade que autorize ou tolere, de encontro às disposições do Código de Posturas
em geral, e especialmente no que se for referente às condições que regulam às obras e
construções da cidade, responsáveis pelos prejuízos que causarem ao serviço público
ou particular, cabendo-lhes, em tais casos, entrarem, para os cofres Municipais com
a importância que, por ventura, seja despendida pela Intendência com os consertos,
de acordo com a lei, do serviço irregular autorizado ou tolerado.
Art. 305 - Qualquer infração do Código Municipal cometida no interior de
casas particulares será pelo agente fiscal denunciada, por escrito, à Superintendência,
que, por sua vez, levará o fato à autoridade competente, para proceder como for de
justiça.
Art. 306 - A autoridade dos fiscais da Municipalidade é cumulativa em todo o
Município; ninguém poderá negar-se à apresentação das licenças municipais por eles
exigidas, sob pena de 40$000 réis de multa ou 2 dias de prisão.
Art. 307 - Todo o funcionário municipal é obrigado a avisar aos agentes fiscais
do município de quaisquer infrações destas posturas.
Art. 308 - Os casos omissos no presente Código, em geral, serão resolvidos
pela Superintendência e inspetorias municipais, que terão sempre em vista os inte-
resses recíprocos do município e seus munícipes.
Parágrafo Único - Nos casos precisos, a Superintendência consultará ao

150 | 09. Manaus (1896) - Código de Posturas nº 49, de 24 de Novembro de 1896, mandado reeditar pela Lei nº 369 de 10 de
dezembro de 1904.
Conselho Municipal, que resolverá em última instância.

Intendência Municipal de Manaus, 4 de Novembro de 1896.

Raymundo Affonso de Carvalho


José da Costa Monteiro Tapajós
Hildebrando Luiz Antony
Deoclecio Marinho de Campos
Estanisláu José Miralhes
Joaquim de Souza Ramos
Manoel Fernandes Moura
Antônio de Miranda Araújo
Francisco Joaquim da Cunha Fiuza

FONTE: Instituto Geográfico Histórico do Amazonas (IGHA) - Estado do Amazonas. Município de


Manaus. Código de Posturas, Leis, Decretos e Mais Resoluções do Conselho Municipal. Manaus: Typ.
da Livraria Clássica, 1906.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 151
10. Manaus (1901)
Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de
posturas Municipais

A intendência de “Silvério Nery”, decreta e promulga.

CAPÍTULO I - Das infrações



Art. 1º - Toda ação ou omissão contraria as disposições e posturas Municipais
será punida com as penas de multa até 1:000$000, ou 20 dias de prisão, quando hou-
ver impossibilidade de pagamento ou formal recusa dos infratores.
Art. 2º - Os pais, tutores, curadores e patrões, são responsáveis pelo pagamento
das multas em que incorrerem seus filhos menores, tutelados e curatelados, emprega-
dos ou pessoas a seu mando.
Art. 3º - Nos casos de reincidência as penas por infração das posturas munici-
pais serão aplicadas em dobro, salvo sendo menor o infrator.
Art. 4º - A multa poderá ser comutada em prisão, atendendo-se para efetivida-
de desta, a gravidade do caso a punir.

CAPÍTULO II - Terrenos, ruas e condições de edificação

Art. 5º - Os donos de terrenos que estejam compreendidos dentro do perí-


metro urbano da Vila, são obrigados a conservá-los limpos de mato e imundices. O
infrator pagará 5$000 de multa por metro linear do terreno que não estiver limpo.
Art. 6º - Os terrenos nas ruas e praças deverão ser cercados ou multados, den-
tro do prazo de seis meses, a contar da data da concessão dos mesmos, não podendo
ter a cerca ou muro menos de dois metros e cinquenta centímetros, se não murá-los
ou cercá-los dentro de dois meses da data da intimação.
Art. 7º - Em todo o litoral da vila é proibido fazer escavações, máxime nos
barrancos. Ao infrator multa de 40$000 ou 5 dias de prisão.
Art. 8º - Nos lugares públicos não é absolutamente permitido tirar areia ou
barro, sem licença do Superintendente. Ao infrator multa de 30$000 ou 4 dias de
prisão.
Parágrafo Único - É proibido a aberturas de buracos nas ruas, praças,
rampas, etc., para fincar paus, levantar andaimes ou outra qualquer
obra, sem prévia licença do Superintendente. Ao infrator multa de
30$000 ou 4 dias de prisão.
Art. 9º - Ninguém poderá edificar ou reedificar prédio sem correr pela frente
um cercado dentro do qual possa conservar, durante o tempo de construção, reque-

152 |
rer permissão para isso ao Superintendente que concedê-la-á desde que não fique
embaraçado ou interrompido o trânsito público. O infrator incorrerá na multa de
30$0000 e pena de retirar, à sua custa, todo o material, andaimes e entulhos, fazendo
a cerca se quiser continuar a obra.
Parágrafo Único - O espaço cercado não deverá exceder da terça parte
da largura da rua, nem serão permitidos materiais fora dele. Multa de
15$000 e pena de demolir o cercado ou retirar para dentro dele todo o
material.
Art. 10º - Os proprietários de prédios em construção ou reconstrução deverão
mandar colocar na frente dos referidos prédios, um lampião aceso toda noite, em
quanto durar a obra. Ao infrator 40$000 de multa por cada noite que o lampião não
for encontrado aceso.
Art. 11 - Os cercados ou andaimes permitidos para efeitos de construções, se-
rão tirados dois dias depois de concluída a obra ou quando esta ficar parada por mais
de 4 meses; ao infrator multa de 20$000.
Parágrafo Único - O proprietário procurador ou administrador que pa-
rar com a obra por mais do tempo declarado neste artigo, ficando sem
portas nem janelas, será obrigado a tapá-las, se não poder assentá-las;
multa de 20$000 e de ser feito a sua custa o tapamento a mandado do
Superintendente.
Art. 12 - Aquele que destruir ou alterar de qualquer modo o nome, número,
marco das ruas, praças, casas, etc., pagará a multa de 100$000.
Art. 13 - As ruas abertas e as que ainda não estão edificadas terão a larguras de
30 metros e serão em linha reta quanto possível.
Parágrafo Único - Os quarteirões terão 128 metros de frente sobre 150
de fundos, salvo quando o não permitirem as condições do terreno, de-
vendo, neste caso, o fiscal da vila trazer ao conhecimento do Superin-
tendente que, se julgar necessário, recorrerá a Intendência para resolver.
Art. 14 - O estudo de alinhamento de uma rua compreenderá forçosamente o
nivelamento.
Art. 15 - Nenhuma construção fazer-se-á dentro do perímetro urbano sem
prévio alinhamento dado pelo fiscal, a requerimento da parte interessada, que ins-
truirá sua petição com a declaração da natureza, qualidade, modelo e extensão da
obra que pretender levantar. Ao infrator multa de 50$000 além do embargo da obra
para, se preciso for, será demolida a custa do infrator.
Art. 16 - Nenhuma construção se fará dentro da sede do município sem prévia
licença do Superintendente, que aprovará ou não o alinhamento dado pelo Fiscal. Ao
infrator 50$000 de multa além do embargo da obra, para, se preciso for, ser demolida
por conta de quem pertencer.
Art. 17 - Os prédios que se construírem deverão ser começados pela frente,
que não poderá ter menos de cinco metros de altura além da platibanda que também

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 153
não terá menos de 100 centímetros.
Art. 18 - A construção de edifício de tijolo será assente sobre alicerces feitos
com pedra ou calcário, contendo pelo menos oitenta centímetros de profundidade e
igual de espessura. Ao infrator 50$000 de multa e a demolição a sua custa.
Art. 19 - As portas e janelas dos edifícios de qualquer natureza deverão ter pelo
menos um metro de largura, sendo a altura das portas de três metros, e, das janelas,
de um e vinte centímetros.
Parágrafo Único - Quando as janelas e portas forem de volta, as alturas
acima serão descontadas nas ombreiras. Ao infrator multa de 50$000 e
demolição por conta do infrator.
Art. 20 - Os edifícios que ficarem nas esquinas, terão duas frentes, que corres-
pondam igualmente com as duas ruas, sob as mesmas bases exigidas por este Código.
Multa de 40$000 e reconstrução a custa do infrator.
Art. 21 - É proibido fazer portas, janelas, rólutas, que abram para fora e bem
assim, alpendres, patamares e escadas nas frentes das casas. Ao infrator multa de
30$000 e demolição das mesmas a sua custa.
Art. 22 - É proibido dentro do patrimônio Municipal, roçar ou apossar-se
quem quer que seja de terrenos baldios, sem que pela Municipalidade seja o terreno
concedido por aforamento. Ao infrator 50$000 de multa, perdendo o serviço que
tiver feito no referido terreno.
Art. 23 - Fica proibido sem licença Municipal, cortar árvores frutíferas, de ma-
deira de lei ou de construção na área patrimonial, excetuando-se nas posses aforadas
ou isentas de foro que se acharem encravados na mesma área.
Art. 24 - Aquele que mesmo casualmente prejudicar o asseio da Vila, e incon-
tinente não o reparar, pagará a multa de 20$000.
Art. 25 - Todos os prédios edificados ou a edificar dentro do perímetro da vila,
deverão ter passeios ou calçadas, tendo estas uniformemente dois metros de largura;
multa de 50$000 ao infrator.

DISPOSIÇÕES DIVERSAS

Art. 26 - As arrumações serão feitas segundo o alinhamento geral existente,


sendo que os prédios que dele se afastarem, deverão recuar ou avançar por ocasião
de serem reconstruídos.
Art. 27 - Nenhum prédio poderá ser construído ou reconstruído, sem o prévio
alinhamento dado pelo Fiscal da Intendência e de acordo com os arts. 15 e 16 deste
Código.
Art. 28 - Todos os prédios devem dar saída às águas que pela inclinação e
disposição dos terrenos não tiverem outro esgoto, sendo obrigados os proprietários
respectivos a fazer canos. Multa de 30$000 aos que se negarem ou impedirem o es-
coamento, prejudicando os vizinhos.

154 | 10. Manaus (1901) - Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de posturas Municipais
Art. 29 - Quando um prédio ameaçar ruína, será vistoriado pelo Fiscal e dois
peritos nomeados pelo Superintendente e o proprietário, em vista da vistoria, recebe-
rá a intimação para demoli-lo ou recuperá-lo no prazo de quinze dias, que poderá ser
prorrogado pelo Superintendente, se houver motivos ponderosos, Multa de 30$000
ao infrator.
Parágrafo Único - Quando o proprietário negar-se a demolir, o Supe-
rintendente mandará requerer no juízo competente a dita demolição,
correndo as despesas por conta do proprietário.
Art. 30 - As licenças de que trata o art. 27 será valida por 3 meses.
Art. 31 - Quando para regularidade do alinhamento de uma rua for mister
reunir a um terreno dado, partes de terras Municipais, será nomeada para as avaliar
uma Comissão de competentes.
Parágrafo Único - Vendido o terreno, o comprador não poderá ocupá-lo
senão de entrar para os cofres Municipais com a importância da compra
realizada.
Art. 32 - Quando em caso contrário ao antecedente for preciso para a regu-
laridade do alinhamento de uma rua, fazer-se a desapropriação de um terreno ou
parte de um terreno particular o Superintendente, para sua aquisição, entrará em
acordo, com o respectivo proprietário, tendo sempre em vista, neste caso, o interesse
do Município.
Parágrafo Único - Não sendo possível o acordo, o Superintendente fará
a desapropriação do referido terreno por utilidade pública, nomeando
como no caso antecedente, peritos para a necessária avaliação.
Art. 33 - O proprietário ou encarregado de qualquer prédio é obrigado a tra-
zê-lo sempre limpo.
Parágrafo Único - A fachada da casa deverá ser limpa, pintada ou caia-
da, pelo menos uma vez em cada biênio, ou quando tais serviços forem
reclamados, procedendo neste caso, se preciso for, intimação da Inten-
dência.
Art. 34 - Qualquer particular poderá arborizar a frente de sua casa, mediante
licença do Superintendente, tomando por base o alinhamento anterior, que possa ter
o seu vizinho, ou uma arborização pública, passando a pertencer a Intendência a dita
árvore, sua inspeção e conservação.

CAPÍTULO III

Art. 35 - Ninguém poderá andar disfarçado dentro do perímetro da sede do


Município sem licença que pode ser concedida em dias especiais. Multa de 20$000
ou 1 dias de prisão ao infrator.
Art. 36 - É proibido sob pena de 20$000 réis de multa ou 1 dia de prisão, fazer
batuques, sambas ou divertimentos desta ordem quando perturbem o sossego públi-
co.
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 155
Art. 37 - Ninguém poderá apitar ou dar sinais dos usados pela polícia, salvo
em caso de socorro. Multa de 10$000 réis, ou 1 dia de prisão ao infrator.
Art. 38 - É expressamente proibido sob pena de 30$000 réis de multa ou 3 dias
de prisão:
1º Proferir ou escrever em lugares públicos palavras e frases ou figuras imorais;
2º Andar em público indecentemente vestido ou completa nudez;
3º Toma banho nu em pleno dia, em lugares públicos que ofenda a moral.
Art. 39 - Ninguém poderá andar armado sem prévia licença das autoridades
policiais, sob pena de multa de 30$000 réis ou 3 dias de prisão.
Art. 40 - Aquele que danificar postes de iluminação, árvores frutíferas ou outra
qualquer do arborizamento público, será multado em 40$000 réis e pagará o dano
causado.
Art. 41 - São absolutamente proibidos jogos de azar quer em casas de tavola-
gem quaisquer pretextos.
Parágrafo Único - Incorrerá na multa de 50$ a 200$000 réis quem ban-
car tais jogos e outro sim, de 50$ a 100$000, réis cada indivíduo que for
encontrado jogando.
Art. 42 - É expressamente proibido, sob pena de 20$000 réis de multa ou 2
dias de prisão.
a) Dar tiros de roqueiras, espingardas, pistolas, rifles e revólver e soltar
buscapés no perímetro da Vila. É permitido, entretanto, em jacarés ou
qualquer feras ou monstros que apareçam ou infestem o rio, no porto e
suas imediações.
b) Fazer queimas e roçados nos limites do referido perímetro ou dentro
dele sem prévia licença do Superintendente;
c) Correr a galope pelas ruas ou em disparada. Salvo em caso de perigo
de vida ou por urgente serviço público.
d) Atirar ou arremessar flechas dentro do perímetro da Vila e suas ime-
diações.

CAPÍTULO IV

Art. 43 - É proibido fazer sem licença do Superintendente:


a) Abri estabelecimento de qualquer natureza seja loja, taverna ou ar-
mazém;
b) Abri barracas ou botequins duradouros ou provisórios;
c) Mascatear em obras de ouro, prata, quinquilharias, fazendas, perfu-
marias e mais miudezas, em qualquer parte do município, nas costas,
em canoa ou em qualquer embarcação.
d) Vender aguardente ou bebidas álcool espirituosas quaisquer; multa
de 20$000 a 50$000, conforme o valor do comércio do infrator.

156 | 10. Manaus (1901) - Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de posturas Municipais
Art. 44 - A licença só atinge a quem a requerer e a respeita do que nela se en-
cerra, servindo somente para um exercício financeiro.
Art. 45 - Todas as pessoas que venderem gêneros ou fazendas, logo depois
de tirada a licença e pagos os respectivos impostos, deverão mandar aferir os pesos
e medidas, antes de usá-los. O infrator incorrerá na multa de 30$000 ou 5 dias de
prisão.
Art. 46 - É expressamente proibido ter pesos e medidas que não correspondam
exatamente ao que nele estiver designado. Multa de 50$000 ou 5 dias de prisão, ao
infrator, sendo apreendidos os pesos ou medidas.
Art. 47 - Todos aqueles que se recusarem a apresentar os pesos e medidas ao
fiscal, imediatamente quando os exija, serão multados em 75$000 ou 7 dias de prisão.
Parágrafo Único - Sob pretexto algum poderá o aferidor recusar-se a
aferir as medidas, pesos, etc., que lhe forem apresentados e que esti-
verem em condições de o ser. O aferidor pagará a multa de 10$000 a
30$000 pela inobservância de tais deveres.
Art. 48 - É proibido usar no comércio pesos e medidas que não sejam do siste-
ma métrico decimal. Multa de 30$000 ao infrator.
Art. 49 - As casas de negócios, especialmente as de gêneros de alimentação
pública, são obrigadas a rigoroso asseio no tocante ao edifício como aos utensílios
que se servirem. O contraventor pagará a multa de 60$0000.
Art. 50 - Estão sujeitos a multa de 100$000 ou 8 dias de prisão:
a) Vendedores de gêneros falsificados.
b) Os que usarem vasilhames no comércio cuja oxidação prejudique a
saúde.
c) Os que adicionarem a os gêneros de consumo substâncias nocivas
ou toxinas.
d) Os que expuserem a venda gêneros deteriorados ou danificados.
Art. 51 - É proibido sob pena de 30$000 de multa, vender objetos de ouro ou
prata, sem o necessário contraste e bem assim comprar objetos de qualquer espécie, a
fâmulos e meninos, sem autorização das pessoas por eles responsáveis.
Art. 52 - É proibido vender bebidas alcoólicas a menores ou a quem estiver
embriagado, sob pena da multa de 30$000.
Art. 53 - Pelos padrões da Intendência deverão ser aferidas as medidas, pesos e
balanças, que tiverem de ser empregadas no comércio. O contraventor será multado
em 30$000, se no ato da aferição das medidas etc., submetidas a exame, ficar verifi-
cado o vício destas.
Art. 54 - Os proprietários de estabelecimentos comerciais, industriais etc., sal-
vo aqueles que discriminadamente forem excetuados nestas posturas, são obrigados
a conservar fechadas as portas de seus estabelecimentos aos domingos e nos seguin-
tes dias feriados: 1.º de Janeiro, 24 de Fevereiro, 13 de Agosto, 5 e 7 de Setembro, 2, 15
e 21 de Novembro, 25 de Dezembro, sexta-feira santa e terça-feira de carnaval, este

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 157
último, somente do meio dia em diante.
Parágrafo Único - Ao infrator multa de 50$000 ou 2 dias de prisão e o
dobro nas reincidências.
Art. 55 - As exceções de que trata o art. acima compreendem: restaurante,
bilhares e bem assim botequins, que não tiverem comunicação com estabelecimento
de outro qualquer gênero.
As mercearias, tavernas e barbearias etc., poderão se conservar abertas até ao
meio dia.
Art. 56 - As casas de comércio só poderão se conservar se abertas até às 10
horas da noite e as casas de jogos lícitos e botequins até a meia noite. Ao infrator
30$000 de multa.
Art. 57 - Cada casa de comércio poderá ter, para vender a retalho, até dez cai-
xas (10) de querosene e vinte cinco (25) libras de pólvora. O contraventor fica sujeito
a multa de 200$000.

CAPÍTULO V - Saúde Pública

Art. 58 - Todo aquele que tiver em sua casa doente de moléstia epidêmica ou
contagiosa, é obrigado a comunicar o caso a Superintendência, para que sejam da-
das as precisas providências no sentido de evitar a propagação do mal. Ao infrator
100$000 de multa ou 5 dias de prisão.
Art. 59 - Todas as vezes que pelo Governador do Estado ou pelo Superinten-
dente seja anunciado que se está procedendo a vacinação pública, os pais, tutores e
curadores são obrigados a submeter os seus filhos, tutelados e curatelados, desde que
estes tenham mais de um ano de idade, à mesma vacinação, no lugar, dia e hora de-
signados. Multa de 10$000, podendo ser relevada diante de motivos que justifiquem
a falta do comparecimento.
Art. 60 - Oito dias depois de praticada a vacinação deverão as pessoas vacina-
das voltar a presença do vacinador para se verificarem os efeitos da vacina e extrair-se
a linfa para a propagação. Não comparecendo incorrerá na multa de 30$000, salva
justificando a falta.
Art. 61 - Ficam isentas da obrigação imposta por este Código aquelas pessoas
que provarem a vacinação com atestado de profissional.
Art. 62 - A linfa vacinica deverá ser extraída de pessoas reconhecidamente
sadias.

CAPÍTULO VI - Pescarias e caçadas

Art. 63 - Para o exercício da indústria da pesca a Intendência permite o empre-


go de tarrafas, redes, arpões, flechas, jatecás, caniços e linhas.
Art. 64 - Fica proibido fazer-se tapagens ou currais para peixes nos lugares

158 | 10. Manaus (1901) - Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de posturas Municipais
onde dificulte a navegação; o infrator pagará a multa de 50$000 ou 10 dias de prisão.
Art. 65 - É expressamente proibido deixar morrer nas praias as tartarugas, de-
pois de viradas, por qualquer motivo. Multa de 100$000 ou 10 dias de prisão.
Art. 66 - Fica o Superintendente autorizado a proibir temporariamente a co-
lheita de qualquer produto do rio, quando assim o determinar a necessidade de acau-
telar a procriação e desenvolvimento dos mesmos produtos; outrossim, proibirá o
emprego de qualquer instrumento que a prática demonstre ser prejudicial a indústria
da pesca, levando a medida tomada, neste caso, ao conhecimento do Conselho Mu-
nicipal, para o fim de definitivamente adotá-la como lei ou não.
Parágrafo Único - O emprego de qualquer aparelho novo de pesca, de-
pois de precisas experiências, que demonstrem sua inocuidade poderá
ser autorizado pela Superintendência, que posteriormente submeterá o
seu ato a aprovação da Intendência.
Art. 67 - A Superintendência concederá licença para fazer pescarias a quem
quer que seja.
Parágrafo Único - As licenças concedidas serão gratuitas.
Art. 68 - É proibido na zona fluvial do Município, lançar ou deitar timbó ou
outras ervas venenosas, bem como empregar bombas de dinamite para matar peixe.
Multa de 100$000 a 200$000.
Art. 69 - A Superintendência concederá licença gratuita para caçar nos matos
dos arredores da sede do Município.

CAPÍTULO VII - Animais

Art. 70 - É proibido ter porcos, cabras, carneiros, cavalos e mais animais soltos
pelas ruas e praças da Vila. A pessoa a quem pertencer será multado em 10$; e, no
caso de não ser o dono conhecido, será o animal apreendido e 3 dias depois vendido
em hasta pública.
Parágrafo Único - Do produto da venda serão deduzidas a multa e as
despesas feitas e o restante, se houver, será entregue pela Intendência a
quem reclamar, provando o direito.
Art. 71 - São permitidos dentro do perímetro da Vila estábulos, conveniente-
mente asseadas e vacas de leite guardadas por pastores e recolhidas a tarde em cur-
rais, mediante licença e pagando 50$000 anualmente.
Art. 72 - Na Vila não se toleram cães soltos, salvo os que tenham pago o im-
posto, no contrário o fiscal os mandará, ficando o dono do cão obrigado a multa de
10$000 e a despesa que se fizer com tal diligência.
Art. 73 - O cão acometido de hidrofobia será imediatamente morto e quem o
poupar ou soltar pagará a multa de 50$000 ou 5 dias de prisão.
Art. 74 - É proibido espancar animais, sob pena de multa de 20$000 ou 2 dias
de prisão.
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 159
CAPÍTULO VIII - Cemitérios e enterramentos

Art. 75 - Só no cemitério ou lugares licenciados pela Superintendência se per-


mitirá o enterramento de defuntos; o infrator pagará 200$000 ou 8 dias de prisão.
Art. 76 - As inumações se farão:
a) Das seis horas da manhã até as seis da tarde;
b) No prazo máximo de 24 horas, exceção dos casos anormais, atestado
por um facultativo ou quando preciso for para diligências policiais;
c) Em caixão hermeticamente fechado.
Parágrafo Único - Os contraventores destas disposições serão multados
em 100$000 ou 5 dias de prisão.
Art. 77 - O enterro se efetuará depois de satisfeitas todas as exigências da lei.
Ao infrator deste art. 10$000 a 50$000 de multa.
Art. 78 - A casa em que falecer doente de moléstia contagiosa será rigorosa-
mente desinfetada no prazo máximo de 24 horas depois de retirado o cadáver. Aos
contraventores 50$000 ou 2 dias de prisão.
Art. 79 - As exumações só serão permitidas depois de, pelo menos, três anos
de enterramento; salvo nos casos de diligências policiais ou quando por atestado mé-
dico ficar provado não haver inconveniência para a salubridade pública; precedendo,
neste caso, comunicação a Superintendência.
Art. 80 - Ao administrador do cemitério ou encarregado cumpre executar fiel-
mente às determinações destas posturas.

CAPÍTULO IX - Disposições Gerais

Art. 81 - Todo aquele que for encontrado fazendo negócio fraudulento, será
multado em 100$000 réis ou sofrerá 5 dias de prisão, lavrando-se, neste caso, auto de
infração para ser enviado a autoridade competente.
Art. 82 - É proibido dentro do Município o corte ou derribada de árvores de
açaí, bacaba, patuá ou quaisquer ouras árvores frutíferas salvo com licença da autori-
dade municipal ou distrital.
Art. 83 - É igualmente proibido lançar fogo em roçados sem prévio aviso de 3
dias aos proprietários vizinhos sob pena de multa de 40$000 réis.
Art. 84 - Os moradores das margens dos rios e igarapés deverão conservar
limpas de paus e roçada a frente de suas terras e toda altura do barranco, tendo esta
limpeza nunca menos de cinco metros de fundos, sob pena de 100$000 réis de multa
e o dobro na reincidência.
Art. 85 - O fiscal é responsável perante a Superintendência, por sua negligên-

160 | 10. Manaus (1901) - Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de posturas Municipais
cia, desídia ou condescendência, podendo em tais casos ser demitido ou suspenso
pelo Superintendente.
Parágrafo Único - Quando a negligência ou condescendência do fiscal
venha a importar em despensa de impostos municipais, deverá o Supe-
rintendente mandar que pelo procurador da Intendência seja-lhe passa-
do telão da importância dispensada, além da multa de 15% que pagará
sobre a dita importância.
Art. 86 - Os executores das posturas municipais, requisitarão, por intermédio
do Superintendente, das autoridades civis e militares, o auxílio de que precisarem
para cumprimento fiel de seus deveres e respeito a lei.
Parágrafo Único - Quando não tenham os executores das posturas mu-
nicipais fácil comunicação com a Superintendência, devido a longitude
e difícil transporte, poderão requisitar o auxílio às autoridades de que
fala o art. antecedente, para que possam fazer efetivo o seu ato, que será
sem perda de tempo comunicado a Superintendência que resolverá.
Art. 87 - Das multas impostas pelos executores das posturas Municipais haverá
recurso para o Superintendente e em última instância para a Intendência.
Art. 88 - Ficam o Superintendente, o fiscal ou qualquer autoridade que per-
mita ou tolere, de encontro as disposições do Código de posturas em geral, e espe-
cialmente no que for referente as condições que regulam as obras e construções na
sede do Município, responsáveis pelos prejuízos que causarem ao serviço público ou
particular, cabendo a qualquer deles em que tais casos, entrar para os cofres Muni-
cipais com a importância que, por ventura seja despendida pela Intendência com os
consertos de acordo com a lei, do serviço irregular permitido ou tolerado.
Art. 89 - Qualquer infração do Código Municipal cometido no interior de
casas particulares será pelo fiscal denunciada por escrito, a superintendência que,
por sua vez, levará o fato a autoridade competente para proceder como for a Justiça.
Art. 90 - A autoridade fiscal e agentes ficais da Municipalidade é cumulativa
em todo Município; ninguém poderá negar-se a apresentação das licenças à Munici-
pais por ele exigida sob pena de multa de 50$000, ou 3 dias de prisão.
Art. 91 - Todo funcionário Municipal é obrigado a avisar ao fiscal e agentes
fiscais do Município de quaisquer infrações destas posturas.
Art. 92 - Os casos omissos no presente Código, em geral, serão resolvidos pela
Superintendência que terá sempre em vista os interesses recíprocos do Município e
seus Munícipes.
Parágrafo Único - Nos casos precisos o Superintendente consultará ao
Conselho Municipal que resolverá em ultima instância.
Art. 93 - Revogam-se as disposições em contrário, Sala das Sessões, da Inten-
dência de “Silvério Nery”, 23 de Agosto de 1901.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 161
RAYMUNDO LEMOS BRAGA.
Francisco Oliveira Guimarães.
João da Gama Braga.
Joaquim Antônio Ferreira.
Antônio Cordeiro Falcão.

Publicada a presente lei nesta Secretaria da Intendência Municipal de “Silvério


Nery”, aos 23 de dias do mês de Agosto de 1901.
Eu, Manoel Francisco de Paula, Secretário a escrevi.

FONTE: Instituto Geográfico Histórico do Amazonas (IGHA) - Intendência Municipal - Decretos e


Leis dos meses de Agosto a Setembro de 1901.

162 | 10. Manaus (1901) - Lei nº 41, de 23 de Agosto de 1901 - Promulga o Código de posturas Municipais
11. Manaus (1910)
Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas
do Município de Manaus

ADRIÃO RIBEIRO NEPOMUCENO, Superintendente Municipal de Manaus,


por nomeação legal, etc. Faço saber a quem o conhecimento desta pertencer, que a
Intendência Municipal, em sua 3.ª reunião ordinária do corrente ano, promulgou a
seguinte Lei:

CAPÍTULO I - Das multas em geral

Art. 1º - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, contravier ao disposto


nas Posturas Municipais de Manaus, será punido com as penas correspondentes à
infração e nas mesmas Posturas declaradas.
§ 1º - A pena aplicada em virtude deste Código, é sem prejuízo de outro
qualquer procedimento, jurídico, civil ou criminal, a que a infração ou
suas circunstâncias possam dar lugar.
§ 2º - As reincidências agravam a pena, elevando-a ao dobro.
§ 3º - Quando a pena cominada, quer simples, quer agravada, exceda o
máximo da multa que a Superintendência pode impor, esse máximo a
constituirá, ficando anulado o excedente.
Art. 2º - Aquele que, pelas Posturas Municipais, são obrigados a afiançar-se
às multas em que possam incorrer, apresentarão à polícia, quando tiverem cometido
transgressão, o certificado de sua fiança, para que, no verso do mesmo seja feita nota
da infração, com declaração da data em que esta teve lugar, assim como, de sua natu-
reza e da importância da multa correspondente.
§ 1º - Tendo o infrator pago a multa constante da nota lançada no verso
do seu certificado, deve, ato contínuo, exigir que se anule tal nota, por
meio de uma outra escrita à margem ou abaixo da mesma, para que o
aludido certificado continue a valer pela sua respectiva importância.
§ 2º - Se a importância das multas mencionadas e não anuladas no cer-
tificado absorver o valor da fiança, ter-se-á o infrator como não afiança-
do, para todos os efeitos legais.
Art. 3º - O infrator de qualquer disposição deste Código, cujo nome e residên-
cia não forem conhecidos, uma vez que não preste fiança para o pagamento da res-
pectiva multa, ou não efetue depósito da importância desta, será detido pelo tempo
necessário à verificação de quem ele seja e de qual seja a sua moradia, a fim de que se
possa, oportunamente, tornar efetiva a referida multa.
Art. 4º - Os infratores das disposições deste Código, que não pagarem as mul-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 163
tas aos mesmos aplicadas, serão correcionalmente detidos por tantos dias quantos
forem necessários para satisfazê-las, na razão de dez mil réis diários.
Parágrafo Único - A pena de detenção correcional sujeita somente o
próprio infrator, a de multa obriga os pais pelos filhos-familiares, os
maridos pelas esposas, os tutores pelos tutelados e os curadores pelos
curatelados.
Art. 5º - A polícia especial do Mercado, Matadouro e mais estabelecimentos
ou serviços públicos mantidos pela intendência, será feita segundo os respectivos
regulamentos, resoluções ou ordens em vigor, com exclusão das partes alteradas por
estas Posturas.
Art. 6º - Fica revogado a lei n. 49 de 24 de Novembro de 1896.

CAPÍTULO II - Das ruas, praças e terrenos

Art. 7º - Os donos de terrenos sitos nesta cidade e seus subúrbios, são obri-
gados a conserva-los limpos de matos, imundices, etc. O infrator pagará a multa de
5$000 por metro linear de frente do terreno que não estiver limpo.
Art. 8º - Os terrenos sitos nos bairros da Cachoeira Grande, Cachoeirinha e
Mocó, nas partes arruadas, e os das ruas que não estiverem compreendidas no artigo
a seguir, deverão ser numerados e cercados dentro do prazo de 12 meses, contados
da publicação deste Código, sob pena de multa de 1$000 por metro linear de frente
do terreno, cobrada anualmente a titulo de imposto.
Art. 9º - Os terrenos das ruas da cidade, já devidamente nivelados, não com-
preendidos no artigo antecedente, devem ser limpos e murados, dentro de prazo
marcado me edital, pagando o proprietário, que não satisfazer esta exigência o im-
posto de 5$000 por metro linear de frente do terreno, no primeiro ano, e o dobro da
taxa indicada, em cada ano que se seguir.
Parágrafo Único - O muro dos terrenos terá a altura de 1m,00, quando
encimado por gradil de ferro. Será, porem, facultativo construí-lo sim-
ples, ou apropriá-lo à futuras construções, mas sempre decorados por
um plinto, pilastras e cimalha, e, em tal caso, com altura nunca inferior
a 2,m00.
Art. 10º - Em todo litoral da cidade é proibido fazer escavações, assim como,
quebrar ou tirar pedras, principalmente aquelas que seguram ou amparam os bar-
rancos e impedem as escavações produzidas pelas água pluviais. O infrator incorrerá
na multa de 50$000, ficando ainda obrigado ao trabalho para reparar os prejuízos
causados, sob pena de nova multa.
Art. 11 - É proibida a abertura de buracos nas ruas, praças, rampas, etc., para
se fincarem paus, levantarem-se andaimes, ou para qualquer outro fim, sem prévia
licença da Superintendência. O infrator fica sujeito à multa de 30$000.
Art. 12 - Todo fosso ou escavação que se fizer nas ruas, praças, etc., para a exe-

164 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
cução de qualquer serviço, será defendido por uma grade de madeira, na altura de
um metro, convenientemente travejada, sob pena de multa de 20$000.
§ 1º - O aterro para tapamento de fosso ou escavação, far-se-á por meio
de camadas de 0m,20, bem socadas.
§ 2º - Os fossos ou aberturas, além da grade, serão guardados, a noite,
por uma lanterna, sob pena de multa de 20$000.
Art. 13 - Todo aquele que fizer escavação na via pública, para qualquer fim,
terminado o serviço, é obrigado a nivelar e calçar o terreno a sua custa, deixando-o
nas condições encontradas, sob pena de multa de 20$000, repetida em prazos marca-
dos até que esta exigência seja satisfeita.
Parágrafo Único - O dono do trabalho executado ficará responsável,
pelo prazo de um ano, por qualquer diferença de nível que advenha,
ficando obrigado a efetuar novamente os reparos de nivelamento e cal-
çamento, na forma e sob as penas já declaradas neste artigo.
Art. 14 - Somente, de modo que não incomode os transeuntes e sem que preju-
dique a limpeza das vias públicas, se permitirá a condução de cal, terra, barro, palha,
etc., pelas ruas da cidade. Ao infrator se multará em 15$000.
Art. 15 - Os entulhos provenientes de edificação, reedificação, demolição, etc.,
de prédios urbanos, serão depositados junto da obra, devendo, porém, ser removi-
dos sucessivamente, sem que fiquem amontoados por mais de 24 horas. Ao infrator
multa de 40$000.
Art. 16 - Todos os andaimes devem ser fechados por tapamentos de madeira
solidamente construídos até a altura mínima de 3m, 50, devendo ser também ilumi-
nados a noite, por uma ou mais lâmpadas, segundo a necessidade.
Parágrafo Único - Os tapamentos não poderão exceder à largura dos
passeios. Multa de 20$000 ao infrator deste artigo, com obrigação de
satisfazer as exigências nele contidas.
Art. 17 - Os cercados ou andaimes permitidos para o efeito de construções ou
qualquer outro, serão retirados 24 horas depois de concluída a obra, ou quando esta
ficar parada por mais de 4 meses consecutivos, ficando seus donos obrigados a repa-
rar o local, deixando este nas condições encontradas. Ao infrator multa de 50$000,
podendo a Superintendência mandar retirar tais andaimes ou cercados e reparar o
calçamento, tudo por conta do dono da construção.
Art. 18 - Aquele que destruir, ou alterar de qualquer modo, o nome, número
e marco das ruas, praças, casas, etc., pagará à municipalidade a multa de 100$000.
Art. 19 - As ruas que forem abertas depois da publicação deste código, e as
que ainda não estão edificadas, terão a largura de trinta metros e serão em linha reta
quanto possível.
Parágrafo Único - Os quarteirões destas novas ruas terão 132m,0 de
lado, salvo quando não o permitirem as condições do terreno. Neste
caso o engenheiro municipal, encarregado de dirigir tal serviço, levará

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 165
o fato ao conhecimento da seção técnica da Intendência, que estudará
as plantas, perfis e seções transversais, e resolverá de acordo com o Su-
perintendente.
Art. 20 - O estudo do alinhamento de uma rua compreenderá forçosamente o
nivelamento da mesma.
Art. 21 - Todo proprietário de terreno é obrigado a numerá-lo, como são nu-
meradas as casas, salvo quando tal terreno fizer parte de algum prédio como serven-
tia dele. Neste caso, se mais tarde se fizer na mesma edificação, tomará esta o número
do prédio contíguo, distinguindo-se a numeração do novo edifício pela colocação de
uma letra do alfabeto junto ao algarismo.
§ 1º - Nas ruas, a numeração começará do lado meridional para o sep-
tentrional, e nas travessas, do ocidental para o oriental, ficando os nú-
meros pares à direita e os ímpares à esquerda.
§ 2º - A numeração dos prédios, do mesmo modo que a dos terrenos
que não fizerem parte da serventia de edifícios, é da obrigação e conta
dos respectivos proprietários.
Art. 22 - Os proprietários de terrenos cujo nível for inferior ao da rua, ficam
obrigados a construir muro de tijolo ou de pedra, para impedir desabamentos. Ces-
sará, porém, essa obrigação quando isso acontecer por execução de serviços feitos
nas ruas, uma vez que estes tenham sido ordenados pelo Estado ou pelo Município.
Art. 23 - Não é permitida, nas ruas e praças, a conservação de volumes de qual-
quer natureza, mesmo pertencentes ao comércio, mais do que o tempo necessário
para descanso do condutor. Ao infrator multa de 10$000.
Art. 24 - É proibido transitar com volumes ou carros pelos passeios das ruas
e praças, bem como, andar em velocípedes, bicicletas, etc., nos mesmos passeios. Ao
infrator multa de 10$000.
Art. 25 - É proibido, a quem quer que seja, fazer roçados em terrenos baldios
ou apossar-se dos mesmos terrenos, dentro do Patrimônio Municipal, sem que pela
Municipalidade seja o terreno concedido por aforamento ao interessado. O infrator
pegará 100$000 de multa e perderá o serviço que houver feito no terreno indevida-
mente ocupado.
Art. 26 - É igualmente proibido, sem licença da Municipalidade, cortar árvores
frutíferas e madeiras de lei ou de construção, na área patrimonial, excetuadas as pos-
ses aforadas ou isentas de foro, que estiverem encravadas, na mesma área. Outrossim,
fica expressamente vedado que se varejem as árvores da arborização pública, assim
como, que se lhes atirem pedras e paus, se lhes quebrem hastes ou vergônteas, ou se as
golpeiem de qualquer modo. Aos infratores, multas: no primeiro caso, de importân-
cia igual à estipulada no artigo anterior; no segundo, de quantia idêntica a marcada
para as infrações do artigo 24.
Art. 27 - Aquele que, mesmo casualmente, prejudicar o asseio da cidade e in-
continente não reparar a falta cometida, pagará a multa de 50$000.
Art. 28 - Os jardins e a arborização das ruas e praças deverão ser restabelecidos

166 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
e cuidadosamente conservados.
Art. 29 - Na escolha do arvoredo para as ruas e praças, deve haver o máximo
cuidado; - as árvores a isso destinadas deverão ser das que apresentam folhagem
exuberante, oferecem maior persistência do que qualquer outra e possuem raízes ver-
ticais.
Art. 30 - A irrigação das ruas deverá ser feita principalmente no verão e sem-
pre pela manhã.
Art. 31 - A limpeza ou varredura das ruas e praças deverá ser feita diariamente,
principiando às 11 horas da noite e terminando às 5 horas da manhã.
Art. 32 - A remoção do lixo não deverá ir além das seis horas da manhã.
Art. 33 - O lixo deverá ser transportado em carroças fechadas, de tipo o mais
aperfeiçoado, e depositado em pontos afastados dos centros populosos, ou conduzi-
do para o forno crematório, quando houver este.
Art. 34 - O lixo das habitações será removido para as carroças da limpeza pú-
blica, em recipientes de metal, por serem estes de mais fácil asseio.
Art. 35 - É proibido derramar propositalmente lixo na via pública, sob pena de
multa de 10$000.
Art. 36 - São proibidos os aterros com lixo removido das ruas ou retirado das
habitações.

CAPÍTULO III - Pontes, cais e rampas

Art. 37 - É proibido, sob pena de multa no valor de 30$000, fazer-se despejo


de qualquer natureza nos cais da cidade, ou ainda nas margens do rio e dos igarapés.
Art. 38 - É proibido cravar pregos, argolas ou estacas nos cais ou rampas da
cidade, e bem assim, moirões estacas nas praias do litoral, para amarração de embar-
cações. Ao infrator, multa de 50$000.
Art. 39 - Nas travessas, esteios, etc., das pontes, não se prenderão botes ou
outras quaisquer embarcações, sob pena de multa de 20$000.
Art. 40 - Os objetos, volumes ou quaisquer artigos de indústria ou comércio,
descarregados nos cais ou rampas da cidade, só poderão ser aí conservados, e isto
sem interrupção do trânsito público, o tempo preciso para que seja providenciada
sua remoção. O infrator pagará a multa de 30$000.
Art. 41 - É extensiva a disposição do artigo antecedente aos objetos, volumes
ou artigos de comércio ou indústria descarregados em quaisquer outros pontos do
litoral da cidade, aplicando-se ao infrator multa igual a do referido artigo.

CAPÍTULO IV - Passeios

Art. 42 - Os donos dos prédios situados nas ruas, avenidas e praças da cidade,
são obrigados a fazer os passeios ou testadas de suas casas, e isto dentro do prazo que

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 167
lhes for marcado pela Superintendência. O infrator incorrerá na multa de 50$000, se,
findo o prazo concedido, não estiver tal serviço concluído, e pagará igual multa toda
vez que, terminado novo prazo, a obra não esteja ultimada.
§ 1º - Os fiscais de cada distrito deverão remeter a Secretaria da Supe-
rintendência, trimestralmente, uma lista dos prédios cujos passeios ou
testadas não estejam feitos.
§ 2º - Nas ruas já calçadas, cuja largura for de 16 metros, os passeios
deverão ter 1,m50 de largo; nas ruas em que a largura medir 30 metros,
o passeio deverá ter 2,m50.
Art. 43 - A construção dos passeios das ruas, avenidas e praças da cidade, será
feita a custa dos proprietários dos prédios, como determina o artigo 42.
Art. 44 - Não se poderá construir, alterar ou suprimir um passeio sem autori-
zação da Superintendência.
Parágrafo Único - A autorização dada será válida por três meses.
Art. 45 - A Superintendência mandará levantar planta e confeccionar o orça-
mento dos passeios que julgar mais conveniente construir, e pô-los-á em arremata-
ção, sendo preciso, executando-os por conta dos proprietários, que, entretanto, pode-
rão, se o quiserem, fazê-los, sob sua imediata direção, atendidas as regras estatuídas
para tais serviços.
Art. 46 - Os trabalhos para assentamentos de passeios só poderão começar
depois que o engenheiro municipal houver dado nivelamento e alinhamento aos
mesmos.
§ 1º - Concluídos os serviços, as sobras de materiais serão imediatamen-
te removidas, por conta do proprietário, sob pena de multa de 50$.
§ 2º - Tais trabalhos serão fiscalizados pelo engenheiro municipal e se-
rão ultimados sem interrupção.
§ 3º - Os materiais empregados nestas construções serão previamente
examinados pelo engenheiro municipal, que os rejeitará, se forem de
má qualidade.
Art. 47 - Os passeios serão feitos de lajedo de cantaria, de concreto e cimento,
ou de asfalto comprimido, sustentados por uma bordadura de cantaria; - as lajes se-
rão de forma retangular e terão, no mínimo, 7 centímetros de espessura no centro e
6 centímetros nos lados, largura nunca inferior a 40 centímetros, e a área mínima de
40 centímetros quadrados.
§ 1º - As lajes dos passeios serão colocadas sobre um leito de argamas-
sa de 5 centímetros de espessura, estendida sobre uma camada de área
comprimida, com a espessura de 10 centímetros.
§ 2º - As juntas das lajes, bem como das bordaduras, serão cuidadosa-
mente tomadas a cimento, de modo a evitar os interstícios.
Art. 48 - A bordadura dos passeios será uniforme com a existente na mesma
rua, tendo 0m ,5 até 0m,20 de largura, e comprimento nunca inferior a 0m,30.

168 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
§ 1º - A argamassa empregada nos passeios será hidráulica.
§ 2º - A altura dos passeios, nas ruas, será, no máximo, de 0m,18, exceto
quando o contrário for exigido por alguma alteração causada pelo nive-
lamento das mesmas rua. O passeio deverá ser chanfrado nas esquinas,
conforme ficar determinado para os prédios.
Art. 49 - O plano transversal dos passeios, não incluída a bordadura, elevar-
se-á, da mesma bordadura para as casas, de 11/2 a 5 centímetros por metro.
Art. 50 - É proibido colocar marcos, postes, etc., nos passeios.
Art. 51 - Os reparos e conservação dos passeios correrão por conta dos pro-
prietários.
Parágrafo Único - Cessará a obrigação quanto ao reparo dos passeios,
quando se der novo alinhamento e nivelamento aos mesmos, por or-
dem do Município, ou quando sua deterioração seja motivada por fato
estranho à vontade dos proprietários dos prédios. Neste último caso,
a Superintendência tornará responsável por essa obrigação aquele ou
aqueles a quem couber a culpa do dano causado.
Art. 52 - As extremidades dos passeios deverão combinar com as dos passeios
vizinhos, sem diferença de nível ou de largura.
Art. 53 - Os moradores desta cidade são obrigados a conservar limpos os pas-
seios ou testadas das casas, sob multa de 100$000.
Art. 54 - Os proprietários de estabelecimentos comerciais que exportarem gê-
neros de produção do Estado, ficam obrigados ao pagamento do imposto de 50$0000
diários, pela ocupação dos passeios, ruas e praças onde tiverem seus estabelecimen-
tos, para o beneficiamento, encaixotamento e estadia de suas mercadorias, até o em-
barque das mesmas.
§ 1º - Na ocupação provisória que fizerem dos passeios, ruas, praças,
etc., referidos neste artigo, se deixará sempre espaço suficiente para o
trânsito público.
§ 2º - Também ficam sujeitos ao imposto acima referido os proprie-
tários de materiais de construção e outros artigos, que, descarregados
nas rampas e cais, ali permanecerem por mais de três dias depois da
descarga.
§ 3º - O pretendente que desejar ocupar os passeios, ruas e praças, com
o serviço de beneficiamento, etc., de seus gêneros, solicitará à Superin-
tendência licença para esse fim, declarando os dias durante os quais vai
ocupar tais lugares e pagando o aludido imposto.
§ 4º - Os infratores incorrerão na multa de 100$000.
Art. 55 - Fica revogada a lei n. 221, de 5 de Junho de 1901.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 169
CAPÍTULO V - Condições gerais para as edificações urbanas

Art. 56 - Em terrenos alagadiços ou úmidos não poderá ser construído prédio


algum, sem primeiro serem feitas as obras necessárias ao seu enxugo e ao desvio das
águas pluviais, de modo que o prédio fique preservado de toda umidade. Esta dispo-
sição é extensiva as reconstruções e, tanto para edificação como para reedificação, ela
obriga os proprietários das obras a serem executadas.
§ 1º - A Municipalidade mandará proceder no perímetro urbano a dre-
nagem superficial necessária, não só ao escoamento das águas pluviais
como também ao enxugo do solo, até a profundidade de dois metros,
ou até a do nível médio das enchentes nos pontos de altitude inferior a
dois metros.
§ 2º - A rede de galerias de drenagem superficial deverá ser dotada de
drenos laterais convergentes às galerias, de modo que garantam o enxu-
go do solo.
§ 3º - Os drenos estabelecidos no interior das quadras deverão ter pro-
fundidade nunca superior à das bocas de entrada das laterais nas gale-
rias.
§ 4º - Quando as condições naturais do terreno não permitirem as pres-
crições acima, a Municipalidade exigirá, de quem competir, o aterro
prévio de modo que elas possam ter lugar.
Art. 57 - Em terrenos onde tenham sido feitos depósitos ou despejos de mate-
riais imundos, ou de águas sujas, provenientes de usos domésticos, não poderá igual-
mente ser construído prédio algum, sem que primeiramente se proceda neles a uma
limpeza e beneficiação completas.
Art. 58 - Nenhuma construção ou instalação onde possam depositar-se imun-
dices, como cavalariças, estábulos, currais, lavadouros, fábricas de produtos corrosi-
vos ou prejudiciais à saúde pública, e outras construções ou instalações semelhantes,
poderá ser executada na zona urbana.
Parágrafo Único - Na zona suburbana, para as construções e instalações
referidas, ou para depósito de artigos de natureza agrícola ou industrial,
será imposta a condição de impermeabilidade do solo, principalmen-
te se no local houver fontes, depósitos de água, aquedutos, igarapés ou
cursos de água potável ou minero-medicinal de reconhecida importân-
cia, na distância inferior a 100 metros.
Art. 59 - Em terrenos próximos a cemitérios não poderá ser construído prédio
algum, sem que se façam primeiramente as obras necessárias para torná-los imper-
meáveis e inacessíveis as águas provenientes de infiltrações da necrópole. Nos prédios
ou construções levantados em tais terrenos, fica expressamente proibida a abertura
de poços ou cacimbas.

170 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
CAPÍTULO VI - Salubridade e condições técnicas dos prédios

Art. 60 - As construções, reconstruções, acréscimos, consertos ou quaisquer


alterações dos prédios, ficam dependentes de licença da Superintendência, ouvida
previamente a seção técnica e cobrados antecipadamente os emolumentos da lei res-
pectiva.
Parágrafo Único - Ficam isentos de licença os pequenos consertos, pin-
turas, caiações, e reparos interiores nos prédios, desde que visem unica-
mente o asseio e conservação dos mesmos, não se tratando, porém, de
acréscimo ou modificação alguma.
Art. 61 - Tratando-se de obra nova, o proprietário ou construtor declarará a es-
pécie de construção pretendida, a rua, número e local da obra, e instruirá sua petição
com os seguintes documentos:
a) planta geral do terreno, na escala de 1/100 ou de 1/200, indicando a
posição exata do edifício a construir, e os respectivos confinantes;
b) plano completo da obra, inclusive a largura dos alicerces, compreen-
dendo a planta horizontal do porão e de cada um dos pavimentos res-
pectivos, na escala de 1/100;
c) elevação geométrica da fachada principal, na escala de 1/50, e das
demais fachadas na escala de 1/100; estas últimas, quando o prédio for
de sobrado ou ficar isolado de outro;
d) seções longitudinal e transversal de todo o edifício, inclusive a altura
dos alicerces, na escala de 1/100, - ambas representadas por letras nas
respectivas plantas horizontais;
e) detalhes de uma parte do entablamento e respectivo perfil, na escala
de 1/25, para melhor compreensão da obra, assim como, designação do
seu estilo arquitetônico.
§ 1º - Tratando-se, porém, de reconstrução, modificação de fachadas, ou
divisões internas dos prédios, exigir-se-ão as elevações geométricas das
fachadas existentes, e os projetos, na escala de 1/50.
§ 2º - Os acréscimos serão representados por plantas e seções, mostran-
do sua posição relativamente à edificação existente.
§ 3º - Nas modificações de divisões internas, serão apresentadas, não só
a planta da parte a alterar, como também a dos cômodos contíguos, que
podem ser prejudicados em suas condições higiênicas, caso em que a
licença deve ser negada.
§ 4º - Todas essas plantas deverão ser assinadas pelo proprietário, pelo
engenheiro e pelo construtor que tiver de se encarregar da direção
técnica das obras, e serão apresentadas em duplicata: - uma (original)
cujos desenhos serão executados em papel cartão, de 0m,60 de altura
por 1m,00 de comprimento, a qual ficará arquivada em álbum espe-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 171
cial na seção técnica do Município; - outra (cópia) que poderá ser em
papel-tela, e que será entregue à parte interessada depois da respectiva
aprovação da Superintendência.
§ 5º - Os desenhos e as competentes licenças deverão achar-se sempre
nas obras, para os exames que tenham de ser feitos pelos engenheiros e
fiscais municipais.
§ 6º - São proibidas quaisquer alterações das plantas e dos planos apro-
vados, salvo licença especial da Superintendência, para o que serão ou-
vidos o engenheiro e o médico municipal.
§ 7º - A responsabilidade da execução das obras cabe ao proprietário
e a da exequibilidade do projeto e de suas condições arquitetônicas ao
construtor.
§ 8º - Os engenheiros e arquitetos que tenham de apresentar projetos de
obras ou dirigir construções em Manaus, são obrigados a exibir títulos
de habilitação, que serão registrados na seção técnica, pagando o inte-
ressado os respectivos emolumentos.
§ 9º - Os construtores e mestres de obras, que não tenham títulos de
habilitação, poderão solicitar a Superintendência, que os mande sub-
meter a exame perante uma comissão de profissionais presidida pelo
engenheiro municipal. Os títulos assim obtidos, depois de pagos os
emolumentos da lei, serão registrados na seção técnica.
§ 10º - Só poderão assinar plantas, projetos, etc., e dirigir construções,
os engenheiros civis e militares e arquitetos diplomados.
§ 11º - É obrigatório, nas construções, a direção de um desses profissio-
nais e a habilitação do mestre de obras.
Art. 62 - Toda a edificação será feita sobre porão, cuja altura mínima será de
2,m00.
§ 1º - Os porões não poderão ter saída para a via publica, e, somente
quando sua altura for de 3,m20, será permitido dividi-los em comparti-
mentos, os quais, em caso algum, servirão para quartos de dormir.
§ 2º - Os prédios destinados a estabelecimentos comerciais ficam dis-
pensados da altura exigida para os porões, devendo, porém, ter o pé
direito de 6 m.
§ 3º - Os porões serão revestidos de uma camada de concreto, de 0,m20
de espessura, a qual repousará sobre outra camada de areia, cascalho ou
moinha de carvão de pedra.
Art. 63 - É facultativo o estilo arquitetônico dos prédios urbanos, uma vez que
sejam observadas as regras de arte, e desde que as proporções das diversas partes
componentes do todo obedeçam rigorosamente às exigências do estilo adotado e aos
preceitos da estética.
§ 1º - Todo e qualquer edifício a construir, portanto, deverá seguir ou

172 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
obedecer um determinado estilo arquitetônico, ou, pelo menos, uma
das ordens arquitetônicas, quanto ao entablamentos e molduras deco-
rativas.
§ 2º - O pé direito mínimo dos prédios de sobrado será: - de 5,m00, no
1.º pavimento; 4,m50, no segundo; e 4,m00 no demais, sendo observa-
das essas medidas sempre das linhas de nível dos soalhos as dos forros
em cada pavimento.
Art. 64 - As paredes dos prédios devem sempre assentar em terrenos sólidos
ou bem consolidados.
§ 1º - Nenhuma parede externa ou principal dos edifícios poderá ser
de estuque ou madeira, e deve obedecer rigorosamente as exigências
da estética e as prescrições da solidez aconselhada para as construções.
As paredes poderão ser alteradas ou modificadas sempre que a Muni-
cipalidade julgar de algum modo comprometida a solidez da obra em
construção.
§ 2º - As divisões entre os prédios, ainda que estes pertençam ao mesmo
proprietário, deverão elevar-se, pelo menos, até a altura dos telhados.
Art. 65 - Nenhum prédio se edificará no alinhamento das ruas, ou distante
deste, dentro de terrenos, sem que tenha platibanda, - excetuadas construções espe-
ciais, que se fizerem da parte de dentro do referido alinhamento, nunca na disposição
deste.
Art. 66 - A altura das soleiras dos prédios será, no máximo, de 0,m20 acima
dos passeios, salvo quando se tornar preciso atender ao declive das ruas.
Art. 67 - Nas fachadas dos edifícios, a largura das portas não poderá ser infe-
rior a 1,m20.
§ 1º - Quando a porta for retangular, ou em arco pleno, terá pelo menos
a altura de 3,00, da soleira à corda do arco.
§ 2º - As de forma ogival ou gótica, terão também no mínimo, entre a
soleira e a verga de nascimento do arco, a altura marcada no parágrafo
anterior.
§ 3º - As janelas obedecerão às mesmas proporções, das portas, sendo,
porém, menores de 1,m00 da altura dos peitoris ou parapeitos, quan-
do fechados estes por paredes de alvenaria. Quando isoladas, terão a
largura mínima de 1,m10, podendo, entretanto, esta variar, com prévia
aprovação da Superintendência, caso assim o exija o estilo adotado para
a fachada do prédio.
§ 4º - As janelas dos cômodos de dormir, das habitações coletivas (co-
légios, hotéis, etc.), devem ser amplas, para darem franca entrada ao ar
e a luz.
§ 5º - Nenhum cômodo ou divisão terá menos de 14 metros cúbicos de
área livre, salvo os destinados a copa, dispensa, banheiro e sentina.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 173
Art. 68 - Uma das fachadas laterais dos prédios deve ficar separada das casas
vizinhas por uma distância de 2,m00, no mínimo.
Parágrafo Único - Os prédios destinados a estabelecimentos comerciais
ficam excetuados desta condição.
Art. 69 - Nos bairros e ruas ainda não edificados, a distância de que trata o
artigo antecedente será, no mínimo, de um terço da altura total do prédio.
Art. 70 - A largura dos corredores nunca será inferior a 1,m50.
Parágrafo Único - Quando o comprimento do corredor atingir ou ex-
ceder a 10,m00, deverá ele receber luz direta, pelos extremos ou lateral-
mente.
Art. 71 - O soalho deve ser feito com o tipo de emenda <<macho e fêmea>>, de
modo que as tábuas não deixem interstícios: - nas casas reconstruídas será o soalho
calafetado, de maneira a não permitir depósito de poeira e de detritos de qualquer
natureza.
Parágrafo Único - O solo das cozinhas, bem como as paredes destas,
serão revestidos de mosaico, as últimas, até 1,m50 de altura.
Art. 72 - Não será permitida a separação das áreas dos quintais e jardins por
meio de cercas de madeira, ou telhas de zinco, etc., e sim por muros de alvenaria,
unicamente.
Art. 73 - É proibida a edificação de casas cobertas de zinco dentro do períme-
tro da cidade, assim como nos subúrbios e nas ruas, avenidas, etc., já niveladas.
Parágrafo Único - A cobertura de palha fica expressamente proibida,
não sendo mais permitido nem a renovação, nem o conserto das atuas.
Art. 74 - Desde que possam prejudicar a saúde dos moradores da vizinhança,
quer pelos vapores ou gases tóxicos ou irritantes, quer pela trepidação do solo, não
se permitirá a presença de estabelecimentos industriais nas proximidades das habita-
ções, e muito menos encravados entre estas.
Art. 75 - Nenhuma casa construída, ou mesmo reconstruída, depois da publi-
cação deste código, poderá ser habitada sem licença da Superintendência, que, para
concedê-la, ouvirá antes a seção técnica.
§ 1º - A Municipalidade não concederá licença para ser habitado qual-
quer prédio, recentemente construído ou reconstruído, sem que tenha
decorrido um mês depois de concluída a respectiva pintura.
§ 2º - A Municipalidade não concederá licença para pintura de prédios
em que estejam moradores, e, pintados que sejam os edifícios, a mora-
dia apenas se permitirá quando cumprida a exigência do final do pará-
grafo anterior.
§ 3º - Concluídas as obras de construção ou reconstrução, o proprietário
de prédio comunicará essa ocorrência à Municipalidade, que mandará
examiná-las pelo engenheiro e pelo médico municipal.
§ 4º - Nenhum prédio, quaisquer que sejam as suas condições, será alu-

174 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
gado antes da visita da Municipalidade.
Art. 76 - Os documentos que acompanharem petições indeferidas serão resti-
tuídos aos interessados, mediante recibo.
Art. 77 - Uma vez despachado favoravelmente o prédio de licença a que se
refere o art. 60, depois de paga a respectiva taxa, será a mesma licença concedida nos
termos seguintes: – << F... pagou na Tesouraria da Intendência Municipal de Manaus,
a quantia de........de alvará de licença para...... da...... n...... rua........, de acordo com a
planta junta a esta>>. Este documento será datado e assinado pelo Superintendente e
referendado pelo Secretário depois do visto do Diretor.

CAPÍTULO VII - Disposições diversas

Art. 78 - Os arruamentos serão feitos segundo os alinhamentos gerais existen-


tes, sendo que, os prédios que deles estiverem afastados, deverão avançar ou recuar
por ocasião de serem reconstruídos.
Art. 79 - Nenhuma desapropriação se fará para alargamentos parciais de ruas,
praças, etc.; o os melhoramentos da cidade serão feitos, ao menos, por quarteirões
inteiros, sendo seus planos submetidos à aprovação da intendência Municipal, a fim
de se providenciar sobre os meios necessários à sua execução.
Art. 80 - As águas pluviais das puxadas das casas, e, bem assim, as águas ser-
vidas, não deverão ter saída pelos terrenos das casas vizinhas, sob pena de multa de
50$000, cabendo ao proprietário a obrigação de canalizá-las para o cano geral, no
prazo que lhe for marcado pela Superintendência.
Art. 81 - Os proprietários de prédios urbanos são obrigados a dar saída para a
rua às águas pluviais de seus quintais, e às servidas, estas, em tubos de grés; aquelas,
por meio de calhas e condutores; ambas até ao esgoto mais próximo; sob pena de
multa de 50$000.
§ 1º - As águas pluviais deverão ser esgotadas por baixo dos passeios,
em sarjetas feitas de pedra e cimento, ou em tubos de grés, saindo da
sarjeta da rua.
§ 2º - Os requerimentos para a construção de condutores de águas plu-
viais, ou esgotos, deverão ser acompanhados da planta dos serviços a
serem feitos.
Art. 82 - Os tubos para esgotos de águas pluviais ou servidas, devem ser assen-
tados de acordo com a profundidade do cano geral da rua respectiva.
§ 1º - Para os esgotos, quem tiver de construí-los, dará em seu requeri-
mento quais os materiais que pretende empregar, e qual a disposição do
condutor, relativamente ao eixo da rua, disposição, de que apresentará
a competente planta.
§ 2º - A junção desse condutor com o principal, deverá ser feita de barro
e cimento, ou argamassa hidráulica.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 175
Art. 83 - As bocas dos condutores de águas pluviais, ou servidas, serão dotadas
de sifão ou grelha móvel.
Art. 84 - É proibido deitar nos canos quaisquer líquidos nocivos à salubridade
pública, ou a conservação do esgoto.
Art. 85 - O fiscal de cada distrito, apresentará, mensalmente, à Superinten-
dência uma lista dos prédios da cidade encontrados em mau estado, ou ameaçando
a segurança dos moradores ou dos transeuntes, ou ainda prejudicando a salubridade
pública. Depois de ouvida a seção técnica, a Superintendência intimará o proprietá-
rio a proceder aos consertos precisos, ou a demolir o prédio, dentro de trinta dias,
contados da intimação, findos os quais se ele se houver recusado a executá-lo, fará o
serviço por sua conta.
§ 1º - Em caso de descordo, e quando o serviço de consertos ou de-
molição tiver de ser feito pela Intendência, o Superintendente, antes
da execução, nomeará uma comissão composta de peritos e do médico
municipal, sob a chefia do engenheiro da seção técnica, a fim de ser o
caso convenientemente julgado, ouvida a parte.
§ 2º - A medida estabelecida neste artigo quanto aos prédios, será exten-
siva aos muros e cercados.
Art. 86 - Nenhum edifício ou muro poderá ser levantado, sem que, primeira-
mente se proceda ao alinhamento e nivelamento do respectivo terreno. Todo muro
deverá ser rebocado, caiado e pintado, salvo quando for feito de pedra tosca, com
juntas tomadas a cimento, ou quando de tijolos apropriados. Ao infrator, 40$000 de
multa.
Art. 87 - Quando, para regularidade do alinhamento de uma rua, for mister
reunir, a um dado terreno, parte de terras municipais, o Superintendente proporá ao
proprietário do dito terreno a venda das referidas terras, nomeando para avaliá-las,
uma comissão de competentes, presidida pelo engenheiro municipal.
Parágrafo Único - No caso acima, vendido o terreno, o comprador não
poderá ocupá-lo senão depois de entrar para os cofres municipais com
a importância da compra realizada.
Art. 88 - Quando, em caso contrário ao antecedente, for preciso, para a re-
gularidade do alinhamento de uma rua, fazer-se a desapropriação de um terreno
particular, no seu todo ou em parte, o Superintendente, para a sua aquisição, entrará
em acordo com o respectivo proprietário, tendo sempre em vista, em tal caso, os inte-
resses do Município, que defenderá, de conformidade com a lei das desapropriações.
Parágrafo Único - Não sendo possível um acordo, o Superintendente
fará a desapropriação do referido terreno, para utilidade pública, no-
meando como no caso do artigo anterior, peritos sob a chefia do enge-
nheiro municipal, para a necessária avaliação.
Art. 89 - A concessão de licenças para construções ou reconstruções de pré-
dios, compreende a permissão para o levantamento do barracão provisório que de-

176 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
verá servir para o depósito dos respectivos materiais. Esse levantamento poderá ser
começado logo que esteja requerida a licença, ficando submetido que tal barracão só
poderá ser construído dentro do terreno do prédio a edificar ou reedificar.
Art. 90 - Os edifícios ou construções destinados a pontos de diversões públi-
cas, unicamente poderão funcionar depois de competentemente vistoriados pela In-
tendência. A Superintendência providenciará nesse sentido, designando peritos, que,
sob a chefia do engenheiro municipal, verifiquem a solidez da construção.
Parágrafo Único - Os transgressores pagarão 50$000 de multa.
Art. 91 - Em qualquer obra que não seja edificação ou reedificação de prédios,
tais como, lavagem, caiação ou pintura de telhado, ou de grades exteriores dos edi-
fícios, ou muros, serão as paredes definidas, nas suas extremidades, com balizas de
madeira, de comprimento nunca inferior a 2 metros, obliquamente encostadas, da
rua para a parede, e seguras a esta. Ao infrator, 20$000 de multa.
Art. 92 - Fica proibida a construção de barracas e quiosques, nas ruas, avenidas
e praças da cidade.
Parágrafo Único - O Superintendente poderá conceder licença, até trin-
ta dias, para a construção e abertura de barracas provisórias, destina-
das a tômbolas de caridade, sortes, quermesses, diversões, botequins,
etc., durante as festas públicas e solenidades religiosas, uma vez que tais
construções obedeçam a determinado tipo, que será pela Municipalida-
de estabelecido.
Art. 93 - Fica proibido, sob pena de multa de 100$000, construir, reconstruir
ou reparar prédio, em sua parede da frente, sem metê-lo no alinhamento.
Art. 94 - Os gradis nas frentes das casas, não poderão ser feitos senão a 0,m20
afastados do alinhamento geral, sob pena de multa de 40$000.
Art. 95 - O engenheiro municipal dará os alinhamentos das ruas e praças, de
acordo com a planta aprovada da cidade, existente na seção técnica.
Art. 96 - A autorização para reedificar uma fachada, não será concedida, senão
com a condição de ser imediatamente suprimida toda e qualquer saliência existente
sobre a rua, produzida por sacada, grade, soleira, sapata, degrau ou escada.
Art. 97 - A autorização de que trata o artigo anterior, somente poderá ser con-
cedia depois de haver o engenheiro municipal verificado se a casa que se pretende
edificar está em condições de segurança, etc.
Art. 98 - Não se construirão mais meias-águas na linha da rua, seja qual for o
tipo que se pretenda dar à frente ou fachada de tal gênero de construção.
Art. 99 - Igualmente, na linha das ruas não se construirão telheiros, e nem
mesmo dentro da referida linha eles serão permitidos, exceto, neste caso, para guarda
de materiais destinados à obras em construção.
Art. 100 - O proprietário ou encarregado de qualquer prédio é obrigado a tra-
zê-lo sempre limpo.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 177
Parágrafo Único - A fachada da casa deverá sempre estar limpa, caiada
e pintada.
Art. 101 - As construções realizadas em ruas onde haja esgoto, terão os res-
pectivos condutores de modo que deem escoamento direto para o encanamento de
esgoto das águas pluviais e das águas servidas.
Parágrafo Único - Os prédios antigos, em que se fizerem consertos ou
reconstruções, ficam sujeitos à obrigatoriedade deste artigo e das de-
mais disposições deste código.
Art. 102 - Os prédios construídos em todo o litoral da cidade, deverão ter duas
fachadas, sendo uma do lado do rio e outra do lado da rua.
Art. 103 - Os donos de cortiços ou quartos, já existentes, são obrigados a calçar
a área dos mesmos e a conservar, durante toda a noite, um ou mais lampiões acesos
na referida área, sob pena de multa de 50$000. Havendo conveniência de ordem su-
perior, principalmente, tornando-se preciso atender a higiene e salubridade pública,
a Superintendência determinará a demolição dessas construções.
Art. 104 - Não se dará, para os prédios que estiverem fora do alinhamento das
ruas, permissão para quaisquer obras que importem no prolongamento de sua dura-
ção ou na sua valorização.
Art. 105 - Nenhum prédio poderá ter janelas ou aberturas com balcão para
rua, em altura inferior a 3,m20.
Art. 106 - As obras embargadas, porque, por qualquer circunstância foram
alteradas em suas plantas aprovadas, não poderão ser executadas nem continuadas,
sem que seus proprietários ou construtores paguem novas licenças, apresentado, para
isso, novas plantas com as alterações a fazer-se, e que deverão estar plenamente de
acordo com estas Posturas. Aos infratores multa de 100$000.
Art. 107 - Embargada qualquer construção, por efeito de infração das Posturas
Municipais, ou quando, depois da obra em andamento, a Municipalidade precisar
do terreno por motivos de interesse da coletividade, tais como, - construção de edi-
fícios, ou estabelecimentos públicos, edificação de casas de caridade, de instrução,
hospitais; bem como, para embelezamento, comodidade, higiene e salubridade pú-
blica da capital, o Superintendente, no primeiro caso mandará intimar o proprietário
ou construtor, a dar começo a demolição respectiva ou ao necessário reparo, dentro
do prazo improrrogável de 96 horas, constadas da do embargo, ou a cumprir previa-
mente o estatuído no artigo antecedente; - no último caso, o mesmo Superintendente
cumprirá o disposto no artigo 88 e em seu parágrafo.
Parágrafo Único - Desrespeitada a ordem de embargo, e esgotadas as
providencias estabelecidas neste artigo, a Superintendência, por advo-
gado do Município, promoverá a respectiva ação.
Art. 108 - É expressamente proibida, dentro do perímetro urbano de Manaus,
a construção de casebres e dos quartos vulgarmente denominados – Cortiços.
Parágrafo Único - Por cortiço, entende-se uma serie de quartos, geral-

178 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
mente de madeira, dando todos para um pátio ou corredor comum,
pelo qual se comunicam com a via pública, sem o conforto e as exigên-
cias da boa higiene, servindo de residência a muitos indivíduos e não
dispondo de cozinhas, banheiros e sentinas em número correspondente
a cada quarto habitado.
Art. 109 - As descargas de materiais para construções, só se farão na rua, em
falta absoluta de outro local, dependendo em tal caso, de licença especial da Supe-
rintendência.
Parágrafo Único - Os materiais descarregados na via pública serão re-
movidos no mesmo dia para dentro das tapagens das construções.

CAPÍTULO VIII - Fiscalização

Art. 110 - As infrações das presentes Posturas, nas partes em que houver multa
estatuída, serão punidas com multas de dez até cem mil réis, conforme a gravidade
do caso.
§ 1º - Além da multa, ficam os proprietários e os construtores sujeitos
à demolição das obras que forem feitas contrariamente ao estatuído no
presente Código e ao prospecto ou planta aprovada, que se observará
fielmente.
§ 2º - As modificações que, segundo as regras estabelecidas, importarem
em melhoramento para o prédio, serão toleradas, devendo, porém, o
proprietário ou construtor requerer a modificação, instruindo o reque-
rimento com planos novos, ou com plantas das alterações a fazer nos
planos primitivos.
Art. 111 - De todas as multas impostas por infrações desta lei, terá o infrator
recurso suspensivo para a Superintendência Municipal.
Art. 112 - Os casos omissos nestas Posturas serão resolvidos pelo Superinten-
dente, que ouvirá a seção técnica, tendo sempre em vista o facilitar as construções
desde que nenhum comprometimento decorra disso para a segurança e higiene dos
prédios.

CAPÍTULO IX - Demarcação de terrenos particulares

Art. 113 - Todo aquele que arrancar ou mudar marcos de separação dos terre-
nos demarcados ou alinhados, torna-se passível da multa de 50$000 até 100$000, e
fica obrigado a restituir o terreno de que se houver indevidamente apossado, restabe-
lecendo o marco em seu lugar.
Art. 114 - Os marcos para delimitação de terrenos, serão sempre de alvenaria,
de blocos de pedra ou de madeira de lei.
Art. 115 - A Intendência só reconhecerá para qualquer efeito, plantas e demar-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 179
cações feitas por engenheiros ou agrimensores competentemente autorizados e que
tenham seus diplomas registrados na mesma Intendência.
Art. 116 - Cada diploma de engenheiro ou de agrimensor, pagará 50$000 de
registro.

CAPÍTULO X - Dessecamento de pântanos

Art. 117 - Todo proprietário de terrenos alagado ou pantanoso é obrigado a


beneficiá-lo, de modo que o torne enxuto e salubre. Aos contraventores se aplicará a
multa de 50$000, podendo, além disso, a Intendência mandar fazer o serviço preciso
à custa do mesmo proprietário.
Art. 118 - É proibido, sob pena de 50$000 de multa, embaraçar o escoamento
das águas pluviais dos terrenos ou prédios, e tapar os esgotos públicos, ou edificar
sobre eles, destruindo-os.

CAPÍTULO XI - Disposições sobre depósitos de água, tubos de


queda, latrinas e fossas fixas

Depósitos de água

Art. 119 - Os depósitos de água potável, em caso nenhum devem estar em co-
municação direta com as latrinas, ou tubos de queda, nem mesmo o orifício de vasão
superior (trop plein), quando o tenham. Os mesmos depósitos deverão ter ao fundo
um orifício para se poder lavar ou fazer a limpeza.
Art. 120 - Os depósitos de água potável serão sempre colocados em sítios onde
não possam ser invadidos pelo ar viciado; portanto, distantes das aberturas dos tubos
de ventilação, de despejo, etc., e cobertos com tela de arame ou malha milimétrica.
Art. 121 - Os mesmos depósitos, bem com as extremidade livres da canaliza-
ção, que a eles conduzem, não devem ser feitos de chumbo, nem de outro material
que possa prejudicar a saúde ou dar mau gosto a água.
Art. 122 - Todos os prédios terão os necessários tubos de queda, para darem
escoamento às águas servidas, de qualquer espécie.
Art. 123 - As derivações deverão ser isoladas com os respectivos sifões.

Latrinas

Art. 124 - Em cada domicílio deve haver, pelo menos, uma latrina, que pode
ser colocada conforme as circunstâncias, ou em espaço contíguo ao prédio, ou por
fora de sua parede exterior, ou ainda no interior da habitação, convindo neste caso,
que seja ao fundo de um corredor, em local onde possa haver uma janela ou, pelo
menos, uma fresta de 0,m30x0,m50, que de comunicação para o ar exterior, condição

180 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
esta igualmente imposta para as que se construírem fora do prédio ou em terrenos
anexos.
§ 1º - Para conservar o asseio das bacias, sifões e canalização das la-
trinas, deve nelas haver depósito de água com autoclismo ou aparelho
automático que assegure fortes correntes de lavagem.
§ 2º - Nos estabelecimentos sujeitos a aglomeração de pessoas, como fá-
bricas e oficinas, deverá haver, pelo menos, um aparelho sanitário para
cada dez pessoas.

Fossas

Art. 125 - Nos subúrbios, ou onde não houver encanamentos de esgotos nem
outro sistema adotado de remoção de imundices, serão os despejos recolhidos em
fossas fixas, as quais, por condenadas, em absoluto, pela higiene, somente em tais
emergências, isto é, por falta de outros recursos, se permitirão.
Art. 126 - As fossas fixas devem obedecer as seguintes condições:
1º - Serem construídas, sempre fora do prédio, em algum pátio ou quin-
tal, mas em local onde não possam prejudicar qualquer fonte, depósito
de água potável, ou corrente de água destinada ao consumo.
2º - Terem os seus muros próprios e independentes das paredes que
servirem de alicerces aos edifícios de habitações, ou separados delas por
um intervalo nunca inferior a 0,m10.
3º - Serem sempre colocadas de modo que não possam prejudicar aos
vizinhos, nem causar dano a saúde pública.
4º - As fossas fixas deverão ter paredes de alvenaria com argamassa de
cimento, sobre fundações firmes, assentes sobre terreno sólido, perfu-
radas do meio da altura para baixo; a parte inferior deverá ser de forma
côncava com argamassa pouco resistente, a fim de facilitar as filtrações.
5º - Serão sempre munidas de um respiradouro ou tubo de ventilação,
com diâmetro não inferior a 0,m10, que se eleve até a parte superior do
prédio, terminando, no cimo, por um aparelho de ventilação apropria-
do.
Art. 127 - Os mictórios deverão ser colocados em pontos convenientes e cui-
dadosamente estabelecidos, em número suficiente para a serventia do público.
Art. 128 - Serão adotados os de louça grossa, de fundos chatos e guarnições de
ardósia, que deverão ser colocadas aos fundos e aos lados. O vaso deverá ser pouco
saliente, apresentando a menor superfície possível de contaminação, e lavado perene-
mente por abundante corrente de água, de modo que evite o mau cheiro.
§ 1º - Os canos de água destinados a lavagem serão ocultos na ardósia.
Na base do mictório deverá ser colocado um ralo que receba e conduza
ao cano geral de esgotos as águas e urina. O chão dos mictórios deverá

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 181
ter a inclinação necessária, na direção do ralo, de maneira a impedir que
as águas e urinas se escoem para a rua.
§ 2º - Uma caixa de água, de lavagem automática, será colocada de modo
conveniente, e isto, a fim de que fortes chasses concorram intermitente-
mente para a limpeza dos mictórios.
§ 3º - Enquanto não houver rede completa de esgoto na cidade, os mic-
tórios serão estabelecidos em pontos onde atualmente passam os canos
provisórios empregados em tal serviço.
Art. 129 - Os mictórios públicos deverão ter aspecto elegante e agradável. Se-
rão construídos com material impermeável e resistente à ação dos resíduos.
Art. 130 - Deverão ser abundantemente abastecidos de água e neles deverá ser
mantido o mais rigoroso asseio.
Art. 131 - Sobre os mictórios públicos deverá ser exercida atenta e constante
vigilância, para que os mesmos se conservem sempre limpos e não exalem cheiro
desagradável.
Art. 132 - Os mictórios deverão ser lavados e desinfetados diariamente.
Art. 133 - De três em três meses serão pintados a piche, até a altura de 1 metro,
seus compartimentos internos.
Art. 134 - Logo que sejam instaladas sentinas púbicas, serão, a respeito delas,
observados os mesmos preceitos de asseio, higiene, localização e aparência, contidos
nos artigos precedentes.

CAPÍTULO XII - Conveniência e moral públicas

Art. 135 - Ficam proibidos, sob pena de multa de 100$000:


a) as danças de cordões e mais divertimentos de igual gênero, fora dos
dias de carnaval;
b) o entrudo nas ruas da cidade e o uso de bisnagas, polvilhos, etc.;
c) andar mascarados com trajes indecorosos, ou alusivos às corporações
civis, militares ou religiosas;
d) transitar, de máscaras, mesmo durante o Carnaval, pelas ruas da ci-
dade, depois das 6 1/2 horas da tarde;
e) criticar as instituições e ridicularizar os poderes públicos, valendo-se
para isso do disfarce permitido pela quadra carnavalesca;
f) fazer batuques, sambas ou outras diversões que perturbem o sossego
público.
Art. 136 - A ninguém é permitido apitar ou dar sinais de uso das patrulhas,
salvo caso especialíssimo em que careça de seu auxilio. Ao infrator será aplicada a
multa de 20$000.
Art. 137 - Os divertimentos públicos, espetáculos, bailes, cafés-concertos, cor-
ridas, etc., não se poderão realizar, sem prévia licença passada na Secretaria Muni-

182 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
cipal, mediante autorização da Superintendência. O infrator incorrerá na multa de
50$000.
Art. 138 - É expressamente proibido, sob pena de multa de 50$000:
1º - Vender ou distribuir manuscritos ou impressos ofensivos à moral
pública.
2º - Proferir ou escrever em lugares públicos, palavras obscenas, ou tra-
çar figuras imorais pelas paredes, portas, muros, veículos, etc.
3º - Chegar às janelas, ou andar pelas ruas e lugares públicos, em trajes
indecentes ou em estado de nudez.
4º - Tomar banhos nas fontes públicas, bicas e chafarizes.
5º - Urinar e defecar nos logradouros públicos em que não hajam luga-
res destinados a esse fim, como também nos em que houver, satisfazer
essas necessidades corporais fora dos referido lugares.
6º - Vender bilhetes de loteria dentro dos hotéis, restaurantes, botequins,
repartições públicas, etc.
Art. 139 - Não será permitido esmolar para santos, nem implorar a caridade
pública pelas ruas da cidade. Aos infratores da primeira parte será aplicada a multa
de 20$000, e os da segunda serão recolhidos ao Asilo de Mendicidade.
Art. 140 - É proibido o ajuntamento de menores e de fâmulos, nas lojas, ta-
vernas, açougues, mercados e ruas, sob pena de multa de 10$000, pelo pagamento
da qual serão responsáveis os proprietários dos estabelecimentos em que forem eles
encontrados, e os pais, tutores ou patrões, quando tal ajuntamento se der nos merca-
dos, ruas e praças.
Art. 141 - Não é permitida a venda de bilhetes de loterias pelas ruas da cidade,
sem a respectiva licença municipal, sob pena de multa de 10$000.
Art. 142 -É absolutamente proibido, sob pena de multa de 50$000:
a) fazer rifas, tombolas, etc., sob qualquer pretexto;
b) danificar postes da iluminação, dos telefones, ou outros quaisquer
destinados a utilidade pública;
c) a prática de jogos ou brinquedos que possam prejudicar o funciona-
mento das linhas telefônicas e outras.
Art. 143 - Ninguém poderá andar armado sem prévia licença das autoridades
policiais, sob pena de multa de 50$000.
Art. 144 - Incorrerá na multa de 10$000 todo aquele que, nas ruas públicas,
partir lenha, cozinhar, assoalhar peixe, estender couros, lavar e corar roupa, ferrar
animais e danificar o calçamento.
Art. 145 - Sob pretexto algum, serão permitidos jogos de azar, quer em casa de
tavolagem, quer em clubes, associações, etc.
Parágrafo Único - Incorrerá na multa de 50$000 a 100$000 quem bancar
tais jogos, e também na de 50$000 a 100$000 cada indivíduo encon-
trado a jogar, cabendo a polícia apreender fichas e mobiliários quando

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 183
se tratar de casa de tavolagem, bem como, publicar pela imprensa os
nomes dos infratores.
Art. 146 - A ninguém é dado estender roupas nas janelas, bater ou limpar tape-
tes e roupas na rua, das 6 horas da manhã às 12 horas da noite, incorrendo o infrator
na multa de 10$000.
Art. 147 - É proibido ter em ponto que ameace a segurança dos transeuntes,
volumes ou quaisquer outros objetos, sob pena de multa de 10$000.
Art. 148 - Não é permitido às mulheres de vida fácil conversarem as janelas
com os transeuntes, sob pena de multa de 50$000.
Art. 149 - É expressamente proibido o trânsito de quaisquer veículos pelo cen-
tro das praças e largos ajardinados, mesmo quando para isso haja suficiente passa-
gem. Ao infrator, multa de 100$000.
Art. 150 - Fica proibida a colocação de cartazes de anúncios, reclamos, etc.,
manuscritos ou impressos, nas paredes, muros, veículos, árvores, etc., sob pena de
multa de 10$000.

CAPÍTULO XIII - Comércio e indústria

Art. 151 - É expressamente proibido:


a) Usar pesos, balanças ou medidas, não aferidos, ou que tragam altera-
ção à medição ou pesagem do gênero vendido;
b) Medir outros líquidos em vasilhame destinado a líquidos oleosos;
c) Medir líquidos acidulados em vasilhas de ferro, estranho ou barro.
Art. 152 - No caso de dúvida ou simples desconfiança, todos os instrumentos
de medir ou pesar devem ser apreendidos, a fim de ser conferida sua exatidão, incor-
rendo na multa de 20$000 aquele que a isso se opuser, isto além da multa a que ficar
obrigado pela inexatidão comprovada dos pesos e medidas.
Art. 153 - Ao comércio não é permitido utilizar-se de pesos e medidas que não
obedeçam ao sistema métrico decimal, sob pena de multa de 100$000.
Art. 154 - Pelos padrões especiais existentes na Intendência Municipal, regis-
trados e aprovados nos Ministérios do Comércio e Indústria da França e na Comuna
de Paris, deverão ser aferidos os pesos, medidas e balanças que tiverem de ser empre-
gados no comércio, sendo que, ao contraventor aplicar-se-á a multa de 100$000, uma
vez verificado existirem vícios naqueles instrumentos.
Parágrafo Único - O aferidor, sob pretexto algum, poderá recusar-se a
aferir os pesos e medidas que para esse fim lhe forem apresentados, e
deverá condenar imediatamente aqueles que, ao serem examinados, ve-
rificar que não estão em condições de ser aferidos, do que dará conheci-
mento à Superintendência. A esse funcionário será aplicada a multa de
50$000 se for provada sua negligência no cumprimento de tais deveres,
cabendo a Superintendência dispensa-lo quando assim o entenda de

184 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
justiça.
Art. 155 - Os proprietários de estabelecimentos comerciais e industriais, ofici-
nas, etc., de qualquer ordem ou natureza, exceção feita dos que discriminadamente
ficarem ressalvados no presente Código, são obrigados a conservar fechadas as portas
de suas casas de negócio nos domingos, nos dias feriados da União, do Estado ou do
Município, e naqueles que como feriados venham a ser por lei considerados, tudo
pela forma designada nestas Posturas.
§ 1º - Tais estabelecimentos e oficinas não abrirão nos dias – 1.º de Ja-
neiro, 24 de Fevereiro, 21 de Abril, 3 e 13 de Maio, 14 de julho, 7 de
Setembro, 12 de Outubro, 2 e 15 de Novembro, feriados da União; 1.º de
Março, 10 e 23 de Julho, 5 de Setembro e 21 de Novembro, feriados do
Estado; - bem assim, nos seguintes dias: - de Sexta-feira da Paixão, Cor-
pus-Christi e do Natal. Na Quinta-feira de Endoenças e na Terça-feira
do Carnaval, fecharão eles ao meio dia.
§ 2º - Nos dias úteis os referidos estabelecimentos e oficinas não se con-
servarão abertos além das seis horas da tarde, exceto as mercearias, ta-
vernas, padarias e quiosques; bem assim, as tabacarias e barbearias não
anexas a qualquer outro ramo ou gênero de comércio, todos os quais
poderão conservar-se abertos até às 8 horas da noite.
§ 3º - Das prescrições acima excetuam-se unicamente as seguintes casas:
1º - As farmácias, que poderão ser conservadas abertas durante todos os
dias e mesmo durante todas as noites, sem restrições.
2º - Os hotéis, restaurantes, casas de pasto e confeitarias, assim como,
- os cafés, bilhares e botequins, de 1.ª classe, não anexos a qualquer ou-
tro ramo ou gênero de comércio, todos os quais, poderão conservar-se
abertos, em qualquer dia, até a meia noite.
3º - Os cafés, bilhares e botequins, de 2.ª e 3.ª classe, também não ane-
xos a qualquer outro ramo ou gênero de negócio, os quais, igualmente,
em qualquer dia, poderão conservar-se abertos, mas somente até às 10
horas da noite.
4º - As mercadorias, padarias, tavernas e quiosques, que, nos domingos,
feriados e mais dias em que fica proibido o exercício de comércio, pode-
rão conservar-se abertos apenas até ao meio dia.
5º - Os teatros, politeamas, cassinos, cafés-concertos, ou cantantes, e
mais casas de diversões públicas, que, em quaisquer dias ou noites, po-
derão conservar-se abertos até que terminem as respectivas funções.
Art. 156 - Os contraventores do artigo anterior e seus parágrafos serão multa-
dos na importância de 100$000.
Art. 157 - Nos domingos e dias feriados, atrás apontados, não poderão transi-
tar, nas ruas, avenidas e praças da cidade, carros e demais veículos de transporte de
mercadorias ou cargas, sem a respectiva licença, sob pena de multa de 100$000.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 185
Art. 158 - Não obstante o disposto no artigo anterior, é permitido, indepen-
dente de licença o serviço de carroças para o embarque e desembarque de bagagens
de viajantes, nos domingos e dias feriados.
Art. 159 - É proibido, sob pena de multa de 100$000, vender objetos de ouro
ou prata sem o necessário contraste, e, bem assim, comprar objetos de qualquer espé-
cie a menores e fâmulos, sem a autorização das pessoas por eles responsáveis.
Art. 160 - Não é permitido vender bebidas alcóolicas a menores, ou a quem
estiver embriagado, sob pena de multa de 50$000.
Art. 161 - Os proprietários ou gerentes de hotéis, hospedarias, estalagens e
quaisquer casas públicas de aposentos para alugar, ficam na obrigação de ter um livro
especial para a inscrição de todos os hóspedes que receberem.
Parágrafo Único - Extraído diariamente um boletim do livro de inscri-
ção de hóspedes, será ele enviado às 10 horas da manhã a Chefatura de
Polícia. Nesse boletim devem ser dadas todas as informações e minúcias
referentes aos hóspedes.
Art. 162 - O boletim referido mencionará, na ordem da inscrição do livro,
todas as pessoas que no dia anterior houveram tomado aposento nas referidas casas,
ainda que o tenham feito por uma única noite.
Art. 163 - O proprietário ou gerente de estabelecimento da ordem de que trata
o art. 161 é obrigado a dar parte a polícia todas as vezes que um hóspede se torne
suspeito por qualquer motivo.
Art. 164 - Os hotéis, hospedarias e estalagens que acolherem meretrizes e pes-
soas desordeiras, serão fechados por ordem do Superintendente e mais autoridades a
quem competir zelar pelo respeito à ordem e à moral públicas, desde que, nos mes-
mos estabelecimentos, se pratiquem atos contrários aos bons costumes, devidamente
comprovados.
Parágrafo Único - Aos infratores será aplicada a multa de 10$000 até
100$000.
Art. 165 - Ficam revogadas todas as leis e resoluções existentes, nas partes que
forem contrárias as disposições contidas no presente capítulo.

CAPÍTULO XIV - Serviços de viação e veículos

Art. 166 - A inspeção geral dos veículos, quer de condução de passageiros,


quer de transporte de carga (mercadorias ou o que for), cabe ao funcionário munici-
pal designado para esse fim pelo Superintendente.
Parágrafo Único - Esse funcionário será auxiliado pelos fiscais do Muni-
cípio, no tocante a fiel observância das Posturas e leis municipais, e pelas
autoridades policiais, mediante a necessária e competente requisição, no
que disser respeito às medidas de ordem e moralidade públicas.
Art. 167 - A nenhum veículo de condução de indivíduos ou de carga, exceto

186 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
os pertencentes aos poderes públicos, será permitido transitar na zona urbana de
Manaus, sem a respectiva licença municipal e a obrigatória matrícula na Inspetoria
de veículos, condições que se tornam extensivas aos pequenos veículos conduzidos
a mão.
Art. 168 - Todos os veículos, tenham ou não, os aros das rodas guarnecidos de
borracha, deverão usar campainhas, guizos ou buzinas automáticas para o aviso de
aproximação. Os infratores incorrerão na multa de 50$000, sendo o veículo recolhido
ao depósito, à falta de pronto pagamento, até que o contraventor satisfaça tal multa.
Art. 169 - É obrigatório todos os veículos trazerem, à noite, duas lanternas
acesas, lateralmente colocadas, contendo nas faces externas dos vidros o número de
ordem que lhes competir.
Art. 170 - Nenhum veículo poderá desviar-se da linha em cuja determinada
direção for conduzido, a fim de tomar a frente de outro a que seguir, embaraçando
assim a marcha dos que transitarem em direção diversa.
Art. 171 - Não é permitido aos condutores de veículos, quaisquer que estes
sejam, atravessarem com eles os cortejos fúnebres, as formaturas de forças armadas e
do corpo de bombeiros, os préstitos escolares, as procissões, etc.
Art. 172 - É expressamente proibida a permanência de veículos nos trilhos
dos bondes e nas portas dos teatros, dos templos, das estações carris, das cocheiras,
dos estabelecimentos industriais, e outros semelhantes, além do tempo estritamente
necessário, para receber, deixar ou aguardar o passageiro, ou para o serviço da carga
ou descarga.
Art. 173 - Todo veículo, mesmo em execução de serviço público, obedecerá em
seu curso, ao trajeto peculiar às ruas de mão e contramão.
Art. 174 - Quando, em qualquer ponto, estacione mais de um veículo, para
aguardar, receber, ou deixar passageiros, ou para a realização de serviço de carga e
descarga, será guardada, entre um e outro, a distância mínima de três metros.
Art. 175 - Os carros de condução de passageiros, serão particulares ou de alu-
guel. Os carros de aluguel, porém, que permanecerem nas cocheiras, destinados ex-
clusivamente ao serviço de determinados atos ou solenidades, serão denominados,
- carros de companhia, cabendo a designação de carros de praças aos que estaciona-
rem nos lugares designados pela Superintendência por intermédio da Inspetoria de
veículos.
Art. 176 - A nenhum veículo de transporte de indivíduos será permitido con-
duzir passageiros em número superior a sua lotação.
Art. 177 - Todos os veículos particulares ou de aluguel, deverão ter segurança,
asseio e higiene, e não serão puxados senão por animais sadios e adestrados.
Art. 178 - Nenhum carro de aluguel poderá estacionar permanentemente em
qualquer ponto das ruas, avenidas ou praças da cidade, sem que, para isso, tenha
obtido licença especial do Superintendente do Município.
Art. 179 - É expressamente proibido, dentro do perímetro urbano, o trânsito

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 187
de carros destinados ao ensino de animais.
Art. 180 - Todos os carros de aluguel, antes de entrarem para o serviço, serão
numerados na repartição municipal. Os proprietários de carros, que, para tal fim,
não se apresentarem a fazer as precisas declarações, serão multados na importância
de 100$000.
Parágrafo Único - O número de ordem de cada carro deve figurar, não
só nas lanternas, consoante o disposto no art. 169, in fine, e, neste caso,
pintado a tinta encarnada, - como também no centro do painel, da parte
de detrás, e em tal caso, pintado a tinta branca sobre fundo escuro; tudo
de acordo com o modelo previamente adotado pela Superintendência.
Art. 181 - É proibido se fazerem, nas ruas e praças, baldeações e lavagens de
carros.
Art. 182 - Nenhum veículo poderá rebocar um ou mais veículos, salvo em caso
de acidente. Excetuam-se dessa proibição os bondes empregados na viação da cidade.
Art. 183 - Os preços de viagens de carros, automóveis, etc., serão marcados em
tabela organizada pela Superintendência Municipal. Essa tabela, que será impressa
em papel-cartão, deverá ser colocada no interior do veículo, à vista do passageiro.
Art. 184 - Os condutores que alterarem a tabela de preços de que trata o arti-
go anterior, ou por qualquer meio ocultarem-na dos passageiros e cobrarem destes
quantia indevida, ficam sujeitos a multa de 50$000.
Art. 185 - Em caso de acidente, provada a nenhuma culpa do condutor, pagará
o passageiro o tempo decorrido, mas tão somente este.
Art. 186 - Os veículos de aluguel, em geral, estacionarão, por grupos; nos pon-
tos que lhes forem oficialmente designados.
Art. 187 - Nenhum cocheiro poderá, em estado de embriaguês, guiar ou con-
duzir veículos. O veículo guiado ou conduzido por pessoa que esteja em tais condi-
ções, será recolhido ao Depósito Municipal, de onde será retirado depois do infrator
se haver novamente habilitado na repartição da Superintendência.
Art. 188 - Os cocheiros só poderão guiar os veículos no lugar que lhes é pró-
prio no carro, e, em hipótese alguma, poderão permitir que o passageiro ou qualquer
outra pessoa tome o seu posto.
Art. 189 - Na falta de outra designação feita pela Superintendência, os pontos
de estacionamento, para os carros de aluguel, serão – a praça do Comércio e a aveni-
da Eduardo Ribeiro, lado oriental da Catedral.
Art. 190 - A nenhum automóvel será permitido desenvolver, dentro do perí-
metro urbano, velocidade superior a 10 quilômetros por hora; - nas zonas suburbana
e rural, porém, essa velocidade poderá atingir a 20 quilômetros.
§ 1º - Nos cruzamentos e curvas de ruas, deve ser reduzida a marcha, a
fim de serem evitados possíveis encontros com outros veículos.
§ 2º - A velocidade, mesmo permitida neste artigo, deve ser moderada
em relação ao trânsito público.

188 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
§ 3º - Ao infrator das disposições deste artigo, multa de 50$000.
Art. 191 - Os automóveis, de aluguel ou particulares, são obrigados a
ter duas placas de identificação, numeradas pela repartição municipal.
Art. 192 - Aos automóveis é extensiva a disposição contida no art. 189 deste
Código.
Art. 193 - Aos bondes são aplicáveis todas as disposições regulamentares refe-
rentes aos veículos de transporte de indivíduos, no que respeita a circulação, numera-
ção, licença, matrícula de seus condutores e mais condições exigidas para a segurança
e regularidade do trânsito.
Parágrafo Único - É expressamente proibida a excessiva velocidade des-
ses veículos, especialmente nas ruas e praças mais transitadas da cidade.
Art. 194 - Aos condutores e motoristas de bondes, são extensivas no que lhes
for aplicáveis, todas as obrigações referentes a cocheiros de carros e chaufferurs de
automóveis.
Art. 195 - As bicicletas, triciclos e motociclos, são também extensivos na parte
que lhes for aplicável, todos os dispositivos deste Código, respeitantes aos veículos
em geral.
§ 1º- Nenhum desses aparelhos poderá circular a noite, sem ter acesa
uma lanterna, que será colocada de modo visível, na frente ou de lado.
§ 2º - As bicicletas, os triciclos e motociclos, terão um aparelho avisador,
buzina ou campainha sonora, a fim de prevenirem os transeuntes de sua
aproximação.
§ 3º - São proibidas as corridas aceleradas e as apostas de velocidade
dentro do perímetro urbano.
§ 4º - Aos infratores dos dispositivos deste artigo, multa de 50$000.
Art. 196 - Sob pretexto algum, poderá o transito público ser interceptado pelas
carroças e pelos caminhões e mais veículos de transporte de carga, ainda mesmo
quando no ato de receber, ou descarregar mercadorias, bagagens, etc.
Art. 197 - Os veículos de duas ou quatro rodas, destinados ao transporte de
mercadorias, deverão ser construído de acordo com as exigências de segurança, ca-
pacidade e peso.
Art. 198 - Aos veículos de carga só poderão ser atrelados animais no número
que lhes for próprio.
Art. 199 - Todas as vezes que, por excesso de carga de um ou mais veículos, o
trânsito público ficar interrompido, os fiscais ou quaisquer autoridades competentes,
ordenarão que seja imediatamente aliviada a mesma carga, de modo que se restabe-
leça prontamente a circulação.
Parágrafo Único - O proprietário ou condutor, como couber, do veículo
sobrecarregado, que houver assim embaraçado o trânsito, fica sujeito a
multa de 50$000 até 100$000.
Art. 200 - Os carroceiros conduzirão os seus veículos, acompanhando-os, a

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 189
pé, adiante ou ao lado da carroça, na distância de 1m,50, no máximo, não podendo
deixar trotar ou galopar o animal ou animais.
Parágrafo Único - O condutor de carroças ou carros de carga, só poderá
guiar os animais sentado, quando no veículo houver boléia fixa e o ani-
mal ou animais estiverem convenientemente arreiados.
Art. 201 - São pontos de estacionamento para os caminhões, as carroças e as
carrocinhas, as praças do Comércio e Tamandaré.
Art. 202 - Os proprietários dos veículos de transportes são obrigados a ter
livros abertos, numerados, rubricados e encerrados pelo inspetor de veículos, con-
tendo:
a) Os nomes dos condutores, o número e a qualidade dos veículos.
b) As cópias das respectivas matrículas, com especificação, seguida, das
faltas porventura cometidas.
Parágrafo Único - Esses livros serão franqueados as autoridades compe-
tentes sempre que estas precisem consultá-los ou examiná-los.
Art. 203 - A direção de qualquer veículo, será exclusivamente confiada ao con-
dutor que lhe competir pelo número da matrícula, salvo caso imprevisto e de força
maior.
Parágrafo Único - Em seu impedimento, o condutor só poderá ser subs-
tituído por pessoa legalmente habilitada.
Art. 204 - Ao cocheiro, carroceiro, motorista ou chauffeur, que inutilizar o
veículo ou o abandonar, será definitivamente cassada a matrícula.
Art. 205 - O patrão ou proprietário de veículos deverá, com antecedência de
oito dias, avisar ao cocheiro, motorista, carroceiro ou chauffeur, de que vai despedi
-lo, lançando a nota desta resolução na respectiva caderneta.
Parágrafo Único - O patrão ou proprietário de veículos que não satis-
fazer as exigências deste artigo, será responsável pelas faltas cometidas
pelo cocheiro, chauffeur, motorista ou carroceiro, embora o empregado
já esteja em serviço de outro patrão.
Art. 206 - Nenhum condutor de veículos poderá despedir-se do patrão ou es-
tabelecimento em que estiver empregado, sem o prevenir da sua retirada com ante-
cedência de oito dias, pelo menos.
Art. 207 - O cocheiro, carroceiro, motorista ou chauffeur que mudar de patrão,
deverá imediatamente apresentar-se a inspetoria de veículos, para ser registrada sua
mudança, com o nome e residência do novo patrão, o número do respectivo veículo
e o competente atestado de conduta, tudo lançado na correspondente caderneta.
Parágrafo Único - O registro de que trata este artigo não se efetuará, e
será cassada a respectiva licença, se for desfavorável ao cocheiro, moto-
rista, chauffeur ou carroceiro o atestado de conduta passado pelo último
patrão, ou se o referido cocheiro, motorista, chauffeur ou carroceiro não
puder provar, perante a inspetoria de veículos, a inexatidão das declara-

190 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
ções contidas no mesmo atestado.
Art. 208 - Nenhum cocheiro, motorista, chauffeur ou carroceiro poderá exer-
cer sua profissão sem que esteja matriculado na inspetoria de veículos, na reparti-
ção municipal, e sem possuir o titulo de habilitação conquistado com exame prático,
prestado perante comissão nomeada pelo Superintendente, sob a presidência do ins-
petor, sem gratificação aos peritos.
§ 1º - Estas disposições são extensivas aos condutores de veículos das
autoridades públicas e consulares.
§ 2º - Para o exame de que trata este artigo, haverá na inspetoria de veí-
culos um livro especial, destinado a inscrição mediante requerimento,
dos pretendentes, os quais deverão provar que são maiores de 15 e me-
nores de 60 anos de idade.
Art. 209 - Aprovado que seja o candidato, será feita sua matrícula pela inspe-
toria, no livro próprio.
§ 1º - O termo de matrícula conterá o nome, nacionalidade e residência
do proprietário do veículo, o número deste, o nome, a idade e a naciona-
lidade do condutor, etc. Dos dizeres deste livro será em seguida extraído
um talão, que, depois de selado e visado pelo inspetor, será entregue
ao matriculado, a fim de que este o traga sempre em sua carteira ou
caderneta.
§ 2º - O talão de matrícula só será entregue ao interessado depois que
este exibir provas de haver pagado os devidos impostos na Recebedoria
de Rendas do Estado, e de estar também matriculado na Chefatura de
Policia.
Art. 210 - Os pais ou tutores dos cocheiros, os condutores de veículos, que
forem menores de 21 anos, serão responsáveis pelas faltas por eles cometidas, para o
que, assinarão previamente um termo de responsabilidade, na inspetoria.
Art. 211 - Não poderão ser cocheiro, carroceiros, motoristas, chauffeurs, etc.,
os indivíduos que sofrerem de moléstias contagiosas ou transmissíveis.
Art. 212 - Os donos, diretores ou gerentes de empresas de transporte deverão
constantemente velar para que suas cocheiras - estejam sempre limpas, satisfazendo
todos os preceitos da higiene, assim como, para que os seus veículos ofereçam a ne-
cessária segurança e comodidade, e estejam os animais sempre ferrados e tratados.
Parágrafo Único - Igualmente deverão providenciar para que os cochei-
ros ou condutores dos seus veículos andem sempre decentemente, ves-
tidos.
Art. 213 - São obrigações previstas para cada um dos condutores de veículos:
§ 1º - Não dormir dentro do veículo quando estacionado.
§ 2º - Dirigir os animais, não lhes infligindo castigos bárbaros ou imo-
derados.
§ 3º - Guiá-los, nas ruas da cidade, a trote curto ou a passo, sem precipi-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 191
tar de modo algum a carreira dos mesmos.
§ 4º - Diminuir a marcha dos animais, nas proximidades das pontes,
esquinas e cruzamentos de ruas, para evitar encontros com outros veí-
culos ou transeuntes.
§ 5º - Fazer parar o veículo ao primeiro sinal de autoridade competente.
§ 6º - Guardar a ordem estabelecida quanto à circulação nas ruas.
§ 7º - Caminhar quanto possível pelo meio delas, não rodando o veículo
sobre os passeios laterais.
§ 8º - Conduzir o veículo sempre pela sua direita, isto é, dando o lado
esquerdo aos que transitarem em sentido oposto.
§ 9º - Dar aviso imediato ao proprietário do veículo, sempre que, por
qualquer motivo justificável, não puder comparecer ao serviço.
§ 10º - Não guiar o veículo sentado, salvo se o mesmo tiver boléia fixa.
§ 11º - Apresentar-se vestido com asseio e decência, covenientemen-
te uniformizado de acordo com o modelo que for adotado pela Supe-
rintendência, uniforme que poderá ser de blusa de linho cáqui, linho
branco ou pardo; boné, ou chapéu desabado, para o serviço comum ou
diário; - de dólmã e calça de flanela azul, e chapéu de copa alta, para os
batizados, casamentos, préstitos fúnebres e quaisquer outros cortejos ou
solenidades.
§ 12º - Não deitar-se, nem dormir nos carros, quando em descanso nas
ruas e praças.
§ 13º - Não se embriagar quando em serviço; não fumar quando con-
duzir passageiros.
§ 14º - Atender imediatamente a qualquer chamado para serviço, uma
vez que não esteja ocupado o seu veículo.
§ 15º - Circular com o veículo de trinta em trinta minutos, voltando ao
seu ponto de parada.
§ 16º - Não se utilizar, para assento, dos varais e portinholas do veículo.
§ 17º - Não abandonar ou desamparar o veículo nas ruas e praças, sem
que o mesmo veículo esteja travado em suas rodas, ou guardado por
pessoa, que dos animais tome conta.
§ 18º - Tratar com polidez e atenciosa deferência aos passageiros, evi-
tando toda e qualquer alteração com os mesmos, e conduzi-los aos lu-
gares de seus destinos, sem atraso proposital da viagem.
§ 19º - Não confiar a quem quer que seja a condução ou direção do seu
veículo.
§ 20º - Trazer sempre em lugar bem visível, no interior do veículo, a
tabela dos preços de viagens, em vigor, no alto da qual deverá estar ins-
crito o número do mesmo veículo, não podendo exigir do passageiro
mais do que o estipulado na referida tabela.

192 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
§ 21º - Não consentir que, em automóvel, sejam acesos fogos de Benga-
la, archotes, etc.
§ 22º - Não fazer correrias na via pública, nem se postar nas entradas
dos teatros e mais casas de diversões, no intuito de adquirir passageiros.
§ 23º - Não queimar, como lubrificante, o óleo nos automóveis.
§ 24º - Colocar na lanterna do veículo uma pequena chapa, para sinal de
que o mesmo está ou não impedido ou ocupado.
§ 25º - Não fazer algazarra nem formar, com outros, agrupamentos nas
ruas ou praças em que estacionar.
§ 26º - Trazer sempre consigo o talão de licença ou impostos pagos a
Municipalidade.
§ 27º - Não castigar os animais com varas, paus, açoites, ou qualquer
outro instrumento que não seja o chicote, o qual nunca deverá ter com-
primento inferior a 1m,20, nem trança de diâmetro superior a um cen-
tímetro.
§ 28º - Não carregar o veículo com peso superior à lotação, ou que não
possa ser tirado pelos respectivos animais.
§ 29º - Guiar os animais com cautela e prudência, para evitar prejuízos,
danos ou incômodos, quer a passageiros, quer a donos de carregamen-
tos, quer a transeuntes.
§ 30º - Adotar travas para os caminhões, carroças e outros veículos, e
não descer as ruas de declive, sem que o veículo esteja perfeitamente
travado, não sendo permitido fazê-lo com o auxílio de cordas e outros
meios inseguros.
§ 31º - Conservar o veículo com o máximo asseio e segurança possível.
§ 32º - Trazer sempre acesas a noite, duas lanternas em seu veículo.
§ 33º - Evitar encontro com árvores, postes de iluminação e outros.
§ 34º - Não trazer em seu veículo animais que não estejam sãos, gordos,
robustos, adestrados e convenientemente ferrados.
§ 35º - Não estacionar em lugares que não sejam os designados previa-
mente pela Superintendência.
§ 36º - Dar o sinal de aproximação, sempre que estiver ou caminhar na
sua frente algum veículo ou transeunte.
§ 37º - Ficar a disposição do passageiro, na hora e lugar previamente
combinados.
§ 38º - Não consentir que pessoa alguma entre no carro, sem que a bo-
léia esteja tomada e tenha o cocheiro as rédeas presas.
§ 39º - Não embaraçar a circulação de outros veículos ou de transeuntes.
§ 40º - Não fornecer veículo sob seu governo ou direção, para a prática
de crimes ou de imoralidades, de perturbação da ordem pública, final-
mente de qualquer ato proibido.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 193
§ 41º - Não estacionar o carroceiro o seu veículo de encontro aos pas-
seios, nas ruas e praças, para carregar ou descarregar, devendo o mesmo
veículo ser colocado em sentido paralelo aos referidos passeios, salvo,
por exceção, nos casos de volumes pesados, como máquinas, pianos e
outros.
Art. 214 - Todos os cocheiros, condutores e guias de veículos de transporte de
passageiros, ou de carga, são responsáveis pelos volumes que receberem; bem como,
são obrigados a entregar a qualquer autoridade policial, conforme o distrito, os volu-
mes que forem abandonados em seus veículos, ou os que encontrarem abandonados
ou perdidos nas ruas, avenidas, praças ou estradas.
Art. 215 - Todos os veículos, tirados por animais e destinados ao transporte de
passageiros, para que possam ser dirigidos por cocheiros, deverão ter a competente
boléia, possuindo os animais arreios apropriados com tesouras e pontas de guia.
Art. 216 - A proibição temporária do trânsito de veículos por certas e determi-
nadas ruas, por ocasião de festas, ou quando assim convenha a comodidade pública,
é da competência da polícia; - as proibições de caráter permanente ou definitivo com-
petem exclusivamente a Superintendência Municipal.
Art. 217 - Nos acompanhamentos de casamentos, batizados, enterros, festejos
carnavalescos e quaisquer outros, os veículos guardarão a distância de cinco metros,
no mínimo de um para outro.
§ 1º - Uma vez estabelecida a colocação dos carros ou veículos, não é
permitida a disputa de preferência, salvo algum acidente ou necessidade
de ordem pública.
§ 2º - Nos acompanhamentos em que comparecerem autoridades de
ordem administrativa, judiciária, militar, ou policial, terão estas a pre-
cedência, salvo, nos enterramentos, os carros dos parentes dos mortos.
Art. 218 - Os cocheiros que, depois de cinco anos de bons serviços, não houve-
rem incorrido em falta alguma, tendo-se distinguido pelo cumprimento de seus de-
veres, terão direito a um atestado da Municipalidade, a vista do qual, serão preferidos
para qualquer serviço da repartição municipal, compatível com suas habilitações.
Art. 219 - A pessoa que houver contratado, com hora estipulada e lugar de-
signado, qualquer serviço, se dele prescindir, ou não for encontrado no lugar e hora
designados, é obrigado a pagar ao dono do veículo a importância do serviço ajustado.
Art. 220 - Os cocheiros ou carroceiros, pelos danos ou prejuízos que causarem,
por imprudência ou imperícia, ficam sujeitos a indenização pecuniária do prejuízo
ou dano causado, a quem competir, além das penas criminais em que houverem in-
corrido.
Art. 221 - Quando for encontrado algum veículo sem o respectivo cocheiro,
será ele recolhido ao Depósito Municipal e imposta ao infrator as penas deste Códi-
go. O referido veículo será entregue ao interessado quando este o reclamar, porém,
depois de satisfeitas a multa e as despesas respectivas.
Parágrafo Único - Decorridos cinco dias, sem aparecer reclamação, se-

194 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
rão os veículos e animais apreendidos na forma deste artigo, vendidos
em hasta pública, e, deduzidas a multa e as despesas, será o excedente
recolhido ao cofre municipal, à disposição do legítimo interessado ou
dono.
Art. 222 - É proibido transportar em veículos de aluguel pessoas atacadas de
moléstias contagiosas ou transmissíveis.
§ 1º - Quando um cocheiro for chamado para conduzir pessoa doente,
exigirá previamente um atestado médico, provando que o doente não
está atacado de moléstia contagiosa ou transmissível.
§ 2º - Unicamente com permissão da Superintendência e a falta de ou-
tro meio e transporte, poderão os veículos de aluguel transportar pes-
soas atacadas de moléstias contagiosas ou transmissíveis, e, nesse caso,
a mesma Superintendência providenciará para que o veículo utilizado
em tal serviço seja imediatamente desinfetado, para o que, solicitará a
Repartição Sanitária as precisas medidas, ou procederá como melhor
convenha.
Art. 223 - O passageiro que se servir de qualquer veículo, é obrigado ao paga-
mento estabelecido na tabela municipal, salvo se por causa do veículo ou dos animais
perder ele a viagem no todo ou em parte.
Art. 224 - Os tílburis ou phaetons, assim como, os automóveis, poderão ser
guiados ou conduzidos por seus próprios donos, quando sejam de uso exclusivamen-
te particular e uma vez que os seus proprietários se encontrem devidamente habili-
tados para isso. Em caso algum, porém, poderão os donos de tais veículos abando-
ná-los nas ruas.
Art. 225 - Qualquer passageiro só poderá reclamar contra o preço ou qualquer
falta cometida pelos cocheiros ou condutores dos veículos de aluguel, quando, dentro
de 24 horas, houver depositado na polícia ou na repartição municipal, a importância
correspondente ao serviço que lhe houver sido prestado, de acordo com a tabela.
Art. 226 - É proibido expressamente o estacionamento de automóveis em qual-
quer ponto, obrigatório ou facultado, sem que estejam eles munidos dos respectivos
silenciosos e tenham os depósitos convenientes para gasolina ou petróleo.
Art. 227 - Terão livre trânsito, nos casos urgentes, os veículos do Corpo de
Bombeiros, da Força Pública, e das autoridades da Polícia Civil.
Art. 228 - Os cocheiros, os motoristas, os carroceiros, os chauffeurs, serão pu-
nidos na forma deste Código, pelo inspetor de veículos e pelos fiscais do Município,
todas as vezes que infringirem estas Posturas, sendo o ato levado ao conhecimento da
Superintendência, que o aprovará ou não.
Art. 229 - As infrações previstas neste capítulo das Posturas Municipais, para
as quais não tenham sido estipuladas multas, serão punidas com multa de 50$000 até
100$000.
Parágrafo Único - As multas, depois de aprovadas pela Superintendên-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 195
cia, serão recolhidas ao cofre municipal, por meio de guias passadas
pelo funcionário que as tiver aplicado e recebido.
Art. 230 - O dono de veículo, que se negar a pagar a multa que lhe for imposta,
será punido com a apreensão e depósito do veículo, por tantos dias quantos forem
necessários para pagamento da importância da multa, tomando-se por base o dia de
serviço de um carro a razão de 15$000, e de automóveis a razão de 25$000. E, toman-
do-se por base o dia de serviço dos cocheiros, chauffeurs, motoristas, carroceiros,
etc., a razão de 5$000, serão eles igualmente punidos, na forma deste artigo, com a
suspensão do exercício de suas funções, cassando-se lhes a respectiva matrícula por
tantos dias quantos bastarem para a satisfação da multa.
Parágrafo Único - Os motoristas de bondes, que infringirem a disposi-
ção deste artigo, não poderão em hipótese alguma, guiar veículos antes
de pagar a multa imposta, ficando por ela responsável a Companhia,
Empresa ou proprietário a quem servir o infrator.
Art. 231 - Todos os cocheiros, chauffeurs e carroceiros, que infringirem es-
tas posturas terão os seus documentos apreendidos, e, caso não os possuam nem os
queiram apresentar, serão os respectivos veículos recolhidos ao Depósito Municipal,
para garantir da multa.
Art. 232 - Não deverá ser levado ao Depósito Municipal, nos casos de infração,
o veículo que conduzir passageiros, sem que a estes seja dado outro meio de locomo-
ção para prosseguir a viagem.
§ 1º - Igualmente não deverão ser retirados da plataforma dos bondes
em viagem os motoristas infratores, sem que lhes sejam dados substitu-
tos competentes.
§ 2º - Em qualquer caso, o que impuser a punição deverá acompanhar o
veículo até a respectiva estação, a fim de ser feita a substituição.
Art. 233 - As reclamações por parte dos passageiros deverão ser apresentadas
ao inspetor de veículos, ou a autoridade policial, conforme o estabelecido nestas Pos-
turas.
Art. 234 - A Superintendência Municipal poderá suspender por tempo inde-
terminado os condutores de veículos, sempre que entender conveniente, em bem da
ordem e da moral públicas.
Art. 235 - Igualmente, poderá a mesma autoridade cassar por tempo indeter-
minado e sob o mesmo critério, as matrículas dos referidos condutores.

CAPÍTULO XV - Farmácias e drogarias

Art. 236 - Unicamente às farmácias e drogarias é permitido vender drogas e


medicamentos, ou preparados medicinais, nacionais ou estrangeiros. Aos contraven-
tores, multa de 100$000.
Art. 237 - A fiscalização desses estabelecimentos é da competência da Repar-

196 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
tição do Serviço Sanitário do Estado, cabendo a Municipalidade apenas a fiscaliza-
ção das contravenções que se derem em relação às disposições dos artigos anterior e
subsequente.
Art. 238 - As drogarias ficam sujeitas ao dispositivo dos art.º 155 e 156 deste
Código.

CAPÍTULO XVI - Saúde pública

Art. 239 - Só será permitido o estabelecimento de enfermarias, hospitais, ma-


ternidades, casas de saúde, na cidade, em lugares previamente designados pela Supe-
rintendência, ouvidos os médicos municipais e a Diretoria do Serviço Sanitário do
Estado. Aos contraventores, 100$000 de multa.
Art. 240 - Em épocas de epidemia a Higiene Municipal agirá de acordo com a
Higiene Estadual.
Art. 241 - Nas épocas aludidas no artigo anterior, é expressamente proibido
armar câmaras mortuárias e paramentar as casas, interior e exteriormente, sob pena
de multa de 30$000.
Art. 242 - Igualmente, nas mesmas épocas, não será franqueada a entrada nos
teatros e casas de baile, nem nas escolas, repartições públicas, etc., sem que esses lu-
gares tenham estado abertos três horas antes, pelo menos, para serem devidamente
ventilados e desinfetados.
Art. 243 - Aquele que sofrer de moléstia contagiosa, não é permitido andar ou
permanecer nas ruas, praças, jardins ou lugares públicos, e, quem nessas condições
for encontrado, será levado para os hospitais destinados a esse fim.
Art. 244 - O louco que for encontrado nas ruas da cidade será entregue a pessoa
encarregada de sua guarda, e, na falta desta, será recolhido ao hospital de alienados.
Art. 245 - Ninguém poderá exercer cargo algum na Municipalidade sem ser
vacinado ou revacinado, e os atuais funcionários que o não forem terão de submeter-
se a essa prescrição.

CAPÍTULO XVII - Carnes verdes

Art. 246 - É proibido matar e esquartejar rezes, para o consumo público, fora
do Matadouro Municipal.
Parágrafo Único - Todo aquele que negociar nesse gênero, apresentará,
sendo reclamado por qualquer pessoa, uma guia passada pelo adminis-
trador do Matadouro, que prove o cumprimento da disposição deste
artigo, incorrendo o infrator na multa de 100$000.
Art. 247 - O gado, de qualquer espécie, só será abatido para o consumo, depois
de 48 horas, pelo menos, de sua entrada no Matadouro.
§ 1º - Vinte e quatro horas antes da matança, o gado a abater-se será

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 197
recolhido a curral separado, destinado exclusivamente a este fim.
§ 2º - Nessa ocasião o médico respectivo procederá à inspenção neces-
sária, em vida do gado, podendo mandar substituir por outras as rezes
rejeitadas como nocivas à saúde pública.
Art. 248 - É proibido abater-se no Matadouro:
a) Rezes em período avançado de gestação e as acometidas de qualquer
moléstia.
b) Rezes recentemente paridas.
c) Animais reprodutores ou animais recentemente castrado.
Art. 249 - As rezes rejeitadas ou condenadas pelo médico do Matadouro, serão
deste retiradas pelos respectivos donos.
Parágrafo Único - As rezes portadoras de moléstias incuráveis ou in-
fecto-contagiosas, serão imediatamente sacrificadas independente de
qualquer indenização.
Art. 250 - A matança das rezes começará às 2 horas da tarde, salvo, nos meses
de Julho, Agosto, Setembro e Outubro, nos quais poderá ser mais tarde, se o médico
do Matadouro Julgar conveniente.
§ 1º - Serão fiscalizadas pelo médico do Matadouro, que condenará as
portadoras de moléstias, todas as rezes que não ofereçam garantias de
serem inofensivas à saúde pública.
§ 2º - As rezes serão abatidas pelo processo de enervação, no curral des-
tinado a esse fim.
§ 3º - Uma vez enervada, será a rez imediatamente conduzida ao local
apropriado, suspensa em posição vertical, de cabeça para baixo, e san-
grada.
Art. 251 - As carnes das rezes abatidas serão conservadas no Matadouro até às
seis horas da tarde, quando sairão para o Mercado e para os açougues.
§ 1º - Os miúdos das rezes abatidas só sairão do Matadouro, depois de
convenientemente limpos.
§ 2º - Toda a carne deverá ser marcada com uma etiqueta impressa, no
Matadouro, antes da saída daquele estabelecimento devendo ser evitado
o uso de tintas que sejam nocivas à saúde pública.
§ 3º - O transporte da carne, do Matadouro para o Mercado e para os
açougues, será feito em embarcações e carroças apropriadas, exigindo-
se nelas completa ventilação e limpeza. Essas embarcações e carroças
deverão ser lavadas diariamente.
Art. 252 - Os magarefes e talhadores de carnes verdes são obrigados à matrícu-
la na Secretaria da Municipalidade.
§ 1º - A matrícula será requerida ao Superintendente, instruindo o in-
teressado sua petição com atestado do médico municipal, que prove não
sofrer o requerente moléstia contagiosa ou repugnante, e com um outro

198 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
atestado do delegado policial do distrito de sua residência, abonando
sua conduta.
§ 2º - A matrícula dar-se-á trimestralmente, nos meses de Janeiro, Abril,
Julho e Outubro, e terá vigor por um ano, salvo no caso de sobrevir
qualquer moléstia, como a prevista no parágrafo precedente.
§ 3º - O matriculado, quando deixar a profissão, comunicará esse fato
a repartição municipal, para que seja feita a necessária nota no livro de
matrícula.
Art. 253 - O talhador de carnes verdes é obrigado a usar avental branco com
mangas curtas. Esse avental deverá cobrir-lhe o corpo, desde o pescoço até aos joe-
lhos. O infrator pagará 30$000 de multa, tanto quando não usá-lo, como quando não
o apresentar diariamente lavado ou mudado.
Art. 254 - Os condutores das embarcações ou carros de transporte de carnes
verdes são obrigados a trajar com o máximo asseio e ficam responsáveis pelas con-
dições de higiene das respectivas embarcações ou carros. Esses condutores deverão
usar jaleco ou camisola curta, de mangas também curtas, feitos de fazenda branca,
devendo o mesmo jaleco ou camisola ser diariamente mudado ou lavado. Os mesmos
condutores, de modo algum poderão usar mantas de estopa ou quaisquer outras, no
intuito de se resguardarem da carne, quando levada aos ombros ou as costas. Aos
contraventores, multa de 30$000.
Art. 255 - No Matadouro deverá existir uma tabela para a cobrança do imposto
sobre o gado.

CAPÍTULO XVIII - Leite

Art. 256 - Os vendedores de leite, mesmo os que venderem em vasilhame;


serão matriculados na repartição municipal, e trarão sempre consigo a respectiva
chapa, contendo o número da matrícula.
Parágrafo Único - A matrícula será concedida mediante requerimento
acompanhado de atestado do médico municipal, provando não sofrer o
requerente moléstia contagiosa ou repugnante.
Art. 257 - Todos os vendedores de leite, bem como, todos os donos de está-
bulos ou de quaisquer estabelecimentos, onde for vendido leite, devem ter os seus
nomes registrados pelo médico encarregado da inspeção sanitária desse líquido, ha-
vendo, para tal fim, livro próprio na repartição municipal.
Parágrafo Único - Os mesmos vendedores de leite; ou os referidos donos
de estábulos e estabelecimentos onde este for vendido, são obrigados a
mostrar a matrícula, ou o atestado do médico encarregado da inspeção,
toda vez que isso lhe for exigido por qualquer pessoa.
Art. 258 - Aos infratores dos artigos anteriores deste Capítulo, será imposta a
multa de 50$000 até 100$000.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 199
Art. 259 - O leite destinado ao consumo público será ordenhado de vacas pre-
viamente examinadas pelo médico municipal encarregado da respectiva inspeção.
§ 1º - Os proprietários de todos os estabelecimentos fornecedores de
leite ao público, inclusive os estábulos, facilitarão por todos os meios
a visita do médico encarregado da inspeção, visita que poderá ser efe-
tuada de 15 em 15 dias, e, independente disso, em qualquer dia e hora,
conforme entenda conveniente o mesmo facultativo.
§ 2º - Todo e qualquer vendedor de leite, ou dono de estábulo, de leita-
ria, etc., é obrigado a entregar ao médico encarregado da inspeção ou ao
fiscal municipal 250 gramas de leite, para ser este examinado, importan-
do a recusa na multa de 30$000 seguida da apreensão do leite exposto
à venda.
§ 3º - Da apreensão do leite, em caso de deterioração deste, ou de re-
cusa da respectiva amostra, se lavrará um termo, indicando o nome do
vendedor ou do proprietário do estábulo, leitaria, etc., o número da ma-
trícula do primeiro dos apontados, o dia, a hora e o local em que é feita
a apreensão, e, feito isso, se remeterá a repartição municipal o mesmo
termo, assim como, o leite, que será fechado em vaso lacrado na pre-
sença do vendedor, tudo para ulterior deliberação da Superintendência.
Art. 260 - É expressamente proibida a venda do leite:
a) De vacas cujo parto não tenha ocorrido há mais de oito dias.
b) De vacas doentes, e, especialmente acometidas de moléstias infecto-
contagiosas.
c) Quando o mesmo leite houver sido falsificado, qualquer que seja o
processo empregado para isso, e por mais inofensivo que seja o mesmo
processo.
d) Quando o mencionado leite haja sido extraído de vaca em adiantado
estado de gestação.
Parágrafo Único - Aos infratores caberá a multa de 100$000.
Art. 261 - O leite para o consumo público será ordenhado com o máximo as-
seio, e este se exige tanto para os animais, como para os ordenadores e para os vasos
receptores, punindo-se as infrações com a multa de 20$000.
§ 1º - Na extração do leite, não é permitido o uso de vasilhas, assim
como na venda não é permitido o uso de medidas, que prejudiquem,
umas e outras, a saúde pública, sendo preferível para ambos os misteres,
as vasilhas e medidas de alumínio, de ferro esmaltados e idênticas.
§ 2º - As vasilhas e as medidas destinadas ao comércio do leite serão
aferidas na repartição municipal.
Art. 262 - As vacas leiteiras deverão viver em estábulos higiênicos e ter boa e
farta alimentação.
Parágrafo Único - Os donos de estábulos deverão possuir atestados pas-

200 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
sados pelo médico municipal encarregado da inspeção do leite, refe-
rentes a cada uma das vacas destinadas ao fornecimento do leite para o
consumo público. Esses atestados, quando exigidos, deverão ser apre-
sentados a qualquer pessoa, sob pena de multa de 50$000.
Art. 263 - Quando o médico municipal encarregado da inspeção julgar de
nenhum prejuízo, poderão permanecer nos estábulos as vacas doentes de moléstias
curáveis e intransmissíveis. Em caso contrário, serão elas imediatamente retiradas
dos mesmos estábulos.
Art. 264 - Independentemente de qualquer indenização, serão sacrificadas as
vacas tuberculosas, carbunculosas, ou portadoras de moléstias incuráveis.
Art. 265 - Os vendedores de leite, quando deixarem essa profissão, deverão
comunicá-lo à repartição municipal, para as devidas notas no livro de matrícula.

CAPÍTULO XIX - Pesca e caça

Da pesca em geral

Art. 266 - O exercício da pesca, para comércio, no Município de Manaus, só


será permitido aos indivíduos matriculados, como pescadores, na Capitania do Por-
to, e que estejam munidos do respectivo alvará de licença municipal, na forma deste
Código.
Art. 267 - Para concessão da licença de pescador, deverá o pretendente exibir
certificado de matrícula passado pela Capitania do Porto, e sujeitar-se as prescrições
destas Posturas.
Art. 268 - É expressamente proibida a pesca por meio de dinamite ou de outro
qualquer explosivo; bem assim, de quaisquer tóxicos vegetais ou minerais.
Art. 269 - Nos lagos, lagoas, paranás, igarapés e furos, não é permitida a pesca
por meio de rede de arrastão ou de outra qualquer espécies, nem pelo processo co-
nhecido pelo nome de – batição.
Parágrafo Único - Esses processos de pesca, exceto o último, poderão,
entretanto, ser tolerados, mas só nos rios caudalosos, guardada ainda
assim uma distância de trezentos metros, dos baixos juntos as praias e
bocas de lagos, lagoas, igarapés, paranás e furos.
Art. 270 - As pescarias com tarrafas só serão permitidas nos lagos, lagoas e
igarapés, nos meses de Março a Outubro.
Art. 271 - A pesca de pirarucus e tucunarés, só poderá efetuar-se nos lagos,
igarapés e lagoas, nos Meses de Março a Novembro.
Art. 272 - A construção de cercados de pesca, denominados cacuris, somente
será posta em prática a vista de licença do Superintendente Municipal, ouvidas as au-
toridades locais pertencentes ao Município, e, na falta delas, as autoridades policiais
do mesmo lugar.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 201
Art. 273 - Fica proibida, por espaço de cinco anos, a contar da data do presente
Código, a salga de pirarucus, nos lagos do Rei e circunvizinhos, e Parauá, no distrito
do Tabocal; e Xibuhy e Ecuhy, no rio Autaz.
Parágrafo Único - O Superintendente municipal fica, por este Código,
autorizado a suspender a salga do pirarucu em qualquer lago do Muni-
cípio, quando julgar isso conveniente ao desenvolvimento necessário à
procriação desse peixe.
Art. 274 - Os que forem encontrados pescando, em contravenção a estas Pos-
turas, serão passíveis da multa de 100$000. Além dessa multa ser-lhes-ão inutilizados
os instrumentos de pesca, de que se servirem, ficando apreendida a embarcação em
que se encontrarem, para garantia do pagamento da multa referida.
Art. 275 - Os que forem encontrados vendendo peixes mortos por explosivos
ou tóxicos, ficam sujeitos à multa estipulada no artigo precedente.
Art. 276 - Aos contraventores das disposições deste título, serão cassadas as
respectivas licenças, senão depois de decorridos seis meses, de haverem pago a multa
em que tiverem incorrido.
Art. 277 - Quarenta por cento das multas por infração dos artigos deste título,
caberão aos fiscais, funcionários ou pessoas autorizadas, que as impuserem aos con-
traventores.

Da pesca de tartarugas

Art. 278 - É proibido em todo município de Manaus a pesca de tartarugas por


meio de fecha ou rede de lancear, durante o período chamado de arribação, e durante
o tempo em que elas se juntam nos remansos das praias onde vão desovar, desde
Junho até Novembro de cada ano.
Art. 279 - É igualmente proibida a pega ou viração de tartarugas nas praias
denominadas tabuleiros, onde elas operam a desova.
§ 1º - Os comandantes das ditas praias poderão consentir na viração
moderada de tartarugas, desde que a pega não exceda a 15% das que
saírem para desovar.
§ 2º - Nas referidas praias – tabuleiros também é proibida a extração de
tartaruguinhas e de ovos de tartarugas.
Art. 280 - É proibida a pesca denominada de batição, para flechar ou lancear
tartarugas nos lagos ou poços formados pelos diversos rios do Município.
Art. 281 - Fica proibida, por espaço de cinco anos, a pesca de tartarugas no
lago Rei e circunvizinhanças, no lugar denominado Terra Nova.
Art. 282 - Em caso de infração, os produtos confiscados serão distribuídos
pelas associações beneficentes da cidade, Penitenciária etc.
Art. 283 - As licenças e matrículas serão gratuitas para os pescadores em geral.
Art. 284 - As infrações de qualquer das disposições deste título, sujeitam o

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delinquente a pena de 10$000 a 100$000 de multa.

Da caça

Art. 285 - Fica expressamente proibida a caça com armas de fogo, ou quaisquer
projetis, na zona de 3 quilômetros em torno do perímetro urbano de Manaus, ou das
povoações existentes, que confinarem com o Município.
Art. 286 - O exercício da caça só será permitido aos indivíduos que, para isso,
solicitarem a Superintendência a necessária licença.
§ 1º - A licença será pessoal e indicará, além do nome, a residência do
indivíduo.
§ 2º - O pretendente pagará da mesma licença 50$000, e ela vigorará tão
somente por um ano.
§ 3º - Não serão concedidas licenças para caçar, aos interditos e aos me-
nores de 16 anos, salvo, para estes, se o requererem o pai, mãe ou tutor.
Art. 287 - É proibida a entrada em terrenos de domínio particular, abertos ou
fechados, sem o consentimento dos respectivos donos, e, mesmo consentindo estes o
exercício da caça só será permitido depois de observadas pelo interessado as disposi-
ções do artigo anterior e seus § § 1.º e 2.º.
Art. 288 - A qualquer indivíduo só será permitido caçar, servindo-se ele de
espingardas, cães e redes.
Art. 289 - Ficam expressamente proibidas as armadilhas que possam por em
perigo a vida de qualquer transeunte, assim como, não se admitirá a destruição das
tocas por meio de fogo, enxofre, pólvora ou outra substância, nem o emprego de
quaisquer meios que as inutilizem.
Art. 290 - Fica também expressamente proibida a caça de aves assim como, a
destruição dos ninhos das mesmas, no período de Agosto a Novembro, reconhecido
como sendo o de sua procriação, aplicando-se especialmente esta disposição à caça
das garças, marrecas, marrecões, patos, etc., nos lagos Piranhas e Rei.
Art. 291 - Aos infratores das disposições deste título, multa de 100$000.

CAPÍTULO XX - Estábulos, estrebarias e cocheiras

Art. 292 - Todo proprietário de estábulo, estrebarias e cocheira, é obrigado


a efetuar o respectivo registro na repartição municipal, declarando o número dos
animais que possui.
Parágrafo Único - O registro será feito dentro do prazo de trinta dias,
contados da publicação do presente Código, sob pena de 50$000 de
multa.
Art. 293 - É proibido o estabelecimento ou instalação de estábulos, estrebarias,
cocheiras, etc., no perímetro urbano, em alinhamento de ruas

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 203
Art. 294 - Os estábulos, estrebarias, cocheiras, etc., deverão obedecer as pres-
crições seguintes, sob pena de multa de 100$000:
a) Ficarem tais estabelecimentos afastados das habitações.
b) Serem colocados a distância de oito metros, pelo menos, das ruas e
praças públicas.
c) Terem cobertura de telha de barro.
d) Terem altura nunca inferior a quatro metros.
e) Possuírem luz e ventilação bastantes, assim como, o espaço necessá-
rio, em relação aos animais a que forem destinados tais estabelecimen-
tos, de modo que, cada baia não tenha menos de 1,m80 de largura e 3
metros de comprimento.
f) Ser impermeável o solo de toda a área ocupada, tendo ele o declive
de 3% para o esgoto das urinas, e ficando estas encaminhadas para o
cano geral, por meio de calhas que conduzam a encanamento munido
do competente sifão hidráulico. A falta de cano geral, serão os proprie-
tários obrigados a ter um depósito para tal fim. Esse depósito será im-
permeável e convenientemente desinfetado.
g) Serem as paredes revestidas de camada impermeável, até um e meio
metros, pelo menos, acima do solo.
h) Possuir o estabelecimento abundância de água potável.
i) Ser ele diariamente lavado e desinfetado.
j) Não alojar, de modo algum, animais em número superior a sua lota-
ção.
§ 1º - São proibidos os tanques e os bebedouros comuns, devendo haver
um para cada animal.
§ 2º - Para os estábulos, estrebarias, cocheiras, etc., já existentes, fica
marcado o prazo de seis meses, contados da publicação destas Posturas,
para que, em tais estabelecimentos efetuem seus proprietários as modi-
ficações apontadas neste artigo.
§ 3º - Os médicos do Município, por escala, ou como convier, são obri-
gados a fazer mensalmente uma visita aos estabelecimentos aqui men-
cionados, do que darão conta ao Superintendente.
Art. 295 - Os estábulos, estrebarias, cocheiras, etc., instalados da data deste
Código em diante, só poderão funcionar depois de verificado por médico municipal
o cumprimento exato das disposições do artigo anterior.
Art. 296 - Cada proprietário de estábulo, estrebaria, cocheira, etc., é obrigado
a ter um ferro especial, com o qual marcará o gado, ferro esse, que será registrado na
Intendência e não poderá ser transferido senão com o próprio estabelecimento, sob
pena de multa de 100$000.
Art. 297 - Nas visitas que fizerem a esses estabelecimentos, os médicos muni-
cipais deverão prescrever medidas higiênicas convenientes marcando a respectiva

204 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
lotação, e impondo nos casos de infração, a respectiva multa, a que se adicionará
mais a de 10$000 por animal excedente do número marcado.
Parágrafo Único - Se tais estabelecimentos apresentarem defeitos higiê-
nicos insanáveis, o médico municipal, além de impor as multas que, no
caso, couberem, intimará aos respectivos proprietários ou sublocadores
a que os fechem dentro de 48 horas, só podendo ser reabertos esses es-
tabelecimentos depois que neles forem executados os trabalhos julgados
necessários.
Art. 298 - As casas de ferradores terão de obedecer, nas partes que lhes forem
aplicáveis, as mesmas condições higiênicas dos artigos antecedentes e seus parágra-
fos; bem assim, as ferrarias.

CAPÍTULO XXI - Animais

Art. 299 - É proibido ter, soltos pelas ruas, avenidas, praças e estradas da cidade
e subúrbios, - cabras, carneiros, porcos, cavalos, muares, vacas e mais quadrúpedes;
bem assim, galinhas, perus e mais aves, sob pena de multa aos respectivos donos, - de
50$000 quando se tratar de gado, qualquer que seja a sua espécie; - de 10$000 quando
a infração se referir a aves.
§ 1º - Os animais apreendidos em virtude de infrações deste artigo, se-
rão guardados em depósito durante 48 horas, e, não sendo reclamados
dentro desse prazo, serão vendidos em hasta pública, para pagamento
da multa e das despesas de alimentação. O excedente, se houver, será
entregue a quem reclamar, provando direitos.
§ 2º - A Superintendência marcará, por editais assinados pelos fiscais,
de sua ordem, os pontos que julgar convenientes nos subúrbios, para
pastadouros das vacas de leite.
Art. 300 - É permitido ter até duas vacas, ou duas cabras, de leite, - ou ainda,
até dois carneiros, em chácara ou casa do perímetro urbano, onde haja quintal sufi-
ciente grande em que tais animais se conservem; isto, uma vez que se destinem eles
exclusivamente a alimentação da família do proprietário.
Art. 301 - É proibido transitar com animais de qualquer espécie, nos passeios
das ruas públicas, ou andar neles em disparada, na cidade, sob pena de multa de
25$000.
Art. 302 - É expressamente proibido ter cães, sem que o respectivo dono haja
tirado a competente licença na repartição municipal.
§ 1º - O cão, para o qual o interessado haja obtido licença, trará uma co-
leira com a designação do nome e da morada do dono, sendo o número
da mesma licença inscrito em chapa metálica pregada a referida coleira.
§ 2º - A licença para tais cães é anual.
Art. 303 - Nas ruas e praças da cidade e subúrbios, não serão tolerados cães

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 205
soltos, ainda que munidos de coleiras de licença. Ao dono ou contraventor, multa de
25$000.
§ 1º - Se o cão for apreendido, se procederá na forma do § 1.º do art. 299
e, se não houver comprador para o mesmo, a Superintendência fá-lo-á
eliminar.
§ 2º - O individuo que se fizer acompanhar do cão de sua propriedade,
deverá trazê-lo açaimado ou então preso por uma corrente ou cordão
pouco extenso, conforme o animal. Ao infrator, multa de 25$000.
Art. 304 - O cão acometido de hidrofobia deverá ser imediatamente morto, e
quem o poupar, ou soltar se estiver preso, pagará 50$000 de multa.
Art. 305 - Não é permitido conservar feras dentro da cidade, nem conduzi-las
na rua, senão em jaulas apropriadas, ou estando o animal convenientemente amor-
daçado. Ao infrator, 30$000 de multa.
Art. 306 - É proibido ensinar animais de tiro ou carga nas ruas da cidade. Ao
contraventor, 30$000 de multa.
Art. 307 - É proibido prender animais as portas, gradarias, postes telefônicos,
postes da iluminação pública, e paliçadas da arborização da cidade. O infrator pagará
a multa de 20$000.
Art. 308 - É proibido criar gado de qualquer espécie, solto nos terrenos de
agricultura. O infrator pagará a multa de 20$000.
Art. 309 - É proibido espancar animais, sob pena de multa de 20$000.
Parágrafo Único - É também considerado como trato cruel, para os
efeitos deste artigo, o fato de prender aos cães, gatos e outros animais,
quaisquer objetos para os fazer correr.
Art. 310 - É proibido usar, para estimular os animais, de qualquer outro instru-
mento que não seja o chicote, sob pena de multa de 10$000.
Art. 311 - A carga de cada veículo, na forma dos dispositivos do Cap. XIV,
será sempre regulada em atenção ao declive ou rampa das ruas que o mesmo tiver de
percorrer, de modo que não seja preciso exigir do animal esforços extraordinários,
tratando-os asperamente, ou instigando-os por meio de berros ou vozerias para ven-
cer o caminho.
Art. 312 - Se algum animal, estando na via pública, não puder continuar seu
caminho, o dono o fará remover antes de que quatro horas sejam passadas, proce-
dendo do mesmo modo em relação as cargas, se as houver, tudo, sob pena de multa
de 20$000.
Art. 313 - Não sendo possível efetuar a apreensão dos porcos, na forma do art.
299 § 1.º e dos cães, consoante o art. 303 § 1.º, primeira parte, poderão ser esses ani-
mais exterminados pelos melhores e mais prontos meios e, em seguida, conduzidos e
imediatamente enterrados em lugar conveniente.
§ 1º - Os donos ou inquilinos de prédios em cujos quintais forem en-
contrados porcos, enchiqueirados ou não, pagarão a multa de 10$000

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por animal.
§ 2º - A repartição municipal não atenderá a reclamação alguma, dos
respectivos donos, em relação aos porcos e cães exterminados ou elimi-
nados em virtude dos dispositivos deste Código.
Art. 314 - É proibido atrelar a carros animais doentes, ou com eles trabalhar de
qualquer modo, sob pena de multa de 50$0000.
Art. 315 - É expressamente proibido conservar animais atacados de moléstias
infectocontagiosas. Igualmente é proibido deixar em abandono, pelas ruas, animais
acometidos de moléstias incuráveis ou transmissíveis. Os animais encontrados nas
condições expostas serão imediatamente sacrificados, e os contraventores serão mul-
tados na quantia de 100$000.
Art. 316 - É proibido atirar animais mortos às ruas, praças, etc., ou as margens
dos igarapés, sob pena de multa de 25$000.
Art. 317 - Será sacrificado qualquer animal acometido de moléstia contagiosa,
plenamente diagnosticada, mormente tratando-se de tuberculose bovina, do carbún-
culo e do mormo laparão dos solípedes.
Art. 318 - A condução dos animais mortos nas condições do artigo anterior e
do art. 315 só poderá ser feita em veículos apropriados e completamente fechados,
sob pena de multa de 20$000.
Art. 319 - É proibido abandonar animais na via pública, sob pena de multa de
20$000.
Parágrafo Único - Não fica isento de pena quem entregar qualquer ani-
mal a outra pessoa e essa o abandonar.
Art. 320 - É proibido andar montado em animais com carga, sob pena de mul-
ta de 10$000.
Art. 321 - Incorrerá na multa de 30$000 aquele que der de beber, nos tanques
dos chafarizes a nas fontes públicas, a animais afetados de moléstia contagiosa.
Art. 322 - É proibida a aglomeração de animais e mesmo de aves, em número
tal que prejudique o fortalecimento e a vida dos mesmos.
Parágrafo Único - Os vendedores que expuserem aves a oferta comer-
cial, são obrigados a lavar diariamente as respectivas grades, gaiolas ou
capoeiras, sob pena de multa de 30$000.

CAPÍTULO XXII - Dos explosivos


e inflamáveis

Art. 323 - Para os efeitos deste Código, são considerados:

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 207
Explosivos

Nitroglicerina, derivados e compostos.


Dinamite e seus congêneres.
Picrato, formiatos e congêneres.
Pólvora, de base inerte ou base ativa.
Algodão pólvora.
Algodão nitrato para colódio.
Fulminatos, isolados ou em mistura.
Espoletas.
Cloratos e nitratos, isolados ou em mistura.
Misturas de cloratos e de matéria combustível.
Pólvora e cartuchos de guerra, caça e mina.
Fogos de artificio.
Estopins.

Inflamáveis

Fósforos, palitos ou mechas fosforadas.


Sulfureto de carbono.
Ésteres.
Colódio líquido.
Álcool vínico, aguardente.
Espírito de madeira.
Álcool amilico.
Ácidos líquidos.
Petróleo e óleos de schisto, de alcatrão; essenciais, hidro-carboreto de cal.
Alcatrões e materiais betuminosas líquidas.

Art. 324 - Para guarda dos explosivos e inflamáveis pertencentes à praça co-
mercial e outros, terá a Municipalidade os necessários depósitos que serão constituí-
dos de casas isoladas e protegidas por para-raios, bem assim, afastadas das constru-
ções e das vias de trânsito mais próximas, - as destinadas a explosivos, 250 metros, no
mínimo; - as privativas de inflamáveis 50 metros, pelo menos.
§ 1º - Nas casas de negócio só será permitido expor a venda porção de
explosivo que não ultrapasse seu consumo em dois dias; outrossim, ex-
por a venda e guardar, porção de inflamáveis não excedente do consumo
de quinze dias, ou 200 galões para os armazéns a 50 para as tabernas.
§ 2º - Aos exploradores de pedreira e aos fogueteiros será permitido te-
rem em depósito, se este estiver a mais de 300 metros da edificação mais
vizinha e 150 metros da rua ou estrada mais próxima, - os explosivos

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necessários para três dias de serviço. Se a distância mínima for de 500
metros poderá essa quantidade ser elevada a correspondente ao consu-
mo de seis dias.
§ 3º - Presume-se infração de qualquer dos parágrafos precedentes:
a) Se nos estabelecimentos forem encontrados explosivos demorados
por mais de quatro dias, da porção recebida para dois dias; ou forem
igualmente encontradas, demoradas por mais de um mês, as porções de
inflamáveis recebidas para o consumo de quinze dias.
b) Se nos depósitos de pedreiras ou foguetarias, de que trata o Parágra-
fo 2.º, forem encontradas demoradas, por mais de 7 ou de 10 dias, as
porções de explosivos destinadas ao serviço ou consumo de 3 e 6 dias,
respectivamente.
Art. 325 - Nenhum depósito de explosivo, estranho à propriedade e direção do
Município é permitido estabelecer dentro deste, bem como, nenhum de inflamáveis
no perímetro urbano.
Art. 326 - Nenhum depósito de inflamáveis será estabelecido nos subúrbios,
sem prévia licença da Superintendência e sem que sejam para isso observadas as dis-
posições do art. 324, parte respectiva.
Art. 327 - Não será tolerada nos estabelecimentos comerciais, ou em outros
quaisquer da cidade, a venda de explosivos e inflamáveis, sem que o interessado te-
nha para isso a necessária licença da Superintendência.
Art. 328 - Ficam proibidos, nas zonas urbana e suburbana, o fabrico e o empre-
go de fogos de artifícios preparados com dinamite, nitroglicerina ou outra substância
explosiva, que não seja a pólvora.
Art. 329 - É expressamente proibido:
a) Fabricar foguetes preparados com carretilhas de folhas de Flandres,
chumbo, zinco, e congêneres.
b) Queimar foguetes, morteiros e empregar outros fogos de estampido,
que possam perturbar o sossego público, quer na zona urbana, quer na
suburbana.
Art. 330 - Para o transporte de explosivos dentro do perímetro da cidade, é ne-
cessária licença prévia da Superintendência, que, em cada caso, estabelecerá as con-
dições em que tal transporte se deve fazer, quando ao itinerário, modo de condução,
embalagem dos explosivos e horas do trânsito.
Art. 331 - Nos veículos em que forem transportados explosivos, não poderão
ser simultaneamente transportadas substâncias inflamáveis, a fim de serem evitadas
combustões, quer espontâneas, quer por atrito ou choque.
Art. 332 - Os veículos em que forem transportados explosivos deverão ser le-
vados a passo e não poderão parar senão no ponto de expedição e destino. Além
disso, e para evitar choques em caminho, deverão levar um distintivo bem visível,
enquanto transportarem a carga.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 209
Parágrafo Único - Se a carga exigir mais de um veículo para ser trans-
portada, a distância mínima entre os veículos será de vinte metros.
Art. 333 - Logo que as condições o permitam, e a Municipalidade tenha cons-
truído, em locais apropriados, depósitos de explosivos e inflamáveis, segundo o esta-
tuído no art. 324, os mesmos explosivos e inflamáveis só neles poderão ser guarda-
dos, mediante as taxas fixadas pela Intendência.
Art. 334 - Aos fiscais municipais é cometida a responsabilidade da vigilância
pertinente à fiel observância dos dispositivos contidos nos artigos deste Capítulo.
Art. 335 - As infrações de quaisquer disposições constantes dos artigos deste
Capítulo sujeitam o contraventor à multa do valor de 100$000.

CAPÍTULO XXIII - Cemitérios e enterramentos

Art. 336 - Somente nos cemitérios públicos ou em lugares permitidos pela


Superintendência, se consentirá o enterramento de defuntos. Ao infrator, multa de
100$000.
Art. 337 - Os cemitérios ou lugares de inumações deverão ser instalados longe
dos centros populosos, a 300 metros, pelo menos, afastados das habitações.
Art. 338 - O terreno para cemitério deverá ser moderadamente poroso e for-
mado de granulações até grande profundidade.
Art. 339 - Para isso, deverão ser escolhidos, de preferência, os terrenos calcá-
rios e ferruginosos.
Art. 340 - Cada cadáver será enterrado em cova separada, que terá no mínimo
1,50 de profundidade sobre 0,80 de largura, devendo ser o comprimento na medida
de 2 metros para adulto, e de 1 ½ metros para crianças.
Art. 341 - Entre duas sepulturas contiguas deverá haver um espaço de 60 cen-
tímetros.
Art. 342 - As inumações serão feitas:
a) Das seis horas da manhã até às seis da tarde, salvo nos casos de epi-
demia.
b) Somente 24 horas depois de ocorrido o óbito, à exceção dos casos de
moléstias infetuosas, em que o médico assistente declarará no atestado
a necessidade de pronto enterramento.
c) Em caixões fechados, de madeira leve e de fácil decomposição.
Parágrafo Único - Os contraventores destas disposições serão multados
em 100$000.
Art. 343 - Os enterramentos dos cadáveres de pessoas vitimadas por moléstias
infetuosas ou contagiosas, serão feitos dentro do menor prazo possível depois de
obtido e depois de satisfeitas as exigências da lei.
§ 1º - Os cadáveres, nos casos previstos neste artigo, serão envoltos em
lenções fortemente embebidos em soluções antissépticas, e os caixões

210 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
serão pregados em toda a sua extensão.
§ 2º - Aos infratores, multa de 100$000.
Art. 344 - Incorrerão na multa de 50$000, aqueles que apresentarem, sem os
documentos da lei, cadáveres para serem inumados.
Art. 345 - É proibido o enterramento de defuntos nas igrejas, sob pena de
multa de 100$000.
Art. 346 - Os enterramentos deverão ser feitos de modo que não prejudiquem
a saúde pública.
Art. 347 - É proibido o transporte de cadáveres em carros que não sejam exclu-
sivamente destinados a isso, sob pena de multa de 100$000.
Art. 348 - Os carros fúnebres deverão ser construídos por forma tal, que se
prestem as lavagens e desinfecções rigorosas que se tornarem necessárias.
Art. 349 - O lugar onde houver de pousar o caixão deverá ser revestido de
placa metálica impermeável.
Art. 350 - Os caixões para transporte de cadáveres de indigentes e que não
tenham de ser com os mesmos enterrados, deverão ser sólidos e forrados de metal.
Parágrafo Único - Esses caixões deverão ser, indispensavelmente, desin-
fetados sempre que tiverem servido.
Art. 351 - Os carros fúnebres que transportarem cadáveres de pessoas viti-
madas por moléstias transmissíveis deverão ser sempre rigorosamente desinfetados.
Art. 352 - Nenhuma exumação será feita sem prévia notificação a família do
morto, e sem as prescrições legais e higiênicas serem escrupulosamente obedecidas.
Art. 353 - A exumação só será permitida:
a) Em caso de diligências policiais.
b) Quando o médico municipal verificar e declarar não haver nisso in-
conveniência para a salubridade pública, - nunca, porém, antes de de-
corridos três anos contados da data da inumação.
Art. 354 - A incineração dos cadáveres será permitida logo que sejam instala-
dos fornos crematórios.
Art. 355 - Aos administradores dos cemitérios cumpre executar fielmente as
determinações destas Posturas.
Art. 356 - É expressamente proibido que se toquem na cidade, dobres a fina-
dos. Ao infrator, multa de 50$000.

CAPÍTULO XXIV - Geradores de vapor, motores


e maquinismos em geral

Dos maquinistas

Art. 357 - Todos os estabelecimentos ou oficinas que fizerem uso de motores


de qualquer espécie, de geradores de vapor e de maquinismos importantes, no mu-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 211
nicípio, deverão empregar, no serviço dos mesmos, maquinistas e foguistas devida-
mente habilitados.
Parágrafo Único - Excetuam-se os motores a gasolina, querosene e ou-
tros idênticos.
Art. 358 - Consideram-se habilitados para os efeitos do presente Capítulo:
§ 1º - Os que tiverem carta de maquinista.
§ 2º - Os que exibirem certificado subscrito por um maquinista de re-
conhecida competência declarando que o interessado está apto para
exercer a profissão de foguista, tendo tido, no mínimo, quatro anos de
prática em aparelhos dos de que trata o artigo anterior.
§ 3º - Os que, à falta de carta ou certificado de habilitação, para qual-
quer das duas profissões, forem aprovados em exame prático prestado
perante uma comissão expressamente nomeada pelo Superintendente e
chefiada pelo engenheiro municipal.
Art. 359 - Tais títulos, cartas, certificados ou documentos, ficarão registrados
na seção técnica da Secretaria Municipal.

Dos geradores de vapor e motores

Art. 360 - Ficam submetidos às prescrições deste Capítulo:


§ 1º - Os geradores de vapor.
§ 2º - Os motores a vapor, a gás, e os elétricos, ou de qualquer outra
espécie.
§ 3º - Os recipientes relativos.
§ 4º - Os maquinismos em geral.
Art. 361 - Nenhuma caldeira poderá ser posta em serviço, senão depois de
passar pelas provas regulamentares, que serão realizadas a solicitação do construtor
ou do industrial.
Art. 362 - O pedido para prova será feito ao superintendente municipal, por
meio de requerimento declarando:
§ 1º - A procedência do aparelho, inclusive a indicação do fabricante.
§ 2º - O gênero de indústria, ou uso a que se destina.
§ 3º - A localidade onde está funcionando ou vai ser instalado.
§ 4º - A forma, capacidade e superfície de aquecimento da caldeira.
§ 5º - Um número distinto da caldeira, caso, o estabelecimento possua
mais de uma.
Art. 363 - A prova poderá ser renovada quando a Superintendência tiver mo-
tivos para por em dúvida a solidez do aparelho, a vista do modo por que esteja o
mesmo funcionando.
Art. 364 - A renovação da prova terá ainda lugar nos casos seguintes:
1º - Quando a caldeira que tenha já funcionado seja de novo instalada

212 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
ou reposta em serviço depois de seis meses.
2º - Quando tiver sofrido reparação importante. Neste caso, o interessa-
do deverá fornecer informações das diversas circunstâncias que tiverem
ocorrido.
Art. 365 - A prova será valida por seis meses, e antes de expirado esse prazo,
deve ser pedida a competente renovação.
Art. 366 - Consiste a prova da caldeira em submetê-la a uma pressão hidráuli-
ca superior a pressão efetiva que nunca deverá ser excedida em serviço. A pressão da
prova será mantida pelo tempo necessário para o exame das caldeiras, cujas partes
devem ser vistoriadas. A sobrecarga de prova, por centímetro quadrado, é igual a
pressão efetiva, e não será inferior a meio quilograma, nem superior a seis quilogra-
mas. A prova será feita em presença do engenheiro municipal, devendo o interessado
fornecer o pessoal e os aparelhos e instrumentos necessários à operação.
Art. 367 - Efetuada a prova da caldeira, será fixado um selo, indicando em
quilogramas, por centímetros quadrados, a pressão efetiva do vapor, que, segundo
já ficou prescrito, nunca deverá ser excedida em serviço. O selo será feito a junção e
colocado de modo a ficar perfeitamente visível, mesmo depois de colocada a caldeira
no lugar designado. O referido selo compor-se-á dos números indicativos dos dias,
mês e ano da prova e do coeficiente da sobrecarga.
Art. 368 - Cada caldeira deverá ser munida de duas válvulas de segurança car-
regadas de forma a deixar sair o vapor, desde que sua pressão efetiva atinja o limite
máximo indicado no selo regulamentar. O orifício de cada uma destas válvulas será
calculado de forma a deixar escapar todo o vapor excedente da pressão regulamentar
estabelecida. A seção total de descarga poderá ser repartida por maior número de
válvulas.
Art. 369 - Cada caldeira deverá ser também munida de um manômetro, colo-
cado a vista do maquinista, e de modo a designar em quilogramas a pressão efetiva
do vapor da mesma caldeira, sendo indicado, na respectiva escala por marca visível,
o limite máximo da pressão.
Art. 370 - Toda parede, em contato com a chama por uma de suas faces, deve
conter água na face oposta.
Parágrafo Único - O nível da água será mantido na caldeira a tal altu-
ra, que, em qualquer circunstância, esteja 10 centímetros, pelo menos,
acima da ultima fiada de tubos ou condutores. Para esse fim, deverá ser
convenientemente colocado a tubo indicador do nível.
Art. 371 - As caldeiras deverão ser munidas de apitos com metal fusível inte-
rior, a fim de prevenir explosões.
Art. 372 - As disposições acima mencionadas são aplicáveis aos secadores de
vapor, distintos da caldeira ou partes da chaminé que conduz os produtos de com-
bustão.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 213
Das caldeiras locomóveis

Art. 373 - Ficam também sujeitas as disposições atrás mencionadas as cal-


deiras locomóveis. Consideram-se tais, as caldeiras – vapor, que podem ser trans-
portadas facilmente de um para outro local, e não exigem construção especial para
funcionarem em determinado lugar.
Parágrafo Único - Além dos requisitos indicados, terão as caldeiras lo-
comóveis, em chapa gravada e em caracteres bem visíveis, o nome e o
domicílio do proprietário, assim como, o respectivo número de ordem,
se este possuir mais de um locomóvel.

Dos recipientes

Art. 374 - Os recipientes de formas diversas, de mais de cem litros de capaci-


dade, nos quais as matérias a elaborar serão aquecidas, não diretamente pelo contato
da chama, porém, pelo vapor gerado em caldeira distinta, ficam subordinados às
disposições estabelecidas nestas Posturas para os geradores de vapor e motores, nas
partes que lhes forem aplicáveis.
§ 1º - Os recipientes serão munidos de válvulas de segurança reguladas
para a pressão indicada no selo.
§ 2º - A sobrecarga de prova, que não excederá a 4 quilogramas por cen-
tímetro quadrado, será, para todos os casos, igual a metade da pressão
máxima com a qual o aparelho deverá funcionar.

Medidas de segurança relativas aos edifícios

Art. 375 - As caldeiras serão divididas em três categorias, baseando-se esta


classificação no produto da multiplicação do número, exprimindo em metros cúbi-
cos a capacidade total da caldeira pelo número, e também em graus centígrados o
excesso da temperatura da água correspondente à pressão indicada no selo regula-
mentar sobre a temperatura de 100 graus. Quando muitas caldeiras não funcionarem
conjuntamente no mesmo local e tenham entre si comunicação direta ou indireta,
tomar-se-á, para formar o produto, a soma das capacidades das mesmas caldeiras.
Parágrafo Único - São consideradas as caldeiras:
Da 1ª categoria, quando o produto for maior de 200.
Da 2ª, quando o produto não exceder a 200, sendo, porém, superior a
50.
Da 3ª, quando o produto for inferior a 50.
Art. 376 - As caldeiras constantes da 1.ª categoria não podem ser estabelecidas
em casas ou oficinas com andares superiores, nem a distância menor de cinco metros
de cada habitação.

214 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
§ 1º - Quando instaladas a menos de 10 metros de qualquer prédio ou
morada, deverão ser separadas por um muro de defesa, de sólida alve-
naria, de altura não excedente de um metro, acima da parte mais eleva-
da da caldeira, com a espessura que for julgada necessária pela Superin-
tendência.
§ 2º - As distâncias mencionadas, de 5 a 10 metros, serão reduzidas a
metade, quando a caldeira esteja enterrada de forma que sua parte supe-
rior se encontre um metro abaixo do solo da habitação vizinha.
Art. 377 - Se depois de instalada uma caldeira, se der começo de construção
para habitação, em terreno contiguo, deverão ser observadas, por quem fizer uso da
caldeira, as disposições do artigo 21 e seus §§.
Art. 378 - Não esta sujeito a condição alguma particular, o estabelecimento de
caldeiras da 1.ª categoria, a distância de dez metros ou mais, de qualquer habitação.
Art. 379 - As caldeiras constantes da 2.ª categoria poderão ser colocadas no in-
terior de qualquer oficina, contanto que este não faça parte de uma casa de habitação.
Art. 380 - As caldeiras constantes da 3.ª categoria poderão ser colocadas em
quaisquer oficinas, ainda mesmo nas que constituem parte de uma habitação.
Art. 381 - Todos os geradores de vapor ficarão sujeitos a uma vistoria de seis
em seis meses, vistoria que deverá ser requerida a Superintendência.
Parágrafo Único - Concedida a vistoria, extrair-se-á na seção técnica a
competente guia para pagamento das respectivas taxas.
Art. 382 - O profissional que estiver incumbido de dirigir a caldeira deverá
apresentar, sempre que for exigido, o certificado das declarações a que se refere o art.
362.
Art. 383 - Ao inspetor de máquinas e aos fiscais do município encarregados de
velar pela fiel execução do disposto no presente Capítulo, deste Código, será faculta-
da livre entrada em todos os estabelecimentos onde funcionarem máquinas.
Parágrafo Único - Os industriais são obrigados a conservar a vista e jun-
to às máquinas, as licenças, os atestados das caldeiras e os registros dos
maquinistas e foguistas nelas empregados.
Art. 384 - A fiscalização exercida sobre motores e geradores se estenderá a
todos os maquinismos, transmissões, etc., da instalação, devendo ser também veri-
ficada a solidez do prédio e constatadas as boas condições do mesmo em relação ao
fim para que é destinado.
Art. 385 - Todas as instalações que não forem acionadas pelo vapor, mas por
outro agente qualquer, serão igualmente visitadas pelo inspetor de máquinas e pelos
fiscais municipais, os quais exercerão sua ação, no que a elas respeita, do mesmo
modo que para as instalações movidas a vapor.
Art. 386 - As condições de ar e luz e as de projetos e planos gerais de constru-
ção de qualquer instalação de maquinismo, ficam extensivas, na parte que lhes cou-
ber, as condições prescritas neste Código para as edificações na zona urbana.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 215
Art. 387 - Em caso de acidentes, deverá o interessado prevenir imediatamente
ao Superintendente, que, no mais curto prazo, mandará examinar o estado dos ma-
quinismos e indagar das causas do acidente. Após um exame minucioso, deverá o
inspetor de máquinas organizar um relatório detalhado, que apresentará a Superin-
tendência, que o utilizará como convenha.
Art. 388 - No caso de explosão, as construções não deverão ser restauradas,
nem deslocados os fragmentos do aparelho quebrado, antes do exame do inspetor de
máquinas, que, por sua vez, o dará a Superintendência.
Art. 389 - Pelos diversos atos de que trata este Capítulo, cobrará a Municipali-
dade as taxas fixadas nas tabelas orçamentarias.
Art. 390 - As Infrações dos dispositivos constantes deste Capítulo caberão
multas de 10$000 até 100$000, conforme a gravidade do caso.
Art. 391 - Fica revogado o Regulamento de 28 de Agosto de 1898, baixado na
conformidade da lei n. 27 de 4 de Maio de 1896.

CAPÍTULO XXV - Alimentação pública

Art. 392 - Os vendedores de qualquer gênero alimentício são obrigados à ins-


peção sanitária, inspeção que se verificará anualmente.
§ 1º - Será marcado em edital, o lugar, mês e hora em que se deve pro-
ceder a essa inspeção.
§ 2º - Incorrerá na multa de 50$000 aquele que for encontrado sem o
atestado do médico municipal.
Art. 393 - Os vendedores de gêneros alimentícios deverão conservar-se em
rigoroso asseio, sob pena de multa de 10$000.
Art. 394 - Os gêneros de confeitaria e pastelaria, tanto nestes estabelecimentos,
como nas padarias ou em outros quaisquer, não poderão ser expostos à venda senão
em caixas, receptáculos ou prateleiras, com tampas de vidro, que só serão abertas no
ato do comércio. Excetuam-se os gêneros contidos em latas. Aos infratores, multa de
50$000.
Art. 395 - É expressamente proibida a fabricação de vinhos artificiais. Aos con-
traventores, multa de 100$000.
Art. 396 - Nos estabelecimentos de viveres e semelhantes, não será permitido
deixar abertos os depósitos de farinha, de fécula e de açúcar; bem assim, os frascos,
as latas, ou as caixas de conservas, ou de preparados de açúcar. Igualmente não se
consentirá que permaneçam a descoberto os queijos já encetados, as comidas frias,
todo o comestível enfim, que, - para ser consumido, não tenha de passar por alto grau
de temperatura. Aos contraventores, multa de 50$000.
Art. 397 - Do mesmo modo, é proibido ter suspenso a porta do estabelecimen-
to comercial, qualquer gênero alimentício, sob pena de multa de 50$000.
Art. 398 - Os doces expostos à venda, pelas ruas, deverão estar acondicionados

216 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
em caixas de folhas, ou de madeira, com vidraças.
Art. 399 - É expressamente proibido aos vendedores, carregadores, conduto-
res, etc., de gêneros alimentícios, doces e similares, destinados ao comércio pelas vias
públicas:
a) Usarem caixas que não estejam devidamente forradas de zinco, de
forma a evitar o derramamento de líquidos sobre os transeuntes.
b) Conduzirem as caixas e outros vasilhames contendo o gênero de seu
comércio, - descalços, maltrapilhos, ou sujos, contra as regras da decên-
cia, as exigências do asseio e os preceitos da higiene.
c) Conduzirem os mesmos vasilhames ou caixas, sem protegê-los com
uma cobertura de lona ou de encerado, para evitar sobre os gêneros
alimentícios, doces, etc., a ação do sol ou da chuva.
Parágrafo Único - Aos contraventores, multa de 25$000, sendo-lhes, na
repetição da prática abusiva, além das penas de reincidência cassada a
licença relativa ao seu ramo de negócio.
Art. 400 - Serão punidos com a multa de 100$000:
a) Os que falsificarem substâncias ou gêneros alimentícios destinados a
serem vendidos.
b) Os que venderem ou expuserem a venda substâncias ou gêneros ali-
mentícios que estejam falsificados ou deteriorados.
c) Os que enganarem ou tentarem enganar o comprador, quando a qua-
lidade do gênero ou substância alimentícia.
Art. 401 - Todas as substâncias ou gêneros a que se referem os artigos antece-
dentes deverão ser a apreendidos e inutilizados.
Art. 402 - É proibida a vendagem de líquidos acidulados, em vasilhas de ferro,
cobre, estanho, zinco ou barro vidrado, sob pena de multa de 25$000.
Art. 403 - Em todas as casas em que se venderem gêneros alimentícios, é obri-
gatória a interceptação do sol e a impermeabilidade do solo.

CAPÍTULO XXVI - Açougues e mercados

Art. 404 - Nenhum açougue ou mercado se abrirá sem prévia licença da Su-
perintendência, que fará cumprir fielmente as disposições das Posturas Municipais.
Art. 405 - Nos açougues do Mercado Público, ou da cidade, a carne verde será
conservada em ganchos de ferro, guardados os intervalos necessários, de modo que a
carne não toque uma na outra. Aos contraventores, multa de 25$000.
Art. 406 - Será punido com a multa de 100$ todo aquele que der entrada, no
mercado ou açougues, de carnes, sem a marca do Matadouro Municipal.
Parágrafo Único - A carne apreendida será inutilizada.
Art. 407 - Não é permitido construir açougues que tenham comunicação com
qualquer estabelecimento.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 217
Art. 408 - Os açougues deverão ser bem arejados e terão o solo ladrilhado de
mosaico, as portas de grade de ferro e nunca em número inferior a duas, - as carnes
suspensas em suportes ou ganchos de ferro, distantes 0,m30 da parede, a qual será
revestida de mosaico ou azulejo até 1m,50 ou 1m,80 de altura.
Art. 409 - As mesmas serão de mármore, sobre suportes de ferro, ou mesmo
de mármore, de modo a dar ventilação em sua parte inferior. Essas mesas serão dia-
riamente lavadas.
Art. 410 - É expressamente proibido conservar carnes nas portas dos açou-
gues, recebendo os raios solares, poeira ou tudo quanto possa concorrer para sua
deterioração ou decomposição. Ao infrator, multa de 30$000.
Parágrafo Único - Nas casas de açougues, cujas frentes forem batidas
pelo sol, os respectivos proprietários colocarão toldos para resguarda
-las.
Art. 411 - Toda a carne verde em decomposição, que for exposta a venda, será
incontinente inutilizada. O marchante ou açougueiro, pagará neste caso a multa de
50$000 e mandará, sem demora, remover a carne condenada, a qual será enterrada
ou incinerada, em lugar convenientemente designado.
Art. 412 - As carnes verdes encontradas expostas a venda, das dez horas da
manha em diante, serão apreendidas e inutilizadas, pagando o contraventor a multa
de 30$000.
Art. 413 - Fica proibido, nos açougues, o comércio de qualquer gênero estra-
nho a carnes verdes. Ao infrator, 30$000 de multa.
Art. 414 - É proibido nos açougues, o emprego de machado para cortar os
ossos do gado abatido, sendo unicamente permitido para tal fim, o uso de serrotes e
facas apropriadas.
Art. 415 - Os utensílios dos açougueiros deverão ser conservados com o maior
asseio, sob pena de 25$000 de multa.
Art. 416 - O preço da carne verde exposta a venda será declarado em cartaz,
que ficará colocado no açougue, de modo que possa ser facilmente lido. O infrator
será multado em 20$000.
Art. 417 - As paredes interiores dos compartimentos onde funcionarem açou-
gues, o chão dos mesmos, as mesas, os ganchos e os utensílios, serão lavados diaria-
mente, logo que termine a venda.
Art. 418 - É proibido usar, nos açougues, cepos de madeira.
Art. 419 - É expressamente proibido alterar, nos talhos públicos, os pesos de
carne, ficando o infrator sujeito as penas do art. 154.
Art. 420 - Qualquer agente-fiscal da Municipalidade poderá, ato contínuo a
venda, apreender carnes pesadas, para verificar a exatidão do peso.
Art. 421 - As balanças dos talhos serão de arame ou estanho, suspensas por
correntes de metal, cumprindo que sejam lavadas diariamente e conservadas no me-
lhor asseio.

218 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Parágrafo Único - O contraventor deste artigo incorrerá na multa de
15$000.
Art. 422 - Diariamente o médico municipal visitarão Mercado Público e os
particulares quando hajam, para examinar a carne verde e todos os gêneros expostos
a venda, condenando o que julgar prejudicial a saúde pública.
Art. 423 - Os mercados devem ter franca ventilação e luz; os gêneros expostos
a venda deverão estar ao abrigo do sol, da chuva e da poeira.
Art. 424 - Os mercados deverão ser reservados para a venda de gêneros ali-
mentícios.
Art. 425 - Os mercados deverão ser sempre espaçosos e altos e sua ventilação
feita por todas as faces.
Art. 426 - O solo dos mercados deverá ser rigorosamente impecável, tendo o
necessário declive para facilitar o escoamento dos líquidos.
Art. 427 - Os mercados deverão ter abundância de água potável conveniente-
mente distribuída.
Art. 428 - Nos mercados, as diversas espécies de gêneros deverão ser dispostas
e expostas em seções distintas.
Art. 429 - Nesses estabelecimentos as mercadorias úmidas não deverão ser
postas em contato com materiais permeáveis, nem depositadas ou conservadas em
vasos de cobre, zinco, chumbo, ou ferro galvanizado.
Art. 430 - Todos os utensílios ou instrumentos usados nos mercados deverão
ser conservados com o mais escrupuloso asseio.
Art. 431 - Em dias determinados, a juízo da autoridade competente, deverão
ser todos os compartimentos dos mercados, evacuados e rigorosamente lavados.
Art. 432 - As mesas para a venda de gêneros alimentícios nos mercados, serão
de acordo com o artigo 409.
Art. 433 - Os locatários dos compartimentos dos mercados são obrigados a
conservá-los sempre limpos, sob pena de 25$000 de multa.
Art. 434 - Aos agentes-fiscais do Município, ao administrador do Mercado
Público e ao médico municipal, cumpre observarem e fazerem observar as expressas
disposições do presente Capítulo destas Posturas.

CAPÍTULO XXVII - Padarias e confeitarias

Art. 435 - Nas padarias e confeitarias, deverão os lugares destinados a traba-


lhos, bem assim, os corredores, ser conservados com o maior asseio, conveniente-
mente ventilados e ao abrigo das emanações das latrinas e esgotos.
Art. 436 - Nesses estabelecimentos, o solo deverá ser revestido de mosaico ou
de cimento.
Art. 437 - Deverão ser cuidadosamente conservados com rigoroso asseio to-
dos os utensílios e instrumentos de trabalho, bem assim os materiais para a prepara-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 219
ção dos alimentos.
Art. 438 - Os lugares destinados a trabalhos, os depósitos, armazéns, etc., não
poderão servir de dormitórios ou alojamentos de empregados, nem comunicar dire-
tamente com eles.
Art. 439 - O pessoal empregado deve conserva-se em rigoroso asseio, e, no
trabalho, só deverá usar de vestimenta que seja de fácil limpeza.
Art. 440 - Os infratores de qualquer um dos artigos deste Capítulo incorrerão
na multa de 50$000.

CAPÍTULO XXVIII - Disposições gerais

Art. 441 - É proibido colocar mercadorias nas paredes e portas das casas de
negócios, de modo que impeçam o trânsito, ou causem dano aos transeuntes, incor-
rendo o infrator na multa de 20$000.
Art. 442 - Todo aquele que for encontrado fazendo qualquer negócio fraudu-
lento, será multado em 100$000, lavrando-se o competente auto de infração.
Art. 443 - É proibido o comércio chamado de travessia, na cidade ou subúr-
bios. Ao infrator, 50$000 de multa.
Art. 444 - Todo toldo armado às portas de casas deverá obedecer às condições
seguintes:
a) Altura mínima, do pavimento do passeio a margem inferior da sane-
fa, 2,m50.
b) Saliência nunca excedente a largura do passeio, se o tiver, ou até dois
metros no caso contrário.
c) O toldo só se conservará armado quando houver sol ou chuva na
frente do prédio, salvas as marquises, que são fixas, obedecendo entre-
tanto as disposições das letras anteriores.
Parágrafo Único - O infrator será multado em 20$.
Art. 445 - Ninguém poderá exercer o oficio de carregador, sem prévia matricu-
la na Secretaria Municipal. Aos transgressores, 30$000 de multa.
§ 1º - O carregador matriculado receberá na Secretaria Municipal uma
chapa numerada, que trará sempre consigo e a vista.
§ 2º - A matricula renovar-se-á anualmente.
Art. 446 - Os locatários dos quartos externos do Mercado Público, não pode-
rão fazer inscrições nas paredes do edifício. O contraventor pagará a multa de 30$000
e fará o reparo preciso na parede, dentro do prazo que lhe for intimado.
Art. 447 - Unicamente no Curro ou Matadouro Público, se permitirá o de-
sembarque de gado vacum, para consumo da população da cidade. O gado cavalar
ou muar poderá desembarcar em outros pontos marcados pelo Superintendente. Ao
infrator, 30$000 de multa.
Art. 448 - São proibidos dentro do município, quaisquer cortes ou derrubadas

220 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
de árvores, especialmente de açaí, patauá, bacaba, sorva, dendê e Palhares.
Art. 449 - Os moradores das margens dos rios e igarapés, deverão conservar
limpas de paus, aningais, ou murerus a frente de suas casas, sob pena de multa de
30$000.
Art. 450 - É igualmente proibido lançar fogo em roçado, sem prévio aviso de 3
dias aos proprietários vizinhos, sob pena de multa de 100$000.
Art. 451 - Aquele que destruir ou danificar cercados públicos ou particulares,
será multado em 40$000 e fará o serviço de reconstrução a sua custa.
Art. 452 - É permitido, em lugares das vias públicas, designados pelo inspetor
de veículos, colocar cadeiras para engraxadores.
Art. 453 - Quando, em consequência da estreiteza das ruas, for impossível o
cruzamento de dois carros, a Superintendência decidirá que, por uma só extremida-
de, que marcará, seja permitida a entrada de tais veículos.
Art. 454 - Os fiscais são responsáveis perante a Superintendência, por sua ne-
gligência, desídia ou condescendência, podendo, em tais casos, ser demitidos ou sus-
pensos por aquela autoridade.
Art. 455 - Os executores das Posturas Municipais, requisitarão a Superinten-
dência, para que esta, por sua vez requisite as autoridades competentes, o auxílio
necessário ao fiel cumprimento de seus deveres e ao respeito à lei.
Art. 456 - O Superintendente ou qualquer autoridade que tolere ou autorize,
de encontro às disposições do Código de Posturas, em geral, e, especialmente no que
for referente às condições que regulam as obras e construções da cidade, - a prática
de qualquer serviço, ou realização de qualquer obra, - fica responsável pelos prejuízos
que causar ao serviço público ou particular, cabendo-lhe em tais casos, entrar para
os cofres municipais com a importância que, porventura, seja despendida pela Inten-
dência, na conformidade da lei, com concertos, etc., do serviço irregular autorizado
ou tolerado.
Art. 457 - Qualquer infração do Código de Posturas cometida no interior das
casas particulares, será pelo fiscal denunciada por escrito a Superintendência, que
procederá, no caso, como competir ou convier.
Art. 458 - A autoridade dos fiscais do Município é cumulativa em todo este; -
ninguém poderá negar-se a apresentação das licenças municipais por eles exigidas,
sob pena de 50$ de multa.
Art. 459 - Todo e qualquer funcionário municipal é obrigado a avisar aos fis-
cais do Município, de qualquer infração destas Posturas.
Art. 460 - Os casos omissos, em geral, neste Código, serão resolvidos pela Su-
perintendência, que terá sempre em vista os recíprocos interesses do Município e dos
munícipes de Manaus.
Parágrafo Único - A Superintendência, nos casos necessários, consulta-
rá a Intendência que resolverá em última instância.
Art. 461 - Ficam revogados todas as leis e regulamentos que alteram o extinto

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 221
Código de Posturas, de 1896.
Art. 462 - Revogam-se as disposições em contrário.
Gabinete da Superintendência Municipal de Manaus, 13 de Setembro de 1910.
Adrião Ribeiro Nepomuceno.

Nesta Secretaria foi a presente lei publicada. Secretaria da Superintendência


Municipal de Manaus, 13 de Setembro de 1910.

Raphael Benaion.

FONTE: Instituto Geográfico Histórico do Amazonas (IGHA)– Estado do Amazonas, Imprensa Ofi-
cial, 1910, 111 p.

222 | 11. Manaus (1910) - Lei nº 639, de 13 de setembro - Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
12. Manaus (1920)
Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de
Posturas do Município de Manaus

SERGIO RODRIGUES PESSOA, Presidente da Intendência Municipal de Ma-


naus, etc.
Faço saber que a Intendência Municipal, em sua terceira reunião ordinária,
decretou e eu promulguei a seguinte Lei:

CAPÍTULO I - Infrações e penas em geral

Art. 1º - Toda a ação ou omissão contrária a disposto no presente Código de


Posturas Municipais será punida com a multa correspondente à infração e no mesmo
declarada, paga à boca do cofre no prazo de vinte e quatro horas.
Parágrafo 1º Havendo recusa do infrator em satisfazer a multa, a Mu-
nicipalidade provará a divida com o auto de infração e promoverá o
processo, de que trata o Cap. V do L. II da Lei n.º 920, de 1 de Outubro
de 1917, que promulgou o Cod. do Proc. Pen. Do Estado.
Parágrafo 2º O processo determinado no parágrafo anterior terminará
pela execução fiscal dos bens do condenado.
Parágrafo 3º Na falta de bens sobre que recaia a execução, far-se-á a
converter imediata da importância do mandato executivo em pena de
prisão, nos termos dos Arts. 335 3 338 do citado Cod.
Art. 2º - As reincidências agravam a pena estabelecida neste Código, elevando-
se ao dobro.
Art. 3º - São corresponsáveis pela satisfação da multa, quando concorrerem
para infração, por culpa ou negligência:
I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob o seu poder e em sua
companhia;
II - O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que estiverem nas
mesmas condições;
III - O patrão, amo ou comitente, inclusive as pessoas jurídicas, por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
compete ou por ocasião dele;
IV - Os donos de hotéis, hospedarias, casas de estalagem e educandá-
rios, pelos seus hospedes, moradores e educandos.
Art. 4º - Respondem também pela infração:
I - Os que se houverem aproveitado dos resultados da infração cometida
por outrem;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 223
II - O dono ou detentor do animal, se não provar:
a) que o guardava e vigiava com o cuidado preciso;
b) que o animal foi provocado por outro de propriedade alheia;
c) que houve imprudência de outrem, não corresponsável pela guarda
do animal;
d) que a infração resultou do caso fortuito ou força maior
III - O morador da casa, ou da parte dela, pela infração proveniente de
coisas que dela caírem ou forem lançadas, mesmo por culpa de terceiro
que nela estiver.
Art. 5º - O infrator de qualquer das disposições deste Código, de quem não
se conheça nome e residência, uma vez que não efetue imediatamente o depósito da
importância da multa em que tiver incidido, será conduzido à presença do Superin-
tendente ou do Fiscal Geral, e poderá ser detido pelo tempo necessário à verificação
de sua individualidade e moradia, afim de que se possa oportunamente tornar efetiva
a referida multa.
Art. 6º - De todas as multas impostas por infrações a este Código, haverá re-
curso para o Superintendente Municipal que decidirá em última instância.
Parágrafo Único - O recurso será interposto por escrito e dentro das 24
horas marcadas para a sua satisfação.
Art. 7º - As penas aplicadas, em virtude deste Código, não prejudicam outro
qualquer procedimento judicial, civil e criminal, a que a infração ou suas circunstân-
cias possam dar lugar.

CAPÍTULO II - Fiscalização

Art. 8º - Os corpos dos fiscais e agentes-fiscais destinam-se a velar para que


seja rigorosamente observado o presente Código de Posturas Municipais e a impor
as multas nele exaradas, cumprindo e fazendo cumprir, outrossim, as ordens a res-
peito emanadas do Superintendente Municipal, do Secretário, do Diretor Geral da
Secretaria da Superintendência, do Engenheiro-Chefe e do Médico-Chefe da Muni-
cipalidade.
Art. 9º - A autoridade dos fiscais e agentes-fiscais é cumulativa em todo o Mu-
nicípio, mesmo quando fora do serviço dos seus distritos e agências, cumprindo-lhes
exercer permanentemente as suas funções, onde quer que se encontrem, e comuni-
car a quem de direito as irregularidades encontradas, ninguém podendo negar-se à
apresentação das licenças municipais por eles exigidas, sob pena de multa de 50$000.
Art. 10º - Os executores das posturas municipais poderão requisitar direta-
mente das autoridades policiais, civis e militares, sempre que se fizer necessário, o
auxílio de que precisarem para o desempenho de suas funções.
Art. 11 - Qualquer infração do Código de Posturas cometida no interior das
casas particulares será pelo fiscal denunciada por escrito à Superintendência, para

224 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
que seja levado o fato ao conhecimento da autoridade competente ou providenciado,
como no caso couber.
Art. 12 - Todo o funcionário municipal é obrigado a avisar em <<memoran-
dum>> e por intermédio do chefe da sua seção ou repartição, à seção de fiscalização
da Secretaria da Superintendência, qualquer infração das posturas municipais de que
for sabedor.

CAPÍTULO III - Via pública

Art. 13 - Todas as vias públicas, quer de Manaus e seus subúrbios, quer dos
povoados do interior do Município, como sejam ruas, praças, cais e pontes, terão por
denominação datas nacionais, ou nomes de localidades e vultos cuja lembrança seja
motivo de ufania para a União, o Estado ou o Município.
Parágrafo 1º Podem também ser perpetuados por esse meio, por es-
pecial deliberação do Poder Legislativo Municipal, países, cidades e
personagens estrangeiros em razão de sua benemerência universal, de
serviços relevantes, a União, ao Estado ou ao Município e de profunda
afinidade moral e social com o nosso povo.
Parágrafo 2º Essas denominações serão assinaladas por placas unifor-
mes, colocadas em lugar bem visível, no começo de cada quarteirão da
rua, praça ou cais e à entrada e saída das pontes, sempre do lado direito
da orientação geral da cidade.
Parágrafo 3º Todo aquele que subtrair, destruir ou alterar, de qualquer
modo, essas placas, pagará a Municipalidade a multa de 100$000.
Art. 14 - As ruas de novo abertas e as que ainda não estão edificadas terão a
largura de trinta metros e serão em linha reta, tanto quanto possível.
Parágrafo Único - Os quarteirões destas novas ruas terão cento e trinta
e dois metros de cada face, se tato o permitirem as condições do terre-
no; e as plantas dos novos traçados antes de submetidas à aprovação da
Intendência serão estudadas e elaboradas na seção técnica da Secretaria
da Superintendência.
Art. 15 - Os arruamentos quer da cidade e subúrbios, quer dos povoados do in-
terior do Município, serão feitos segundo os alinhamentos gerais existentes e de acor-
do com as plantas organizadas pela seção técnica da Secretaria da Superintendência,
sendo que os prédios afastados desses alinhamentos gerais deverão avançar ou recuar
por ocasião de serem reconstruídos, não se dando permissão para quaisquer obras
que importem o prolongamento da duração ou valorização desses prédios.
Art. 16 - O estudo do alinhamento de uma rua compreenderá forçosamente o
nivelamento da mesma.
Art. 17 - Quando para regularidade do alinhamento das vias públicas for ne-
cessária a desapropriação, o Superintendente procederá amigavelmente entrando em

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 225
acordo vantajoso para o Município com o proprietário do bem que deve ser desapro-
priado, ou judicialmente, pela forma que as leis civis determinam.
Art. 18 - Quando ao contrário do artigo precedente, for necessário reunir a um
dado terreno parte de terras municipais, o Superintendente proporá ao proprietário
do dito terreno a venda das referidas terras, nomeando para avaliá-las a uma comis-
são de técnicos, sob a presidência do Engenheiro-Chefe da Municipalidade.
Parágrafo Único - No caso deste artigo, o comprador não poderá entrar
na posse do terreno senão depois de recolher aos cofres da Municipali-
dade a importância da compra realizada.
Art. 19 - A numeração das ruas começará do lado meridional para o septen-
trional, e do lado ocidental para o oriental, e far-se-á pelo sistema americano de me-
tragem, correspondendo o número de cada casa ou terreno à distância métrica, em
que estiver a extremidade mais afastada da sua fronteira, a medir do ângulo inicial da
respectiva rua - quantidades pares à direita e impares à esquerda.
Parágrafo Único - A numeração dos prédios e terrenos, que não fizerem
parte da serventia de edifícios, e de obrigação e conta dos respectivos
proprietários, sob pena da multa de 20$000, na qual incorrerá também
todo aquele que recusar, suprimir, destruir, danificar ou alterar a placa
oficial da numeração.
Art. 20 - Sem prévia licença da Superintendência, ninguém poderá ocupar a
via pública no espaço aéreo, na superfície ou no subsolo, com:
I - Construções temporárias;
II - Carris e qualquer outro meio de facilitar a viação e os transportes;
III - Marcos, mastros e postes ou semelhantes, com ou sem anúncios;
IV - Tubos ou fios condutores.
V - Mesas e cadeiras para qualquer fim.
Parágrafo 1º Pela concessão dessas licenças cobrará a Municipalidade as
taxas únicas ou anuais, constantes das tabelas orçamentais.
Parágrafo 2º São isentas do pagamento dessas taxas:
a) as concessões da União ou do Estado, exclusivamente em relação ao
serviço a que é obrigado o respectivo contratante pelo seu contrato.
b) as licenças para construções temporárias destinadas a fins de benefi-
cência, a critério da Superintendência, que poderá fixar uma quota pro-
porcional com que os promotores da festa devem contribuir em partes
iguais para uma instituição de caridade a cargo da Municipalidade ou
auxiliada por esta, e em benefício da instrução primária municipal.
Parágrafo 3º Os infratores pagarão a multa de 30$000.
Parágrafo 4º Na concessão das licenças, a que se refere o n.º V do pre-
sente artigo, fixar-se-á com rigor a área concedida, evitando-se quanto
possível embaraçar o trânsito público.
Art. 21 - A colocação de anúncios nos postes, muros e paredes dos próprios

226 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
municipais e particulares, dos mictórios públicos e veículos, poderá ser concedida
em hasta pública, ficando a conservação dos mesmos a cargo do concessionário.
Art. 22 - É proibida a fixação de anúncios ou de qualquer outro escrito de pro-
paganda nas paredes e muros das propriedades particulares, quando estas tenham a
indicação mandada por pelos seus proprietários de que é ali defesa tal afixação. Ao
infrator, 50$000 de multa, correspondente a cada infração desta proibição.
Art. 23 - É proibido cavar, fazer buracos, remover o calçamento ou cravar ob-
jetos no cão da via pública, sem autorização ou licença prévia da Superintendência
e o depósito da garantia que for arbitrada pela seção técnica. Ao infrator multa de
100$000, sendo intimado a nivelar o terreno e repor o calçamento à sua custa, dei-
xando-o nas condições encontradas, dentro do prazo marcado pela Superintendên-
cia.
Parágrafo Único - Não o fazendo o infrator dentro do prazo determina-
do, ou advindo do trabalho executado qualquer diferença de nível, fica
sujeito o dono do trabalho a nova multa de 100$000, sendo intimado
outra vez a efetuar o nivelamento e o recalcamento dentro de novo pra-
zo, e assim sucessivamente até que a exigência municipal seja satisfeita.
Art. 24 - Todo fosso ou escavação que se fizer nas ruas, praças e logradouros
públicos, para a execução de qualquer serviço, será defendido por uma grade de ma-
deira, na altura de um metro, convenientemente travejada e guarnecida à noite por
uma lanterna acesa, sob pena de multa de 30$000.
Art. 25 - As empresas, que forem obrigadas em razão do seu contrato a re-
volver constantemente o solo da via pública, poderão, para garantia do nivelamento
e recalcamento dos sítios atingidos por suas obras, efetuar um só depósito geral, a
arbítrio da Superintendência, depois de ouvida a seção técnica, sob o compromisso
de cobrirem sempre a importância arbitrada, quando desfalcada, sem que, todavia,
fiquem, por este motivo, isentas do pedido de licença para cada serviço, com indica-
ção do dia e local em que o mesmo tiver de se efetuar.
Parágrafo Único - A falta desse pedido de licença, por si só, importa na
multa de 50$000 ao infrator, independente do mais que está disposto no
artigo 23 e respectivo parágrafo.
Art. 26 - É proibida a remoção de cal, terra, barro, palha ou quaisquer subs-
tâncias, pelas ruas da cidade, de modo que incomode os transeuntes ou prejudique o
asseio das vias públicas, sob pena de multa de 15$000.
Art. 27 - Não poderão de modo algum, ficar amontoados na via pública, por
mais de vinte e quatro horas, os entulhos provenientes de edificações, reedificações,
demolições ou quaisquer reparos de prédios, sob pena de multa de 40$000.
Art. 28 - Igualmente não poderão permanecer na via pública materiais para
construção, móveis, utensílios, mercadorias ou produtos industriais, em carga ou
descarga, salvo licença especial da Superintendência, por haver impossibilidade de
fazê-lo de outra forma, devendo, entretanto, ser os mesmos removidos no mesmo dia

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 227
para dentro dos tapumes, casas ou armazéns, sob pena de multa de 50$000.
Parágrafo Único - Os volumes de qualquer natureza, em trânsito, não
poderão permanecer na via pública além do tempo necessário para li-
geiro descanso do condutor sob pena de multa de 10$000.
Art. 29 - É proibido deitar de pancada sobre o calçamento quaisquer cargas ou
conduzir quaisquer objetos, arrastando-os ou rolando-os sobre aquele diretamente,
devendo ser carregados ou descarregados daquela forma sobre pranchas, quando em
frente da porta donde saem ou para onde se destinam, sob pena de multa de 20$000.
Art. 30 - Aquele que, mesmo acidentalmente, prejudicar o asseio da cidade e
não reparar imediatamente a falta cometida, pagará a multa de 10$000.
Art. 31 - Todo aquele que encostar, prender ou atar qualquer coisa às arvores
da via pública ou jardins municipais; subir as mesmas; atirar-lhes projeteis de que
qualquer natureza; quebrar-lhe hastes e vergônteas, assim como subtrair flores dos
jardins; deteriorar os gramados e pertences destes e dos parques e refúgios, e colher
frutos e folhas nas vias e logradouros públicos, ficará sujeito à multa de 10$000, além
da reparação civil por via judicial, se o dano causado for superior à importância da
multa.
Art. 32 - Os proprietários de terras nos distritos do interior do Município são
obrigados a conservar destocada e limpa, em frente às suas propriedades, uma faixa
de terreno de cinco metros de largura, destinada ao trânsito público, sob pena de
multa de 30$000.
Art. 33 - Os proprietários de prédios e terrenos nos subúrbios da Vila Munici-
pal, Vila Americana, São Raimundo, Constantinópolis e Colônia Oliveira Machado e
da povoação de Airão, são obrigados a trazer em completo asseio as frentes das suas
propriedades, até o meio da rua, sob pena de multa de 30$000.
Art. 34 - É proibido estar deitado no chão ou nos bancos da via pública ou nos
jardins, parques e refúgios, ocupados com plantações, bem assim estar sentado em
coisas não destinadas a esse uso público, sob pena de multa de 5$000.
Art. 35 - É proibido na via pública:
I - Armar fogos de artifício, sem a necessária licença da Superintendência;
II - Fazer leilão, sem que se tenha obtido a necessária licença para ocupar o
terreno necessário ao mesmo;
III - Em absoluto: - estender roupas ou outros objetos a enxugar e arejar; lim-
par vasilhas; joeirar ou crivar gêneros; assoalhar peixes; matar ou pelar animais; fer-
rar, sangrar ou fazer algum curativo a qualquer animal, exceto em caso de urgên-
cia; partir lenha; cozinhar; torrar café; acender fogueiras; estender couros; sacudir
tapetes, esteiras ou coisas semelhantes; deitar ou arremessar qualquer coisa líquida
ou sólida que incomode ou suje; jogar bola ou semelhantes em lugar não destinado
pela Superintendência para esse fim; urinar ou defecar fora dos sumidouros públicos
destinados a cada um desses fins; danificar postes de iluminação, telefones ou outros
quaisquer de utilidade pública; e, finalmente, ocupar por qualquer modo a via públi-

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ca, sem licença. Ao infrator, multa de 5$000 a 20$000, conforma a maior ou menor
gravidade da infração.
Art. 36 - Será removido para o Depósito Público Municipal qualquer objeto
desamparado na via pública.
Parágrafo Único - No caso de aparecer dono, que justifique essa quali-
dade, ser-lhe-á entregue o objeto, pagando as despesas feitas e a multa
correspondente à infração, ou o prêmio do depósito na importância de
5$000, se não tiver havido infração. Caso não apareça dono, proceder-
se-á conforme o disposto no Código Civil.

CAPÍTULO IV - Pontes, cais e


rampas, litorais

Art. 37 - As pontes, cais e rampas estão sujeitas às disposições relativas ao as-


seio das vias públicas em geral.
Art. 38 - É proibido fazer despejo de qualquer natureza junto às pontes, cais
e rampas, assim como nas margens dos rios, lagos, igarapés e furos que banham os
povoados do interior do Município. Ao infrator multa de 30$000.
Art. 39 - Não é permitido amarrar embarcações de qualquer natureza nas tra-
vessas e esteios das pontes, sob pena de multa de 100$000.
Art. 40 - É também proibido cravar pregos, argolas ou estacas nos cais e ram-
pas para amarração de embarcações. Ao infrator multa de 50$000.
Art. 41 - Os objetos, volumes ou quaisquer artigos de indústria ou comércio,
descarregados nos cais e rampas de serventia pública, só poderão ser aí conservados,
e isto sem interrupção do trânsito público, o tempo preciso para que seja providen-
ciada a sua remoção. O infrator pagará a multa de 30$000.
Art. 42 - Em toda a faixa do litoral do Município, onde houver habitações,
não só na cidade, como nos povoados ou próximo deles, é proibido fazer escavações,
assim como extrair pedras, sobretudo as que amparam os barrancos e impedem as
erosões produzidas pelas águas pluviais. O infrator incorrerá na multa de 50$000,
ficando ainda obrigado a reparar à sua custa, no prazo que lhe for determinado, os
prejuízos causados, sob pena de nova multa no dobro da primeira.
Art. 43 - Os moradores das margens dos rios, lagos, igarapés e furos são obri-
gados a conservá-los limpos de paus, aningais, canaranas ou mururés em frente às
suas casas, até uma distância razoável, sob pena de multa de 30$000.

CAPÍTULO V - Terrenos

Art. 44 - Os donos de terrenos nesta cidade e subúrbios, assim como nos po-
voados do interior do Município, são obrigados a conservá-los limpos de matos e
imundícies, sob pena de multa de 100$000, se intimados a fazê-lo, pessoalmente, por

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 229
editais ou na pessoa de seus procuradores, não o fizer dentro do prazo de 20 dias da
intimação.
Art. 45 - Os terrenos, situados nas ruas da cidade já niveladas ou calçadas,
deverão ser murados, sob pena de multa de 5$000 por metro linear de frente a murar.
Parágrafo Único - Os muros dos terrenos, a que se refere o precedente
artigo, terão a altura de um metro quando encimados por gradil de ferro
entre pilares, ou serão em fora de fachada de prédio, com a metade pelo
menos, da altura exigida para o prédio.
Art. 46 - Os terrenos das ruas e bairros não compreendidos no artigo anterior
deverão ser cercados por achas de pau a pique ou arame farpado, se não forem mura-
dos, pagando o proprietário que não satisfizer essa exigência a multa de 300 réis por
metro linear de frente a cercar.

CAPÍTULO VI - Passeios

Art. 47 - Os donos de prédios situados nas ruas e praças da cidade, já nivela-


das e calçadas, são obrigados a fazer os passeios de suas casas e terrenos dentro do
prazo que lhes for marcado pela Superintendência, sob pena de multa de 50$000,
sendo-lhes dado novo prazo e novamente multados se findo este, ainda não tiveram
satisfeito as exigências municipais, e assim por diante até satisfazê-las.
Art. 48 - Nas ruas cuja largura for de dezesseis metros, os passeios deverão ter
1 metro e 50 centímetros, regulando, daí até 30 metros, um décimo da largura da rua.
Parágrafo Único - Os passeios das praças continuam com a mesma lar-
gura dos passeios das ruas que desembocam nos seus quatro ângulos,
respectivamente.
Art. 49 - A construção e reconstrução dos passeios são feitos à custa dos pro-
prietários dos prédios, exceto quando a deterioração se originar de causa outra que
não o tempo ou ato do dono, devendo então ser responsabilizado pela reparação
quem tiver ocasionando o dano.
Parágrafo Único - As licenças para construção e reconstrução de pas-
seios são isentas de pagamento de quaisquer taxas municipais.
Art. 50 - Não se poderá construir, alterar ou suprir um passeio sem autoriza-
ção da Superintendência, sob pena de multa de 50$000.
Parágrafo Único - Cada autorização neste sentido será válida por três
meses.
Art. 51 - A construção ou reconstrução do passeio só poderá começar, depois
que a seção técnica der o nivelamento e o alinhamento do mesmo, sob pena de multa
de 50$000.
Art. 52 - Os materiais empregados serão sucessivamente examinados por um
engenheiro da seção técnica, que os rejeitará se forem de má qualidade.
Art. 53 - Os passeios serão feitos de paralelepípedos ou de pequenos lajedos de

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cantaria, segundo as dimensões determinadas pela seção técnica, mosaico de concre-
to e cimento, ou asfalto comprimido, e guarnecidos por uma bordadura de cantaria,
de 10 a 20 centímetros de largura e comprimento nunca inferior a 30 centímetros,
conforme com a dos passeios já existentes na mesma rua.
Art. 54 - Os passeios serão assentes sobre um leito de argamassa de 5 centí-
metros de espessura, estendido numa camada de areia comprida, com a espessura de
10 centímetros, devendo as juntas ser cuidadosamente tomadas a cimento, sem que
deixem interstícios.
Art. 55 - A argamassa empregada nos passeios terá a dosagem de um para três.
Art. 57 - O passeio será chanfrado nas esquinas, conforme for determinado
para os prédios.
Art. 58 - O plano transversal dos passeios, não incluída a bordadura, elevar-
se-á da mesma bordadura para as casas, de 1 ½ a 5 centímetros.
Art. 59 - É proibido colocar marcos e postes nos passeios, sob pena de multa
de 20$000, sendo a sua retirada à custa do infrator.
Art. 60 - É proibida a ocupação dos passeios por mesas, cadeiras e tabuletas de
anúncios, sem licença prévia da Superintendência, sob pena de multa de 15$000 por
metro quadrado ocupado.
Art. 61 - É proibida a ocupação, embora provisória, de passeios para encaixo-
tamento e estadia de gêneros de exportação, sem licença prévia da Superintendência,
sob pena de multa de 100$000.
Parágrafo Único - Essa licença, que será dada mediante o pagamento do
que a lei orçamentária taxar, proporcional ao número de dias precisos
pelo exportador para o embarque da mercadoria, não importa em pri-
var o trânsito público pelo passeio, devendo ser deixado para esse fim o
espaço suficiente, sob pena de multa de 50$000 ao infrator.
Art. 62 - Os fiscais de cada distrito deverão remeter mensalmente ao fiscal
geral, a fim de que este a faça chegar ao conhecimento da Superintendência, uma lita
dos prédios cujos passeios ainda não estiverem feitos ou se achem deteriorados e que
necessitem, por isso, de urgentes reparos para segurança dos transeuntes e estética
geral da cidade.
Art. 63 - Os moradores da cidade e povoados são obrigados a conservar limpos
os passeios das casas onde residem.
Art. 64 - É proibido transitar com volumes ou carros, ou em velocípedes e
bicicletas, pelos passeios das vias públicas, inclusive das pontes, sob pena de multa
de 10$000.
Art. 65 - Todo o toldo ou marquesinha, armado às portas das casas de negócio,
mediante licença prévia da Superintendência, deverá obedecer as condições seguin-
tes:
a) altura mínima, desde o pavimento do passeio à margem inferior da
sanefa, 2 metros e 50 centímetros;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 231
b) saliência nunca excedente a 2 metros;
c) as marquesinhas serão fixas e permanentes; os toldos, porém, so-
mente se conservarão armados quando houver chuva ou sol na frente
do prédio.
Parágrafo Único - A infração deste artigo dará lugar a multa de 100$000
e a intimação para, num prazo determinado, satisfazer as exigências
municipais sob pena de nova multa e de ser feita a modificação à custa
do infrator.
Art. 66 - Qualquer andaime para obras ou concertos não deverá exceder à lar-
gura do passeio, sendo fechado por tapume de madeira, solidamente construído até
a altura mínima de 3 metros e 50 centímetros e iluminado à noite por uma ou mais
lanternas, conforme a necessidade. Ao infrator multa de 50$000.
Art. 67 - O tapume ou andaime permitido para o efeito de construção ou qual-
quer outro será retirado vinte e quatro horas depois de concluída a obra ou quando
esta ficar parada por mais de quatro meses, ficando o dono obrigado a reparar o local,
deixando-o nas condições encontradas, sob pena de multa de 50$000 com intimação
para fazê-lo num prazo determinado. Se ainda o não fizer nesse prazo, sofrerá nova
multa e a exigência da lei será satisfeita à sua custa.
Art. 68 - Em qualquer obra que não for edificação ou reedificação, como la-
vagem, caiação ou pintura, o passeio será defendido por balizas de madeira, com o
dístico bem visível, de cada lado: - Em obras.

CAPÍTULO VII - Frontarias

Art. 69 - Todos os proprietários de prédios e terrenos murados são obrigados


a trazer em estado de perfeita conservação as frontarias dos mesmos, lavando-os,
caiando-os ou pintando-os de três em três anos, pelo menos, sob pena de multa de
100$000.
Parágrafo 1.º - Dentro do perímetro urbano, é proibido caiar ou pintar
de branco, devendo as licenças consignar esta proibição. Ao infrator,
multa de 100$000.
Parágrafo 2.º - As licenças para caiação ou pintura das frontarias dos
prédios, desde que eles não alterem a feição primitiva, são isentas de
quaisquer taxas de municipais.
Art. 70 - Ficam expressamente proibidas nas frontarias dos prédios confinan-
tes com a via pública, sob pena de multa de 30$000:
1º - Canos, regos e quaisquer escoadouros descobertos para esgoto de águas
pluviais ou de outro qualquer líquido;
2º - Argolas pregadas nas paredes, pilastras ou ombreiras, sem licença especial
da Superintendência;
3º - Pintura ou caiação de cantaria, mármore, azulejo e estuque.

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4º - Resguardos ou divisões, nas sacadas, excedentes da saliência das grades
das janelas, ou das ombreiras destas, salvo defesa de tela milimétrica conta os mos-
quitos e mediante licença da Superintendência;
5º - Janelas ou portas que abram para fora, balcões salientes das ombreiras e al-
pendres ou coisas semelhantes nos pavimentos térreos, em altura inferior a 3 metros
e 20 centímetros do nível da soleira.
Art. 71 - É proibido riscar ou sujar as paredes e muros, ou nelas escrever ou
desenhar seja o que for, sob pena de multa de 20$000.
Parágrafo Único - Se a escrita ou desenho for obsceno, a multa será
elevada a 100$000.
Art. 72 - Nenhum prédio se edificará no alinhamento da via pública sem que
tenha platibanda, - excetuadas as construções arquitetônicas especiais, que se fizerem
10 metros da parte de dentro do referido alinhamento e deixando 1 metro e 50 centí-
metros de terreno livre de cada lado pelo menos, na área compreendida entre as ruas
da Cadeia, Luiz Antony, Ramos Ferreira, Avenida Joaquim Nabuco e o litoral.
Art. 73 - Na fachada dos edifícios, a largura das portas nunca será inferior a 1
metro e 20 centímetros e a altura a 3 metros da soleira.
Parágrafo Único - As janelas obedecerão às mesmas dimensões das por-
tas, sendo, porém, menores de 1 metro de altura dos peitoris ou para-
peitos, quando fechados estes por paredes de alvenaria. Quando, porém,
se tratar de janelas com gradil de ferro ou balaustradas, terão a largura
mínima de 1 metro e 10 centímetros, podendo esta, em todo o caso, va-
riar, com prévia aprovação da Superintendência, se assim exigir o estilo
adotado para a fachada do prédio.
Art. 74 - É proibido construir meias-águas na linha da rua, seja qual for o tipo
que se pretenda dar a frente ou fachada de tal gênero de construção.
Art. 75 - Igualmente na linha das ruas, ou dentro dela, não se construirão
barracões ou telheiros para depósitos de materiais destinados a obras de construção,
salvo licença prévia da Superintendência. O infrator incorrerá na multa de 50$000.
Art. 76 - Os prédios construídos em todo o litoral da cidade, de fundo para o
rio, deverão ter duas fachadas, uma – para o lado deste e outa – para o da rua.

CAPÍTULO VIII - Condições gerais para edificação

Art. 77 - Em terrenos alagadiços ou úmidos não poderá ser construído prédio


algum, sem que se façam primeiro as obras necessárias ao respectivo enxugo e ao
desvio das águas pluviais, a juízo do engenheiro e do médico do Munícipio, de modo
que o prédio fique preservado de toda umidade. – Esta disposição é extensiva às re-
construções.
Art. 78 - Em termos onde tenham sido feitos depósitos ou despejos de ma-
térias imundas ou de águas servidas, provenientes de usos domésticos, não poderá

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 233
igualmente ser construído prédio algum, sem que primeiramente se proceda neles a
uma limpeza e beneficiamento completos, ouvidos a tempo o engenheiro e o médico
municipais.
Art. 79 - Em terrenos próximos de cemitérios não poderá ser construído pré-
dio algum, sem audiência prévia dos mesmos funcionários.
Art. 80 - As construções, reconstruções, acréscimos, consertos ou quaisquer
alterações de prédios, ficam dependentes da licença da Superintendência, que ouvirá
previamente as seções técnicas.
Parágrafo Único - Serão grátis as licenças para os pequenos consertos,
pinturas, caiações e reparos interiores e exteriores nos prédios, desde
que visem unicamente o asseio e conservação dos mesmos e não lhes
importem acréscimo ou modificação alguma.
Art. 81 - Tratando-se de obra nova, o proprietário ou construtor declarará a es-
pécie de construção pretendida, a rua, número e local da obra, e instruirá sua petição
com os seguintes documentos:
a) planta geral do terreno, na escala de 1/100 ou de 1/200 na qual esteja
indicada a posição exata do edifício por construir e dos respectivos con-
finantes;
b) plano completo da obra, inclusive largura dos alicerces compreen-
dendo a planta horizontal do porão e de cada um dos pavimentos res-
pectivos, na escala de 1/100;
c) elevação geométrica da fachada principal, na escala de 1/50 e quan-
do o prédio for de sobrado ou ficar isolado das demais fachadas na esca-
la de 1/100;
d) seções longitudinal e transversal de todo o edifício, inclusive a altura
dos alicerces, na escala de 1/50, ambas representadas por letras nas res-
pectivas plantas horizontais;
e) detalhes de uma parte do entablamento e respectivo perfil na escala
de 1/25, para melhor compreensão da obra, assim como designação do
seu estilo arquitetônico;
f) tratando-se, porém, de construção ou reconstrução de ferro ou ci-
mento armado, exigir-se-ão mais os detalhes das armações na escala de
1/25;
g) além das escalas serão cotados todos os desenhos;
h) serão recusados os desenhos em que houver emendas importantes ou
explicações por escrito que os modifiquem e os que não obedecerem às
convenções topográficas e de construções universalmente aceitas.
Parágrafo 1º - Tratando-se de reconstrução, modificação de fachadas ou
divisões internas dos prédios, exigir-se-ão as elevações geométricas das
fachadas existentes, e os projetos, na escala, de 1/50.
Parágrafo 2º - Os acréscimos serão representados por plantas e seções,

234 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
que mostrem sua posição relativamente à edificação existente.
Parágrafo 3º - Nas modificações de divisões internas, serão apresentadas
não só a planta da parte que tem de ser alterada, como também a dos
cômodos contíguos que podem ser prejudicados em suas condições hi-
giênicas, caso em que a licença deve ser negada.
Parágrafo 4º - Todas essas plantas serão assinadas por engenheiro ou
arquiteto competente e pelo proprietário e apresentadas em duplicata:
- Uma (original) cujos desenhos serão executados em papel cartão, no
mínimo de 0,50 de altura por 0,50 de comprimento, e no máximo de
0,50 por 1 metro, será entregue à parte; a outra (cópia) que deverá ser
em papel-tela ficará arquivada na seção técnica, depois da respectiva
aprovação da Superintendência.
Parágrafo 5º - Os desenhos e as competentes licenças deverão achar-se
sempre nas obras, para os exames que tenham de ser feitos pelos enge-
nheiros e fiscais do Município.
Parágrafo 6º - São proibidas quaisquer alterações das plantas e dos pla-
nos aprovados, salvo licença especial da Superintendência, para o que
serão ouvidos o engenheiro e o médico municipais; as alterações serão
grafadas em carmim.
Parágrafo 7º - A responsabilidade da execução das obras cabe ao cons-
trutor e ao proprietário, e a da exequibilidade do projeto e de suas con-
dições arquitetônicas ao engenheiro.
Parágrafo 8º - Os engenheiros e os arquitetos, que tenham de apresentar
projetos de obras ou dirigir construções em Manaus, são obrigados a
exibir títulos de habilitação, que serão registrados na seção técnica, pa-
gando o interessado os respectivos emolumentos.
Parágrafo 9º - Os construtores e mestres de obra, que não tenham tí-
tulos de habilitação, poderão solicitar à Superintendência que os man-
de submeter a exame perante uma comissão de profissionais presidida
pelo engenheiro municipal. Os títulos assim obtidos, depois de pagos
os emolumentos da lei, serão registrados na competente seção técnica.
Parágrafo 10º - Só poderão assinar plantas, projetos, etc., e dirigir cons-
truções, os engenheiros e os arquitetos diplomados, que igualmente ti-
verem os seus títulos registrados na competente seção técnica.
Parágrafo 11 - Em caso de pequenas construções poderão mestres de
obra substituir os engenheiros e os arquitetos, ficando isso ao critério da
seção técnica da Municipalidade.
Parágrafo 12 - Em toda construção serão de nacionalidade brasileira
dois terços dos operários empregados.
Parágrafo 13 - Os pequenos consertos, como sejam caiação e pinturas,
podem ser executados por qualquer operário, nacional ou estrangeiro,

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 235
independente de carta de habilitação.
Art. 82 - Toda edificação será feita sobre porão, cuja altura mínima será de 1
metro.
Parágrafo 1º - Os porões poderão ser divididos em compartimentos
quando tiverem 3 metros e 20 centímetros no mínimo de altura; em
caso nenhum servirão para quartos de dormir.
Parágrafo 2º - Os porões não poderão ter saída para a via pública, salvo
quando servirem de escritório, depósito de automóveis ou depósito de
mercadoria.
Parágrafo 3º - As casas comerciais só poderão ter galerias internas de 7
metros, no mínimo, de pé direito.
Parágrafo 4º - Os prédios destinados a estabelecimentos comerciais fi-
cam dispensados da altura exigida para os porões, devendo, porém, o
pavimento térreo ter o pé direito de 6 metros.
Parágrafo 5º - Os porões serão revestidos de uma camada de concreto,
de 20 centímetros de espessura, a qual repousará sobre outra camada de
areia, cascalho ou moinha de carvão de pedra.
Art. 83 - A autorização para reedificação e consertos de qualquer natureza não
será concedida senão com a condição de:
a) ser o prédio metido no alinhamento, se estiver fora dele;
b) ser imediatamente suprimida toda e qualquer saliência existente so-
bre a rua, produzida por sacada, grades, soleira, sapata, degrau ou esca-
da;
c) estar o prédio ou muro em perfeita segurança;
d) satisfazer a reconstrução ou conserto as exigências deste Código.
Art. 84 - É facultativo o estilo arquitetural dos prédios urbanos uma vez que,
observadas as regras de arte, as proporções das diversas partes componentes do todo
obedeçam rigorosamente às exigências do estilo adotado e aos preceitos da estética.
Parágrafo Único - O pé direito mínimo dos prédios de sobrado será de
cinco metros no primeiro pavimento e de 4 metros e 50 centímetros no
segundo, quando for de dois pavimentos; sendo, porém, de mais de dois
pavimentos será de 6 metros, no primeiro pavimento, de 5 metros no
segundo e de 4 metros e 50 centímetros nos demais, sendo observadas
essas medidas sempre das linhas do nível dos soalhos às do forro em
cada pavimento.
Art. 85 - As paredes dos prédios devem sempre assentar em terrenos sólidos
ou bem consolidados.
Parágrafo 1º - Nenhuma parede externa ou principal dos edifícios po-
derá ser de estuque ou madeira; quanto à sua solidez, ficará a juízo da
seção técnica da Municipalidade.
Parágrafo 2º - As divisões entre os prédios, ainda que estes pertençam

236 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
ao mesmo proprietário, deverão elevar-se até altura da cumeeira, salvo
casos especiais.
Art. 86 - As Vilas Operárias serão construídas em casas isoladas ou grupos de
casas e terão todos os compartimentos abertos para o exterior. As casas em grupos
deverão receber ar e luz pelo menos por duas faces. Cada casa constituirá uma mora-
dia separada e independente, e terá cozinha, sentina, banheiro, água, esgoto e quintal
privativos. As casas serão de um só pavimento sobre porão de 1 metro pelo menos.
As ruas das Vilas Operárias terão uma largura mínima de seis metros e serão calçadas
e iluminadas, sendo separadas dos logradouros públicos por muro com gradil.
Art. 87 - A altura das soleiras dos prédios será, no máximo, de 20 centímetros
acima dos passeios.
Art. 88 - As habitações coletivas, como hotéis, casas de cômodo, pensões, co-
légios e outras, deverão receber ar e luz diretamente em todos os seus cômodos de
dormir e ter pelo menos uma sentina, um mictório e um banheiro para cada grupo
de dez pessoas.
Parágrafo 1º - A área mínima de cada cômodo ou divisão deve ser de 14
metros quadrados, salvo os seguintes:
a) Copa, banheiro e dispensa: 4 meros quadrados;
b) Sentina: 3 metros quadrados.
Parágrafo 2º - O banheiro e as sentinas deverão ter pelo menos 3 metros
de pé direito, sendo que a sua largura não poderá ser inferior a 1 metro
e 50 centímetros.
Art. 89 - Uma das fachadas laterais dos prédios deve ficar separada das casas
vizinhas por uma distância de 2 metros, no mínimo, quando porém, se tratar de
reconstrução e o terreno não permitir, será resolvido pela Superintendência, como
parecer melhor, ouvidos o engenheiro e o médico municipais.
Parágrafo Único - Os prédios destinados a estabelecimentos industriais
ficam isentos desta condição, devendo, entretanto, receber ar e luz direta
por duas faces e por pátios ou claraboias, quando o comprimento exce-
der de quatro vezes a sua largura.
Art. 90 - Nos bairros e ruas ainda não edificados, a distância de que trata o
artigo antecedente será, no mínimo, de um terço da altura total do prédio.
Art. 91 - A largura dos corredores nunca será inferior a 1 metro e 50 centíme-
tros.
Parágrafo Único - Quando o comprimento do corredor atingir ou exce-
der a 10 metros, deverá receber luz e ar diretamente pelos extremos ou
lateralmente.
Art. 92 - O soalho deve ser feito com o tipo de <<macho e fêmea>>, de modo
que as tábuas não deixem interstício, quer se trate de construção, quer de reconstru-
ção de prédios.
Parágrafo Único - As cozinhas terão o solo e as paredes revestidas de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 237
mosaico, as últimas até 1 metro e 50 centímetros de altura.
Art. 93 - As áreas dos quintais ou jardins, quando com a frente para a rua ou
praça, serão separadas por muros de alvenaria.
Art. 94 - Fica proibida da zona urbana e suburbana a edificação de casas co-
bertas de zinco ou de palha, não se permitindo nem a renovação nem o conserto das
atuais.
Art. 95 - Toda casa construída só poderá ser habitada depois de decorrido o
prazo de dez dias da respectiva pintura e da vistoria das seções técnicas.
Art. 96 - Os edifícios ou construções, destinados a diversões públicas, poderão
funcionar unicamente depois de competentemente vistoriados pela seção técnica.
Parágrafo Único - Os transgressores pagarão 100$ de multa.
Art. 97 - Fica proibida a construção de barracas e Quiosques, nas ruas, aveni-
das e praças da cidade.
Parágrafo Único - O Superintendente poderá conceder licença, até 30
dias para a construção e abertura de barracas provisórias, destinadas a
tombolas de caridade, sortes, quermesses, diversões, etc., durante festas
públicas e solenidades religiosas, uma vez que tais construções obede-
çam a determinado tipo, que será estabelecido pela Municipalidade.
Art. 98 - Os donos de cortiços ou quartos já existentes, são obrigados a calçar
a área dos mesmos e a conservar, durante toda a noite, uma ou mais lâmpadas acesas
na referida área, sob pena de multa de 100$000.
Art. 99 - É expressamente proibido, dentro da zona urbana de Manaus, cons-
truir casebres e quartos vulgarmente denominados Cortiços, bem como consertar e
reparar os atuais.
Parágrafo Único - Considera-se Cortiços, uma série de quartos com
a frente para um pátio ou corredor comum, pelo qual se comunicam
com a via pública, sem o conforto e as exigências da boa higiene, e que
servem de residência a muitos indivíduos, sem disporem de cozinha,
banheiro e sentinas em número correspondente a cada quarto habitado.
Art. 100 - Havendo conveniência de ordem superior, principalmente tornan-
do-se preciso atender à higiene e salubridade públicas, a Superintendência determi-
nará a demolição dessas construções, observados os preceitos legais competentes.
Art. 101 - As obras embargadas que, por qualquer circunstância, forem altera-
das em suas plantas aprovadas, não poderão ser executadas nem prosseguidas, sem
que os seus proprietários ou construtores paguem novas licenças, apresentando para
isso novas plantas com as alterações por fazer e que deverão estar plenamente de
acordo com estas posturas. Ao infrator multa de 100$000.
Art. 102 - Embargada qualquer construção, por efeito de infração de Posturas
Municipais, o Superintendente mandará intimar o proprietário ou construtor a dar
começo à demolição respectiva ou ao necessário reparo, dentro do prazo improrro-
gável de 96 horas, contadas da do embargo, ou cumprir previamente o estatuído no
artigo antecedente.

238 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Parágrafo Único - Desrespeitada a ordem de embargo, esgotadas as pro-
videncias estabelecidas neste artigo, a Superintendência poderá promo-
ver, em qualquer caso, além da imposição das multas, a ação que no caso
couber.
Art. 103 - O fiscal de cada distrito apresentará mensalmente, à Superinten-
dência uma lista dos prédios, muros e cercados da cidade que ameacem a segurança
dos moradores ou transeuntes ou ainda prejudiquem a salubridade pública, a fim de
proceder-se na forma determinada neste Código.
Art. 104 - Nenhuma licença para construção, reconstrução, conserto, pintura
ou caiação, será concedida sem que tenham sido pagos pelo requerente o imposto
predial e a taxa sanitária do último semestre vencido, e pelo construtor ou diretor
da obra o alvará de licença para o exercício de sua profissão relativo ao ano corrente.
Art. 105 - As licenças especificadas no artigo anterior só serão válidas por um
ano contado da data da sua expedição.
Art. 106 - Ficam proibidas as construções de barracões e telheiros, bem como
as instalações de serrarias, serralheiros e açougues, em terrenos baldios na Avenida
Eduardo Ribeiro, desta cidade.
Art. 107 - Todos os prédios existentes nos bairros, que não gozem dos favores
dos Poderes Públicos, como sejam abastecimento de água, limpeza e iluminação, fi-
cam isentos do imposto predial e da taxa sanitária.
Art. 108 - As infrações do presente capítulo sujeitam os infratores à multa de
100$000.

CAPÍTULO IX - Condições de salubridade


dos terrenos e edificações

Art. 109 - Todo proprietário de terreno alagado ou pantanoso é obrigado a


beneficiá-lo, de modo que o torne enxuto e salubre. Aos contraventores se aplicará a
multa de 100$000.
Art. 110 - As águas pluviais das puxadas das casas, bem assim as águas servi-
das, não deverão ter saída pelos terrenos das casas vizinhas, sob pena de multa de
50$000, cabendo ao proprietário a obrigação de desviá-las para local previamente
indicado, no prazo que lhe for marcado pela Superintendência.
Art. 111 - Os proprietários de prédios são obrigados a dar saída para a rua às
águas pluviais de seus quintais, bem como às servidas, estas em tubos de grés, aquelas
por meio de calhas e condutores, e ambas até o esgoto mais próximo, sob pena de
multa de 20$000.
Parágrafo 1º - As águas pluviais deverão ser esgotadas por baixo dos
passeios, em sarjetas feitas de pedra e cimento ou em tubos de grés, que
vão dar a sarjeta da rua.
Parágrafo 2º - Os requerimentos para construção de condutores de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 239
águas pluviais ou de esgoto deverão ser acompanhados da planta dos
serviços, que tenham de ser feitos.
Art. 112 - As bocas dos condutores de águas pluviais ou servidas serão dotadas
de sifão e grelha móvel, sob pena de multa de 20$000.
Art. 113 - É proibido deitar nos canos quaisquer líquidos nocivos à salubrida-
de pública ou à conservação do esgoto, salvo beneficiamento prévio e com a aprova-
ção das seções técnicas, sob pena de multa de 100$000.
Art. 114 - Todas as aberturas de evacuação de matérias servidas terão uma
eclosão hidráulica permanente.
Art. 115 - Todas as canalizações deverão ser estanques, possuir a devida es-
pessura e resistência, tendo a superfície externa lisa e não atacável pelos líquidos
imundos.
Art. 116 - Os ramais deverão ser retilíneos, quer em plano, quer em perfil e,
quando isso não for possível serão construídas câmaras ou orifícios de inspeção e
limpeza em cada um dos pontos de inflexão.
Art. 117 - O declive dos ramais deverá permitir as águas servidas a velocidade
normal de um metro por segundo.
Art. 118 - Serão terminantemente proibidos tubos com soldas em sentido ver-
tical ou com <<Costuras>>
Art. 119 - Passando o ramal do prédio por baixo da habitação e sendo consti-
tuído por manilhas, será envolvido numa forte camada de concreto.
Art. 120 - Os ramais que atravessarem as paredes não deverão ficar em contato
com estas, mas com a folga de oito a dez centímetros entre o tubo e o intradorso de
uma pequena abóbada.
Art. 121 - É proibido o uso do mesmo tubo de descida para a serventia de duas
ou mais casas diferentes.
Art. 122 - Nos esgotos de prédios de vários andares, os tubos secundários de
conjugação com o tubo de descida formarão um ângulo nunca inferior a 45 graus.
Art. 123 - Nos aparelhos sanitários e nos sifões não se permitem ângulos e
recantos onde possam acumular-se depósitos.
Art. 124 - As latrinas deverão ter uma face exterior pelo menos e ser bem ilu-
minadas e ventiladas por meio de uma ou mais janelas de dimensões proporcionais
à sua área.
Art. 125 - As latrinas, quando internas, terão a área mínima de 3 metros qua-
drados e o pé direito nunca inferior a 3 metros.
Art. 126 - O piso das latrinas e as paredes até a altura mínima de um metro e
meio deverão ser impermeabilizados e lisos.
Art. 127 - Os receptáculos das latrinas serão do tipo <<Simplicitas>>, ou con-
gênere. Ficam proibidos os de fundo móvel e os tipos de <<chasse-brisée>>
Art. 128 - São proibidas as caixas de madeira que ocultem as bacias do W.C.
Art. 129 - Existirá para ventilação das latrinas um tubo de ferro galvanizado,

240 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
com 5 centímetros de diâmetro, ligado a chaminé de ventilação.
Art. 130 - Nesses casos, a abertura dos tubos de ventilação ficará em lugar e
altura tais que os gases não possam penetrar nas habitações.
Art. 131 - Os tubos de descida das latrinas serão metálicos e terão nunca me-
nos de 10 centímetros de diâmetro.
Art. 132 - As caixas das descargas das latrinas não deverão comunicar com re-
servatórios de água potável e serão colocadas em altura nunca inferior a 1 metro e 80
centímetros de bordo livre e do receptáculo do W.C., e providos de tubos de descarga
de diâmetro nunca inferior a 35 milímetros. Elas serão cobertas de modo que evitem
a entrada de mosquitos.
Parágrafo Único - As caixas terão a capacidade mínima de 15 litros e
poderão ser de descarga provocada ou automática.
Art. 133 - A latrina de uso comum não poderá ter comunicação direta com os
aposentos de morada ou com os compartimentos destinados à fabricação, ao preparo
ou ao depósito de substâncias alimentícias. Excetuam-se os cômodos destinados a
toucadores.
Art. 134 - Nos subúrbios, ou onde não houver encanamento de esgoto nem
outro sistema adotado de remoção de imundícies, serão os despejos recolhidos em
fossas ficas, que somente se permitirão na falta de outros recursos.
Art. 135 - As fossas fixas devem obedecer as seguintes condições:
Parágrafo 1º - Ser construídas sempre fora dos prédios, em algum pátio
ou quintal, mas em local onde não possam prejudicar qualquer fonte,
depósito de água potável ou corrente de água destinada ao consumo.
Parágrafo 2º - Ter os seus muros próprios e independentes das paredes
que servirem de alicerces aos edifícios de habitação, ou separados delas
por intervalos nunca inferiores a 1 metro e 50 centímetros.
Parágrafo 3º - Ser sempre colocadas de modo que não possam prejudi-
car os vizinhos, nem causar dano à saúde pública.
Parágrafo 4º - Ter paredes de alvenaria e argamassa de cimento, sobre
fundações firmes, assentes em terreno sólido, perfuradas do meio da
altura para baixo; devendo ser a parte inferior de forma côncava sem
argamassa, a fim de facilitar as filtrações;`
Parágrafo 5º - Ser sempre munidas de um respiradouro ou tubo de ven-
tilação, com diâmetro não inferior a 10 centímetros, que se eleve até
a parte superior do prédio, terminando no cimo por um aparelho de
ventilação apropriado.
Art. 136 - Os mictórios deverão ser colocados em sítio conveniente, em núme-
ro suficiente para a serventia a que se destinam.
Art. 137 - Serão adotados os de louça grossa, de fundo chato e guarnições de
ardósia e deverão ser colocados aos fundos e aos lados dos prédios. O vaso deverá ser
pouco saliente, apresentando a menor superfície possível de contaminação, e lavado

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 241
perenemente por abundante corrente de água, de modo que evite o mau cheiro.
Parágrafo 1º - Os canos de água destinados à lavagem serão ocultos na
ardósia. Na base do mictório deverá ser colocado um ralo que receba e
conduza as águas e urinas ao cano geral de esgoto. O chão dos mictórios
deverá ter a inclinação necessária, na direção do ralo, de maneira que
fique impedido o escoamento de águas e urinas para a rua.
Parágrafo 2º - Uma caixa de água, de lavagem automática, será colocada
de modo conveniente, afim de que fortes descargas corram intermiten-
temente para a limpeza dos mictórios.
Parágrafo 3º - Enquanto não houver rede completa de esgotos na cidade,
os mictórios serão estabelecidos em pontos onde atualmente passam os
canos provisórios empregados em tal serviço.
Art. 138 - Os mictórios públicos deverão ter aspecto elegante. Serão construí-
dos com material impermeável e resistente à ação dos resíduos.
Art. 139 - Deverão ser abundantemente abastecidos de água e neles deverá ser
mantido o mais rigoroso asseio.
Art. 140 - Os mictórios deverão ser lavados e desinfetados diariamente.
Art. 141 - De três em três meses serão os seus compartimentos internos e ex-
ternos pintados de piche, até a altura de um metro.
Art. 142 - Logo que sejam instaladas sentinas públicas, serão a respeito delas
observados os mesmos preceitos de asseio, higiene, localização e aparência, contidos
nos artigos precedentes.
Art. 143 - É proibido, sob pena de 50$000 de multa, embaraçar os escoamentos
das águas pluviais dos terrenos ou prédios, e tapar os esgotos públicos e particulares,
bem como edificar sobre eles, destruindo-os.

CAPÍTULO X - Polícia e segurança

Art. 144 - Ficam proibidos, sob pena de multa de 50$000:


a) o uso de máscaras, disfarces e fantasia fora dos dias de Carnaval; e
nesses dias, além de 19 horas;
b) andar mascarado com trajes indecorosos ou ofensivos a corporação
e autoridades da União, do Estado ou do Município;
c) o entrudo com sifões, bisnagas, polvilhos e toda e qualquer matéria
nociva à saúde;
d) os batuques, sambas e os divertimentos que perturbem o sossego
público;
Art. 145 - As divisões acessíveis ao público como espetáculos, bailes, cafés-
concertos, corridas e outras, não se poderão realizar sem prévia licença passada na
Secretaria da Superintendência, mediante autorização do Superintendente.
Parágrafo Único - O infrator incorrerá na multa de 50$000, além da

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importância da licença.
Art. 146. - É expressamente proibido, sob pena de multa de 50$000:
I - Vender ou distribuir manuscritos ou impressos ofensivos à moral pública;
II - Proferir ou escrever em lugar público palavras obscenas, ou traçar figuras
imorais pelas paredes, portas, muros, veículos, etc.
III - Chegar às janelas ou andar pelas ruas e lugares públicos, em trajes inde-
centes e estado de nudez;
IV - Tomar banhos nas fontes, bicas e chafarizes de serventia pública;
V - Vender bilhetes de loteria dentro das salas de refeições dos hotéis e restau-
rantes e no interior das repartições públicas municipais.
Art. 147 - A ninguém é permitido apitar ou dar sinais de uso das patrulhas,
salvo caso especialíssimo em que precise de seu auxílio. Ao infrator será aplicada a
multa de 20$000.
Art. 148 - Não será permitido esmolar para igrejas e santos, nem implorar à
caridade pública pelas ruas da cidade. Aos infratores da primeira parte será aplicada
a multa de 20$000, e os da segunda serão recolhidos ao Asilo de Mendicidade.
Art. 149 - É proibido o ajuntamento de menores e de fâmulos nas lojas, ta-
bernas, açougues, mercados e vias públicas, sob pena de multa de 10$000, sendo
igualmente multados os proprietários dos estabelecimentos em que forem eles en-
contrados em ajuntamentos.
Art. 150 - É absolutamente proibido, sob pena de multa de 50$000:
a) passar bilhetes de espetáculos remunerados pelas vias públicas da
cidade e repartições públicas municipais;
b) fazer rifas sobre qualquer pretexto.

CAPÍTULO XI - Patrimônio municipal e bens públicos

Art. 151 - É proibido, a quem quer que seja, fazer roçados em terrenos bal-
dios dentro do Patrimônio Municipal, sem que os tenham obtido por aforamento.
O infrator pagará 10$000 de multa e perderá o serviço que houver feito no terreno
indevidamente ocupado.
Art. 152 - É igualmente proibido, sem licença da Municipalidade, cortar ár-
vores frutíferas e madeiras de lei ou de construção, na área patrimonial, excetuadas
as posses aforadas ou isentas de foro, que estiverem encravadas na mesma área. Ao
infrator, multa de 10$000 a 100$000 e apreensão das madeiras cortadas.
Art. 153 - O Mercado, o Matadouro e mas estabelecimentos destinados a uso
especial do público, mantidos pelo Município, serão regidos pelos regulamentos res-
pectivos, respeitadas as disposições deste Código.
Art. 154 - São proibidos dentro do Município quaisquer cortes ou derruba-
das de eucaliptos, castanheiras, seringueiras, guaranás, baunilhas, cacauzeiros, açai-
zeiros, bacabeiras, sorveiras, dendezeiros e palhares, salvo quando for estritamente

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 243
indispensável fazê-lo para abertura de estradas ou edificações do terreno por eles
ocupado. Ao infrator multa de 50$000, relativamente a cada pé.
Art. 155 - Os espécimes destinados à arborização das ruas e praças da cidade
devem ser escolhidos entre os que, apresentando folhagem mais exuberante e ofe-
recendo maior persistência, tenham raízes verticais, e não possam por essa razão
danificar com o seu desenvolvimento os passeios e o calçamento.
Art. 156 - É expressamente proibido aterrar com lixo retirado das habitações,
não só as ruas e as praças, bem como os terrenos do perímetro urbano. Ao infrator,
multa de 100$000.

CAPÍTULO XII - Comércio e indústria

Art. 157 - Todos os estabelecimentos ou casas comerciais ou industriais e res-


pectivas agências e agentes avulsos são obrigados a tirar anualmente alvará de licença
para o seu ramo de comércio ou indústria para efeitos da fiscalização e ação muni-
cipal.
Parágrafo Único - Nessa disposição também estão incluídos os clubes,
gabinetes, depósitos, escritórios, hotéis, restaurantes, pensões, casa de
comércio, sublocadores de prédios ou locadores de quartos, vacarias e
outros congêneres que a lei orçamentária especificar.
Art. 158 - Todo comerciante é obrigado a ter pesos e medidas exigidas pelo
seu ramo de negócio, tendo tantas balanças quantas sejam os termos de pesos a que
estejam obrigados.
Parágrafo 1º - Os que só venderem por grosso não precisam ter pesos
nem medidas inferiores a 10 quilogramas e10 litros para secos e molha-
dos.
Parágrafo 2º - Os que só venderem a retalho não precisam ter pesos nem
medidas superiores às designadas no parágrafo antecedente.
Art. 159 - Todo o vendedor é obrigado a ter aferidos, no prazo legal, os instru-
mentos de pesar e medir de que fizer uso, sem exceção alguma. Ao infrator, multa de
20% sobre o imposto a pagar.
Art. 160 - É proibido sob pena de multa de 100$000:
a) usar pesos e medidas viciadas, que tragam alteração à pesagem ou
medição dos gêneros;
b) medir líquidos oleosos em vasilhames destinados a medir outros lí-
quidos e vice-versa;
c) medir líquidos acidulados em vasilhames de ferro, cobre, estanho,
zinco ou barro vidrado.
Parágrafo Único - Considera-se infringindo o disposto nas letras b e c
do presente artigo quando, expostos a venda líquidos dessa natureza, se
não encontrarem medidas particularmente destinadas a cada um deles.

244 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Art. 161 - No caso de dúvida ou simples desconfiança, todos os instrumentos
de medir ou pesar devem ser apreendidos, a fim de ser conferida a sua exatidão,
incorrendo na multa de 50$00, aquele que a isso se opuser, além da multa a que fica
obrigado pela inexatidão dos pesos e medidas.
Art. 162 - Ao comércio não é permitido utilizar-se de pessoas e medidas que
não obedeçam ao sistema métrico decimal, sob pena de multa de 100$000.
Art. 163 - Pelos padrões especiais existentes na Superintendência Municipal,
registrados e aprovados nos Ministérios do Comércio e Indústria da França e na Co-
muna de Paris, deverão ser aferidos os pesos, medidas e balanças que tiverem de ser
empregados.
Parágrafo Único - O aferidor, sob pretexto algum, poderá recusar-se a
aferir os pesos e medidas que para esse fim lhe forem apresentados, e
deverá condenar e apreender imediatamente aqueles que, ao serem exa-
minados, verificar que não estão em condições de ser aferidos, do que
dará conhecimento à Superintendência.
Art. 164 - É proibido, sob pena de multa de 100$000, vender objetos de ouro
ou prata sem o necessário contraste.
Art. 165 - Não é permitido vender bebidas alcoólicas a menores, ou a quem
estiver embriagado, sob pena de multa de 10$000 a 50$000.

CAPÍTULO XIII - Serviço de viação e veículos

Art. 166 - A inspeção geral dos veículos compete à fiscalização municipal, de


acordo com o regulamento especial em vigor.
Parágrafo Único - É proibido fumar no banco externo e nos três primei-
ros internos dos carros da viação elétrica, sob pena de multa de 5$000.

CAPÍTULO XIV - Saúde pública

Art. 167 - No perímetro urbano só será permitido o estabelecimento de enfer-


marias, hospitais, maternidades e casas de saúde em lugares previamente designados
pela Superintendência, ouvidos os médicos municipais e de acordo com a Diretoria
do Serviço Sanitário do Estado. Aos contraventores 100$000 de multa.
Art. 168 - Em épocas de epidemia, a Municipalidade agirá de acordo com a
repartição de Higiene Estadual.
Art. 169 - Nas épocas aludidas no artigo anterior, é expressamente proibido
armar câmaras mortuárias e paramentar as casas, interior e exteriormente, sob pena
de multa de 30$000.
Art. 170 - Não é permitido ao doente de moléstia contagiosa permanecer nas
ruas, praças, jardins ou lugares públicos; o que naquelas condições for encontrado,
será levado para os hospitais destinados a tal fim.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 245
Art. 171 - O louco que for encontrado nas ruas da cidade será entregue à pes-
soa encarregada de sua guarda e, na falta desta, recolhido ao hospital dos alienados.
Art. 172 - Ninguém poderá exercer cargo algum na Municipalidade sem ser
vacinado ou revacinado, e os atuais funcionários que não o forem terão de submeter-
se a essa prescrição.

CAPÍTULO XV - Alimentação

Art. 173 - Os vendedores de qualquer gênero alimentício são obrigados à ins-


peção sanitária, que se verificará anualmente, bem como a apresentação de caderneta
de identificação.
Parágrafo 1º - Será marcado em edital, o lugar, mês, dia e hora em que
se deve proceder a essa inspeção.
Parágrafo 2º - Incorrerá na multa de 5$000 a 20$000 aquele que for en-
contrado sem o atestado do médico municipal.
Art. 174 - Os vendedores de gêneros alimentícios usarão sempre vestes em
rigoroso estado de asseio, sob pena de multa de 5$000 a 20$000.
Art. 175 - Os gêneros de confeitaria e pastelaria, tanto, nesses estabelecimentos
como nas padarias ou em outros quaisquer, não poderão ser expostos à venda senão
em caixas, receptáculos ou prateleiras, com tampas de vidro, que só serão abertas no
ato do comércio. Excetuam-se os gêneros contidos em latas. Aos infratores multa de
20$000 a 50$000.
Art. 176 - É expressamente proibida a falsificação de vinhos e de qualquer ou-
tro gênero alimentício. Aos infratores multa de 100$000.
Art. 177 - Nos estabelecimentos de víveres não será permitido deixar abertos
os depósitos de farinha, fécula e açúcar, bem assim os frascos, as latas ou as caixas de
conservas ou de preparados de açúcar. Igualmente não se consentirá que permane-
çam a descoberto os queijos já retalhados, as comidas frias, todo o comestível enfim,
que, para ser consumido, não tenha de passar por alto grau de temperatura. Aos
infratores multa de 5$000 a 50$000.
Art. 178 - Do mesmo modo, é proibido ter suspenso a porta do estabelecimen-
to comercial qualquer gênero alimentício, sob pena de multa de 10$000 a 20$000.
Art. 179 - Os doces e comestíveis, expostos à venda, deverão estar acondicio-
nados em caixas de folha ou de madeira, com vidraças.
Art. 180 - É expressamente proibido aos vendedores, carregadores, conduto-
res, etc., de gênero alimentício, doces e similares, destinados ao comércio pelas vias
pública:
a) Usarem caixas que não tragam o nome do proprietário e não sejam
devidamente forradas de zinco, de forma que se evite o derramamento
de líquidos nos transeuntes;
b) Conduzirem as caixas ou outros vasilhames do gênero do seu co-
mércio, descalços, maltrapilhos ou sujos, contra as regras de decência,

246 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
as exigências de asseio e os preceitos de higiene.
c) Conduzirem os mesmos vasilhames ou caixas, sem protegê-los com
uma cobertura de lona ou de encerado, para evitar sobre os gêneros
alimentícios, doces, etc., a ação do sol ou da chuva.
Parágrafo Único - Aos contraventores multa de 5$000 a 20$000, sendo-
lhes na repressão da prática abusiva, além das penas e reincidências,
cassada a licença relativa ao seu ramo de negócio.
Art. 181 - Quando o médico municipal verificar a existência de gêneros ali-
mentícios em estado de manifesta decomposição, mandará inutilizá-los imediata-
mente, correndo qualquer despesa de remoção por conta do dono do estabelecimen-
to; no caso de dúvida, porém, embargará a venda do gênero, retirando amostra para
ser submetida a análise no laboratório oficial, até que seja verificado ou não a sua
pureza.
Art. 182 - No certificado que entregar ao proprietário do gênero alimentício,
a autoridade indicará a espécie e a marca, o lugar onde esta se acha e outros sinais
que julgar convenientes para ulterior reconhecimento do mesmo, responsabilizando
o respectivo proprietário por qualquer falta que por acaso se verifique. O certificado
deve ser passado em duplicata e será também assinado pelo dono do gênero alimen-
tício e por duas testemunhas.
Parágrafo Único - No certificado será marcado o prazo provável para
análise. Findo este e não havendo decisão, ficará o dono da mercadoria
livre de qualquer responsabilidade e com o direito de dispor da mes-
ma como lhe aprouver. Se, antes de expirar o prazo marcado dono da
mercadoria a vender no todo ou em parte, ou a retirar do respectivo
estabelecimento, sem prévia licença da autoridade sanitária, incorrerá
na multa de 100$000 e ficará obrigado a entregar a mercadoria afim de
ser sequestrada ou inutilizada, sob pena de multa igual à primeira.
Art. 183 - É proibida a vendagem de líquidos acidulados em vasilhas de ferro,
cobre, estanho, zinco ou barro vidrado, sob pena de multa de 20$000 a 50$000.
Art. 184 - Qualquer casa de gênero alimentício como mercearias, tavernas,
quitandas e estabelecimentos congêneres, deverá ter as paredes impermeabilizadas
até um metro e cinquenta centímetros de altura no mínimo.
Art. 185 - Em todo estabelecimento de gêneros alimentícios o solo deverá ser
impermeabilizado, e os gêneros protegidos sempre da ação do sol, das poeiras, das
moscas e outros animáculos sob pena de multa de 20$000 a 50$000.

CAPÍTULO XVI - Mercados e açougues

Art. 186 - Todo edifício destinado a mercado deve ser ventilado e bastante
arejado; todas as portas e janelas serão gradeadas e munidas de persianas que não
permitam, porém, a entrada de pequenos roedores.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 247
Art. 187 - O piso deverá ser rigorosamente impermeável, e ter declive necessá-
rio para o fácil escoamento das águas provenientes das lavagens.
Art. 188 - As paredes até altura de dois metros, serão revestidas de mármore,
mosaico ou material equivalente. As divisões internas devem ficar distantes do piso
para facilitar a lavagem.
Art. 189 - As mesas para o comércio de gêneros alimentícios de origem animal
deverão ser de mármore, com inclinação para o escoamento fácil das águas.
Art. 190 - Os resíduos líquidos serão derivados para os esgotos por escoa-
mentos separados das galerias por meio de interceptores hidráulicos, com as bocas
munidas de aparelhos que recolham os resíduos sólidos.
Art. 191 - Em pontos diversos do mercado existirão recipientes metálicos de
fácil limpeza, onde serão depositados os detritos sólidos resultantes de varreduras,
até que sejam removidos definitivamente.
Art. 192 - Será obrigatória a lavagem diária do piso de todo o estabelecimento.
Uma vez por semana serão antes da lavagem evacuados todos os compartimentos, e
procedida rigorosa inspeção sanitária pelo médico municipal.
Art. 193 - Os gêneros alimentícios que não forem bem secos não deverão ficar
em contato com superfícies permeáveis, nem conservados em vasos de chumbo, zin-
co, cobre ou ferro galvanizado.
Art. 194 - Os animais expostos à venda permanecerão em gaiolas ou jaulas de
fundo duplo, zincado, que permitam rigorosas lavagens diárias.
Art. 195 - A distribuição de água em todo o mercado será feita por meio de
torneiras e bocas de mangueira, permitindo assim lavagens a jorro largo.
Art. 196 - As latrinas e mictórios, colocados fora das dependências internas do
estabelecimento, obedecerão aos mais rigorosos preceitos de higiene.
Art. 197 - Os locatários do mercado deverão trazer no mais rigoroso asseio
não só os compartimentos que ocupam, mas igualmente os utensílios e instrumentos
empregados em seu comércio.
Art. 198 - Nas seções de venda de carne, peixe e tartaruga, serão observados os
dispositivos referentes aos açougues, no que lhes for aplicável.
Art. 199 - O administrador mandará sem demora inutilizar todos os gêneros
alimentícios condenados pelo médico, em sua visita e inspeção diária.
Art. 200 - Nenhum açougue ou mercado se abrirá sem prévia licença da Su-
perintendência, que fará cumprir fielmente as disposições das Posturas Municipais.
Art. 201 - Nos açougues do Mercado Publico ou da cidade, a carne verde será
conservada em ganchos de ferro, niquelados, guardados os intervalos necessários,
de modo que a carne não toque uma na outra. Aos contraventores, multa de 20$000.
Art. 202 - Será punido com multa de 100$000 todo aquele que der entrada de
carne no Mercado ou açougue, sem a marca do Matadouro Municipal.
Art. 203 - Não é permitido construir açougues que tenham comunicação com
qualquer estabelecimento.
Art. 204 - Os açougues deverão ser bem arejados e terão o solo ladrilhado de

248 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
mosaico, as portas de grade de ferro e nunca em numero inferior a duas, - as carnes
suspensas em suportes ou ganchos de aço ou ferro polido ou revestido de modo que a
superfície externa se torne inatacável, distantes 30 centímetros da parede, a qual será
revestida de mosaico ou azulejo até 2 metros no mínimo.
Art. 205 - As mesas serão de mármore com suporte de ferro, ou mesmo de
mármore, de modo que se dê ventilação em sua parte inferior.
Art. 206 - É expressamente proibido, conservar carnes nas portas dos açou-
gues, recebendo os raios solares, poeira ou tudo quanto possa concorrer para sua
deterioração ou decomposição. Ao infrator, multa de 30$000 a 50$000.
Parágrafo Único - Nos açougues, cujas frentes, forem batidas pelo sol, os
respectivos proprietários colocarão toldos para resguardá-las.
Art. 207 - Toda a carne em decomposição, que for exposta à venda, será incon-
tinente inutilizada. O açougueiro pagará neste caso a multa de 50$000 e mandará,
sem demora, remover a carne condenada, a qual será incinerada ou enterrada em
lugar convenientemente designado.
Art. 208 - As carnes encontradas à venda das 10 horas da manhã em diante,
serão apreendidas, pagando o contraventor a multa de 30$000 a 50$000.
Art. 209 - Fica proibido nos açougues o comércio de qualquer gênero estranho
à carne. Ao infrator, multa de 30$000.
Art. 210 - É proibido nos açougues o emprego de machado para cortar os ossos
de gado abatido, sendo unicamente permitido para tal fim o uso de serrotes e facas
apropriadas.
Art. 211 - Os utensílios dos açougueiros deverão ser conservados com maior
asseio, sob pena de multa de 5$000 a 20$000.
Art. 212 - O preço da carne verde exposta à venda será declarado em cartaz,
que ficará colocado no açougue, de modo que possa ser facilmente lido. O infrator
será multado em 5$000 a 20$000.
Art. 213 - As paredes interiores e o chão dos compartimentos, onde funciona-
rem açougues, bem assim as mesas, os ganchos e os utensílios, serão lavados diaria-
mente, logo que termine a venda.
Art. 214 - É proibido usar, nos açougues, cepos de madeira.
Art. 215 - É expressamente proibido alterar, nos talhos públicos, os pesos de
carne, ficando o infrator, sujeito a multa de 100$000.
Art. 216 - Qualquer agente-fiscal da Municipalidade poderá ato contínuo à
venda, apreender carnes pesadas para verificar a exatidão do peso.
Art. 217 - As balanças dos talhos serão de arame ou estanho, suspensas por
correntes de metal, cumprindo que sejam lavadas diariamente e conservadas no me-
lhor asseio. O contraventor deste artigo incorrerá na multa de 20$000 a 50$000.
Art. 218 - Aos agentes-fiscais do Município, ao administrador do Mercado
Público e ao médico municipal, cumpre observar e fazer observar as expressas dispo-
sições do presente Capítulo.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 249
CAPÍTULO XVII - Padarias, confeitarias, restaurantes, leitaria,
cafés e botequins

Art. 219 - As padarias, confeitarias, restaurantes, leitarias, cafés e botequins


terão o piso revestido de material liso e impermeável.
Art. 220 - As paredes serão pintadas até o forro, de cores claras, e com material
que resista a frequentes lavagens. O salão de trabalhos terá a parede revestida de ma-
terial liso e impermeável até a altura de dois metros.
Art. 221 - As mesas serão de mármore ou vidro, sem armários e gavetas, e os
balcões revestidos de material inatacável e impermeável.
Art. 222 - As farinhas permanecerão em depósito especial, sobre um estrado
elevado de 30 centímetros do piso e sem contato com a parede.
Art. 223 - Na sala da venda deverá existir uma pia de louça, ferro esmaltado ou
de qualquer material impermeável.
Art. 224 - As salas de venda e o local do trabalho bem assim as adegas e as
cozinhas deverão ter bastante luz e ventilação; não poderão servir de dormitórios ou
alojamentos de empregados, e muito menos comunicar diretamente com as latrinas.
Art. 225 - Os fornos ficarão distantes 60 centímetros, no mínimo, das paredes.
Art. 226 - A areia destinada ao depósito de lenha será convenientemente pro-
tegido e calçada.
Art. 227 - Todos os gêneros comestíveis serão protegidos contra o pó e os in-
setos. Ao infrator multa de 10$000 a 30$000.
Art. 228 - As galerias e os frigoríficos devem ser construídos após licença da
Superintendência, devendo constar do pedido a designação do respectivo local.
Art. 229 - Deverão ser cuidadosamente conservados em rigoroso asseio todos
os utensílios e instrumentos de trabalho, bem como os materiais para a preparação
dos alimentos.
Parágrafo Único - Os padeiros, confeiteiros, etc. usarão durante o tra-
balho, avental branco de magas curtas e gorro da mesma cor e não po-
derão fumar.
Art. 230 - Aos infratores do presente Capítulo, será aplicada a multa de 10$000
a 50$000.

CAPÍTULO XVIII - Depósitos de frutas e quitandas

Art. 231 - As quitandas e outros depósitos de frutas deverão ser instalados em


compartimentos próprios, não podendo servir de dormitórios ou alojamentos.
Parágrafo Único - O piso será de material liso e impermeável, e as pa-
redes até dois metros revestidas de material que resista a frequentes la-
vagens.

250 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
CAPÍTULO XIX - Dos matadouros

Art. 232 - O piso do matadouro será impermeável, mas não escorregadio, pos-
suindo o declive necessário para o fácil escoamento dos líquidos.
Art. 233 - Todas as paredes internas serão revestidas, até a altura de dois me-
tros pelo menos, de material liso, impermeável e resistente.
Art. 234 - As paredes internas não formarão ângulos e serão pintadas de cores
claras, ficas, resistentes e frequentes lavagens.
Art. 235 - Todos os resíduos líquidos deverão ser encaminhados para esgotos,
construídos de acordo com técnica sanitária.
Art. 236 - Os resíduos sólidos só deverão ser lançados ao rio após conveniente
depuração, salvo casos especiais a juízo da autoridade sanitária do estabelecimento.
Art. 237 - As carnes serão depositadas em tendais, onde sofrerão o indispensá-
vel enxugo e que deverão ser ventilados e providos de abundância de água.
Art. 238 - As vísceras nunca poderão ser conduzidas pelos tendais.
Art. 239 - Os veículos destinados ao transporte das carnes e vísceras serão es-
tanques, de fácil asseio e com persianas para entreter ventilação franca.
Art. 240 - As rezes só deverão dar entrada no matadouro no momento da
matança, sendo previamente examinadas. As que estiverem doentes ou em magreza
extrema não poderão ser abatidas, ficando separadas as que sofrem de doença trans-
missível.
Art. 241 - Todos os compartimentos e seções do matadouro, bem assim os
utensílios e instrumentos empregados na matança, serão invariavelmente lavados
após o serviço diário.
Art. 242 - O médico ficará encarregado do exame diário de todo o gado antes
e depois de abatido.
Art. 243 - Ao mesmo incumbe organizar os quadros estatísticos mensais e
anuais, de todo o movimento ocorrido, bem como apresentar à Superintendência em
janeiro de cada ano um relatório circunstanciado.
Art. 244 - É proibido no matadouro aposento de dormir.
Art. 245 - Haverá no matadouro um laboratório destinado aos exames micros-
cópicos indispensáveis.
Art. 246 - Os matadouros deverão ser mantidos no mais rigoroso asseio.
Art. 247 - Os matadouros terão câmara ou fornos de incineração para consu-
mo e carbonização das carnes e vísceras condenadas.
Art. 248 - É proibido matar e esquartejar rezes para o consumo público fora do
matadouro Municipal.
Parágrafo Único - Todo aquele que negociar nesse gênero exibirá quan-
do reclamada, uma guia do administrador do Matadouro, que prove o
cumprimento da disposição desse artigo, incorrendo o infrator na mul-
ta de 100$000.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 251
Art. 249 - O gado de qualquer espécie só será abatido para o consumo, depois
de 48 horas, pelo menos, de sua entrada no matadouro.
Parágrafo 1º - Vinte e quatro horas antes da matança, o gado a abater-se
será recolhido a curral separado, destinado exclusivamente a este fim.
Parágrafo 2º - Nessa ocasião o médico respectivo procederá à inspeção
necessária, em vida, podendo mandar substituir por outras as rezes re-
jeitadas como prejudiciais ou nocivas à saúde pública.
Art. 250 - É proibido abater no Matadouro:
a) Rezes em período de gestação ou acometidas de qualquer moléstia;
b) Rezes recentemente paridas;
c) Animais produtores ou animais recentemente castrados.
Art. 251 - As rezes rejeitadas ou condenadas pela autoridade sanitária serão
retiradas do Matadouro pelos respectivos donos.
Parágrafo Único - As rezes portadoras de moléstias incuráveis ou infec-
tocontagiosas, serão imediatamente sacrificadas, independentemente
de qualquer indenização.
Art. 252 - A matança das rezes será iniciada às 14 horas, salvo nos meses de
Julho a Outubro, período de tempo em que poderá ser de 14 às 15, no juízo da auto-
ridade sanitária.
Art. 253 - As carnes das rezes abatidas serão conservadas no Matadouro até as
18 horas da tarde, quando sairão para o Mercado e para os açougues.
Parágrafo 1º - As vísceras e fressuras das rezes abatidas só sairão do
Matadouro depois de convenientemente limpas.
Parágrafo 2º - Toda a carne deverá ser marcada no Matadouro com uma
etiqueta impressa, antes de sair do estabelecimento, devendo ser evitado
o uso de tintas que sejam nocivas à saúde pública.
Parágrafo 3º - O transporte da carne, do Matadouro para o Mercado
e para os açougues, será feito em embarcações e carroças apropriadas,
exigindo-se nelas completa ventilação e limpeza. Essas embarcações e
carroças deverão ser lavadas diariamente.
Art. 254 - Os animais destinados ao matadouro, que forem mordidos por ani-
mal raivoso, só poderão ser abatidos depois de quatro meses de observação.
Art. 255 - Os magarefes e talhadores de carne serão obrigados à matrícula na
Secretaria da Superintendência Municipal, pagos os emolumentos da lei, sendo antes
inspecionados gratuitamente pelos médicos municipais.
Parágrafo 1º - A matrícula dar-se-á trimestralmente, nos meses de Ja-
neiro, Abril, Julho e Outubro, e terá vigor por um ano, salvo quando
sobrevier qualquer moléstia ao inspecionado.
Parágrafo 2º - O matriculado, quando deixar a profissão comunicará
esse fato à repartição municipal, para que seja feita a necessária nota no
livro de matrícula.

252 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Parágrafo 3º - O talhador de carne de gado vacum, suíno, lanígero ou
caprino será obrigado a usar gorro branco e avental da mesma cor com
mangas curtas, o qual deverá cobrir-lhe o corpo desde o pescoço até
os joelhos. O infrator pagará 40$000 de multa, não só quando não o
trouxer mas também quando não o apresentar diariamente lavado ou
mudado.
Parágrafo 4º - Fica-lhe expressamente proibido fumar, quando em tra-
balho, sob pena de multa de 10$000.

CAPÍTULO XX
Seção 1.ª

Estábulos e Estrebarias

Art. 256 - São proibidos estábulos e estrebarias no perímetro urbano.


Art. 257 - Os estábulos e estrebarias deverão ser construídos em distâncias
mínimas de 10 metros das habitações e das ruas, praças e logradouros públicos.
Art. 258 - O piso deve ser revestido de camada resistente e impermeável com
a inclinação necessária para o escoamento de todos os resíduos líquidos e das águas
de lavagem, que irão ter a sarjeta em comunicação com o sifão do cano secundário
ligado ao coletor.
Art. 259 - As paredes deverão ser impermeáveis até 2 metros acima do solo, e
daí em diante rebocadas e caiadas.
Art. 260 - Quando os estábulos e estrebarias não forem construídos em abeto,
deverão dispor para cada animal de uma capacidade de vinte e cinco metros cúbicos.
Art. 261 - A baia deverá ter a área mínima de 3 metros por 1 metro e 50 cen-
tímetros.
Art. 262 - A altura mínima do pé direito dos estábulos e estrebarias será de 4
metros.
Art. 263 - As sarjetas serão impermeáveis e construídas de forma que possam
ser esvaziadas, lavadas e desinfetadas com rapidez.
Art. 264 - Não existindo galerias de esgotos, serão permitidos depósitos de re-
síduos, impermeáveis e resistentes, que possam ser facilmente transportados, lavados
e desinfetados.
Art. 265 - A ventilação ininterrupta e suficiente deve ser feita por meio de
abertas opostas, que evitem as correntes de ar prejudicial à saúde dos animais.
Art. 266 - As baias serão dividias para cada animal, porém de sorte que não
seja difícil a lavagem do piso.
Art. 267 - A cobertura dos estábulos e estrebarias será feita somente com ma-
terial cerâmico.
Art. 268 - Ficam terminantemente proibidos os estrados de madeira sobre o
piso.
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 253
Art. 269 - Os compartimentos para depósito de forragem devem ser bem are-
jados e ventilados.
Art. 270 - Nos grandes estábulos e estrebarias deverá existir um compartimen-
to isolado onde os animais doentes possam ser tratados, e donde possam ser removi-
dos conforme as prescrições da higiene.
Art. 271 - Nas estrebarias e estábulos e suas dependências serão permitidos cô-
modos habitáveis para os empregados, contanto que fiquem perfeitamente isolados.
Art. 272 - A juízo da autoridade sanitária municipal poderão ser toleradas nos
pontos de população densa, cavalariças, estrebarias e estábulos que se destinem a
abrigar até quatro animais.
Art. 273 - As cavalariças ou estábulos em tais condições deverão ser fechados,
e as aberturas de ventilação de tal modo dispostas, que vedem a passagem de insetos.
Parágrafo 1º - Essas aberturas não serão rasgadas para a rua, e distarão
3 metros no mínimo das construções vizinhas; a baia também ficará a
mesma distância da parede do prédio vizinho.
Parágrafo 2º - Serão aplicáveis aos mesmos as demais disposições do
presente Capítulo no que lhes disser respeito.
Art. 274 - Todos os estábulos e estrebarias deverão possuir abundância de
água; serão diariamente lavados após a remoção dos detritos.
Art. 275 - Todo o proprietário de estábulos, estrebarias e cavalariças, é obri-
gado a pedir a Superintendência a respectiva licença para a construção, indicando o
local e as condições gerais dos mesmos.
Art. 276 - Concluída a construção, o médico e o engenheiro do município
procederão à respectiva visita, verificando o cumprimento das disposições para ela
exigidas no presente Capítulo.
Parágrafo Único - Ao proprietário cumpre mandar corrigir as alterações
encontradas, e só então será concedida a licença.
Art. 277 - Cada proprietário de estábulo, estrebaria e cocheira, é obrigado a ter
um ferro especial, com o qual marcará o gado, ferro que será registrado na Intendên-
cia e não poderá ser transferido senão com o próprio estabelecimento, sob pena de
multa de 100$000.
Art. 278 - Nas visitas que fizerem a esses estabelecimentos, os médicos mu-
nicipais deverão prescrever medidas higiênicas convenientes e marcar a respectiva
lotação, impondo nos casos de infração a respectiva multa, a que se adicionará mais
a de 10$000 por animam excedente do número marcado.
Parágrafo Único - Se tais estabelecimentos apresentarem defeitos higiê-
nicos insanáveis, o médico municipal, além de impor as multas que no
caso couberem, intimará os respectivos proprietários ou sublocadores a
que os fechem dentro de 48 horas, só podendo ser reabertos depois que
neles forem executados os trabalhos julgados necessários.
Art. 279 - As casas de ferradores, bem como as ferrarias, terão de obedecer na

254 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
parte que lhe for aplicável, as mesmas condições higiênicas dos artigos antecedentes
e seus parágrafos.
Art. 280 - São terminantemente proibidos os capinzais dentro do perímetro
urbano.
Art. 281 - Todo o proprietário do estábulo, porém, fará o registro dando o
nome, procedência, nacionalidade e sinais particulares de cada vaca, para o registro
em livro especial.
Art. 282 - Os médicos municipais são obrigados a visitar mensalmente os está-
bulos mencionados, relatando ao Superintendente o que for encontrado.
Art. 283 - Aos infratores de qualquer dos artigos do presente Capítulo será
aplicada a multa de 20$000 a 100$000.

Seção 2.ª
Leite

Art. 284 - Os vendedores de leite, mesmo os que venderem em vasilhame, se-


rão matriculados na repartição municipal e terão sempre consigo a respectiva chapa,
com o número da matrícula.
Parágrafo Único - A matrícula será concedida mediante requerimento
acompanhado de atestado do médico municipal, provando não sofrer o
requerente moléstia contagiosa ou repugnante.
Art. 285 - Todos os vendedores de leite, bem como os donos de estábulos ou
de quaisquer estabelecimentos onde ele for vendido, devem ter os seus nomes regis-
trados pelo médico encarregado da inspeção sanitária desse líquido, havendo para tal
fim livro próprio na repartição municipal.
Parágrafo Único - Os mesmos vendedores de leite, ou os referidos do-
nos de estábulos e daqueles estabelecimentos, são obrigados a mostrar
a matrícula ou o atestado do médico encarregado da inspeção, toda vez
que isso for exigido por qualquer pessoa.
Art. 286 - Aos infratores dos artigos antecedentes será imposta a multa de
50$000 a 100$000.
Art. 287 - Fica proibido ao condutor de vacas para venda de leite a domicílios
usar bolsa a tiracolo ou outro depósito, em que possa conduzir garrafas ou qualquer
outra espécie de vasilha.
Art. 288 - Durante a venda só lhe será permitido conduzir as medidas de um
litro e de meio litro, indispensáveis ao seu negócio.
Art. 289 - No ato da venda e antes de ordenar o leite, mostrará as medidas ao
comprador para que este verifique que se acham vazias e limpas.
Art. 290 - Ao infrator será aplicada pela primeira vez, a multa de 25$000, pela
segunda – a de 50$000 e pela terceira – a de suspensão por 30 dias.
Art. 291 - O leite destinado ao consumo público será ordenhado de vacas pre-
viamente examinadas pelo médico municipal encarregado da respectiva inspeção.
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 255
Parágrafo 1º - Os proprietários dos estabelecimentos que fornecerem
leite ao público, inclusive os estábulos, facilitarão por todos os meios
a visita do médico encarregado da inspeção, visita que deverá ser feita
mensalmente em qualquer dia e hora, conforme entenda conveniente o
mesmo facultativo.
Parágrafo 2º - Todo e qualquer vendedor de leite, ou dono de estábulo,
de leitaria, etc., é obrigado a entregar ao médico encarregado da ins-
peção ou ao fiscal municipal 250 gramas de leite, para ser examinado,
importando a recusa na multa de 30$000 seguida de apreensão do leite
exposto à venda.
Parágrafo 3º - Da apreensão do leite em caso de deterioração deste, ou
da recusa da respectiva amostra, será lavrado um termo em que se indi-
cará o nome do vendedor ou do proprietário do estábulo, leitaria, etc.,
o número da matrícula do primeiro dos apontados; o dia, hora e o local
da apreensão; e, feito isso, se remeterá a repartição municipal o mesmo
termo, assim como o leite, que será fechado em vaso lacrado na pre-
sença do vendedor, tudo para ulterior deliberação da Superintendência.
Art. 292 - As vacas, estabuladas ou não, que fornecem leite serão sujeitas à
inoculação de tuberculina, para ser verificado se se acham ou não afetadas de tuber-
culose.
Art. 293 - Verificada, após a inoculação, a reação febril característica da afe-
tação tuberculosa, será o animal isolado, proibida a ordenhação, e submetido aquele
à verificação clinica posterior. Confirmado o diagnóstico, será sacrificado o animal,
concorde ou não o proprietário com esse alvitre. A carne poderá ser aproveitada
somente para fins industriais, depois de inutilizada por meio de reativos químicos.
Parágrafo Único - Ao proprietário do animal abatido será entregue um
boletim com a reação febril verificada pela inoculação da tuberculina, o
número do animal e demais informes constantes da matrícula.
Art. 294 - Para fins ulteriores, existirá na 4.ª Seção um livro especial para o
registro das vacas tuberculosas, devendo cada histórico conter: o número do animal,
sua raça, idade, característicos externos, sua procedência, nome do proprietário, si-
tuação do estábulo, a data e circunstância da inoculação.
Art. 295 - O proprietário do estábulo ou vaqueiro é obrigado a participar à au-
toridade sanitária municipal qualquer caso de moléstia no gado, para que ela proceda
ao competente exame e dê as necessárias providências.
Art. 296 - Será impedido o fornecimento de leite proveniente de vaca que tiver
qualquer moléstia ou tumor no ubre, ou não der leite pelas quatro tetas, salvo defeito
congênito.
Art. 297 - As vacas atacadas de qualquer doença serão sempre isoladas.
Art. 298 - Não é permitido vender leite de vaca em estado adiantado de magre-
za, acometida de qualquer doença infecciosa ou contagiosa ou mordida por animal

256 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
suspeito de raiva.
Art. 299 - Não é permitida a conservação de vitelos inanimados por deficiên-
cia da alimentação.
Art. 300 - É proibida a venda de leite de vaca no último mês de prenhes e nos
dez primeiros dias depois do parto.
Art. 301 - É proibido tirar leite no verão antes das 4 horas da manhã ou das 16
da tarde, devendo ser entregue imediatamente, salvo se for conduzido em gelo.
Art. 302 - É proibido a qualquer pessoa, que sofra doença infecciosa ou conta-
giosa, cuidar das vacas, tirar leite ou vendê-lo.
Art. 303 - O proprietário ou vaqueiro, que não matricular os animais do seu
estábulo, incorrerá na multa de 100$000.
Art. 304 - A fiscalização do comércio de leite pode ser exercida em qualquer
ocasião, tanto nos estabelecimentos comerciais, como a respeito dos vendedores am-
bulantes ou distribuidores.
Art. 305 - As vasilhas de chumbo, cobre, latão, zinco ou ferro esmaltado, cujo
esmalte contenha chumbo, serão interditas para venda do leite.
Art. 306 - Serão preferidas as vasilhas de vidro, louça ou folha de Flandres,
com tubo e fechadas a cadeado.
Art. 307 - As rolhas das garrafas devem ser de vidro, borracha ou cortiça, dia-
riamente fervidas.
Art. 308 - É proibida a venda de leite que não seja puro, isto é, leite alterado,
acidulado, misturado com qualquer líquido ou substância estranha, viscoso, amargo,
açucarado, salgado, que tenha menos de 29% de densidade; véspera, que contenha
mosca ou outro inseto e que tenha mais de 10.000 bactérias por centímetro cúbico.
Art. 309 - O leite impuro será sem demora inutilizado.
Art. 310 - O leite desnatado poderá ser vendido, desde que a vasilha traga o
seguinte letreiro: <<Leite desnatado>>
Art. 311 - Quando o médico municipal encarregado da inspeção julgar de
nenhum prejuízo, poderão permanecer nos estábulos as vacas doentes de moléstias
curáveis e não transmissíveis. Em caso contrário serão elas imediatamente retiradas
dos mesmos estábulos.
Art. 312 - Independente de qualquer indenização, serão sacrificadas as vacas
tuberculosas ou portadoras de moléstias incuráveis.
Art. 313 - Os vendedores de leite quando deixarem essa profissão, deverão
comunicar á repartição municipal, para as devidas notas no livro de matrícula, para
as devidas notas no livro de matrícula.
Art. 314 - O vendedor ambulante de leite ou distribuidor, proprietário ou não
do estábulo, deverá ser submetido à inspeção sanitária gratuita, fornecendo-lhe em
seguida a seção uma placa numerada que trará sempre em lugar bem visível. Na placa
que poderá ser exigida por qualquer funcionário municipal ou munícipe, haverá o
número do estábulo e o da vaca. Exemplo: 12/5; 12 é o número do estábulo e 5 o da

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 257
vaca.
Art. 315 - A intendência fornecerá a placa, cobrando de cada uma o seu custo
e da respectiva matrícula.
Art. 316 - Ficam estipuladas as multas de 20$000 a 100$000 nos demais casos
de infração.

CAPÍTULO XXII - Pesca em geral

Art. 317 - O exercício da pesca para o comércio no Município de Manaus, só


será permitido aos indivíduos matriculados, como pescadores na Capitania do Por-
to, e que estejam munidos do respectivo alvará de licença municipal na forma deste
Código.
Art. 318 - Para a concessão da licença de pescador deverá o pretendente exibir
certificado de matricula passada pela Capitania do Porto, e sujeita-se as prescrições
destas Posturas.
Art. 319 - É expressamente proibida a pesca por meio de dinamite ou de outro
qualquer explosivo, bem assim de quaisquer tóxicos vegetais ou minerais.
Art. 320 - Nos lagos, lagoas, paranás, igarapés e furos não é permitida a pesca
por meio de rede de arrastão ou de outra qualquer espécie, nem pelo processo conhe-
cido pelo nome de – batição.
Parágrafo Único - Esses processos de pesca, exceto o último, poderão
entretanto ser tolerados nos rios caudalosos, guardada uma distância de
trezentos metros, a contar dos baixos juntos às praias e bocas de lagos,
lagoas, igarapés, paranás e furos.
Art. 321 - As pescarias com tarrafas só serão permitidas nos lagos, lagoas e
igarapés, nos meses de Março a Outubro.
Art. 322 - A pesca de pirarucu e tucunaré só poderá efetuar-se nos lagos, iga-
rapés e lagoas nos meses de Março a Novembro.
Art. 323 - A construção de cercados de pesca, denominados cacuri, somente
será executada à vista de licença da Superintendência Municipal, ouvidas as autori-
dades locais pertencentes ao Município, e, na falta dessas, as autoridades policiais do
lugar.
Art. 324 - O Superintendente Municipal fica autorizado a suspender a salga do
pirarucu em qualquer lugar do Município, quando julgar isto conveniente ao desen-
volvimento necessário à procriação desse peixe.
Art. 325 - Os que forem encontrados pescando, em contravenção a estas Pos-
turas, serão passíveis da multa de 100$000. Além dessa multa ser-lhes-ão inutilizados
os instrumentos de pesca de que se servirem, ficando apreendida a embarcação em
que se encontrarem para garantia do pagamento da multa referida.
Art. 326 - Os que forem encontrados vendendo peixes mortos por explosivos
ou tóxicos, ficam sujeitos à multa estipulada no artigo precedente.

258 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Art. 327 - Aos contraventores das disposições deste título, serão cassadas as
respectivas licenças, não podendo ser-lhes concedidas novas senão depois de decor-
ridos seis meses, e de haver sido paga a multa em que tiverem aqueles incorrido.
Art. 328 - Quarenta por cento das multas por infração dos artigos deste título
caberão aos fiscais, funcionários ou pessoas autorizadas, que as impuserem.

Pesca de Tartarugas

Art. 329 - Em todo o Município de Manaus é proibida a pesca de tartarugas


por meio de flecha ou rede de lancear durante o período chamado de arribação, e
durante o tempo em que elas se juntam nos remansos das praias onde vão desovar,
desde Junho até Novembro de cada ano.
Art. 330 - É igualmente proibida a pega ou viração de tartarugas nas praias
denominadas tabuleiros, onde elas operam a desovação, observando-se a respeito,
fielmente, as prescrições da lei n.º 755, de 3 de Setembro de 1914.
Art. 331 - É proibida a pesca denominada de batição, para flechar ou lancear
tartarugas, nos lagos ou poços formados pelos diversos rios do Município.
Art. 332 - Fica proibida por espaço de cinco anos, a pesca de tartarugas no lago
do Rei e circunvizinhanças, no lugar denominado Terra Nova.
Art. 333 - Em caso de infração os produtos confiscados serão distribuídos às
associações beneficentes da cidade, ao Asilo de Mendicidade e à Penitenciária.

Caça

Art. 336 - Fica expressamente proibida a caça com armas de fogo, ou quaisquer
projetis, na zona de 3 quilômetros em torno do perímetro urbano de Manaus, ou das
povoações existentes, que confinarem com o Município.
Art. 337 - O exercício da caça só será permitido aos indivíduos que, para isso,
solicitarem à Superintendência a necessária licença.
Parágrafo 1º - A licença será pessoal e indicará além do nome a residên-
cia do indivíduo.
Parágrafo 2º - O pretendente pagará da mesma licença 50$000, e ela
vigorará tão somente por um ano.
Parágrafo 3º - Não serão concedidas licenças para caçar aos interditos
e aos menores de 16 anos, salvo, para estes, se o requerer pai, mãe ou
tutor.
Art. 338 - É proibida a entrada em terrenos de domínio particular, abertos ou
fechados, sem o consentimento dos respectivos donos, e, mesmo consentindo estes,
o exercício da caça só será permitido depois de observadas pelo interessado as dispo-
sições do artigo anterior e seus parágrafos 1.º e 2.º
Art. 339 - A qualquer indivíduo só será permitido caçar, servindo-se ele de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 259
espingardas, cães e redes.
Art. 340 - Ficam expressamente proibidas as armadilhas que possam por em
perigo a vida de qualquer transeunte, assim como não se admitirá a destruição das
tocas por meio de fogo, enxofre, pólvora ou outra substância explosiva, nem pelo
emprego de quaisquer meios que as inutilizem.
Art. 341 - Fica também expressamente proibida a caça de aves, assim como a
destruição dos ninhos das mesas no período de Agosto a Novembro, reconhecido
como sendo o de sua procriação, aplicando-se especialmente esta disposição à caça
das garças, marrecas, marrecões, patos e outras aves nos lagos Piranhas e Rei.
Art. 342 - Aos infratores das disposições deste título, multa de 50$000 a
100$000.

Dos animais soltos

Art. 343 - É proibido ter soltos pelas ruas, avenidas, praças e estradas da cidade
e subúrbios, carneiros, cabras, porcos, cavalos, muares, vacas e mais quadrúpedes;
bem assim galinhas, perus e mais aves domésticas sob pena de multa aos respecti-
vos donos. – de 50$000 quando se tratar de gado, qualquer que seja a sua espécie; -
10$000 quando a infração se referir a aves.
Parágrafo 1º - Os animais apreendidos em virtude de infração deste ar-
tigo serão guardados em depósito durante 48 horas e, não sendo recla-
mados dentro desse prazo, serão vendidos em hasta pública para paga-
mento da multa e das despesas de alimentação. O excedente, se houver,
será entregue a quem reclamar, proando direitos.
Parágrafo 2º - A Superintendência marcará, por editais assinados pelos
fiscais, de sua ordem, os pontos que julgar convenientes nos subúrbios
para pastadores das vacas de leite.
Art. 344 - É proibido criar porcos dentro do perímetro urbano, sendo apenas
permitido ter até duas vacas ou duas cabras de leite, ou ainda até dois carneiros, em
chácaras ou casas desse perímetro, onde haja quintal suficientemente grande em que
tais animais se conservem; uma vez que se destinem eles exclusivamente à alimenta-
ção da família do proprietário, sob pena de multa de 15$000 pela infração.
Art. 345 - É proibido transitar com animais de qualquer espécie nos passeios
das ruas públicas, ou andar nestes montado em disparada, sob pena de multa de
20$000.
Art. 346 - É expressamente proibido ter cães, sem que o respectivo dono haja
feito o competente registro anual na repartição municipal.
Parágrafo 1º - O cão, para o qual o interessado haja obtido registro, terá
uma coleira com a designação do nome do dono, sendo o número do
mesmo registro inscrito em chapa metálica pregada à referida coleira.
Parágrafo 2º- O registro de cães de guarda será gratuito, desde que os

260 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
mesmos não saiam à rua, sendo assim considerados os destinados ex-
clusivamente à vigilância dos quintais, jardins e pátios, cuja área esteja
defendida pelos quatro lados, por muros e cercados, embora confinan-
tes com a via pública.
Parágrafo 3º - Neste caso, a coleira e o número serão fornecidos pelos
custo, tendo a declaração – cão de guarda.
Art. 347 - Nas ruas e praças da cidade e subúrbios não serão tolerados cães
soltos não açaimados, ainda que munidos de coleiras e registro. Ao infrator, multa
de 20$000.
Parágrafo 1º - O cão apreendido será guardado em depósito, durante 48
horas, sendo eliminado se não for reclamado dentro desse prazo.
Parágrafo 2º - O cão, ainda que acompanhe o dono, deverá trazer açai-
mo de tela de arame, de acordo com modelo aprovado pela 4.ª seção da
Superintendência. Ao infrator, multa de 20$000.
Parágrafo 3º - Não serão considerados açaimados os cães que tragam
qualquer outro aparelho no focinho, ainda que açaimo pareça, que não
esteja nas condições do modelo adotado pela Municipalidade, o qual
deve estar patente na seção de fiscalização todos os dias úteis, na hora
do expediente.
Art. 348 - Todo o animal acometido de hidrofobia deverá ser imediatamente
morto, sendo multada em 50$000 toda pessoa que, possuindo um animal nessas con-
dições, não o comunicar a autoridade competente, para devida observação, logo que
apareçam os sintomas do mal.
Parágrafo 1º - Se o animal tiver mordido alguma pessoa será preferível
que o prendam a fim de ser enviado ao Instituto Pasteur para o compe-
tente diagnóstico.
Parágrafo 2º - Sendo impossível prendê-lo, deverá então ser morto, en-
viando-se a cabeça ao mesmo estabelecimento.
Parágrafo 3º - O cadáver dos animais enraivecidos será destruído pela
combustão, ou enterrado com a profundidade de um metro, depois de
coberto de cal viva.
Art. 349 - Não é permitido conservar feras ou animais bravos dentro da ci-
dade, nem conduzí-los nas ruas senão em jaulas apropriadas, ou estando o animal
convenientemente amordaçado. Ao infrator, 30$000 de multa.
Parágrafo Único - Em igual pena incorrerão os donos de cães de guarda,
encontrados nas vias públicas, mesmo com açaimo.
Art. 350 - É proibido ensinar animais de tiro ou cargas nas ruas da cidade. Ao
contraventor, 30$000 de multa.
Art. 351 - É proibido prender os animais sobre os passeios, assim como nos
postes destinados aos serviços públicos, e grades da arborização da cidade. O infra-
tor, pagará a multa de 10$000.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 261
Art. 352 - É proibido espancar ou tratar com crueldade animais seus ou alheios,
bem assim usar, para estimular os animais de qualquer outro instrumento que não
seja o chicote. Ao infrator multa de 10$000.
Parágrafo Único - Para estimular os bois pôde ser empregada a aguilha-
da de ripa, cujo ferrão não tenha mais de 6 milímetros de comprimento.
Art. 353 - Não sendo possível efetuar a apreensão dos porcos, na forma do
artigo 343 e parágrafos e dos cães, consoante o art. 347 parágrafo 1.º, primeira parte,
poderão ser esses animais exterminados pelos melhores e mais prontos meios e, em
seguida, conduzidos e imediatamente enterrados em lugar conveniente.
Parágrafo Único - As repartições municipais não atenderão à reclama-
ção alguma dos respectivos donos, em relação aos porcos e cães exter-
minados ou eliminados em virtude dos dispositivos deste Código.
Art. 354 - A condução de gado manso pela cidade, povoados e estradas do
interior do Município, não poderá efetuar-se em manada superior a 30 rezes e será
acompanhada por um guardador, maior de dezoito anos, sob pena de 20$000 de
multa.
Parágrafo Único - Incorrerá em igual multa todo aquele que fizer tran-
sitar manadas de gado de grande porte por vias asfaltadas, ou fora do
espaço que medeia entre zero hora e quatro horas, sendo na cidade.
Art. 355 - É proibido atrelar a carros, animais doentes, ou com eles trabalhar
de qualquer modo, sob pena de multa de 50$000.
Art. 356 - É expressamente proibido conservar animais atacados de moléstias
infectocontagiosas, e bem assim deixá-los em abandono, pelas ruas. Ao infrator, mul-
ta de 100$000.
Art. 357 - É proibido atirar animais mortos ou abandonar animais nas vias
públicas e em qualquer logradouro ou às margens dos igarapés, sob pena de mula de
30$000, se forem de grande porte, como jumentos ou animais maiores, e de 15$000
se forem menores.
Parágrafo Único - Não fica isento de pena quem entregar um animal a
outra pessoa, se esta o abandonar.
Art. 358 - Será sacrificado qualquer animal acometido de moléstia contagio-
sa diagnosticada, mormente tratando-se de tuberculose bovina, do carbúnculo e do
mormo laparão dos solípedes.
Art. 359 - A condução de animais mortos nas condições do artigo anterior e
do 356 só poderá ser feita em veículos apropriados e completamente fechados, sob
pena de multa de 20$000.
Art. 360 - É proibido em estado de embriaguez, conduzir pelas vias públicas
bestas ou gado de qualquer natureza, sob pena de multa de 20$000.
Parágrafo Único - As bestas ou rezes serão tiradas ao condutor embria-
gado e depositadas no Depósito Público Municipal, quando na cidade,
e no mais próximo cercado, a arbitro da autoridade, quando no interior

262 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
do Município.
Art. 361 - É proibido andar montado em animais com carga, sob pena de mul-
ta de 10$000.
Art. 362 - Incorrerá na multa de 50$000 aquele que der de beber, nos tanques
dos chafarizes e nas fontes públicas, a animais infectados de moléstia contagiosa.
Art. 363 - Os vendedores que expuserem aves à oferta comercial, são obriga-
dos a lavar diariamente as respectivas grades, gaiolas ou capoeiras, sendo proibido
amontoar aves nestas sem deixar espaço suficiente para que não fiquem maltratadas,
assim como conduzí-las dependuradas, com o bico voltado para o solo sob pena de
multa de 10$000.

CAPÍTULO XXIII - Higiene Industrial


Seção 1.ª

Art. 364 - A construção de fábricas e oficinas obedecerá às disposições a que


estão sujeitas as construções particulares, além das que lhes forem especiais, e não
poderão funcionar sem a devida licença da Superintendência.
Art. 365 - Os estabelecimentos e oficinas serão divididos em três classes: 1.ª
perigosa; 2.ª insalubres; 3.ª incômodas; - de acordo com o quadro seguinte.
Art. 366 - Os estabelecimento da classe 1.ª – não poderão ser construídos na
zona urbana, nem próximo das habitações particulares; os da 2.ª classe podem ser
construídos na zona urbana, distantes, porém, das habitações particulares 50 metros
no mínimo; os da 3.ª classe podem ser instalados nos centros habitados.
Art. 367 - A distância de 2 quilômetros das casas de moradia é considerável
razoável para os estabelecimentos da 1.ª classe.
Art. 368 - O revestimento do solo das fábricas e oficinas será feito de material
impermeável, seja asfalto, cimento, cantaria ou outro similar. As paredes, até a altura
de dois metros, no mínimo, a contar do solo, serão impermeabilizadas, para que pos-
sam ser lavadas até com substância anticéptica.
Art. 369 - Os lugares de trabalho devem ter, de acordo com o fim a que o esta-
belecimento se destina e o número de operários, diversas saídas para que possam ser
evacuados facilmente, em caso de incêndio.
Art. 370 - As paredes, forres e mais dependências das fábricas e oficinas, se-
rão pintadas a óleo ou caiadas; aquelas serão lavadas frequentes vezes, conforme a
exigência do trabalho, sendo reformada a sua pintura de 4 em 4 anos; estas terão o
revestimento a cal, renovado anualmente.
Art. 371 - As janelas devem ser altas, tendo o peitoril um metro pelo menos
acima do nível do solo ou do soalho; e devem ser dispostas de tal modo que a venti-
lação se faça livremente, a despeito das irregularidades atmosféricas.
Art. 372 - A ventilação deve ser mantida com toda a regularidade; sendo ela
insuficiente, serão empregados aparelhos ventiladores quando não sejam inconve-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 263
nientes.
Art. 373 - As fábricas e oficinas de um só pavimento possuirão o teto sempre
em serra ou duplo gradeamento.
Art. 374 - Os lugares destinados ao trabalho serão mantidos em rigoroso as-
seio, ficando proibida qualquer limpeza em horas de serviço. Será esta procedida com
o auxilio de escovas ou panos molhados em líquidos anticépticos, se assim o exigir a
natureza do solo ou a indústria local.
Art. 375 - As escadas, alçapões, poços e depósitos de quaisquer líquidos, serão
protegidos por fortes balaústres para evitar desastres.
Art. 376 - A canalização de latrinas, banheiros, lavatórios e mais dependên-
cias, deverá ser perfeita, a fim de que se evite a alteração do ambiente nas fábricas e
oficinas.
Art. 377 - Haverá um W.C. para cada grupo de 15 operários. Se no estabeleci-
mento trabalharem homens e mulheres, haverá W.C. reservados para cada sexo.
Art. 378 - Os mictórios e latrinas serão em número suficiente para os operá-
rios.
Art. 379 - A canalização geral do estabelecimento obedecerá as disposições do
Código de Posturas referentes as habitações particulares.
Art. 380 - Os resíduos ou detritos sólidos das matérias primas, que não forem
aproveitáveis para outras indústrias, serão incinerados.
Art. 381 - As salas de serviço serão amplas, arejadas, dispondo cada operário
de espaço mínimo de 3 metros cúbicos, durante os trabalhos.
Art. 382 - A ventilação se fará de modo que casa operário disponha por hora
de 20 metros cúbicos de ar pelo menos.
Art. 383 - Serão empregados aparelhos especiais para a renovação do ar, se
houver desprendimento de gases ou poeiras deletérias, oriundas da matéria prima ou
dos produtos em que trabalharem.
Art. 384 - As poeiras e os gases incômodos, insalubres ou tóxicos, serão expe-
lidos para fora do estabelecimento por meio de ventiladores ou aparelhos adequados,
à proporção que forem produzidos.
Art. 385 - Os lugares de trabalho não servirão de refeitório, nem de dormitório
para os operários.
Art. 386 - Os proprietários ou gerentes dos estabelecimentos deverão ter ves-
tiarias e lavatórios em número suficiente e água de boa qualidade em profusão para
todos os operários.
Art. 387 - É proibido o trabalho nos domingos, dias feriados do Estado e do
Município e de festa Nacional.
Art. 388 - A duração dos trabalhos obedecerá ao seguinte horário: 8 horas para
o operário adulto; 7 horas para o operário de 14 a 18 anos; 6 horas para o operário de
10 a 14 anos; 8 horas para as mulheres maiores de 21 anos; 6 horas para as mulheres
menores de 21 anos.
Art. 389 - As mulheres e aos meninos até 14 anos é vedado o trabalho das 9 da

264 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
noite às 5 da manhã.
Art. 390 - É proibido as mulheres trabalhar em fábricas e oficinas, nos 3 últi-
mos meses de gravidez.
Art. 391 - Todos os motores a gás, elétricos ou a vapor, as turbinas e as rodas
hidráulicas serão isolados por meio de barreiras de proteção e acessíveis somente
aos profissionais encarregados de sua fiscalização, operários estes que usarão roupas
justas.
Art. 392 - A passagem ou espaço livre entre as máquinas e maquinismos nunca
será inferior a 80 centímetros, sendo o solo aí sempre nivelado.
Art. 393 - Essas disposições devem ser empregadas de tal modo que nenhum
operário seja habitualmente ocupado em qualquer mister no plano de rotação, ou
zona perigosa, de um volante ou de qualquer máquina, de instrumento cortante, ou
não, que gire com velocidade.
Art. 394 - Todas as peças salientes móveis ou partes perigosas das máquinas
e, em particular, as manivelas, correias, volantes, rodas, cabos, cilindros, cones de
fricção ou quaisquer outros reconhecidos perigosos, serão protegidos com bainhas
de pau ou ferro, tambores de cobre, guarda mãos, grades e outros meios de proteção.
Art. 395 - Os contramestres, chefes de oficinas ou encarregados terão sempre
ao seu alcance o meio de fazer a parada dos motores.
Art. 396 - As máquinas e dínamos não serão colocados em oficinas, onde de-
vam ser manejados corpos detonantes ou explosivos ou substâncias inflamáveis.
Art. 397 - Em todos os estabelecimentos deve haver aparelhos para extinção
rápida de incêndios.
Art. 398 - As chaminés, embora dotadas de aparelhos fumivoros, de funcio-
namento automático, terão tiragem fácil e serão elevadas acima do telhado em seu
ponto mais alto, nunca menos de três metros, e mais altas que as casas vizinhas em
torno do estabelecimento, tendo-se sempre em consideração a direção dos ventos.
Art. 399 - Na construção das fábricas e oficinas será empregado material re-
sistente ao fogo.
Art. 400 - Ficam divididos em dois grupos os entrepostos ou depósitos de pe-
tróleo e seus derivados, de óleo de schisto, de alcatrão, essenciais e outros hidro car-
buretos líquidos, enfim, de corpos que em temperatura inferior a 135º centrígrados
possam emitir vapores inflamáveis: estas substâncias não devem sofrer manipulação
alguma nos respectivos depósitos ou entrepostos.
Parágrafo 1º - Esses grupos são os seguintes:
a) Hidro carburetos que possam emitir vapores em temperatura inferior
a 35º C;
b) Ou em temperatura igual ou superior a 35º
Parágrafo 2º - Esses depósitos ou armazéns serão classificados na 1.ª
classe, se contiverem mais de 1.000 g. de tais substâncias.
Parágrafo 3º - Os depósitos ou armazéns do 1.º grupo ficarão sujeitos às
seguintes cláusulas:

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 265
1º - Serão estabelecidos em espaço fechado por paredes de alvenaria, de
altura mínima de 3 metros, com uma única entrada para a via pública.
A porta deverá ser de sólida construção, chapeada e fechada à chave.
2º - No perímetro abrangido pelo armazém ou depósito em reservató-
rios grandes, para daí serem acondicionados em vasilhame portátil, tais
reservatórios terão suas paredes a uma distância mínima de um metro
da face interna das paredes de alvenaria do depósito, e serão dispostos
de tal sorte que a inspeção e vigilância sejam feitas facilmente.
3º - O solo do depósito ou armazém será legado ou ladrilhado, tendo
declives e sarjetas dispostas de maneira que faça escoar qualquer quan-
tidade de líquidos extravasados acidentalmente, que irão ter a pequenos
depósitos ou ao depósito geral.
Parágrafo 4º - O depósito poderá ser descoberto ou não; neste caso, se
for em uma casa ou galpão, será construído com matérias incombustí-
veis, sem andares, bem iluminado naturalmente e amplamente ventila-
do e com abertas dirigidas para o telhado.
Parágrafo 5º - Toda e qualquer recepção manipulação e expedição de
líquidos, será feita durante o dia, sendo a entrada do armazém interdita
durante a noite. Os líquidos serão acondicionados em recipientes me-
tálicos, munidos de coberturas móveis ou tonel de madeira com anéis
de ferro.
Art. 401 - É terminantemente proibido arrumar dentro do armazém, recipien-
tes, toneis ou qualquer outro vasilhame vazio.
Art. 402 - Por medida de prudência, devem existir depósitos com razoável
quantidade de areia, destinada a extinguir qualquer princípio de incêndio.
Art. 403 - É terminantemente proibido fumar, fazer fogo e riscar fósforos nes-
ses armazéns, depósitos, galpão e casas congêneres. Com esta interdição devem ser
afixados letreiros bem visíveis ao público.
Art. 404 - Para o material ou substâncias destinadas as usinas, fábricas ou ofi-
cinas será observado o seguinte:
a) Que sejam recebidas em boas condições e não desprendam mau
cheiro;
b) Que sejam tratadas sem demora e conservadas com as devidas pre-
cauções;
c) Que o tratamento se faça em vasos adequados, fechados ou pelo me-
nos munidos de aparelhos eficazes de aspiração e de condensação ou
destruição das emanações odoríferas.
d) Que os resíduos sejam desinfetados, se houver necessidade, e eva-
cuados regularmente;
e) Que o estabelecimento, finalmente, seja mantido sempre em rigoroso
asseio.
Art. 405 - Os aparelhos de aspiração e de condensação que diferem conforme

266 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
os vapores, são:
a) Todos condensáveis;
b) Parcialmente condensáveis;
c) Condensáveis ou não, podendo porém ser diluídos em grande volu-
me de água.
Art. 406 - A pulverização de matérias irritantes, bem como de irritantes e tóxi-
cos, deve ser feita em aparelhos fechados.
Art. 407 - Os vapores e gases incômodos ou insalubres serão condensados ou
destruídos.
Art. 408 - As fumaças, seja qual for o combustível empregado, serão destruídas
por meio de aparelhos fumivoros.
Art. 409 - Serão proibidos os apitos ou assovios prolongados das máquinas de
estabelecimentos no perímetro urbano.
Art. 410 - As seções técnicas da Municipalidade serão sempre ouvidas sobre a
escolha do local, onde devem ser construídas as máquinas e as oficinas.
Art. 411. - Depois de instalada uma fábrica não poderão solicitar a sua renova-
ção as que vierem a construir-se na vizinhança.
Art. 412 - Nas instalações das máquinas ter-se-á em consideração que os mo-
radores próximos e os operários fiquem ao abrigo de qualquer acidente.
Art. 413 - Nenhuma companhia sociedade, empresa ou particular, com esta-
belecimentos industriais movidos a vapor, terá licença para funcionar sem primeiro
provar que dois terços, pelo menos, dos seus foguistas são brasileiros. Ao infrator,
será aplicada a multa de 50$000 a 100$000.
Art. 414 - Em nenhum estabelecimento industrial poderão ser admitidos ope-
rários, que não estejam vacinados contra varíola e não apresentem carteira de iden-
tidade.
Art. 415 - Ao infrator das disposições do presente capítulo será aplicada a mul-
ta de 10$000 a 100$000.

Seção 2.ª

Explosivos e inflamáveis

Art. 416 - Para os efeitos deste Código são considerados:


Explosivos
Nitro glicerina, derivados e compostos.
Dinamite e seus congêneres.
Picralo de base inerte ou base ativa.
Algodão nitrato para colodio.
Fulminatos, isolados ou em mistura.
Espoletas.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 267
Cloratos e nitratos, isolados ou em mistura.
Mistura de cloratos e de matéria combustível.
Pólvora e cartuchos de guerra, caça e mina.
Fogos de artifício.
Estopins.

Inflamáveis

Fosforos, palitos ou mechas fosforadas.


Sulfureto de carbono.
Éteres.
Colodio líquido.
Álcool vínico, aguardente.
Álcool amílico.
Ácidos líquidos
Petróleo e óleos de schisto, de alcatrão; essências, formicidas, hidro carburetos
empregados na indústria e na iluminação, carbureto de cálcio.
Alcatrões e matérias betuminosas líquidas.

Art. 417 - Para guarda e fiscalização dos explosivos e inflamáveis pertencentes


à praça comercial e outras, terá a Municipalidade um entreposto, que será instalado
em lugar apropriado e fora da área da empresa construtora e exploradora do porto
desta capital, observados os dispositivos da Lei.
Art. 418 - Ninguém poderá negociar com explosivos ou inflamáveis, sem que
o gênero seja previamente conferido no Entreposto Municipal quanto à qualidade,
volume, peso e condições de segurança de seu encaixotamento ou vasilhame.
Art. 419 - Igualmente, ninguém poderá transportar explosivos ou inflamáveis
para qualquer ponto da cidade e seus subúrbios, fora da zona fechada destinada à
serventia federal, sem prévia licença especial do Superintendente Municipal, depois
de ouvida a 3.ª Seção sobre o itinerário, modo de condução, encaixotamento e hora
do trajeto, sob pena de multa de 100$000 relativa a cada volume.
Parágrafo Único - Essa licença será gratuita quando o transporte se fizer
para o entreposto Municipal, ou dele para outra parte, depois da com-
petente conferência na foram do artigo anterior.
Art. 420 - Os armazéns ou estabelecimentos comerciais destinados à venda de
explosivos ou inflamáveis, serão classificados em duas categorias: armazéns de reser-
vas e armazéns de retalho.
Art. 421 - A venda em grosso só será permitida, nos armazéns de reserva, ha-
bilitado o seu proprietário por licença prévia da Superintendência, para o que poderá
requerê-la com as seguintes condições:
a) quantidade e qualidade dos gêneros ou inflamáveis em que pretenda

268 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
negociar;
b) designação precisa do local destinado a depósito em seu armazém,
para guarda e proteção dos mesmos explosivos e inflamáveis;
c) meios de conservação e abrigo dos ditos gêneros e medidas de isola-
mento das partes adjacentes do edifício.
d) obrigação de cumprir as recomendações Municipais, previstas con-
tra o incêndio em relação aos seus depósitos, e as disposições desta Lei
e do Código de Posturas.
Art. 422 - Para a venda a retalho, que também só poderá efetuar após licença
da Superintendência, deverá o comerciante indicar a qualidade dos gêneros em que
pretende negociar, obrigando-se a adquirir utensílios apropriados para o conveniente
abrigo e isolamento dos gêneros a retalhar, bem como a cumprir fielmente as deter-
minações deste Código de Posturas e da Lei que rege a matéria.
Art. 423 - As quantidades máximas de inflamáveis, explosivos e corrosivos que
poderão ser mantidas nos armazéns e estabelecimentos comerciais serão as seguintes.

50 galões
Querosene 100 galões (10 caixas)
(5 caixas)
Fósforos 400 grosas 100 grosas

Aguardente 60 frasqueiras 10 frasqueiras

Álcool 30 5

Água-raz 100 galões 25 galões

Alcatrão 100 galões 30

Breu 1200 Quilos 300 Quilos

Estopa 20 fardos 5 fardos

Nafta 100 galões 10 galões

Ácidos 200 litros

Salitre 50 Quilos 10 Quilos

Soda cáustica 200 Quilos 50 Quilos

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 269
Potassa 200 Quilos 50 Quilos

Fogos artificiais 200 Quilos 50 Quilos


Cartuchos
40 milheiros 2 milheiros
carregados
Cartuchos com espo-
100 milheiros 10 milheiros
letas
Espoletas 600 milheiros 10 milheiros

Parágrafo Único - Nos estabelecimentos industriais de aplicação de gê-


neros explosivos ou inflamáveis como matéria prima, poderão ser exce-
didas as quantidades acima estabelecidas, na conformidade do consu-
mo relativo a uma quinzena.
Art. 424 - Nas casas de negócios só será permitido expor à venda porção de
explosivo cujo consumo não ultrapasse de dois dias, e de inflamáveis cujo consumo
não exceda de quinze dias, ou sejam duzentos galões para os armazéns e cinquenta
para as tavernas.
Art. 425 - Aos exploradores de pedreiras e aos fogueteiros será permitido te-
rem em depósito, se este estiver a mais de trezentos metros da edificação mais vizinha
e a cento e cinquenta metros da rua ou estrada mais próxima, os explosivos necessá-
rios para três dias de serviço. Se a distância mínima for de quinhentos metros, poderá
essa quantidade ser elevada à correspondente ao consumo de seis dias.
Art. 426 - Presume-se infração de qualquer dos artigos precedentes:
a) Se nos estabelecimentos forem encontrados explosivos demorados
por mais de quatro dias, da porção recebida para dois; ou forem igual-
mente encontrados, demoradas por mais de um mês, as porções de in-
flamáveis recebidos para consumo de quinze dias;
b) Se nos depósitos de pedreiras ou foguetarias, de que trata o parágra-
fo 2.º; forem encontradas, por mais de sete ou dez dias, as porções de
explosivos destinados ao serviço ou consumo de três e seis dias, respec-
tivamente.
Art. 427 - Não é permitido na perímetro urbano depósito algum de explosivos
e de inflamáveis.
Art. 428 - Ficam proibidos nas zonas urbana e suburbana, o fabrico e o empre-
go de fogos de artificio preparados com dinamite, nitro glicerina ou outra substância
explosiva, que não seja a pólvora.
Art. 429 - É expressamente proibido:
a) fabricar foguetes preparados com carretilhas de folhas de Flandres, chumbo,
zinco e congêneres;

270 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
b) queimar foguetes, morteiros e empregar outros fogos de estampido, que
possam perturbar o sossego público, quer na zona urbana, quer na suburbana.
Art. 430 - Nos veículos em que forem transportados explosivos, não poderão
ser simultaneamente transportados inflamáveis, a fim de serem evitadas combustões,
quer espontâneas, quer por atrito ou choque.
Art. 431 - Os veículos em que forem transportados explosivos deverão ser le-
vados a passo e não poderão parar senão no ponto de expedição e destino. Além
disso, e para evitar choques em caminho, deverão levar um distintivo bem visível,
enquanto transportarem a carga.
Parágrafo Único - Se a carga exigir mais de um veículo para ser trans-
portada, a distância mínima entre os veículos será de vinte metros.
Art. 432 - As infrações de quaisquer disposições constantes dos artigos deste
capítulo sujeitam o contraventor à multa do valor de 100$000 relativamente a cada
gênero de cada carga.

Seção 3.ª

Geradores de vapor, motores e maquinismos em geral.

Dos maquinistas

Art. 433 - Todos os estabelecimentos ou oficinas que fizerem uso de motores


de qualquer espécie, de geradores de vapor e de maquinismos importantes, deverão
empregar, no serviço dos mesmos, maquinistas e foguistas devidamente habilitados.
Art. 434 - Consideram-se habilitados para os efeitos anteriores:
1º - Os que tiverem cartas de maquinistas;
2º - Os que exibirem cadernetas de habilitação expedida pela Capitania do
Porto;
3º - Os que, à falta de carta ou caderneta de habilitação para qualquer das duas
profissões, forem aprovados em exame prático prestado perante uma comissão ex-
pressamente nomeada pelo Superintendente e chefiada pelo engenheiro municipal.
Art. 435 - Tais títulos, cartas, certificados ou documentos, ficarão registrados
na seção técnica da Secretaria Municipal.

Dos geradores de vapor e motores

Art. 435 - Ficam submetidos à prescrições municipais:


1º - Os geradores de vapor;
2º - Os motores a vapor, a gás, e os elétricos ou de qualquer espécie;
3º - Os maquinismos em geral.
Art. 437 - Nenhuma caldeira poderá ser posta em serviço, senão depois de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 271
passar pelas provas regulamentares, que serão realizadas à solicitação do construtor
ou do industrial.
Art. 438 - O pedido da prova será feito ao Superintendente Municipal, por
meio de requerimento em que se declare:
1º - A procedência do aparelho, inclusive a indicação do fabricante;
2º - O gênero de indústria, ou uso a que se destina;
3º - A localidade onde está funcionando ou vai ser instalado;
4º - A forma, capacidade e superfície de aquecimento, da caldeira;
5º - O número distinto da caldeira, caso o estabelecimento possua mais de
uma.
Art. 439 - A prova poderá ser renova quando a Superintendência tiver motivos
para por em dúvida a solidez do aparelho, à vista do modo por que esteja o mesmo
funcionando.
Art. 440 - A renovação da prova será feita igualmente nos casos seguintes:
1º - Quando a caldeira, que tenha já funcionando, for de novo instalada ou
resposta em serviço depois de seis meses;
2º - Quando tiver sofrido reparação importante. Neste caso, o interessado de-
verá fornecer informações das diversas circunstâncias que tiverem ocorrido.
Art. 441 - A prova será válida por seis meses, e, antes de expirado esse prazo,
deve ser pedida a competente renovação.
Art. 442 - Consiste a prova da caldeira em submetê-la a uma pressão hidráu-
lica superior à pressão efetiva, que nunca deverá ser excedida em serviço. A pressão
da prova será mantida pelo tempo necessário para o exame das caldeiras, cujas partes
devem ser vistoriadas. A sobrecarga de prova, por centímetro quadrado, é igual à
pressão efetiva, e não será inferior a meio quilograma, nem superior a seis quilogra-
mas. A prova será feita em presença do engenheiro municipal, devendo o interessado
fornecer o pessoal e os aparelhos e instrumentos necessários à operação.
Art. 443 - Efetuada a prova da caldeira, será fixada um selo, que indique em
quilogramas, por centímetros quadrados, a pressão efetiva de vapor. Segundo já ficou
prescrito, essa pressão nunca deverá ser exercida em serviço. O selo será feito à jun-
ção e colocado de modo que fique perfeitamente visível, mesmo depois de colocada
a caldeira no lugar designado. O referido selo compor-se-á dos números indicativos
do dia, mês e ano da prova e do coeficiente da sobrecarga.
Art. 444 - Cada caldeira deverá ser munida de duas válvulas de segurança car-
regadas de forma que deixem sair o vapor, desde que sua pressão efetiva atinja o
limite máximo indicado no selo regulamentar. O orifício de cada uma desta válvu-
las será calculado de maneira que possa escapar todo o vapor excedente da pressão
regulamentar estabelecida, a seção total de descarga poderá ser repartida por maior
número de válvulas.
Art. 445 - Cada caldeira deverá ser também munida de um manômetro, colo-
cado à vista do maquinista, que designe em quilogramas a pressão efetiva do vapor

272 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
da mesma caldeira, sendo indicado, na respectiva escala por marca visível, o limite
máximo da pressão.
Art. 446 - O nível da água será mantido na caldeira a tal altura, que, em qual-
quer circunstância, esteja 10 centímetros, pelo menos, acima da ultima fiada de tubos
ou condutores. Para esse fim, deverá ser convenientemente colocado o tubo indicado
do nível.
Art. 447 - As caldeiras deverão ser munidas de apitos com metal fusível inte-
rior, afim de prevenir explosão.
Art. 448 - As disposições acima mencionadas são aplicáveis aos secadores de
vapor, distintos da caldeira ou partes da chaminé, que conduz os produtos de com-
bustão.

Caldeiras locomóveis

Art. 449 - Ficam também sujeitas as disposições atrás mencionadas as caldei-


ras locomóveis. Consideram-se tais caldeiras a vapor, que podem ser transportadas
facilmente de um para outro local, e não exigem construção especial para funcionar
em determinado lugar.
Parágrafo Único - Além dos requisitos indicados, terão as caldeiras lo-
comóveis, em chapa gravada e em caracteres bem visíveis, o nome e o
domicílio do proprietário, assim como o respectivo número de ordem,
se este possuir mais de um locomóvel.

Recipientes

Art. 450 - Os recipientes de formas diversas, de mais de cem litros de capaci-


dade, nos quais as matérias a elaborar serão aquecidas, não diretamente pelo contato
da chaminé, porém pelo vapor gerado em caldeiras distintas, ficam subordinados às
disposições estabelecidas nestas Posturas para os geradores de vapor e motores, nas
partes que lhes forem aplicáveis.
Parágrafo 1º - Os recipientes serão munidos de válvulas de segurança
reguladas para a pressão indicada no selo.
Parágrafo 2º - A sobrecarga de prova, que não excederá a 4 quilogramas
por centímetro quadrado, será, para todos os casos, igual a metade da
pressão máxima com que o aparelho deverá funcionar.

Medidas de segurança relativas aos edifícios

Art. 451 - As caldeiras serão divididas em três categorias, baseando-se esta


classificação no produto da multiplicação do número, que exprime em metros cú-
bicos a capacidade total da caldeira pelo número, e também em graus centígrados o

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 273
excesso da temperatura da água correspondente à pressão indicada no selo regula-
mentar sobre a temperatura de 100 graus. Quando muitas caldeiras não funcionarem
conjuntamente no mesmo local e tiverem entre si comunicação direta ou indireta,
tomar-se-á, para formar o produto, a soma das capacidades das mesmas caldeiras.
Parágrafo único. – São consideradas as caldeiras:
De 1ª categoria – quando o produto for maior de 200;
De 2ª – quando o produto não exceder a 200, sendo, porém superior a
50;
De 3ª – quando o produto for inferior a 50.
Art. 452 - As caldeiras constantes da 1.ª categoria não podem ser estabelecidas
em casas ou oficinas com andares superiores, nem a distância menor de cinco metros
de cada habitação.
Parágrafo 1º - Quando instalada a menos de 10 metros de qualquer pré-
dio, deverão ser separadas por um muro de defesa, de sólida alvenaria,
de altura não excedente de um metro acima da parte mais elevada da
caldeira, com a espessura que for julgada necessária pela Superinten-
dência.
Parágrafo 2º - As distâncias mencionadas, de 5 a 10 metros, serão re-
duzidas à metade quando a caldeira estiver enterrada de forma que sua
parte superior se encontre um metro abaixo do solo da habitação vizi-
nha.
Art. 453 - Se, depois de instalada uma caldeira, se der começo de construção
para moradia em terreno contíguo, deverão ser observadas, por quem fizer uso da
caldeira, as disposições do artigo 452 e seus parágrafos.
Art. 454 - Não está sujeito a condição alguma particular o estabelecimento de
caldeiras da 1.ª categoria, à distância de 10 metros ou mais de qualquer habitação.
Art. 455 - As caldeiras constantes da 2.ª categoria poderão ser colocadas no
interior de qualquer oficina, contanto que esta não faça parte de uma casa de resi-
dência.
Art. 456 - As caldeiras constantes da 3.ª categoria poderão ser colocadas em
quaisquer oficinas, ainda mesmo nas que constituem parte de uma habitação.
Art. 457 - Todos os geradores de vapor ficarão sujeitos a uma vistoria de seis
em seis meses, vistoria que deverá ser requerida à Superintendência.
Parágrafo Único - Concedida a vistoria, extrair-se-á na seção técnica a
competente guia para pagamento das respectivas taxas.
Art. 458 - O profissional que estiver incumbido de dirigir a caldeira deverá
apresentar, sempre que for exigido o certificado das declarações a que se refere o
artigo 434.
Art. 459 - Ao inspetor de máquinas e aos fiscais do Município encarregados de
velar pela fácil execução do disposto no presente Código, será facultada livre entrada
em todos os estabelecimentos onde funcionarem maquinas.

274 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Parágrafo Único - Os industriais são obrigados a conservar à vista e jun-
to às maquinas, as licenças, os atestados das caldeiras e os registros dos
maquinistas e foguistas nelas empregados.
Art. 460 - A fiscalização exercida sobre motores e gerados se estenderá a todos
os maquinismos, transmissões, etc., da instalação, devendo ser também verificada a
solidez do prédio e examinadas as boas condições do mesmo em relação ao fim para
que é destinado.
Art. 461 - Todas as instalações que não forem movidas a vapor, mas por outro
agente qualquer, serão igualmente visitadas pelo in’spetor de maquinas e pelos fiscais
municipais, os quais exercerão sua ação, no que elas respeita, do mesmo modo que
para as instalações movidas daquele primeiro modo a vapor.
Art. 462 - As condições de ar e luz, e as de projetos e planos gerais de cons-
trução de qualquer instalação de maquinismos, ficam extensivas na parte que lhes
couber, às condições prescritas neste Código para as edificações na zona urbana.
Art. 463 - Em caso de acidente, deverá o interessado prevenir imediatamente o
Superintendente, que, no mais curto prazo, mandará examinar o estado dos maqui-
nismo e indagar das causas do acidente. Após exame minucioso, deverá o inspetor
de máquinas organizar um relatório minucioso, que apresentará a Superintendência.
Art. 464 - No caso de explosão, as construções não deverão ser restauradas,
nem deslocados os fragmentos do aparelho quebrado, antes do exame do inspetor
de máquinas, que o deverá fazer no mais curto prazo possível, dando disso conta ao
chefe da seção técnica, que, por sua vez, o dará a Superintendência.
Art. 465 - As taxas a cobrar pela Municipalidade serão fixadas nas tabelas or-
çamentárias.
Art. 466 - Aos infratores dos dispositivos constantes desta seção caberão mul-
tas de 10$000 até 100$000.

CAPÍTULO XXIV - Cemitérios

Art. 467 - A inumação será somente permitida nos cemitérios públicos ou em


local previamente determinado pela Superintendência.
Art. 468 - Os cemitérios serão construídos, sempre que for possível, em postos
elevados, na contra vertente das águas de alimentação, se houver, fora dos centros
populosos e deverão ter uma zona de proteção de cem metros no mínimo.
Art. 469 - A área destinada às sepulturas deverá ser, pelo menos, seis vezes
maior que a necessária aos enterramentos prováveis durante um ano..
Art. 470 - O lençol de água naquela área não poderá ter profundidade inferior
a dois metros. Em caso contrário, será produzida a depressão do nível das águas
subterrâneas por meio de drenagem ou, sendo possível, por certas e determinadas
condições, se aumentará a espessura da camada indispensável a inumação, elevando-
se assim a sua superfície com obras de terraplenagem.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 275
Art. 471 - O nível dos cemitérios em relação aos vizinhos cursos de água deve-
rá ser suficiente elevado, impedindo assim que nas grandes enchentes a água atinja o
fundo das sepulturas.
Art. 472 - A arborização nos cemitérios não deve ser contígua ou cerrada.
Serão preferidas as árvores de tronco reto, de pouca espessura, de raízes mestrais e
copa não muito densa, facilitando assim a circulação do ar nas camadas inferiores e
a evaporação da humidade telúrica.
Art. 473 - Cada cadáver será enterrado em cova separada, que terá no mínimo
1, 50 m de profundidade sobre 0,80 m de largura, devendo ser o comprimento na
medida de 2 metros para adulto, e de 1 ½ metros para crianças.
Art. 474 - As inumações serão feitas:
a) Das 6 às 18 horas do dia, salvo nos casos de epidemia;
b) Somente 24 horas depois de ocorrido o óbito, à exceção dos casos de
moléstias infetuosas, em que o médico assistente declarará no atestado
a necessidade de pronto enterramento;
c) Em caixões fechados, de madeira leve e de fácil decomposição.
Parágrafo Único - Serão permitidas as inumações em túmulos ou jazi-
gos, desde que na construção deles sejam observadas as indispensáveis
condições de higiene e solidez.
Art. 476 - São absolutamente proibidas as covas impermeáveis.
Art. 477 - São proibidos na cidade os dobres funerários.
Art. 478 - A trasladação total dos restos mortuários de um cemitério só poderá
ser feita depois de dez anos da última inumação e sob a prática das medidas higiêni-
cas que a ciência aconselhar.
Art. 479 - Os enterramentos dos cadáveres de pessoas vitimadas por moléstias
infetuosas ou contagiosas, sobretudo em épocas epidêmicas, serão feitos dentro do
menor prazo possível depois do óbito, tendo sido satisfeitas as exigências da Lei.
Parágrafo Único - Os cadáveres, nos casos previstos neste artigo, serão
envoltos em lenções fortemente embebidos em solução anticéptica, e os
caixões serão pregados em toda a sua extensão.
Art. 480 - É proibido o transporte de cadáveres em carros que não sejam exclu-
sivamente destinados a isso.
Art. 481 - Os carros fúnebres serão construídos de modo que se prestem a
lavagens e rigorosas desinfeções. Será impermeabilizado, ou revestido de placa metá-
lica, o lugar destinado ao caixão mortuário.
Art. 482 - Os carros fúnebres destinados aos transporte de cadáveres de pes-
soas vitimadas por moléstias transmissíveis deverão ser, após cada viagem, rigorosa-
mente desinfetados.
Art. 483 - As exumações serão feitas com prévia notificação à família dos fale-
cidos, precedendo sempre edital por prazo nunca inferior a 60 dias, com a declaração
do número da sepultura e do nome do extinto.

276 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Art. 484 - A exumação será permitida:
a) A serviço médico legal;
b) A requerimento da família do morto, decorrido o prazo de três anos,
ouvidas a seção de higiene municipal e a administração do cemitério;
c) Quando a seção de higiene municipal achar conveniente à higiene
do cemitério ou à salubridade pública, respeitado, porém, o prazo de
três anos.
Art. 485 - A cremação dos cadáveres poderá ser feita desde que sejam insta-
lados dos fornos respectivos, dando a família do morto prévio do consentimento,
respeitadas as medidas policiais e de higiene.
Art. 486 - Os administradores dos cemitérios cumprirão e farão executar e
cumprir fielmente as determinações destas posturas.
Art. 487 - Existirão na sala da administração, em caixilho, uma planta cadas-
tral do cemitério com as respectivas quadras, e nestas as numerações das sepulturas,
facilitando desse modo quaisquer informações e pesquisas.
Art. 488 - Aos infratores do presente capítulo, será aplicada a multa de 10$000
a 100$000.

CAPÍTULO XXV - Necrotérios

Art. 489 - Os necrotérios deverão ser construídos convenientemente afastados


das habitações e o mais próximo possível da margem do rio.
Art. 490 - O estilo da construção será rigorosamente simples, sem ângulos
nem reentrâncias, com muita luz e ventilação, tendo impermeabilizados o piso e os
pavimentos internos.
Art. 491 - O piso possuirá o declive necessário para o fácil e rápido escoamento
das águas das lavagens, sempre feitas a jorro largo e intenso.
Art. 492 - As mesas serão de mármore ou vidro. As de autopsia terão a forma
conveniente para o rápido escoamento dos líquidos.

CAPÍTULO XXVI - Disposições Gerais

Art. 493 - É proibido colocar mercadorias nas paredes e portas das casas de ne-
gócio, de modo que impeçam o trânsito, ou causem dano aos transeuntes, incorrendo
o infrator na multa de 20$000.
Art. 494 - Todo aquele que for encontrado fazendo qualquer negócio fraudu-
lento, será multado em 100$000, lavrando-se o componente ato de infração.
Art. 495 - Fica proibido o comércio chamado de <<atravessadores>>.
Art. 496 - As pessoas que nele se empregarem nos portos da cidade, nos subúr-
bios ou nas praias, ou que forem ao encontro dos lavradores e dos pescadores a fim de
comprarem os gêneros pelos mesmos trazidos para o consumo público, incorrerão
na multa de 50$000 a 100$000.
Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 277
Art. 497 - Todos os produtos da lavoura e da pesca, nas condições do artigo
anterior, serão conduzidos e expostos a venda nos mercados municipais pelos pró-
prios lavradores e pescadores e pescadores. O infrator fica sujeito a multa de 50$000.
Art. 498 - Na venda de farinha, frutas e demais produtos agrícolas, recolhidos
aos mercados, serão fielmente observadas as prescrições dos artigos 30, 31 e 32, do
Regulamento que baixou com a Lei Municipal, n. 50, de 21 de Dezembro de 1906.
Art. 499 - Os fiscais do Município e seus ajudantes, bem como os fiscais e em-
pregados dos mercados, velarão pela fiel observância das disposições destes artigos.
Art. 500 - Ninguém poderá exercer o oficio de carregador, sem prévia matrícu-
la na Secretaria Municipal. Aos transgressores, 10$000 a 30$000 de multa.
Parágrafo 1º - O carregador matriculado receberá na Secretaria Munici-
pal, uma chapa numerada, que trará sempre consigo e à vista.
Parágrafo 2º - A matrícula renovar-se à anualmente.
Art. 501 - Os locatários dos quartos externos do Mercado Público não poderão
fazer inscrições nas paredes do edifício. O contraventor pagará a multa de 30$000 e
fará o reparo preciso na parede, dentro do prazo que lhe for intimado.
Art. 502 - Unicamente no Matadouro Público será permitido o desembarque
e o abatimento de gado vacum, ovelhas ou suíno para consumo da população da ci-
dade. O gado cavalar ou muar poderá desembarcar em outros pontos marcados pela
Superintendência. Ao infrator, 30$000 de multa.
Art. 503 - É proibido lançar fogo em roçados em todo o território do Muni-
cípio sem prévio aviso de três dias dos proprietários vizinhos, sob pena de multa de
10$000.
Art. 504 - Aquele, que destruir ou danificar cercados ou gradis públicos, será
multado em 20$000 ou fará o serviço de reconstrução à sua custa.
Art. 505 - É permitido, em lugares das vias públicas, designados pelo fiscal
geral, colocar cadeiras para engraxadores.
Art. 506 - Quando, em consequência da estreiteza das ruas, for impossível o
cruzamento de dois carros, a Superintendência decidirá que, por uma só extremida-
de, que mandará marcar por um sinal convencional, seja permitida a entrada de tais
veículos.
Art. 507 - Nenhum escritório ou estabelecimento comercial poderá abrir as
suas portas nos domingos e dias feriados.
Parágrafo Único - Nos dias úteis abrirão essas casas ás 7 horas e fecharão
ás 18, com intervalo para descanso da 11 ás 13. As mercearias, tavernas,
padarias, quiosques, bem assim as tabacarias e as barbearias não anexas
a qualquer outro ramo ou gênero de comércio, poderão abrir as 6 horas
e deverão fechar ás 20.
Art. 508 - Em nenhum escritório ou estabelecimento comercial será permiti-
do trabalhar a portas fechadas em dias ou horas proibidas por este Código, salvo a
hipótese do artigo 515.

278 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Art. 509 - Das prescrições do artigo 507 excetuam-se:
a) Os hotéis, restaurantes, casas de pasto e confeitarias, bem assim os
cafés, bilhares e botequins de primeira classe, não anexos a qualquer
outro ramo ou gênero de comércio, que poderão conservar-se abertos
em qualquer dia até zero hora;
b) Os cafés, bilhares e botequins de seguida e terceira classe, não anexo
a qualquer outro gênero ou ramo de comércio, que poderão igualmente
ficar abertos todos os dias, porém, até as 22 horas;
c) As mercearias, tavernas, padarias e quiosques, que poderão nos dias
feriados e domingos permanecer abertos até as 10 horas.
Parágrafo Único - Exceção feita dos hotéis, restaurantes, casas de pasto e
pensões, nenhum outro dos estabelecimentos comerciais mencionados
nos artigos anteriores poderá abrir suas portas nos dias feriados seguin-
tes: 24 de fevereiro, 5 e 7 de Setembro e 15 de Novembro.
Art. 510 - As farmácias só fecharão nos domingos e nos dias feriados do pará-
grafo antecedente, ficando-lhes facultativo o intervalo para o descanso de que trata
o artigo 507, bem assim conservarem-se abertas, nos dias úteis, até qualquer hora da
noite.
Art. 511 - Por força do artigo anterior duas farmácias serão designadas pelo
médico chefe da 4.ª Seção da Superintendência para fazerem plantão durante os do-
mingos.
Art. 512 - As farmácias que estiverem de plantão ficam obrigadas a aviar o
receituário médico até as 22 horas.
Art. 513 - As farmácias que estiverem em descanso aos domingos, são obriga-
das a colocar numa das portas do estabelecimento um pequeno cartaz com o nome
das farmácias de plantão e da rua em que são situadas.
Art. 514 - As drogarias ficam sujeitas ao fechamento das portas, determinado
aos estabelecimentos comerciais pelo artigo 507.
Art. 515 - Em época de balanço, e exclusivamente para este fim, será permitido
o trabalho em qualquer estabelecimento comercial, depois das 18 horas, não poden-
do porém passar das 23 horas dos dias úteis.
Parágrafo Único - Para o fim deste artigo requererão os interessados a
Superintendência a respectiva licença, que não poderá exceder de 15
dias consecutivos em cada ano.
Art. 516 - Aos infratores dos artigos precedentes será aplicada a multa de
50$000, e do dobro nas reincidências.
Art. 517 - O Superintendente ou qualquer autoridade que tolere ou autorize a
prática de qualquer serviço ou realização de qualquer obra de encontro às disposi-
ções do Código de Posturas, em geral, e, especialmente no que for referente às con-
dições que regulam as obras e construções da cidade, fica responsável pelos prejuízos
que causar ao serviço público ou particular, cabendo-lhe nesses casos entrar para os

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 279
cofres municipais com a importância que, porventura, seja dispensa pela Intendên-
cia na conformidade da Lei, com concertos, etc., do serviço irregular autorizado ou
tolerado.
Art. 518 - Os casos omissos, em geral, neste Código, serão resolvidos pela Su-
perintendência, que terá sempre em vista os recíprocos interesses do Município e dos
munícipes.
Parágrafo Único - A Superintendência, nos casos necessários, consulta-
rá a intendência cuja interpretação prevalecerá como autêntica.
Art. 519 - Ficam revogadas todas as leis e regulamentos e mais disposições
contrárias ao presente Código.
Paço da Intendência Municipal de Manaus, 22 de Outubro de 1920.
Sergio Rodrigues Pessoa.
Publicada a presente lei nesta Secretaria da Intendência Municipal de Manaus,
aos vinte e dois dias do mês de Outubro de mil novecentos e vinte.
O Secretario,
Odaviano Silveira.

Nomenclatura dos estabelecimentos perigosos, insalubres e


incômodos, previstos no artigo 365 deste Código.

DESIGNAÇÃO DAS
INCONVENIENTES CLASSES
INDUSTRIAS

Matadouros públicos Cheiro e alteração das águas 1.ª

Fabricação de fósforos Perigo de explosão ou


1.ª
químicos incêndio
Depósito de estercos e
Cheiro 1.ª
imundícies
Cheiro e emanações
Triparias 1.ª
prejudiciais
Depósitos de tripas e
Cheiro 1.ª
mocotós de animais
Carbonização de
materiais animais em Cheiro 1.ª
geral

Fábricas de pólvora Perigo de explosão das águas 1.ª

280 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Depósito de carne e
miúdo provenientes
Cheiro 1.ª
da matança de
animais

Fábrica de colas Cheiro e alteração das águas 1.ª

Fábrica de couros
Cheiro e perigo de incêndio 1.ª
envernizados
Depósitos de ossos Cheiro e emanações preju-
1.ª
frescos diciais
Oficinas para a com-
bustão de casco, chi-
Cheiro e fumaça 1.ª
fres e outras materiais
animais nas cidades

Fábricas de sebo Cheiro e perigo de incêndio 1.ª

Fábricas de retificação
Perigo de incêndio 2.ª
de álcool
Depósitos químicos
de fósforos em quan-
Perigo de incêndio 2.ª
tidade superior a 25
metros cúbicos

Fábrica de amido Alteração das águas 2.ª

Fábricas de chapéus
de seda e outros
Perigo de incêndio 2.ª
preparados por meio
de verniz
Carbonização de
madeira ao ar livre
em estabelecimentos
Cheiro de fumaça 2.ª
permanentes ou em
outros lugares exceto
nas maltas
Depósitos de couros
Cheiro 2.ª
verdes e peles frescas
Depósitos de leite na
Cheiro 2.ª
cidade

Torração de ossos
Cheiro e perigo de incêndio 2.ª
para adubos

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 281
Carbonização
de madeiras em
vasos abertos com
Cheiro e fumaça 2.ª
desprendimento no ar
dos produtos gasosos
da destilação
Depósitos de peixes
Cheiro incomodo 2.ª
salgados
Refinações e fabricas
Fumaça e cheiro 2.ª
de açúcar
Regeneração da
Perigo de incêndio 2.ª
borracha
Trabalho da borracha
com o emprego de
Cheiro e perigo de incêndio 2.ª
óleos, essências ou de
sulfureto de carbono

Fábricas de salsichas Cheiro 2.ª

Fabricas de sebo, de
Cheiro 2.ª
ossos
Manufatura de taba-
Cheiro e poeira 2.ª
cos

Curtumes Cheiro 2.ª

Gravura química
sobre vidro com apli-
Cheiro e perigo de incêndio 2.ª
cação de vernizes aos
hidro carburetos
Tanoarias em que se
trabalhe em barris e
toneis impregnados Ruído, cheiro e fumaça 2.ª
de matérias gorduro-
sas e putrescíveis

Fabricação de papel Perigo de incêndio 2.ª

Destilações agrícolas
Alteração das águas 3.ª
de álcool
Depósitos químicos
de fósforos em
Perigo de incêndio 3.ª
quantidade de 5 a 25
metros cúbicos

282 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
Fábrica de velas Cheiro e perigo de incêndio 3.ª

Depósitos de tripas
Cheiro 3.ª
salgadas

Cervejarias Cheiro 3.ª

Olarias com fornos não


Fumaça 3.ª
fumivoros

Lavanderias Alteração das águas 3.ª

Fumaça, ruído e alteração de


Lavanderia mecânica 3.ª
águas

Torração de café Cheiro e fumaça 3.ª

Carbonização de madeiras
em vasos abertos com
Cheiro e fumaça 3.ª
combustão dos produtos
gasosos da destilação

Fábricas de velas de sebo Cheiro e perigo de incêndio 3.ª

Fábricas de chapéus de
Cheiro e poeira 3.ª
feltro
Depósito e armazéns de
Perigo de incêndio 3.ª
carvão de madeira
Oficinas de caldeireiro e
Ruído 3.ª
serralheiro

Fábricas de destilação Perigo de incêndio 3.ª

Fábricas de sabão Cheiro e perigo de incêndio 3.ª

Fábricas de louça Fumaça 3.ª

Depósitos de queijos na
Cheiro 3.ª
cidade

Mictórios Cheiro 3.ª

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 283
Depósitos de ossos secos Cheiro 3.ª

Fábricas de algodão Poeira e perigo de incêndio 3.ª

Depósitos de peles secas e


Cheiro 3.ª
salgadas
Preparo e lustragem de
Cheiro e poeira 3.ª
peles

Salgas e preparos de carnes Cheiro 3.ª

Tinturarias Cheiro e alteração das águas 3.ª

Fabricação de alvaiade Emanações prejudiciais 3.ª

Serrarias mecânicas e
estabelecimentos onde se
Perigo de incêndio e
trabalhe em madeira com 3.ª
trepidação
o auxilio de maquinas a
vapor a fogo e elétricas

Oficinas de ferreiro Fumaça e ruído 3.ª

Padarias Fumaça 3.ª

FONTE: Acervo Particular Hideraldo e Francisca Deusa Costa.

284 | 12. Manaus (1920) - Lei nº 1059, de 22 de outubro de 1920: Promulga o Código de Posturas do Município de Manaus
13. Manaus (1938)
Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de
posturas do Município de Manaus

O Agrônomo ANTONIO BOTELHO MAIA, Prefeito Municipal de Manaus,


por nomeação legal, etc.
DECRETA:

CAPÍTULO I - Infrações e penas em geral

Art. 1º - Toda ação ou omissão contrária ao disposto no presente Código de


Posturas Municipais será punida com a multa correspondente à infração e no mesmo
declarada, paga no prazo de quarenta e oito horas.
Art. 2º - A imposição de multas cabe ao diretor de Obras, ao diretor de Higie-
ne, ao diretor de Agricultura e ao diretor de Expediente, Rendas e Contabilidade, ao
qual esteja subordinada a fiscalização respectiva.
Parágrafo 1º - O fiscal ou qualquer funcionário municipal que verifique
alguma infração, lavrará o auto respectivo notificando, in continenti, ao
infrator, em presença de três testemunhas.
Parágrafo 2º - O auto de infração será enviado ao diretor do serviço a
que se relacionar e este, julgando em termos, imporá a multa corres-
pondente à infração cometida, recorrendo ex-ofício para o Secretário,
e mandando, uma vez aprovada a multa, intimar o infrator a recolher
a importância respectiva no prazo da notificação, se o notificado não a
quiser oferecer a depósito para efeito de recurso ao Prefeito.
Parágrafo 3º - A provada a multa e decorrido o prazo para seu recolhi-
mento, será o auto remetido ao Contencioso Fiscal do Município, para
promover o processo de que trata o Capítulo V do L. II, da lei estadual
n. 920, de 1.º de Outubro de 1917.
Parágrafo Único - Se decorridas as quarenta e oito horas após o depósito
para recurso, este não tiver sido interposto, será a respectiva quantia es-
criturada como renda municipal; da mesma forma se procederá quan-
do o Prefeito lhe negar provimento.
Art. 4º - Da importância das multas recolhidas cinquenta por cento ficarão em
depósito para o funcionário que houver autuado o infrator, depois de esgotados os
prazos e atos regulamentares, ou de haver passado em julgado o processo adminis-
trativo.
Art. 5º - A reincidência agrava a pena estabelecida, que será elevada ao dobro.
Art. 6º - São responsáveis pelo pagamento da multa, quando concorrerem para
a infração: I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob seu poder e em sua

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 285
companhia; II – O tutor e o curador pelos tutelados e curatelados que estiverem nas
mesmas condições; III – o empregado ou comitente, inclusive as pessoas jurídicas,
por seus empregados, prepostos e serviçais, no exercício do trabalho que lhes com-
pete; IV – os donos dos hotéis, hospedarias, casas de estalagem e educandários, pelos
hóspedes, moradores e educandos.
Art. 7º - Serão também passíveis de multa:
I - Os que aproveitarem dos resultados da infração cometida por outrem;
II - O dono ou detentor do animal, se não provar: a) que o guardava com o
cuidado preciso; b) que o animal fora provocado por outro de propriedade alheia; c)
que houve imprudência de outrem; d) que a infração resultou de caso de força maior;
III - O morador da casa pela infração proveniente de coisas que dela forem
lançadas à via pública, mesmo que seja por culpa de pessoas estranhas que nela es-
tiverem.
Art. 8º - O infrator de qualquer das disposições deste Código, de quem não
se conheça nome, e residência, será conduzido à repartição central de Polícia, para
verificação de sua individualidade e moradia, afim de que se possa tornar efetiva a
respectiva multa.
Art. 9º - As penas aplicadas, em virtude deste Código, não prejudicarão outro
qualquer procedimento judicial, civil e criminal, a que a infração ou suas consequên-
cias possam dar.
Art. 10º - Aos fiscais e agentes-fiscais cabe, principalmente, velar pelo rigoroso
cumprimento das disposições deste Código, autuando todos os infratores, de acordo
com o parágrafo 1.º do artigo 2.º
Art. 11 - Os fiscais e agentes têm autoridade em todo o Município, exercendo
permanentemente as suas funções onde quer que se encontrem, devendo comunicar
a quem de direito as irregularidades encontradas, considerando-se infração o fato
de alguém recusar a exibição das licenças municipais por elas exigidas, sob pena de
multa de cinquenta mil réis.
Parágrafo Único - No intuito de melhor fiscalizar a abertura e o fecha-
mento dos estabelecimentos comerciais e industriais, o Prefeito poderá
solicitar o concurso da Inspetoria Regional do Ministério do Trabalho,
Industria e Comércio.
Art. 12 - A Fiscalização Municipal poderá requisitar diretamente das auto-
ridades policiais, civis e militares, sempre que se fizer necessário, o auxilio de que
precisar, para o desempenho de suas funções.
Art. 13 - Qualquer infração cometida no interior das casas familiares será, pelo
fiscal, denunciada por escrito à autoridade competente, para que seja providenciado
como no caso couber.
Art. 14 - Todo funcionário municipal é obrigado a avisar por escrito e por in-
termédio do chefe da Diretoria ou Departamento, a Fiscalização, qualquer infração
das Posturas Municipais de que for sabedor.

286 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
CAPÍTULO II - Via pública

Art. 15 - Para os efeitos deste Código, ficam as vias públicas do Município


classificadas nas seguintes categorias:
1ª categoria - Estradas (só na zona rural) largura mínima de seis metros;
2ª categoria - Caminhos (só na zona rural) largura mínima de seis metros;
3ª categori - Passagens (só para construção de casas populares) largura míni-
ma de dois metros;
4ª categoria - Ruas de interesse local ou de caráter exclusivamente residencial,
oito a doze metros;
5ª categoria - Ruas secundárias, doze a dezoito metros;
6ª categoria - Ruas principais, dezoito a vinte e cinco metros;
7ª categoria - Vias de grande comunicação e artérias de luxo, mais de vinte e
cinco metros.
Art. 16 - As ruas das duas últimas categorias devem ser projetadas de modo
tal que nenhum lote fique a distância superior a quatrocentos metros, medida pelo
eixo das vias públicas de duas ruas dessas categorias que se cruzem, salvo o caso de
impossibilidade prática, a juízo da Diretoria de Obras.
Art. 17 - Quando o terreno a arruar tiver superfície igual ou superior a qua-
renta mil metros quadrados, o espaço ocupado por vias de comunicação não poderá
ser inferior a vinte por cento da superfície total do terreno. Deverá, além disso, ser
deixado para espaços livres (praça, jardins, etc.) do domínio público uma área cor-
respondente, pelo menos, a cinco por cento da área na zona urbana, sete por cento na
zona suburbana e dez por cento na zona rural.
Art. 18 - A concessão de licença para abertura de ruas das categorias quarta e
quinta, só será dada se forem estritamente observadas, as seguintes condições:
a) Nas ruas da quarta categoria não será permitida, sob qualquer pre-
texto, a instalação de estabelecimentos comerciais e industriais;
b) Nas de quarta e quinta categorias o comprimento não poderá ser
superior a trinta vezes a largura, findo o qual deverá desembocar em rua
de categoria superior. Pode a Prefeitura, todavia, permitir maior com-
primento nas da quarta categoria, quando se destinarem a receber cons-
truções de um só lado; e nas das categorias quarta e quinta se for veri-
ficada a impossibilidade prática do arruamento dentro da relação aqui
determinada. O comprimento não poderá exceder de quarenta vezes a
largura da rua, salvo licença especial a requerimento do interessado no
qual se justifique a impossibilidade de se conter no limite estabelecido;
c) Nas ruas da quarta categorias deverá haver, ainda dispositivos ade-
quados a facilitar a manobra de veículos, distantes entre si cento e cin-
quenta metros no máximo, salvo se nesse intervalo houver cruzamento

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 287
com qualquer outra rua de largura superior.
Parágrafo Único - Para o efeito da alínea b), serão considerados de sexta
categoria os espaços livres convenientemente amplos, praças, jardins,
etc.
Art. 19 - É permitida, nas ruas de quarta categoria, a formação de espaços
livres sob a forma de reentrância da via pública, desde que a largura da boca seja, no
mínimo, de vinte e cinco metros.
Art. 20 - É permitida a abertura de vielas ligando duas ruas e destinadas ao
trânsito de pedestres, com a largura mínima de quatro metros, mediante condições
expressas de que nenhum lote faça frente para elas.
Parágrafo Único - Toda e qualquer construção levantada nas ruas li-
gadas pelas vielas não poderá vir ao alinhamento destas, do qual deve
distar, no mínimo, quatro metros.
Art. 21 - É igualmente obrigatório, para os que pretendam arruar terrenos ad-
jacentes aos cursos de água, entregar ao domínio público do Município, para a sua
regularização e fácil acesso a qualquer tempo, a faixa longitudinal que para tal fim for
julgada necessária.
Art. 22 - As ruas de sexta e sétima categorias não poderão ter declividades
superiores a seis por cento; para as outras categorias a declividade máxima será de
oito por cento.
Parágrafo Único - Nas ruas de quarta categoria poderá ser admitida, à
vista de fundamentadas razões e a juízo da Diretoria de Obras, declivi-
dade superior a estabelecida no presente artigo. Para este caso o máxi-
mo admissível será de dez por cento.
Art. 23 - A parte carroçável das ruas terá em regra três quintos da largura total
e cada passeio um quinto da mesma largura. A declividade normal dos passeios será
de quatro por cento.
Parágrafo Único - No cruzamento de ruas de declividade muito diferen-
te, será permitida a declividade transversal de três por cento, no máxi-
mo, em pequena extensão, para facilitar a concordância dos leitos.

Alinhamento e nivelamento das vias públicas

Art. 24 - As ruas, avenidas, praças, etc. deverão ser alinhadas e niveladas e de-
terminados os alinhamentos e nivelamentos por meio de estacas e marcos.
Parágrafo 1º - Os marcos constarão de uma hástia de ferro de seção
circular revestida de um bloco de concreto de vinte por vinte e por cin-
quenta centímetros e colocados nos alinhamentos e nos pontos em que
haja mudança de direção. Os marcos de nivelamento serão colocados
nos eixos das ruas, nos pontos de mudança de declividade.
Parágrafo 2º - Quando, por qualquer circunstância, os marcos não pu-

288 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
derem assentar sobre o terreno, serão amarrados topograficamente, em
posição e altitude à referência firme.
Art. 25 - Quando houver necessidade de modificação do nivelamento de uma
via pública, a Diretoria de Obras levantará o novo plano e, de acordo com ele, será
dado novo nivelamento.
Art. 26 - Toda rua, avenida, praça, etc. terá o seu plano geral de alinhamento
regulando a direção e o nivelamento respectivo.
Art. 27 - As vias públicas e os espaços livres da capital serão convenientemente
arborizados e ajardinados por conta da Municipalidade.
Art. 28 - Os serviços de arborização e ajardinagem serão feitos pela Diretoria
de Agricultura.
Art. 29 - A arborização e o ajardinamento dos logradouros públicos serão fei-
tos de acordo com o plano previamente organizado, mediante parecer do Consultor
Técnico.
Art. 30 - Nas ruas em que não houver obrigatoriedade de recuo das constru-
ções, a arborização só será feita quando tais ruas tiverem passeio de três metros de
largura, no mínimo, quando houver recuo obrigatório, a arborização poderá ser feita,
desde que as ruas tenham, pelo menos, doze metros de largura.
Parágrafo 1º - A distância de aresta externa das bordaduras será de se-
tenta e cinco centímetros.
Parágrafo 2º - A distância entre árvores será de oito a doze metros, con-
forme a espécie adotada.
Art. 31 - Não serão arborizados os lados sombreados das ruas de menos de
vinte metros de largura que tenham a sua direção nas proximidades da linha N. S.
Art. 32 - Nas árvores não poderão ser afixados fios, anúncios, cartazes, etc.
Art. 33 - É atribuição exclusiva da Diretoria de Agricultura, poder cortar ou
derrubar as árvores da arborização pública, salvo quando esse serviço for feito por
contrato.
Art. 34 - Quando se tornar absolutamente imprescindível, em virtude do re-
querimento de particular, poderá ser feita, a juízo da Prefeitura, a remoção ou o sa-
crifício de árvores, mediante indenização de duzentos mil réis a um conto de réis,
por árvore.
Parágrafo Único - Afim de não ser prejudicada a arborização do logra-
douro, tal remoção importará no imediato plantio da mesma ou nova
árvore em ponto cujo afastamento seja o menor possível da antiga po-
sição.

Descarga de material na via pública

Art. 35 - Nenhum material poderá permanecer nas vias públicas senão o tem-
po necessário para a sua descarga e remoção, sob pena de multa de vinte mil réis.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 289
Postes telegráficos, telefônicos, de iluminação e força, avisadores de incêndio e
de polícia, caixas postais, balança, etc.
Art. 36 - Os potes telegráficos, telefônicos, de iluminação e força, as caixas pos-
tais, os avisadores de incêndio e de polícia e as balanças para passagem de veículos, só
poderão ser colocados nos logradouros públicos mediante autorização da Prefeitura,
que indicará o local para a respectiva instalação.

Colunas ou suportes de anúncios, caixas de papéis usados e bancos nas pra-


ças e ruas

Art. 37 - As colunas e suportes de anúncios, as caixas de papéis usados e os


bancos nos logradouros públicos somente serão instalados depois de aprovados pela
Prefeitura os respectivos projetos e a sua localização.

Bancas de jornaleiros

Art. 38 - A colocação de bancas para a venda de jornais e revistas será permi-


tida sob a condição de serem de tipo aprovado pela Prefeitura, ocupando exclusiva-
mente os lugares previamente determinados.
Parágrafo Único - O pedido de licença será acompanhado de desenhos
em escala conveniente, dos quais conste também a planta do local.

Mesas e cadeiras

Art. 39 - No exterior dos estabelecimentos comerciais será tolerada a coloca-


ção de mesas e cadeiras, sob as seguintes condições:
a) Dispostas em passeios de largura conveniente;
b) Não excederem a linha média dos passeios;
c) Deixarem as mesas, entre si, um espaço de um metro e meio, pelo
menos.
Parágrafo Único - O pedido de licença será acompanhado de uma plan-
ta ou croquis cotado, indicado a testada da casa comercial, a largura do
passeio, o número e disposição das mesas e cadeiras.

Coretos

Art. 40 - Poderão ser armados, nas avenidas e logradouros públicos, coretos


para festividades religiosas, cívicas ou de caráter popular, sob as seguintes condições:
a) Terem a sua localização e tipo aprovados pela Prefeitura;
b) Não trazerem inconveniências para o trânsito público;
c) Não prejudicarem o calçamento nem o escoamento das águas plu-

290 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
viais, correndo por conta dos responsáveis pelos festejos a indenização
de quaisquer estragos porventura verificados;
d) Serem providos de instalação elétrica para sua iluminação.
Parágrafo 1º - Os coretos deverão ser removidos dentro de vinte e qua-
tro horas após o encerramento dos festejos.
Parágrafo 2º - Não sendo cumprido o que preceitua o parágrafo ante-
rior, a Prefeitura fará remover os coretos para um dos seus depósitos,
correndo as despesas por conta do responsável.

Tapumes

Art. 41 - Nenhuma obra ou demolição poderá ser feita no alinhamento das


vias públicas, sem que haja em toda a frente um tapume provisório.
Parágrafo 1º - A faixa compreendida pelo tapume não terá largura supe-
rior à metade da largura do passeio, nem excederá de dois metros, salvo
nos casos especiais, mediante licença da Prefeitura.
Parágrafo 2º - Quanto os tapumes forem construídos nas esquinas dos
logradouros, as placas de nomenclatura, as placas indicadoras de trânsi-
to de veículos e outras de interesse público serão neles afixadas.
Parágrafo 3º - Serão dispensados os tapumes:
a) Nas construções ou reparos de muros, ou gradís, até dois metros de
altura;
b) Quando forem empregados andaimes suspensos, convenientemente
protegidos como determina este Código.

Andaimes

Art. 42 - Os andaimes deverão satisfazer as seguintes condições:


a) Perfeitas condições segurança;
b) Limites máximo de dois metros de largura, sem contudo exceder a
largura do passeio;
c) Proteção das árvores, dos aparelhos de iluminação pública, etc.;
d) Licença prévia da Prefeitura.
Art. 43 - Os andaimes armados com cavaletes ou escadas, além das condições
estabelecidas no artigo anterior, só serão utilizados em pequenos serviços até a altura
de cinco metros, e de modo tal que, por meio de travessas, fique impedido o trânsito
público, por baixo deles.
Art. 44 - Os andaimes suspensos, além de satisfazerem todas as condições es-
tabelecidas para os outros tipos de andaimes que lhes forem aplicadas atenderão mais
as seguintes:
I - Não ter largura maior que a do passeio e menor que um metro:

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 291
II - Ter fechamento perfeito em todas as faces, inclusive na inferior para evitar
a queda de materiais e a propagação de pó.
Art. 45 - O emprego de andaimes suspensos por cabos é permitido nas seguin-
tes condições:
a) Não descer o passadiço a altura inferior a dois metros e meio acima
do passeio;
b) Ter o passadiço a largura de um metro, pelo menos, e dois metros no
máximo, sem que seja, entretanto, excedida a largura do passeio;
c) Ter o passadiço uma resistência correspondente a setecentos quilos
por metro quadrado;
d) Ser o passadiços dotado de proteção em todas as faces livres, para
segurança dos operários;
e) Ser o passadiço vedado lateralmente por meio de um tapamento
inclinado de quarenta e cinco graus para fora, e de baixo para cima,
devendo ter esse tapamento a altura máxima de metro e meio e formar
com o soalho do passadiço uma caixa de proteção, com três metros de
boca, pelo menos;
Art. 46 - Nos logradouros de muito trânsito e nos que tiverem passeios de
largura inferior a metro e meio, a ocupação do passeio com andaimes só poderá ter
lugar até que a construção atinja a altura de três metros, devendo em seguida ser o
passeio desembaraçado.
Art. 47 - O andaime deverá ser retirado quando se verificar a paralisação da
obra por mais de sessenta dias.

Anúncios

Art. 48 - Para os fins do presente Código, são considerados anúncios: as indi-


cações por meio de inscrições em tabuletas, cartazes, painéis e letreiros, referentes
a estabelecimentos comerciais, industriais, profissionais, escritórios, consultórios,
gabinetes, casas de diversões, etc., desde que sejam colocados em lugar externo no
próprio edifício em que o negócio, indústria ou profissão é exercido.
Art. 49 - Os anúncios, em quaisquer de suas modalidades, processos ou enge-
nhos, ficam sujeitos a aprovação da Prefeitura.
Art. 50 - O requerimento de licença para colocação de anúncios de qualquer
natureza, deverá mencionar.
a) O ponto de colocação;
b) Natureza do material de sua confecção;
c) Dimensões;
d) Teor dos dizeres
Art. 51 - Será permitida a colocação de anúncios na fachada dos edifícios,
desde que sejam dispostos de modo a não interromperem linhas acentuadas pela

292 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
alvenaria ou pelo revestimento, como ornatos, molduras, pilastras, ombreiras, etc., e
não encobrirem placas de numeração ou nomenclatura dos logradouros.
Art. 52 - Será também permitida a colocação de anúncios:
a) Nas balaustradas, grades ou saliências dos balcões e sacadas dos edi-
fícios, desde que sejam construídos com letras vasadas, isoladamente
modeladas, fundidas ou esculpidas e aplicadas diretamente sobre os re-
feridos elementos das fachadas;
b) Sobre vitrines, mostruários, bambinelas de toldos e abas de marqui-
ses;
c) Dispostos perpendicularmente ou com inclinação sobre as fachadas
de edifícios ou seus acessórios e sobre o paramento dos muros situados
no alinhamento da via pública, desde que sejam luminosos ou ilumina-
dos, qualquer que seja a modalidade;
d) Sobre muros de terrenos baldios, quando construídos por pintura,
mural ou revestimento adequados;
e) No interior de terrenos baldios, desde que os respectivos anúncios
constituam painéis emoldurados, colocados sobre postes aparelhados
ou pintados e que distem, no mínimo, um metro da via pública;
f) Em tapumes de obras em andamento;
g) Em mesas, cadeiras, ou bancas, cuja colocação nos passeios dos lo-
gradouros públicos tenha sido autorizada.
h) No interior das casas comerciais;
i) No interior das casas de diversões.
Art. 53 - Os anúncios de caráter provisório colocados ainda que um só dia,
a frente dos edifícios sejam de que natureza forem, dependem de prévia licença da
Prefeitura.
Art. 54 - Na parte externa das casas de diversões será permitida a colocação
de programas e cartazes, desde que esses se refiram às diversões nelas exploradas e
aplicadas em local apropriado.
Art. 55 - Os anúncios luminosos, com saliência sobre o plano da fachada, serão
permitidos quando satisfizerem as demais condições que lhes forem exigidas neste
Código e não fiquem instalados em altura inferior a dois metros e oitenta centímetros
do passeio, nem possuam balanço que exceda a um metro e vinte centímetros, quan-
do aplicados ao pavimento térreo, Essa saliência poderá ser aumentada de mais de
trinta centímetros por pavimento, quando instalada em pavimento superior. É limite
forçado para qualquer saliência luminosa a largura do passeio, não sendo, entretanto,
permitida a saliência com balanço superior a três metros.
Art. 56 - Os anúncios luminosos, artisticamente executados de forma a se har-
monizarem com as linhas das fachadas, serão permitidos se, por sua colocação, não
prejudicarem o efeito estético das mesmas e as condições de luz e ventilação das pe-
ças da edificação, a juízo da Prefeitura. A intensidade de luz dos anúncios luminosos

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 293
e a direção de seus raios deverão ser tais que não venham ofuscar a vista dos pedes-
tres nem dos condutores de veículos.
Art. 57 - É expressamente proibida a colocação de anúncios:
a) Que obstruam, interceptem ou reduzam os vãos de portas, janelas
ou suas bandeiras;
b) Que pela sua multiplicidade, proporções ou disposições possam pre-
judicar o aspecto das fachadas;
c) Que sejam escritos em português correto;
d) Que não estejam escritos em português correto
e) Nos terrenos baldios da zona comercial;
f) Quando sua colocação venha a perturbar a perspectiva ou depreciar
de qualquer modo o panorama;
g) Em ou sobre gradis de parques ou jardins
h) Na pavimentação ou meios fios dos logradouros públicos e bem as-
sim nos cais ou balaustradas
i) Quando sejam escandalosos na linguagem ou alegorias, ou conte-
nham dizeres ofensivos á moral ou façam referências desfavoráveis a
indivíduos, instituições ou crenças religiosas;
Art. 58 - Quaisquer infrações aos preceitos estabelecidos para a colocação de
anúncios, além de multa de cem mil réis, aqui fixada para essas infrações poderá a
Prefeitura fazer remover para um dos seus depósitos os respectivos anúncios, sem
direito a qualquer reclamação por parte do infrator, cobrando a Municipalidade, até
mesmo judicialmente as despesas com essa remoção, caso não seja indenizada dentro
do prazo marcado por intimação.

Mastros

Art. 59 - Será permitida a colocação de mastros nas fachadas dos edifícios, sem
prejuízo da estética dos prédios e da segurança dos transeuntes, mediante licença da
Prefeitura.

Denominação dos logradouros públicos e numeração dos imóveis

Art. 60 - O serviço de emplacamento dos logradouros públicos será feito pela


Diretoria de Obras.
Art. 61 - Logo que tenha sido dada denominação a uma via ou logradouro
público, serão colocadas, por conta da Municipalidade, as placas respectivas.
Parágrafo 1º - Nas ruas, as placas serão colocadas nos cruzamentos,
duas em cada rua, uma em cada lado, obedecendo a direção do trânsito,
no prédio de esquina ou , na sua falta, em poste colocado no terreno de
esquina.
Parágrafo 2º - nas praças, as placas serão colocadas a direita da direção

294 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
de seu trânsito e nos prédios ou terrenos de esquina com outras vias
públicas.
Art. 62 - As placas de nomenclatura serão de ferro fundido, de fundo azul es-
curo, com letras brancas em relevo, medindo quarenta centímetros de comprimento
por vinte e cinco centímetros de altura.
Art. 63 - Para denominação das vias e logradouros públicos serão dados, de
preferência, nomes que se relacionem com fatos da cidade ou da história pátria.
Parágrafo Único - Fica expressamente vedado dar-se às vias públicas
nomes de pessoas vivas.

Numeração dos imóveis

Art. 64 - A numeração das casas, também a cargo da Diretoria de Obras, obe-


decerá a direção ocidental oriental, meridional setentrional, ficando o lado direito
da rua com a numeração par e o esquerdo com a ímpar. Esta numeração partirá do
início ocidental e meridional e obedecerá a metragem da rua.
Art. 65 - Os muros e cercas também serão numerados de acordo com o pre-
sente Código;
Art. 66 - Os proprietários de imóveis pagarão as taxas estabelecidas em lei,
pelas placas colocas.

Das demolições

Art. 67 - Nenhuma demolição pode ser feita no limite das vias públicas sem
prévio requerimento à Prefeitura, que expedirá a necessária licença, pagos os emolu-
mentos devidos pelo tapume ou andaime.
Art. 68 - Qualquer construção que ameaçar ruína ou constitua perigo aos tran-
seuntes será demolida, no todo ou em parte, pelo proprietário ou pela Prefeitura,
correndo as despesas por conta daquele.
Art. 69 - Verificada a ameaça de ruína, mediante vistoria da Diretoria de Obras,
será o proprietário intimado a fazer a demolição, ou sendo possível, os necessários
reparos, no prazo que lhe for marcado.
Parágrafo Único - Se findo esse prazo, não tiver sido cumprida a intima-
ção, as obras serão executadas pela Prefeitura, por conta do proprietá-
rio, o qual incorrerá em multa de cem mil réis. As obras referidas serão
executadas após as providências judiciais.
Art. 70 - Nas demolições serão empregados os meios adequados para evitar
que a poeira incomode os transeuntes competindo ao proprietário a limpeza do leito
da rua em frente a demolição.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 295
Das águas pluviais

Art. 71 - O terreno circundante de qualquer edificação será convenientemente


preparado para permitir o escoamento das águas pluviais.
Art. 72 - Em todos os edifícios, construídos nos alinhamentos de vias públicas,
as águas pluviais dos telhados, balcões e eirados nas fachadas sobre as ruas, serão
convenientemente canalizadas, por algerozes e condutores.
Parágrafo Único - Os condutores, nas fachadas sobre as vias públicas,
serão embutidos nas paredes, salvo se forem construídos de ferro fundi-
do ou de material de resistência equivalente.
Art. 73 - A seção de vazão dos algerozes e condutores será proporcional à su-
perfície do telhado. A cada cinquenta metros quadrados de telhado deverá corres-
ponder, no mínimo, um condutor de setenta e dois centímetros quadrados de seção
de vazão.
Art. 74 - As águas pluviais serão canalizados por baixo dos passeios até as sar-
jetas, não sendo permitida a abertura dos muros.
Art. 75 - Os lotes em declive só poderão extravasar águas pluviais pelos lotes
a jusante quando não seja possível o encaminhamento das mesmas, por baixo dos
passeios para as sarjetas;
Parágrafo Único - Os proprietários de tais lotes deverão fazer neles va-
letas ou sarjetas de material impermeável, ligadas as manilhas que con-
duzirão as águas por baixo dos passeios até as sarjetas das vias públicas.

Construção e conservação de passeios

Art. 76 - Nas ruas e avenidas a serem calçados, cada passeio terá um quinto da
largura total da via pública, até o máximo de seis metros.
Art. 77 - Os passeios construídos nas vias públicas deverão preencher as se-
guintes condições:
a) Longitudinalmente devem ser paralelos ao eixo da via pública;
b) Transversalmente devem ter a inclinação de um a quatro por cento;
c) Devem ser guarnecidos de meio-fio de pedra, granito, gueiss ou con-
creto;
d) A face externa lateral do meio-fio deve ficar aprumada e paralela ao
alinhamento da via pública. Nas esquinas de duas vias públicas que se
cruzem em ângulo reto, os alinhamentos dos meios-fios serão concor-
dados por um arco de cículo de dois metros de raio;
e) Nas esquinas, porém, de duas vias públicas que se cruzem em ângulo
agudo, o canto do passeio deve ser chanfrado paralelamente as faces do
prédio ou muero e concordados os ângulos dos chanfrados com raios de
dois metros.

296 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 78 - O calçamento dos passeios, a escolha dos proprietários, será dos se-
guintes tipos:
I - Chapa de cimento, sobre base de concreto;
II - Mosaico, tipo português, sobre base de concreto;
III - Ladrilhos ou pedras plásticas, sobre base de concreto;
IV - Lages de pedra, em aproveitamento dos já existentes.
Art. 79 - Quando os proprietários de lotes situados em ruas já calçadas, depois
de notificados pela imprensa ou por memorandum, deixarem de iniciar a construção
dos passeios a que estejam obrigados, no prazo de quinze dias, poderá a Prefeitura, à
custa deles, executar os serviços, além da multa de cem mil réis.
Parágrafo Único - Neste caso, depois de construído o passeio, as impor-
tâncias respectivas serão inscritas na Dívida Ativa, enviando-se ao Dr.
Procurador Fiscal para a cobrança executiva, as certidões respectivas.
Art. 80 - A conservação dos passeios cabe aos proprietários.
Art. 81 - As rampas por fazer nos passeios dos logradouros públicos, destina-
dos à entrada de veículos, só poderão interessar o meio-fio.
Art. 82 - É expressamente proibida a colocação de quaisquer degraus, cunhas
ou outros objetos nas sarjetas para facilitar o acesso dos veículos.
Art. 83 - A parte do passeio correspondente as rampas deve ser construída de
forma a suportar o tráfego dos veículos.
Art. 84 - A construção de rampas nos passeios só será permitida quando dela
não resulte dano para a arborização pública.

CAPÍTULO III - Das definições

Art. 85 - Para todos os efeitos do presente Código, devem ser admitidas as


seguintes definições:
Acréscimo - É o aumento de uma construção, quer no sentido horizontal, quer
no vertical formando novos compartimentos ou ampliando compartimentos exis-
tentes.
Alinhamento - É a linha projetada e locada pelas autoridades municipais, para
marcar o limite entre o lote de terreno e o logradouro público.
Altura de uma fachada - É a distância vertical medida ao meio de uma fachada
compreendida entre o nível do meio-fio e a linha horizontal mais alta da mesma fa-
chada, subtraindo-se os pequenos ornatos colocados na parte superior.
Área - É o espaço livre e desembaraçado em toda a sua altura e extende-se em
toda a largura do lote, de divisa lateral:
a) Área de frente é a que se acha entre o alinhamento da via pública e a
fachada da frente do edifício;
b) Área do fundo é a que se acha entre a divisa do fundo do lote e a
divisa posterior externa do edifício;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 297
c) Área comum é a área interior que serve a dois ou mais prédios;
d) Área lateral é a área que fica entre as paredes do edifício e as divisas
laterais do lote; se esta área se estender sem interrupção da frente ao
fundo do lote, chamar-se-á área lateral de passagem;
e) Área interior é a área fechada, em todo o seu pavimento, por paredes
do edifício;
f) Área de divisa é a área fechada, em todo o seu pavimento, realizado
o fechamento, em parte, por paredes do edifício, e, em parte, por divisa
ou divisas do lote;
g) Área exterior é a área cujo pavimento é aberto em parte, sendo fe-
chado, pelo menos, em dois dos seus lados, por paredes do edifício.
Uma área exterior será:
a) Lateral;
b) De frente ou fundo, conforme a sua situação
Habitação - É o edifício ou a fração do edifício ocupado como moradia de uma
ou mais pessoas:
a) Habitação particular é a ocupada por uma só família: Família é o
indivíduo morando só, ou um grupo de pessoas vivendo em comunhão;
b) Habitação múltipla é a ocupada por mais de uma família. Na habi-
tação particular distingue-se duas classes: habitação “popular” e habita-
ção “residencial”, conforme o número e dimensões das peças de habita-
ção. Habitação “popular” é toda aquela que dispõe, no mínimo, de um
aposento, de uma cozinha e de compartimento para latrina e banheiro
e, no máximo, de duas salas, três aposentos, cozinha, copa, dispensa e
compartimento para latrina e banheiro. Habitação “residencial” é toda
aquela que dispondo de qualquer número de peças exceda aos limites
máximos impostos para o das habitações “populares”. Na habitação
múltipla, distinguem-se duas classes: “apartamentos” e “hotéis”, confor-
me a natureza, número e dimensões das peças.
Calçada de um prédio - É o revestimento do terreno junto as paredes do pré-
dio, com material impermeável e resistente.
Consertos de um edifício - São as obras de substituição de partes inutilizadas
da cobertura, forros, paredes divisórias, piso, escadas e esquadrias desde que tais
obras não excedam a metade (1/2) de todo o elemento correspondente, em cada
compartimento, onde devem ser executados. Tal expressão compreende também as
obras de substituição completa de revestimento das paredes internas e externas e
ainda a substituição de revestimento das fachadas e paredes mestras, até o limite má-
ximo de um quarto (1/4) da superfície respectiva.
Construir - É, de modo geral, realizar qualquer obra nova, edifício, ponte, via-
dutos, muralhas muro, etc.
Elementos geométricos essenciais - São os elementos de uma construção sub-

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metidos pelo presente Código a limites indicados com precisão.
Embasamento - É a parte do edifício de altura variável situado acima do nível
do terreno circundante e abaixo do nível do piso do pavimento mais baixo, podendo
ser livre ou aterrado.
Entrada - É o átrio, vestíbulo, corredor ou passagem.
Estalagem - Estância ou Cortiço - É o conjunto de duas ou mais habitações
populares construídas anteriormente a data desta Lei, em desacordo com as suas de-
terminações, comunicando com o logradouro por meio de uma ou mais entradas
comuns e tendo acesso por pátio, passagem ou corredor e não havendo em cada
habitação compartimento com instalações primitivas de latrina, cozinha e banheiro.
Frente do lote - É o alinhamento que separa o lote da via pública.
Lote do fundo - É o lado oposto à frente. No caso de lote triângulo contíguo à
via pública.
Insolação - É a exposição a ação direta dos raios solares.
Loja - É o rés do chão, quando destinado a comércio, indústria, etc.
Lote - É a porção de terreno situado ao lado de uma via pública descrita e
assegurada por título de propriedade. Não estando no alinhamento da via pública,
receberá o nome de lote interior.
Via pública - É toda a parte da superfície de uma cidade destinada ao trânsito
público, oficialmente reconhecida e designada por um nome, de acordo, com a legis-
lação em vigor.
Modificação de um prédio - É o conjunto de obras destinadas a alterar visões
internas, a deslocar, abrir, aumentar, reduzir ou suprimir vãos ou dar nova forma a
fachada.
Parte carroçável de uma via pública - É a parte destinada ao movimento de
veículos.
Passeio de uma via pública - É a parte das vias públicas destinadas ao trânsito
de pedestre.
Passeio de um prédio - É a parte do terreno situado junto as paredes do prédio
e dotada de calçamento.
Pavimento - É casa de um dos andares de um edifício.
Pé direito - É a distância vertical entre o piso e o forro de um compartimento.
Se este tiver forro próprio, a distância será contada até a face inferior do –lgamento.
Porão - É a parte do edifício que tem o piso em todo o seu perímetro ou parte
deste, em nível inferior ao do terreno circundante.
Pequenos consertos - São as obras de substituição de forro, piso, revestimento
e esquadrias, desde que não excedam a um quarto do elemento, correspondente em
cada compartimento.
Profundidade do lote - É a distância entre a frente e a divisa oposta media
segundo uma linha normal a frente. Se a forma do lote for irregular, avalia-se a pro-
fundidade média.
Prédio térreo - É o que se compõe de um só pavimento sobre embasamento

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 299
inferior a meio metro (0, 50).
Prédio de sobrado - É o que tem pavimento acima do andar térreo
Reconstruir - É fazer de novo, no mesmo lugar, como dantes estava, mais ou
menos na primitva forma, qualquer construção no todo ou em parte.
Reforma de um edifício - É o conjunto de obras caracterizadas na definição de
consertos, feitas, porém, além dos limites ali estabelecidos
Restaurar - É reconstruir exatamente como a primeira forma.
Rés do chão - É o pavimento que tem o piso ao nível do terreno em frente à
fachada principal, ou no máximo, a vinte centímetros acima dele.
Sobrelojas - É o pavimento de pé direito reduzido, não inferior a dois metros
e cinquenta centímetros (2,50), e situado imediatamente acima da loja, ou acima do
pavimento térreo.
Sótão, água-furtada, mansarda - É a parte do edifício cujo piso deve estar aci-
ma do mais alto pavimento e que abranja, pelo menos, parte do espaço compreendi-
do pela cobertura, não podendo ter pé direito menor de dois metros.
Testada ou frente - É a linha que separa o logradouro público da propriedade
particular em que coincide com o alinhamento.
Vila - É o conjunto de habitações isoladas em edifícios separados ou não dis-
postos a formarem ruas ou praças interiores sem caráter de logradouro público. Uma
vila pode ter uma ou mais entrada para logradouro públicos.
Vistoria administrativa - É a diligência efetuada por ordem da Prefeitura, ten-
do por fim examinar uma construção para fins regulamentares.

Das licenças

Art. 86 - Nenhuma construção, reconstrução ou demolição de obras se fará na


capital sem prévia licença da Prefeitura e sem que sejam observadas as disposições
do presente Código.
Art. 87 - A licença para qualquer construção ou suas dependências, muros,
grades, balaustradas, etc., dependem de aprovação prévia da Prefeitura, dos planos e
projetos das respectivas obras.
Art. 88 - Aprovado o projeto, não poderá este sofrer modificação alguma sem
autorização da Prefeitura.
Art. 89 - São isentos de licença:
I - Os pequenos consertos.
II - As construções de muros divisórias
Art. 90 - A isenção de que trata o artigo anterior não desobriga a comunicação
a Prefeitura e é obrigatório o pedido de licença para os demais serviços que pagam
as taxas da lei.
Art. 91 - A execução das obras, em virtude de intimação da Prefeitura, não
isenta de observância das disposições deste Código.

300 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Arquitetos e construtores

Art. 92 - Haverá na Prefeitura um livro especial para registro de profissionais,


firmas ou empresas idôneas, legalmente habilitados à feitura ou apresentação de pro-
jetos de construção e à execução de obras públicas ou particulares.
Art. 93 - A inscrição nesse registro será concedida pelo Prefeito, mediante re-
querimento do interessado e apresentação dos documentos legais de habilitação.
Art. 94 - Os engenheiros civis, arquitetos e agrônomos deverão apresentar os
seus diplomas devidamente registrados nos Ministérios competentes, para efeito do
que dispõe o artigo anterior.
Art. 95 - Esse registro será permanente e os inscritos serão designados: Cons-
trutores de primeira classe e construtores de segunda classe.
Art. 96 - Consideram-se construtores de primeira classe os profissionais de
que trata o artigo 94, e que exibirem carteira profissional, de acordo com o decreto n.
23.569, de 11 de Dezembro de 1933, do Governo Federal.
Art. 97 - Consideram-se construtores de segunda classe os que tiverem um ano
de prática satisfatória, nesta Capital, ou que forem aprovados no exame para esse fim
instituído pela Prefeitura.
Art. 98 - O exame de que trata o artigo anterior será prestado perante uma
comissão composta do diretor de Obras, como presidente, subdiretor de Obras, As-
sistente técnico e um profissional diplomado e registrado.
Parágrafo Único - O exame constará de três provas, escolhidas pela co-
missão e versará, principalmente, sobre a prática da habilitação reque-
rida, do que se lavará um termo aprovando ou reprovando o candidato.
Art. 99 - As firmas ou empresas técnicas deverão apresentar, pelo menos, um
profissional responsável pelos seus serviços, o qual assinará um termo de responsa-
bilidade na Prefeitura.
Art. 100 - Os construtores de segunda classe servirão apenas como adminis-
tradores das obras, sujeitos, porém, à fiscalização do construtor de primeira classe
que subscrever as plantas, planos, etc. da construção.
Art. 101 - Só poderão ser submetidos ao julgamento da Diretoria de Obras os
estudos, plantas, projetos, laudos e quaisquer outros trabalhos referentes a constru-
ções ou obras de engenharia de que forem autores profissionais inscritos na Prefeitu-
ra, na categoria de primeira classe.
Art. 102 - É garantido o exercício de suas funções, dentro do limite de suas
respectivas licenças, aos arquitetos construtores e construtores que, embora não di-
plomados, apresentarem as respectivas licenças visadas pelo Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura.
Art. 103 - Enquanto durarem as construções, de qualquer natureza, é obriga-
tória a afixação de uma placa, em lugar visível ao público, contendo perfeitamente
legível o nome ou firma de profissional legalmente responsável pelos trabalhos.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 301
Projetos

Art. 104 - O requerimento de licença para construção ou obras será instruído


com o projeto e plantas organizados e apresentados de conformidade com os artigos
que se seguem.
Art. 105 - O projeto relativo a qualquer obra de construção, reconstrução,
acréscimo e modificação do edifício, constará, conforme a natureza da obra a execu-
tar, das seguintes peças em duas vias, uma das quais em tela:
a) Planta de cada um dos pavimentos que comportar o edifício. Nessas plantas
serão indicados os destinos de cada compartimento e as suas dimensões;
b) Elevação da fachada ou fachadas voltadas para as vias públicas.
c) Planta da locação contendo:
I - Posição do edifício a construir em relação as linhas limítrofes.
II - Orientação.
III - Localização das partes dos prédios vizinhos construídos sobre as divisas
do lote.
IV - Perfil longitudinal e transversal do terreno em posição média, sempre que
este não for em nível, tomando como R. N. o nível existente do eixo da rua.
d) Cortes transversal e longitudinal do edifício a construir
e) Titulo de propriedade.
f) Elevação de gradil ou muro de fêcho.
Art. 106 - Cabe a Prefeitura o direito de fiscalizar as indicações dos destinos
das obras em conjunto e em seus elementos componentes, rejeitando aqueles que
forem julgados inadequados ou inconvenientes, sob os pontos de vista da segurança,
da higiene, salubridade e da estética da habitação.
Art. 107 - As escalas mínimas serão de 1.000.000, para as plantas do edifício;
1.500.00, para os cortes, fachadas e gradis; 1.200.000, para a planta de locação e perfil
do terreno e 1.500, para a planta da situação.
Art. 108 - A escala não dispensa o emprego de cota para indicar as dimensões
dos diversos compartimentos, pés direitos e posição das linhas limítrofes.
Art. 109 - Nos projetos de acréscimo, reforma ou reconstrução serão repre-
sentados:
a) A tinta preta, as partes conservadas;
b) A tinta vermelha, as partes novas ou a remover;
c) A tinta amarela, as partes a demolir;
d) A tinta azul, os elementos construtivos em ferro ou aço.
e) A tinta terra de siena, as partes de madeira.
Art. 110 - Todas as folhas dos projetos serão autenticadas com a assinatura do
proprietário, do autor do projeto e do responsável pela execução da obra.
Art. 111 - A responsabilidade do construtor, perante a Prefeitura, terá início na
data de sua assinatura nas plantas submetidas a aprovação.

302 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 112 - Se os projetos não estiverem completos ou apresentarem apenas pe-
quenas inexatidões ou equívocos, o interessado será chamado para esclarecimentos.
Se findo o prazo de oito dias úteis não forem prestados os esclarecimentos e satisfeitas
as exigências legais, será o requerimento indeferido.
Art. 113 - As retificações serão feitas de modo que não haja emendas nem
rasuras.
Art. 114 - O prazo máximo para a aprovação dos projetos é de vinte dias úteis,
a contar da data da entrada do requerimento no protocolo ou da última chamada
para esclarecimentos.
Art. 115 - Um dos exemplares do projeto aprovado será entregue ao interes-
sado que, com o alvará e o recibo de emolumentos, deverá estar sempre no local das
obras, a fim de ser examinado pelas autoridade encarregadas da fiscalização.
Art. 116 - Os alvarás de construção prescrevem no prazo de dois anos.

Do alinhamento e nivelamento

Art. 117 - O alinhamento e o nivelamento para construção serão dados pela


Diretoria de Obras, mediante requerimento do interessado ao Prefeito.
Parágrafo 1º - O funcionário da Diretoria de Obras marcará o local por
meio de piquetes ou pelo menos em R. N. (referencial de nível) e ano-
tará tais pontos em croquis, com todas as indicações necessárias a lápis,
tinta e cópia a carbono.
Parágrafo 2º - A cópia a carbono desse croquis será entregue com o al-
vará de alinhamento, ao interessado, mediante recibo.
Art. 118 - Concedido o alvará de alinhamento, nenhuma construção, na zona
urbana, será iniciada sem que o interessado tenha assentado os meios-fios corres-
pondentes à testada do terreno.
Art. 119 - Colocado o meio-fio, o construtor comunicará o fato ao diretor de
Obras que, dentro de vinte e quatro horas úteis, mandará verificar se as notas de ali-
nhamento e nivelamento foram observadas.
Art. 120 - A inobservância das formalidades previstas nos artigos anteriores
será motivo de multa de cinquenta mil réis, e de embargo no caso de erro da cons-
trução.
Art. 121 - O construtor deverá ter no local, durante a construção, o alvará de
alinhamento e de nivelamento que só vigorará por seis meses quando não se iniciar,
neste prazo, a construção.
Art. 122 - No alinhamento da via pública, quando a construção estiver a altura
de um metro acima do passeio, o construtor, obrigatoriamente, comunicará o fato à
Diretoria de Obras, para que esta mande verificar o alinhamento dentro de vinte e
quatro horas.
Art. 123 - Nos logradouros públicos, quando o alinhamento e o nivelamento

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 303
não tenham de ser modificados, a reconstrução dos muros de vedação sobre alicerces
existentes independente de alvará de alinhamento e nivelamento.
Art. 124 - Os construtores não podem retirar os piquetes colocados pela Pre-
feitura, sem audiência da Diretoria de Obras, sob pena de multa de vinte mil réis por
piquete restabelecido.
Art. 125 - Nos cruzamentos das vias públicas os dois alinhamentos serão con-
cordados por um terceiro normal, bissetriz do ângulo e de comprimento variável
entre dois metros e cinquenta centímetros e quatro metros e cinquenta centímetros.
Este remate pode, porém, ter qualquer forma, a juízo da Diretoria de Obras, contanto
que seja inscrita nos três alinhamentos citados.
Parágrafo 1º - Em edificações de mais de um pavimento essa superfície
de concordância só será exigida no embasamento do porão e andar tér-
reo.
Parágrafo 2º - Qualquer que seja a forma de concordância, o vão conterá
sempre janelas ou portas ou qualquer motivo decorativo.
Art. 126 - Em todas as zonas da cidade, a obrigação de concordância do ali-
nhamento nas esquinas, determinada no artigo anterior, subsiste para os edifícios já
construídos quando tenham de ser reconstruídos.
Art. 127 - A forma e a dimensão da concordância das faces do primeiro prédio
construído obrigam sua adoção por parte dos demais, edificados em terrenos fron-
teiriços de forma semelhante, desde que isso seja possível.

Das fachadas

Art. 128 - Os projetos para construção ou reconstrução acréscimo ou modi-


ficações, desde que interessem o aspecto externo dos edifícios, serão submetidos a
aprovação do Departamento de Urbanismo da Prefeitura.
Parágrafo Único - Esse dispositivo não se aplica as pequenas dependên-
cias de serviços isolados dos prédios, aos telheiros, tanques, etc., quando
não sejam visíveis da via pública.
Art. 129 - É livre o estilo ou motivo arquitetônico das fachadas. A Prefeitura,
porém, poderá intervir para impedir, nas construções, absurdos de ordem técnica ou
estética.
Art. 130 - As fachadas deverão ser conservadas em bom estado pelos proprie-
tários, podendo a Prefeitura intimá-los a cumprir esta exigência, sob pena de multa
de vinte mil réis por mês que exceder ao prazo que lhes for fixado para essa providên-
cia, prazo esse que não poderá ser menor de dois meses.
Art. 131 - É proibida a pintura de fachadas e de muros de alinhamento de preto
ou cores berrantes.
Art. 132 - Para determinação das saliências sobre o alinhamento de qualquer
objeto referente as edificações propriamente ditas, desde as construções em balanço

304 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
até os simples elementos decorativos, ficará a fachada dividida em duas zonas por
uma linha horizontal.
Art. 133 - A altura dessa horizontal sobre o ponto mais alto do passeio, será no
mínimo de três metros.
Art. 134 - Na zona superior, nenhuma saliência poderá ultrapassar um plano
vertical paralelo à fachada e dela distante:
a) Oito por cento da largura da rua quando esta tiver menos de dez
metros;
b) Um metro quando a rua tiver mais de dez metros de largura.
Parágrafo 1º - Na zona inferior, o plano vertical estará afastado, no má-
ximo, vinte centímetros.
Parágrafo 2º - Na zona superior, são permitidas construções em balanço
formando recinto fechado.
Art. 135 - As saliências das marquises e toldos não poderão exceder a Largura
dos passeios.
Art. 136 - As saliências a que se refere o artigo anterior não podem ocultar
aparelhos de iluminação pública, nem placas de nomenclatura de ruas, ou cobrir
árvores da arborização.
Art. 137 - Os suportes, consolos ou qualquer parte dos fechos e das marquises
não devem ter a sua parte inferior a menos de dois metros e meio do passeio.

Das edificações
Condições gerais e particulares

Art. 138 - As edificações poderão ser construídas nos alinhamentos das vias
públicas ou fora deles. Neste caso, ficarão afastadas, no mínimo, três metros, medi-
dos normalmente do alinhamento da via pública e obedecendo as condições deste
Código.
Parágrafo 1º - No caso de prédios com corpos salientes, o mais avançado
é que deverá guardar a distância mínima estabelecida para o recuo.
Parágrafo 2º - Não infringem o recuo mínimo estabelecido os corpos
salientes formando recinto fechado, desde que a soma das projeções em
plano vertical, paralelas à frente, não excedam a quarta parte da super-
fície total da fachada correspondente; assim como os balcões bow-win-
dows em hipótese alguma poderão ficar a menos de dois metros das vias
públicas.
Art. 139 - Os edifícios recuados do alinhamento das vias públicas podem ter
a beirada dos telhados, bem como quaisquer saliências prolongadas nas suas faces.
Art. 140 - Nos alinhamentos das vias públicas os prédios devem ter as fachadas
providas de platibandas.
Art. 141 - A autorização para qualquer serviço de que trata este Código, em

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 305
prédios situados nos alinhamentos das vias públicas e que não tenham platibandas,
só será concedida com a condição de ser feita a platibanda, e no caso das fachadas
não suportarem esse peso, os interessados serão obrigados a fazê-las novas.
Art. 142 - Os prédios destinados a estabelecimentos comerciais não poderão
ser construídos fora do alinhamento da rua.
Art. 143 - Na zona urbana os prédios recuados devem ter, pelo menos, um
pavimento acima do nível do passeio da via pública.
Art. 144 - O espaço livre mínimo lateral aos prédios não pode ser coberto de
forma alguma, sendo apenas permitido os, cuja saliência não seja maior de um metro
e vinte centímetros sobre as portas de entrada.
Art. 145 - As casas construídas sobre as linhas divisórias dos terrenos não po-
dem ter as beiradas de telhas prolongadas para o terreno vizinho, devendo suas águas
serem coletadas por meio de calhas e condutores. Não podem igualmente ter os pré-
dios quaisquer aberturas nas paredes confinantes, salvo as permitidas pelo Código
Civil. Verificada a infração desta disposição, a requerimento do interessado será o
proprietário intimado a observá-la dentro do prazo determinado findo o qual lhe
será imposta a multa de cem mil réis, com a obrigação de desmanchar a obra.
Art. 146 - São proibidas terminantemente as construções de cortiços, estala-
gens, estâncias e albergues.
Art. 147 - As edificações residenciais não podem ocupar mais de oitenta por
cento da área total dos respectivos terrenos, devendo o restante ser destinado a área
descoberta que permita arejamento e iluminação franca do prédio e suas dependên-
cias.
Art. 148 - Ficam proibidas as construções de prédios de um só pavimento nas
avenidas: Eduardo Ribeiro, 7 de Setembro, Floriano Peixoto, 13 de Maio, Joaquim
Nabuco e Epaminondas; nas praças: D. Pedro II, Saudade, Antônio Bittencourt, São
Sebastião, João Pessoa, General Osorio, 9 de Novembro, 15 de Novembro, Osvaldo
Cruz, Tenreiro Aranha, Taumaturgo de Azevedo e Torquato Tapajós e nas ruas Mar-
quês de Santa Cruz, Barés, Marechal Deodoro, Barroso, Guilherme Moreira, Marci-
lio Dias, Doutor Moreira, Instalação, 10 de Julho, Itamaracá e Henrique Martins, da
rua da Instalação à Avenida Eduardo Ribeiro e Quintino Bocaiuva, entre a avenida
Eduardo Ribeiro e Floriano Peixoto.
Art. 149 - Só serão permitidas as reconstruções, modificações e acréscimos,
nos prédios de um só pavimento e situados nas avenidas, praças e ruas mencionadas
no artigo anterior, se o interessado sujeitar-se a construir um ou mais pavimentos
superiores, verificada a possibilidade das paredes suportarem essa construção.
Parágrafo Único - Para o cumprimento do que determina este artigo,
a licença para reconstrução, modificação ou acréscimo deverá ser pre-
cedida de vistoria da Diretoria de Obras, com a presença do Assistente
técnico.
Art. 150 - Ficam proibidas as construções de prédios nos alinhamentos das

306 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
avenidas 13 de Maio e Floriano Peixoto, bem assim em toda e qualquer nova via
pública que venha a ser aberta ou que, pelo plano de urbanismo que a Prefeitura or-
ganizar, tenham que sofrer alargamento, devendo ditas construções obedecer o recuo
mínimo estabelecido no artigo 138 deste Código.
Art. 151 - Os prédios construídos em todo o litoral da cidade, de fundos para o
rio deverão ter duas fachadas, uma para o lado deste e outra par o da rua.
Parágrafo Único - A licença para reconstrução, acréscimo ou modifica-
ção em edifícios já existentes nesse local, que não tenham fachada para
o rio, só será concedida com a obrigação da construção dessa fachada.
Art. 152 - Cabe a Diretoria de Obras a obrigação de vistoriar periodicamente
as edificações residenciais, comerciais, industriais, casas de diversões, etc., determi-
nando oficialmente os serviços que forem necessários à segurança pública.

Altura dos edifícios

Art. 153 - Os edifícios construídos nas zonas urbanas terão de altura:


a) No mínimo seis metros;
b) No máximo duas vezes a largura da rua quando esta for menor de
nove metros.
c) Duas vezes e meia quando a largura da rua for de nove a doze metros;
d) Três vezes quando a largura for de mais de doze metros.
Art. 154 - Nos lotes de esquina, em vias públicas de larguras diferentes, a me-
dida será feita pela rua mais larga.
Parágrafo Único - Essa disposição é aplicável aos lotes adjacentes per-
tencentes ao proprietário do lote de esquina que nele queira edificar
prédio de idêntica arquitetura.
Art. 155 - Os edifícios construídos fora da zona urbana terão altura:
a) Cinco metros, no mínimo, para edificações residenciais e comer-
ciais;
b) No máximo, uma vez e meia a largura da rua.

Pavimentos – Pés direitos

Art. 156 - Os pavimentos de um edifício caracterizam-se pela respectiva posi-


ção e pelo pé direito.
Art. 157 - Os pés direitos são estabelecidos do seguinte modo:
a) Em compartimento de dormir, o pé direito mínimo é de três metros
e cinquenta centímetros.
b) Em compartimento de permanência diurna, o pé direito mínimo é
de três metros;
c) Nas lojas, o pé direito mínimo é de cinco metros;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 307
d) Nas sobrelojas, o pé direito mínimo é de dois metros e cinquenta.

Arcas – Insolação

Art. 158 - Nos compartimentos destinados a permanência diurna, as áreas de-


vem receber diretamente os raios solares nas seguintes condições:
a) Quando sobre o plano do piso do rés do chão, loja ou andar térreo
não houver outros pavimentos;
b) O plano do piso do primeiro andar, quando houver esse pavimento.
Art. 159 - Nos compartimentos destinados a habitação noturna, os raios sola-
res deverão incidir, pelo menos durante uma hora, diariamente.
Art. 160 - As áreas laterais ou de passagem terão, no mínimo, um metro e meio
de largura.
Art. 161 - As reentrâncias, formando áreas de divisa, não podem ter largura
inferior a um metro e cinquenta centímetros e comprimento menor que um terço da
altura da parede, com o mínimo de dois metros a cinquenta centímetros.
Art. 162 - Nas áreas interiores, a menor dimensão nunca será inferior a um
terço da altura da parede, com o mínimo de três metros.
Art. 163 - Os pátios e as áreas, locados no interior dos prédios deverão ter os
pisos impermeáveis, bem como o necessário escoamento para as águas pluviais.

Luz e ventilação

Art. 164 - Todo o compartimento deve ter em plano vertical, abertura para o
exterior, satisfazendo as prescrições deste Código.
Art. 165 - Nenhuma janela ou porta, com o fim de iluminar compartimento,
poderá ser aberta em área de passagem sem que, normalmente, ao paramento exter-
no da parede haja, nesse ponto, distância livre mínima de um metro e meio.
Art. 166 - As aberturas a que se referem os artigos anteriores deverão ser dota-
dos de venezianas ou dispositivos que permitam a renovação constante do ar.
Art. 167 - A superfície iluminante, limitada pela face interna dos arcos das
portas e janelas de cada compartimento, não poderá ser inferior:
I - A um sexto da superfície do piso tratando-se de dormitório;
II - A um oitavo da superfície, tratando-se de sala de estar, refeitório, escritó-
rio, biblioteca, cozinha, copa, banheiro, sentina, etc.;
III - A um décimo da superfície do piso, tratando-se de armazém, loja, sobre-
loja, etc.
Parágrafo 1º - Para os vãos que se acharem sob alpendres, pórticos ou
eirados cobertos, de altura não superior a três metros, essas relações
serão de um quarto, um sexto, e um oitavo, respectivamente.
Parágrafo 2º - Os limites marcados neste artigo poderão ter uma redu-

308 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
ção de vinte por cento para os vãos de compartimentos destinados a
depósito de mercadores, garagens, corredores, antecâmaras e caixas de
escadas.
Art. 168 - Nos pavimentos com pés direitos até três metros, a face inferior das
vergas das janelas ficará, no máximo, a quarenta centímetros do teto.
Art. 169 Nas construções de prédios de mais de um pavimento, serão per-
mitidos, a juízo da Prefeitura, os poços ditos de iluminação e ventilação com as di-
mensões mínimas de um metro e cinquenta centímetros por um metro e cinquenta,
servindo a sanitárias ou cômodos de importância secundária.
Art. 170 - As escadas serão iluminadas em cada pavimento por meio de janelas
ou de vitrais rasgados o mais alto possível
Parágrafo Único - Essas janelas ou vitrais poderão ser fixos.

Compartimentos – Superfícies mínimas

Art. 171 - As peças das habitações-salas e aposentos devem satisfazer as se-


guintes condições:
a) Na habitação de classe popular a área mínima das salas será de oito
metros quadrados; se houver um só compartimento, este terá a área mí-
nima de doze metros quadrados; se dispuser de dois ou três, um pelo
menos terá a área mínima de dez metros quadrados; os outros poderão
ter a de oito metros quadrados cada um;
b) Na habitação de classe residencial, os compartimentos terão a área
mínima de dez metros quadrados.
c) Na habitação de classe apartamentos, quando de um só compar-
timento, este terá a arca mínima de dezesseis metros quadrados. Se o
apartamento dispuser de uma sala e um quarto, um terá área mínima de
oito metros quadrados e o outro de dez metros quadrados;
d) Na habitação de classe hotel, quando os compartimentos forem iso-
lados, terão a área mínima de dez metros quadrados e, quando em série
de dois ou mais formando apartamentos isolados, um pelo menos deve-
rá ter área mínima de dez metros e os outros de oito metros quadrados
cada um.
Art. 172 - As salas e quartos de qualquer das classes de habitação devem ainda
apresentar forma tal que contenham em plano, entre os lados opostos ou concorren-
tes, um circuito de um metro de raio.
Art. 173 - Em toda e qualquer habitação, compartimento algum poderá ser
subdividido com prejuízo das áreas mínimas estabelecidas.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 309
Condições gerais dos pavimentos

Art. 174 - Os porões poderão ser usados para adegas, dispensas e depósito,
quando tenham a altura mínima de dois metros e dez centímetros. Se a altura for no
mínimo de dois metros e meio e contiver iluminação e ventilação exigidas de dois
metros e meio e contiver iluminação e ventilação exigidas por este Código, poderão
os porões servir da habitação diurna.
Art. 175 - A altura mínima dos porões será de oitenta centímetros, contada da
superfície de revestimento impermeável a face inferior dos barrotes do soalho.
Art. 176 - Nos porões serão observadas as seguintes disposições:
a) O piso impermeabilizado, de acordo com o estabelecimento neste
Código;
b) As paredes pavimentadas terão as faces externas revestidas de ma-
terial impermeável e resistente, até trinta centímetros acima do terreno
exterior.
Art. 177 - Nos porões de pés direitos inferiores a dois metros e dez centíme-
tros, serão, além das disposições do artigo anterior, observadas as seguintes
a) Nas paredes de perímetro haverá aberturas de ventilação protegidas
por grades metálicas fixas, de malha estreita, permitindo a renovação
do ar interior, e essas aberturas, em caso algum, poderão ser vedadas
prejudicando o arejamento
b) As paredes divisórias serão construídas em arcaria ou sistema equi-
valente.

Lojas e sobrelojas

Art. 178 - Nas lojas são exigidas as seguintes condições gerais:


a) Possuírem, pelo menos, uma latrina convenientemente instalada,
sem comunicação direta;
b) Não servirem de residências nem terem comunicação direta com o
apartamento de moradia.
Art. 179 - A natureza do revestimento do piso e das paredes das lojas depende-
rá do gênero de comércio para que forem destinadas.
Art. 180 - Nas lojas, em todo ou em parte de seu pavimento, é permitida a
construção de galerias ou passadiços, guarnecidos de balaustradas, desde que:
a) A largura do respectivo piso não exceda de um metro e vinte centí-
metros
b) O pé direito da parte inferior não fique menor de dois metros
c) Não cubram mais de um quinto da superfície da loja, salvo se, não
tendo largura superior a oitenta centímetros, constituírem simples pas-
sadiço ao longo das estantes ou armações junto às paredes

310 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
d) Não sejam de forma alguma fechadas por divisão de qualquer natu-
reza em substituição a balaustrada.
Art. 181 - Nas sobrelojas só podem haver compartimentos de permanência
diurna. Estes não poderão cobrir mais de cinquenta por cento da área da loja nem
prejudicar os índices de iluminação e ventilação estabelecidos neste Código.
Parágrafo Único - As sobrelojas não serão consideradas como andar ou
pavimento.

Pavimento

Art. 182 - Cada pavimento destinado à habitação diurna e noturna deverá dis-
por, no mínimo, de uma latrina; cada peça deverá satisfazer as condições especiais
deste Código, de acordo com o respectivo destino.
Art. 183 - Em cada grupo de dois pavimentos sobrepostos, a latrina poderá ser
dispensada em um deles, quando no outro não houver mais do que três comparti-
mentos de habitação noturna.
Art. 184 - A concessão acima não se aplica aos embasamentos e lojas nem a
sobrelojas e andares, quando destinados a escritórios ou a uso comercial. Em todos
esses pavimentos é obrigatória a existência de uma latrina, pelo menos, para cada
grupo de seis cômodos.

Das condições particulares dos compartimentos

Art. 185 - Toda habitação particular deve ter, pelo menos, um aposento, uma
cozinha e um compartimento para latrina e banheiro.
Art. 186 - Em todas as habitações, o acesso às instalações sanitárias será feito
por um compartimento de uso comum e os dormitórios, de um modo geral, deverão
ter acesso independente.
Art. 187 - A entrada principal de qualquer edifício, no alinhamento da rua,
terá, no mínimo, um metro de largura.
Art. 188 - Nas habitações múltiplas, cada uma das entradas comuns terá em
cada pavimento uma janela pelo menos, abrindo diretamente para a via pública, área
ou reentrância, de acordo com as condições de iluminação e ventilação exigidas neste
Código.
Art. 189 - A largura mínima das escadas será de oitenta centímetros.
Parágrafo Único - As escadas em caracol só serão toleradas nas comuni-
cações para os sótãos, torres, terraços e galerias das sobrelojas.
Art. 190 - Nas casas populares, as escadas para o primeiro andar poderão ser
localizadas em qualquer das salas; as para o porão não só nas salas como nas dispen-
sas ou cozinhas.
Parágrafo 1º - As escadas para o porão devem ter a largura mínima de
sessenta centímetro.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 311
Parágrafo 2º - Em qualquer caso, as áreas mínimas das peças não ficarão
prejudicadas, sendo descontadas as projeções das escadas sobre os pisos
das peças, até a altura de dois metros e meio.
Art. 191 - Nas habitações múltiplas, as paredes da caixa da escada serão, se-
guindo a respectiva rampa, revestidas de material liso e impermeável em uma faixa
de um metro e cinquenta centímetros de altura.
Art. 192 - Nas habitações múltiplas, as caixas de escadas deverão ser ilumi-
nadas e ventiladas suficientemente. Nas edificações com três ou mais pavimentos, a
escada será construída de material incombustível.
Art. 193 - Nos edifícios de cinco ou mais pavimentos, as escadas a que se refe-
rem os artigos anteriores se estenderão, ininterruptamente, do pavimento térreo ao
telhado.
Art. 194 - Nas edificações em que o pavimento térreo for destinado a fins co-
merciais ou industriais, a escada será de material incombustível.
Art. 195 - A altura de cada degrau não deve ser maior de vinte centímetros e
o piso não deve ser menor de vinte e quatro centímetros. Em regra, a largura do piso
mais duas vezes a altura do degrau, deve ser igual a sessenta e quatro centímetros.
Art. 196 - As escadas que se elevarem a mais de um metro de altura sobre a
superfície do solo devem ser providas de guarda corpo.
Art. 197 - O patamar intermediário, com o comprimento mínimo de um me-
tro, é obrigatório sempre que o número de degraus exceda a dezenove.
Art. 198 - Nas casas de reuniões e diversões, bem como nas oficinas, as esca-
das, em número e situação convenientes serão de material incombustível.

Elevadores

Art. 199 - Os elevadores obedecerão às seguintes condições:


a) Terão em lugar visível, a indicação em vernáculo da carga em quilo-
gramas ou o número de pessoas;
b) Não funcionarão estando abertas as portas da caixa ou carro;
c) Deverão dispor de aparelhos, que permitam a parada rápida de car-
ro, sem produzir choque em caso de perigo, bem como os dispositivos
de proteção no caso de rotura dos cabos.
Art. 200 - A existência de elevador não dispensa a construção de escada.
Art. 201 - Nos edifícios de quatro ou mais pavimentos é obrigatório o elevador.

Corredores

Art. 202 - Nas habitações particulares, os corredores que tiverem mais de dez
metros de comprimento receberão luz direta.
Parágrafo Único - A largura mínima desses corredores será de um me-

312 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
tro, exceto pequenas passagens de serviço, em que poderá ser de oitenta
centímetros.
Art. 203 - Nas casas populares, a largura mínima de qualquer corredor será de
oitenta centímetros.
Art. 204 - Os corredores de uso comum, nas habitações múltiplas, terão a lar-
gura de um metro e vinte centímetros.

Cozinha

Art. 205 - As cozinhas devem satisfazer as seguintes condições:


a) Terem a área mínima de sete metros quadrados, nas habitações de
classe residencial, hotel e apartamento;
b) Terem o piso ladrilhado e as paredes impermeabilizadas com mate-
rial resistente e liso até um metro e cinquenta centímetros de altura.
c) Terem o teto gradeado de madeira ou tela metálica. Quando isso não
seja possível, pela existência de outro pavimento superior, as cozinhas
terão teto de material incombustível e dispositivos especiais que assegu-
rem ventilação permanente;
d) Não terem comunicação com compartimentos de habitação notur-
na nem com latrinas.
Art. 206 - Nas casas populares a área mínima das cozinhas será de cinco me-
tros quadrados, desde que as copas fiquem contíguas e com elas se comuniquem por
meio de vãos largos e desprovidos de esquadras.
Art. 207 - As cozinhas podem ser instalados nos embasamentos desde que
satisfaçam mais as seguintes condições:
a) Terem a área mínima de dez metros quadrados e pé direito mínimo
de dois metros e meio
b) Terem as paredes acima da faixa impermeável revestida de pintura
resistente a frequentes lavagens;
c) Terem o teto impermeável e de fácil limpeza;
d) Terem abertura em duas faces livres e dispositivos que garantam a
ventilação permanente
Art. 208 - As chaminés terão altura suficiente para que a fumaça não incomo-
de os moradores dos prédios vizinhos, podendo, nesse caso e em qualquer tempo, a
Prefeitura determinar os acréscimos ou modificações necessários.
Art. 209 - As seções de chaminés compreendidas entre o forro e o telhado e as
que atravessarem paredes e tetos de estuque, telas ou madeira, não serão construídas
de material metálico.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 313
Copas e despensas

Art. 210 - Considera-se copa a peça entre a sala de jantar e a cozinha, não po-
dendo ter disposição que permita o seu uso independente de comunicação, e como
despensa os compartimentos destinados à guarda de gêneros alimentícios, não po-
dendo ter comunicação direta com latrinas e banheiros ou com passeios.
Parágrafo 1º - Na habitação de classe residencial e hotel, a área mínima
de qualquer dessas peças será de nove metros quadrados, nos de classe
apartamento e popular, a de três metros quadrados
Parágrafo 2º - Nas casas populares, a largura mínima de qualquer dessas
peças será de um metro e meio.

Compartimentos de banheiros e latrinas

Art. 211 - Os compartimentos destinados exclusivamente as latrinas terão a


área mínima de um metro quadrado; os destinados exclusivamente a quartos de ba-
nho terão a área mínima de três metros quadrados.
Art. 212 - Os compartimentos destinados exclusivamente a latrinas e banhei-
ros, conjuntamente, terão a área mínima de três metros e vinte centímetros quadra-
dos.
Art. 213 - As disposições dos artigos acima aplicam-se aos tipos de habitação
residencial, popular, apartamento e hotel.
Art. 214 - Os compartimentos de banho e latrinas terão o piso e as paredes,
até um metro e cinquenta centímetros de altura, revestidos de material liso e imper-
meável.
Art. 215 - Os compartimentos de latrinas não poderão ter comunicação direta
com as cozinhas e despensas.
Art. 216 - As latrinas e compartimentos de banho podem ser instalados nos
gabinetes de toucador.
Art. 217 - Os gabinetes de toucador terão a superfície mínima de seis metros
quadrados.
Parágrafo Único - Nos gabinetes de toucador que tiverem a superfície
mínima não poderão ser instalados aparelhos de banho e latrina.
Art. 218 - Nas casas populares, o toucador poderá ser construído num recanto
anexo ao dormitório principal, dele separado por vão largo desprovido de esquadria
e sua profundidade será da terça parte da do dormitório; a área do dormitório será
calculada sem incluir a da parte reservada ao toucador.

Galinheiros e lavadouros

Art. 219 - Os galinheiros serão instalados fora das habitações e terão o solo

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do poleiro impermeabilizado e com a declividade necessária para o escoamento das
águas de lavagens;
Art. 220 - Os tanques para lavagem serão estabelecidos em local arejado, co-
berto e o solo revestido de material liso e impermeável, de modo a evitar a infiltração
de águas.

Garagens e depósitos de essências nas habitações particulares

Art. 221 - As garagens nas habitações particulares ficam sujeitas as seguintes


condições, além das que se referem as edificações em geral, no que lhe for aplicável:
a) Paredes de material incombustível
b) Área mínima de dez metros quadrados, com dois metros e meio o
lado menor;
c) Pé direito, mínimo, da parte mais baixa de dois metros e cinquenta
centímetros;
d) Piso revestido de material liso e impermeável, permitindo franco
escoamento das águas de lavagem. As valas, se as houver, serão direta-
mente ligadas á rede de esgotos, com ralo e sifão hidráulico
Art. 222 - Quando houver outro pavimento na parte superior das garagens,
estas terão teto de material incombustível e não poderão ter comunicação direta com
outros compartimentos, exceto cômodos de passagem
Art. 223 - Os depósitos de essências ficam sujeitos às seguintes condições, além
das que se referem as edificações em geral no que lhe for aplicável.
a) Construídos totalmente de material incombustível;
b) Não ter comunicação direta com outros compartimentos.

Habitações coletivas

Art. 224 - São consideradas habitações coletivas, para os efeitos deste Código,
os prédios, pavimentos de prédios e partes destes, em que residirem diversas famílias
ou pessoas sem a unidade econômica e a organização privada das habitações parti-
culares. As habitações coletivas classificam-se: hotéis, apartamentos, casas de pensão
e casas de cômodos.
Art. 225 -Além das condições gerais deste Código, a eles aplicáveis, os hotéis e
casas de pensão satisfarão as seguintes exigências:
a) Na proporção de uma para cada grupo de vinte hóspedes, haverá ga-
binetes sanitários e instalações para banho, separados para um e outro
sexo;
b) Nos hotéis e casas de pensão de luxo, todos os aposentos destinados
a habitação noturna serão providos de lavatórios com água corrente;
c) Os cômodos de habitações noturnas, terão as paredes internas reves-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 315
tidas de substâncias lisas não absorvente e capazes de resistir frequentes
lavagens, até a altura de um metro e meio, no mínimo.
Art. 226 - Consideram-se de apartamentos as casas que possuem grupos de
compartimentos, com cozinhas ou sem elas, separados para cada moradia popular.
Art. 227 - As casas de apartamentos devem satisfazer as exigências estabeleci-
das para os hotéis.

Casas populares

Art. 328 - A edificação principal, em cada lote, não pode ocupar área superior
a duas terças partes.
Art. 329 - Nenhuma edificação, salvo garagem, galinheiros, telheiros para tan-
ques, etc., poderá ocupar a divisa dos fundos dos lotes.
Parágrafo Único - As edificações ressalvadas neste artigo serão localiza-
das numa faixa de cinco metros de profundidade, no máximo, ao longo
da divisa do fundo.
Art. 230 - As edificações populares poderão formar agrupamentos desde que:
a) Cada agrupamento, ou cada prédio isolado, não fique a menos de
um metro e cinquenta centímetros das divisas dos lotes vizinhos;
b) As paredes de meiação dos prédios formando agrupamento terão a
espessura mínima de meio tijolo, se for essa a alvenaria empregada, e
serão elevadas até atingirem a face inferior da cobertura, garantindo o
isolamento de prédio a prédio.
c) Suas áreas não sejam maiores que dois terços para cada lote
Art. 231 - As entradas para os agrupamentos de casas populares terão a largura
mínima de dois metros, quando servirem no máximo a seis prédios e o seu compri-
mento não exceder de trinta metros, e três metros, quando servirem a mais de seis
prédios e seu comprimento for maior de trinta metros.
Art. 232 - As entradas dos agrupamentos poderão ser ou não providas de por-
tão, numeradas de acordo com a via pública em que estiverem situadas, sendo a nu-
meração dos prédios internos em algarismos romanos.
Art. 233 - As casas de frente deverão satisfazer todas as condições estabelecidas
para construções na respectiva via pública.
Art. 234 - Quando a edificação dos agrupamentos formar ruas, tendo casa de
um e de outro lado, deverão as ruas ter a largura mínima de:
a) Seis metros, quando as edificações tiverem um só pavimento;
b) Oito metros, quando as edificações tiverem dois pavimentos.
Parágrafo 1º - As ruas de oito metros ou mais terão cinco metros de
caixa pelo menos, dotadas de calçamento e passeio de ambos os lados.
Parágrafo 2º - As entradas e ruas deverão ser calçadas e iluminadas.
Art. 235 - A arborização, o calçamento, a iluminação e limpeza das ruas e en-

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tradas deverão ser feitas e mantidas pelo proprietário, bem como as canalizações e
dispositivos para esgotos das águas pluviais.
Art. 236 - A construção de casas populares só será permitida, quando forme
agrupamento, depois de aprovado o projeto de conjunto.
Parágrafo Único - Essas casas, ou grupos de casas, poderão ser cons-
truídas parceladamente, devendo, porém, obedecer, rigorosamente, ao
projeto a que se refere o presente artigo.

Dos elementos das construções

Art. 237 - Todos os elementos de uma construção serão calculados, tomando-


se em consideração a natureza e a resistência do material empregado e os esforços a
que estão sujeitos, de acordo com as taxas de trabalho estabelecidas neste Código.

Alicerces

Art. 238 - Sem preparo conveniente, não será permitido construir edifício al-
gum em terreno que apresente as seguintes condições:
a) Ser húmido e pantanoso;
b) Haver servido para o depósito de lixo, salvo se tenha verificado a
completa mineralização das matérias orgânicas;
c) Ser revestido de humos e matérias orgânicas

Art. 239 - Em terrenos úmidos serão empregados meios para evitar que a umi-
dade suba aos alicerces e ao piso dos porões.
Art. 240 - Os alicerces das edificações serão executados de acordo com as se-
guintes disposições:
I - O material será de pedra com argamassa conveniente ou concreto;
II - A espessura dos alicerces deverá ser tal que distribua sobre o terreno pres-
são unitária compatível com a natureza deste;
III - Os ressaltos não deverão exceder, em largura, a respectiva altura;
IV - Serão respaldados, antes de iniciadas as paredes mestras, por uma camada
de material impermeável;
V - A profundidade mínima dos alicerces, quando não assentarem sobre ro-
cha, será de cinquenta centímetros abaixo circundante; se houver porão em piso des-
te nível os cinquenta centímetros serão contados abaixo do nível desse piso.

Paredes

Art. 241 - Nos edifícios comuns, até dois pavimentos as paredes externas serão
de um tijolo de espessura.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 317
Art. 242 - As paredes internas ou divisórias poderão ser de meio tijolo.
Art. 243 - As paredes externas da das pequenas casas de moradia poderão ter
a espessura de meio tijolo.
Art. 244 - Tratando-se de estrutura de concreto armado, as paredes de enchi-
mento não ficam sujeitas aos limites de espessura estabelecidos nos artigos anteriores.
Art. 245 - Nos casos de construções de mais de dois pavimentos ou destinados
a fins especiais, como fábricas, armazéns, oficinas, casas de diversões, etc., onde se
possam manifestar efeitos de sobrecargas especiais, esforços repetidos ou vibrações
as espessuras e segurança do edifício.
Art. 246 - Todas as paredes das edificações serão revestidas, interna e externa-
mente, de emboço feitos com argamassa apropriada.
Parágrafo 1º - O revestimento será dispensado quando o estilo exigir
material aparente que possa dispensar essa medida.
Parágrafo 2º - Quando as paredes ficarem com o paramento externo em
contato com o terreno circundante, deverão apresentar o revestimen-
to impermeável e ser rejuntadas com argamassa de cimento e areia, se
construído de alvenaria.
Art. 247 - As paredes das áreas internas deverão ser pintadas de cor clara e
suave;

Dos pisos e vigamentos

Art. 248 - A edificação acima dos alicerces ficará separada do solo, em toda a
superfície, por uma camada isolante de concreto de 1:8, de dez centímetros de espes-
sura.
Art. 249 - Os pisos de madeira serão construídos de tábuas, pregadas em cai-
bros e barrotes, ou de tacos de madeira assentes em argamassa de cimento ou asfalto.
Parágrafo 1º - Os caibros poderão fixar-se à camada isolante, ou a laje
de concreto, devendo o vão, entre a laje e as tábuas do soalho, ser de
concreto ou material equivalente.
Parágrafo 2º - Quando fixados sobre os barrotes, haverá, entre a face
inferior destes e a superfície de impermeabilização do solo, a distância
de cinquenta centímetros, no mínimo.

Das coberturas

Art. 250 - As coberturas dos edifícios serão feitas com materiais impermeáveis,
imputrescíveis, e maus condutores de calor.
Parágrafo 1º - É permitido o uso de materiais de grande condutibilida-
de, sempre que forem tomadas as necessárias precauções para produzir
conveniente isolamento térmico entre o interior e o exterior; ou ainda

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em construções provisórias não destinadas a habitação.
Parágrafo 2º - No caso de prédios contíguos sobre coberturas corridas,
as paredes divisórias deverão elevar-se até a face interior do telhado.
Art. 251 - Nenhuma edificação de qualquer natureza poderá ser coberta com
telhado de uma água, ainda mesmo dentro do terreno, desde que possa ser vista da
rua.

Sobrecargas e coeficientes de segurança

Art. 252 - Todo o material deverá satisfazer as normas de qualidade relativa ao


seu destino na construção.
Parágrafo Único - Tratando-se de materiais novos ou de materiais para
os quais não tenham sido estabelecidas as normas, os índices qualifica-
dos serão ficados mediante estudo e experimentação.
Art. 253 - A Prefeitura reserva-se o direito de impedir o emprego de qualquer
material que julgar impróprio e, em consequência, o de exigir o seu exame às expen-
sas do construtor ou do proprietário.
Art. 254 - As fadigas limites admissíveis, em quilos por centímetros quadra-
dos, das alvenarias trabalhando à compressão, serão as seguintes:
I - Quatro, para alvenaria comum de tijolo cheio, furado ou perfurado.
II - Dez, para alvenaria de tijolo prensado com argamassa de cimento.
III - Cinco, para alvenaria comum de pedra com argamassa de cal;
IV - Dez, para alvenaria de pedra com argamassa de cimento;
V - Trinta e cinco, para cantaria de granito e gneiss;
VI - Vinte e cinco, para concreto simples.
Art. 255 - A carga de segurança, ou fadiga limite admissível de qualquer mate-
rial ou sistema de materiais, será igual a uma fração: (1-n) a fadiga limite de superfí-
cie, determinada experimentalmente para cada gênero e solicitação.
Parágrafo Único - Os valores de coeficiente, na hipóteses de ações está-
ticas, serão os constantes das alíneas abaixo:
I - Quatro, para as peças de ferro fundido sujeitas a tração e a esforços
transversais;
III - Seis a oito, para as peças de ferro fundido solicitadas à compressão,
em chapas ou colunas em pequenas alturas;
IV - Oito a dez, para as peças de ferro fundido, em colunas de grandes
altura.
V - Quatro, para as peças curvas de madeiras, solicitadas à compressão;
VI - Seis, para as peças de madeira submetidas a tração ou esforço trans-
versal e para as peças longas trabalhando a compressão;
VIII - Dez, para as pedras naturais ou artificiais e para alvenaria ou con-
creto simples.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 319
Tesouros ou casas de diversões

Art. 256 - Nos teatros e outras casas de diversões, serão exigidas, além das
condições gerais estabelecidas neste Código, as seguintes:
I - Serem construídas de material incombustível, tolerando-se o emprego de
madeiras, ou outro material combustível, apenas no revestimento dos pisos ou es-
quadrias, em corrimão ou nas peças de maquinismos ou cenários.
II - Possuírem instalações ou aparelhamentos convenientes contra incêndios,
de acordo com o que for indicado pelo Corpo de Bombeiros;
III - Terem portas de saída, que deverão abrir para fora, em comunicação fran-
ca com a via pública, devendo a largura total dessas portas corresponder à capacidade
da casa de diversões, na largura de um metro para cada grupo de cem espectadores.
Art. 257 - A parte destinada ao público, nos teatros, será inteiramente separada
na parte destinada aos artistas, não devendo haver, entre as duas, mais que as indis-
pensáveis comunicações de serviços dotadas de portas de ferro que as isolem em caso
de incêndio.
Art. 258 - A parte destinada aos artistas deve ter fácil comunicação com as vias
públicas ou com as passagens laterais, de modo a assegurar a saída ou entrada franca
sem dependência da parte destinada ao público.
Art. 259 - Os camarins deverão ter a superfície mínima de quatro metros qua-
drados e quando não forem arejados e iluminados diretamente, serão dotados de
dispositivos para renovação do ar.
Art. 260 - Os depósitos de decorações e cenários, móveis, etc., e o guarda rou-
pa, deverão ser construídos de material incombustível e ter todos os vãos guarneci-
dos por portas de ferro, que no caso de incêndio, os isolem do resto do teatro.
Parágrafo Único - Em alguns casos esses depósitos poderão ser colo-
cados imediatamente por baixo do palco, quando este for de material
incombustível.
Art. 261 - O soalho do palco, que poderá ser de madeira, deverá assentar sobre
vigas de cimento armado ou de ferro, neste caso completamente revestidas de arga-
massa de cimento de dois centímetros de espessura, pelo menos.
Art. 262 - As escadas destinadas ao público, que deverão ter a largura mínima
de um metro e cinquenta centímetros, serão construídas de lances retos de dezesseis
degraus, no máximo, entre os quais se intercalarão patamares de um metro e vinte
centímetros, pelo menos, de extensão.
Art. 263 - A partir da ordem mais elevadas das localidades destinadas ao pú-
blico, e à medida que forem atingindo as ordens mais baixas, as escadas aumentarão
de largura, em proporção ao número de pessoa que delas devem utilizar-se de forma
que um metro de largura corresponda cada cem espectadores.
Art. 264 - A largura dos corredores de circulação e acesso as áreas de locali-
dades elevadas destinadas ao público será determinada na razão de um metro para

320 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
cada cem lugares.
Art. 265 - A disposição das escadas e corredores será feita de modo a impedir
correntes de trânsito contrárias, devendo, no caso de confluência inevitável, ser au-
mentada a respectiva largura na proporção indicada no artigo anterior.
Art. 266 - A largura mínima da sala, no caso de só haver plateia, será de oito
metros.
Parágrafo 1º - Havendo frisas, camarotes ou galerias inferiores a largura
mínima será calculada de forma a comportar os corredores, conforme
o presente Código.
Parágrafo 2º - As frisas, camarotes e galerias devem ter entradas e saídas
independentes da plateia.
Parágrafo 3º - Na plateia, além das passagens central e laterais, com um
metro de largura, são exigidas, quanto às localidades, as seguintes con-
dições:
a) Cadeiras ou poltronas serão sempre fixas e de braços;
b) Terão um assento mínimo de quarenta centímetros por quarenta cen-
tímetros e de preferência automático;
c) As filas de cadeiras guardarão, entre si, um afastamento mínimo de
oitenta centímetros e serão dispostas de modo que a cadeira da fila pos-
terior não coincida exatamente com a da fila anterior;
d) A disposição delas será tal que permita o fácil movimento do público,
garantindo-lhe segurança e comodidade;
e) Cada série de cadeiras numa mesma fila, entre corredores, não pode-
rá ter mais de quinze cadeiras;
f) Nas filas de cadeiras serão dispostas travessas que sirvam de apoio
para os pés dos espectadores que estiverem sentados nas cadeiras da fila
anterior.
Parágrafo 4º - O pé direito das frisas, camarotes e galerias, não pode ser
inferior a dois metros e vinte centímetros. O pé direito aumentará na
proporção dos degraus das bancadas.
Parágrafo 5º - As frisas e camarotes terão a superfície mínima de dois
metros quadrados com a extensão mínima de boca de um metro e trinta
centímetros.
Art. 267 - As portas ou passagens que derem ingresso para a plateia e para os
corredores das frisas, dos camarotes e das galerias, terão a largura mínima de dois
metros.
Parágrafo 1º - As portas não terão fecho de espécie alguma e serão mo-
vimentadas por dobradiço de nota.
Parágrafo 2º - São permitidas as portas corrediças verticais desde que
permaneçam suspensas durante o tempo de funcionamento do espetá-
culo, sendo proibidas as laterais.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 321
Parágrafo 3º - Além das portas ou passagens para o serviço ordinário,
haverá ainda portas de socorro desprovidas de fechos e cujas folhas
abram para o exterior.
Art. 268 - O piso da plateia pode ser de nível ou em declive:
Parágrafo 1º - Quando o piso da plateia for em declive, deve ser evitado
o emprego de degraus, preferindo-se rampas de pequena inclinação:
a) O ponto mais alto da plateia deve de preferência coincidir com o ní-
vel de saída ordinária para o exterior; quando isso não for possível, a
concordância se fará por meio de rampa suave e suficientemente longa;
b) O ponto mais baixo junto ao proscênio não deve ficar a mais de um
metro abaixo do nível das passagens laterais livres ou dos corredores
das frisas;
c) No caso de colocação de degraus no acesso entre plateia e os corre-
dores, nas proximidades do proscênio, serão eles colocados de modo a
não avançarem na plateia nem nos corredores, e serão observadas, tanto
quanto possível, as dimensões estabelecidas.
Art. 269 - Os edifícios destinados a teatros deverão ser separados dos edifícios
ou terrenos vizinhos por uma passagem de três metros de largura pelo menos, sem-
pre que não forem contornados por via pública.
Art. 270 - Todo proprietário, locatário ou empresário que quiser franquear
ao público qualquer estabelecimento destinado a casa de diversões, deverá antes re-
querer ao Prefeito vistoria verificadora das condições de segurança, de higiene e de
comodidade.
Parágrafo Único - A vistoria será procedida por meio de comissão no-
meada pelo Prefeito, que arbitrará a importância do pagamento da mes-
ma, que será feito pelo proprietário das casas de diversões.

Cinemas

Art. 271 - Os cinemas devem ficar isolados dos prédios vizinhos por meio de
áreas ou passagens da largura de dois metros e meio, no mínimo.
Parágrafo 1º - A largura estabelecida neste artigo para áreas ou passa-
gens será contada do limite do terreno contíguo de domínio privado,
em direção à casa em que funciona o cinema.
Parágrafo 2º - As áreas ou passagens podem ser cobertas ou não; no pri-
meiro caso, terão dispositivos para suficiente ventilação e em ambos te-
rão revestimento que permita completo asseio e impeça as infiltrações.
Parágrafo 3º - As áreas ou passagens serão laterais, de fundo ou de fren-
te, conforme a situação da casa em que funcionar o cinema, em relação
ao prédio contíguo de domínio privado.
Art. 272 - O Prefeito poderá dispensar as áreas ou passagens, nas ruas centrais

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da cidade onde não for possível o isolamento dos prédios contíguos, desde que as
salas de espetáculo sejam isoladas dos aludidos prédios por meio de paredes de alve-
naria de trinta centímetros, no mínimo, de espessura, e sejam as instalações feitas no
pavimento térreo.
Art. 273 - Ficam dispensadas as aludidas áreas ou passagens quando, lateral-
mente e em toda a extensão do comprimento da sala de espetáculos, houver uma sala
de espera com a largura mínima estabelecida para aquelas áreas.
Art. 274 - É absolutamente proibida a instalação de cinema em pavimentos
superiores dos prédios.
Parágrafo 1º - Quando o prédio tiver pavimento ou pavimentos supe-
riores, o teto será revestido de cimento armado da espessura mínima de
oito centímetros.
Parágrafo 2º - Quando o prédio tiver porão habitável o assoalho será
revestido da mesma forma estabelecida no Parágrafo anterior.
Art. 275 - As salas de espera poderão ser laterais ou na frente.
Parágrafo 1º - A sala de espera, quando lateral e acompanhando o com-
primento da sala de espetáculos, deve ser separada desta por parede de
alvenaria com aberturas duplas e desprovidas de folhas.
Parágrafo 2º - Quando forem situadas na frente, formando simples ves-
tíbulo, deve a separação ser de fácil remoção, não se tolerando, neste
caso, mobiliário ou grades que dificultem o livre movimento do público,
salvo pequeno guichê servindo de bilheteria.
Art. 276 - Quando as salas de projeção não dispuserem de meios que permi-
tam fácil renovação natural de ar, serão dotadas de ampla ventilação feita por aspi-
ração do ar interior ou insuflação superior do ar exterior ou pelos dois processos
combinados.
Art. 277 - A caixa do aparelho ou cabine do operador será toda ela de material
incombustível.
Parágrafo 1º - Ficará ao fundo da sala de espetáculos podendo no en-
tretanto ficar à frente, quando na parte posterior houver saída ampla e
permanente para a via pública, calculada de acordo com a exigências
deste Código.
Parágrafo 2º - Terá somente as aberturas necessárias para o manejo
do operador, projeções e uma porta que será colocada lateralmente ou
atrás.
Parágrafo 3º - Esta porta será de ferro, inteiriça, em forme de rolo, de
modo que, em caso de combustão da fita ou película, o operador possa
sair, fechá-la ou desdobrá-la, evitando a saída da fumaça e gases do ce-
lulóide da fita.
Parágrafo 4º - A porta será de abrir para fora.
Parágrafo 5º - O acesso da cabine será feito por meio de escada de ma-
terial incombustível.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 323
Parágrafo 6º - As dimensões da cabine serão de dois metros por dois me-
tros no mínimo, com o pé direito nunca inferior a dois metros e meio.
Art. 278 - Haverá um circuito separado para as luzes das portas, corredores,
vestíbulo e salas de espera.
Art. 279 - A disposição das localidade, frisas, camarotes, galerias, corredores,
etc., discriminada neste Código, na parte que se refere a teatros e casas de diversões,
é mantida inteiramente para os cinemas.

Fechamento dos terrenos

Art. 280 - Os proprietários de terrenos urbanos e suburbanos são obrigados a


fechá-los nos seus limites com a via pública, por meio de muros, grades, balaustradas
e cercas, de acordo com as condições estabelecidas, e a conservá-los limpos, sob pena
de multa de cem mil réis quando, intimados ao cumprimento deste artigo, não o fize-
rem dentro do prazo de vinte dias.
Art. 281 - Na zona urbana não serão permitidas cercas de madeiras ou arames,
nem muros de taipas ou de adobos.
Art. 282 - Os terrenos situados nas ruas já niveladas e calçadas, deverão ser
murados, sob pena de multa prevista no orçamento municipal.
Art. 284 - A construção de casas de madeira ou taipa só será permitida nas
zonas suburbanas e rural.
Art. 285 - Para que sua construção seja permitida, as casas deverão preencher
os seguintes requisitos:
a) Distarem, no mínimo, dois metros de qualquer das divisas do lote
e quatro metros, também no mínimo, de qualquer outra construção de
madeira existente;
b) Ficarem recuadas do alinhamento cinco metros, no mínimo;
c) Serem construídas sobre pilares ou sobre embasamento de alvena-
ria, tendo sessenta centímetros, pelo menos, de altura acima do terreno.
d) Terem o pé direito mínimo de três metros e meio;
e) Apresentarem cobertura cerâmica;
f) Terem compartimentos com a superfície mínima de oito metros
quadrados;
g) Terem as divisões internas elevadas até a altura do pé direito;
h) Serem dotadas de gabinetes sanitários ligados à rede de esgotos, se
houver, ou a fossa de tipo aprovado pelo Departamento da Saúde Públi-
ca do Estado.
i) Serem artísticas e terem um aspecto agradável que embeleze o local.

324 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
CAPÍTULO IV - Polícia e Segurança

Art. 286 - É proibido, sob pena de multa de cinquenta mil réis:


a) Uso de máscaras, disfarces e fantasias fora dos dias de carnaval, e
nesses dias além de dezoito horas;
b) Andar mascarado com trajes indecorosos ou ofensivos à corporação
e autoridades da União, do Estado, do Município ou eclesiásticas.
c) O entrudo com sifões, bisnagas, polvilho e toda e qualquer matéria
nociva à saúde.
d) Os batuques e os divertimentos que perturbem o sossego público.
Art. 287 - As diversões acessíveis ao público como espetáculos, bailes, cafés-
concertos, corridas e outras, não se poderão realizar sem prévia licença passada na
Secretaria da Prefeitura, mediante autorização do Prefeito.
Parágrafo Único - O infrator incorrerá na multa de cinquenta mil réis,
além da importância da licença.
Art. 288 - É expressamente proibido, sob pena de multa de cinquenta mil réis:
I - Vender ou distribuir manuscritos ou impressos ofensivos à moral pública;
II - Proferir ou escrever em lugar público, palavras obscenas, ou traçar figuras
imorais pelas paredes, portas, muros, veículos, etc.
III - Chegar as janelas ou andar pelas ruas e lugares públicos em trajes inde-
centes e estado de nudez.
IV - Tomar banho nas fontes, bicas e chafarizes de serventia pública.
V - Vender bilhetes de loterias dentro das casas de refeições de hotéis e restau-
rantes e no interior das repartições públicas.
Art. 289 - A ninguém é permitido apitar ou dar sinais de uso das patrulhas,
salvo caso especialíssimo em que for preciso esse auxilio. Ao infrator será aplicada a
multa de vinte mil réis.
Art. 290 - Não será permitido esmolar para igrejas e santos nem implorar à
caridade pública pelas ruas da cidade. Aos infratores da primeira parte será aplicada
a multa de vinte mil réis, e os da segunda serão recolhidos ao Asilo de Mendicidade.
Art. 291 - É proibido ajuntamento de menores e fâmulos nas lojas, tabernas,
açougues, mercados, vias públicas, sob pena de multa de dez mil réis, sendo igual-
mente multados os proprietários dos estabelecimentos em que forem eles encontra-
dos em ajuntamentos.
Art. 292 - É absolutamente proibido sob pena de multa de cinquenta mil réis:
a) Passar bilhetes de espetáculos remunerados pelas vias públicas da
cidade e repartições públicas;
b) Fazer rifas sob qualquer pretexto.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 325
CAPÍTULO V - Patrimônio municipal
e bens públicos

Art. 293 - É proibido, a quem quer que seja, fazer roçados em terrenos baldios,
dentro do patrimônio municipal, sem que os tenham obtido por aforamento. O in-
frator pagará dez mil réis de multa e perderá o serviço que houver feito no terreno
indevidamente ocupado.
Art. 294 - É igualmente proibido, sem licença da Prefeitura, cortar, árvores fru-
tíferas e madeiras de lei ou de construção, na área patrimonial, excetuadas as posses
aforadas ou isentas de foro, que estiverem encravadas na mesma área. Ao infrator,
multa de dez mil réis a cem mil réis e apreensão das madeiras cortadas.
Art. 295 - O Mercado, o Matadouro e mais estabelecimentos destinados a uso
especial do público, mantidos pelo Município, serão regidos pelos regulamentos res-
pectivos, respeitadas as disposições deste Código.
Art. 296 - São proibidos, dentro do Município, quaisquer cortes ou derrubadas
de eucaliptos, castanheiras, guaranás, baunilhas, cacauzeiros, açaizeiros, bacabeiras,
sorveiras, dendezeiros, e Palhares, salvo quando for estritamente indispensável fazê
-lo para as aberturas de estradas ou edificação. Ao infrator multa de cinquenta mil
réis, relativamente a cada pé.
Art. 297 - É expressamente proibido aterrar com lixo retirado das habitações,
não só as ruas e as praças, bem como os terrenos do perímetro urbano. Ao infrator,
multa de cem mil réis.

CAPÍTULO VI - Comércio e indústria

Art. 298 - Todos os estabelecimentos ou casas comerciais ou industriais e res-


pectivas agências e agentes avulsos são obrigados a tirar anualmente alvará de licença
para o seu ramo de comércio ou indústria para efeitos da fiscalização e ação muni-
cipal.
Parágrafo Único - Nessa disposição também são incluídos os clubes,
gabinetes, depósitos, escritórios, hotéis, restaurantes, pensões, casas de
cômodos, sublocadores de prédios ou locadores de quartos, vacarias e
outros congêneres que a lei orçamentária especificar.
Art. 299 - Todo comerciante é obrigado a ter pesos e medidas exigidas pelo
seu ramo de negócio, tendo tantas balanças quantos sejam os ternos de pesos a que
estejam obrigados pela respectiva lei.
Art. 300 - Todo vendedor é obrigado a ter aferidos, no prazo legal, os utensílios
de pesar e medir de que fizer uso, sem exceção alguma. Ao infrator, multa de vinte
por cento sobre o imposto a pagar.
Art. 301 - É proibido, sob pena de multa de cem mil réis:
a) Usar pesos e medidas viciados;

326 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
b) Medir líquidos oleosos em vasilhames destinados a medir outros lí-
quidos e vice-versa;
c) Medir líquido acidulado em vasilhame de ferro, cobre, estanho, zin-
co, ou barro vidrado.
Art. 302 - No caso de dúvida, todos os utensílios de medir ou pesar devem ser
apreendidos, a fim de ser conferida a sua exatidão, incorrendo na multa de cinquenta
mil réis aqueles que a isso se opuserem, além da multa a que ficam obrigados pela
inexatidão dos pesos e medidas.
Art. 303 - Ao comércio não é permitido utilizar-se de pesos e medidas que não
obedeçam ao sistema métrico decimal, sob pena de multa de cem mil réis.
Art. 304 - Pelos padrões especiais existentes da Prefeitura Municipal, deverão
ser aferidos os pesos, medidas e balanças, que tiverem de ser empregados.
Parágrafo Único - O aferidor, sob pretexto algum, poderá recusar-se a
aferir os pesos e medidas que, para esse fim, lhes forem apresentados,
e deverá condenar e apreender imediatamente aqueles que, ao serem
examinados, verificar que não estão em condições de serem aferidos, do
que dará conhecimento à Prefeitura.
Art. 305 - É proibido, sob pena de multa de cem mil réis, vender objetos de
ouro ou prata sem o necessário contraste.
Art. 306 - Não é permitido vender bebidas alcoólicas a menores ou a quem
estiver embriagado, sob pena de multa de dez a cinquenta mil réis.

CAPÍTULO VII - Serviço de viação e veículos

Art. 307 - A inspeção geral de veículos compete à fiscalização municipal, de


acordo com o regulamento especial em vigor.
Parágrafo 1º - É expressamente proibido o tráfego de veículos que não
tenham rodas de borracha, no perímetro urbano e em ruas calçadas.
Parágrafo 2º - É proibido fumar no banco externo e nos três primeiros
internos dos carros de viação elétrica, sob pena de multa de cinco mil
réis.

CAPÍTULO VIII - Saúde pública

Art. 308 - No perímetro urbano só será permitido o estabelecimento de casas


de saúde, hospitais, maternidades e enfermarias em lugares previamente designados
pela Prefeitura ouvido o Departamento de Saúde Pública do Estado.
Art. 309 - Em época de surto epidêmico, a Prefeitura agirá de comum acordo
com o Departamento de Saúde Pública estadual.
Art. 310 - Nas épocas aludidas no artigo anterior, é expressamente proibido

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 327
armar câmaras mortuárias e paramentar as casas interior ou exteriormente.
Art. 311 - Ninguém poderá exercer cargo algum na Prefeitura sem ser vacina-
do ou revacinado e os atuais funcionários, que não o forem, terão de submeter-se a
essa prescrição no prazo de noventa dias.
Art. 312 - Os proprietários, locatários ou moradores serão responsáveis pela
falta de higiene das habitações particulares, coletivas, casas comerciais, terrenos, etc.
Art. 313 - Nas habitações coletivas, o número de moradores será de acordo
com os aposentos existentes, não podendo também serem divididos os comparti-
mentos por madeira, pano, papel, zinco ou materiais semelhantes.
Art. 314 - Nas habitações referidas no artigo anterior será tolerada a lavagem
de roupa em tanques, quando estes forem abrigados, construídos sobre calçada ci-
mentada, com inclinação necessária para o fácil escoamento das águas, ficando ter-
minantemente vedado o uso de tinas.
Art. 315 - Nas habitações coletivas, não poderão permanecer pessoas que so-
fram de qualquer moléstia infectocontagiosa.
Art. 316 - Os proprietários ou encarregados de casas de cômodo serão res-
ponsáveis pelo asseio rigoroso da habitação, não podendo aproveitar os porões para
moradia, nem para abrigo de galinhas ou de qualquer outro animal doméstico.
Art. 317 - Será obrigatória nas hospedarias a limpeza rigorosa das camas, col-
chões, travesseiros, etc.
Art. 318 - É proibido empregar-se no adubo das hortas e jardins o estrume não
umificado e irrigar os legumes com águas servidas ou estagnadas.
Art. 319 - Aos contraventores de qualquer dos artigos acima, será aplicada a
multa de cem mil réis.
Art. 320 - É obrigatória a inspeção sanitária que se verificará duas vezes ao ano,
de todos os negociantes de gêneros alimentícios, seus empregados e os vendedores
ambulantes, padeiros, merceeiros, peixeiros, doceiros, leiteiros, garapeiros, confeitei-
ros, donos e empregados de restaurantes, hotéis, casas de pasto, pensões, botequins,
refinações, torrações, açougueiros, magarefes, cozinheiros, copeiros, hoteleiros, bar-
beiros, carregadores, chauffeurs, condutores de bondes, amas de leite, todos os em-
pregados domésticos, de aluguel, de lavanderias, etc., bem assim os empregados no
comércio ou nas repartições públicas, cujos cargos os obriguem ao manuseio cotidia-
no do dinheiro.
Art. 321 - Será marcado em edital o lugar, mês, dia e hora em que se procederá
essa inspeção.
Parágrafo Único - Incorrerá na multa de vinte mil réis aquele que for
encontrado sem a carteira sanitária, ou que a tenha sem o respectivo
visto do médico municipal.
Art. 322 - Caso o portador da carteira sanitária venha a contrair qualquer mo-
léstia contagiosa, não poderá continuar a exercer sua atividade, enquanto não ficar
curado, sob pena de multa de cinquenta mil réis.

328 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 323 - Passado o prazo do edital, deixará de pagar a devida multa aquele
que provar nenhuma profissão haver exercido anteriormente.
Art. 324 - É proibido o estabelecimento, dentro do perímetro urbano, de fábri-
cas de sabão, óleos, curtumes, depósitos de sal, usinas para beneficiamento de casta-
nhas e outras, que, pelas matérias primas empregadas, produtos e combustíveis uti-
lizados e por qualquer outro motivo, exalem vapores que tornem nociva a atmosfera
ou que prejudiquem a saúde pública, assim como depósitos de couros de qualquer
espécie.
Parágrafo Único - Fica concedido o prazo improrrogável de cento e oi-
tenta dias para a retirada, do perímetro urbano, das fábricas, usinas,
curtumes, depósitos, etc., referidos neste artigo.

Alimentação

Art. 325 - Serão unicamente próprios ao consumo os gêneros alimentícios que


se acharem em perfeito estado de conservação, e que por sua natureza, fabrico, ma-
nipulação, composição, procedência e acondicionamento não sejam nocivos à saúde,
isto é, alterados, falsificados ou deteriorados.
Art. 326 - É expressamente proibida a alteração e falsificação de qualquer gê-
nero alimentício, bem como vendê-lo deteriorado, sob pena de multa de cem mil réis.
Art. 327 - Os gêneros de confeitaria, pastelaria e estabelecimentos congêneres,
logo após a sua fabricação, serão conservadas ao abrigo das poeiras, das moscas e de
qualquer contaminação, não podendo ser expostos à venda senão em caixas, armá-
rios, receptáculos ou prateleiras com tampa de vidro, abertos no ato da venda, sob
pena de multa de cinquenta mil réis a cem mil réis.
Art. 328 - Aos estabelecimentos de víveres não será permitido deixar abertos
os depósitos de farinha, fécula, açúcar e gêneros similares, nem que permaneçam
expostos às poeiras, às moscas e a quaisquer contaminações, os queijos já encetados,
salames, comidas frias, todo comestível enfim, que para ser consumido não tenha de
passar por alto grau de temperatura. Os infratores incorrerão na multa de cinquenta
mil réis a cem mil réis.
Art. 329 - É proibido ter suspenso à porta do estabelecimento comercial qual-
quer gênero alimentício, sob pena de multa de cinquenta mil réis a cem mil réis.
Art. 330 - Os doces e comestíveis, expostos a venda deverão estar acondiciona-
dos em caixas de folha ou de madeira, com vidraças, sob pena de multa de trinta mil
réis e inutilização dos gêneros.
Art. 331 - Quando o médico municipal verificar a existência de gêneros ali-
mentícios em estado de manifesta decomposição mandará inutilizá-los imediata-
mente, correndo qualquer despesa de remoção por conta do dono do estabelecimen-
to. Em caso de dúvida, embargará a venda do gênero, retirando amostra, para ser
submetida á análise do laboratório oficial, até que seja verificada ou não a sua pureza.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 329
Art. 332 - No certificado que entregar ao proprietário do gênero alimentício, a
autoridade indicará a espécie e a marca, o lugar onde este se acha e outros sinais que
julgar conveniente para ulterior reconhecimento do mesmo, responsabilizando o res-
pectivo proprietário por qualquer falta que, por acaso, se verifique. O certificado deve
ser passado em duplicata, e será também assinado pelo dono do gênero alimentícios
e por duas testemunhas.
Parágrafo Único - No certificado será marcado o prazo razoável para a
análise. Findo este, e não havendo decisão, ficará o dono da mercadoria
livre de qualquer responsabilidade e com o direito de dispor do mesmo,
caso lhe aprouver. Se antes de expirar o prazo marcado o dono da mer-
cadoria vender no todo, ou em parte, ou a retirar do respectivo estabele-
cimento, sem prévia licença da autoridade sanitária, incorrerá na multa
de cem mil réis, e ficará obrigado a entregar a mercadoria, a fim de ser
inutilizada, sob pena de nova multa, igual a primeira.
Art. 333 - A busca para inspeção dos gêneros suspeitos de alteração, falsifica-
ção ou deterioração, se fará onde quer que os mesmos se encontrem: fábricas, depó-
sitos, acondicionamento, venda ou consumo.
Art. 334 - Serão responsáveis pela venda de tais gêneros:
a) O fabricante do gênero alterado ou falsificado;
b) O vendedor
c) O que tiver sob sua guarda o artigo alterado, falsificado ou deterio-
rado.
d) O que tiver comprado à pessoa desconhecida, ou não lhe denuncia a
procedência.
Art. 335 - Todos os gêneros alimentícios expostos à venda em vasilhames ou
pacotes de qualquer natureza serão rotulados.
Parágrafo 1º - O rótulo deverá trazer o nome do fabricante, lugar da
fábrica, a marca do produto, e será disposto de tal modo que não possa
ser substituído ou retirado.
Parágrafo 2º - Os produtos encontrados em desacordo com o disposi-
tivo anterior, serão apreendidos e analisados, e quando considerados
bons para o consumo, só poderão ser expostos à venda, depois de paga
a multa de 100$000.
Art. 336 - Se a alteração, falsificação ou deterioração for evidente, que prescin-
da de perícia, os gêneros serão, desde logo, inutilizados.
Art. 337 - É proibida a vendagem de líquidos acidulados em vasilhas de ferro,
cobre, estanho, zinco ou barro vidrado, sob pena de multa de 100$000.
Art. 338 - É expressamente proibido aos vendedores, carregadores, conduto-
res, etc., de gêneros alimentícios, doces e similares, destinados ao comércio, pelas vias
públicas:
a) Usarem caixas que não tragam o nome do proprietário e não sejam

330 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
devidamente forradas de zinco, de forma que se evite o derramamento
de líquido nos transeuntes;
b) Quando conduzirem as caixas ou outros vasilhames dos gêneros do
seu comércio, andarem descalços, maltrapilhos ou sujos, contra as re-
gras da decência, as exigências do asseio e os preceitos de higiene.
c) Conduzirem os mesmos vasilhames ou caixas sem protegê-los com
uma cobertura de lona ou encerado para evitar sobre os gêneros alimen-
tícios, doces, etc., a ação do sol ou da chuva.
Parágrafo Único - Aos contraventores, multa de 20$000 a 50$000, sen-
do-lhes cassada a licença relativa ao seu ramo de negócio no caso de
reincidência.
Art. 339 - Os papéis para embrulhar os gêneros alimentícios, de qualquer espé-
cie, deverão estar ao abrigo de contaminação, não sendo permitido o uso de jornais e
papéis velhos, sob pena de multa de 20$000 a 50$000.
Art. 340 - Os veículos de transporte ou de venda de gêneros alimentícios, de-
verão ser mantidos em rigorosa limpeza e construídos de modo que os gêneros fi-
quem preservados de contaminação. O infrator pagará a multa de 50$000.

Os estabelecimentos de gêneros alimentícios

Art. 341 - Os estabelecimentos industriais ou comerciais, onde se fabriquem,


preparem, vendam ou depositem gêneros alimentícios, ou bebidas de qualquer na-
tureza, além das disposições concernentes às habitações em geral, e quaisquer outras
que lhes sejam aplicáveis, serão observadas mais as seguintes:
a) Só poderão servir de dormitório, moradia ou domicílio, quando dis-
puserem de aposentos especiais para tal fim, separados da parte comer-
cial ou industrial do prédio;
b) As aberturas para o exterior terão bandeiras de altura máximas de
cinquenta centímetros, teladas à prova de insetos;
c) Haverá sempre que a autoridade sanitária julgue necessário, tornei-
ras e ralos dispostos de modo a facilitar a lavagem da parte comercial
ou industrial do prédio, na proporção de um ralo para cada cem metros
quadrados de piso ou fração, providos os ralos de aparelhos para reter
as matérias solidas, que serão retiradas diariamente:
d) As latrinas e mictórios não poderão ter comunicação direta com os
compartimentos em que se preparem ou fabricarem gêneros alimentí-
cios;
e) Haverá lavatórios com água corrente, para mãos e rosto na propor-
ção de uma para trinta pessoas e compartimento especial para vestiário
dos operários;
f) Os compartimentos em que se preparem ou se fabricarem gêneros

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 331
alimentícios, deverão ser revestidos de ladrilhos branc os, vidrados, até
a altura de dois metros.
g) Os compartimentos de habitação não poderão comunicar direta-
mente com as lojas, armazéns ou compartimentos de manipulação, nem
com as dependências que se abram para estas;
h) Será proibida, nos estabelecimentos comerciais ou industriais de
gêneros alimentícios, instalação de jiraus e sótãos para dormitório ou
qualquer outro fim.
Art. 342 - O piso desses estabelecimentos será revestido de material liso e im-
permeável.
Art. 343 - O local das vendas de gêneros alimentícios deverá ser conveniente-
mente ventilado e iluminado.
Art. 344 - Nas cozinhas e copas devem existir aparelhos ou pias esmaltadas,
com mesas e tampas de mármore, providos de dispositivos que garantam a lavagem
de louças, talheres e demais objetos de uso público, em água fervente corrente, não
sendo permitida a lavagem em água parada nas pias, ou outros recipientes.
Art. 345 - O local da venda e do trabalho, as cozinhas, as despensas e adegas,
não poderão servir de dormitório ou alojamentos, ou comunicar diretamente com
estes, nem com latrinas.
Art. 346 - As latrinas e mictórios terão o piso de ladrilho cerâmico, e as paredes
revestidas, até um metro e cinquenta centímetros, de ladrilho branco, vidrado, bem
como os lavabos, e serão em número suficiente na proporção de um para cada grupo
de vinte pessoas ou fração e terão as aberturas teladas à prova de moscas, e as portas
providas de molas, que as mantenham fechadas.
Art. 347 - Quando, em qualquer estabelecimento industrial ou comercial de
gêneros alimentícios, o médico municipal verificar que, além do comércio ou in-
dústria para que for especialmente licenciado, haja aparelhagem e elementos para
falsificação de produtos, aplicará aos responsáveis a multa de cem mil réis, e o dobro
na reincidência, sem prejuízo da competente ação criminal.
Art. 348 - É obrigatório o mais rigoroso asseio nos estabelecimentos dos gêne-
ros alimentícios, sendo, entretanto, proibido varrer a seco.
Art. 349 - Nos estabelecimentos industriais ou comerciais, de gêneros alimen-
tícios, haverá depósitos metálicos especiais, dispondo de tampa e fecho hermético,
para colheita de resíduos, sob pena de multa de cinquenta mil réis.
Art. 350 - Aos transgressores de qualquer dos artigos deste capítulo, cuja multa
não estiver especificada, será imposta a de trinta mil réis a cem mil réis.

Remoção de lixo

Art. 351 - É obrigatória a remoção do lixo domiciliário, comercial, do Merca-


do, das repartições públicas federais, estaduais e municipais.

332 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 352 - O serviço de remoção será feito em veículos apropriados que não
deixem espalhar poeiras ou odores na atmosfera.
Art. 353 - Esse serviço se fará em dois turnos: no primeiro será removido o lixo
domiciliário das seis às nove horas; no segundo será coletado o lixo das casas comer-
ciais, Mercado e repartições públicas, das treze e meia às dezesseis horas.
Art. 354 - O lixo será coletado em recipientes metálicos e cobertos, obede-
cendo o modelo determinado pela Diretoria de Higiene, que serão colocados, tanto
quanto possível, fora da casa.
Art. 355 - É proibido jogar lixo nas ruas e terrenos incultos ou cultivados,
pontes, cais e rampas, assim como nas margens dos rios, lagos, igarapés e furos que
banham a cidade ou os povoados do interior do Município, sob pena de trinta mil
réis de multa.
Art. 356 - Todo lixo será incinerado em forno adotado pela Prefeitura Muni-
cipal
Art. 357 - Aos infratores das disposições do presente capítulo será aplicada a
multa de trinta mil réis a cem mil réis.

Hotéis, Restaurantes, Botequins, Cafés e Estabelecimentos Congêneres

Art. 358 - Os hotéis, restaurantes, botequins, cafés e estabelecimentos congê-


neres terão o piso revestido de material liso e impermeável, e as paredes pintadas até
o forro de cores claras e com material que resista à frequentes lavagens.
Art. 359 - As cozinhas e copas, bem como os banheiros e latrinas, terão o piso
revestido de ladrilho cerâmico e as paredes, até a altura de dois metros, de ladrilho
branco ou material congênere.
Art. 360 - As salas de refeições e de venda, bem assim as cozinhas e copas,
isto é, o local de trabalho, devem ter bastante luz e ventilação, não podendo servir
de dormitórios ou alojamentos de empregados e muito menor ter comunicação com
latrinas.
Art. 361 - Os refeitórios dos hotéis e restaurantes terão o piso revestido de
ladrilho.
Art. 362 - Nos hotéis haverá, na proporção de um para cada grupo de vinte
hóspedes gabinetes sanitários e instalações para banhos quentes e frios, devidamente
separados para um outro sexo.
Art. 363 - Nos hotéis, os cômodos de habitação noturna deverão ter as paredes
internas até um metro e cinquenta centímetros de altura, revestidas de substâncias
lisas, não absorventes e capazes de resistir à frequentes lavagens. São proibidas as
divisões de madeira.
Art. 364 - As copas e cozinhas deverão ter pias de ferro esmaltado, mármore
ou material análogo, com mesa de mármore ou grés cerâmica, com água corrente,
quente e fria.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 333
Art. 365 - Os talheres e louças não serão lavados em água parada nas pias ou
em outros recipientes, e sim, em água corrente quente.
Art. 366 - Os guardanapos e toalhas serão de uso individual, os açucareiros de
tipo higiênico moderno, isto é, sem que se possam introduzir colheres, e os vasilha-
mes para o preparo dos alimentos de material inatacável.
Art. 367 - Todos os talheres, louças e comestíveis não devem ficar expostos as
poeiras e aos insetos, sendo guardados em armários e depósitos especiais.
Art. 368 - Os gêneros alimentícios que sejam facilmente deterioráveis, devem
ser conservados em câmaras frigoríficas.
Art. 369 - Os empregados, caixeiros, copeiros, criados ou quaisquer outros
auxiliares dos restaurantes, cafés, hotéis e estabelecimentos similares, são obrigados a
apresentar-se e a manter-se decentemente vestidos, trazendo sempre vestuários ade-
quados e avental branco, rigorosamente limpos. Aos transgressores de qualquer dos
artigos do presente capítulo será aplicada a multa de cinquenta mil réis a cem mil réis.
Art. 370 - As torrefações e moagens de café serão instaladas em recintos apro-
priados e destinados exclusivamente a esse fim; obedecendo as determinações das
autoridades sanitárias e só funcionarão nas horas de trabalho do comércio.
Art. 371 - Só serão próprios para o consumo os tipos oficiais de café, isto é, de
um a oito, conforme classificação do Departamento Nacional de Café.
Parágrafo Único - Será condenável o emprego de corpos estranhos que
venham modificar a condição de pureza do café, tais como paus, pedras,
torrões, cocos, etc.
Art. 372 - Só será permitida a exposição e venda de café torrado e moído quan-
do forem obedecidas as condições do artigo anterior.
Art. 373 - Todo café exposto à venda em sacos, pacotes ou invólucros, será
devidamente rotulado.
Art. 374 - Considera-se impróprio ao consumo:
a) O café torrado e moído, com mais de dez dias de moagem;
b) O café torrado e não moído com mais de vinte dias de torrefação;
c) O café de qualquer modo deteriorado ou danificado pela água ou
pelo fogo, úmido, mofado, rançoso, podre ou queimado;
d) O café corado artificialmente;
e) O café de qualquer outro modo adulterado.
Art. 375 - É expressamente proibida a adição de qualquer porcentagem de açú-
car.
Art. 376 - É obrigatória a inutilização diária das escórias do rebenefício e ca-
tação.
Art. 377 - A fiscalização consistirá em visitas frequentes aos estabelecimentos
respectivos, para exame do produto pelos médicos da Diretoria de Higiene Muni-
cipal, que poderão em caso de necessidade, retirar amostra para o devido exame de
laboratório.

334 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 378 - Aos infratores das disposições dos artigos do presente titulo será
aplicada a multa de cinquenta a cem mil réis.

Dos mercados

Art. 379 - O piso deverá ser impermeável, não escorregadio, tendo a declivida-
de suficiente para o escoamento das águas.
Art. 380 - As paredes internas serão revestidas, até a altura de dois metros, de
material liso, impermeável e resistente, e daí para cima, pintadas de cores claras, fixas,
que resistam a frequentes lavagens.
Art. 381 - A superfície mínima do piso dos compartimentos de venda será de
seis metros, sendo de um metro e meio a sua largura mínima.
Art. 382 - Estes compartimentos serão pintados a óleo, e revestidos de azulejo,
até a altura de dois metros, sendo o seu piso constituído por material impermeável.
Art. 383 - As janelas que derem para a rua e passagens, serão guarnecidas de
ferro, permitindo franca e constante renovação.
Art. 384 - As passagens principais terão a largura mínima de quatro metros, e,
as demais, a de três metros.
Parágrafo Único - Estas passagens serão revestidas de materiais imper-
meáveis, e construídas com declividades suficientes para o pronto es-
coamento das águas de lavagens.
Art. 385 - As portas de ingresso terão a largura mínima de três metros, sendo
o seu número fixado de modo a garantir uma fiscalização eficiente.
Parágrafo Único - Além destas, não poderão os mercados ter outras
portas, abrindo diretamente para via pública.
Art. 386 - A armadura do telhado será construída de material inatacável, e na
cobertura empregados materiais maus condutores de calor.
Art. 387 - A altura mínima do pé direito, medida do ponto mais baixo do te-
lhado, será de seis metros.
Art. 388 - Os mercados atenderão ainda aos seguintes preceitos:
a) Terão compartimentos destinados aos funcionários encarregados da
fiscalização.
b) Serão dotados de redes de água e esgotos, instaladas de acordo com
as exigências da repartição estadual competente;
c) Terão um reservatório com capacidade para o fornecimento de água
para todos os serviços durante vinte e quatro horas;
d) Possuirão interna e externamente, o número de hidrantes necessá-
rios, para fácil lavagem do estabelecimento, bem como a extinção de
incêndios;
e) Serão dotados de canalização que permita a instalação de uma tor-
neira em cada um dos compartimentos de venda, com dispositivos que

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 335
assegurem rápido escoamento das águas servidas para a rede geral de
esgotos;
f) Nas ruas principais e secundárias, serão construídos ralos para o es-
coamento das águas de lavagem.
Art. 389 - Haverá nos mercados um depósito com capacidade para armazenar
o lixo em um dia recolhido.
Parágrafo Único - Este deposito terá as paredes e o piso impermeabiliza-
dos, claraboia de ventilação no teto, água corrente para lavagens e ralos
para o seu fácil escoamento.
Art. 390 - As latrinas e mictórios serão em número suficiente para o uso do
público, havendo também toucadores com aparelhos higiênicos, indispensáveis para
as senhoras.
Parágrafo Único - Estas instalações deverão guardar a distância de cinco
metros, dos compartimentos de venda.
Art. 391 - A iluminação do Mercado será elétrica, cuja instalação de cinco
metros, dos compartimentos de venda.
Art. 392 - As mesas para o comércio de gêneros alimentícios, de origem ani-
mal, serão de mármore, assento sobre pés metálicos ou de pedra, sem qualquer guar-
nição que impeça a limpeza diária.
Art. 393 - Os balcões e prateleiras serão construídos de ferro e mármore, ou
outros matérias que os substituam.
Art. 394 - As seções de venda de carne e peixe obedecerão aos açougues, no
que lhes for aplicável.
Art. 395 - Os gêneros alimentícios úmidos não poderão estar em contato com
superfícies permeáveis, nem serão conservados em vasos de chumbo, cobre ou zinco.
Art. 396 - Os gêneros alimentícios facilmente deterioráveis serão conservados
em câmaras frigoríficas especiais.
Art. 397 - Todos os gêneros e produtos, que forem condenados pelo médico,
serão imediatamente inutilizados.
Art. 398 - Os animais expostos à venda permanecerão em gaiolas ou jaulas de
fundo duplo, zincado, que permitam rigorosas lavagens diárias.
Art. 399 - Quando se verificar qualquer doença opizoótica, nesses animais,
serão os mesmos incinerados, e os outros convenientemente isolados, sendo feita a
devida desinfecção do local, gaiola ou jaula.
Art. 400 - É expressamente proibida a aglomeração excessiva de animais nas
mesmas jaulas ou gaiolas.
Art. 401 - Todas as dependências do Mercado, bem assim os utensílios e ins-
trumentos empregados, serão lavados diariamente e conservados em rigoroso asseio.
Art. 402 - Os gêneros deteriorados, expostos à venda, serão incontinenti inuti-
lizados, e seus proprietários ou depositários, multados.
Parágrafo Único - Aos infratores dos artigos acima, multa de trinta a
cem mil réis.

336 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Dos Matadouros

Art. 403 - O piso das diversas seções do Matadouro deverá ser impermeável,
não escorregadio, com inclinação necessária para o escoamento fácil dos líquidos
residuais.
Art. 404 - As paredes internas, até a altura de dois metros, pelo menos, serão
revestidas de material impermeável, liso, resistente a frequentes lavagens.
Art. 405 - Os ângulos interiores deverão ser arredondados, e todas as paredes
internas pintadas a cores claras, e com material que resista a frequentes lavagens.
Art. 406 - Os matadouros terão casas de matança, compartimentos para en-
xuga, esvaziamento de intestinos, necropsia, salas de máquinas e produção de água
fervente, dependências para triparias, gabinetes de microscópia, vestiário, banheiros,
sentinas, na proporção de uma para cada grupo de trinta pessoas, ralos para escoa-
mento das águas, com ligação sifônica para a rede de esgoto, currais, chiqueiros, en-
fim, todos os anexos necessários.
Art. 407 - Além desses departamentos que recebem luz e ar diretamente do
exterior, por intermédio de janelas e portas, os Matadouros deverão ter: autoclaves,
estufas, esterilizadores, maquinismos, aparelhos, utensílios, trilhos aéreos, carretilhas
e ganchos de ferro galvanizado, carros estanques, forno de grande abastecimento de
água quente e fria, para atender ao serviço diário.
Art. 408 - Os Matadouros terão, em suas diversas dependências, escarradeiras
higiênicas e depósitos metálicos para os resíduos.
Art. 409 - As carnes serão depositadas em tendais espaçosos, bem ventilados e
providos de água suficiente, onde sofrerão o devido enxugo.
Art. 410 - A inspeção diária de todo o gado, antes e depois de abatido, será pro-
cedida pelo médico ou veterinário, que registrará, em livro próprio as condenações
ou rejeições, especificando as causas.
Art. 411 - Competirá a estes, remeter mensalmente à Prefeitura Municipal,
uma comunicação das ocorrências havidas, bem como apresentar anualmente um
relatório circunstanciado, sobre o serviço que dirigem.
Art. 412 - É proibido abater no Matadouro, para o consumo:
a) Vacas em adiantado estado de gestação;
b) Vacas recentemente paridas, isto é, com menos de doze dias de par-
to;
c) Os animais que não sejam de espécie bovina, suína, caprina ou ovi-
na;
d) Os animais que não tenham repousado, pelo menos, noventa e seis
horas;
e) Animais reprodutores ou recentemente castrados;
f) Animais em que se verifique carbúnculo bacteriano, tétano, raiva,

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 337
peste e qualquer doença aguda ou febril.
Art. 413 - Quando, do exame post-mortem, o médico verificar que os animais
são portadores de graves afecções, tais como: tuberculose, carbúnculo bacteridiano,
febre aftosa, peste bovina, enterites, actinomicoses, helmintoses, etc., fará a conde-
nação parcial ou total, conforme a natureza das lesões encontradas e a gravidade das
doenças.
Art. 414 - As rezes portadoras de doenças infectocontagiosas, serão imediata-
mente sacrificadas, e as rejeitadas ou condenadas pela autoridade sanitária, irão para
fora do Matadouro, correndo as despesas por conta dos seus respectivos donos.
Art. 415 - O serviço de matança será iniciado entre treze e quatorze horas, ou
mais tarde, a critério da autoridade competente.
Art. 416 - Os animais abatidos ou que tenham morrido de doenças perigosas
(carbúnculo e raiva) serão cremados, e o local, utensílios e instrumentos de trabalho
desinfetados ou esterilizados.
Art. 417 - Os animais que caírem contundindo-se fortemente ou sofrerem fra-
turas, serão imediatamente abatidos.
Art. 418 - Caso apareça, nos currais, qualquer doença epizoótica, o médico
comunicará ao serviço de indústria Pastoril fazendo a devida separação dos animais
doentes, e suspenderá a matança, se o número de casos aumentar, até serem tomadas
as devidas providências.
Art. 419 - As vísceras e carnes condenadas irão para os fornos incinerados ou
câmaras de carbonização.
Art. 420 - Nos Matadouros, não é permitido aposentos de dormir.
Art. 421 - Todas às vezes que os donos de animais condenados ou inutilizados
exigirem um certificado, o médico veterinário será obrigado a passá-lo, dizendo o
motivo da condenação.
Art. 422 - É proibido matar e esquartejar reses para o consumo público fora do
Matadouro, sob pena de multa de cem mil réis.
Art. 423 - A carne destinada ao consumo sairá do Matadouro às dezessete ou
dezoito horas, no máximo, depois de devidamente marcada com um carimbo espe-
cial, em transportes adequados, bastante ventilados e rigorosamente limpos.
Art. 424 - A distribuição de carne ao Mercado e açougue é feita em veículos
especiais, bem ventilados e diariamente limpos.
Art. 425 - As vísceras e fressuras só sairão do Matadouro depois de limpas e os
vendedores ambulantes desses gêneros deverão trazê-los em caixas teladas e conve-
nientemente asseadas, sob pena de multa de cinquenta mil réis.
Art. 426 - Quando houver precisão de sangue para uso alimentar ou fim in-
dustrial, o médico deverá examiná-lo cuidadosamente, recolhendo-o em recipientes
especiais, atestando se está ou não apto às necessidades pretendidas.
Art. 427 - Os magarefes serão inspecionados pelos médicos municipais, e usa-
rão, durante o trabalho, calção e blusas adequadas e limpas e não poderão fumar, sob

338 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
pena de multa de vinte mil réis.
Art. 428 - Aos transgressores de qualquer dos artigos deste capítulo, cuja multa
não estiver especificada, será imposta a de trinta a cem mil réis.

Dos açougues

Art. 429 - Os açougues não podem servir de dormitório e não terão comuni-
cação interna, por portas e janelas com as outras partes da casa.
Art. 430 - Nenhum açougue destinado ao público comércio poderá funcionar
em dependências de fábricas de produtos de carne e estabelecimentos congêneres,
mesmo que dentre deles não haja conexão.
Parágrafo Único - São extensivas aos depósitos de peixes, todas as dis-
posições referentes aos açougues em que lhes sejam aplicáveis.
Art. 431 - Os açougues deverão ser instalados em prédios de boa construção,
terão pelo menos duas portas dando diretamente para a rua, ou outro logradouro.
Parágrafo Único - Além destas portas não poderão ter outra abertura.
Art. 432 - A área mínima do compartimento destinado ao depósito de comér-
cio de carne, será de dezesseis metros quadrados, interiormente, e, salvo no caso do
Parágrafo seguinte, em caso algum as faces desses compartimentos terão menos de
quatro metros.
Parágrafo Único - Admite-se uma das dimensões com menos de quatro
metros, quando entre essa dimensão e a outra, existir a relação de três
para quatro.
Art. 433 - Os açougues terão o pé direito mínimo de quatro metros.
Art. 434 - As portas terão três metros a vinte centímetros de altura por um
metro e vinte centímetros de largura também no mínimo.
Parágrafo Único - As portas serão inteiramente metálicas e gradeadas,
permitindo constante e franca renovação de ar.
Art. 435 - Os ângulos internos das paredes entre si, ou com o piso, serão arre-
dondados.
Art. 436 - As paredes serão forradas de ladrilhos ou mármore, até dois metros,
no mínimo, e daí ao teto pintadas a óleo.
Art. 437 - O piso dos açougues será pavimentado com substância resistente,
lisa, impermeável, e terá a declividade necessária para o fácil escoamento de todas as
águas para o ralo ligado à rede do esgoto.
Art. 438 - Nos lugares onde não houver esgotos, essas águas serão encami-
nhadas convenientemente para um depósito de modelo aprovado pela a autoridade
sanitária competente.
Art. 439 - Toda a ferragem destinada a pendurar, expor, pesar e expedir merca-
doria, será de aço, perfeitamente limpa e sem pintura, ou de ferro niquelado.
Art. 440 - Os balcões ou mesas serão de ferro e forrados de mármore, não

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 339
podendo, além dos pés e de tampo, ter guarnição alguma que venha impedir a fácil
verificação do estado de limpeza do açougue.
Art. 441 - Haverá nesses estabelecimentos grandes pias de lavagem, com tor-
neiras de recepção e esgoto e água, que deverá ser abundante, permitindo ampla e
diária lavagem, para o que cada açougue terá, além de água encanada, um reservató-
rio cuja capacidade mínima será de duzentos litros.
Parágrafo Único - As pias terão ligação sifonadas para a rede de esgotos.
Art. 442 - É expressamente proibido o uso do cepo e da machadinha, bem
como embrulhar as carnes ou vísceras com papéis velhos, jornais ou outros impres-
sos. Aos infratores, multa de cem mil réis.
Art. 443 - Nenhum açougue poderá vender carne, sem a marca que prove a sua
procedência no Matadouro Municipal, sob pena de multa de 100$000.
Art. 444 - As carnes provenientes de matança clandestina serão apreendidas e
inutilizadas, e os seus donos ou depositários multados em cem mil réis.
Art. 445 - As carnes para o consumo deverão ser penduradas em ganchos, e
protegidas das moscas e demais insetos, por dispositivos telados especiais.
Art. 446 - As carnes não vendidas que foram encontradas em gelo, serão, inuti-
lizadas, incorrendo o infrator, além de perder a mercadoria, na multa de cem mil réis.
Art. 447 - Todas as carnes encontradas à venda, depois de dez horas, bem
assim as que estiverem deterioradas e decompostas, serão apreendidas, pagando o
infrator a multa de cem mil réis.
Art. 448 - Todos os açougues serão lavados diariamente, logo após o serviço,
bem assim os utensílios, sob pena de multa de cinquenta mil réis.
Art. 449 - É obrigatório um cartaz, bem visível, com o preço da carne exposta
à venda, sob pena de multa de cem mil réis.
Art. 450 - Não será permitido, nos açougues, o comércio de qualquer gênero
estranho à carne. Ao infrator multa de cem mil réis.
Art. 451 - Não é permitido alterar, nos talhos públicos os pesos de carne, po-
dendo qualquer fiscal, verificar ato contínuo a venda, a exatidão dos mesmos. Os
infratores do presentes artigo serão multados em cem mil réis.
Art. 452 - Os talhadores de carne serão obrigados a inspeção sanitária, e usa-
rão, durante o trabalho, avental branco com mangas curtas, que cubra desde o pesco-
ço aos joelhos, e gorro da mesma cor, sob pena de cinquenta mil réis de multa.
Art. 453 - É expressamente proibido fumar durante o trabalho, sob pena de
multa de cinquenta mil réis.
Art. 454 - Quando as frentes dos açougues forem atingidas pelo sol, os seus
proprietários serão obrigados a protegê-las com toldos apropriados, sob pena de
multa de cinquenta mil réis.
Art. 455 - Aos transgressores de qualquer dos artigos deste capítulo, cuja multa
não estiver especificada, será imposta a multa de trinta mil réis a cem mil réis, e em
geral só poderão voltar ao serviço depois de satisfeita a multa respectiva.

340 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Barbearias e lavanderias

Art. 456 - Nenhum barbeiro ou cabeleireiro poderá instalar os seus salões em


compartimentos que não estejam devidamente aparelhados com canalização de água
corrente, lavatório de mármore, ou material semelhante e cujo piso não seja ladri-
lhado.
Art. 457 - Ficam os mesmos obrigados ao cumprimento das seguintes dispo-
sições:
a) Munir seus estabelecimentos de aparelhos próprios à desinfecção
diária dos utensílios;
b) Utilizar pulverizados modernos na aplicação do pó de arroz; ou fazê
-la com algodão, abolindo em absoluto as plumas;
c) Usar para cada indivíduo uma gola e uma toalha;
d) Renovar para cada pessoa pano ou papel de encosto de cabeça.
Art. 458 - Os empregados usarão, nas horas de trabalho, blusas brancas que
deverão patentear o mais rigoroso asseio.
Art. 459 - O pavimento das lavanderias terá revestimento impermeável com a
necessária declividade para facilitar o escoamento das águas.
Art. 460 - Os proprietários de lavanderias ficam obrigados a observância das
seguintes disposições:
a) Não será permitida a condução de roupa suja e limpa conjuntamente
no mesmo veículo;
b) As roupas provindas de hospitais ou casas onde hajam pessoas ata-
cadas de doenças contagiosas, de notificação compulsória, deverão ser
transportados em veículos empregados exclusivamente para esse fim,
um para roupa suja e outro para a limpa, os quais serão pintados de
cores diferentes;
c) Para a lavagem a quente terão aparelhos adequados;
d) Empregarão cintas e envoltórios destinados à proteção, contra as
poeiras, das peças individuais.
Parágrafo Único - A infração do disposto neste capítulo importa em
multa de trinta mil réis a cem mil réis.

Plantões de farmácias

Art. 461 - Todas as farmácias serão obrigadas a fazer o plantão escalado pela
Diretoria de Higiene, de acordo com o rodízio por ela estabelecido.
Art. 462 - Só será escalada para os plantões a farmácia que tiver o respectivo al-
vará do Departamento de Saúde Pública, o qual justificará as condições de aparelha-
mento, isto é, se está apta a atender ao receituário nos dias dos respectivos plantões.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 341
Art. 463 - As farmácias que estiverem em descanso colocarão, numa das por-
tas do estabelecimento, um pequeno cartaz com o nome das farmácias de plantão e
indicação da rua em que forem situadas.
Art. 464 - A farmácia escalada para o plantão noturno permanecerá aberta das
onze às quatorze horas, afim de atender ao receituário que possa surgir nesse horário
que corresponda ao fechamento facultativo das demais.
Art. 465 - Só será permitida a permuta de plantões havendo motivos imperio-
sos e justificáveis, o que será comunicado por escrito à Diretoria de Higiene, que por
sua vez indicará o caso tomando as devidas providências.
Art. 466 - Aos infratores dos artigos acima, multa de cem mil réis.

Depósitos de frutas e quitandas

Art. 467 - As quitandas e depósitos de frutas deverão ser instalados em com-


partimentos próprios, não podendo servir de dormitório ou alojamentos terão sobre
as portas e janelas, dando para o exterior, bandeiras abertas com grades de ferro ou
venezianas.
Art. 468 - O piso será de material liso e impermeável e não absorvente, e as
paredes serão revestidas de material que resista a lavagens frequentes.
Art. 469 - As frutas, verduras, farinhas, etc., deverão ser colocadas em recep-
táculos ou mesas convenientemente limpos e protegidos das poeiras e dos insetos.
Art. 470 - Os gêneros deteriorados serão imediatamente apreendidos e inutili-
zados, além da devida multa aplicada.
Art. 471 - Aos contraventores dos artigos acima será imposta a multa de trinta
mil réis a cem mil réis.

Padarias, confeitarias, refinarias e estabelecimentos congêneres

Art. 472 - As padarias, confeitarias e estabelecimentos congêneres deverão ter:


a) O piso revestido de ladrilho de cores claras, com inclinação para
escoamento das águas de lavagens;
b) As paredes das salas de elaboração dos produtos, revestidas de ladri-
lho branco, vidrado, até a altura de dois metros, e daí para cima, pinta-
das de cores claras;
c) Os ângulos das paredes entre si e destas com o piso, arredondados
d) As salas de preparo dos produtos, com as janelas e aberturas teladas,
à prova de moscas.
Art. 473 - Os compartimentos destinados ao depósito e venda de gêneros ali-
mentícios, os aplicados à moradia, refeitórios e cozinhas, bem assim os reservados
a banheiros, instalações sanitárias e vestiários, formarão três corpos distintos, na
construção do edifício, todos recebendo ar e luz direta e amplamente, não podendo,

342 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
porém, cada um desses corpos, comunicar-se diretamente com os demais, ou entre
si, se tornarem dependentes.
Art. 474 - Quando o edifício industrial da padaria se destituir não somen-
te à indústria panificadora, compor-se-á das seguintes partes: sala de manipulação,
compreendendo – o forno, a câmara termo-reguladora, os depósitos de farinhas, as
máquinas e as mesas de manipulação, os bancos para descanso dos empregados, la-
vatórios e bebedouros higiênicos, salas de expedição de vendas que terão também o
piso ladrilhado e as paredes impermeabilizadas, lavatórios dotados de torneiras com
bebedouros higiênicos, e balcões com tampo de mármore e armações que repousarão
diretamente no piso, sobre base de cimento, ou ficarão acima dele para fácil varre-
dura e lavagem; vestiário também com piso ladrilhado e paredes impermeabilizadas,
possuindo cada empregado um armário de uso individual; aparelhos sanitários, ba-
nheiros, depósitos de combustível, que serão instalados de modo que não prejudi-
quem a higiene e o asseio do estabelecimento.
Art. 475 - As cozinhas, refeitórios, dormitórios e anexos, necessários serão
alojados em compartimentos especiais, obedecendo rigorosamente os dispositivos
modernos da higiene.
Art. 476 - Os fornos e caldeiras ficarão distantes sessenta centímetros pelo
menos das paredes dos compartimentos vizinhos.
Art. 477 - As farinhas e os açucares serão colocados em depósitos especiais
com o piso e paredes ladrilhados, e as aberturas protegidas por telas de arame, que os
defendam contra ratos e insetos.
Art. 478 - A área destinada aos combustíveis será calçada convenientemente.
Art. 479 - O trabalho oficinal será mecânico, restringindo-se o mais possível
o uso das mãos.
Art. 480 - Todo o instrumento de trabalho, aparelho e utensílios serão de ma-
terial inócuo e inatacável.
Art. 481 - Os pães, bolos, biscoitos, confeitos, balas e produtos açucarados,
após a sua fabricação, serão convenientemente acondicionados, contanto que não
fiquem expostos às poeiras e às moscas, ou a quaisquer contaminações.
Parágrafo Único - Os pães vendidos por unidade deverão pesar: cin-
quenta, cem, duzentos e cinquenta, quinhentos e mil gramas, cada um.
Art. 482 - Os padeiros, confeiteiros, etc., usarão durante o trabalho avental
branco de mangas curtas, e gorro da mesma cor, e não poderão fumar.
Art. 483 - Aos infratores de qualquer dos artigos do presente capítulo será
aplicada a multa de cinquenta mil réis a cem mil réis.
Art. 484 - O leite dado a consumo, nesta cidade, será pasteurizado, exceto os
que forem produzidos nos estábulos e granjas leiteiras que obedecerem às regras da
técnica moderna, de acordo com os preceitos adotados pelo Departamento Nacional
de Saúde Pública, para o leite cru e para o leite certificado.
Parágrafo Único - O leite a que se refere este artigo deverá provir de

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 343
animais de perfeita integridade de saúde e ser vendido sem a adição de
ingrediente algum, para o que será previamente submetido ao exame
necessário, no Posto Lacto-métrico, onde pagará as taxas legais.
Art. 485 - Será considerado leite integral somente aquele cujas cifras de análise
não estiverem abaixo do padrão mínimo seguinte:
Gordura................................................................................ 3,5%
Extrato seco total ............................................................. 12,2%
Acidez em graus Dornic..................................................... 15%
Extrato seco sem gordura.................................................. 8,7%
Lactose anidra..................................................................... 4,3%
Densidade........................................................................... 1.026
Art. 486 - Considere-se impróprio ao consumo o leite que:
a) Apresentar grau de acidez superior a vinte graus ou inferior a quinze
graus Dornic;
b) Contiver colostro;
c) Denunciar modificações flagrantes das duas propriedades organolé-
ticas normais, como sejam as de aspecto, consistência, cor, sabor e aro-
ma;
d) Denotar pela presença de impurezas pouco asseio na ordenha e ma-
nipulação ou transporte;
e) Revelar a presença de elementos, figurados ou não, estranhos à sua
composição, como sangue, pus ou número de leucócitos superior um
por mil, em volume;
f) Revelar, pela análise, a presença de nitratos ou nitritos;
g) Contiver número excessivo de bactérias por cc., ou bactérias do gru-
po coli.
h) Revelar a presença de qualquer microrganismo patógeno, pela prova
de cultura e inoculação;
i) Apresentar uma diferença de mais de dois graus de acidez (Dornic)
entre duas verificações sucessivas, quando mantido abaixo de -|- 10º C.
Art. 487 - Será condenado e sumariamente inutilizado o leite quando em aná-
lise de amostras colhidas ou por verificação feitas nos locais de produção, beneficiá-
rio e expedição, ficar comprovado:
a) Conter germens patógenos;
b) Provir de zonas pastoris onde grasse epizootias, transmissíveis ao
homem;
c) Conter número excessivo de microrganismos, por cc.;
d) Ter sido acondicionado, transportado ou manipulado com infrações
ao que dispõe este Código.
Art. 488 - É obrigatório aos danos de estabelecimentos que fornecerem leite ao
público, facilitar a visita do médico encarregado da inspeção, ou de qualquer fiscal

344 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
municipal, para isso designado, fornecendo-lhes quantidade de leite suficiente para
a devida análise, sob pena de multa de cem mil réis e apreensão do leite exposto à
venda.
Art. 489 - Os donos do leite analisado, caso este seja encontrado em boas con-
dições, receberão os talões de exame; em caso de condenação, será o leite inutilizado,
ficando o infrator sujeito à multa de cem mil réis, sem prejuízo do processo criminal
que couber nos termos do Decreto federal n. 22. 796, de 1.º de Junho de 1933, se for
apurada a falsificação do produto.
Art. 490 - A fiscalização da venda do leite poderá ser exercida em qualquer
ocasião, tanto nos estabelecimentos comerciais como nas vendas ambulantes e postos
suburbanos.
Art. 491 - Com a designação de leite pasteurizado só poderá ser exposto à
venda e dado ao consumo leite que tiver sido tratado pelos sistemas modernos de
pasteurização.
Art. 492 - O leite pasteurizado deverá ser rigorosamente filtrado antes da pas-
teurização, e durante ela, submetido em toda a sua massa, a uma temperatura uni-
forme, que será mantida no máximo preestabelecido em instruções de serviço, para
cada caso particular
Art. 493 - Após a pasteurização, o leite deverá ser envasilhado mecanicamente.
Art. 494 - O leite pasteurizado deverá ser mantido em temperatura inferior a
dez graus centígrados até a entrega ao consumidor.
Art. 495 - O leite pasteurizado, uma vez retirado das câmaras frigoríficas, de-
verá ser dado ao consumo dentro das vinte e quatro horas que seguirem a pasteuriza-
ção, sob pena de apreensão e inutilização.
Art. 496 - Não será permitido pasteurizar o leite mais de uma vez.
Art. 497 - Só poderá ser exposto à venda e dado a consumo com a designação
do leite cru o que, além de estar de acordo com o artigo 498, parágrafos 1 e 2, preen-
cher mais as seguintes condições:
a) Que seja recolhido em vasilhame adequado e filtrado e resfriado
abaixo de quinze graus centígrados;
b) Que seja a mistura do leite de todas as vacas mungidas e que essas
nunca sejam em número inferior a seis;
c) Que seja entregue ao consumidor dentro de seis horas após a mun-
gidura;
d) Que não tenha número de germens superior ao fixado neste Código.
Art. 498 - A designação de leite certificado cabe unicamente ao que, além de
satisfazer as condições gerais, preencher mais as seguintes:
Parágrafo 1º - Quanto aos animais de que proceder:
a) Que estejam em bom estado de saúde e nutrição, verificado por exa-
me veterinário mensal e por provas trimestrais da tuberculina;
b) Que sejam mantidos em repouso, pelo menos três horas antes da
ordenha;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 345
c) Que sejam convenientemente alimentados, isto é, que a ração de en-
tretenimento que receberem se adicione a de produção de acordo com
as regras zootécnicas e se prescreva a utilização, para esse fim, de subs-
tâncias deterioradas e resíduos de destilaria, o predomínio de forragens
verdes e o excesso de cloreto de sódio;
d) Que estejam convenientemente alojadas, isto é, mantidos no regime
misto de semi estabulação, em granjas leiteiras, de acordo com este Có-
digo;
e) Não se permitirá sua promiscuidade com outro gado vacum que não
esteja submetido às mesmas exigências, e em nenhum caso com animais
de outra espécie;
f) Os pelos longos do úbere e regiões vizinhas serão cortados seguida-
mente;
Parágrafo 2º - Quanto à ordenha:
a) Que a mungidura seja regular, total, feita com compressão excessiva
e conduzida de maneira que se desprezem os primeiros jatos e que só se
dê por terminada quando não houver mais leite no úbere;
b) A mungidura só poderá ser executada em compartimento especial;
c) Que o ordenhador, antes de executar, tenha lavado as mãos e antebra-
ços com água corrente, sabão e escova e se tenha revestido de avental e
gorro branco e limpo;
d) Que o úbere e regiões vizinhas tenham sido convenientemente lava-
dos com água e sabão e enxutos, mantendo-se presa a cauda do animal
por meio adequado.
Parágrafo 3º - Quanto ao tratamento e acondicionamento:
a) Que seja recolhido em vasos especiais, esterilizados, de abertura late-
ral, estreita e inclinada e depois filtrado e resfriado abaixo de -|- 10º C;
b) Que seja a mistura do leite de todas as vacas mungidas e sofra o en-
vasilhamento mecânico em garrafas de vidro translúcido, esterilizadas e
logo depois fechadas de modo hermético e inviolável;
c) Que seja entregue ao consumidor dentro de seis horas e conservado
em temperatura de dez graus centigrados;
d) Que se encontre, na garrafa, a procedência, qualidade, hora e dia da
ordenha;
Art. 499 - É proibido na colheita, transporte e conservação do leite destinado
ao consumo:
a) Empregar utensílios de cobre, latão, zinco, barro, madeira, ferro es-
tanhado com liga que tenha mais de dois por cento de chumbo, ou com
a estanhagem defeituosa ou enferrujada, de qualquer utensílio enfim de
difícil limpeza pelo seu formato ou que, pela sua composição, revesti-
mento interno ou solda, possa prejudicar o leite;

346 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
b) Utilizar-se de fechos servidos, trapos, folhas, palhas, sabão, cera ou
substancia semelhante na obturação do vasilhame;
c) Servir-se de fecho de papelão, cortiça ou qualquer outra substância
que não esteja perfeitamente impermeabilizada, esterilizada e guardada
ao abrigo das poeiras;
d) Empregar recipientes de vidro de boca estreita que não permitam o
fechamento hermético ou apresentem fendas, fraturas ou vícios seme-
lhantes.
Parágrafo Único - Os infratores desses artigos, além da apreensão dos
utensílios e inutilização do produto, serão multados em cem mil réis.
Art. 500 - A venda do leite em tanques ou recipientes, donde ele seja retirado
parceladamente por meio de torneiras ou transvasamento, é proibida sob pena de
apreensão do recipiente e inutilização do leite que contiver.
Art. 501 - Todo vasilhame destinado a colheita, transporte e conservação do
leite para o consumo, deverá obedecer as medidas exatas do sistema métrico decimal,
sendo proibidas quaisquer outras medidas para o uso exclusivo desse alimento.
Parágrafo Único - Nenhum recipiente de colheita, transporte, conserva-
ção, venda e entrega de leite ao consumo poderá servir para fins diver-
sos daqueles a que for destinada.
Art. 502 - O acondicionamento higiênico do leite, compreende, as operações
de lavagem, esterilização do vasilhame, envasilhamento mecânico e fechamento hi-
giênico por meio de maquinismos.
Art. 503 - É obrigatório o engarrafamento de todo o leite destinado a consumo
nesta cidade, sendo as garrafas, herméticas e mecanicamente fechadas.
Art. 504 - Os condutores de veículos, vendedores ambulantes e carregadores
de leite que abandonarem os veículos, meios de transporte ou o próprio vasilhame
na via pública, casas comerciais e entradas das moradias particulares ou coletivas,
bem como os que trouxerem consigo, nos veículos, ou outros meios de transporte,
vasilhame com água, conjuntamente com o vasilhame que contenha leite, sem fe-
chos invioláveis ou quaisquer utensílios que se prestem à violação e reconstituição
dos fechos, serão passíveis de multas individuais, que deverão ser pagas no prazo de
vinte e quatro horas, sob pena de lhes ser cassada a carteira de condutor, vendedor
ou carregador.
Art. 505 - Continuam em vigor todas as prescrições do Regulamento do Posto
Lacto métrico que não contrariam disposições expressas deste capítulo.
Art. 506 - As fábricas de lacticínios, deverão funcionar em edifícios exclusiva-
mente destinados a tal fim, e terão:
a) O piso impermeável e as paredes revestidas de ladrilho branco vi-
drado, até a altura de dois metros, e daí para cima, serão pintadas a óleo;
b) Instalações frigoríficas apropriadas;
c) Instalações para o serviço de esterilização, por vapor ou pela água

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 347
fervente, de todo o vasilhame destinado ao transporte de leite;
d) Terão, os dormitórios, alojamentos, latrinas e mictórios, isolados das
salas de venda, e das de manipulação do leite e lacticínios.
Art. 507 - A coalhada é um lacticínio que só deverá ser vendido e dado ao con-
sumo quando provier de leite cru e em boas condições higiênicas, sendo conservado
em geladeiras apropriadas a esse fim.
Art. 508 - Caso se lhe adicione qualquer fermento, este deverá ser especificado
no próprio recipiente.
Art. 509 - É proibido dar ao consumo público:
a) Queijo preparado com leite que contiver colostro, estiver decompos-
to ou for ordenhado de animais que não estiverem em perfeito estado de
saúde;
b) O queijo deteriorado apresentando mau aspecto, cheiro desagradá-
vel e sabor amargo;
c) O fabricado com leite ao qual seja adicionado farinhas ou substân-
cias inertes;
d) O Queijo cuja superfície seja corada com substâncias vegetais noci-
vas, e os que forem envolvidos em palhas ou papeis não impermeáveis
ou expostos às poeiras e insetos.
Art. 510 - Não se poderá dar ao consumo a manteiga que tenha menos de oi-
tenta por cento de matéria gorda de leite
Art. 511 - A manteiga fundida, clarificada e refinada, assemelhando-se à ori-
ginal, contendo apenas cloreto de sódio, poderá ser vendida sob a designação de
manteiga renovada.
Art. 512 - Não será permitido o acondicionamento de manteiga em folhas ou
papéis não impermeáveis, bem como adicionar-lhe corantes vegetais nocivos à saúde.
Art. 513 - Para a conservação da manteiga, não será admissível outro conser-
vador que não seja o cloreto de sódio.
Art. 514 - É proibido expor à venda, nas fábricas e depósitos de lacticínios, os
sucedâneos da manteiga (margarina, gordura de coco), etc.
Art. 515 - A manteiga dada ao consumo público, em invólucros ou recipientes,
deverá ser rotulada de conformidade com a lei, exceto quando vendida a retalho.
Art. 516 - Os vasilhames e utensílios empregados no preparo e acondiciona-
mento dos lacticínios, serão de material inócuo e inatacável.
Art. 517 - Aos infratores de qualquer dos artigos deste capítulo, será aplicada a
multa de cinquenta mil réis a cem mil réis.

Estábulos e cocheiras

Art. 518 - É expressamente proibida a construção de estábulos e cocheiras na


zona urbana.

348 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 519 - Os estábulos e cocheiras deverão ser construídos em distâncias mí-
nimas de vinte e cinquenta metros das habitações e das vias públicas.
Art. 520 - Nas construções dos estábulos e cocheiras, serão observadas as se-
guintes disposições:
a) O piso deverá ser mais elevado do que o solo exterior, impermeável e
assente sobre alicerce resistente, oferecendo a inclinação de dois e meio
por cento, para facilitar o escoamento dos dejetos líquidos;
b) As paredes serão impermeabilizadas até a altura de dois metros so-
bre o piso, rebocadas e caiadas na parte restante;
c) O seu pé direito não será inferior a quatro metros em ponto algum;
d) A cobertura será incombustível e má condutora de calor;
e) Cada um dos pesebres oferecerá um espaço livre, entre a manjedou-
ra e o corredor de passagem, nunca inferior a três metros, e uma largura
livre entre divisões de um metro e meio no mínimo;
f) O corredor de passagem apresentará vão livre, nunca inferior a um
metro e sessenta centímetros, entre o topo das divisões e a parede, nem
inferior a dois metros, de topo a topo das divisões;
g) O pesebre deverá ser elevado quinze centímetros sobre o piso do
estábulo, podendo receber estrado de madeira com inclinação suficiente
e facilmente removível para se proceder à limpeza;
h) A ventilação e iluminação terão lugar por meio de duas ou mais
aberturas, disposta de modo a evitar correntes de ar perniciosas, com
um rasgo, cada uma, nunca inferior a metro e meio quadrado, abertas
no mínimo dois metros e vinte centímetros sobre o piso munidas de
caixilhos fixos de tela metálica, cuja malha possa impedir a passagem
de moscas e outros insetos, e, facultativamente, também munidas de
venezianas;
i) Nenhuma comunicação interna existirá com a moradia do tratador,
ou com o depósito de forragem, que poderão ambos ser edificados jun-
tos à cavalariça ou estábulo, sob a condição, porém, de serem munidas
de caixilhos envidraçados, fixos as aberturas de luz ou inspeção, rasga-
das nas superfícies divisórias, as quais deverão ser inteiramente de al-
venaria, e quando sejam de tijolo, não terão espessura inferior a quinze
centímetros;
j) Deverão ter um compartimento anexo, para ficar em observação o
animal suspeito de qualquer doença;
k) As águas, quer as servidas do interior, quer as do exterior, estas úl-
timas recolhidas por sarjetas de largura nunca menor de um metro cir-
cundando o edifício, pelos ralos da área de serviço, terão pronto escoa-
mento para o esgoto, ou fossas permitidas pela higiene;
l) As manjedouras, divisões das baías e bebedouros serão impermeá-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 349
veis ou impermeabilizados superficialmente, de modo a permitir a sua
conservação em bom estado de asseio, e a apresentar disposições que
não facilitem a estagnação dos líquidos;
m) Os estábulos ou cocheiras deverão possuir um reservatório de água
de capacidade não inferior a quinhentos litros, em ponto elevado, e em
comunicação com torneiras internas e externas, que facilitarão a lava-
gem diária após a remoção dos detritos;
n) O depósito de estrume terá capacidade para receber os resíduos de
dois dias, pelo menos, não oferecendo risco de absorção ou infiltração,
permitindo fácil limpeza e desinfecção, e convenientemente fechado.
o) A área e as sarjetas exteriores serão calçadas com material resistente
e pouco deformável, de maneira a permitir lavagem a jato, sem empoça-
mento de água;
p) Os espaços reservados à lavagem de animais terão o piso revestido
de concreto ou paralelepípedos, com as juntas tomadas a cimento ou
asfalto.
Art. 521 - Quando os estábulos e cocheiras não forem construídos em aberto,
não poderão ter lotação superior a seis animais, devendo dispor, cada um, de uma
capacidade de vinte e cinco metros cúbicos.
Art. 522 - Nos pesebres, é permitido estrados pequenos facilmente removíveis,
sendo os mesmos proibidos nas cocheiras.
Art. 523 - Nenhum estábulo, granja leiteira ou cocheira será construído sem
a apresentação da devida planta as Diretorias de Higiene e de Obras Públicas, para
exame e aprovação da mesma.
Art. 524 - Esses estabelecimentos serão visitados pelos técnicos municipais,
que deverão prescrever medidas higiênicas sobre a ordenha, acondicionamento e
transporte do leite, bem assim quanto a alimentação e saúde dos animais, marcando
a respectiva lotação para os mesmos.
Art. 525 - Se tais estabelecimentos apresentarem graves e insanáveis defeitos
higiênicos, o técnico municipal mandará fechá-los dentro de quarenta e oito horas,
só permitido a reabertura depois de executados os melhoramentos exigidos e paga a
respectiva multa.
Art. 526 - Todos os proprietários de estábulos e fazendas de gado, bem assim
os empregados da ordenha, serão registrados na Diretoria de Higiene e submetidos
à inspeção sanitária.
Art. 527 - É obrigatório a esses proprietários comunicar, com a máxima urgên-
cia, à autoridade sanitária, as ocorrências havidas, tais como: qualquer moléstia que
apareça no gado, a falta de qualquer animal por venda ou morte, ou por extinção ou
venda dos estábulos.
Art. 528 - Cada proprietário de estábulos e cocheiras é obrigado a ter um ferro
especial, com o qual marcará o gado, ferro que será registrado na Prefeitura Munici-

350 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
pal e não poderá ser transferido senão com o próprio estabelecimento, sob pena de
multa.
Art. 529 - Aos infratores de qualquer dos artigos do presente capítulo, multa
de trinta mil réis a cem mil réis.

Higiene Industrial

Art. 530 - Todas as fábricas e oficinas só poderão funcionar com a devida li-
cença da Prefeitura Municipal, depois de vistoriadas pelas Diretorias de Obras e de
Higiene.
Art. 531 - Os edifícios destinados a fábricas oficinas poderão ter mais de um
pavimento ou andar respeitadas a área e a cubagem legais, e sem prejuízo da ilumina-
ção e arejamento e da facilidade do acesso.
Parágrafo 1º - Sendo a construção de dois andares ou pavimentos, ha-
verá, além de escadas, elevadores elétricos para uso dos empregados em
quantidade e lotação proporcional ao número destes, a juízo da autori-
dade competente.
Parágrafo 2º - As escadas de um a outro pavimento serão largas, de tipo
reto de dois lances, sempre que possível, amplamente iluminadas, com
a largura mínima de um metro; os degraus terão dezessete centímetros
de largura no mínimo, e vinte e oito centímetros de largura no máximo.
Serão dispostas as escadas de modo a permitir fácil acesso aos empre-
gados.
Parágrafo 3º - As escadas de um a outro pavimento serão em número
proporcional ao de pessoas que trabalham no pavimento superior.
Art. 532 - Todos os locais, em que trabalham mais de vinte pessoas, serão pro-
vidos de aparelhos extintores de incêncios e com dispositivos especiais para dar alar-
me.
Art. 533 - As portas de acesso nos locais de trabalho e as de comunicação
entre dependências do mesmo andar serão conservadas inteira e permanentemente
abertas, salvo quando a natureza do trabalho exigir que permaneçam fechadas, caso
em que serão corrediças, de fácil manejo e se abrirão para cima ou, quando externas,
para fora.
Art. 534 - Os locais de trabalho serão construídos e dispostos de modo a ga-
rantir boa iluminação e arejamento suficiente, sendo a área calculada, para cada ope-
rário, de dois metros quadrados livres, e a separação entre eles, de um metro em
todas as direções.
Art. 535 - A natureza e as condições do piso, paredes e forros do estabeleci-
mentos de trabalho, serão determinadas pelo processo e condições do mesmo tra-
balho, a juízo da Prefeitura; em todos os casos permitirão fácil e eficiente limpeza;
as paredes e forros serão pintados a cores claras, sendo renovada a pintura, quando
necessário.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 351
Art. 536 - A ventilação será de preferência a natural, assegurada por amplas
janelas e portas.
Art. 537 - Sempre que a ventilação natural for insuficiente, e em caso de ex-
cesso de temperatura, demasiada umidade e produção de poeiras, gases ou vapores,
originados do processo de trabalho, será obrigatório a instalação artificial ou mecâ-
nica, para renovação e refrigeração do ar. Empregam-se para este efeito, ventiladores
gerais ou locais, exaustores ou propulsores de ar, ou quaisquer dispositivos de tipo
aprovado pela Prefeitura.
Art. 538 - Cada empregado disporá de trinta a quarenta metros cúbicos de ar,
renovado cada hora nos locais de trabalho moderado; cinquenta metros cúbicos, nos
de trabalho ativo.
Art. 539 - Nos estabelecimentos em que se utilizarem de processos de umidi-
ficação, serão instalados dispositivos mecânicos especiais, para corrigir o excesso de
umidade, e dotadas medidas para melhorar o arejamento.
Art. 540 - As poeiras e os gases incômodos, insalubres ou tóxicos, serão expe-
lidos do estabelecimentos por meio de ventiladores ou aparelhos, a proporção que
forem produzidos.
Art. 541 - A iluminação dos locais de trabalho será natural de intensidade nun-
ca inferior a um décimo por cento da intensidade da luz natural externa; os edifícios
terão amplas janelas envidraçadas do tamanho correspondente a um quinto da área
total das salas, e telhados especiais em serrote, ou de outro tipo eficiente, sendo-lhe,
em todos os casos, dada orientação adequada.
Art. 542 - Para os trabalhos noturnos será exigida a iluminação artificial por
meio de lâmpadas elétricas incandescentes, cuja intensidade deverá corresponder a
de uma lâmpada de cem velas a dois metros de distância, sendo usados focos esparsos
cujos raios não possam ferir diretamente a retina dos operários.
Art. 543 - Os galpões, giraus e demais congêneres, disposições do interior das
salas de trabalho serão tolerados apenas quando tiverem a altura mínima de dois me-
tros e meio, e forem suficientemente iluminados e ventilados, e não prejudicarem o
arrojamento e demais condições higiênicas desses locais. Tais construções não serão
utilizadas para dormitório.
Art. 544 - Será proibido o trabalho em porões, adegas ou outros quaisquer
pontos do subsolo, onde não houver suficiente ventilação e iluminação, salvo casos
especiais, a juízo da Prefeitura.
Art. 545 - Os mecanismos, aparelhos e outros dispositivos, tais como balcões,
prateleiras, mesas, etc., serão de tipo moderno, eficiente, seguramente instalados e
dispostos de forma a não prejudicar a cubagem e a iluminação das salas; e não dificul-
tar a locomoção dos trabalhadores, manejo das peças e o livre trânsito dos materiais.
Art. 546 - Haverá em todos os estabelecimentos de trabalho, uma seção de
privadas para cada sexo, e uma de mictórios; as privadas serão na proporção de uma
para cada grupo de trinta pessoas e os mictórios, na de uma para cada cinquenta

352 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
homens; aqueles e estes, convenientemente situados, e sem comunicação direta com
os locais de trabalho.
Art. 547 - Os lugares destinados ao trabalho serão mantidos em rigoroso as-
seio, ficando proibida qualquer limpeza em hora de serviço. Será esta procedida por
lavagens com escovas ou panos molhados em soluções antisséptica sendo proibida
a varredura a seco.
Art. 548 - As escadas alçapões, poços e depósitos de quaisquer líquidos serão
protegidos por fortes balaustradas, para evitar desastres.
Art. 549 - Toda indústria que for nociva ou incômoda a vizinhança pela produ-
ção de fumo, ruído, odores, trepidações, etc., só poderá funcionar em prédio isolado.
Art. 550 - Os lugares de trabalho não servirão de dormitório ou refeitório para
operários.
Art. 551 - As fábricas e oficinas terão lavatórios e vestiários em número sufi-
ciente, a água de boa qualidade, em profusão para todos os operários.
Art. 552 - É obrigatória a instalação de escarradeiras higiênicas.
Art. 553 - Os resíduos ou detritos sólidos das matérias primas, que não forem
aproveitadas para outras indústrias, serão incinerados.
Art. 554 - A canalização geral dos estabelecimentos obedecerá as disposições
deste Código, referente as habitações particulares.
Art. 555 - As substâncias nocivas e as matérias residuais só serão utilizadas nas
indústrias, depois de submetidas ao tratamento conveniente, tornadas inofensivas, de
acordo com as modernas indicações da higiene.
Art. 556 - Nos serviços em que seja preciso dispensar o operário maior e de-
morada atenção, interromper-se-á o trabalho para o descanso de quinze minutos, de
duas em duas horas.
Art. 557 - Nas visitas de inspeção a oficinas e fábricas, a autoridade sanitária
examinará se elas são insalubres pelas más condições materiais de instalação, peri-
gosas a saúde dos moradores ou simplesmente incômodas.
Parágrafo 1º - Nos dois primeiros casos, ordenará a execução dos me-
lhoramentos necessários ou se estes não forem praticáveis, a remoção
do estabelecimento para melhor local.
Parágrafo 2º - Sendo a fábrica simplesmente incômodo, a Prefeitura só
ordenará a remoção, se não houver meios de tornar o estabelecimento
tolerável, indicando-os nesse caso.
Art. 558 - Em todas as hipóteses, a Prefeitura marcará o prazo de sessenta dias
para a execução de suas determinações, findo o qual, se a intimação não tiver sido
cumprida, será o dono do estabelecimento multado e marcado novo prazo.
Parágrafo Único - Esgotando esse prazo, e não executadas as medidas
indicadas, será imposta nova multa e fechado o estabelecimento, até que
seja cumprida a intimação.
Art. 559 - A Prefeitura determinará a modificação dos processos industriais

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 353
empregados, no caso de comprometerem a saúde dos operários, exigindo outrossim,
a adoção das medidas higiênicas convenientes.
Art. 560 - Ficam assegurados, a operária gestante, assistência médica higiênica
e um período de noventa dias de repouso, antes e depois do parto, sem prejuízo de
salário.
Art. 561 - Os empregados de fábricas e oficinas serão submetidos à inspeção
sanitária, e os doentes de lepra, tuberculose ou outra doença de fácil transmissão,
serão afastados do serviço.
Art. 562 - É obrigatório afixar cartazes contendo instruções sobre higiene.
Art. 563 - Todos os motores a gás, elétricos ou a vapor, as turbinas e as rodas
hidráulicas serão isolados por meio de barreiras de proteção acessíveis somente aos
profissionais encarregados de sua fiscalização, operários estes que usarão roupas jus-
tas.
Art. 564 - A passagem ou espaço livre entre as máquinas e maquinismos nunca
será inferior a 0,80, sendo o solo aí sempre nivelado.
Art. 565 - As disposições dos artigos anteriores devem ser empregados de tal
modo, que nenhum operário seja habitualmente ocupado em qualquer mister no
plano de rotação, ou zona perigosa, de um volante ou de qualquer máquina, de ins-
trumento cortante, ou não que gire com velocidade.
Art. 566 - As peças salientes, móveis ou partes perigosas das máquinas em
geral e manivelas, correias, volantes, rodas, cabos, cilindros, cones de fricção ou qual-
quer outros, em particular reconhecidos perigosos, serão protegidos com bainhas de
pau ou ferro, tambores de cobre, guarda mãos, grades e outros meios de proteção.
Art. 567 - Os contra mestres, chefes de oficinas ou encarregados terão sempre
ao seu alcance o meio de fazer a parada dos motores.
Art. 568 - As máquinas de dínamos não serão colocadas em oficinas, onde
devem ser manejados corpos detonantes ou explosivos ou substâncias inflamáveis.
Art. 569 - As chaminés, embora dotadas de aparelhos fumívoros de funcio-
namento automático, terão tiragem fácil e serão elevadas acima do telhado em seu
ponto mais alto, nunca menos de três metros e mais alta que as casas vizinhas em
torno do estabelecimento, tendo-se sempre em consideração a direção dos ventos.
Art. 570 - Na construção das fábricas e oficinas será empregado material in-
combustível.
Art. 571 - Ficam divididos em dois grupos os entrepostos ou depósitos de pe-
tróleo e seus derivados, de óleo schisto, de alcatrão, essência e outros hidro carbure-
tos líquidos, enfim, de corpos que, em temperatura inferior a cento e trinta e cinco
graus centígrados possam emitir vapores inflamáveis; estas substâncias não devem
sofrer manipulação alguma nos respectivos depósitos ou entrepostos.
Parágrafo 1º - Esses grupos são os seguintes:
a) Hidro carburetos que possam emitir vapores em temperatura inferior
a trinta e cinco graus centígrados;

354 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
b) Em temperatura igual ou superior a trinta e cinco graus.
Parágrafo 2º - Esses depósitos ou armazéns serão classificadas na pri-
meira classe, se contiverem mais de mil gr. de tais substâncias.
Parágrafo 3º - Os depósitos ou armazéns do primeiro grupo ficarão su-
jeitos as seguintes clausulas:
I - Serão estabelecidos em espaços fechados por paredes de alvenaria, de
altura mínima de três metros, com uma única entrada para a via públi-
ca. A porta deverá ser de sólida construção, chapeada e fechada à chave.
II - No perímetro abrangido pelo armazém ou depósito não deve existir
alojamento algum, que sirva de residência.
III - Se os hidro carburetos líquidos forem depositados em reservatórios
grandes, para daí serem acondicionados em vasilhame portátil, tais re-
servatórios terão suas paredes a uma distância mínima de um metro da
face interna das paredes de alvenaria do depósito, e serão dispostos de
tal sorte que a inspeção e vigilância sejam feitas facilmente.
IV - O soldo do depósito ou armazém será lajeado ou ladrilhado, tendo
declives e sarjetas dispostas de maneira que faça escoar qualquer quan-
tidade de líquidos extravasados acidentalmente, que irão ter a pequenos
depósitos ou no depósito geral.
Parágrafo 4º - O depósito poderá ser descoberto ou não; neste caso, se
for em uma casa ou galpão, será construído com materiais incombustí-
veis bem iluminado naturalmente e amplamente ventilado, e com aber-
turas dirigidas para o telhado.
Parágrafo 5º - Toda e qualquer recepção, manipulação e expedição de
líquidos, será feita durante o dia, sendo a entrada do armazém interdi-
tada durante a noite. Os líquidos serão acondicionados em recipientes
metálicos munidos de coberturas móveis ou tonel de madeira com anéis
de ferro.
Art. 572 - É terminantemente proibido arrumar, dentro do armazém, recipien-
tes, tonéis ou qualquer outro vasilhame vasto.
Art. 573 - Por medida de prudência, devem existir depósitos com razoável
quantidade de areia, destinada a extinguir qualquer princípio de incêndio.
Art. 574 - É terminantemente proibido fumar, fazer fogo e riscar fósforos em
armazéns, depósitos, galpão e casas congêneres. Devem ser afixados letreiros, bem
visíveis ao público, com esta proibição.
Art. 575 - Para o material ou substâncias destinados as usinas, fábricas ou ofi-
cinas, será observado o seguinte:
a) Que sejam recebidas em boas condições e não desprendam mau cheiro;
b) Que sejam tratados sem demora e conservados com as devidas precauções;
c) Que o tratamento se faça em vasos adequados, fechados ou pelo menos mu-
nidos de aparelhos eficazes de aspiração e condensação ou destruição das emanações
odoríferas;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 355
d) Que os resíduos sejam desinfetados, se houver necessidade, e evacuados
regularmente;
e) Que o estabelecimento, finalmente, seja mantido sempre em rigoroso asseio.
Art. 576 - Os aparelhos de aspiração e condensação, que diferem conforme os
vapores , são:
a) Em que os vapores são totalmente condensáveis;
b) Em que os vapores são parcialmente condensáveis;
c) Em que os vapores são condensáveis ou não.
Art. 577 - A pulverização de matérias irritantes, bem como de tóxicos, deve ser
feita em aparelhos fechados.
Art. 578 - Os vapores e gases incômodos ou insalubres serão condensados ou
destruídos.
Art. 579 - As fumaças, seja qual for o combustível empregado, serão destruídas
por meio de aparelhos fumívoros.
Art. 580 - Serão proibidos os apitos ou assobios prolongados das máquinas de
estabelecimentos no perímetro urbano.
Art. 581 - Nas instalações das máquinas, ter-se-á em consideração que os mo-
radores próximos e os operários fiquem ao abrigo de qualquer acidente.
Art. 582 - Aos infratores das disposições do presente capítulo será aplicada a
multa de trinta mil réis e cem mil réis.

Explosivos e inflamáveis

Art. 583 - Para os efeitos deste Código, são considerados explosíveis e infla-
máveis:
Nitroglicerina, derivados e compostos
Dinamite e seus congêneres
Picrato de base inerte ou base ativa
Algodão pólvora
Algodão nitrato para colódio
Fuminatos isolados ou em mistura.
Espoletas
Cloratos e nitratos, isolados ou em mistura.
Mistura de clorato e de matéria combustível.
Pólvora e cartuchos de guerra, caça e mina.
Fogos de artificio.
Estopins.
Fosforo, palitos ou mechas fosforadas.
Sulfuretos de carbono.
Éteres.
Colódio líquido.

356 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Álcool vínico aguardente.
Álcool anflico.
Ácidos líquidos
Petróleo e óleos de acisto de alcatrão, essências, formicidas, hidro carburetos
empregados na
indústria e na iluminação, carbureto de cálcio.
Acatrão e matérias betuminosas líquidas.
Art. 584 - Para guarda e fiscalização dos explosivos e inflamáveis pertencentes
à praça comercial e outras, manterá a Prefeitura o entreposto, instalado em lugar
apropriado e fora da zona reservada ao serviço de melhoramento do porto de Ma-
naus, observados os dispositivos da lei.
Art. 585 - Ninguém poderá negociar com explosivos ou inflamáveis sem que
o gênero seja previamente conferido no entreposto municipal quanto à qualidade,
volume, peso e condição de segurança de seu encaixotamento ou vasilhame.
Art. 586 - Ninguém poderá igualmente transportar explosivos ou inflamáveis
para qualquer ponto da cidade e seus subúrbios, fora da zona fechada destinada à
serventia federal, sem prévia licença especial do Prefeito, depois de ouvida a seção
competente sobre o itinerário, modo de condução, encaixotamento e hora do trajeto.
Parágrafo Único - Essa licença será gratuita quando o transporte se fizer
para o entreposto municipal, ou dele para outra parte, depois da com-
petente conferência na forma do artigo anterior.
Art. 587 - Os armazéns e estabelecimentos comerciais destinados à venda de
explosivos ou inflamáveis, serão classificados em duas categorias: armazéns de reser-
va e armazéns de retalho.
Art. 588 - A venda em grosso só será permitida nos armazéns de reserva, ha-
bilitado o seu proprietário por licença prévia da Prefeitura, para o que poderá reque-
rê-la com as seguintes condições:
a) Quantidade e qualidade dos gêneros ou inflamáveis, em que preten-
da negociar;
b) Designação precisa do local destinado a depósito em seu armazém,
para guarda e proteção dos mesmos explosivos e inflamáveis;
c) Meios de conservação e abrigo dos ditos gêneros e medidas de isola-
mento das partes adjacentes do edifício;
d) Obrigação de cumprir as recomendações municipais, previstas con-
tra o incêndio em relação aos seus depósitos, e as disposições da lei e
deste Código.
Art. 589 - Para a venda a retalho, que só se efetuará mediante licença da Pre-
feitura, deverá o comerciante indicar a qualidade dos gêneros em que pretende ne-
gociar, obrigando-se a adquirir utensílios apropriados para o conveniente abrigo e
isolamento dos gêneros a retalhar, bem como a cumprir fielmente as determinações
deste Código e da lei que rege a matéria.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 357
Art. 590 - As quantidades máximas de inflamáveis, e explosivos e corrosivos,
que poderão ser mantidas nos armazéns e estabelecimentos comerciais serão as se-
guintes:

Óleos de qualquer
200 galos 50 galões
qualidade
Querosene, gasolina e
100 galões (10 cx) 50 galões
óleos combustíveis.
Fósforos 400 grosas 100 grosas
Aguardente 60 frasqueiras 10 frasqueiras
Álcool 30 5 ”
Água-raz 100 galões 25 galões
Alcatrão 100 30 ”
Breu 1.200 quilos 300 quilos
Estopa 20 fardos 5 fardos
Nafta 100 galões 10 galões
Ácidos 200 litros
Salitre 50 quilos 10 quilos
Soda caustica 200 ” 50 ”
Potassa 200 ” 50 ”
Fogos artificiais 200 ” 50 ”
Cartuchos carregados 40 milheiros 2 milheiros
Cartuchos com 100 ” 10 ”
Espoletas 600 ” 10 ”
Carburetos 1.200 quilos 300 quilos

Parágrafo Único - Nos estabelecimentos industriais de aplicação de gê-


neros explosivos ou inflamáveis como matéria prima, poderão ser exce-
didas as quantidades acima estabelecidas, na conformidade do consu-
mo relativo a uma quinzena.
Art. 591 - Nas casas de gêneros só será permitido expor à venda porção de
explosivos cujo consumo não exceda de quinze dias ou sejam duzentos galões para

358 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
os armazéns de reserva e cinquenta os de retalho.
Art. 592 - Aos exploradores de pedreiras e aos fogueteiros será permitido ter
em deposito, se este estiver a mais de trezentos metros da edificação mais vizinha e a
cento e cinquenta metros da rua ou da estrada mais próxima, os explosivos necessá-
rios para três dias de serviço. Se a distância mínima for de quinhentos metros, poderá
essa quantidade ser elevada à correspondente ao consumo de seis dias.
Art. 593 - Presume-se infração de qualquer dos artigos precedentes:
a) Se nos estabelecimentos forem encontrados explosivos demorados
por mais de quatro dias, da porção recebida para dois ou forem igual-
mente encontradas, demoradas por mais de um mês, as porções de in-
flamáveis recebidos para o consumo de quinze dias;
b) Se em poder dos exploradores de pedreiras e fogueteiros, forem
encontradas, demoradas por mais de sete ou dez dias, as porções de
explosivos destinadas ao serviço ou consumo de três e seis dias, respec-
tivamente.
Art. 594 - Não é permitido no perímetro urbano, deposito algum de explosivos
e de inflamáveis.
Art. 595 - Fica proibido, nas zonas urbanas e suburbana, o fabrico e emprego
de fogos de artificio preparados com dinamite, nitroglicerina ou outra substância
explosiva que não seja pólvora.
Art. 596 - É expressamente proibido:
a) Fabricar foguetes preparados com carretilhas de folhas de flandres,
chumbo, zinco e congêneres;
b) Queimar foguetes, morteiros, e empregar outros fogos de estampido,
que possam perturbar o sossego público na zona urbana.
Art. 597 - Nos veículos em que forem transportados explosivos, não poderão
ser simultaneamente transportados inflamáveis, a fim de serem evitadas combustões,
quer espontâneas, quer por atritos ou choque.
Art. 598 - Os veículos em que forem transportados explosivos deverão ser le-
vados em velocidade conveniente e só poderão parar no ponto de expedição e desti-
no. Além disso, para evitar choques em caminho, deverão levar um distintivo visível,
enquanto transportarem a carga.
Parágrafo Único - Se a carga exigir mais de um veículo para ser trans-
portada, a distância mínima entre estes será de vinte metros.
Art. 599 - A infração de qualquer disposição constante dos artigos deste ca-
pitulo sujeita o contraventor à multa no valor de cem mil réis relativamente a cada
gênero de cada carga.

Geradores de Vapor, Motores e Maquinismos em Geral Dos Maquinismos

Art. 600 - Todos os estabelecimentos ou oficinas que fizerem uso de motores

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 359
de qualquer espécie, de geradores de vapor e de maquinismos importantes, deverão
empregar, no serviço dos mesmos, maquinistas e foguistas devidamente habilitados.
Art. 601 - Consideram-se habilitados para os efeitos anteriores:
I - Os que tiverem cartas de maquinistas;
II - Os que exibirem cadernetas de habilitação expedidas pela Capitania do
Porto;
III - Os que, à falta de carta ou caderneta de habilitação para qualquer das
duas profissões, forem aprovados em exame prático prestado perante uma comissão
expressamente nomeada pelo Prefeito e presidida pelo Diretor de Obras.
Art. 602 - Tais títulos, cartas, certificados ou documentos ficarão registrados
na Diretoria de Obras da Secretaria da Prefeitura.

Dos geradores de vapor e motores

Art. 603 - Ficam submetidos às prescrições municipais:


I - Os geradores de vapor;
II - Os motores a vapor, a gás, e os elétricos ou de qualquer espécie;
III - Os maquinismos em geral.
Art. 604 - Nenhuma caldeira poderá ser posta em serviço, senão depois de
passar pelas provas regulamentares, que serão realizadas à solicitação do construtor
ou do industrial.
Parágrafo Único - O pedido da prova será feito ao Prefeito Municipal, por
meio de requerimento em que se declara:
I - A procedência do aparelho, inclusive a indicação do fabricante;
II - O gênero da Indústria ou o uso aa que se destina;
III - A localidade onde está funcionando ou vai ser instalado;
IV - A forma, capacidade e superfície de aquecimento da caldeira;
V - O número distinto da caldeira, caso o estabelecimento possua mais de
uma.
Art. 605 - As provas poderão ser renovadas quando a Prefeitura tiver motivos
para por em dúvida a solidez do aparelho, à vista do modo porque esteja o mesmo
funcionando.
Art. 606 - A renovação das provas será feita igualmente nos casos seguintes:
I - Quando a caldeira que tenha funcionado, for de novo instalada ou reposta
em serviço depois de seis meses;
II - Quando tiver sofrido reparação importante. Nesse caso, o interessado de-
verá fornecer informações das diversas circunstâncias que tiverem ocorrido.
Art. 607 - As provas serão válidas por seis meses, e, antes de expirar este prazo,
deve ser pedida a competente renovação.
Art. 608 - Consistem as provas da caldeira em submetê-la a uma pressão hi-
dráulica superior à pressão efetiva, que nunca deverá ser excedida em serviço. A

360 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
pressão na prova será mantida pelo tempo necessário para o exame das caldeiras,
cujas partes devem ser vistoriadas. A sobrecarga de prova, por centímetro quadrado,
é igual à pressão efetiva, e não será inferior a meio quilograma, nem superior a seis
quilogramas. As provas serão feitas em presença do Diretor de Obras, devendo o
interessado fornecer o pessoal e os aparelhos e instrumentos necessários à operação.
Art. 609 - Efetuada a prova da caldeira, será afixado um selo, que indique em
quilogramas, por centímetros quadrados, a pressão que nunca deverá ser excedida
em serviço. O selo será feito à junção e colocado de modo que fique perfeitamente
visível, mesmo depois de colocada a caldeira no lugar designado. O referido selo
compor-se-á dos números indicativos do dia, mês e ano da prova e do coeficiente da
sobrecarga.
Art. 610 - Cada caldeira deverá ser munida de duas válvulas de segurança car-
regadas de forma que deixem sair o vapor, desde que sua pressão efetiva atinja o
limite máximo indicado no selo regulamentar. O orifício de cada uma dessas válvulas
será calculado de maneira que possa escapar todo o vapor excedente da pressão regu-
lamentar estabelecida. As seções totais de descarga poderão ser repartidas por maior
número de válvulas.
Art. 611 - Cada caldeira deverá ser também munida de um manômetro, colo-
cado à vista do maquinista, que designe em quilogramas a pressão efetiva do vapor
da mesma caldeira, sendo indicado na respectiva escala por marca visível, o limite
máximo da pressão.
Art. 612 - O nível da água será mantido na caldeira, a tal altura, que em qual-
quer circunstância, esteja dez centímetros, pelo menos, acima da última fiada de
tubos ou condutores. Para esse fim, deverá ser convenientemente colocado o tubo
indicador do nível.
Art. 613 - As caldeiras deverão ser munidas de apitos com metal fusível inte-
rior, afim de prevenir a explosão.
Art. 614 - As disposições acima mencionadas são aplicáveis aos secadores de
vapor distintos da caldeira ou partes da chaminé que conduz os produtos da com-
bustão.

Caldeiras Locomóveis

Art. 615 - Ficam também sujeitas as disposições atrás mencionadas as cal-


deiras locomóveis. Consideram-se tais as caldeiras a vapor, que podem ser trans-
portadas facilmente de um para outro local, e não exigem construção especial para
funcionar em determinado lugar.
Parágrafo Único - Além dos requisitos indicados, terão as caldeiras lo-
comóveis, em chapa gravada em caracteres bem visíveis, o nome e o
domicílio do proprietário, assim como o respectivo número de ordem,
se este possuir mais de um locomóvel.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 361
Recipientes

Art. 616 - Os recipientes de formas diversas, de mais de cem litros de capaci-


dade, nos quais as matérias a elaborar serão aquecidas, não diretamente pelo contato
da chaminé, porém pelo vapor gerado em caldeiras distintas, ficam subordinados às
disposições estabelecidas neste Código para os geradores de vapor e motores, nas
partes que lhes forem aplicáveis.
Parágrafo 1º - Os recipientes serão munidos de válvulas de segurança
reguladas para a pressão indicada no selo.
Parágrafo 2º - A sobrecarga de prova, que não excederá a quatro quilo-
gramas por centímetro quadrado, será para todos os casos, igual a meta-
de da pressão máxima com que o aparelho deverá funcionar.
Art. 617 - As caldeiras serão divididas em três categorias, baseando-se esta
classificação no produto da multiplicação do número que exprime em metros cú-
bicos a capacidade total da caldeira pelo número e também em graus centígrados o
excesso da temperatura da água correspondente à pressão indicada no selo regula-
mentar sobre a temperatura de cem graus. Quando muitas caldeiras não funciona-
rem no mesmo local e tiverem entre si comunicação direta, tornar-se-á para formar
o produto, a soma das capacidades das mesmas caldeiras.
Parágrafo Único - São consideradas as caldeiras: de 1ª categoria - quan-
do o produto for maior de duzentos; de 2ª – quando o produto não
exceder a duzentos, sendo, porém, superior a cinquenta; 3ª - quando o
produto for inferior a cinquenta.

Medidas de Segurança Relativas aos Edifícios

Art. 618 - As caldeiras constantes da primeira categoria não podem ser estabe-
lecidas em casas ou oficinas com andares superiores, nem a distância menor de cinco
metros de cada habitação.
Parágrafo 1º - Quando instalada a menos de dez metros de qualquer
prédio, deverão ser separadas por um muro de defesa, de sólida alvena-
ria, de altura não excedente de um metro acima da parte mais elevada
da caldeira, com a espessura que for julgada necessária pela Prefeitura.
Parágrafo 2º - As distâncias mencionadas, de cinco a dez metros, serão
reduzidas à metade quando a caldeira estiver enterrada de forma que
sua parte superior se encontre um metro abaixo do solo da habitação
vizinha.
Art. 619 - Se depois de instalada uma caldeira, se der começo a alguma cons-
trução para moradia em terreno contíguo, deverão ser observadas, por quem fizer
uso da caldeira, as disposições do artigo anterior e seus parágrafos.

362 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 620 - Não está sujeito a condição alguma particular o estabelecimento
de caldeiras da primeira categoria, à distância de dez metros ou mais de qualquer
habitação.
Art. 621 - As caldeiras constantes da segunda categoria poderão ser colocadas
no interior de qualquer oficina, contanto que esta não faça parte de uma casa de re-
sidência.
Art. 622 - As caldeiras constantes da terceira categoria poderão ser colocadas
em quaisquer oficinas, ainda mesmo nas que constituam parte de uma habitação.
Art. 623 - Todos os geradores de vapor ficarão sujeitos a uma vistoria de seis
em seis meses, vistoria essa que deverá ser requerida à Prefeitura.
Parágrafo Único - Concedida a vistoria, extrair-se-á na secção técnica a
competente guia para pagamento das respectivas taxas.
Art. 624 - O profissional que estiver incumbido de dirigir a caldeira deverá
apresentar, sempre que for exigido, o certificado das declarações a que se refere o
artigo 604.
Art. 625 - Ao inspetor de máquinas e aos fiscais do Município, encarregados de
velar pela fácil execução do disposto no presente Código, será facultada livre entrada
em todos os estabelecimentos onde funcionarem máquinas.
Parágrafo Único - Os industriais são obrigados a conservar a vista e jun-
to as máquinas, as licenças e os atestados das caldeiras e os registros dos
maquinistas e foguistas nelas empregados.
Art. 626 - A fiscalização exercida sobre motores e geradores se estenderá a
todos os maquinismos, transmissões, etc., da instalação, devendo ser também veri-
ficada a solidez do prédio e examinadas as boas condições do mesmo em relação ao
fim para que é destinado.
Art. 627 - Todas as instalações que não forem movidas a vapor, mas por outro
agente qualquer, serão igualmente visitadas pelo inspetor de máquinas e pelos fiscais
municipais, os quais exercerão sua ação no que a elas respeita, do mesmo modo que
para as instalações movidas daquele primeiro modo a vapor.
Art. 628 - As condições de ar e luz, e as de projetos e planos gerais de cons-
trução de qualquer instalação de maquinismo, ficam extensivas, na parte que lhes
couber, as condições na zona urbana.
Art. 629 - Em caso de acidentes, deverá o interessado prevenir imediatamente
o Prefeito, que, no mais curto prazo, mandará examinar o estado dos maquinismos e
indagar das causas do acidente. Após exame minucioso, deverá o inspetor organizar
um relatório pormenorizado, que apresentará à Prefeitura.
Art. 630 - No caso de explosão, as construções não deverão ser restauradas,
nem deslocados os fragmentos do aparelho quebrado, antes do exame do inspetor
de máquinas, que deverá fazer no mais curto prazo possível, dando disto conta ao
Diretor de Obras.
Art. 631 - As taxas a cobrar da Municipalidade serão fixadas nas tabelas orça-
mentárias.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 363
Art. 632 - Aos infratores dos dispositivos constantes desta seção caberá a multa
de trinta a cem mil réis.

Medidas protetoras da boa Recepção dos Aparelhos de Rádio

Art. 633 - Os proprietários ou pessoas que se utilizem de aparelhos elétricos,


industriais, comercial, ou domésticos, motores, utensílios elétricos caseiros, anúncios
luminosos intermitentes, ventiladores, exaustores, campainhas, telefones, automó-
veis, instrumentos elétricos de barbeiro, tróleis de bonde, elevadores, conversores
rotativos, aparelhos eletroterápicos, grupos eletrogêneos, motores de explosão com
ignição a alta tensão (automóveis, caminhões e motocicletas) e outros quaisquer ins-
trumentos, aparelhos ou dispositivos, capazes de produzir perturbação às recepções
rádio telefônicas deverão colocar filtros ou supressores que eliminem as alterações
produzidas por aqueles aparelhos.
Art. 634 - Não será permitido usar enceradores ou limpadores elétricos “va-
cum e cleaner” dentro do seguinte horário: das onze às quatorze horas e das dezoito
horas em diante.
Art. 635 - Os aparelhos eletroterápicos perturbadores de origem como raios
X, diatermia, etc., deverão funcionar apenas dentro do horário estabelecido entre os
proprietários e a Diretoria de Obras da Secretaria da Prefeitura, salvo motivo de força
maior.
Art. 636 - Por intermédio da Diretoria de Obras Publicas da Secretaria da Pre-
feitura, os interessados poderão informar-se sobre os dispositivos (filtros ou supres-
sores) mais convenientes a cada caso, assim como qualquer outro meio necessário ao
exato cumprimento do artigo anterior.
Art. 637 - Ao infrator será aplicada a multa de vinte mil réis a cem mil réis e o
dobro na reincidência.
Art. 638 - Fica concedido o prazo de cento e oitenta dias para que sejam toma-
das as providências aqui exigidas.

Fábricas de Bebidas

Art. 639 - Na instalação de fábricas de bebidas e seu funcionamento, e no co-


mércio de seus produtos, prevalecerão as disposições referentes aos gêneros e as fá-
bricas em geral, no que lhes for aplicável.
Parágrafo 1º - As cervejarias, fábricas de xaropes e outras bebidas deve-
rão ter as paredes revestidas de ladrilhos brancos, vidrados até a altura
de dois metros e piso ladrilhado.
Parágrafo 2º - Quando a aparelhagem de fabricação for disposta em an-
dares, estes deverão ter o piso impermeabilizado.
Art. 640 - Esses estabelecimentos deverão possuir um maquinismos especial
para o seu funcionamento, de acordo com as medidas higiênicas modernas.

364 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 641 - A vidraria deverá ser lavada em água corrente, por meio de apare-
lhos especiais.
Art. 642 - Toda a matéria prima será acondicionada em depósitos convenien-
temente limpos e telados.
Art. 643 - As caldas, a água, todos os líquidos, enfim, empregados nos produ-
tos de fabricação, deverão ficar em filtros apropriados.
Art. 644 - Os aparelhos empregados nas diversas seções desses estabelecimen-
tos bem assim as cubas, torneiras e tubulações, serão de material inócuo e inatacável.
Art. 645 - Aos infratores de qualquer dos artigos do presente título, multa de
cinquenta mil réis a cem mil réis.

Cemitérios

Art. 646 - A inumação será somente permitida nos cemitérios públicos.


Art. 647 - Os cemitérios serão construídos, sempre que for possível, em pontos
elevados, na contravertente das águas de alimentação, se houver, fora dos centros
populosos.
Art. 648 - A área destinada as sepulturas deverá ser, pelo menos, seis vezes
maior que a necessária aos enterramentos prováveis durante um ano.
Art. 649 - O lençol de água naquela área não poderá ter profundidade inferior
a dois metros. Em caso contrário, será produzida a depressão do nível das águas sub-
terrâneas por meio de drenagem, ou sendo possível, por certas e determinadas con-
dições, se aumentará a espessura da câmara indispensável a inumações, elevando-se
assim a sua superfície com obras de terraplanagem.
Art. 650 - O nível dos cemitérios, em relação aos vizinhos, cursos de água,
deverá ser suficientemente elevado, impedindo assim que, nas grandes enchentes, a
água atinja o fundo das sepulturas.
Art. 651 - A arborização nos cemitérios não deve ser contígua ou cerrada.
Serão preferidas as árvores de tronco reto, de pouca espessura, de raízes mestrais e
copa não muito densa, facilitando assim a circulação do ar nas camadas inferiores e
a evaporação da umidade telúrica.
Art. 652 - Cada cadáver será enterrado em cova separada, que terá, no míni-
mo, um metro e cinquenta de profundidade sobre oitenta centímetros de largura,
devendo ser o comprimento na medida de dois metros para adulto e de um e meio
para criança.
Art. 653 - Entre duas sepultaras contíguas deverá haver o espaço de sessenta
centímetros.
Art. 654 - A inumação serão feitas:
a) Das seis as dezoito horas do dia, salvo nos casos de epidemia;
b) Somente vinte e quatro horas depois de ocorrido o óbito, a exceção
dos casos de moléstias infectuosas, em que o médico assistente declara-
rá no atestado a necessidade de pronto enterramento;

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 365
c) Em caixões fechados, de madeira leve e de fácil decomposição.
Parágrafo Único - Serão permitidas as inumações em túmulos ou jazi-
gos, desde que na construção deles sejam observadas as indispensáveis
condições de higiene e solidez.
Art. 655 - Os túmulos, jazigos e mausoléus, com gavetas ou nichos abaixo do
solo, obedecerão as seguintes regras:
a) Os subterrâneos terão no máximo cinco metros de profundidade;
b) As paredes, pisos e abóbadas terão, respectivamente, a espessura de
trinta centímetros, quarenta e cinco e dez centímetros;
c) As paredes horizontais e verticais das gavetas terão a espessura de
trinta centímetros, quarenta e cinco e dez centímetros.
d) As paredes, piso e teto serão feitos com material absolutamente im-
permeável;
e) As escadas de acesso serão feitas de mármores ou de granito, haven-
do na soleira externa saliência vertical de dez centímetros;
f) As portas, que sempre existirão, serão de ferro, grades, bronze, ou de
madeiras chapeadas;
g) Os subterrâneos serão ventilados pelo ponto mais elevado da cons-
trução.
Art. 656 - Os túmulos, jazigos, mausoléus, com gavetas ou nichos, construídos
acima do nível do solo, obedecerão as seguintes regras:
a) O material empregado será, granito ou cimento armado, com todas
as juntas tomadas e impermeabilizadas;
b) As paredes, alicerces, pisos e tetos terão, respectivamente, a espes-
sura mínima de 20 centímetros, 30 centímetros, 15 centímetros e 10
centímetros;
c) As paredes horizontais e verticais das gavetas terão espessura de dez
centímetros;
d) A altura da construção será proporcional à superfície do terreno.
Art. 657 - São absolutamente proibidas as covas impermeáveis.
Art. 658 - São proibidas na cidade os dobres funerários.
Art. 659 - A trasladação total dos restos mortuários de um cemitério só poderá
ser feita depois de dez anos da última inumação e sob a prática das medidas higiêni-
cas que a ciência aconselhar.
Art. 660 - O enterramento dos cadáveres de pessoas vitimadas por moléstias
infectuosas ou contagiosas, sobretudo em épocas epidêmicas, será feito dentro do
menor prazo possível depois do óbito, tendo sido satisfeitas as exigências da lei.
Parágrafo Único - Os cadáveres, nos casos previstos neste artigo, serão
envoltos em lençóis fortemente embebidos em solução antisséptica e os
caixões serão pregados em toda a sua extensão.
Art. 661 - É proibido o transporte de cadáveres em carros que não sejam exclu-

366 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
sivamente destinados a isso.
Art. 662 - Os carros fúnebres serão construídos de modo que se prestem à la-
vagem e rigorosa desinfecção. Será impermeabilizado, ou revestido de placa metálica,
o lugar destinado ao caixão mortuário.
Art. 663 - Os carros fúnebres destinados ao transporte de cadáveres de pessoas
vitimadas por moléstias transmissíveis deverão ser, após cada viagem, rigorosamente
desinfetados.
Art. 664 - As exumações serão feitas com prévia notificação à família dos fa-
lecidos, precedendo sempre edital com prazo nunca inferior a sessenta dias, com a
declaração do número da sepultura e do nome do extinto.
Art. 665 - A exumação será permitida.
a) A serviço médico legal;
b) A requerimento da família do morto, decorrido o prazo de quatro
anos, ouvidas a Diretoria de Higiene Municipal e a administração do
cemitério;
c) Quando a Prefeitura achar conveniente à higiene do cemitério ou à
salubridade pública, respeitando, porém o prazo de quatro anos.
Art. 666 - A cremação dos cadáveres poderá ser feita, desde que sejam instala-
dos os fornos respectivos, dando a família do morto prévio consentimento, respeita-
das as medidas policiais e de higiene.
Art. 667 - Existirá na sala da administração em caixilho, uma planta cadastral
do cemitério, com as respectivas quadras, e nestas as numerações das sepulturas,
facilitando, desse modo, quaisquer informações e pesquisas.
Art. 668 - Aos infratores do presente capítulo será aplicada a multa de cem mil
réis.

Necrotérios

Art. 669 - Os necrotérios deverão ser construídos convenientemente afastados


das habitações e o mais próximo possível da margem do rio.
Art. 670 - O estilo da construção será rigorosamente simples, sem ângulos
nem reentrâncias, com muita luz e ventilação, tendo impermeabilizados o piso e os
pavimentos internos.
Art. 671 - O piso possuirá declive necessário para o fácil e rápido escoamento
das águas das lavagens, sempre feitas a jorro largo e intenso.
Art. 672 - As mesas serão de mármore ou vidro; as de autopsia terão a forma
conveniente para o rápido escoamento dos líquidos.

CAPÍTULO IX - Pesca em Geral


Art. 673 - O exercício da pesca para o comércio, no Município de Manaus, será

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 367
permitido aos pescadores matriculados na Capitania do Porto, e munidos do alvará
de licença, na forma deste Código.
Art. 674 - É expressamente proibida a pesca com dinamite ou qualquer outro
explosivo, bem assim com qualquer tóxico.
Art. 675 - Nos lagos, lagoas, paranás, igarapés e furos não é permitido pescar
com rede de arrastão ou de outra qualquer espécie, nem usar de batição.
Parágrafo Único - A rede é tolerada nos rios caudalosos, distante trezen-
tos metros, a contar dos baixios junto às praias e bocas de lagos, lagoas,
igarapés, paranás e furos.
Art. 676 - A pesca com tarrafa, nos lagos, lagoas, igarapés e furos, só será per-
mitida nos meses de Março a Outubro.
Art. 677 - A pesca do pirarucu e tucunaré, nos lagos, lagoas, igarapés, só será
permitida de Março a Novembro, sendo, em qualquer tempo, absolutamente proibi-
da a pesca da fêmea do pirarucu, quando estiver no período de cria ou choco.
Art. 678 - O cacurí somente será utilizado com licença da Prefeitura, ouvidas
as autoridades locais, municipais e policiais.
Art. 679 - A Prefeitura Municipal poderá impedir ou suspender a salga do
pirarucu quando julgá-la inconveniente à procriação desse peixe.
Art. 680 - Os que transgredirem as disposições deste capítulo serão multados
em cem mil réis, além da apreensão dos instrumentos de pesca, e da embarcação até
o pagamento da multa.
Art. 681 - Fica expressamente proibida a viração das tartarugas e a sua pesca,
de Junho a Novembro de cada ano.
Parágrafo 1º - Nos outros meses, será permitida a pesca dentro das dis-
posições respectivas das Leis Federais, sempre proibida a batição para
fechar ou lançar, nos lagos ou poços, formados pelos rios que banham
o Município.
Parágrafo 2º - Continua proibida a pesca de tartarugas no lago do Rei e
circunvizinhança e costa da Terra Nova.
Art. 682 - Em caso de infração, serão confiscados os produtos da pesca e distri-
buídos às associações beneficentes, ao Asilo de Mendicidade e ao Instituto Benjamim
Constant.
Art. 683 - As licenças serão gratuitas para os pescadores em geral, mas, quando
forem cassadas, como penalidade, somente depois de seis meses serão concedidas,
como penalidade, somente depois de seis meses serão concedidas novamente.
Art. 684 - As infrações de qualquer das disposições deste título sujeitam o in-
frator a pena de vinte mil réis a cem mil réis de multa.

Caça

Art. 685 - A caça com armas de fogo, ou quaisquer projetis, só é permitida

368 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
além da zona de três quilômetros contados do perímetro urbano das cidades ou po-
voados do Município de Manaus.
Parágrafo 1º - Os caçadores terão de pedir licença à Prefeitura para se
entregarem ao exercício da caça, quer destinem o seu produto ao co-
mércio quer o façam por diversão.
Parágrafo 2º - A licença será individual, indicando a moradia e profissão
do licenciado.
Parágrafo 3º As licenças serão válidas por um ano, e cada pretendente
pagará cinquenta mil réis, excluídos os menores de dezoito anos, salvo
se a requerer pai, mãe ou tutor, ficando responsáveis pelas infrações.
Art. 686 - É proibido caçar em terreno de domínio particular, sem o consenti-
mento do proprietário, observadas as disposições do artigo anterior e seus parágra-
fos.
Art. 687 - Só é permitido caçar com espingardas, cães e redes, sendo expressa-
mente proibidas as armadilhas que puserem em perigo a vida dos transeuntes, como
também não se admitirá a destruição das tocas por meio de fogo, enxofre, pólvora
ou qualquer outra substância explosiva, nem pelo emprego de quaisquer meios que
as inutilizem.
Art. 688 - Fica proibida a caça de aves no período de Agosto a Novembro.
Art. 689 - Aos infratores das disposições deste título, multa de cinquenta mil
réis a cem mil réis.

Animais soltos

Art. 690 - É proibido ter soltos pelas ruas e estradas da cidade e subúrbios,
carneiros, cabras, porcos, cavalos, muares, vacas e mais quadrupedes, bem assim ga-
linhas, perus e quaisquer aves domésticas, sob pena de multa aos respectivos donos:
de 50$000, quando se tratar de gado e de 10$000, quando referir-se a aves.
Parágrafo 1º - Os animais apreendidos por infração deste artigo serão
depositados, durante quarenta e oito horas, e não sendo reclamados
dentro desse prazo, serão vendidos em hasta pública, para satisfação das
multas e despesas de alimentação. O excludente, se houver, será entre-
gue a quem de direito.
Parágrafo 2º - Prefeitura marcará, por editais, os pontos que julgar sem
inconvenientes, nos subúrbios, para pastagem das vacas de leite.
Art. 691 - É proibida a criação de porcos no perímetro urbano. No entanto, no
mesmo perímetro, será permitido ter até duas vacas ou duas cabras, e ainda dois car-
neiros, em chácaras ou casas onde os quintais sejam suficientes para que tais animais
se conservem com saúde e se destinem à alimentação da família do proprietário, sob
pena de multa de vinte mil réis pela infração.
Art. 692 - É proibido transitar com animais de qualquer espécie nos passeios

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 369
das ruas, ou andar nestes montados em disparada. Multa de vinte mil réis.
Art. 693 - É proibido ter cães, sem os registrar anualmente na Prefeitura Mu-
nicipal.
Parágrafo 1º - O cão registrado terá uma coleira com a designação do
nome do dono e o número do registro inscrito em chapa metálica pre-
gada à referida coleira.
Parágrafo 2º - O registro de cães de guarda será gratuito, desde que os
mesmos não saiam à rua, sendo assim considerado os destinados ex-
clusivamente à vigilância dos quintais, jardins e pátios, cuja área esteja
defendida pelos quatro lados, por muros e cercados.
Parágrafo 3º - Neste caso, a coleira e o número serão fornecidos pelo
custo, tendo a declaração – cão de guarda.
Art. 694 - Nas ruas e praças da cidade e subúrbios, é proibido cão solto não
açaimado, ainda que munido de coleira e registro. Multa de vinte mil réis.
Parágrafo 1º - O cão encontrado na via pública, sem açaime, será
apreendido e guardado durante quarenta e oito horas, e eliminado findo
o prazo sem haver sido reclamado.
Parágrafo 2º - O cão só será considerado açaimado quando o açaime for
de tela de arame, segundo modelo aprovado pela Prefeitura. Multa de
vinte mil réis.
Art. 695 - Todo o animal acometido de hidrofobia deverá ser imediatamente
morto, sendo multado em cinquenta mil réis o dono que, observando o estado do
cão, não o comunicar à autoridade competente, para devida verificação e providên-
cias.
Parágrafo 1º - Se o animal suspeito tiver mordido alguma pessoa será
preso para ser examinado no Instituto Pasteur, e quando não for isso
possível, deverá ser morto, enviando-se a cabeça para o referido esta-
belecimento.
Parágrafo 2º - O cadáver do animal hidrófobo será incinerado ou enter-
rado com a profundidade de um metro, pelo menos, depois de coberto
de cal virgem.
Art. 696 - Não é permitido conservar feras ou animais bravios dentro da ci-
dade, nem conduzi-los nas ruas sem jaulas apropriadas, ou estando o animal conve-
nientemente amordaçado. Multa de cinquenta mil réis.
Art. 697 - É proibido ensinar animais de tiro ou carga nas ruas da cidade. Trin-
ta mil réis de multa.
Art. 698 - É proibido prender os animais sobre os passeios, assim como nos
postes destinados aos serviços públicos, e grades ou cercas da arborização da cidade.
Multa de dez mil réis.
Art. 699 - É proibido espancar ou tratar com crueldade os animais. Dez mil
réis de multa.

370 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
Art. 700 - Quando não for possível efetuar a apreensão dos porcos, na forma
do artigo 690 e seus parágrafos e dos cães, conforme o artigo 693, Parágrafo 1.º, pode-
rão ser esses animais exterminados pelos melhores meios e, em seguida, conduzidos
e enterrados imediatamente, em lugar conveniente, ou incinerados.
Art. 701 - A condução de gado pela cidade, povoados e estradas do interior do
Município, não poderá efetuar-se em manada superior a trinta reses e acompanhada
por um guardador. Multa de vinte mil réis.
Parágrafo Único - Incorrerá em multa igual todo aquele que fizer tran-
sitar manadas de gado de grande porte por vias calçadas, ou fora do
tempo que medeia entre 0 horas e quatro horas, sendo na cidade.
Art. 702 - É proibido atrelar animais doentes, ou com eles trabalhar de qual-
quer modo, sob pena de multa de cinquenta mil réis.
Art. 703 - É expressamente proibido conservar animais atacados de moléstias
infectocontagiosas, e bem assim deixá-los em abandono, nas ruas. Pena de cem mil
réis de multa.
Art. 704 - É proibido atirar animais mortos nas vias públicas, margens de rios
ou igarapés, em qualquer via pública, sob pena de multa de cinquenta mil réis, se
forem de grande porte, como burros, cavalos, etc., e a de trinta mil réis, se forem de
porte pequeno, como gatos, cachorros, galinhas, etc.
Art. 705 - Será eliminado qualquer animal acometido de modéstia contagiosa,
mormente de tuberculose bovina, carbúnculo e do morno laparão dos solípedes.
Art. 706 - A condução de animais mortos, nas condições do artigo anterior, só
poderá ser feita em veículos apropriados, completamente fechados. Multa de trinta
mil réis.
Art. 707 - Ninguém, em estado de embriaguez, poderá conduzir, pelas vias
públicas bestas ou gado de qualquer espécie, sob pena de multa de vinte mil réis.
Parágrafo Único - As bestas ou reses serão tiradas ao condutor embria-
gado e depositadas no Depósito Público Municipal, quando na cidade,
e no mais próximo cercado, a arbítrio da autoridade, quando no interior
do Município.
Art. 708 - É proibido andar montado em animais de carga sob pena de multa
de dez mil réis.
Art. 709 - Incorrerá na multa de cinquenta mil réis aquele que der de beber,
nos tanques dos chafarizes e nas fontes públicas, a animais infectados de moléstia
contagiosa.
Art. 710 - Os vendedores que expuserem aves à venda são obrigados a lavar
diariamente as respectivas grades, gaiolas ou capoeiras, sendo proibido amontoar
aves nestas sem deixar espaço suficiente para que não fiquem maltratadas, assim
como conduzí-las dependuradas, com o bico voltado para o solo. Multa de dez mil
réis.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 371
Defesa Florestal

Art. 711 - As florestas existentes no Município de Manaus, que constituem


bem de interesse comum, de acordo com o Decreto Federal n. 23.793, de 23 de Janei-
ro de 1934, classificam-se em: protetoras, remanescentes e de rendimento.
Art. 712 - Serão consideradas florestas protetoras as que, com sua localização,
servirem, conjunta ou separadamente, para qualquer dos fins seguintes:
a) Conservar o regime das águas;
b) Evitar a erosão das terras pela ação dos agentes naturais;
c) Assegurar condições de salubridade pública;
d) Asilar espécimes raros da fama indígena;
Art. 713 - Serão consideradas florestas remanescentes:
a) As que já formarem ou forem reservadas para bosques ou parques;
b) As em que abundarem ou se cultivarem espécimes preciosos da flo-
resta amazônica.
Art. 714 - Serão consideradas florestas de rendimento todas aquelas que não
estiverem compreendidas nos dispositivos dos artigos anteriores.
Art. 715 - É rigorosamente proibido o exercício de qualquer espécie de ativida-
de contra a flora e a fauna dos parques.
Art. 716 - Os prédios urbanos, em cujos quintais ou jardins houver árvores de
considerável ancianidade, raridade ou beleza de porte, convenientemente tratadas,
terão razoável redução dos impostos que sobre eles recaírem.
Art. 717 - É proibido, mesmo aos proprietários:
a) Deitar fogo em campos ou vegetação de cobertura das terras na vi-
zinhança de vegetação arbórea de qualquer natureza, protegida, como
processo de preparação das mesmas para a lavoura, ou de formação de
campos artificiais, sem licença da autoridade florestal do local;
b) Derrubar, nas regiões de vegetação escassa, para transformar em le-
nha ou carvão, matas ainda existentes às margens dos cursos de água,
lagos e estradas de rodagem;
c) Fazer colheita da seiva de que se obtém a borracha, balata, guta per-
cha, chicle e outros produtos semelhantes, ou a exploração de plantas
taníferas ou fibrosas que comprometam a vida ou o desenvolvimento
natural das árvores.
d) Preparar carvão ou acender fogo dentro das matas, sem precaução
necessária para evitar incêndio;
e) Aproveitar como lenha, para o fabrico de carvão, essências conside-
radas de grande valor econômico para outras aplicações mais úteis, ou
que, por sua raridade atual, estejam ameaçadas de extinção.
Art. 718 - É proibido o corte de árvores em uma faixa de vinte metros de cada

372 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
lado, ao longo das estradas de rodagem, salvo nos casos necessários e indicados pela
Prefeitura para conservação da estrada ou descortino de panoramas.
Art. 719 - A extração de lenha, e preparo de carvão, só será permitido nas
florestas de rendimento, e aqueles que a este serviço se entregarem ficam sujeitos aos
impostos legais.
Art. 720 - A polícia florestal será exercida por vigias e guardas nomeados pela
Prefeitura, dentre os habitantes do próprio local.
Parágrafo Único - Se, entre os habitantes do local não houver quem
aceite a nomeação, ou reúna os requisitos necessários para o exercício
do cargo, será nomeada pessoa idônea, moradora nas proximidades.
Art. 721 - As funções de guarda ou vigia florestal, em florestas não sujeitas a
regime especial, serão exercidas sem remuneração fixa.
Art. 722 - São consideradas contravenções florestais:
a) Matar, lesar ou mutilar, por qualquer modo, plantas de ornamenta-
ção dos logradouros públicos.
b) Transportar produtos ou subprodutos procedentes de florestas su-
jeitas a regime especial, quando situadas nas margens dos rios, lagos e
estradas de rodagem;
c) Fazer fogueiras nas proximidades das florestas, sem a cautela neces-
sária para salvaguarda destas.
Parágrafo Único - Aos contraventores do que dispõe este artigo será im-
posta a multa de cem mil réis e o dobro na reincidência.
Art. 723 - Os agricultores e criadores limítrofes ficam obrigados a cercar as
suas divisões de comum acordo, ouvida a Prefeitura, correndo as despesas por conta
deles.
Art. 724 - Ficam os proprietários de casas ou terrenos, que demorem à mar-
gem das estradas, obrigados a fazer a limpeza do trecho da estrada compreendido
dentro ou na frente da propriedade.

Disposições Gerais

Art. 725 - É proibido colocar mercadorias nas paredes e portas das casas de
negócio, de modo que impeçam o trânsito, ou causem danos aos transeuntes, incor-
rendo o infrator na multa de cinquenta mil réis.
Art. 726 - Fica proibido o comércio chamado de “atravessadores”.
Art. 727 - As pessoas que se empregarem no comércio de atravessadores, nos
portos da cidade, nos subúrbios ou nas praças, ou que forem ao encontro dos lavra-
dores e dos pescadores, afim de comprarem os gêneros pelos mesmos trazidos ao
consumo público, incorrerão na multa de cinquenta mil réis a cem mil réis.
Art. 728 - Todos os produtos da lavoura e da pesca, nas condições do artigo an-
terior, serão conduzidos e expostos à venda nos mercados municipais pelos próprios

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 373
lavradores e pescadores. O infrator fica sujeito à multa de cinquenta mil réis.
Art. 729 - As vendas de gêneros e produtos agrícolas, recolhidos aos mercados,
ficarão sujeitos aos regulamentos especiais dos mesmos.
Art. 730 - Ninguém poderá exercer o oficio de carregador, sem prévia matrícu-
la na Prefeitura. Aos transgressores, dez mil réis a trinta mil réis de multa;
Parágrafo 1º - O carregador matriculado receberá na Prefeitura uma
chapa numerada que terá sempre consigo e á vista.
Parágrafo 2º - A matrícula renovar-se-á anualmente.
Art. 731 - Os locatários dos quartos externos do Mercado Público não poderão
fazer inscrições nas paredes do edifício. O contraventor pagará a multa de cinquenta
mil réis e fará o reparo preciso na parede, dentro do prazo que lhe for determinado
por intimação.
Art. 732 - Só será permitido o desembarque e abatimento do gado vacum,
ovelhum e suíno, para consumo da população da cidade, no Matadouro Público Mu-
nicipal.
Art. 733 - O gado cavalar ou muar poderá desembarcar nos pontos marcados
pela Prefeitura. Ao infrator cinquenta mil réis de multa.
Art. 734 - É proibido lançar fogo em roçado, em todo o território do Municí-
pio, sem prévio aviso de três dias aos proprietários vizinhos, sob pena da multa de
cem mil réis.
Art. 735 - Aquele que destruir ou danificar cercados ou gradis públicos será
multado em vinte mil réis e fará o serviço de reconstrução à sua custa.
Art. 736 - É permitido em lugares das vias públicas, designados pelo fiscal
geral, colocar cadeiras
Art. 737 - Quando, em consequência da estreiteza da rua, for impossível o cru-
zamento de dois carros, a Prefeitura determinará a entrada de tais veículos por uma
só extremidade marcada por um sinal convencionado.
Art. 738 - Nenhum escritório ou estabelecimento comercial poderá abrir as
suas portas nos domingos e dias feriados, assim como das onze as treze horas nos
dias úteis.
Parágrafo único. – Nos dias úteis, as mercearias, padarias, tavernas e
barbearias, poderão conservar-se abertas até as onze e meia horas, des-
de que fique respeitado o intervalo de duas horas, no mínimo, para des-
canso e refeição.
Art. 739 - Nos dias úteis, as mercearias, tavernas, padarias, bem assim as ta-
bacarias e as barbearias, não anexas a qualquer outro ramo ou gênero do comércio,
poderão abrir as seis e meia hora e fechar as dezoito e meia, respeitando o intervalo
de duas horas, no mínimo, para descanso e refeição.
Parágrafo Único - Nos dias feriados que recaírem em sábados, o Prefeito
poderá tolerar a abertura destes estabelecimentos entre seis e meia e
onze e meia horas; e quando o feirado recair em segunda-feira, poderá

374 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
o Prefeitura tolerar que esses estabelecimentos se conservem abertos até
as vinte e uma horas do sábado anterior.
Art. 740 - Em nenhum escritório ou estabelecimento comercial será permitido
trabalhar a portas fechadas em dias ou horas proibidas por este Código, salvo a hipó-
tese do artigo 746.
Art. 741 - Das prescrições do artigo 738 excetuam-se:
a) Os hotéis, restaurantes, casas de pasto e confeitarias, bem assim os
cafés, bilhares e botequins de primeira classe, não anexos a qualquer
outro gênero de comércio, que poderão conservar abertos em qualquer
dia até as 22 horas, pagando uma licença especial para fecharem mais
tarde.
b) Os cafés, bilhares e botequins de segunda terceira classe, não anexos
a qualquer gênero ou ramo de comércio, poderão igualmente ficar aber-
tos todos os dias, porém, até as vinte e duas horas somente.
Art. 742 - As farmácias só fecharão nos domingos e nos dias feriados, ficando-
lhes facultativo o intervalo para o descanso de que trata o artigo 738, bem assim con-
servarem-se abertas, nos dias úteis, até qualquer hora da noite, quando de plantão.
Art. 743 - Por força do artigo anterior, duas farmácias serão designadas pelo
médico diretor de Higiene Municipal, para fazer o plantão durante os domingos e
feriados.
Art. 744 - As farmácias, que estiverem de plantão, ficam obrigadas a aviar o
receituário médico formulado.
Art. 745 - As drogarias ficam sujeitas ao fechamento das portas, determinado
aos estabelecimentos comerciais pelo artigo 738.
Art. 746 - Em época de balanço, e exclusivamente para este fim, será permitido
o trabalho em qualquer estabelecimento comercial, depois das vinte horas, não po-
dendo, porém, passar das vinte e três horas e somente nos dias úteis.
Parágrafo Único - Para o fim deste artigo, requererão os interessados à
Prefeitura a respectiva licença que não poderá exceder de quinze dias
úteis consecutivos, e uma vez por ano.
Art. 747 - Aos infratores dos artigos precedentes será aplicada a multa de cem
mil réis e do dobro nas reincidências.
Art. 748 - O Prefeito ou qualquer autoridade que tolere ou autorize a prática
de algum serviço ou realizado de obra, de encontro com as disposições do Código de
Posturas, em geral, e, especialmente no que for referente às condições que regulam as
obras e construções da cidade, fica responsável pelos prejuízos que causar ao serviço
público ou particular, cabendo-lhe, nesses casos, entrar para os cofres municipais
com a importância que, por ventura, seja dispendida com a reparação do dano cau-
sado pelo serviço irregular autorizado ou tolerado.
Art. 749 - Os menores que tiverem caderneta expedida pela Diretoria de Hi-
giene Municipal, poderão ser admitidos nas fábricas, somente no trabalho diurno,

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 375
observada a legislação federal.
Parágrafo Único - A expedição das cadernetas obedecerá a lei respec-
tiva.
Art. 750 - Os menores operários e empregados ficam sujeitos diretamente às
leis e regulamentos do Ministério do Trabalho em tudo que disser respeito aos seus
salários.
Art. 751 - Os construtores de obras, sejam engenheiros, arquitetos ou mestres,
ficam obrigados, na forma do disposto no Decreto n.º 23.569, de 11 de Dezembro de
1933, a legalizarem seus diplomas e licenças.
Art. 752 - Todas as licenças constantes deste Código pagarão as taxas e impos-
tos previstos na lei do Orçamento.
Art. 753 - Todas as infrações deste Código, a que não forem expressamente
cominadas penas, ficarão os contraventores sujeitos ao pagamento da multa de cin-
quenta mil réis a cem mil réis.
Art. 754 - Os casos omissos em geral serão resolvidos pelo Prefeito, que con-
sultará subsidiariamente as leis estaduais e federais, tendo sempre em vista os recí-
procos interesses do Município e de seus munícipes.
Art. 755 - Ficam revogadas todas as leis, regulamentos e mais disposições con-
trárias ao presente Código.
Manda, portanto, a todos a quem o conhecimento deste pertencer que o cum-
pram e o façam cumprir fielmente.
Prefeitura Municipal de Manaus, 29 de Julho de 1938.

ANTONIO BOTELHO MAIA


Paulo de la Cruce de Grana Marinho

Foi publicado
Secretaria da Prefeitura Municipal de Manaus, 29 de Julho de 1938.

Paulo de la Cruce de Grana Marinho


Secretario em comissão.

FONTE: Instituto Geográfico Histórico do Amazonas (IGHA). Ato nº 44, de 29 de julho de 1938.

376 | 13. Manaus (1938) - Ato nº 44, de 29 de julho de 1938 – Outorga o novo código de posturas do Município de Manaus
14. Manaus (1967)
Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967:
Institui o Código de Posturas do Município.

O Doutor PAULO PINTO NERY, Prefeito Municipal de Manaus, usando de


atribuições que lhe são conferidas em lei, etc., Faço saber que o Poder Legislativo
decretou e eu sanciono a seguinte LEI:

TÍTULO I
Disposições gerais

CAPÍTULO I - Disposições preliminares

Art. 1º - Este Código contém as medidas de polícia administrativa a cargo do


Município em matéria de higiene, ordem pública e funcionamento dos estabeleci-
mentos comerciais e industriais, instituindo as necessárias relações entre o poder
público e os municípios.
Art. 2º - Ao Prefeito e, em geral aos funcionários municipais, incumbe velar
pela observância dos preceitos deste Código.

CAPÍTULO II - Das infrações e das penas

Art. 3º - Constitui infração toda ação ou omissão contrária às disposições des-


te Código ou de outras leis, decretos, resoluções ou atos baixados pelo Governo Mu-
nicipal no uso de seu poder de polícia.
Art. 4º - Será considerado infrator todo aquele que cometer, mandar, constran-
ger ou auxiliar alguém a praticar infração, e ainda os encarregados da execução das
leis que, tendo conhecimento da infração, deixarem de autuar o infrator.
Art. 5º - A pena, além de impor a obrigação de fazer ou desfazer, será pecuniá-
ria e consistirá em multa, observados os limites máximos estabelecidos neste Código.
Art. 6º - A penalidade pecuniária será judicialmente executada se, imposta de
forma regular e pelos meios hábeis, o infrator se recusar a satisfazê-lo no prazo legal.
§ 1º - A multa não paga no prazo regulamentar será inscrita em dívida
ativa.
§ 2º - Os infratores que estiverem em débito de multa não poderão re-
ceber quaisquer quantias ou créditos que tiverem com a prefeitura, par-
ticipar de concorrência, coleta ou tomada de preços, celebrar contratos
ou termos de qualquer natureza, ou transacionar a qualquer título com
a administração municipal.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 377
Art. 7º - As multas serão impostas em grau mínimo, médio ou máximo.
Parágrafo Único - Na imposição da multa, e para graduá-la ter-se-á em
vista:
I - a maior ou menor gravidade da infração;
II - as suas circunstâncias atenuantes ou agravantes;
III - os antecedentes do infrator, com relação às disposições deste Có-
digo.
Art. 8º - Nas reincidências, as multas serão cominadas em dobro.
Parágrafo Único - Reincidente é o que violar preceito deste Código por
cuja a infração já tiver sido autuado e punido.
Art. 9º - As penalidades a que se refere este Código não isentam o infrator de
obrigação de reparar o dano resultante da infração na forma do Art. 159 do Código
Civil.
Parágrafo Único - Aplicada a multa, não fica o infrator desobrigado do
cumprimento da exigência que a houver determinado.
Art. 10º - Nos casos de apreensão, a coisa apreendida será recolhida ao de-
pósito da Prefeitura; quando a isto não se prestar a coisa ou quando a apreensão se
realizar fora da cidade, poderá ser depositado em mãos de terceiros, ou do próprio
detentor, se idôneo, observadas as normalidade legais.
Parágrafo Único - A devolução da coisa apreendida só fará depois de
pagas as multas que tiverem sido aplicadas e de indenizada a Prefeitura
das despesas que tiverem sido feitas com a apreensão, o transporte e o
depósito.
Art. 11 - No caso de não ser reclamado e retirado dentro de sete (7) dias, o
material apreendido será vendido em hasta pública pela Prefeitura, sendo aplicada a
importância apurada na indenização das multas e despesas de que trata o artigo ante-
rior e entregue qualquer saldo do proprietário, mediante requerimento devidamente
instruído e processado.
§ 1º - Quando a apreensão recair em bens de fácil deterioração, a hasta
pública ou leilão poderá realizar-se no mesmo dia da apreensão.
§ 2º - Apurando-se na venda importância superior ao tributo e à multa
devidos, será o autuado notificado, no prazo de cinco (5) dias, para re-
ceber o excedente, se não houver comparecido para fazê-lo.
§ 3º - Quando não houver interesse ao público pelos bens leiloados,
serão os mesmos entregues às Casas de Caridade.
Art. 12 - Não são diretamente puníveis das penas definidas neste Código:
I - os incapazes na forma lei;
II - os que forem coagidos a cometer a infração.
Art. 13 - Sempre que a infração for praticada por qualquer dos agentes a que se
refere o artigo anterior, a pena recairá:
I - sobre os pais, tutores ou pessoa sob cuja guarda estiver o menor;

378 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
II - sobre o curador ou pessoa cuja guarda estiver o louco;
III - sobre aquele que der causa à contravenção forçada;

CAPÍTULO III - Dos autos de infração

Art. 14 - Auto de infração é o instrumento por meio do qual a autoridade


municipal apura a violação das disposições deste Código e de outras leis, decretos e
regulamentos do Município.
Art. 15 - Dará motivo à lavratura de auto de infração qualquer violação das
normas deste Código que for levada ao conhecimento do Prefeito, ou dos Secretários,
por qualquer servidor municipal ou qualquer pessoa que presenciar, devendo a co-
municação ser acompanhada de prova ou devidamente testemunhada.
Parágrafo Único - Recebendo tal comunicação, a autoridade competen-
te ordenará sempre que couber, a lavratura do auto de infração.
Art. 16 - Ressalvando a hipótese do parágrafo único do art. 106 são autorida-
des para lavrar o auto de infração os fiscais ou outros funcionários para isso designa-
dos pelo Prefeito ou Secretários.
Art. 17 - É autoridade para confirmar os autos de infração e arbitrar multas o
Prefeito ou seu substituto legal, este quando em exercício e os Secretários Municipais
de Economia e Finanças, de saúde, de Obras e de abastecimento, conforme dispuser
o regulamento.(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).
Art. 18 - Os autos de infração obedecerão a modelos especiais e conterão obri-
gatoriamente:
I - o dia, mês, hora e lugar em que for lavrado;
II - o nome de quem lavrou, relatando-se com toda a clareza o fato constante
da infração e os pormenores que possam servir de atenuante ou de agravante à ação;
III - o nome do infrator, sua profissão, idade, estado civil e residência;
IV - a disposição infringida;
V - a assinatura de quem o lavrou, do infrator e de duas testemunhas capazes,
se houver .
Art. 19 - Recusando-se o infrator a assinar o auto, será tal recusa averbada no
mesmo pela autoridade que o lavrar.

CAPÍTULO IV - Do processo de execução

Art. 20 - O infrator terá o prazo de oito (8) dias para apresentar defesa, deven-
do fazê-lo em requerimento dirigido à autoridade que houver confirmado a infração,
nos termos do artigo 17 desta lei. (Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).
Art. 21 - Julgada improcedente ou não sendo a defesa apresentada no prazo
previsto, será imposta a multa ao infrator, o qual será intimado a recolhê-la dentro
do prazo de cinco (5) dias.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 379
TÍTULO II
Da higiene pública

CAPÍTULO I - Disposições gerais

Art. 22 - A fiscalização sanitária abrangerá especialmente a higiene e limpeza


das vias públicas, das habitações, particulares e coletivas, da alimentação, incluindo
todos os estabelecimentos onde se fabriquem ou vendam bebidas e produtos alimen-
tícios, e dos estábulos, cocheiras e pocilgas.
Art. 23 - Em cada inspeção em que for verificada irregularidade, apresentará o
funcionário competente um relatório circunstanciado, sugerindo medidas ou solici-
tando providências a bem da higiene pública.
Parágrafo Único - A Prefeitura tomará as providências cabíveis ao caso,
quando o mesmo for da alçada do Governo Municipal, ou remeterá
cópias do relatório às autoridades federais ou estaduais competentes,
quando as providências necessárias forem da alçada das mesmas.

CAPÍTULO II - Da higiene das vias públicas

Art. 24 - O serviço de limpeza das ruas, praças e logradouros públicos será


executado diretamente pela Prefeitura ou por concessão.
Art. 25 - Os moradores são responsáveis pela limpeza e conservação do pas-
seio e sarjeta fronteiriços à sua residência.
§ 1º - A lavagem ou varredura do passeio e sarjeta deverá ser efetuada
em hora conveniente e de pouco trânsito.
§ 2º - É absolutamente proibido, em qualquer caso, varrer lixo ou detri-
tos sólidos de qualquer natureza para os ralos dos logradouros públicos.
Art. 26 - É proibido fazer varreduras do interior dos prédios, dos terrenos e dos
veículos para a via pública, e bem assim despejar ou atirar papéis, anúncios, reclames
ou quaisquer detritos sobre o leito de logradouros públicos.
Art. 27 - A ninguém é lícito, sob qualquer pretexto, impedir ou dificultar o
livre escoamento das águas pelos canos, valas, sarjetas ou canais das vias públicas,
danificando ou obstruindo tais servidões.
Art. 28 - Para preservar de maneira geral a higiene pública fica terminante-
mente proibido:
I - lavar roupas em chafarizes, fontes ou tanques situados nas vias pú-
blicas;
II - lavar roupas usadas ao longo dos diversos balneários públicos ou
particulares que circundam nossa Capital;
III - estender roupas nas vias públicas;
IV - encaminhar águas servidas do interior das edificações para as vias

380 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
públicas pavimentadas. (Redação dada pela Lei nº 1267 de 26/10/1976).
V - conduzir, sem as precauções devidas, quaisquer materiais que pos-
sam comprometer o asseio das vias públicas;
VI - queimar, mesmo nos próprios quintais, lixo ou quaisquer corpos de
quantidade capaz de molestar a vizinhança;
VII - aterrar vias públicas, com lixo, materiais velhos ou quaisquer de-
tritos, sem prévia autorização de autoridade municipal exarada em pro-
cesso regular;
VIII - conduzir para cidade, vilas ou povoações do Município doentes
portadores de moléstias infectocontagiosas, salvo com as necessárias
precauções de higiene e para fins e tratamento, notificando imediata-
mente a autoridade sanitária.
Art. 29 - É proibido comprometer, por qualquer forma, a limpeza das águas
destinadas ao consumo público ou particular.
Art. 30 - É expressamente proibida a instalação no perímetro da Cidade e po-
voações de indústrias cujos resíduos não sejam devidamente tratados ou que por
qualquer outro motivo possam prejudicar a saúde pública.
Art. 31 - A instalação de estrumeiras ou depósitos de matéria orgânica para
preparação de adubo deve obedecer rigorosamente as normas de saúde pública e
possuir, quando não afastados das residências ou logradouros, aparelhagem capaz de
impedir os inconvenientes dessa atividade.
Art. 32 - Na infração de qualquer artigo deste capítulo será imposta a multa
variável entre vinte (20) a trinta (30) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983)
Art. 39 - As chaminés de qualquer espécie de fogões de casas particulares, de
restaurante, pensões, hotéis e de estabelecimentos comerciais e indústrias de qual-
quer natureza, terão altura suficiente para que a fumaça, afligem ou outros resíduos
que possam expelir não incomodem os vizinhos.
Parágrafo Único - Mediante autorização da Prefeitura , as chaminés ou
tubulações de escape dos resíduos poderão ser substituídas por apare-
lhagem para tal fim.
Art. 40 - À Prefeitura compete exigir o cumprimento do Código de Obras no
que diz respeito ao gabarito das edificações nas vias públicas como fator preponde-
rante de higiene habitacional.
Art. 41 - Na infração de qualquer artigo deste capítulo, será imposta a multa
variável em 20 (vinte) a 30 (trinta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
500% (quinhentos por cento) do salário mínimo vigente da região. (Redação dada
pela lei nº 1700 de 20/12/1993)

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 381
CAPÍTULO IV - Da higiene da alimentação

Art. 42 - A Prefeitura exercerá, em colaboração com as autoridades sanitárias


do Estado, severa fiscalização sobre a produção, o comércio e o consumo de gêneros
alimentícios em geral.
Parágrafo Único - Para os efeitos deste Código, consideram-se gêneros
alimentícios todas as substâncias, sólidas ou líquidas, destinadas a ser
ingeridas pelo homem, excetuados os medicamentos.
Art. 43 - Não será permitido a produção, exposição ou venda de gêneros ali-
mentícios deteriorados, falsificados, adulterados ou nocivos à saúde os quais serão
apreendidos pelo funcionário encarregado da fiscalização e removidos para local
destinado à inutilização dos mesmos.
§ 1º - A inutilização dos gêneros não eximirá a fábrica ou estabeleci-
mento comercial do pagamento das multas e demais penalidades que
possam sofrer em virtude da infração.
§ 2º - A reincidência na prática das infrações previstas neste artigo de-
terminará a cassação de licença para funcionamento da fábrica ou casa
comercial.
Art. 44 - Nas quitandas e casas congêneres, além das disposições gerais con-
cernentes aos estabelecimentos de gêneros alimentícios, deverão ser observadas as
seguintes:
I - o estabelecimento terá, para depósito de verduras que devam ser con-
sumidas sem cocção, recipientes ou dispositivos de superfície e à prova
de moscas, poeiras e quaisquer contaminações;
II - as frutas expostas à venda serão colocadas sobre mesas ou estantes,
rigorosamente limpas e afastadas um metro, no mínimo, das ombreiras
das portas externas;
Parágrafo Único - É proibido utilizar-se, para outro qualquer fim, dos
depósitos de hortaliças, legumes ou frutas.
Art. 45 - É proibido ter em depósito ou expostos à venda:
I - aves doentes; II - frutas não sazonadas; III - legumes, hortaliças, frutas ou
ovos deteriorados.
Art. 46 - Toda a água que tenha de servir na manipulação ou preparo de gêne-
ros alimentícios, desde que não provenha do abastecimento público, deve ser com-
provadamente pura.
Art. 47 - O gelo destinado ao uso alimentar deverá ser fabricado com água
potável, isenta de qualquer contaminação.
Art. 48 - As fábricas de doces e de massas, as refinarias, padarias, confeitarias
e os estabelecimentos congêneres deverão ter:
I - o piso e as paredes das salas de elaboração dos produtos, revestidos
de ladrilhos até a altura de dois metros (2,00 mts);

382 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
II - as salas de preparo dos produtos com as janelas e aberturas teladas
e à prova de moscas. Art. 49 - Não é permitido dar ao consumo carne
fresca de bovinos, suínos ou caprinos que não tenham sido abatidos em
matadouro sujeito à fiscalização.
§ 1º - A carne importada não poderá ser posta à venda sem o certifica-
do de haver o animal sido examinado no matadouro em que ocorreu o
abate.
§ 2º - A Prefeitura expedirá certificado da matança, destinado a com-
provar a origem da carne exposta à venda.
Art. 50 - Os vendedores ambulantes de alimentos preparados não poderão
estacionar em locais em que seja fácil a contaminação dos produtos expostos à venda.
Art. 51 - Os vendedores, magarefes ou interessados deverão fazer acompanhar
do certificado de matança, o gado abatido no Município, sendo considerada clan-
destina, e sujeita à apreensão, a carne exposta à venda que não esteja acompanhada
desse certificado.
Art. 52 - É proibida a matança para o consumo alimentar de animais nas se-
guintes condições:
a) vitelas com menos de 4 anos de vida; b) suínos com menos de 5 semanas
de vida; c) ovinos e caprinos com menos de 8 semanas de vida; d) animais que não
hajam repousado pelo menos 24 horas antes do abate; e) animais caquéticos; f) vacas
com sinais de parto recente ou prenha
Art. 53 - Qualquer que seja o processo do abate, é indispensável a sangria ime-
diata e o escoamento do sangue.
Art. 54 - O produto de abate destinado ao consumo deverá ser recolhido a de-
pósito próprio até o momento do seu transporte para os postos de venda, o que será
feito em carros apropriados.
Art. 55 - Os animais portadores de doença opizótica e suspeitos serão imedia-
tamente isolados.
Art. 56 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre 10 (dez) a cinquenta (50) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacio-
nal. (Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO V - Da higiene dos estabelecimentos

Art. 57 - Os hotéis, restaurantes, bares, cafés, botequins e estabelecimentos


congêneres deverão observar o seguinte:
I - a lavagem da louça e talheres deverá fazer-se em água corrente, não sendo
permitida sob qualquer hipótese a lavagem em baldes, tonéis ou vasilhames. II - a hi-
gienização da louça e talheres deverá ser feita com água fervente; III - os guardanapos
e toalhas serão de uso individual; IV - os açucareiros serão de tipo que permitam a
retirada do açúcar sem o levantamento da tampa; V - a louça e os talheres deverão

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 383
ser guardados em armários, com portas e ventilados, não podendo ficar expostos às
poeiras e às moscas.
Art. 58 - Os estabelecimentos a que se refere o artigo anterior são obrigados a
manter seus empregados ou garçons convenientemente trajados, de preferência uni-
formizados, e portando a caderneta sanitária devidamente atualizada.
Art. 59 - Nos salões de barbeiros e cabeleireiros é obrigatório o uso de toalhas
e golas individuais.
Parágrafo Único - Os oficiais ou empregados usarão durante o trabalho,
blusas brancas, apropriadas, rigorosamente limpas.
Art. 60 - Nos hospitais, casas de saúde e maternidades, além das disposições
gerais deste Código, que lhes forem aplicáveis, é obrigatória: I - a existência de uma
lavanderia à água quente com instalação completa de desinfecção; II - a existência de
depósito apropriado para roupa servida; III - a instalação de necrotérios, de acordo
com o art. 61 deste Código; IV - a instalação de cozinha com, no mínimo, três (3)
peças destinadas, respectivamente, a depósito de gêneros e preparo de comida e à
distribuição de comida e lavagem; V - esterilização de louças utensílios, devendo to-
das as peças ter os pisos e paredes revestidas de ladrilhos até a altura mínima de dois
metros (2,00 mts.).
Art. 61 - A instalação dos necrotérios e capelas mortuárias será feita em prédio
isolado, distante no mínimo de vinte metros (20,00mts.) das habitações vizinhas e
situadas de maneira que o seu interior não seja devassado ou descortinado.
Art. 62 - As cocheiras e estábulos existentes na cidade, vilas ou povoações do
Município deverão, além da observância de outras disposições deste Código, que lhes
forem aplicados, obedecer ao seguinte: I - possuir muros divisórios, com três metros
de altura mínima separando-as dos terrenos limítrofes; II - conservar a distância mí-
nima de dois metros e meio entre a construção e a divisa do lote; III - possuir sar-
jetas de revestimento impermeável para águas residuais e sarjetas de contorno para
as águas das chuvas; IV - possuir depósito para estrume, à prova de insetos e com a
capacidade para receber a produção de vinte e quatro horas a qual deve ser diaria-
mente removida para a zona rural; V - possuir depósitos para forragens, isolado da
parte destinada aos animais e devidamente vedado aos ratos; VI - manter completa
separação entre os possíveis compartimentos para empregados e a parte destinada
aos animais; VII - obedecer a um recuo de pelo menos vinte metros de alinhamento
do logradouro.
Art. 63 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre dez (10) a sessenta (60) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

384 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
TÍTULO III
Da política de costumes, segurança
e ordem pública

CAPÍTULO I - Da moralidade e
do sossego público

Art. 64 - É expressamente proibido às casas de comércio ou aos ambulantes, a


exposição ou venda de gravuras, livros, revistas ou jornais pornográficos ou obsce-
nos.
Parágrafo Único - A reincidência na infração deste artigo determinará a
cassação da licença de funcionamento.
Art. 65 - Não serão permitidos banhos nos rios, córregos ou lagoas do Muni-
cípio, exceto nos locais designados pela Prefeitura como próprios banhos ou esportes
náuticos.
Parágrafo Único - Os praticantes de esportes ou banhistas deverão tra-
jar-se com roupas apropriadas.
Art. 66 - Os proprietários de estabelecimentos em que se vendam bebidas al-
coólicas serão responsáveis pela manutenção da ordem nos mesmos.
Parágrafo Único - As desordens, algazarra ou barulho, porventura ve-
rificados nos referidos estabelecimentos, sujeitarão os proprietários à
multa, podendo ser cassada a licença para seu funcionamento nas re-
incidências.
Art. 67 - É expressamente proibido perturbar o sossego público com ruídos ou
sons excessivos, evitáveis, tais como: I - os motores de explosão desprovidos de silen-
ciosos ou com estes em mau estado de funcionamento; II - os de buzinas, clarins, tím-
panos, campainhas ou quaisquer outros aparelhos; III - A propaganda realizada em
alto-falantes, bumbos, tambores, cornetas, etc., sem prévia autorização da Prefeitura;
IV - os produzidos por arma de fogo; V - os de morteiros, bombas e demais fogos rui-
dosos; VI - os de apitos ou silvos de sereia de fábricas, cinemas ou estabelecimentos
outros, por mais de 30 (trinta) segundos ou depois de 22 (vinte e duas) horas; VII - os
batuques, congados e outros divertimentos congêneres, sem licença das autoridades.
Parágrafo Único - Excetuam-se das proibições deste artigo:
I - os tímpanos, sinetas ou sirenes dos veículos de Assistências, Corpo
de Bombeiros e Polícia, quando em serviço; II - os apitos das rondas e
guardas policiais.
Art. 68 - Nas igrejas, conventos e capelas, os sinos não poderão tocar antes das
4:30 e depois das 22 horas, salvo os toques de rebates por ocasião de incêndios ou
inundações.
Art. 69 - É proibido executar qualquer trabalho ou serviço que produza ruído,
antes das 7 horas e depois das 20 horas, nas proximidades de hospitais, escolas, asilos

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 385
e casas de residências.
Art. 70 - As instalações elétricas só poderão funcionar quando tiverem dispo-
sitivos capazes de eliminar, ou pelo menos reduzir ao mínimo, as correntes parasitas,
diretas ou induzidas, as oscilações de alta frequência, chispas e ruídos prejudiciais à
rádio recepção.
Parágrafo Único - As máquinas e aparelhos que, a despeito da aplica-
ção de dispositivos especiais, não apresentarem diminuição sensível das
perturbações, não poderão funcionar aos domingos e feriados, nem a
partir das 18 horas, nos dias úteis.
Art. 71 - Na infração de qualquer artigo deste capítulo, será imposta a multa
variável entre dez (10) a sessenta (60) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO II - Dos divertimentos públicos

Art. 72 - Divertimentos públicos, para os efeitos deste Código, são os que se


realizarem nas vias públicas, ou em recintos fechados de livre acesso ao público.
Art. 73 - Nenhum divertimento público poderá ser realizado sem licença da
Prefeitura, mesmo quando isento de tributo.
Parágrafo Único - O requerimento de licença para funcionamento de
qualquer casa de diversão será instruído com a prova de terem sido sa-
tisfeitas as exigências regulamentares à construção e higiene do edifício,
e procedida a vistoria policial.
Art. 74 - Em todas as casas de diversões públicas serão observadas as seguintes
disposições, além das estabelecidas pelo Código de Obras:
I - Tanto as salas de entradas como as de espetáculos serão mantidas em condi-
ções de higiene. II - As portas e os corredores para o exterior serão amplos e conser-
var-se-ão sempre livres de grades, móveis ou quaisquer objetos que possam dificultar
a retirada rápida do público, em caso de emergência. III - Todas as portas de saída
encimadas pela inscrição “SAÍDA”, legível à distância e luminosa de forma suave,
quando se apagarem as luzes da sala. IV - Os aparelhos destinados a renovação do ar
deverão ser conservados e mantidos em perfeito funcionamento. V - Haverá instala-
ções sanitárias para homens e mulheres proporcionais à lotação. VI - Serão tomadas
todas as precauções necessárias para evitar incêndios, sendo obrigatório a adoção
dos extintores de fogo em locais visíveis e de fácil acesso. VII - Possuirão bebedouro
automático de água filtradas e escarradeiras hidráulicas em perfeito estado de funcio-
namento. VIII - Durante os espetáculos deverão as portas conservar-se abertas, veda-
da apenas com reposteiros e cortinas. IX - Deverão possuir material de pulverização
de inseticidas. X - O mobiliário será mantido em perfeito estado de conservação.
Parágrafo Único - É proibido aos espectadores, sem distinção de sexo,

386 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
assistir aos espetáculos de chapéu à cabeça ou fumar no local das fun-
ções.
Art. 75 - Nas casas de espetáculo de sessões consecutivas que não tiverem
exaustores suficientes, deve, entre saída e a entrada dos espectadores, decorrer lapso
de tempo suficiente para o efeito de renovação do ar.
Art. 76 - Em todos os teatros, circos ou salas de espetáculos, serão reservados
quatro lugares, destinados às autoridades policiais e municipais, encarregadas da fis-
calização.
Art. 77 - Os programas anunciados serão executados integralmente, não po-
dendo os espetáculos iniciar-se em hora diversa marcada.
§ 1º - Em caso de modificação do programa ou de horário, o empresário
devolverá aos espectadores o preço integral da entrada.
§ 2º - As disposições deste artigo aplicam-se, inclusive, as competições
esportivas para as quais se exija o pagamento de entradas.
§ 3º - Quando as competições esportivas, efetivadas ao ar livre, forem
adiadas por motivo de mau tempo, o empresário obrigar-se-á a promo-
vê-las de portas ou portões abertos ao público, gratuitamente.
Art. 78 - Os bilhetes de entrada não poderão ser vendidos por preço superior
ao anunciado e em número excedente à lotação do teatro, cinema, circo ou sala de
espetáculos.
Art. 79 - Não serão fornecidas licenças para a realização de jogos ou diversões
ruidosas em locais compreendidos em área formada por um raio de 100 metros de
hospitais, casas de saúde ou maternidades.
Art. 80 - Para funcionamento de teatros, além das demais disposições aplicá-
veis deste Código, deverão ser observadas as seguintes: I - a parte destinada ao públi-
co será inteiramente separada da parte destinada aos artistas, não havendo entre as
duas, mais que as indispensáveis comunicações de serviços. II - parte destinada aos
artistas deverá ter, quando possível, fácil e direta comunicação com as vias públicas,
de maneira que assegure saída ou entrada franca, sem dependência da parte destina-
da à permanência do público.
Art. 81 - Para funcionamento de cinemas serão ainda observadas as seguintes
disposições:
I - só poderão funcionar em pavimento térreo; II - os aparelhos de projeção
ficarão em cabines de fácil saída, construídas de materiais incombustíveis; III - no
interior das cabines não poderão existir maior número de películas de que as neces-
sárias para as sessões de cada dia e ainda assim, deverão elas estar depositadas em
recipiente especial, incombustível, hermeticamente fechado, que não seja aberto por
mais tempo que o indispensável ao serviço.
Art. 82 - A armação de circos de pano ou parques de diversões só poderá ser
permitida em certos locais, a juízo da Prefeitura.
§ 1º - A autorização de funcionamento dos estabelecimentos de que tra-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 387
ta este artigo não poderá ser por prazo superior a um (1) ano.
§ 2º - Ao conceder a autorização, poderá a Prefeitura estabelecer as res-
trições que julgar convenientes, no sentido de assegurar a ordem e a
moralidade dos divertimentos e o sossego da vizinhança.
§ 3º - A seu juízo, poderá a Prefeitura não renovar a autorização de um
circo ou parque de diversões, ou obrigá-los a novas restrições ao conce-
der-lhes a renovação pedida.
§ 4º - Os circos e parques de diversões, embora autorizados, só poderão
ser franqueados ao público depois de vistoriados em todas as suas insta-
lações pelas autoridades da Prefeitura.
Art. 83 - Para permitir a armação de circos ou barracas em logradouros pú-
blicos, poderá a Prefeitura exigir, se o julgar conveniente, um depósito até o máximo
de 5 (cinco) salários mínimos vigentes na região, como garantia de despesas com a
eventual limpeza e recomposição do logradouro.
Parágrafo Único - O depósito será restituído integralmente se não hou-
ver necessidade de limpeza especial ou reparos; em caso contrário, serão
deduzidas do mesmo as despesas feitas com tal serviço.
Art. 84 - Na localização de “dancings”, ou de estabelecimentos de diversões
noturnas, a Prefeitura terá sempre em vista o sossego e decoro da população.
Art. 85 - Os espetáculos, bailes ou festas de caráter público dependem, para
realizar-se, de prévia licença da Prefeitura.
Parágrafo Único - Excetuam-se das disposições deste artigo as reuniões
de qualquer natureza, sem convites ou entradas pagas, levadas a efeito
por clubes ou entidades de classe, em sua sede, ou as realizadas em resi-
dências particulares.
Art. 86 - É expressamente proibida, durante os carnavalescos, apresentar-se
com fantasias indecorosas, ou atirar água ou outra substância que possa molestar os
transeuntes.
Parágrafo Único - Fora do período destinado aos festejos carnavalescos,
a ninguém é permitido apresentar-se mascarado ou fantasiado nas vias
públicas, salvo com licença das autoridades.
Art. 87 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre dez (10) a sessenta (60) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO III - Dos locais de culto

Art. 88 - As igrejas, os templos e as casas de culto, são locais tidos e havidos


por sagrados, por isso, devem ser respeitados, sendo proibido pichar suas paredes e
muros, ou neles pregar cartazes.
Art. 89 - As igrejas, templos e casas de culto, não poderão conter maior núme-

388 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
ro de assistentes, a qualquer de seus ofícios, de que a lotação comportada por suas
instalações.
Art. 90 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre dez (10) a sessenta (60) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO IV - Do trânsito público

Art. 91 - O trânsito, de acordo com as leis vigentes é livre, e sua regulamenta-


ção tem por objetivo manter a ordem, a segurança e o bem-estar dos transeuntes e da
população em geral. Art. 92 - É proibido embaraçar ou impedir, por qualquer meio,
o livre trânsito de pedestres ou veículos nas ruas, praças, passeios, estradas e cami-
nhos públicos, exceto para efeito de obras públicas, ou quando exigências policiais o
determinarem.
Parágrafo Único - Sempre que houver necessidade de interromper o
trânsito, deverá ser colocada sinalização vermelha claramente visível de
dia e luminosa à noite.
Art. 93 - Compreende-se na proibição do artigo anterior o depósito de quais-
quer materiais, inclusive de construções, nas vias públicas em geral.
§ 1º - Tratando-se de materiais cuja descarga não possa ser feita direta-
mente no interior dos prédios, será tolerada a descarga e permanência
na via pública, com o mínimo prejuízo ao trânsito, por tempo não supe-
rior a 3 (três) horas úteis.
§ 2º - Nos casos previstos no parágrafo anterior o responsável pelos ma-
teriais depositados na via pública deverão advertir os veículos, à distân-
cia conveniente, dos prejuízos causados no livre trânsito.
Art. 94 - É expressamente proibido nas ruas da cidade, vilas e povoados:
I - conduzir animais ou veículos em disparada; II - atirar à via pública ou lo-
gradouros públicos, corpos ou detritos que possam incomodar os transeuntes.
Art. 95 - É expressamente proibido danificar ou retirar sinais colocados nas
vias, estradas ou caminhos públicos, para advertência de perigo ou impedimento do
trânsito.
Art. 96 - Assiste à Prefeitura o direito de impedir o trânsito de qualquer veículo
ou meio de transporte que possa ocasionar danos à via pública.
Art. 97 - É proibido embaraçar o trânsito ou molestar os pedestres por tais
meios: I - conduzir, pelos passeios volumes de grande porte II - conduzir, pelos
passeios, veículos de qualquer espécie; III - patinar, a não ser os logradouros a isso
destinados; IV - amarrar animais em postes, árvores, ou portas; V - conduzir ou
conservar animais sobre os passeios ou jardins.
Parágrafo Único - Excetuam-se ao disposto no Item II deste artigo, car-
rinhos de crianças ou de paralíticos e, em ruas de pequeno movimento,

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 389
triciclos e bicicletas de uso infantil.
Art. 98 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, quando não prevista
penalidade de Código Nacional de Trânsito, será imposta multa variável entre dez
(10) a sessenta (60) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Redação dada
pela Lei nº 1700 de 20/12/1983)

CAPÍTULO V - Das medidas


referentes aos animais

Art. 99 - É proibida a permanência de animais nas vias públicas.


Art. 100 - Os animais encontrados soltos nas ruas, praças, estradas ou cami-
nhos públicos serão apreendidos pela Prefeitura e recolhidos a lugares apropriados.
Art. 101 - O animal recolhido em virtude do disposto neste capítulo, será re-
tirado dentro do prazo de 3 (três) dias, mediante pagamento da multa e da taxa de
manutenção respectiva.
Parágrafo Único - Não sendo retirado o animal nesse prazo, o mesmo
será vendido em hasta pública ou entregue às instituições de pesquisa.
Art. 102 - É proibido a criação ou engorda de porcos no perímetro urbano da
sede municipal.
Parágrafo Único - Aos proprietários de cevas atualmente existentes na
sede municipal, fica marcado o prazo de 90 (noventa) dias, a contar da
data da publicação deste Código, para a remoção dos animais.
Art. 103 - É igualmente proibido a criação, no perímetro urbano da sede mu-
nicipal de qualquer outra espécie de gado.
Parágrafo Único - Observadas as exigências sanitárias a que se refere o
artigo 62 deste Código, é permitida a manutenção de estábulos e cochei-
ras, mediante licença e fiscalização da Prefeitura.
Art. 104 - Os cães encontrados soltos nas vias e logradouros públicos serão
apreendidos pela Prefeitura e recolhidos a lugares apropriados.
§ 1º - Tratando-se de cão não registrado, o seu proprietário terá o prazo
de 10 dias para retirá-lo, mediante o pagamento da multa e das taxas
respectivas, e se não o fizer, o animal será vendido em hasta pública,
entregue às instituições de pesquisa ou mandado para o interior.
§ 2º - A Prefeitura notificará ao proprietário do cão registrado, cum-
prindo-se, a seguir, o estabelecido no parágrafo anterior.
§ 3º - Quando se tratar de animal de raça, poderá a Prefeitura, a seu
critério, agir de conformidade com o que estipula o parágrafo único do
Art. 101 deste Código.
Art. 105 - Haverá na Prefeitura o serviço de matrícula e licenciamento de cães,
que possuirá cadastro e controle, fornecerá identificação do animal ou certificado de
vacinação anti-rábica, com validade da vacina aplicada.
Parágrafo Único - São isentos de matrícula os cães pertencentes a vi-
390 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
sitantes, em trânsito pelo Município, desde que nele não permaneçam
por mais de uma semana e apresentem o certificado de vacinação an-
ti-rábica.
Art. 106 - O cão registrado pode andar solto na via pública, desde que em
companhia de seu dono, respondendo este pelas perdas e danos que o animal causar
a terceiros.
Art. 107 - Não será permitida a passagem ou estacionamento de tropas ou
rebanhos na cidade, exceto em logradouros para isso designados.
Art. 108 - Ficam proibidos os espetáculos de feras e as exibições de cobras e
quaisquer animais perigosos, sem as necessárias precauções para garantir a seguran-
ça dos espectadores.
Art. 109 - É expressamente proibido: I - criar abelhas no local de maior con-
centração urbana; II - criar galinhas nos porões e no interior das habitações; III -
criar pombos nos forros das casas de residências.
Art. 110 - É expressamente proibido a qualquer pessoa maltratar os animais ou
praticar ato de crueldade contra os mesmos tais como: I - transportar, nos veículos
de tração animal, carga ou passageiros de pesos superior às suas forças; II - carregar
animais com peso superior a 150 quilos; III - montar animais que já tenham a carga
permitida; IV - fazer trabalhar animais doentes, feridos, extenuados, aleijados, enfra-
quecidos ou extremamente magros; V - obrigar qualquer animal a trabalhar mais de
8 (oito) horas contínuas sem descanso e mais de 6 (seis) horas, sem água e alimento
apropriado; VI - martirizar animais para deles alcançar esforços excessivos; VII -
castigar de qualquer modo animal caído, com ou sem veículo, fazendo-o levantar à
custa de castigo e sofrimento; VIII - castigar com rancor e excesso qualquer animal;
IX - conduzir animais com a cabeça baixa, suspensos pelos pés ou asas, ou em qual-
quer posição anormal, que lhes possa ocasionar sofrimentos; X - transportar animais
amarrados à traseira de veículos, ou atados um ao outro pela cauda; XI - abandonar,
em qualquer ponto, animais doentes, extenuados, enfraquecidos ou feridos; XII -
amontoar animais em depósitos insuficientes ou sem água, ar, luz e alimentos; XIII
- usar de instrumento diferente do chicote leve, para estímulo e correção de animais;
XIV - empregar arreios que possam constranger, ferir ou magoar o animal: XV - usar
arreios sobre partes feridas, contusões ou chagas do animal; XVI - praticar todo e
qualquer ato, mesmo não especificado neste Código, que venha acarretar violência e
sofrimento para o animal.
Art. 111 - Na infração de qualquer artigo deste capítulo, será imposta a multa
variável entre dez (10) a sessenta (60) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
(Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).
Parágrafo Único - Qualquer pessoa do povo poderá autuar os infratores,
devendo o auto respectivo, que será assinado por duas testemunhas, ser
enviado à Prefeitura, para os fins de direito.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 391
CAPÍTULO VI - Da extinção de insetos nocivos

Art. 112 - Todo proprietário de terreno, cultivado ou não dentro dos limites
do Município, é obrigado a extinguir os formigueiros existentes dentro da sua pro-
priedade.
Art. 113 - Verificada, pelos fiscais da Prefeitura, existência de formigueiros,
será feita intimação ao proprietário do terreno onde os mesmos estiverem localiza-
dos, marcando-se o prazo de 20 (vinte) dias para se proceder ao seu extermínio.
Art. 114 - Se, no prazo fixado, não for extinto o formigueiro, ao Prefeito in-
cumbir-se-á de fazê-lo, cobrando 20% pelo trabalho de administração e emprego de
produtos químicos, além da multa correspondente ao valor de quatro (4) a dez (10)
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Redação dada pela Lei nº 1700 de
20/12/1983).

CAPÍTULO VII - Do emplacamento das vias públicas

Art. 115 - Nenhuma obra, inclusive demolição, quando feita no alinhamento


das vias públicas, poderá dispensar o tapume provisório, que deverá ocupar uma
faixa de largura, no máximo, igual a metade do passeio.
§ 1º - Quando os tapumes forem construídos em esquinas as placas de
nomenclatura dos logradouros serão neles afixados de forma bem visí-
vel.
§ 2º - Dispensa-se o tapume quando se tratar de: I - construção ou re-
paros de muros ou grades com altura não superior a dois metros; II
-pinturas ou pequenos reparos.
Art. 116 - Os andaimes deverão satisfazer as seguintes condições: I - apresen-
tarem perfeitas condições de segurança; II - terem a largura do passeio, até o máximo
de dois metros; III - não causarem dano às árvores, aparelhos de iluminação e redes
telefônicas e de distribuição de energia elétrica.
Parágrafo Único - O andaime deverá ser retirado quando ocorrer a pa-
ralisação da obra por mais de 60 (sessenta) dias.
Art. 117 - Poderão ser armados coretos ou palanques provisórios nos logra-
douros públicos, para comícios políticos, festividades religiosas, cívicas ou de caráter
popular, desde que sejam observadas as condições seguintes: I - serem aprovados
pela Prefeitura, à sua localização; II - não perturbam o trânsito público; III -não pre-
judicarem o calçamento nem o escoamento das águas Pluviais, correndo por conta
dos responsáveis pelas festividades os estragos por acaso verificados; IV - serem re-
movidos no prazo máximo de 24 horas, a contar do encerramento dos festejos;
Parágrafo Único - Uma vez findo o prazo estabelecido no item IV, a
Prefeitura promoverá a remoção do coreto ou palanque, cobrando ao
responsável as despesas de remoção, dando ao material removido o des-

392 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
tino que entender.
Art. 118 - Nenhum material poderá permanecer nos logradouros públicos,
exceto nos casos previstos no parágrafo primeiro do Art. 93 deste Código.
Art. 119 - O ajardinamento e a arborização das praças e vias públicas serão
atribuições exclusivas da Prefeitura.
Parágrafo Único - Nos logradouros abertos por particulares com licença
da Prefeitura, é facultado aos interessados promover e custear a respec-
tiva arborização.
Art. 120 - É proibido podar, cortar, derrubar ou sacrificar as árvores da arbori-
zação pública, sem consentimento expresso da Prefeitura.
Art. 121 - Nas árvores dos logradouros públicos não será permitida a colo-
cação de cartazes e anúncios, nem a fixação de cabos ou fios, sem a autorização da
Prefeitura.
Art. 122 - Os postes telegráficos, de iluminação e força, as caixas postais, os
avisadores de incêndio e de polícia, e as balanças para pesagem de veículos, só pode-
rão ser colocados nos logradouros públicos mediante autorização da Prefeitura, que
indicará as posições convenientes e as condições da respectiva instalação .
Art. 123 - As colunas ou suportes de anúncios, as caixas de papéis usados, os
bancos ou os abrigos de logradouros públicos somente poderão ser instalados me-
diante licença prévia da Prefeitura.
Art. 124 - As bancas para venda de jornais e revistas poderão ser permitidas,
nos logradouros públicos, desde que satisfazem as seguintes condições:
I - terem sua localização aprovada pela Prefeitura; II - apresentarem bom as-
pecto quanto a sua construção; III - não perturbarem o trânsito público. IV - serem
de fácil remoção.
Art. 125 - Os estabelecimentos comerciais poderão ocupar com mesas e cadei-
ras, parte do passeio correspondente à testada do edifício, desde que fique livre para
o trânsito público uma faixa do passeio de largura mínima de dois metros.
Art. 126 - Os relógios, estátuas, fontes e quaisquer monumentos somente po-
derão ser colocados nos logradouros públicos se comprovado o seu valor artístico ou
cívico, e a juízo da Prefeitura.
§ 1º - Dependerá, ainda, de aprovação, o local escolhido para a fixação
dos monumentos.
§ 2º - Nos casos de paralisação ou mau funcionamento do relógio insta-
lado em logradouro público, seu mostrador deverá permanecer coberto.
Art. 127 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre seis (6) a vinte (20) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Re-
dação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 393
CAPÍTULO VIII - Dos inflamáveis e explosivos

Art. 128 - No interesse público a Prefeitura fiscalizará a fabricação, o comércio,


o transporte e o emprego de inflamáveis e explosivos.
Art. 129 - São considerados inflamáveis: I - o fósforo e os materiais fosforados;
II - a gasolina e demais derivados de petróleo; III - os éteres, álcoois, aguardente e os
óleos em geral; IV - os carburetos, o alcatrão e as matérias betuminosas líquidas; V -
toda e qualquer outra substância cujo o ponto de inflamabilidade seja acima de cento
e trinta e cinco graus centígrados (135º).
Art. 130 - Consideram-se explosivos: I - os fogos de artifícios; II - a nitro-
glicerina e seus compostos e derivados III - a pólvora e o algodão-pólvora; IV - as
espoletas e os estopins; V - os fulminatos, clorados, formiatos e congêneres; VI - os
cartuchos de guerra, casa e minas.
Art. 131 - É absolutamente proibido: I - fabricar explosivos sem licença espe-
cial e em local não determinado pela Prefeitura; II - manter depósitos de substâncias
inflamáveis ou de explosivos sem atender às exigências legais, quanto à construção
e segurança; III - depositar ou conservar nas vias públicas, mesmo provisoriamente,
inflamáveis ou explosivos.
§ 1º - Aos varejistas é permitido conservar, em cômodos apropriados,
em seus armazéns ou lojas, quantidade fixada pela Prefeitura na respec-
tiva licença, de material inflamável ou explosivo que não ultrapassar a
venda provável de vinte dias.
§ 2º - Os fogueteiros e exploradores de pedreiras poderão manter depó-
sito de explosivos correspondentes ao consumo de 30 dias, desde que
os depósitos estejam localizados a uma distância mínima de 250 metros
da habitação mais próxima a 150 metros das ruas ou estradas. Se as dis-
tâncias a que se refere este parágrafo forem superiores a 500 metros, é
permitido o depósito de maior quantidade de explosivos.
Art. 132 - Os depósitos de explosivos e inflamáveis só serão construídos em
locais especialmente designados na zona rural e com licença especial da Prefeitura.
§ 1º - Os depósitos serão dotados de instalações para combate ao fogo
e de extintores de incêndio portáteis, em quantidade e disposição con-
venientes.
§ 2º - Todas as dependências e anexos dos depósitos de explosivos ou
inflamáveis serão construídos de material incombustível, admitindo-se
o emprego de outro material apenas nos caibros, ripas e esquadrias.
Art. 133 - Não será permitido o transporte de explosivos ou inflamáveis sem
as precauções devidas.
§ 1º - Não poderão ser transportados simultaneamente, no mesmo veí-
culo, explosivos e inflamáveis.
§ 2º - Os veículos que transportarem explosivos ou inflamáveis não po-

394 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
derão conduzir outras pessoas além do motorista e dos ajudantes.
Art. 134 - É expressamente proibido: I - queimar fogos de artifícios, bombas,
busca-pés, morteiros e outros fogos perigosos nos logradouros públicos ou em ja-
nelas e portas que deitarem para os mesmos logradouros; II - soltar balões em toda
a extensão do Município III - fazer fogueiras, nos logradouros públicos, sem prévia
autorização da Prefeitura; IV - utilizar, sem justo motivo, armas de fogo dentro do
perímetro urbano do Município; V - fazer fogos ou armadilhas com armas de fogo,
sem colocação de sinal visível para advertência aos passantes ou transeuntes.
§ 1º - A proibição de que tratam os itens I, II e III poderá ser suspensa
mediante licença da Prefeitura em dias de regozijo público ou festivida-
des religiosas de caráter tradicional
§ 2º - Os casos previstos no parágrafo 1º, serão regulamentados pela
Prefeitura que poderá inclusive estabelecer, para cada caso, as exigências
que julgar necessárias ao interesse da segurança pública.
Art. 135 - A instalação de postos de abastecimento de veículos, bombas de
gasolina e depósitos de outros inflamáveis, fica sujeira à licença especial da Prefeitura.
§ 1º - A Prefeitura poderá negar a licença se reconhecer que a instalação
do depósito ou da bomba irá prejudicar, de algum modo, a segurança
pública.
§ 2º - A Prefeitura poderá estabelecer, para cada caso as exigências ne-
cessárias ao interesse da segurança.
Art. 136 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre seis (6) a vinte (20) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Re-
dação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983)

CAPÍTULO IX - Das queimadas e


dos cortes de árvores e pastagens

Art. 137 - A Prefeitura colaborará com o Estado e a União para evitar a devas-
tação das florestas e estimular a plantação de árvores.
Art. 138 - Para evitar a propagação de incêndios, observar-se-ão, nas queima-
das, as medidas preventivas necessárias.
Art. 139 - A nenhum, é permitido atear fogo nos roçados, palhadas ou que
limitem com terras de outrem, sem tomar as seguintes precauções; I - preparar acei-
ras de, no mínimo, sete metros de largura; II - mandar avisos aos confinantes, com
antecedência mínima de 12 (doze) horas, arcando dia, hora e lugar para lançamento
do fogo.
Art. 140 - A ninguém é permitido atear fogo em matas, capoeiras, lavouras ou
campos alheios.
Parágrafo Único - Salvo acordo entre os interessados, é proibido quei-
mar campos de criação comum.

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 395
Art. 141 - A derrubada de mata dependerá e licença da Prefeitura.
§ 1º - A Prefeitura só concederá licença quanto ao terreno se destinar a
construção ou plantio pelo proprietário.
§ 2º - A licença será negada se a mata for considerada de utilidade pú-
blica.
Art. 142 - É expressamente proibido o corte ou danificação de árvores ou ar-
bustos nos logradouros, jardins e parques públicos.
Art. 143 - Fica proibida a formação de pastagens na zona urbana e urbanizável
do Município sem a prévia licença.
Art. 144 - Na infração de qualquer artigo deste capítulo, será imposta a multa
variável entre seis (6) e vinte (20) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Re-
dação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO X - Da exploração de pedreiras, cascalheiras, olarias


e depósitos de areia e saibro

Art. 145 - A exploração de pedreiras, cascalheiras, olarias e depósitos de areia e


de saibro, depende da licença da Prefeitura, que a concederá, observados os preceitos
deste Código.
Art. 146 - A licença será processada mediante apresentação de requerimento
assinado pelo proprietário do solo ou pelo explorador e instruído de acordo com este
artigo.
§ 1º - Do requerimento deverão constar as seguintes indicações: a) nome
e residência do proprietário do terreno; b) nome e residência do explo-
rador, se este não for o proprietário; c) localização precisa da entrada
do terreno; d) declaração do processo de exploração e da qualidade de
explosivo a ser empregado, se for o caso.
§ 2º - O requerimento de licença deverá ser instruído com os seguintes
documentos: a) prova de propriedade do terreno; b) autorização para
exploração passado pelo proprietário, em cartório, no caso de não ser
ele o explorador; c) planta da situação, com indicação do relevo do solo
por meio de curvas de nível, contendo a delimitação exata da área a ser
explorada com a localização das respectivas instalações e indicando as
construções, em toda a faixa de largura de 100 metros em torno da área
a ser explorada; d) perfis do terreno em três (3) vias.
§ 3º - No caso de se tratar de exploração de pequeno porte, poderão
ser dispensados, a critério da Prefeitura, os documentos indicados nas
alíneas c e d do parágrafo anterior.
Art. 147 - As licenças para exploração serão sempre por prazo fixo.
Parágrafo Único - Será interditada a pedreira ou parte da pedreira, em-
bora licenciada e explorada de acordo com este Código, desde que pos-

396 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
teriormente se verifique que a sua exploração acarreta perigo ou dano à
vida ou à propriedade .
Art. 148 - Ao conceder as licenças, a Prefeitura poderá fazer as restrições que
julgar convenientes.
Art. 149 - Os pedidos de prorrogação de licença para a continuação da ex-
ploração serão feitos por meio de requerimento e instruídos com o documento de
licença anteriormente concedida. Art. 150 - O desmonte das pedreiras pode ser feito
a frio ou a fogo.
Art. 151 - Não será permitida a exploração de pedreiras na zona urbana.
Art. 152 - A exploração de pedreiras a fogo fica sujeita às seguintes condições:
I - declaração expressa da qualidade do explosivo a empregar; II - intervalo mínimo
de trinta minutos entre cada série de explosões; III - içamento, antes da explosão, de
uma bandeira a altura conveniente para ser vista à distância;IV - toque por três vezes,
com intervalos de dois minutos, de uma sineta e o aviso brado prolongado, dando
sinal de fogo.
Art. 153 - A instalação de olarias nas zonas urbana e suburbana do Município,
deve obedecer às seguintes prestações: I - as chaminés serão construídas de modo a
não incomodar os moradores vizinhos pela fumaça emanações nocivas; II - quando
as escavações facilitarem a formação de depósitos de águas, será o explorador obri-
gado a fazer o devido escoamento ou aterrar as cavidades à medida que for retirado
o barro.
Art. 154 - A Prefeitura poderá, a qualquer tempo, de terminar a execução de
obras no recinto da exploração de pedreiras ou cascalheiras, com o intuito de prote-
ger propriedades particulares ou públicas, ou evitar a obstrução das galerias de águas.
Art. 155 - É proibido a extração de areia em todos os cursos de água do Mu-
nicípio: I - a jusante do local em que recebem contribuições de esgotos; II - quando
modifiquem o leito ou as margens dos mesmos; III - quando possibilitem a formação
de locais ou causem, por qualquer forma, a estagnação das águas; IV - quando de
algum modo possam oferecer perigo a pontes, muralhas ou qualquer obra construída
nas margens ou sobre os leitos dos rios.
Art. 156 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre seis (6) a vinte (20) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Re-
dação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO XI - Dos muros e cercas

Art. 157 - Os proprietários de terrenos são obrigados a murá-los ou cercá-los


dentro dos prazos fixados pela Prefeitura.
Art. 158 - Serão comuns os muros e cercas divisórias entre propriedades ur-
banas e rurais, devendo os proprietários dos imóveis confinantes concorrer as partes

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 397
iguais para as despesas de sua construção e conservação, na forma do art. 588 do
Código Civil.
Parágrafo Único - Correrão por conta exclusiva dos proprietários ou
possuidores, a construção e conservação das cercas para conter aves do-
mésticas, cabritos, carneiros, porcos e outros animais que exijam cercas
especiais.
Art. 159 - Os terrenos da zona urbana serão fechados com muros rebocados
e caiados ou com grades de ferro ou madeira assentos sobre alvenaria, devendo em
qualquer caso ter uma altura mínima de um metro e oitenta centímetros
Art. 160 - Os terrenos rurais, salvo acordo expresso entre os proprietários, se-
rão fechados com: I - cercas de arame farpado com três fios no mínimo de um metro
e quarenta centímetros de altura; II - cercas vivas, de espécies vegetais adequadas e
resistentes; III - telas de fios metálicos com altura mínima de um metro e cinquenta
centímetros.
Art. 161 - Será aplicada multa variável entre seis (6) a vinte (20) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional a todo aquele que: I - fizer cercas ou muros em
desacordo com as normas a todo aquele fixadas neste Capítulo; II - danificar, por
qualquer modo, cercas existentes sem prejuízos da responsabilidade civil ou criminal
que no caso couber. (Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO XII - Dos anúncios e cartazes

Art. 162 - A exploração dos meios de publicidade nas vias e logradouros pú-
blicos, bem como nos lugares de acesso comum, depende de licença da Prefeitura,
sujeitando o contribuinte ao pagamento da taxa respectiva.
§ 1º - Incluem-se na obrigatoriedade deste artigo todos os cartazes, le-
treiros, programas, quadros, painéis, emblemas, placas, avisos, anúncios
e mostruários luminosos ou não, feitos por qualquer modo, processo ou
engenho, muros, tapumes, veículos ou calçadas.
§ 2º - Incluem-se ainda na obrigatoriedade deste artigo, os anúncios
que, embora apostos em terrenos ou próprios de domínio privado, fo-
rem visíveis nos lugares públicos.
Art. 163 - A propaganda falada em lugares públicos, por meios de ampliadores
de voz, alto-falantes e propagandistas, assim como feitas por meio de cinema ambu-
lante, ainda que muda, está igualmente sujeita à prévia licença e ao pagamento da
taxa respectiva.
Art. 164 - Não será permitida a colocação de anúncios ou cartazes quando:
I - pela sua natureza provoquem aglomerações prejudicais ao trânsito público; II - de
alguma forma prejudiquem os aspectos paisagísticos da cidade, seus panoramas na-
turais, monumentos típicos, históricos e tradicionais; III - sejam ofensivos à moral ou
contenham dizeres desfavoráveis a indivíduos, crenças e instituições; IV - obstruam,

398 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
interceptem ou reduzam o vão das portas e janelas e respectivas bandeiras;V - con-
tenham incorreções de linguagem; VI - façam uso de palavras em língua estrangeira,
salvo aquelas que, por insuficiência no nosso léxico, a ele se hajam incorporado; VII
- pelo seu número ou má distribuição, prejudiquem o aspecto das fachadas.
Art. 165 - Os pedidos de licença para publicidade ou propaganda por meio
de cartazes ou anúncios deverão mencionar: I - a indicação dos locais em que serão
colocados ou distribuídos os cartazes ou anúncios; II - a natureza do material de
confecção; III - as dimensões; IV - as inscrições e o texto; V - as cores empregadas.
Art. 166 - Tratando-se de anúncios luminosos, os pedidos deverão ainda indi-
car o sistema de iluminação a ser adotada.
Parágrafo Único - Os anúncios luminosos serão colocados a uma altura
mínima de 2,50 mts. do passeio.
Art. 167 - Os panfletos ou anúncios destinados a serem lançados ou distribuí-
dos nas vias públicas ou logradouros não poderão ter dimensões menores de dez cen-
tímetros (0,10m) por quinze centímetros (0,15m), nem maiores de trinta centímetros
(0,30m) por quarenta e cinco centímetros (0,45m).
Art. 168 - Os anúncios e letreiros deverão ser conservados em boas condições
renovados ou consertados, sempre que tais providências sejam necessárias para o seu
bom aspecto e segurança.
Parágrafo Único - Desde que não haja modificação de dizeres ou de
localização, os consertos ou reposições de anúncios e letreiros depende-
rão apenas de comunicação escrita à Prefeitura.
Art. 169 - Os anúncios sem que os responsáveis tenham satisfeito as formali-
dades deste capítulo, poderão ser apreendidos e retirados pela Prefeitura, até a satis-
fação daquelas formalidades além do pagamento da multa prevista nesta lei.
Art. 170 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre seis (6) e vinte (20) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Re-
dação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

TÍTULO IV
Do funcionamento do comércio
e da indústria

CAPÍTULO I - Do licenciamento dos estabelecimentos


industriais e comerciais

SEÇÃO I
Das indústrias e do comércio localizado

Art. 171 - Nenhum estabelecimento comercial ou industrial poderá funcionar


no Município sem prévia licença da Prefeitura, concedida a requerimento dos inte-

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 399
ressados e mediante o pagamento dos tributos devidos.
Parágrafo Único - O requerimento deverá especificar com clareza: I - o
ramo do comércio ou da indústria; II - a área a ser ocupada; III - o local
em que o requerente pretende exercer sua atividade.
Art. 172 - Não será concedida licença, dentro do perímetro urbano, aos estabe-
lecimentos industriais que se enquadram dentro das proibições constantes do artigo
30 deste Código.
Art. 173 - A licença para o funcionamento de açougues, padarias, confeitarias,
leiterias, cafés, bares, restaurantes, hotéis, pensões e outros estabelecimentos congê-
neres, será sempre precedido de exame no local e de aprovação da autoridade sani-
tária competente.
Art. 174 - Para efeito de fiscalização, o proprietário do estabelecimento licen-
ciado colocará o alvará de localização em lugar visível e o exibirá a autoridade com-
petente sempre que esta o exigir.
Art. 175 - Para mudança do local de estabelecimento comercial ou industrial,
deverá ser solicitada a necessária permissão à Prefeitura, que verificará se o novo
local satisfaz às condições exigidas.
Art. 176 - A licença de localização poderá ser cassada: I - quando se tratar de
negócio diferente do requerido; II - como medida preventiva, a bem da higiene, da
moral ou do sossego e segurança públicas; III - por solicitação de autoridade compe-
tente, provarem os motivos que fundamentarem a solicitação.
§ 1º -Cassada a licença, o estabelecimento será imediatamente fechado.
§ 2º - Poderá ser igualmente fechado todo o estabelecimento que exer-
cer atividades sem a necessária licença expedida em conformidade com
o que preceitua este capítulo.

SEÇÃO II
Do comércio ambulante

Art. 177 - O exercício do comércio ambulante dependerá sempre de licença


especial, que será concedida de conformidade com as prescrições da legislação fiscal
do Município do que preceitua este Código.
Art. 178 - Da licença concedida deverão constar os seguintes elementos essen-
ciais, além de outros que forem estabelecidos: I - número de inscrição; II - residência
do comerciante ou responsável; III - nome, razão social ou denominação sob cuja
responsabilidade funciona o comércio ambulante.
§ 1º - O vendedor ambulante não licenciado para o exercício ou período
em que esteja exercendo a atividade, ficará sujeito a apreensão da mer-
cadoria encontrada em seu poder.
§ 2º - O vendedor ambulante que estacionar em vias públicas ou logra-
douros, fora dos locais previamente determinados pela Prefeitura, fica,

400 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
também, sujeito a apreensão da mercadoria encontrada em seu poder.
Art. 179 - É proibido ao vendedor ambulante, sob pena de multa: I - impedir
ou dificultar o trânsito nas vias públicas ou outros logradouros; II - transitar pelos
passeios conduzindo cestos ou outros volumes grandes.
Art. 180 - Na infração de qualquer artigo desta Seção, será imposta a multa va-
riável entre seis (6) a dez (10) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Reda-
ção dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983). - preceitos da legislação federal que regula
o contrato de duração e as condições de trabalho:
I - Para a indústria de modo geral: a) abertura e fechamento entre 6 e 18
horas nos dias úteis; b) nos domingos e feriados nacionais os estabeleci-
mentos permanecerão fechados, bem como nos feriados locais, quando
decretados pela autoridade competente.
§ 1º - Será permitido o trabalho em horários especiais, inclusive aos do-
mingos, feriados nacionais ou locais, excluindo o expediente de escritó-
rio, nos estabelecimentos que se dediquem às atividades seguintes: im-
pressão de jornais, laticínios, frio industrial, purificação e distribuição
de água, produção e distribuição de energia elétrica, serviço telefônico,
produção e distribuição de gás, serviço de esgotos, serviço de transporte
coletivo ou a outras atividades que, a juízo da autoridade federal com-
petente, seja estendida tal prerrogativa.
II - Para o comércio de modo geral: a) abertura às 7 horas e fechamento
às 18 horas nos dias úteis; b) nos dias previstos na letra b), item I, os
estabelecimentos permanecerão fechados; c) os estabelecimentos não
funcionarão em 30 de outubro, dia consagrado ao empregado do co-
mércio.
§ 2º -O Prefeito Municipal poderá, mediante solicitação das classes in-
teressadas, prorrogar o horário dos estabelecimentos comerciais até 22
horas no último mês de cada ano.
Art. 182 - Por motivo de conveniência pública poderão funcionar em horários
especiais os seguintes estabelecimentos: I - Varejistas de frutas, legumes, verduras,
aves e ovos; a) nos dias úteis - das 6 às 12 horas; b) aos domingos e feriados - das 5 às
17 horas; II - Varejistas de peixe: a) nos dias úteis - das 5 às 12 horas; b) aos domingos
e feriados - das 5 às 12 horas; III - Açougues e varejistas de carne frescas; a) nos dias
úteis - das 5 às 18 horas; b) nos domingos e feriados - das 5 às 12 horas; IV - Padarias:
a) nos dias úteis - das 5 às 22 horas; b) nos domingos e feriados - das 5 às 18 horas; V
- Farmácias: a) nos dias úteis - das 7 às 22 horas; b) nos domingos e feriados - no mes-
mo horário para os estabelecimentos que estiverem de plantão, obedecida a escala
organizada pelo órgão competente da Secretária de Assistência e Saúde, que dela dará
ciência antecedência, a Prefeitura. VI - Restaurantes, bares, botequins, confeitarias,
sorveterias e bilhares: a) nos dias úteis - das 7 às 24 hs b) nos domingos e feriados -
das 7 às 22 horas. VII - Agências de aluguel de bicicletas e similares: a) nos dias úteis

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 401
- das 6 às 22 horas; b) nos domingos e feriados - das 6 às 20 horas. VIII - Charutarias
e bomboniéres: a) nos dias úteis - das 7 às 22 horas; b) nos domingos e feriados - das 7
às 22 horas. IX -Barbeiros, cabeleireiros, massagistas e engraxates: a) nos dias úteis - 7
às 20 horas; b) nos sábados e vésperas de feriados o encerramento poderá ser feitos às
22 horas. X - Cafés e leitarias: a) nos dias úteis - das 5 às 22 horas; b) nos domingos
e feriados - das 5 às 12 horas. XI - Distribuidores e vendedores de jornais e revistas:
a) nos dias úteis - das 5 às 18 horas; b) nos domingos e feriados - das 5 às 18 horas.
XII -Lojas de flores e coroas: a) nos dias úteis - das 7 às 12 horas. b) nos domingos e
feriados - das 7 às 12 horas. XIII - Carvoarias e similares: a) nos dias úteis - das 6 às
18 horas; b) nos domingos e feriados - das 6 às 12 horas. XIV - Dancings, cabarés e si-
milares - das 20 às 4 horas da manhã seguinte. XV - Casas de loteria: a) nos dias úteis
- das 8 às 20 horas; b) nos domingos e feriados - das 8 às 14 horas. XVI -Os postos de
gasolina e as empresas funerárias poderão funcionar em qualquer hora, dia e noite.
§ 1º - As farmácias, quando fechadas, poderão, em caso de urgência,
atender ao público a qualquer hora do dia ou da noite.
§ 2º - Quando fechadas, as farmácias deverão fixar à porta, com um foco
de luz à noite, um quadro indicativo dos estabelecimentos análogos de
plantão e o seu respectivo endereço.
§ 3º - Para o funcionamento dos estabelecimentos de mais de um ramo
de comércio será observado o horário determinado para a espécie prin-
cipal, tendo em vista o estoque e a receita principal do estabelecimento.
Art. 183 - O plantão diurno das farmácias será das 7 às 18 horas, não podendo
o estabelecimento cerrar suas portas no decorrer desse horário.
Art. 184 - A permuta de plantões ficará a critério do órgão competente da Se-
cretaria de Assistência e Saúde, que dela dará conhecimento à Prefeitura.
Art. 185 - Só poderão dar plantão os estabelecimentos farmacêuticos legaliza-
dos e que mantenham estoques de entorpecentes e dos medicamentos constantes da
tabela fornecida pela Secretaria de Assistência e Saúde.
Art. 186 - As farmácias que realizam aplicações de injeção ficarão obrigadas
à rigorosa esterilização do instrumental de hipodermia, utilizando atoclavo, vapor
fluente (Arnald), ou calor seco (forno de Pasteur) com observância dos requisitos
técnicos.
Art. 187 - As infrações resultantes do não cumprimento das disposições deste
Capítulo, serão punidas com multa variável entre seis (6) a vinte (20) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).

CAPÍTULO III - Da aferição de pesos e medidas



Art. 188 - As transações comerciais em que intervenham medidas ou que fa-
çam referência a resultados de medidas de qualquer natureza, deverão obedecer a
que dispõe a legislação metrológica federal, cabendo ao Governo Municipal a com-

402 | 14. Manaus (1967) - Lei Ordinária de Manaus-AM, nº 988 de 17 de novembro de 1967: Institui o Código de Posturas do
Município
petência que lhe for delegada pelo Instituto Nacional de Pesos e Medidas ou pelos
respectivos órgãos metrológicos estaduais, nos termos do art. 3º, inciso II, letra “b”
do Decreto-Lei nº 240 de 28 de fevereiro de 1967. (Redação dada pela Lei nº 1700 de
20/12/1983).
§ 1º - A aferição deverá ser feita nos próprios estabelecimentos, depois
de recolhida aos cofres municipais a respectiva faixa.
§ 2º - Os aparelhos e instrumentos utilizados por ambulantes deverão
ser aferidos em local indicado pela Prefeitura.
Art. 190 - A aferição consiste na comparação dos pesos e medidas com os
padrões metrológicos e na aposição do carimbo oficial da Prefeitura nos que forem
julgados legais.
Art. 191 - Só serão aferidos os pesos de metal, sendo rejeitados os de madeira,
pedra, argila ou substância equivalente.
Parágrafo Único - Serão igualmente rejeitados os jogos de pesos e medi-
das que se encontrarem amassadas, furados ou de qualquer modo sus-
peitos
Art. 192 - Para efeito de fiscalização a Prefeitura poderá, em qualquer tempo,
mandar proceder ao exame e verificação dos aparelhos e instrumentos de pesar ou
medir, utilizados por pessoas ou estabelecimentos a que se refere o Art. 189.
Art. 193 - Os estabelecimentos comerciais ou industriais serão obrigados, an-
tes do início de suas atividades, a submeter à aferição os aparelhos ou instrumentos
de medir ou pesar a ser utilizados em suas transações comerciais.
Art. 194 - Será aplicada multa variável entre dez (10) a sessenta (60) Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional. (Redação dada pela Lei nº 1700 de 20/12/1983).
I - usar, nas transações comerciais, aparelhos, instrumentos e utensílios de pesar ou
medir que não sejam baseados no sistema métrico decimal; II - deixar de apresentar
anualmente, ou quando exigidos para exame, os aparelhos e instrumentos de pesar
ou medir utilizados na compra ou venda de produtos; III - usar, nos estabelecimentos
comerciais ou industriais, instrumentos de medir ou pesar viciados, já aferidos ou
não.

CAPÍTULO IV - Dos balneários públicos

Art. 195 - Os balneários públicos deverão ser dotados a requisitos necessários


à higiene, sujeitando-se à aprovação prévia e fiscalização da Prefeitura.
Art. 196 - É proibido nos balneários: a) banhar animais; b) retirar areia ou ou-
tro material que prejudique a sua finalidade; c) armar barracas por mais de 24 horas
ou fora dos locais determinados, sem prévia licença da Prefeitura; d) fazer fogueiras
nos matos ou bosques adjacentes; e) lançar pedra, vidros ou outro objeto que pos-
sa causar dano aos banhistas; f) danificar, remover ou alterar as cabines ou outros
melhoramentos realizados pela Prefeitura; g) praticar jogos esportivos que atendem

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 403
contra a saúde e segurança dos outros banhistas; h) praticar esportes aquáticos, com
barcos motorizados, nas áreas de maior frequência de banhistas; i) Fica expressamen-
te proibida as embarcações, motores e esquiadores nas praias a se exibirem num raio
da área de 500 metros de extensão a partir da praia.
Art. 197 - Na infração de qualquer artigo deste Capítulo, será imposta a multa
variável entre quatro (4) a dez (10) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.

CAPÍTULO V - Seção única

Disposição final

Art. 198 - Este Código entrará em vigor trinta (30) dias após sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
Paço da Liberdade, Manaus, 17 de novembro de 1967.
Dr. PAULO PINTO NERY - Prefeito Municipal

FONTE: Acervo Pessoal da Organizadora.

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Município
Anexo
Superintendentes/Prefeitos de Manaus
(1890/1972)
1. Joaquim Leovigildo de Souza Coelho 1890
2. José Carlos da Silva Telles 1890
3. Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt 1891
4. Leonardo Antônio Malcher 1891
5. Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt 1891
6. Raimundo Pinto Brandão 1891
7. Manoel Antônio Grangeiro 1892
8. Manoel Uchôa Rodrigues 1893–1895
9. Raimundo Affonso de Carvalho 1895–1896
10. Justiniano Serpa 1897
11. Hildebrando Luiz Antony 1898
12. Joaquim de Souza Ramos 1899
13. Arthur Cesar Moreira de Araújo 1899–1902
14. Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa 1902
15. João Coelho de Miranda Leão 1902
16. Martinho de Luna Alencar 1902–1903
17. Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa 1903–1904
18. João Coelho de Miranda Leão 1904
19. Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa 1904–1907
20. José da Costa Monteiro Tapajós 1907
21. Adolpho Delcidio do Amaral 1907–1908
22. Domingos José de Andrade 1908–1909
23. Agnello Bittencourt 1909–1910
24. Adrião Ribeiro Nepomuceno 1910
25. Carlos Studart 1910
26. Adrião Ribeiro Nepomuceno 1910–1911
27. Jorge de Moraes 1911–1913
28. Henrique Ferreira Penna de Azevedo 1914
29. Dorval Pires Porto 1914 - 1916
30. Antônio Ayres de Almeida Freitas 1917– 1919
31. Basílio Torreão Franco de Sá 1920–1922
32. Vivaldo Palma Lima 1923
33. Edgard de Rezende do Rego Monteiro 1923–1924
34. Francisco das Chagas Aguiar 1924
35. José Francisco de Araújo Lima 1924
36. Gentil Augusto Bittencourt 1924–1925
37. Hugo Carneiro 1925
38. José Francisco de Araújo Lima 1926–1929

Posturas Municipais, Amazonas (1838 – 1967) - Patrícia Melo Sampaio (Org.) | 405
39. Sérgio Rodrigues Pessoa 1929
40. Joaquim Tanajura 1930
41. Marciano Armond 1930–1931
42. Emanuel de Moraes 1931–1932
43. Luiz Caetano de Oliveira Cabral 1932
44. Alexandre de Carvalho Leal 1933
45. Sócrates Bomfim 1933–1934
46. Pedro Severiano Nunes 1934–1935
47. Alfredo de Lima Castro 1935
48. Jessé de Moura Pinto 1936
49. Antônio Botelho Maia 1936–1941
50. Adhmar de Andrade Thury 1941
51. Paulo de la Cruce de Grana Marinho 1942
52. Antóvila Mourão Vieira 1942–1944
53. Francisco do Couto Vale 1945
54. Jayme Bittencourt de Araújo 1945–1946
55. Arnoldo Carpinteiro Péres 1946
56. Raymundo Chaves Ribeiro 1947–1951
57. Walter Scott da Silva Rayol 1951
58. Edson Epaminondas de Mello 1951
59. Álvaro Symphronio Bandeira de Mello 1952
60. Jessé de Moura Pinto 1952
61. Oscar da Costa Rayol 1952–1953
62. Aluízio Marques Brasil 1953–1955
63. Raymundo Coqueiro Mendes 1955
64. Walter Scott da Silva Rayol 1955
65. Stenio Neves 1955–1956
66. Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo 1956–1958
67. Eurythis Pinto de Souza 1958
68. Ismael Benigno 1958–1959
69. Eurythis Pinto de Souza 1959
70. Lóris Valdetaro Cordovil 1959
71. Walter Scott da Silva Rayol 1959
72. Olavo das Neves de Oliveira Melo 1959–1960
73. Plínio Ramos Coêlho 1960
74. Walter Scott da Silva Rayol 1960–1961
75. Lóris Valdetaro Cordovil 1961– 1962
76. Josué Cláudio de Souza 1962–1964
77. João Zany dos Reis 1964
78. Xenofonte Antony 1964 – 1965
79. Vinicius Monte Conrado Gomes 1965
80. Paulo Pinto Nery 1965 – 1972

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