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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
DOUTORADO EM HIGIENE VETERINÁRIA E PROCESSAMENTO TECNOLÓGICO DE
PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
DISCIPLINA: SANEAMENTO EM HIGIENE VETERINÁRIA
PROFESSOR: ELMIRO ROSENDO

CONTROLE DE
ROEDORES

JORGE LUIZ FORTUNA

Niterói – RJ
2009
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p. 3
2 PRINCIPAIS ESPÉCIES, p. 4
2.1 Rattus novergicus, p. 4
2.2 Rattus rattus, p. 4
2.3 Mus musculus, p. 5
2.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS, p. 5
3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SANITÁRIA, p. 11
4 INFESTAÇÃO, p. 12
4.1 AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO, p. 12
5 RISCOS À SAÚDE, p. 14
6 CONTROLE DE ROEDORES, p. 15
6.1 FASES CONTIDAS NO MANEJO INTEGRADO DE ROEDORES, p. 16
6.1.1 Inspeção, p. 16
6.1.2 Identificação, p. 17
6.2 MEDIDAS CORRETIVAS E PREVENTIVAS, p. 17
6.2.1 Anti-ratização, p. 17
6.2.2 Desratização, p. 18
6.2.2.1 Métodos mecânicos, p. 19
6.2.2.2 Métodos biológicos, p. 19
6.2.2.3 Métodos químicos, p. 19
6.3 RATICIDAS ANTI-COAGULANTES, p. 20
6.3.1 Forma de ação, p. 20
6.3.1.1 Raticidas de dose múltipla ou de 1ª geração, p. 20
6.3.1.2 Raticidas de dose única ou de 2ª geração, p. 21
6.3.2 Forma de apresentação, p. 21
6.3.2.1 Iscas, p. 21
6.3.2.2 Pó de contato, p. 21
6.3.2.3 Blocos impermeáveis, p. 21
7 REFERÊNCIAS, p. 23
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SANEAMENTO – CONTROLE DE ROEDORES

1 INTRODUÇÃO

Os roedores têm merecido a atenção de pesquisas da área da saúde


humana e produção animal, basicamente, em função de dois grandes
aspectos: são reservatórios de importantes doenças, inclusive com
significado zoonótico; e são responsabilizados por importantes perdas
econômicas exemplificado pelo fato de consumirem grandes parcelas de
alimentos armazenados (BEVILACQUA et al, 2004).
A infestação por roedores em núcleos populacionais é um problema
que vem, historicamente, afetando a humanidade. O processo de
urbanização e ocupação desordenada, bem como a intervenção humana
nos espaços naturais, determinam condições de aproximação das espécies
humana e animais (sinantropia), algumas delas não desejáveis, como os
roedores, que são considerados animais sinantrópicos comensais (BRASIL,
2002; GARCIA, 2008).
O conhecimento das espécies de roedores que infestam áreas
específicas e a dinâmica dessa população se torna importante à medida
que as ações de controle, sejam de anti-ratização ou desratização, devem
ser planejadas e executadas também em função da espécie que se quer
controlar. Esse conhecimento é um dos pressupostos do que atualmente é
entendido como manejo integrado de roedores (BEVILACQUA et al, 2004).
Os excedentes de alimentos e sua guarda junto ao domicílio humano
geraram mudanças comportamentais de animais que possibilitaram a
sinantropia e a transformação de zoonoses em doenças humanas
(DUARTE, 2008).

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2 PRINCIPAIS ESPÉCIES

Os três roedores urbanos e comensais – Rattus novergicus, Rattus


rattus e Mus musculus domesticus – estão presentes na maioria das
cidades, principalmente nas de maior densidade populacional (DUARTE,
2008).
A identificação da espécie de roedor é fundamental no sucesso das
ações de controle. Os roedores sinantrópicos (que convivem no mesmo
ambiente do homem) são divididos em duas categorias: roedores
silvestres e roedores urbanos. Apesar dos roedores silvestres poderem
transmitir doenças importantes com a hantavirose, os roedores urbanos
são que possuem maior importância em termos de saúde pública, estando
associados principalmente à ocorrência da leptospirose e da peste.

2.1 Rattus novergicus

Face à precariedade de coleta e disposição de resíduos sólidos que


propiciam imensas infestações de R. novergicus, vulgarmente conhecidos
por ratazanas. Animais fossoriais que cavam suas ninheiras em um raio de
40-50 metros de fontes de alimentos, principalmente em áreas públicas
das cidades (DUARTE, 2008).
Habita o solo (terrestre) com característica extradomiciliar. Dotado de
habilidades para escavar, nadar e roer, podendo girar em torno de seu
ninho até 50 metros. Abriga tocas e galerias no subsolo, na beira de rios e
córregos, e lixões. Alimenta-se até 30 g/dia de lixo orgânico, cereais,
raízes e carne e consome água até 30 mL/dia.

2.2 Rattus rattus

Habita acima do solo, com característica intra e extradomiciliar.


Dotado de habilidades para escalar, equilibrar-se e roer, podendo explorar
em torno de seu ninho até 60 metros. Habita o forro das casas, depósitos

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e armazéns. Costuma ser encontrado nas proximidades de áreas


portuárias. Alimenta-se até 30 g/dia de legumes, frutas, cereais, raízes e
pequenos insetos e consome água até 30 mL/dia.

2.3 Mus musculus

Habita o solo e também partes superiores, com característica


intradomiciliar. Dotado de habilidades como escalar e roer, pode explorar
em torno de seu ninho até nove metros. Constrói o mesmo em móveis,
despensas, gabinetes de cozinha e qualquer orifício capaz de acomodá-lo.
Alimenta-se até três g/dia de cereais, pão, queijo e seu consumo de água
é inexpressivo.

2.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Os roedores possuem os sentidos muito apurados, principalmente


tato (através dos pêlos), audição, olfato e paladar. A visão, porém, é
limitada. Entretanto são bastantes sensíveis às variações de intensidade
luminosa, o que confere aos mesmos capacidade imediata de perceber
movimentos. O corpo é muito flexível, e quando conseguem passar a
cabeça são capazes de se locomover pelo interior de canos, conduites e
tubulações de diversos tamanhos. Além disso, conseguem roer vários
tipos de materiais considerados duros, entre eles madeira, tijolos,
chumbo, alumínio, etc.
Sustam a respiração por até três minutos, e nadando dentro de um
cano de esgoto podem facilmente penetrar em uma residência através do
vaso sanitário. São exímios nadadores, alcançando distâncias de até 800
metros. Sobem pelo exterior de canos e calhas verticais que estejam
separados de uma parede por até 7,5 cm de distância, apoiando as patas
no cano e as costas na parede ou vice-versa, e também conseguem subir
pelo exterior de canos e calhas verticais que tenham até 9,5 cm de
diâmetro, abraçando-se neles.

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Caminham e equilibram-se sobre qualquer tipo de cano ou conduite


horizontal. Acessam andares superiores de edificações, através do interior
de canos e calhas com diâmetro entre quatro e dez centímetros, usando
para isso o apoio de suas patas e costas.
Pulam verticalmente cerca de um metro de altura, partindo do chão.
Cavam tocas verticais no solo podendo atingir até 1,25 metros de
profundidade. Não sofrem qualquer tipo de ferimento em quedas de até
15 metros de altura. Ganham andares superiores de construções fazendo
uso somente da quina de duas paredes como sustentação. Saltam
horizontalmente até 1,2 metros de distância, partindo da imobilidade.
As principais características biológicas dos roedores urbanos estão
descritas na TABELA 1.

TABELA 1 Principais características biológicas dos roedores urbanos.

Características Rattus norvergicus Rattus rattus Mus musculus

Gestação 19 a 24 dias 19 a 24 dias 19 a 24 dias


Ninhada por Ano 8 a 12 4a8 5a6
Filhotes por
7 a 12 7 a 12 3a8
Ninhada
Desmame 28º dia 28º dia 25º dia
Maturidade 60 a 90 dias 60 a 75 dias 42 a 45 dias
Tempo Médio de
24 meses 18 meses 12 meses
Vida
FONTE: <http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_roedores.htm>

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FIGURA 1 Características do Rattus novergicus.

FONTE: <http://www.mcguido.vet.br/controle_roedores.htm>

FIGURA 2 Características do Rattus rattus.

FONTE: <http://www.mcguido.vet.br/controle_roedores.htm>

FIGURA 3 Características do Mus musculus.

FONTE: <http://www.mcguido.vet.br/controle_roedores.htm>

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FIGURA 4 Principais diferenças das características dos roedores urbanos.

FONTE: BRASIL, 2002 (Manual de Controle de Roedores – FUNASA).

FIGURA 5 Principais diferenças entre o Rattus rattus e Rattus


novergicus.

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FONTE: <http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_roedores.htm>

FIGURA 6 Esquema representando o ciclo de vida de um roedor urbano.

FONTE: ChemoNE Industrial Química do Nordeste Ltda.

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FIGURA 7 Características e comportamento das principais espécies de


roedores sinatrópicos comensais.

FONTE: BRASIL, 2002 (Manual de Controle de Roedores – FUNASA).

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3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SANITÁRIA

Prejuízos em torno de 4-8% da produção nacional de raízes, cereais


e sementes, causados por ingestão e estragos em rações e farelos, além
da quebra parcial de grãos e destruição de sementes recém-plantadas.
Atacam os cereais tanto na espigagem como depois de colhidos e
armazenados e devastam culturas de milho, arroz, trigo, milho, cacau e
cana-de-açúcar.
Podem causar sérios acidentes devido aos danos causados em
estruturas, maquinários e materiais, além de penetrarem em
computadores, roer fios elétricos e cabos telefônicos, podendo causar
curto circuitos e incêndios.
São transmissores de várias doenças para o homem e aos outros
animais, participando da cadeia epidemiológica de pelo menos 30
zoonoses, tais como: leptospirose, hantavirose, peste, tifo murino,
salmonelose, febre da mordedura, triquinose.

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4 INFESTAÇÃO

Roedores sinantrópicos vivem próximos ao homem, principalmente


os murídeos (Rattus sp. e Mus musculus), em busca de água, alimento e
abrigo.
Os principais sinais indicativos da presença de roedores são:
 Presença de fezes.
 Tocas.
 Ninhos.
 Trilhas de roedores.
 Manchas de gordura nos locais onde passa.
 Odor característico de urina.
 Presença de ratos vivos ou mortos.

4.1 AVALIAÇÃO DA INFESTAÇÃO

O exame in loco pode dar uma estimativa do nível de infestação por


roedores, conforme a tabela abaixo:

TABELA 2 Indicadores do nível de infestação por roedores.

INDICADORES BAIXA MÉDIA ALTA

Trilhas Ausentes Algumas Várias

Manchas de gordura Evidências em vários


Ausentes Pouco perceptível
por atrito corporal locais
Visíveis em diversos
Roeduras Ausentes Algumas
locais

Fezes Algumas Vários locais Numerosas e frescas

1 a 3 / 300 m² área 4 a 10 / 300 m² área + de 10 / 300 m²


Tocas ou ninhos
ext ext área ext

Vários em ambiente
Alguns em ambiente
Ratos vistos Não constatado escuro e alguns a luz
escuro
do dia

FONTE: <http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_roedores.htm>

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Outra opção para avaliação do nível da infestação consiste em


distribuir 100 armadilhas com iscas em um determinado local a ser
avaliado. As armadilhas devem ser colocadas às 22 horas de um dia e
recolhidas às cinco horas do dia seguinte, repetindo-se o procedimento
por três dias. Ao final deste período apura-se o número de roedores
capturados e determina-se o grau de infestação, conforme definido a
seguir:
 Baixa infestação - 01 a 05 roedores capturados.
 Média infestação - 06 a 15 roedores capturados.
 Alta infestação - 16 a 29 roedores capturados.
 Altíssima infestação - acima de 30.

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5 RISCOS À SAÚDE

Pelo menos 45 doenças humanas envolvem esses roedores urbanos


em sua epidemiologia, podendo ser transmitidas direta, indiretamente e
por intermédio de vetores (DUARTE, 2008).
As principais doenças transmitidas por roedores são: Leptospirose,
Hantavirose, Peste, Tifo, Salmonelose, Febre de mordedura e Triquinose.
A espécie R. novergicus é a maior responsável pela transmissão a
leptospirose. As ratazanas apresentam índices de 40 a 50% de infecção
por Leptospira sp. Já realizadas na maioria das pesquisas de suas
populações urbanas (DUARTE, 2008).

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6 CONTROLE DE ROEDORES

O manejo integrado compreende a adoção de medidas preventivas,


através principalmente de um trabalho educativo, medidas de
ordenamento ambiental (anti-ratização) e medidas de eliminação dos
animais, esta definida como desratização. Quanto mais um determinado
ambiente ofertar condições favoráveis de acesso, alimento e abrigo aos
roedores, mais favorecida será a instalação e reprodução desses animais,
ensejando na dispersão com ocupação de outras áreas, resultando em
ondas de dispersão continuadas e aumento populacional, caso as
condições dessas áreas também ofereçam as mesmas condições (GARCIA,
2008).
As ações de desratização isoladamente, não são efetivas para um
controle de roedores permanente. Há quase se adotar as medidas de
manejo e correção ambiental visando retirar alimentos que sirvam aos
roedores, por meio da destinação adequada de resíduos e armazenagem
apropriada de alimentos; retirar a possibilidade de acesso (vedação de
frestas, tubulações, canalizações de córregos, construções a prova de
roedores) e de abrigo (pela roçagem do mato, retirada de entulho e
inservíveis) e, principalmente, investir em ações de caráter educativo
tanto no aspecto ambiental quanto de saúde, para que a população,
conhecedora do problema em sua abrangência, possa ter participação
ativa no processo de controle (GARCIA, 2008).
Sempre será necessária a capacitação das autoridades de saúde e a
sensibilidade e vontade política de governantes e administradores dos
órgãos governamentais, da fundamental participação da sociedade, tanto
na democrática pressão para solução de problemas de saúde pública,
como no essencial exercício de ações que minimizem problemas de saúde
pública a partir do interior de seus domicílios e peridomicílios (DUARTE,
2008).
Com o advento da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 275,
de 21 de outubro de 2002 e a RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004,

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passa a ser obrigatória a contratação de uma empresa profissional no


controle de pragas urbanas para o desenvolvimento destas atividades
nestes locais. Consequentemente, cria-se a necessidade de se introduzir
nas práticas de controle da qualidade dos alimentos a figura das
desinsetizadoras, regulamentadas pela RDC nº 18, de 29 de fevereiro de
2000 (MATIAS, 2007).
A educação sanitária sistemática e permanente é uma das mais
importantes tarefas de governantes e administradores da saúde pública.
Uma educação sanitária que permeie todos os meios de comunicação e de
educação formal e informal (DUARTE, 2008).
O problema de infestação por roedores inicia-se no interior dos
domicílios e das diferentes tipologias industriais, comerciais, públicas e
privadas (DUARTE, 2008).
O controle se baseia no manejo integrado – no conhecimento de
biologia, hábitos comportamentais, habilidades e capacidades físicas do
roedor, associado ao conhecimento do meio ambiente onde estão
instalados.
Os roedores vivem em qualquer ambiente que lhes dê
sobrevivência. Para sobreviverem, necessitam de quatro condições: água,
abrigo, alimento e acesso para o domicílio humano. O controle de
roedores tem como objetivo diminuir a população de roedores a níveis
aceitáveis de convivência, de modo a não causar prejuízos ao homem
(FIOCRUZ, 2009).

6.1 FASES CONTIDAS NO MANEJO INTEGRADO DE ROEDORES

6.1.1 Inspeção

Inspeção da área a ser controlada para levantamento de


informações e dados a respeito da situação encontrada para orientar as
medidas que vem a seguir.

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6.1.2 Identificação

Consiste na identificação da espécie infestante, o que fornecerá


através do conhecimento de sua biologia e comportamento, orientações a
respeito do controle a ser estabelecido.

6.2 MEDIDAS CORRETIVAS E PREVENTIVAS

Medidas corretivas e preventivas (anti-ratização) – é o conjunto de


medidas que visam dificultar ou até mesmo impedir a penetração,
instalação e proliferação de roedores.
Há duas formas de se controlar roedores, por meio de medidas
denominadas de anti-ratização e desratização.

6.2.1 Anti-ratização

Conjunto de medidas que corrigem o meio ambiente, tornando-o


impróprio à instalação e proliferação de roedores, isto é, são as medidas
preventivas que evitam que o roedor adentre e se instale num
determinado local e aí comece a se reproduzir. Se enquadram neste item o
controle dos chamados "4 As": Água, Acesso, Abrigo e Alimento. Consiste
em criar mecanismos e barreiras que evitem que os roedores tenham
acesso a um determinado local:
 Controle de restos e resíduos de alimentos e rações.
 Agilizar os serviços de coleta de lixo.
 Aprimorar a utilização de aterros sanitários.
 Implantação de barreiras físicas.
 Limpeza e remoção de entulhos e vegetações.
 Drenagem ou fechamento de recipientes com água.
 Participação da comunidade no controle e prevenção,
melhorando as condições de moradia da população.

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FIGURA 8 Esquema representando os principais itens de


controle de roedores – Água, Acesso, Abrigo,
Alimento.

FONTE: ChemoNE Industrial Química do Nordeste Ltda.

6.2.2 Desratização

Controle de roedores através do uso de produtos químicos ou


raticidas para eliminar ou reduzir a população de roedores em um
determinado local. Raticidas são tóxicos a pessoas e animais e para
realizar o controle de roedores há necessidade de se conhecer a biologia,
hábitos e comportamentos destes animais. Um controle realizado de
forma errônea ou insuficiente pode não matar os roedores e expor
pessoas e animais a risco de ingestão de raticidas. Portanto, este tipo de
controle só deverá ser realizado por técnicos treinados e equipados para
realizar esta atividade.
Na desratização emprega-se todas as medidas para a eliminação dos
roedores, através de três principais métodos.

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 Métodos mecânicos – ratoeiras e gaiolas.


 Métodos biológicos – gatos, outros predadores e bactérias letais.
 Métodos químicos – uso de raticidas.
A desratização deve ser acompanhada de medidas de saneamento, a
fim de evitar a disseminação da população de roedores. Em áreas
endêmicas de tifo murino, recomenda-se a aplicação de inseticida local
anterior ou simultaneamente a desratização para evitar que as pulgas dos
ratos mortes busquem outros hospedeiros, inclusive o homem.

6.2.2.1 Métodos mecânicos

 Incruentos – capturam o animal vivo (gaiolas).


 Cruentos – Produzem a morte do animal durante a captura
(“ratoeiras quebra-costas”), são ótimas para camundongos, mas
de baixa eficiência para ratazanas e ratos de telhado.
 Ultra-som – também considerado como método mecânico.

6.2.2.2 Métodos biológicos

O uso de cães e gatos parece não representar perigo contra os


roedores, pois convivem com os mesmos alimentando-se dos restos de
comida.
Na área rural, aves, carnívoros e ofídios exercem melhor atuação no
controle de roedores.

6.2.2.3 Métodos químicos

São compostos químicos especialmente desenvolvidos para causar


morte do animal. Os raticidas podem ser classificados em agudos ou
crônicos.
Os raticidas agudos causam a morte do roedor nas primeiras 24
horas após a ingestão. Foram proibidos no Brasil porque são inespecíficos,

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alguns deles não tem antídoto e podiam induzir tolerância no caso de


ingestão de subdoses. São raticidas agudos a estricnina, o arsênico, o
1080 (monofluoracetato de sódio), 1081 (fluoracetamida), sulkfato de
tálio, piridinil uréia, sil vermelha, fosfeto de zinco, norbomida, castrix e
antú.
Os raticidas crônicos são os que provocam a morte do roedor alguns
dias após a ingestão do mesmo. São largamente utilizados no mundo
devido à sua grande margem de segurança e existência de antídoto
altamente confiável, a vitamina K1 injetável.

6.3 RATICIDAS ANTI-COAGULANTES

São representados pelos derivados da indandiona (pindona,


isovaleril indadiona, difacinona e clorofacinoma) e os derivados da
cumarina (hidroxicumarínicos), que são os mais utilizados no Brasil e no
mundo.
Os hidroxicumarínicos são divididos em dois sub-grupos segundo
sua forma de ação e modo de apresentação.

6.3.1 Forma de ação

6.3.1.1 Raticidas de dose múltipla ou de 1ª geração

São de baixa toxicidade e efeito cumulativo. Precisam ser ingeridos


mais de uma vez para que os sintomas apareçam.
Por serem de baixa toxicidade, porém eficazes, são ideais para se
manter nos postos permanentes de envenenamento durante todo o ano
para controlar ratos invasores em áreas indenes sob risco ou áreas já
tratadas e controladas.
Ocorre o óbito desses roedores, dois a cinco dias após a ingestão da
dose letal, o que impede que os outros membros da colônia percebam o
que os está eliminando.

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O cumafeno (warfarina) é o mais empregado, sendo bem tolerado


por aves e ovelhas, porém exige cuidado com relação a cães e gatos, que
são altamente sensíveis.
São comercializados também o cumatetralil e cumacloro.

6.3.1.2 Raticidas de dose única ou de 2ª geração

São aqueles que causam morte do roedor três a dez dias após a
ingestão de uma única dose.
Recomenda-se nova aplicação oito dias após a primeira para atingir
os roedores que por ventura não ingeriram o raticida da primeira vez.
Por serem mais concentrados devem ser utilizados com bastante
cautela, critério e técnica para evitar acidentes.

6.3.2 Forma de apresentação

6.3.2.1 Iscas

Constituídas por uma mistura de dois cereais pelo menos (milho,


arroz, cevada, centeio).
Estas iscas podem ser moídas na forma de um farináceo, peletizada
formando pequenos grânulos, ou integrais contendo apenas grãos
quebrados. Alguns fabricantes adicionam substâncias como óleo de côco e
açúcar. Podem ser dispostas de modo a serem facilmente encontradas
pelos roedores.

6.3.2.2 Pó de contato

Raticida formulado em pó finíssimo, para ser empregado nas trilhas


e ninhos. O pó adere aos pelos do roedor, que lambe o corpo ao proceder
sua higiene ingerindo o raticida.
São mais eficazes e concentrados do que as iscas – cuidado para

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não contaminar alimentos e causar intoxicações acidentais em animais


não alvos.

6.3.2.3 Blocos impermeáveis

São constituídos por cereais granulados ou integrais envoltos por


uma substância impermeabilizante, formando um bloco único, geralmente
emprega-se parafina.
São utilizados em galerias subterrâneas, esgoto, canos de águas
fluviais, canais de irrigação, canalização de fiações elétricas, na orla
marinha ou ribeirinha, nas áreas inundáveis, onde ocorra disponibilidade
de alimentos.
Geralmente possuem um orifício que permitem sua amarração.

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7 REFERÊNCIAS

BEVILACQUA, P. D.; CARMO, R. F.; SILVA, J. C. P.; DEL GIUDICE, G. M. L.


Roedores inventariados em hospital veterinário e fragmento de mata
nativa da Zona da Mata de Minas Gerais, Brasil: caracterização
populacional e infecção por Leptospira sp. Ciência Rural. v. 34, n. 5.
2004, p. 1519-1523.

BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Fundação Nacional de Saúde


(FUNASA). Manual de Controle de Roedores. Brasília: FUNASA. 2002,
132 p.

_______. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 09, de 16 de novembro


de 2000. Norma técnica para empresas prestadoras de serviço em
controle de vetores e pragas urbanas.

_______. Ministério da Saúde (MS). Resolução da Diretoria Colegiada


(RDC) nº 216, de 15 de setembro de 2004. Regulamento técnico de boas
práticas para serviços de alimentação.

_______. Ministério da Saúde (MS). Resolução da Diretoria Colegiada


(RDC) nº 18, de 29 de fevereiro de 2000. Normas gerais para
funcionamento de Empresas Especializadas na prestação de serviços de
controle de vetores e pragas urbanas.

_______. Ministério da Saúde (MS). Resolução da Diretoria Colegiada


(RDC) nº 275, de 21 de outubro de 2002. Regulamento técnico de
procedimentos operacionais padronizados (POP) aplicados aos
estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de
verificação das boas práticas de fabricação (BPF) em estabelecimentos
produtores/industrializadores de alimentos.

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SANEAMENTO – CONTROLE DE ROEDORES

CHEMONE (ChemoNE Industrial Química do Nordeste Ltda.). Cartilha


Sobre Roedores. Bezerros-PE. [s.d.]. 13 p.

DUARTE, J. R. Ratos urbanos, resíduos sólidos, saúde pública, educação


sanitária e controle. Biológico. v. 70, n. 2. 2008, p. 29-30.

FIOCRUZ. Agência Fiocruz de Notícias. Controle de roedores –


recomendações à população. [online] Disponível em:
<http://www.fiocruz.br/ccs/especiais/emergentes/emergentes5_ms2.htm
> Capturado em 31 de março de 2009.

GARCIA, M.; MARTINS, L. S. Biologia e controle de roedores. [online]


Disponível em: <http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_roedores.
htm> Capturado em 31 de março de 2009.

GARCIA, N. O. Controle de roedores urbanos – fundamentos. Biológico.


v. 70, n. 2. 2008, p. 31-32.

GUIDO, M. C. Controle de roedores. [online] Disponível em:


<http://www.mcguido.vet.br/controle_roedores.htm> Capturado em 31
de março de 2009.

MATIAS, R. S. O controle de pragas urbanas na qualidade do alimento sob


a visão da legislação federal. Ciênc. Tecnol. Aliment. n. 27 (supl.).
2007, p. 93-98.

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