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Solicitadoria

| Direito do Consumo

VENDA DE BENS DE CONSUMO

Garantias
DL n.º 67/2003

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Âmbito de aplicação – art. 1.º-A
• Contratos de compra e venda celebrados entre profissionais e
consumidores;
• Coisas móveis ou imóveis;
• Apenas bens corpóreos (ficam excluídos bens intelectuais ou direitos), onde
se incluem água, gás, eletricidade e softwares;
• Bens novos ou usados;
• Outros contratos onerosos de transmissão de bens de consumo, como a
troca de bens de consumo (art. 939.º CC) – aplicável apenas ao bem
adquirido pelo consumidor;
• Bens de consumo novos entregues no âmbito de contrato de empreitada ou
de outra prestação de serviços (art. 1.º-A/2);
• Locação de bens de consumo (art. 1.º-A/2).
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O regime não se aplica:

• Compra e venda de bens em processo executivo ou de insolvência;


• Contratos de empreitada que tenham por objeto a reparação ou a limpeza
do bem (mas se, para a reparação, o bem necessitar de novas peças,
aplica-se às novas peças o regime constante do diploma);
• Prestações de serviços para a realização de operações relativas ao corpo
humano (ex.: tratamento de fotodepilação; tatuagens);
• Contratos de doação de bens de consumo (p.ex.: brindes).

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Alienações posteriores do bem:

• E se o bem é adquirido para oferecer no Natal? E se o bem for alienado


pelo consumidor a um terceiro (profissional ou consumidor)?

Art. 4.º/6 – os direitos atribuídos no art. 4.º transmitem-se a terceiro


adquirente do bem (desde que seja também consumidor, atendendo ao
espírito da norma e do diploma);
Art. 9.º/4 – salvo declaração em contrário, os direitos resultantes de
garantias voluntárias transmitem-se para o adquirente.

Nestes casos, não existe alteração de prazos inicialmente vigentes.

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Conformidade do bem com o contrato:
• Art. 2.º/1 – o vendedor tem o dever de entregar ao comprador bens
conformes com o contrato.
• O bem só é conforme quando é entregue sem limitação física ou jurídica.
• Situações de desconformidade – art. 2.º/2 (enumeração exemplificativa).
• Inexistência de desconformidade (art. 2.º/3) – não existe desconformidade:
• Quando o objeto do contrato é um bem com defeito ou onerado (o
consumidor conhece o facto) – aqui não há desconformidade mas um
defeito ou ónus conhecido e aceite pelas partes;
• Quando, num contrato de empreitada, a desconformidade seja
imputável ao consumidor por fornecimento de materiais desconformes
e a desconformidade não possa ser detetada pelo empreiteiro (e,
extensivamente, quando tem origem em projetos, estudos, previsões,
máquinas, edifícios ou terrenos fornecidos pelo consumidor). 6
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Momento em que se afere a conformidade do bem:


• A conformidade deve ser verificada no momento da entrega do bem (art.
3.º/1), respondendo o vendedor pela falta de conformidade que já exista à
data da entrega (quando se dá a transferência do risco nos termos do art.
9.º-C da LDC).
• Presunção da anterioridade da falta de conformidade – as faltas de
conformidade que se manifestem no prazo de 2 anos (para coisas móveis)
ou de 5 anos (para coisas imóveis) presumem-se existentes à data da
entrega do bem (presunção ilidível). Não se aplica a presunção nos casos
em que é incompatível com a natureza da coisa (ex.: bens sujeitos a um
prazo de validade, não podendo a presunção valer por prazo superior ao da
validade). Também não se aplica a presunção quanto ao desgaste normal
do bem (ex.: desgaste normal de uma bateria).
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Direitos do consumidor em caso de desconformidade do bem:
• Para além de poder invocar a exceção do não cumprimento (art. 428.º a
431.º CC) e uma indemnização nos termos gerais do CC, o consumidor tem
ainda direito (art. 4.º/1):
• À reposição da conformidade sem encargos, através de reparação ou
substituição; ou
• À redução adequada do preço; ou
• À resolução do contrato.
• O consumidor pode optar por qualquer um dos referidos direitos (não
havendo hierarquia), desde que não seja impossível nem constitua abuso
do direito (art. 4.º/5). Para Morais de Carvalho, “resulta da aplicação do
princípio da boa-fé a conclusão de que, se o defeito puder ser reparado
imediata e rapidamente pelo vendedor, o comprador não pode exigir a
substituição ou a resolução”. 8
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Direitos do consumidor em caso de desconformidade do bem –
cont.:
• Reparação:
• Art. 1.º-B, al. h)
• Deve ser feita num prazo razoável (quando se trate de bem imóvel) ou
no prazo máximo de 30 dias (quando se trate de bem móvel), sem
grave inconveniente para o consumidor (art. 4.º/2).
• O incumprimento do prazo concede ao consumidor a faculdade de
optar por outra solução prevista no art. 4.º/1.
• A reparação deve ser feita sem encargos (art. 4.º/3).
• O consumidor não pode promover a reparação e solicitar o pagamento
da mesma ao vendedor, sem ter dado ao vendedor a possibilidade de
verificar a desconformidade e proceder à reparação do bem.
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Direitos do consumidor em caso de desconformidade do bem –
cont.:
• Substituição:
• A substituição pressupõe a entrega pelo consumidor ao vendedor do
bem desconforme e a entrega de um novo bem pelo vendedor ao
consumidor, pelo que o vendedor se pode recusar a entregar o novo
bem enquanto o bem desconforme não lhe for entregue.
• Deve ser feita num prazo razoável (quando se trate de bem imóvel) ou
no prazo máximo de 30 dias (quando se trate de bem móvel), sem
grave inconveniente para o consumidor (art. 4.º/2).
• O incumprimento do prazo concede ao consumidor a faculdade de
optar por outra solução prevista no art. 4.º/1.
• A substituição deve ser feita sem encargos (art. 4.º/3).
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Direitos do consumidor em caso de desconformidade do bem – cont.:
• Resolução:
• A resolução implica a destruição dos efeitos do contrato, com eficácia
retroativa (art. 434.º do CC).
• O fundamento da resolução é o incumprimento do contrato por parte do
vendedor, por desconformidade do bem.
• Havendo destruição dos efeitos do contrato, deve o consumidor devolver o
bem e o vendedor devolver o preço pago pelo consumidor, não podendo o
valor ser creditado para utilização futura.
• O consumidor não tem que pagar pela eventual utilização do bem, uma vez
que se presume que a desconformidade já existia no momento da compra e
os efeitos da resolução são retroativos.
• A resolução pode operar mesmo que a coisa tenha perecido ou se tenha
deteriorado por causa não imputável ao comprador (art. 4.º/4). 11
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Direitos do consumidor em caso de desconformidade do bem –


cont.:

• Redução do preço:
• A redução deve corresponder ao valor da desvalorização.
• O exercício extrajudicial deste direito depende do acordo entre
consumidor e vendedor quanto ao valor da redução.

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Prazos de garantia – art. 5.º:


• 2 anos a contar da data da entrega para bens móveis – pode ser reduzido a
1 ano para bens móveis usados
• 5 anos a contar da data da entrega para bens imóveis
• Dentro destes prazos, o consumidor não tem o ónus da prova da existência
da falta de conformidade no momento da entrega (esta presume-se – art.
3.º/2), apenas tem que provar que ela se manifestou dentro destes prazos.
• Novo prazo em caso de substituição do bem (art. 5.º/6)
• Suspensão do prazo – art. 5.º/7 (ex.: em 01.01.2014 o consumidor compra
um telemóvel. Em 01.06.2014 é entregue ao vendedor para reparação. A
reparação demora um mês e o bem é reparado em 01.07.2014. A garantia
terminará apenas em 01.02.2016).

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Prazos para denunciar a falta de conformidade – art. 5.º-A/1 e 2

• 2 meses a contar da data em que deteta a falta de conformidade dentro dos


2 anos de garantia (bens móveis)
• 1 ano a contar da data em que deteta a falta de conformidade dentro dos 5
anos de garantia (bens imóveis)

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Prazos para intentar ação judicial – art. 5.º-A/3

• 2 anos a contar da data da denúncia (bens móveis)


• 3 anos a contar da data da denúncia (bens imóveis)
• Estes prazos suspendem-se durante o tempo em que o consumidor estiver
privado dos bens e durante o tempo que durar uma eventual tentativa de
resolução extrajudicial do conflito (exceto arbitragem) – art. 5.º-A/4

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A quem é que o consumidor se pode dirigir? – art. 6.º:

• Vendedor – nos termos do art. 4.º


• Produtor – tem aqui uma responsabilidade objetiva, respondendo pela
reposição da conformidade do bem no caso de coisa defeituosa. No
entanto, o consumidor só pode pedir a reparação ou substituição.
Limitações à responsabilidade do produtor (art. 6.º/2)

• Direito de regresso – art. 7.º e 8.º

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Garantias voluntárias – art. 9.º:

• A declaração de garantia deve ser entregue por escrito ou noutro suporte


duradouro – art. 9.º/2
• Menções obrigatórias da garantia – art. 9.º/3
• Os direitos resultantes da garantia transmitem-se para o adquirente da
coisa – art. 9.º/4

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Imperatividade – art. 10.º:

• A limitação ou exclusão dos direitos decorrentes do DL n.º 67/2003 é nula.

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