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Universidade de Vila Velha

Graduação em Medicina Veterinária


Técnica Cirúrgica Veterinária

Técnicas cirúrgicas para


nutrição enteral

Professor Rodrigo Viana Sepúlveda

2016.1
Objetivos
 Introdução;

 Anatomia aplicada à técnica cirúrgica;

 Pré-operatório;

 Técnica cirúrgica;

 Pós-operatório;

 Complicações.
Introdução
 Nutrição enteral:
 A maioria dos animais atendidos na clínica médica
de cães e gatos apresentam um distúrbio sistêmico;

 Alguns apresentam resposta catabólica aumentada


que pode culminar com um balanço energético
negativo;

 Muitas vezes a ingestão espontânea está


prejudicada;

 Muitas vezes é necessário lançar mão de técnicas


para garantir a nutrição adequada do paciente e,
com isso, sua recuperação.
Introdução

 Definição:
 Ostomia  fistulação com a pele;

 Faringo  faringe Faringo + ostomia = faringostomia

 Esofago  esôfago Esofago + ostomia = esofagostomia

 Gastro  estômago Gastro + ostomia = gastrostomia

 Jejuno  jejuno Jejuno + ostomia = jejunostomia


Introdução

 Definição:
 Ostomia  fistulação com a pele;

 Faringostotomia

É a criação, por meio de


 Esofagostomia cirurgia, de uma abertura
desses componentes do trato
digestivo com a pele.
 Gastrostomia

 Jejunostomia Realizada por meio de sondas


ou cateteres.
Faringostomia
Indicações
 Animais anoréticos com função gastrointestinal normal e
com condições na cavidade oral em que alimentação
(pela cavidade oral) está contraindicada:
 Infecções graves da cavidade oral ou língua;

 Neoplasias na cavidade oral;

 Traumatismos;

 Feridas cirúrgicas (após mandibulectomia, por


exemplo).
Contraindicações
 Pacientes com trauma faríngeo;

 Pacientes com história de vômito ou regurgitação não


controlados;

 Pacientes com distúrbios esofágicos:


 Estenose;
 Ferida cirúrgica recente no esôfago;
 Neoplasias.
Particulariedades
 Vantagens:
 É possível passar uma sonda mais calibrosa;
 Permite o fornecimento de alimentos mais
consistentes, o que facilita o cuidado;
 O manejo é mais fácil.

 Desvantagens:
 Apresenta maior risco de complicações:
 Lesões vasculares;
 Lesões nervosas;
 Obstrução de vias aéreas; Relacionadas a
 Pneumonia aspirativa. passagem errada da
sonda
Técnicas de colocação da
sonda
 Farigostomia:

• Coloca-se a mão na orofaringe;

• O osso epióide é palpado;

• Uma pinça hemostática curva é inserida


e orientada pelo dedo indicador do
cirurgião (caudal ao osso epióide na face
mais dorsal da faringe);

• A pinça é pressionada contra a parede


lateral da faringe, criando um pequeno
abaulamento.
Técnicas de colocação da
sonda
 Farigostomia:

• Uma pequena incisão é feita


sobre a pinça;

• Evitar lesar os vasos locais,


nervos e as glândulas
salivares;

• A sonda é tracionada para a


cavidade oral pela pinça
(lembrar que o comprimento
da sonda é até a sétima ou
oitava costela).
Técnicas de colocação da
sonda
 Farigostomia:

• A sonda então é reinserida


na cavidade oral e passada
para o esôfago (atenção com
comprimento da sonda 
até a sétima ou oitava
costela);

• A sonda é fixada a pele por


sutura em sapatilha romana
em uma posição dorsal;

• A sonda é irrigada com água


e permanece fechada
quando não estiver em uso.
Pós-operatório
 Farigostomia:
 As sondas de faringostomia podem permanecer por
semanas a meses;

 Para a remoção, é necessário:


 Aspirar a sonda;

 Tampá-la;

 Removê-la suavemente;

 Deixar que a ferida cicatrize por segunda


intenção.
Complicações
 Farigostomia:
 Sondas grandes podem interferir na epiglote
causando vômito, tosses e aspiração;

 Sondas colocadas incorretamente podem obstruir a


laringe;

 Refluxo gastroesofágico pode ocorrer se a


extremidade da sonda ficar posicionada no
estômago;

 Deslocamento prematuro da sonda.


Esofagostomia
Indicações
 As mesmas da faringostomia, acrescentando aqueles
que possuem trauma ou afecções na faringe;

 São indicações ainda:


 Infecções graves da cavidade oral ou língua;

 Neoplasias na cavidade oral;

 Traumatismos;

 Feridas cirúrgicas (após mandibulectomia, por


exemplo).
Contraindicações
 Pacientes com esofágico;

 Pacientes com história de vômito ou regurgitação não


controlados;

 Pacientes com distúrbios esofágicos:


 Estenose;
 Ferida cirúrgica recente no esôfago;
 Neoplasias;
 Megaesôfago;
 Esofagite.
Particulariedades
 Vantagens:
 Evita a aspiração ou obstrução da laringe (possíveis
de ocorrer na faringostomia);
 Não há risco de peritonite (possíveis na gastrostomia
e jejunostomia);
 São bem toleradas pelo paciente.

 Desvantagens:
 Estão associadas as contraindicações, ou seja, não
são possíveis de serem colocadas quando há
distúrbios esofágicos.
Técnicas de colocação da
sonda
 Esofagostomia:

• Insere-se uma pinça curva e longa da


cavidade oral até o esôfago;

• A pinça é pressionada contra a parede


lateral da esôfago, criando um pequeno
abaulamento.

• Faz-se uma incisão cutânea sobre as


extremidades da pinça que, em seguida,
são forçadas através da incisão.
Técnicas de colocação da
sonda
 Esofagostomia:

• A extremidade de uma sonda é


apreendida pela pinça e tracionada pela
incisão do esôfago até a boca.
Técnicas de colocação da
sonda
 Esofagostomia:

• A extremidade da sonda
é reintroduzida no
esôfago até a sétima ou
oitava costela.
Técnicas de colocação da
sonda
 Esofagostomia:

• A sonda é fixada a pele


por sutura em sapatilha
romana em uma posição
dorsal;

• A sonda é irrigada com


água e permanece
fechada quando não
estiver em uso.
Pós-operatório
 Esofagostomia:
 As sondas de esofagostomia podem permanecer por
semanas a meses;

 Para a remoção, é necessário:


 Aspirar a sonda;

 Tampá-la;

 Removê-la suavemente;

 Deixar que a ferida cicatrize por segunda


intenção.
Complicações
 Esofagostomia:
 Vômitos podem ocorrer caso a sonda passe através
do esfíncter esofágico distal (podem obstruir e
deslocar a sonda);

 Infecção;

 Refluxo gastroesofágico pode ocorrer se a


extremidade da sonda ficar posicionada no
estômago;

 Deslocamento prematuro da sonda.


Gastrostomia
Indicações
 São indicadas para animais anoréticos quando se quer
desviar o alimento da cavidade oral, faringe e esôfago:
 Traumas;

 Cirurgias recentes;

 Neoplasias;

 Estenoses.
Contraindicações
 Animais com doença gástrica primária ou vômitos
persistentes:
 Gastrite;

 Ulceração gástrica;

 Neoplasia gástrica.
Particulariedades
 Vantagens:
 Não interferem na preensão, mastigação, deglutição
e digestão dos alimentos  pacientes podem voltar
a se alimentar de forma espontânea ainda com a
sonda;
 São bem toleradas pelo paciente.

 Desvantagens:
 Necessidade de invasão da cavidade abdominal
(aumenta o risco de peritonite);
 Podem ser necessários, no mínimo, 10 a 12 dias para
a remoção da sonda.
Técnicas de colocação da
sonda
 Gastrostomia:
• Preparar a região paracostal esquerda;

• Um assistente não estéril, passa, via


cavidade oral, uma sonda rígida de
grosso calibre e longa até o estômago;

• O cirurgião, que está estéril, palpa a


região paracostal esquerda até a sonda
possa ser palpada e apreendida;

• Manipular a sonda até 2 a 3 cm caudal a


13ª costela e 2 a 3 cm distal aos
processos transversos;

• Manter a sonda estável e realizar uma


incisão de pele e divulsão do tecido
subcutâneo e musculatura sobre a
sonda.
Técnicas de colocação da
sonda
 Gastrostomia: • Preparar uma sutura em bolsa de tabaco
na parede do estômago ao redor da
sonda;

• Realizar uma incisão em estocada


(chegando até a luz do órgão) no
estômago de tamanho suficiente para a
passagem da sonda;

• Introduzir a sonda na luz do estômago e


encher o balão.
Técnicas de colocação da
sonda
 Gastrostomia:

• Terminar a sutura bolsa de tabaco


apertando os nós;

• Suavemente, retira-se a sonda rígida


inserida via cavidade oral;

• Tracionar gentilmente a soda até o que


balão encoste na parede do estômago;

• Realizar a gastropexia com fio absorvível


(de três a quatros pontos).
Técnicas de colocação da
sonda
 Gastrostomia:

• Suturar a sonda a pele com sutura em


sapatilha romana ou armadilha chinesa.
Pós-operatório
 Gastrostomia:
 As sondas de gastrostomia podem permanecer por
semanas a meses;

 Para a remoção, é necessário:


 Aspirar a sonda;

 Tampá-la;

 Removê-la suavemente;

 Deixar que a ferida cicatrize por segunda


intenção.
Complicações
 Gastrostomia:
 Vômitos;

 Infecção;

 Refluxo gastroesofágico;

 Deslocamento prematuro da sonda;

 Peritonite.
Jejunostomia
Indicações
 São indicadas para animais anoréticos quando a
alimentação intragástrica não é possível, mas o
intestino é funcional:
 Ulceração gástrica;

 Neoplasia gástrica.
Contraindicações
 Jejunostomia é contraindicada quando houver
obstruções distais ao jejuno.
Particulariedades
 Vantagens:
 Não interferem na preensão, mastigação, deglutição
e digestão dos alimentos  pacientes podem voltar
a se alimentar de forma espontânea ainda com a
sonda;
 Não há refluxo gastroesofágico.

 Desvantagens:
 Necessidade de invasão da cavidade abdominal
(aumenta o risco de peritonite);
 O pequeno diâmetro da sonda implica em dieta
líquida, administrada como infusão constante, o que
requer hospitalização.
Técnicas de colocação da
sonda
 Jejunostomia:
 As sondas de jejunostomia são colocadas através de
uma celiotomia mediana (geralmente associadas a
outro procedimento abdominal);

 Escolhe-se um segmento do jejuno proximal 


aquele que pode ser aproximado da parede
ventrolateral do abdome sem tensão ou torção;

 Semelhante ao realizado na gastrostomia, uma


incisão suficiente para a passagem da sonda é feita
na parede abdominal.
Técnicas de colocação da
sonda
 Jejunostomia:
Pós-operatório
 Jejunostomia:
 As sondas de jejunostomia podem permanecer por
longos períodos (no mínimo 5 a 7 dias);

 Para a remoção, é necessário:


 Aspirar a sonda;

 Tampá-la;

 Removê-la suavemente;

 Deixar que a ferida cicatrize por segunda


intenção.
Complicações
 Jejunostomia:
 Diarréias;

 Infecção;

 Deslocamento prematuro da sonda;

 Peritonite.

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