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DOI: 10.1590/1413-81232015216.

07572016 1683

Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS):

artigo article
capítulos de uma caminhada ainda em construção

National Health Promotion Policy (PNPS):


chapters of a journey still under construction

Deborah Carvalho Malta 1


Otaliba Libanio Morais Neto 2
Marta Maria Alves da Silva 1
Dais Rocha 3
Adriana Miranda de Castro 4
Ademar Arthur Chioro dos Reis 5
Marco Akerman 6

Abstract Health is a fundamental human right, Resumo A saúde faz-se um bem público pro-
according to the global commitment to the Univer- duzido pelas e nas redes de relação e disputas de
sal Declaration of Human Rights. Health is a public sujeitos que almejam colocar determinados inte-
good socially produced by and within social net- resses e necessidades na agenda das políticas pú-
works and disputes among subjects that seek to place blicas. A Promoção da Saúde, como conjunto de
certain interests and needs on the agenda of pub- estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito
lic policies. Health Promotion, as a set of strategies individual e coletivo, visando atender às necessi-
and forms of producing health, both individual and dades sociais de saúde e garantir a melhoria da
collective, aiming to meet the social needs of health qualidade de vida da população, emerge marcada
and to assure better quality of life of the population, pelas tensões próprias à defesa do direito à saú-
emerges intrinsically marked by tensions inherent to de. O artigo pretende explicitar certo percurso da
1
Escola de Enfermagem,
Universidade Federal de the defense of the right to health. The present ar- Promoção da Saúde no SUS, contando a história
Minas Gerais. Av. Prof. Alfredo ticle intends to detail a certain pathway of Health de sua afirmação como Política Nacional e as pos-
Balena 190, Santa Efigênia.
Promotion at SUS, telling the history of its affirma- sibilidades que aí se produziram para ampliar a
30130-100 Belo Horizonte
MG Brasil. tion as a National Policy and the possibilities that integralidade do cuidado em saúde. Os autores,
dcmalta@uol.com.br were produced therein to amplify the completeness totalmente implicados na formulação, implemen-
2
Instituto de Patologia
of healthcare. The authors, totally involved in the tação e revisão da Política Nacional de Promoção
Tropical e Saúde Pública,
Universidade Federal de preparation, implementation, and revision of the da Saúde (PNPS), sistematizam a caminhada
Goiás. Goiânia GO Brasil. National Health Promotion Policy (PNPS), classi- em três capítulos: 1998/2004 – Embrião de uma
3
Faculdade de Ciências
fied the journey into three chapters: (1) 1998/2004 – PNPS; 2005/2013 – Nasce, cresce e se desenvolve
da Saúde, Universidade de
Brasília. Brasília DF Brasil. Embryo of a PNPS; (2) 2005/2013 – Birth, growth, uma PNPS; 2013-2015 – Revisando, ampliando
4
Instituto Nacional de Saúde and development of a PNPS; (3) 2013-2015 – Revi- e divulgando a PNPS. Para além da narrativa de
da Mulher, da Criança e do
sion, expansion and dissemination of the PNPS. In uma história, análise de ciclo de uma política, ou
Adolescente, Fiocruz. Rio de
Janeiro RJ Brasil. addition to the narrative of a history, the cycle anal- balanço de avanços tenta-se resgatar contextos,
5
Departamento de Medicina ysis of a policy, or balance of advancements, there is textos, discursos, tensões na trajetória da PNPS.
Preventiva, Escola Paulista
an attempt to restore contexts, texts, speeches, and Os próximos capítulos são uma obra em aberto e
de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo (USP). tensions in the PNPS trajectory. The next chapters anunciam caminhos.
São Paulo SP Brasil. are still ongoing, and announce paths and possibili- Palavras-chave Promoção da saúde, Política
6
Departamento de Prática em
ties on how to ensure that a Policy is kept alive. nacional de promoção da saúde, Política pública,
Saúde Pública, Faculdade de
Saúde Pública, USP. São Paulo Key words Health promotion, National health pro- Análise de políticas
SP Brasil. motion policy, Public policy, Policy analysis
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Malta DC et al.

Introdução uma PNPS; (3) 2013-2015 – Revisando, amplian-


do e divulgando a PNPS.
A saúde é um direito humano fundamental ins- No primeiro período, procura-se resgatar o
crito na carta de fundação da OMS, em 1948, processo inicial de formulação e institucionaliza-
seguindo o compromisso mundial com a De- ção da PNPS, os atores envolvidos e as principais
claração Universal dos Direitos do Homem1. Ao estratégias desenvolvidas. No segundo, são apre-
mesmo tempo, a saúde faz-se um bem público, sentadas as mudanças no arranjo institucional e
um efeito socialmente produzido pelas e nas re- analisadas as ações estruturantes da PNPS, bem
des de relação e disputas de sujeitos que almejam como um balanço a partir dos eixos prioritários
colocar determinados interesses e necessidades da Agenda da PNPS. No terceiro, discute-se as
na agenda das políticas públicas2. mudanças empreendidas na política a partir das
A Promoção da Saúde, como conjunto de es- novas agendas e desafios colocados para a PNPS.
tratégias e formas de produzir saúde, no âmbito Para além da narrativa de uma história, análi-
individual e coletivo, visando atender às necessi- se de ciclo de uma política ou balanço de avanços,
dades sociais de saúde e garantir a melhoria da o artigo tenta resgatar contextos, textos, discursos
qualidade de vida da população, emerge intrinse- e tensões na trajetória da PNPS.
camente marcada pelas tensões próprias à defesa Foram revisitadas informações contidas em
do direito à saúde3,4. portarias do governo Federal, documentos e pu-
No Brasil, a luta pelo direito à saúde é ima- blicações institucionais do Ministério da Saúde,
nente à luta pela democracia e pela garantia consultas ao site do Ministério da Saúde, livros
constitucional dos direitos humanos5,6. O Sistema e artigos científicos relacionados ao tema da Po-
Único de Saúde (SUS) é efeito da articulação de lítica de Promoção da Saúde e suas prioridades.
Ao final, anunciamos que a PNPS é uma obra
uma série de forças sociais e políticas em defesa
ainda em aberto, indicando alguns caminhos e
da saúde como bem público e, ao mesmo tempo,
possibilidades sobre como manter viva uma Po-
é a forma como o Estado brasileiro se organizou
lítica, trazendo a contribuição de Stephen Ball,
para efetivar as políticas de saúde no país7.
pesquisador inglês, interessado na análise de ci-
À medida que o SUS adota uma compreen-
clos de políticas.
são ampliada de saúde, objetivando superar a
perspectiva hegemônica desta como ausência
“Primeiro capítulo”: 1998/2004
de doença, com foco na análise dos efeitos dos
– Embrião de uma PNPS
condicionantes sociais, culturais, econômicos e
bioecológicos7 e, concomitante, articulação in-
Se no texto da Constituição Federal de 1988 e
tersetorial e com a sociedade para a redução de na Lei Orgânica da Saúde, a Promoção da Saúde
vulnerabilidades e riscos, se compromete com a foi enunciada, levou um pouco mais de tempo
Promoção da Saúde8. para que ganhasse alguma institucionalidade no
A Promoção da Saúde, compromisso consti- Ministério da Saúde (MS)7.
tucional do SUS9, vincula-se à concepção expres- Foi em 1998/1999 que o MS, através da Se-
sa na Carta de Ottawa, documento em que 35 pa- cretaria de Políticas de Saúde, formalizou em
íses ratificaram como ações de saúde aquelas que cooperação com o Programa das Nações Unidas
objetivem a redução das iniquidades em saúde, para o Desenvolvimento o projeto “Promoção da
garantindo oportunidade a todos os cidadãos para Saúde, um novo modelo de atenção”, visando à
fazer escolhas que sejam mais favoráveis à saúde e elaboração da Política Nacional de Promoção da
serem, portanto, protagonistas no processo de pro- Saúde (PNPS), que operaria na disseminação de
dução da saúde e melhoria da qualidade de vida10. outro modo de conceber políticas públicas e no
O presente artigo pretende explicitar certo fomento da construção de parcerias fora do setor
percurso da Promoção da Saúde no SUS, con- sanitário, ampliando a discussão dos determi-
tando a história de sua afirmação como Política nantes sociais11,12.
Nacional e as possibilidades que aí se produziram Os primeiros movimentos nesse período in-
para ampliar a integralidade do cuidado5. vestiram em colocar a Promoção em debate no
Nesse sentido, os autores, totalmente im- país, difundindo os seus princípios com a publi-
plicados na formulação, implementação e revi- cação da tradução das Cartas da Promoção da
são da Política Nacional de Promoção da Saúde Saúde e levantando, sistematizando e visibilizan-
(PNPS), sistematizam a caminhada em três ca- do experiências já existentes no país, com o lan-
pítulos: (1) 1998/2004 – Embrião de uma PNPS; çamento da Revista Promoção da Saúde, que teve
(2) 2005/2013 – Nasce, cresce e se desenvolve sete números editados até 200212.
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Nesta época, várias iniciativas nacionais e Internacional para o Controle do Tabaco, desen-
internacionais associadas à redução das princi- volvido no âmbito da OMS, que culminou com
pais causas de morbimortalidade, já ocupavam a aprovação da Convenção Quadro pela 56ª As-
a agenda política em saúde. Nesse contexto, ela- sembléia Mundial de Saúde em 20038,12.
boraram-se documentos e projetos sob o marco Quanto à formalização de uma Política Na-
da Promoção da Saúde no SUS, principalmente cional de Promoção da Saúde (PNPS) foram fei-
nas áreas de alimentação saudável, atividade fí- tos vários esforços pela então existente Secretária
sica, violência no trânsito e promoção da saúde de Políticas de Saúde do MS, que se materializa-
nas escolas, cidades/municípios, comunidades ram no “Documento para Discussão”, publicado
saudáveis e desenvolvimento local integrado e em 2002, o qual se anunciava com a seguinte in-
sustentável. tenção:
O movimento de cidades/municípios foi um Este documento se insere neste processo dialógi-
das principais estratégias de difusão e operacio- co de teoria/prática, refletir/agir para a construção
nalização dos princípios e estratégia de promo- de uma política nacional de promoção da saúde
ção da saúde neste período. Em 1998, em Sobral- que amplie nossa capacidade de gestão, atenção e
Ceará foi realizado o primeiro Encontro de Mu- parcerias, pautadas por um compromisso ético em
nicípios Saudáveis, que produziu a Declaração defesa da vida13.
de Sobral. Esta recomenda “a iniciativa de uma O processo dialógico aí enunciado, entre-
articulação de uma rede brasileira de cidades e tanto, não ultrapassou as fronteiras da relação
municípios saudáveis a partir do Conselho Na- entre Ministério da Saúde, Organização Pan-A-
cional de Secretarias Municipais de Saúde (CO- mericana de Saúde (OPAS) e alguns membros da
NASEMS)”. academia, mas contribuiu para a análise da situ-
O CONASEMS realiza então, em parceria ação de saúde do Brasil, para a sistematização de
com o Ministério de Saúde, a I Oficina de Pro- boas práticas em Promoção da Saúde no SUS13
moção da Saúde no SUS, no dia 17 de maio de e, fundamentalmente, avançou no delineamento
2000, em Brasília. Além de debaterem Municí- de sete “estratégias” para impulsionar a Política e
pios Saudáveis e Atenção Básica e a Promoção da que estão dispostas no Quadro 1.
Saúde, foi apresentada formalmente a proposta No entanto, entre 1999 e 2003, verificou-se
de Indústria Saudável. Esta inciativa resultou de uma série de dificuldades em articular as tensões
uma parceria entre o SESI, Ministério da Saúde, entre o paradigma biomédico e o promotor da
mediada pela Organização Pan-Americana de saúde, as diferentes concepções teórico-concei-
Saúde (OPAS), que pretendia, inclusive, conferir tuais do campo promocional e a gestão da Pro-
um “Selo de Qualidade” às empresas que a ele moção da Saúde no próprio Ministério, cuja mu-
aderissem. dança de liderança por sete vezes produziu uma
O período é marcado, ainda, pelo destaque descontinuidade importante14. Tais dificuldades
alcançado pelo Brasil na elaboração do Tratado de composição implicaram num modo fragmen-

Quadro 1. Estratégias para impulsionar a Política Nacional de Promoção da Saúde.


Gestão intersetorial dos recursos na abordagem dos problemas e potencialidades em saúde, ampliando
parcerias e compartilhando soluções na construção de políticas públicas saudáveis.
Capacidade de regulação dos Estados e municípios sobre os fatores de proteção e promoção da saúde.
Reforçar os processos de participação comunitária no diagnóstico dos problemas de saúde e suas soluções,
reforçando a formação e a consolidação de redes sociais e protetoras.
Promoção de hábitos e estilos de vida saudáveis, com ênfase no estímulo à alimentação saudável, atividade
física, comportamentos seguros e combate ao tabagismo.
Promoção de ambientes seguros e saudáveis, com ênfase no trabalho com escolas comunidades.
Reforço à reorientação das práticas dos serviços dentro do conceito positivo de saúde, atenção integral e
qualidade, tendo a promoção como enfoque transversal das políticas, programas, projetos e ações, com
prioridade para a atenção básica e o Programa de Saúde da Família.
Reorientação do cuidado na perspectiva do respeito à autonomia, à cultura, numa interação do cuidar/ser
cuidado, ensinar/aprender, aberto à incorporação de outras práticas e racionalidades
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tado de operação do Projeto e, ao mesmo tempo, coordenado pela CGDANT e constituído por
adiou a pactuação e a implementação de uma representantes de vários departamentos e órgãos
PNPS11. do Ministério da Saúde. Em 2007, o CGPNPS
Entre 2003 e 2004, coube à Secretaria Execu- teve sua composição ampliada, com a inserção da
tiva do Ministério da Saúde a gestão do processo representação do CONASS e CONASEMS. Des-
da promoção da Saúde, realizando o mapeamen- de então manteve o seu funcionamento regular,
to das principais iniciativas e experiências em contando com a participação, ainda, da Associa-
curso no país, realização de oficinas de trabalho ção Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO16,17.
para o debate e a elaboração da PNPS junto às Dentre suas atribuições, destacam-se: coorde-
instituições de ensino e pesquisa e aos gestores nar a implantação da PNPS; incentivar Estados
da saúde, bem como a constituição do primeiro e Municípios a elaborar Planos de Promoção da
Grupo Redator da Política, formado por repre- Saúde; articular e integrar ações de Promoção da
sentantes do MS, da OPAS, do Conselho Nacio- Saúde no SUS; monitorar e avaliar a implemen-
nal de Secretarias Municipais de Saúde (CONA- tação da PNPS.
SEMS) e de gestores municipais de experiências Em 2006, o MS, o CONASS e o CONASEMS
bem sucedidas11,15. aprovaram a Política Nacional de Promoção
No final de 2004, com as mudanças na gestão da Saúde, concebida na perspectiva de operar
do MS, a PNPS deslocou-se para a Coordenação transversalmente, produzindo uma rede de cor-
Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis responsabilidade pela melhoria da qualidade de
(CGDANT), na Secretaria de Vigilância em Saú- vida, reconhecendo a importância dos condicio-
de (SVS). nantes e determinantes sociais da saúde no pro-
Desse período inicial de institucionalização cesso saúde-doença, contribuindo com a mudan-
da Promoção da Saúde, em que pesem as acelera- ça do modelo de atenção do SUS e incorporando
ções e desacelerações do processo de elaboração a promoção à saúde10. Agregou-se à PNPS uma
da Política, houve uma articulação importante Agenda Nacional de Promoção da Saúde para o
com as instituições de ensino e pesquisa dedica- biênio 2007/200818. Nos anos seguintes a promo-
das ao tema, uma ampliação do debate com ges- ção da saúde foi incluída na Agenda de Compro-
tores estaduais e municipais do sistema de saúde missos pela Saúde, nos Pactos em Defesa do SUS,
e, principalmente, a defesa radical de princípios em Defesa da Vida e de Gestão e foi inserida na
“pétreos” da Promoção da Saúde no SUS: auto- agenda estratégica do MS e nos Planos Nacionais
nomia, equidade, integralidade, intersetorialida- de Saúde subsequentes10,18.
de, cogestão no processo de trabalho e participa-
ção social. 1. Ações estruturantes para
institucionalização da PNPS
“Segundo capítulo”: 2005-2013 no âmbito Federal
– Nasce, cresce e se desenvolve uma PNPS Em 2006, passos importantes foram dados na
institucionalização da PNPS no SUS, como a sua
Em 2005, a Coordenação Geral de Doenças e aprovação na CIT, a criação de linha de progra-
Agravos Não Transmissíveis (CGDANT), da Se- mação orçamentária específica para Promoção
cretaria de Vigilância em Saúde (SVS), assumiu da Saúde no Plano Plurianual e sua inserção no
a coordenação do processo e constituiu em seu Plano Nacional de Saúde10.
bojo uma área técnica que tinha como responsa- Entre 2008 e 2011, a PNPS foi incluída na
bilidade construir uma Política Nacional de Pro- agenda interfederativa por meio do Pacto Pela
moção da Saúde (PNPS) a partir do marco teóri- Vida, sendo monitorados indicadores sobre a
co do período anterior, mas com a preocupação redução da prevalência de sedentarismo e taba-
de produzir intervenções de Promoção da Saúde gismo nas capitais, a implantação dos núcleos de
no âmbito das três esferas de governo. prevenção de violências e promoção da saúde10.
Para isso foi produzida uma versão inicial da A partir de 2011, no Contrato Organizativo de
PNPS que foi submetida à avaliação de um Gru- Ação Pública (COAP), instituído a partir do De-
po de Trabalho de Vigilância em Saúde (GTVS), creto 7508/11, que regulamenta a Lei Orgânica
de caráter tripartite, constituído por representan- da Saúde, também foram inseridos indicadores
tes do MS, do CONASEMS e do Conselho Nacio- de promoção da saúde, como notificação de vio-
nal de Secretários de Saúde (CONASS). lência doméstica, sexual e/ou outras, implemen-
Ainda em 2005, foi criado o Comitê Gestor tação do Programa Academia da Saúde, entre
da Política de Promoção à Saúde (CGPNPS), outros.
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Entre 2008 e 2010, foram inseridos no mo- em 2008, para 18,7 milhões em 2013, com adesão
nitoramento de ações de promoção da saúde; de 4.864 municípios. Em 2014, o repasse finan-
repasses financeiros para projetos ou programas ceiro para o PSE foi de R$ 71 milhões.
de promoção da saúde, como os de promoção de Em relação aos programas de redução de
atividade física e alimentação saudável, preven- morbimortalidade no trânsito, a partir de 2006
ção do tabagismo, implementação de núcleos de foram repassados recursos, inicialmente para 16
prevenção de violência, vigilância e prevenção de capitais, progressivamente expandidos para as
lesões e mortes no trânsito. Estas ações também demais capitais e cidades com população com
foram inseridas em 2011 no Plano Nacional de mais de 1 milhão de habitantes. Em 2010, foi
Saúde (2011-2015) e no Planejamento Estraté- criado o Projeto Vida no Trânsito (PVT)22,23, avan-
gico do Ministério da Saúde (2011-2015), desta- çando nas parcerias intersetoriais. Assim, entre
cando-se o Plano de Enfrentamento das Doenças 2006 e 2015, cerca de R$ 50 milhões foram re-
Crônicas Não Transmissíveis, a implantação do passados aos municípios. Em 2013, o PVT foi in-
Programa Academia da Saúde, a expansão do serido no Piso Variável de Vigilância e Promoção
Programa Saúde na Escola e o Projeto Vida no da Saúde, dando mais sustentabilidade ao tema e
Trânsito19-22. reafirmando os compromissos do SUS de manei-
Desde 2005, o Ministério da Saúde financia os ra interfederativa21.
entes federados com o objetivo de induzir ações A Rede Nacional de Prevenção das Violências
na realização de programas de promoção da saú- e Promoção da Saúde foi criada em mais de 1000
de, apoiando inicialmente as capitais dos Estados municípios, em conformidade com a Política
e Distrito Federal. Entre 2006 e 2010, foram re- Nacional de Redução da Morbimortalidade por
passados cerca de R$ 171 milhões para as Secre- Acidentes e Violências e visa à atenção integral e
tarias Estaduais de Saúde e para 1.500 Secretarias proteção às pessoas e suas famílias em situação de
Municipais de Saúde de todas as regiões do país violências. Entre 2006 e 2012 foram financiados
que integraram a Rede Nacional de Promoção da cerca de 1300 municípios para ações de preven-
Saúde. Estes repasses ocorreram mediante pactu- ção de violência e acidentes e cultura da paz23.
ação na CIT, por meio de editais ou portarias pú- Em 2011 foi lançado o Plano Nacional de En-
blicas, com envio de projetos pelos municípios, frentamento das DCNT 2011-2022, estabelecen-
que eram avaliados e selecionados, consideran- do compromissos de gestão, priorizando ações e
do-se a disponibilidade orçamentária. Com es- investimentos necessários para enfrentar e deter
ses recursos, os gestores públicos desenvolveram as DCNT e seus fatores de risco15,23.
projetos de promoção da saúde, contemplando,
em sua maioria, ações de promoção da atividade 2. Balanço dos temas prioritários
física, prevenção de violência e cultura da paz e da Agenda da PNPS
redução da morbimortalidade por trânsito. Entre Optou-se por conduzir um balanço a partir
2008 e 2010, também foram financiados progra- da formulação dos temas prioritários da PNPS,
mas para as demais prioridades da PNPS10,23. revisada em 2014, que acabaram por servir como
A partir de 2011, foram definidas novas mo- dispositivo indutor para o fortalecimento de
dalidades de repasse de recurso, buscando ações ações de promoção em todas as esferas do SUS. A
continuadas, sustentáveis e universais. No caso inclusão destes temas considerou a magnitude do
da promoção de atividade física e práticas cor-
porais, definiu-se pela implantação do Programa
Academia da Saúde21, com recursos financeiros
provenientes do Piso Variável em Vigilância e
Promoção da Saúde – PVPVS, e do Piso de Aten- Quadro 2. Temas prioritários da PNPS.
ção Básica Variável – PAB Variável – da Secretaria
de Atenção da Saúde21 para construção dos polos Formação e educação permanente
do programa e custeio de suas atividades. Foram Alimentação saudável e adequada
também apoiados programas considerados simi- Práticas corporais e atividade física
lares ao Programa Academia da Saúde. Enfrentamento do uso do tabaco e seus derivados
Também foram definidas novas modalida- Enfrentamento do uso abusivo de álcool
des de financiamento para o Programa Saúde na
Promoção da mobilidade segura e sustentável
Escola (PSE), a partir de 2008. Com a ampliação
dos critérios para adesão ao Programa, o PSE Promoção da cultura da paz e de direitos humanos
passou de 1,9 milhões de educandos beneficiados Promoção do desenvolvimento sustentável
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quadro de morbimortalidade, a transcendência, tação (ABIA), para a redução do teor de sódio


a atuação intersetorial e a efetividade das práticas em alimentos processados de maneira gradual,
de promoção da saúde na resposta aos eixos prio- voluntária e por meio de metas bianuais, caben-
ritários pela três esferas de governo responsáveis do ainda ao MS o monitoramento dos resulta-
pela gestão pública, dispostos no Quadro 2. dos dos dois primeiros termos de compromisso,
Ao longo dos dez anos da PNPS, no que se que mostram redução do teor médio de sódio
refere ao tema formação e educação permanente, em todas as categorias analisadas, com cumpri-
foram inúmeros os processo de formação, desde mento das metas pactuadas de 80 a 99%27; e) a
seminários, debates, reuniões técnicas, capacita- publicação das diretrizes para a organização da
ções sobre os diferentes temas, visando ampliar prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesi-
a compreensão do tema da promoção da saúde dade como linha de cuidado prioritária da Rede
no SUS, com a participação de seus profissionais de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
e gestores de estados e municípios, e represen- Crônicas28,29; f) o Guia Alimentar para a Popu-
tantes de instituições de ensino e pesquisa. A es- lação Brasileira, que trouxe novos paradigmas
tratégia de realização de cursos presenciais para sobre a necessidade de compreensão das práticas
a qualificação da força de trabalho do SUS se alimentares no contexto do sistema alimentar e
mostrou insuficiente e foram organizados outros de forma coerente com atual estágio da transição
à distância que têm cumprido o papel de ofertar nutricional26,29.
conteúdos que possam apoiar a qualificação de O tema prática corporal/atividade física, no
gestores e profissionais de saúde no tema da pro- contexto da PNPS, teve seu impulso a partir de
moção da saúde. Além disso, foram disponibili- 2005, e dentre as ações destacam-se: a) a organi-
zados livros, publicação de artigos em periódicos zação da Vigilância de fatores de risco e proteção
científicos em sites e materiais educativos24,25 des- de doenças crônicas, o que possibilitou o monito-
tinados à formação dos profissionais em saúde e ramento de indicadores da prática de atividade fí-
também para o processo de comunicação social sica por meio de inquéritos populacionais, como
e difusão de informação para a população como, o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Pro-
por exemplo, o Guia Alimentar para a População teção para DCNT (VIGITEL), a partir de 2006;
Brasileira, produzido a partir de 2011 e lançado Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)30,
em 2014, em processo com ampla participação primeira edição em 2009; suplemento de saúde da
social26. PNAD (2008), permitindo monitoramento conti-
A alimentação saudável e adequada é um dos nuo de indicadores de atividade física e a indução
determinantes e condicionantes da saúde e um de ações de promoção à saúde; b) ações de comu-
direito inerente a todas as pessoas. A garantia da nicação com a celebração dos dias mundiais da
Segurança Alimentar e Nutricional exige uma Atividade Física e da Saúde, anualmente, sempre
conjunção de políticas públicas, dentre as quais a na primeira semana de abril; c) o financiamento
PNPS e a Política Nacional de Alimentação e Nu- de projetos de atividade física em cerca de 1.500
trição (PNAN) têm papel fundamental. Foram municípios, entre 2005 e 2010; d) avaliações dos
realizados inúmeros esforços para a promoção programas de prática de atividade física existentes
da saúde e da Segurança Alimentar e Nutricional nos municípios do Brasil, como Recife, Curitiba,
(SAN) no SUS, bem como inúmeras articula- Belo Horizonte, Aracaju e Vitória; e na América
ções intersetoriais. Entre estas, destacam-se: a) as Latina, por meio do Projeto Guia Útil de Avalia-
ações relativas à alimentação saudável, a produ- ção em Atividade Física (GUIA), que conta com
ção do cuidado e as redes regionais de atenção à a parcerias nacionais e internacionais31-33. Como
saúde (RAS); b) o acompanhamento sistemático resultado das avaliações e pelas evidências acu-
das condicionalidades de saúde dos beneficiários muladas, o MS optou por implantar, em 2011, o
do Programa Bolsa Família (PBF), realizado pe- Programa Academia da Saúde, que constitui um
las equipes de Atenção Básica de todo o país; c) modelo de intervenção nacional em promoção
o conjunto de ações desenvolvidas no escopo do da saúde, visando contribuir para a equidade no
Programa Saúde na Escola (PSE), pela parceria acesso a ações voltadas à produção do cuidado e
das equipes de AB com os profissionais de edu- modos de vida saudáveis em espaços qualificados,
cação; d) as ações estratégicas para o aumento do constituindo-se equipamentos da atenção básica
consumo de frutas e hortaliças, redução do con- em saúde que tem as práticas corporais e ativida-
sumo de sal com negociação e pactuação com o de física como um eixo central de suas ações, mas
setor produtivo de alimentos, representado pela também inclui as demais ações de promoção da
Associação Brasileira das Indústrias de Alimen- saúde no seu escopo, como alimentação saudável,
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prevenção de violência, prevenção de tabaco, ál- em políticas públicas de promoção da saúde e
cool e drogas e outras20. na prevenção do tabagismo. Os efeitos das me-
O tema enfrentamento do uso do tabaco e seus didas adotadas já podem ser observados: dados
derivados prioriza um dos quatro principais fa- da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
tores de risco em comum para o desenvolvimen- (PNAD) 2008 apontaram que, entre indivíduos
to das quatro principais doenças crônicas não na idade de 18 anos ou mais, a prevalência de ta-
transmissíveis no Brasil34. Em 2006, o Brasil ra- bagismo era de 18,2%, reduzindo para 14,7% da
tificou a Convenção-Quadro sobre Controle do população adulta (≥ 18 anos), em 2013, aferidos
Uso do Tabaco – CQCT e foi criada a Comissão na Pesquisa Nacional de Saúde, ou um declínio
Nacional de Implementação da Convenção-Qua- de cerca de 20% em cinco anos19,34.
dro para Controle do Tabaco (CONICQ), que A partir das evidências de que medidas regu-
tem caráter interministerial e representa o fórum latórias podem ser efetivas para o enfrentamento
governamental responsável por implementar as da elevação das mortes e ferimentos no trânsito e,
medidas da CQCT no país. Esta Comissão é in- por isso, o Ministério da Saúde vem assumindo,
tegrada hoje por 18 áreas do governo e presidida em relação ao tema enfrentamento do uso abusivo
pelo Ministro da Saúde. de álcool e promoção da mobilidade segura e suste-
Em 2011, no “Plano de Ações Estratégicas ntável, o protagonismo nas articulações e advoca-
para o Enfrentamento das DCNT no Brasil: 2011 cy em relação à aprovação de leis que restringem
– 2022”, foi incluída a meta de redução da pre- o consumo de bebidas alcoólicas para motoristas
valência de tabagismo em 30%. Diversas ações e que fortalecem as ações do agente de trânsito na
foram realizadas no enfretamento do tabaco no aplicação de medidas que favoreçam a proteção
país, o que tem sido considerado um sucesso por à vida e a prevenção de acidentes de trânsito em
diversas organizações globais, como OMS, Fun- relação ao fator álcool e direção veicular.
dação Bloomberg, OPAS, tendo o MS recebido Além disto, destaca-se o aumento do controle
prêmios pelo seu desempenho34,35. A proibição e fiscalização no fornecimento de bebidas para
da propaganda do cigarro e a introdução das menores de dezoito anos. Destaque-se, ainda, o
mensagens de advertência nos maços ocorreu na Projeto Vida no Trânsito (PVT), que conta com
década de noventa e foi aperfeiçoada nos últimos ampla parceria envolvendo instituições locais,
anos. Em dezembro de 2011, foi sancionada lei nacionais e internacionais na laboração de um
federal 12.546 que proíbe o ato de fumar em re- plano de ações integradas e intersetoriais de segu-
cintos coletivos, aumenta a taxação dos cigarros rança no trânsito, visando a reduzir este quadro
para 85% e define um preço mínimo para a ven- de morbimortalidade. Implantado em 2010, em
da do cigarro, visando o enfrentamento da ven- cinco capitais brasileiras (Belo Horizonte, Cu-
da de produtos contrabandeados. A Lei também ritiba, Teresina, Palmas e Campo Grande), foi
determinou o aumento do espaço de advertên- expandido em 2012 para todas as capitais e ci-
cias dos cigarros, sendo 100% em uma das faces dades acima de 1 milhão de habitantes. O PVT
frontais e em uma das faces laterais, e ampliou utiliza como ferramenta as informações obtidas
para mais 30% a outra face frontal a partir de a partir das análises feitas pelas Comissões Lo-
2016. A regulamentação dessa lei se deu em 2014, cais de Dados que orientam as intervenções in-
estendendo a proibição do fumo para ambientes tegradas e intersetoriais nos territórios de maior
parcialmente fechados por uma parede, divisória, necessidade22. Avaliações já conduzidas do PVT
teto ou até toldo e definindo como responsáveis em cinco cidades, piloto do projeto, apontaram
pela fiscalização as vigilâncias sanitárias de es- elevado percentual de cumprimento das metas
tados e municípios, assim como as penalidades de desempenho dos dois programas; aumento da
para a infração. fiscalização de velocidade; aumento da realização
Outra medida importante foi a ampliação de blitzen de checagem de álcool, com aumento
do tratamento dos tabagistas nas unidades do do número de testes e redução do percentual de
SUS, inclusive com o acesso aos medicamentos e positividade dos mesmos; redução das taxas de
acompanhamento23. mortalidade por 100 mil habitantes em Palmas,
Estas medidas visam proteger as gerações pre- Teresina, Belo Horizonte e redução da razão por
sentes e futuras das devastadoras consequências 10 mil veículos nas cinco capitais; tendência de
geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça redução dos riscos de morte nas capitais de maior
do tabaco. Os resultados positivos obtidos pelo magnitude que nos seus respectivos estados22.
Brasil no enfrentamento ao tabagismo servem No que se refere ao tema promoção da cultura
de estímulo para que o país continue investindo da paz e de direitos humanos, as ações interseto-
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Malta DC et al.

riais de prevenção de violência solidificaram-se atualizaram e renovaram a agenda da promoção


por meio de marcos legais, como: Plano de Ação e demandaram o aprimoramento e a atualização
para o Enfretamento da Violência Contra a Pes- da Política. Frente a este novo contexto o Minis-
soa Idosa (2005); Política Nacional de Enfrenta- tério da Saúde optou pela revisão ampla e parti-
mento ao Tráfico de Pessoas (2006); Lei Maria cipativa da PNPS37.
da Penha (2006); Política Nacional de Saúde A revisão da PNPS foi desencadeada pelo Mi-
Integral da População Negra (2009); Política Na- nistério da Saúde e coordenada pela Secretaria de
cional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bis- Vigilância em Saúde, por meio do Departamento
sexuais, Travestis e Transexuais – LGBT (2008), de Vigilância de Doenças e Agravos Não Trans-
Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher, missíveis e Promoção da Saúde, criado a partir
Linha de Cuidado para a Atenção à Saúde de de 2013, e da CGPNPS, em parceria com a OPAS
Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situ- e o Grupo Temático de Promoção da Saúde da
ação de Violências (2010), entre outros. Dentre ABRASCO. A revisão ocorreu de forma ampla,
as ações no território destacamos a Rede Nacio- democrática e participativa, com o envolvimento
nal de Prevenção das Violências e Promoção da de gestores, trabalhadores, conselheiros, repre-
Saúde, que conta com rede capilarizada que po- sentantes de movimentos sociais e profissionais
tencializa a identificação e a notificação das vio- de Instituições de Ensino Superior, além da parti-
lências no território, atuando de forma integrada cipação de representantes de instituições fora do
com as ações intersetoriais na rede de atenção e setor saúde comprometidos com ações de pro-
de proteção às vitimas de violências36. moção da saúde das cinco regiões brasileiras. Nas
No tema de promoção do desenvolvimento instâncias do SUS, a PNPS foi discutida e pactua-
sustentável foram construídas diversas parcerias da pelos GT de Vigilância em Saúde, GT de Aten-
com Ministérios do Meio Ambiente, Integração, ção e de Gestão, sendo aprovada pela Comissão
Cidades, Casa Civil, Secretarias Estaduais de Saú- Intergestores Tripartite (CIT) e pelo Conselho
de e Secretarias Municipais de Saúde para a reali- Nacional de Saúde (CNS)37.
zação de Planos de Desenvolvimento Sustentável A PNPS, revisada em 2013/14, aponta para a
em áreas como, por exemplo, a Região Turística necessidade de articulação com outras políticas
do Meio Norte (Piauí, Maranhão e Ceará); Pla- públicas para fortalecê-la, com o imperativo da
no de Desenvolvimento Regional Sustentável do participação social e dos movimentos popula-
Xingu, dentre outros. Cita-se ainda a criação da res, em virtude da impossibilidade do setor sa-
Câmara Técnica de Saúde em Apoio à Política nitário responder sozinho ao enfrentamento dos
Nacional de Desenvolvimento Regional (2012), determinantes e condicionantes que influenciam
a Criação do Grupo Técnico Saúde e Licencia- a saúde, reconhecendo, a priori, que as ações de
mento Ambiental (2009), bem como o desen- promoção e prevenção precisam ser realizadas –
volvimento de Programa Cidades Sustentáveis – sempre – de forma articulada com outras políti-
Brasil + 20 – políticas públicas voltadas à gestão cas públicas, com as demais esferas de governo e
ambiental urbana. com a sociedade civil organizada para que tenha-
mos sucesso.
“Terceiro Capítulo” - 2013-2015 O período é marcado, também, pelo recon-
– Revisando, ampliando e divulgando hecimento da necessidade de potencializar a
a PNPS capacidade de disseminação dos elementos da
PNPS junto aos atores do SUS e a sociedade
Na última década ocorreram diversas mu- como um todo, ampliando os canais de diálo-
danças no cenário nacional e internacional apon- go. Neste sentido é que se dá a criação de uma
tando novas agendas e desafios no campo da Pro- estratégia de publicidade e comunicação social
moção da Saúde, como programas intersetoriais dedicada a integrar e promover as principais di-
coordenados pela Casa Civil da Presidência da retrizes da PNPS.
República, por exemplo, o programa de enfrenta- Este dispositivo, formulado em parceria pela
mento da pobreza, Bolsa Família e outras, agen- coordenação da PNPS, pela Divisão de Publici-
das internacionais como a Conferência de Alto dade e Promoção Institucional e pela Assessoria
Nível ONU – DCNT (2011), a Conferência Mun- de Comunicação do Ministério da Saúde, foi
dial dos Determinantes Sociais da Saúde (2011), intitulado “Da Saúde se Cuida Todos os Dias”
a Conferência Rio + 20 (2012), a 8ª Conferência (http://promocaodasaude.saude.gov.br/pro-
Mundial de Promoção da Saúde – Saúde em todas mocaodasaude) e utilizou estratégia integrada
as Políticas (Finlândia, 2013), dentre outras, que de publicidade e mídia, comunicação social,
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relações públicas, eventos e promoção, parcerias na saúde suplementar, valorizando o parto nor-
estratégicas e o desafio de uma nova posição dig- mal e ampliado medidas de regulação obstétrica.
ital na rede mundial de computadores para que o Para inversão do quadro há a necessidade de
MS possa assumir papel indutor de informação produzir uma ampla mobilização social e em-
sobre promoção da saúde. poderamento das mulheres, para além das me-
Para o desenvolvimento desta estratégia, a es- didas relacionadas às mudanças necessárias no
sência de marca desenvolvida fundamentava-se modelo de cuidado obstétrico, com a valorização
na promoção da saúde como o grande marco da da inserção da enfermagem no cuidado, do mod-
luta pela universalização do sistema de saúde e elo de financiamento e da regulação da atenção
pela implantação de políticas públicas em defesa obstétrica.
da vida, tornando a saúde um direito social irre- Compreendeu-se, a partir daí, a pertinência
vogável. de produzir uma ampliação no leque de inter-
A PNPS vem para provocar mudanças nos venções propostos na PNPS. Trata-se de uma de-
modos de organizar, planejar, realizar, analisar e cisão técnica e política que pressupõe que a PNPS
avaliar o trabalho em saúde e traz, em sua essên- não deveria se restringir à intervenção sobre os
cia, a necessidade de estabelecer relação com as fatores de risco consagrados para as DCNT e,
demais políticas públicas conquistadas pela po- assim como já procura enfrentar outros determi-
pulação. nantes e agravos importantes, como as diversas
“Da Saúde se Cuida Todos os Dias” procura formas de violências e o uso abusivo de álcool e
desenvolver estratégias de comunicação e mo- outras drogas, deveria estar aberta e incluir outros
bilização social, articulando ações intersetoriais problemas de saúde – a partir das necessidades
e específicas, nos seguintes eixos: a) incentivo à da população – que exigem intervenções anteci-
alimentação saudável; b) incentivo à redução do padas, vigilância, empoderamento da população
consumo de álcool; c) incentivo à atividade física; para o autocuidado, produção de consciência
d) controle do tabagismo; e) incentivo à seguran- sanitária, compromisso pessoal e coletivo de to-
ça no trânsito; f) incentivo à cultura da paz; g) dos os cidadãos, (usuários, grupo alvo/de risco ou
incentivo ao ambiente saudável; h) incentivo ao não, trabalhadores, pesquisadores, gestores etc)
parto normal. com o enfrentamento destes desafios.
A grande novidade, para além das estratégias
integradas que procuram articular a publicidade Próximos capítulos: potência de uma obra,
e a comunicação social a partir de um eixo co- ainda, em aberto
mum (cuidar da saúde todos os dias), fortemente
comprometido com princípios fundamentais A PNPS apresentou diversos avanços e im-
da PNPS, foi a inclusão do incentivo ao parto portantes desafios. A agenda de prioridades 2006
normal como um “novo eixo” da PNPS ou um a 2007 acabou por ser cumprida, mas também fo-
apêndice integrado à política de promoção. ram inseridas novas ações, que não constavam no
Tal decisão assenta-se na constatação de que texto original. Destaque para a articulação entre
o Brasil atravessava um grave problema de saúde a PNPS e o Plano de Enfrentamento de DCNT,
pública no que se refere à assistência materna. potencializando ações, prioridades e resultados.
Em 2013, 84% dos partos realizados pela rede de Destaca-se a importância do Comitê Gestor
saúde suplementar foram cesarianas. Um núme- da PNPS na coordenação das ações intra e inter-
ro alarmante que coloca o país na posição de setoriais da promoção da saúde, trabalhando de
líder mundial em partos cirúrgicos, uma vez que forma contínua e sustentada neste período, e que
o recomendado pela OMS é de 15%, ainda que a foi um facilitador para a integração dos processos.
própria OMS reconheça que os esforços devam Foi muito importante a inserção de progra-
se concentrar em garantir que cesáreas sejam mas de promoção da saúde na programação
feitas nos casos em que são necessários, em vez orçamentária; financiamentos destinados aos
de buscar atingir uma taxa específica38. municípios e estados para projetos de atividade
Uma das maneiras mais eficientes de combat- física e práticas corporais; avanços expressivos
er esses índices é com informação e estimulando na vigilância da morbimortalidade e dos fatores
o parto normal. Neste sentido, o SUS oferece a de risco e proteção das DCNT; e avanços na ava-
Rede Cegonha, com acompanhamento duran- liação dos projetos, nas parcerias, na capacitação
te a gestação, parto e pós-parto, e a ANS e o de recursos humanos e na mobilização social. O
Ministério da Saúde passaram a propor uma mu- campo da promoção está em processo de cons-
dança no modelo de assistência ao parto também trução e ainda temos um grande caminho a per-
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Malta DC et al.

correr, mas estão dados os passos efetivos para a avaliação compartilhada – “avalia quem formula,
sua institucionalização e fortalecimento. avalia quem faz, avalia quem usa”39.
Ainda constitui um desafio avançar na ação Queremos chamar a atenção para o fato de
intersetorial buscando articular ações destina- que em 2015, no lançamento da campanha “Da
das a públicos específicos, como a promoção da Saúde se Cuida Todos os Dias” para difundir os
saúde no ambiente do trabalho, na comunida- princípios e ações da PNPS se incluiu o tema
de, buscando avançar em projetos destinados à “incentivo ao parto natural”, ação, esta, que não
melhoria da mobilidade urbana, na inclusão de constava da portaria de relançamento da PNPS
pessoas com deficiência e idosos. Além das neces- em novembro de 2014.
sárias ações intersetoriais referentes ao planeja- Stephen Ball, citado por Rezende e Baptista40,
mento urbano, com evidente impacto nos níveis reconhece que há disputas o tempo todo na pro-
de atividade física da população, possibilitando o dução das políticas: o tempo todo há formulação/
acesso a espaços seguros e saudáveis pela popula- produção de novos textos. Assim, há produção de
ção de baixa renda. Estas ações cabem a diversos texto em todos os contextos de produção de uma
setores, em todas as esferas de governo, incluin- política. E não basta a força da lei como amarra
do o Ministério das Cidades e o Ministério do ou limite para que clamores sociais e imperativos
Transporte, dentre outros. ético-políticos possam se manifestar a posteriori
O processo de revisão da PNPS ampliou o a qualquer publicação formal de uma Política.
escopo de consulta para as regiões brasileiras e A lei não pode ser uma letra morta sem vida
trouxe diversidades de expectativas e prioridades. que pulsa. Há que se ter sensibilidade, pois uma
A necessidade de se conformar uma Política de política sofre múltiplos atravessamentos de tex-
caráter nacional ofusca singularidades. Há que tos, discursos, disputas, ações e efeitos40.
se seguir com aproximações sucessivas entre o E neste sentido, para que uma política per-
todo e as partes. Buscar que o local/territorial/ maneça viva ela precisa ser vista, não como algo
municipal/regional/estadual tenham suas cores absoluto e definitivo, mas como um dispositivo
representadas em uma política nacional é uma de natureza essencialmente estratégica... de uma
aspiração legítima. E para tanto, uma Política intervenção racional e combinada das relações de
Pública precisa estar em constante revisão. E este força... o dispositivo está sempre inscrito num jogo
processo reflexivo e avaliativo deve se transmu- de poder, ao mesmo tempo, sempre ligado aos limi-
tar em um processo ininterrupto de reflexão e tes do saber...41.

Colaboradores

DC Malta, OL Morais Neto, MMA Silva, D Ro-


cha, AM Castro, AAC Reis e M Akerman partici-
param igualmente de todas as etapas de elabora-
ção do artigo.
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