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18332021 2531
ARTIGO ARTICLE
e provimento de médicos no Brasil durante o governo Lula
Abstract This article aims to analyse the char- Resumo O objetivo do artigo é analisar as ca-
acteristics of the regulation, training and supply racterísticas da política de regulação, formação e
policies of medical doctors in Brazil, during Lula provimento de médicos no Brasil durante os go-
government (2003-2010), as well as the process vernos Lula (2003-2010) e o processo de disputa
of dispute about a policy change proposed by se- em torno de sua mudança defendida pelos diri-
nior officers of the Ministry of Health, who were gentes do Ministério da Saúde, integrantes do
members of the Health Reform movement. This is movimento sanitário. Trata-se de um estudo de
a case study that used process tracing as a meth- caso que utilizou o process tracing como estra-
odological strategy and, as sources, documents tégia metodológica e, como fontes, documentos e
and interviews. We used the theoretical resourc- entrevistas. Utilizaram-se os recursos teóricos dos
es offered by studies on political process and the estudos sobre processo político e a teoria da mu-
theory of gradual institutional change. The main dança institucional gradual. Os principais resul-
findings are the understanding of institutional ar- tados são a compreensão do arranjo institucional
rangements in this policy, and the identification relacionado à política e a identificação de atores
of individual and collective actors who acted to individuais e coletivos que atuaram para sua con-
change the policy. Three political-institutional servação ou mudança. Constataram-se três restri-
restrictions to change were found: the opposition ções político-institucionais à mudança: a oposição
of the Liberal Medicine advocates Community, da comunidade de política “medicina-liberal”, que
which exerted a political influence on the area, exercia influência sobre a política, a falta de apoio
the lack of support or resistance to change from ou resistência do Ministério da Educação às mu-
the Ministry of Education and the government danças propostas e a decisão do núcleo do gover-
1
Departamento de
Medicina Preventiva e nucleus decision not to carry out proposals that, no de não levar adiante propostas que, ao mesmo
Social, Universidade Federal at the same time, had to be approved by the Legis- tempo, tivessem que ser aprovadas no Legislativo
da Bahia. Praça XV de lative and had the opposition of the Liberal Med- e contassem com a oposição da “comunidade” da
novembro s/n, Largo do
Terreiro de Jesus. 40026- icine advocates Community. A balance tending to medicina-liberal. Predominou um equilíbrio que
010 Salvador BA Brasil. reproduce the status quo and the current institu- tendeu à reprodução do status quo e do arranjo
heiderpinto.saude@ tional arrangement prevailed, despite the imple- institucional vigente, apesar de ter havido altera-
gmail.com
2
Programa de Pós- mentation of incremental policy changes. ções incrementais na política.
Graduação em Sociologia, Key words Human resources in health, Medical Palavras-chave Recursos humanos em saúde,
Universidade Federal do Rio education, Public policy Educação médica, Política pública
Grande do Sul. Porto Alegre
RS Brasil.
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Pinto HA, Côrtes SMV
Quadro 2. Entrevistados.
Posição 2003-2010 2011-2013 2013-2018
Primeiro escalão do Executivo Federal 5 4 2
Escalões intermediários e integrantes da burocracia do Executivo Federal 4 6 4
Dirigentes de entidades de representação das secretarias estaduais e 3 3 2
municipais de saúde
Parlamentares da Câmara e Senado - 2 3
OPAS 1 - 1
Totais por período 13* 15* 12*
*
No total foram 19 pessoas entrevistadas, porém algumas delas ocuparam diferentes posições em mais de um período, havendo
aquelas que atuaram em posições distintas nos três períodos.
A análise empreendida utiliza principalmen- tinuamente apoio político, fazer com que os res-
te os recursos teóricos oferecidos pelos estudos ponsáveis pela aplicação das regras as cumpram e
sobre processo político (public policy process)16-18 resolver ativamente, a seu favor, as ambiguidades
e a teoria da mudança institucional gradual institucionais. Com isso, a “conformidade” (com-
(TMIG)19. O primeiro conjunto de estudos for- pliance) – entendida como efetivo cumprimento
neceu os instrumentos analíticos para que en- e subordinação às regras – é uma variável crucial
fatizássemos as relações sociais entre organiza- para a análise da estabilidade e da mudança insti-
ções e atores, individuais e coletivos, societais e tucional. Na TMIG, a mudança se torna possível
governamentais, caracterizando seus interesses, quando se rompem os equilíbrios vigentes, o que
suas ideias e ações. Atores individuais e coletivos pode ser desencadeado por dispositivos distintos
laçam mão, frequentemente, de análises de polí- e acontecer devido a fatores externos e/ou inter-
ticas públicas que se constituem em ferramentas nos ao arranjo institucional, dependendo das
retóricas usadas para caracterizar um problema características do processo em análise. Para os
que pode vir a ser objeto de políticas, uma vez autores, as características do contexto político e
que ingresse na agenda governamental16-18. Por do arranjo institucional influenciam quais estra-
isso, a caracterização de um problema de polí- tégias de mudanças têm maior ou menor chance
tica pública é tanto um julgamento normativo de êxito. Em contextos com forte poder de veto às
quanto o estabelecimento da existência objetiva mudanças e baixa discricionariedade, a estratégia
de uma questão ou fato. Nesse sentido, os estu- mais exitosa seria a de “mudança em camadas”,
dos contemporâneos sobre processo político go- em que se evita entrar em conflito com os atores
vernamental compõem um quadro analítico que mais bem posicionados no arranjo institucional
permite ressaltar o papel de atores estatais e so- vigente e opta-se por criar novas regras sem alte-
cietais, individuais e coletivos, com suas ideias, na rar significativamente as anteriores. A discricio-
formação da agenda governamental, em contex- nariedade é entendida como o grau de liberdade
tos em que regras, concebidas como instituições, com o qual o ator pode aplicar as regras confor-
balizam as possibilidades de definição de proble- me seus objetivos. Se o poder de veto à mudança
mas de políticas públicas e suas soluções. pretendida é mais fraco, terá mais chance de êxito
A TMIG19 concebe as instituições sobretudo a estratégia denominada “deslocamento”, quando
como instrumentos distributivos carregados de há mobilização ativa contra as regras vigentes,
implicações de poder, e que por isso são reple- buscando substituí-las por novas.
tas de tensões. As regras institucionais têm efei- Este estudo examina dois subsistemas de po-
tos desiguais para a alocação de recursos, dessa líticas públicas, os de saúde e de educação supe-
forma, atores em posições dominantes, no am- rior. Os subsistemas são considerados como es-
biente institucional ou societal, podem conseguir truturas de poder estratificadas que distribuem
projetar instituições que correspondam às suas recursos políticos e materiais desiguais, embora
preferências para que mantenham ou melhorem também sejam arenas de embate entre os indi-
sua condição privilegiada e realizem seus objeti- víduos e os grupos que defendem diferentes so-
vos. Contudo, para garantir a estabilidade de um luções para problemas de políticas públicas20. Ao
arranjo institucional, é necessário mobilizar con- mesmo tempo, são unidades setoriais de nível
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federal aprovada pelo CN. O MEC é responsável identificada aos movimentos sindical e sociais,
pelas decisões relacionadas à formação em nível que caracterizava o grupo anterior (entrevistas
de graduação e pós-graduação, inclusive a resi- [E] 3, 9, 12, 13 e 17).
dência médica, definindo, entre outros aspectos, Três frentes institucionais eram vistas pe-
as competências que devem ter os egressos dos los empreendedores das propostas de mudança
cursos. Outro indicativo da presença estatal é a como fundamentais para alterar a política de
necessidade de que profissões regulamentadas regulação, formação e provimento de médicos:
tenham conselhos profissionais, criados por lei o CN, o núcleo de governo, marcadamente o pre-
– CFM na Medicina –, que devem ser dirigidos sidente, seu entorno e a Casa Civil, e principal-
por pessoas eleitas pelos membros da própria mente o MEC (entrevistas 3, 9 e 13). As possibili-
profissão. Esses conselhos são responsáveis pela dades de alterações no arcabouço legal não eram
regulamentação infralegal e pela fiscalização do promissoras. No CN, muitos parlamentares eram
exercício profissional. Parte importante da defi- médicos e identificados com as ideias defendidas
nição de competências e titulação de especialistas pela CP-M Liberal. Na legislatura 2003-2007, dos
não é regulada pelo MEC, pois é feita pelas so- 626 deputados titulares e suplentes que assumi-
ciedades de especialidades médicas e reconhecida ram o mandato, 71 eram médicos, o que corres-
pelo CFM. O MS, por sua vez, opina sobre mu- ponde a 11,3%. No Senado eram 8 em 119, o que
danças na legislação que trata das profissões de representava 6,7% do total26. Apesar de alguns
saúde em tramitação no CN e participa de fóruns desses médicos integrarem a CP-M Sanitário,
de discussão no MEC que decidem a respeito da como Jandira Feghali, dr. Rosinha e Saraiva Fe-
formação médica. Sua influência nas políticas em lipe, a maioria era mais sensível às demandas da
análise é relativamente pequena se comparada ao CP-M Liberal. Os membros desta comunidade,
observado em outros países com sistemas públi- fossem eles parlamentares ou representantes das
cos de saúde abrangentes, como Reino Unido, entidades médicas, exerciam poder de veto a pro-
Canadá e Espanha5-8,11,25. postas de mudança na legislação vigente sobre
Durante o governo Lula, a maioria dos inte- regulação, formação e provimento médicos dis-
grantes do primeiro escalão do MS pertenciam à cutidas no CN9. Além disso, havia uma tendência
CP-M Sanitário9. Sua intenção era implementar de o CN ser conservador ao tratar de mudanças
políticas de acordo com os princípios e as pro- nas regras das profissões já regulamentadas (E 3,
postas que defendiam. Uma das áreas a serem 6, 9, 12, 13, 15 e 18).
mudadas era a que se referia à política de regula- Dadas as dificuldades no CN, os empreende-
ção, formação e provimento de médicos. As mu- dores da mudança, em especial os dirigentes da
danças propostas visavam, sobretudo, aumentar SGTES, direcionaram seus maiores esforços para
o poder do MS na área, estabelecendo que as reduzir o papel do MEC na área e ampliar a influ-
necessidades do SUS deveriam ser o principal ência do MS na formação médica, considerando
critério de decisão sobre a política a ser adotada. as necessidades do SUS. O MEC, além de decidir
O centro de produção e de coordenação da ação sobre a formação, regulava a residência médica
na defesa dessas propostas estava na Secretaria de por meio da Comissão Nacional de Residência
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SG- Médica (CNRM), cuja maioria dos membros
TES), do MS, criada em 2003 (Decreto nº 4.726). era representante de entidades médicas (Decre-
A SGTES foi comandada, desde sua criação até to nº 91.346/1985). Entre os nove integrantes da
julho de 2005, por Maria Luísa Jaeger, responsá- CNRM, quatro representavam o governo federal
vel, junto com o grupo que ocupou os cargos de e cinco, entidades médicas – CFM, Associação
direção superior da secretaria no período, pela Médica Brasileira, Federação Nacional dos Médi-
sua estruturação. A SGTES e os integrantes do cos, Associação Nacional dos Médicos Residen-
grupo eram membros da CP-M Sanitário e po- tes e Associação Brasileira de Educação Médica.
dem ser considerados como empreendedores da Além disso, o MEC constituia comissões de espe-
proposta de mudança nas políticas da área. Com cialistas, consultivas e ad hoc, que examinavam e
a troca de ministro da Saúde em julho de 2005, opinavam sobre temas relacionados à formação
quando Humberto Costa, do PT, foi substituído de profissionais. Quanto à formação dos médi-
por Saraiva Felipe, do MDB, Francisco Campos cos, o MEC costumava consultar essas comissões
assumiu a direção da SGTES e parte da equipe e esses órgãos do próprio Ministério, como o an-
diretiva da SGTES foi trocada. O novo secretário tigo Departamento de Hospitais Universitários.
e sua equipe também integravam a CP-M Sani- Não era apenas a ação de integrantes da CP-M
tário, porém tinham uma filiação societal menos Liberal junto à CNRM, ao Conselho Nacional
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de governo em fazer esse enfrentamento, pois ratória, além de limitar a expansão do mercado
avaliava-se que deslocar a questão para a arena privado de ensino superior, restringia o cresci-
de disputa do Legislativo traria desgaste político mento da oferta de médicos, que interessava ao
maior do que o ganho setorial da medida (E 12, mercado privado de saúde por conter o aumento
13 e17). O trecho de entrevista de dirigente do dos custos da força de trabalho médica9.
MS durante o governo Lula revela a presença do Ao final do segundo mandato do governo
efeito restritivo que a oposição da CP-M Liberal Lula, em 2010, foi aprovada pelo núcleo de go-
exercia sobre as decisões do núcleo do governo, verno a única proposta na área em análise que
bem como a escolha de propostas de alteração na contava com forte oposição da CP-M Liberal, o
política que não provocassem essa oposição. Revalida. O presidente Lula sensibilizou-se ao
[Fizemos] a avaliação de todas as coisas que já tema do reconhecimento dos diplomas dos mé-
tinham sido feitas no MS que envolviam formação dicos brasileiros formados no exterior desde o
e provimento, [...] quais iniciativas a gente achava primeiro ano do mandato, contudo, a proposta
que eram mais negociáveis com as entidades médi- de acordos bilaterais para reconhecimento mú-
cas. [...] A gente foi avaliando essas possibilidades tuo de diplomas não conseguiu progredir. No úl-
que não tinham um enfrentamento drástico (E 17). timo ano de seu governo, ele exigiu uma solução
Esse cenário levou o MS, a partir de 2005, a se ao MEC e ao MS. Estes propuseram uma na qual
acomodar a essas limitações do contexto político não foi necessário enfrentar o desgaste de trami-
-institucional e levar adiante apenas proposições tar no CN, que dialogou com a ideia de “meri-
que tivessem apoio do MEC e da CP-M Liberal. tocracia” defendida pela CP-M Liberal, por ser
Um dirigente do primeiro escalão do MS, em en- concedido apenas àqueles que fossem aprovados
trevista, utiliza de uma metáfora para caracterizar no exame, e que promoveu apenas uma alteração
a situação: É aquela história do círculo de giz que incremental e que pouco modificava o arranjo
você traça e o peru se sente preso ali dentro. [...] institucional vigente, pois as IES seguiram com a
Você não sai fora do círculo. [...] Todas as ações [que atribuição de validar os diplomas e podiam optar
fizemos] se colocam ainda dentro do círculo (E 3). por aderir ou não ao novo exame nacional (E 3,
Os empreendedores vinculados à CP-M Sa- 9, 12 e 13).
nitário, que dirigiam o MS, avaliavam que havia
acentuada inadequação na formação e insufici-
ência na oferta de médicos às necessidades do Discussão
SUS. Para eles, isso limitaria, no médio prazo,
a consecução de alguns objetivos do governo, As abordagens neoinstitucionalistas do processo
como a melhoria da qualidade da atenção e a ex- político ajudam a compreender como estruturas
pansão dos serviços de saúde. Durante esse pe- político-institucionais dão oportunidades ou
ríodo, o problema foi parcialmente contornado restringem a ação de atores individuais e coleti-
com medidas como a oferta de cursos diversos a vos que, mesmo no topo das hierarquias sociais,
profissionais que já atuavam no SUS, custeados são levados a adotar atitudes que contribuam
pela SGTES, e o aumento dos repasses federais, com resultados diferentes de seus objetivos e de
tais como no Piso de Atenção Básica, que amplia- suas ideias23. Entre elas, destacamos a TMIG19
vam a capacidade de os municípios recrutarem que possibilitou que analisássemos as caracterís-
médicos no mercado de trabalho (E 1, 9 e 17). ticas dessas estruturas, a atuação e as estratégias
Por um lado, a CP-M Liberal foi capaz de vetar de atores nelas bem posicionados que consegui-
mudanças que alterassem o arranjo institucional ram impedir mudanças na política de regulação,
que lhe favorecia, por outro, as CP-M Sanitário, formação e provimento de médicos no período
em particular seus membros na direção do MS e analisado que fossem além de alterações incre-
CP-R Mercado, conseguiram impedir o sucesso mentais. Três restrições político-institucionais
de propostas defendidas pela CP-M Liberal. Em foram identificadas como as mais importantes
2009, o governo paralisou no CN o projeto de para a relativa estabilidade da política: 1) a forte
lei do “Ato Médico”, que ampliava os atos consi- oposição de alguma das três comunidades de po-
derados exclusivos dos médicos, reputado como líticas com maior influência no processo; 2) a fal-
prejudicial ao SUS pela CP-M Sanitário. Outro ta de apoio ou resistência do MEC às mudanças
exemplo foi a oposição manifesta ao governo da propostas; e 3) a decisão do núcleo do governo de
CP-R Mercado, que impediu que a proposta das não levar adiante propostas que, ao mesmo tem-
entidades médicas de moratória na abertura de po, tivessem que ser aprovadas no CN e contas-
novos cursos de medicina tivesse sucesso. A mo- sem com a oposição de uma dessas comunidades.
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Quadro 3. Principais propostas de mudança, legais ou administrativas, na política: posições das comunidades de política, da
direção do MEC – 2003/2010.
Posições Necessi- Ano da
Com. dade de implementação
Com. Com. Imple-
Propostas de mudança regulação Direção aprovação ou da decisão
mov. medicina mentado
pelo do MEC no Con- de não
sanitário liberal
mercado gresso implementar
Serviço civil obrigatório A favor Contra Neutra Neutra Sim Não 2004
Acordos internacionais de A favor Contra Neutra Neutra Sim Não 2004
reconhecimento mútuo de
diplomas médicos
SUS com a atribuição de ordenar A favor Contra Neutra Contra Não Não 2004
a formação de recursos humanos
em saúde
Moratória na abertura de cursos Neutra A favor Contra Contra Não Não 2005
de medicina
Ato médico Contra A favor Neutra Neutra Sim Não 2009
Fies A favor Neutra A favor A favor Sim Sim 2010
Revalida A favor Contra Neutra A favor Não Sim 2010
Fonte: Autores.
2540
Pinto HA, Côrtes SMV
cos no mercado de trabalho, o que não ocorreu9, que, em outro contexto, veio a mudar a política
não foi articulado a instrumentos de provimento de formação, regulação e provimento de médi-
a áreas com necessidade identificadas pelo MS. cos no país, mesmo sofrendo forte oposição da
Foram implementadas medidas incrementais de comunidade de medicina liberal. Assim, não há
menor impacto que tentaram alterar o perfil da possibilidade de explicar como o PMM foi possí-
formação médica, mas sem mudar o equilíbrio vel sem analisar, nesse período, o agravamento do
institucional vigente na área e sem fazer uso de problema da insuficiência de médicos, a falta de
instrumentos de política existentes para regular o uma política que o enfrentasse, a trajetória dessa
sistema federal de ensino superior. política caracterizada por tentativas de avanço e
Ainda assim, foram constituídos legados, de vetos, os aprendizados posteriores com essas
ideacionais e institucionais, decisivos para a for- experiências e tentativas, bem como os recursos
mulação, viabilização e implementação do Pro- que as mesmas legaram à decisão, à formulação e
grama Mais Médicos (PMM), três anos depois, à implementação do PMM9.
Colaboradores
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