Você está na página 1de 12

1613

A trajetória da política nacional de reorientação

ARTIGO ARTICLE
da formação profissional em saúde no SUS

The trajectory of the national policy for the reorientation


of professional training in health in the Unified Health System (SUS)

Henrique Sant’Anna Dias 1


Luciana Dias de Lima 2
Márcia Teixeira 2

Abstract This paper examines the national pol- Resumo Este artigo analisa a política nacional de
icy and its antecedents for reorientation of pro- reorientação da formação profissional em saúde,
fessional health training implemented after 2003. desenvolvida a partir de 2003, e seus antecedentes.
It highlights landmarks and transformations in Destaca marcos e transformações no percurso tem-
the course of policies between 1980 and 2010, el- poral da política de 1980 a 2010, elementos de con-
ements of continuity and change and the connec- tinuidade e mudanças e conexões existentes entre
tions between past and current policy initiatives. iniciativas anteriores e a política atual. O estudo
The study involved a review of the literature on envolveu revisão de literatura sobre o tema e aná-
the subject and document analysis supported by lise documental apoiados no referencial teórico de
theoretical analysis of public policies, particular- análise das políticas públicas, em especial o insti-
ly historical institutionalism. The results point tucionalismo histórico. Os resultados apontam
to four different moments during the trajectory of quatro distintos momentos da trajetória da políti-
the policy, marked by changes in the initiatives of ca, demarcados por inflexões nas iniciativas de re-
reorientation of higher education in health: an- orientação da formação superior em saúde: ante-
tecedents; initial experiences; university protag- cedentes; experiências iniciais; protagonismo uni-
onism; broadening and enhancement. As an ele- versitário; ampliação e aprimoramento. Como ele-
ment of continuity, there is the permanence of mento de continuidade, nota-se permanência dos
objects in the guiding principles advocated in the eixos norteadores nos objetos preconizados nas
policies. The evidence of implementation expresses políticas. As evidências de implementação expres-
prospects of enhancement, with diversification of sam perspectiva de ampliação, com diversificação
mobilized actors and organizations, and more dos atores e organizações mobilizados, e mais pro-
1
Subsecretaria de Atenção à projects implemented. The accumulated experi- jetos implantados. A experiência acumulada suge-
Saúde, Secretaria de Estado
ence suggests structural maturity of the structur- re amadurecimento das bases estruturantes das
de Saúde do Rio de Janeiro.
R. México 128/1.103, al bases of action and the main changes relate to ações e as principais mudanças referem-se à valo-
Centro. 20031-142 Rio de the enhancement of decision-making bodies of the rização das instâncias decisórias do SUS e à apro-
Janeiro RJ.
SUS and the approximation to the process of de- ximação com o processo de descentralização e re-
hendias@hotmail.com
2
Departamento de centralization and regionalization of national gionalização da política nacional de saúde.
Administração e health policy. Palavras-chave Formação de recursos humanos,
Planejamento em Saúde,
Key words Training in human resources, Hi- Ensino superior, Políticas públicas de saúde
Escola Nacional de Saúde
Pública, Fundação Oswaldo gher education, Public health policies
Cruz.
1614
Dias HS et al.

Introdução área da saúde, envolvendo a articulação entre orga-


nizações acadêmicas, de gestão e prestação de ser-
As preocupações em torno da gestão do traba- viços. Partindo-se do pressuposto de que as insti-
lho e da educação em saúde se fazem presentes tuições condicionam as preferências e as escolhas
nas análises das políticas de saúde no Brasil. Os dos atores e que as trajetórias das políticas são
estudos sugerem a presença inconstante do tema dependentes de arranjos institucionais e processos
nos espaços de construção das políticas, embora decisórios anteriores10, propõe-se examinar os
as limitações do ensino e as inadequações do perfil marcos e as transformações operadas no percurso
profissional frente às necessidades de saúde da temporal da política desde os anos 1980. Busca-se
população já lograrem-se evidentes desde a se- identificar as conexões existentes entre a política
gunda metade dos anos 701-4. Ainda assim, há desenvolvida a partir de 2003 e as que a antecede-
mais de duas décadas as questões relacionadas à ram, ressaltando-se os fatores condicionantes e os
formação profissional constituem-se objeto de elementos de continuidade e mudanças.
discussão das conferências nacionais de saúde e Os resultados do estudo são apresentados
de recursos humanos e compõem os textos refe- em quatro momentos que demarcam inflexões e
rentes à legislação do Sistema Único de Saúde conformam modelos de atuação do Executivo
(SUS) e suas bases normativas5. Nacional na política de formação profissional em
Trabalhos recentes enfatizam que as políticas saúde: antecedentes à política de reorientação da
de gestão da educação em saúde tomaram novo formação profissional em saúde – 1980 até o iní-
fôlego a partir de 2003 com a criação da Secreta- cio dos anos 2000; as primeiras experiências de-
ria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saú- senvolvidas a partir de 2003; e o período mais
de (SGTES) no Ministério da Saúde, resultando recente da política, desmembrado em dois mo-
na aproximação estratégica entre saúde e educa- mentos – 2005 e 2006, e 2007 a 2010.
ção1,6,7. Foram deflagradas iniciativas visando
ampliar a qualificação da força de trabalho por
meio de ações de educação permanente que entre Metodologia
outros objetivos, articulam a formação profissio-
nal às práticas dos serviços de saúde7. Em termos metodológicos o trabalho ancora-se
No que se refere à formação profissional em no referencial de análise de políticas públicas11 e,
saúde, as ações da SGTES incluem, dentre outras, particularmente, na abordagem do instituciona-
a indução de mudanças nas graduações, articula- lismo histórico10,12,13. Segundo essa concepção,
das pelas universidades e os serviços de saúde, as instituições compõem um conjunto de proce-
reunidas na política nacional de reorientação da dimentos, protocolos, normas e convenções ofi-
formação profissional em saúde. Os principais ciais e oficiosas que, além de serem estruturantes
eixos da política são a integração ensino-serviço e alterarem as estratégias dos atores, condicio-
com ênfase na atenção básica; a integralidade em nam suas preferências13,14. Estas não se constitu-
saúde como eixo reorientador das práticas no em apenas em arenas políticas, e sim, em atores
processo de formação e qualificação dos profissi- inseridos no processo político, responsáveis pelo
onais para o SUS; e a reformulação do projeto conjunto de estruturas e procedimentos a partir
político-pedagógico dos cursos de graduação ba- do qual se definem e defendem interesses15.
seada nas Diretrizes Curriculares Nacionais8,9. Segundo a posição aqui adotada as institui-
Este artigo analisa a política nacional de reo- ções são path dependent quando, uma vez inicia-
rientação da formação profissional em saúde, da a trajetória de uma política, arranjos institu-
tendo como marco a criação da Secretaria de cionais se estabelecem, diminuindo a possibili-
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. dade de reversão das escolhas inicialmente fei-
Considera-se que o processo de formulação de tas10, o que significa dizer que: “as políticas defi-
políticas no setor tem sido condicionado pelo nidas em um momento no tempo estruturam o
caráter tardio da aproximação entre o Ministé- processo de tomada de decisão e criam fortes
rio da Saúde e da Educação e pelos desafios rela- coalizões de suporte que efetivamente protegem
cionados ao ordenamento da formação profis- os arranjos institucionais estabelecidos, tendo
sional frente ao modelo de organização da aten- efeitos de feedback no processo político”15. A se-
ção à saúde preconizado no SUS. quência dos acontecimentos também possui re-
O presente estudo tem como foco as ações for- levância no enfoque do institucionalismo histó-
muladas no âmbito federal direcionadas para a rico; decisões tomadas deixam marcas, criam
formação dos profissionais de nível superior na rotas e dão rumo a procedimentos futuros.
1615

Ciência & Saúde Coletiva, 18(6):1613-1624, 2013


A partir da vertente histórica do institucio- ídos por 9 redes de programas no Brasil e em
nalismo, foram selecionadas algumas categorias outros países da América Latina, ao longo da
de análise que permitiram identificar elementos década17. Apesar dos avanços, expressos na con-
constitutivos das políticas anteriores e da políti- formação da Rede IDA – Brasil, da qual surgi-
ca em curso e suas inter-relações. São eles: pro- ram inúmeras experiências no país, o IDA limi-
gramas e projetos priorizados; objetos preconi- tou-se à assistência em saúde, com baixa partici-
zados; atores e organizações mobilizadas (seus pação de docentes e segmentação das ações, não
papéis e relações); estratégias e instrumentos de resultando em significativas transformações nos
implementação (incentivos, instâncias e mecanis- currículos18.
mos de condução, controle e avaliação da políti- No início dos anos 90, surge o Projeto UNI –
ca); evidências de implantação. Uma Nova Iniciativa, financiado pela Fundação
As estratégias metodológicas envolveram re- Kellogg, a fim de redimensionar questões relati-
visão da literatura sobre o tema, que incluiu a vas ao Programa IDA. As ações orientavam a for-
busca por estudos de análises de políticas de for- mação na perspectiva da multiprofissionalida-
mação em saúde no Brasil no período de 1980 a de, do fortalecimento dos componentes curricu-
2010. Realizou-se levantamento e análise de do- lares (estágios obrigatórios na comunidade, ên-
cumentos relativos ao período mais recente da fase em disciplinas que utilizassem a epidemiolo-
política nacional (2003 a 2010) compreendendo gia) e da aposta no componente dos serviços re-
sua base legal e normativa: portarias e editais de presentado pelos Sistemas Locais de Saúde (Si-
seleção, manuais, relatórios técnicos, apresenta- los)18. O UNI reforçava que os processos de
ções e documentos oficiais e textos de apoios. mudança continuassem a ocorrer na comunida-
O uso da linha do tempo se constitui em um de, como forma de superar a dissociação entre
importante recurso metodológico, de modo a proposições acadêmicas e sua aplicabilidade prá-
ilustrar a trajetória da política em questão. Tam- tica19. No Brasil, foram implementados 6 proje-
bém permitiu a identificação de inflexões que aju- tos UNI, envolvendo 9 profissões de saúde e ar-
daram a demarcar momentos específicos do per- ticulando um amplo conjunto de serviços de saú-
curso da política e interpretá-los segundo suas de, universidades e organizações comunitárias.
principais características. Os projetos mobilizaram centenas de docentes e
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética beneficiaram milhares de estudantes20.
da organização acadêmica envolvida. A despeito de projetos como IDA e UNI e da
preocupação com a formação no debate sobre a
Integração docente-assistencial! política de saúde no Brasil, a implementação do
Redes de projetos e papel SUS ocorre na década de 90 e a atuação do Mi-
das universidades (1980 a 2002) nistério da Saúde na ordenação da formação dos
profissionais de saúde foi bastante limitada, sem
As preocupações com a formação de recur- evidências de uma articulação mais substantiva
sos humanos para o setor público de saúde este- entre os Ministérios da Saúde e Educação que
ve presente no cenário político de concepção do viabilizasse mudanças curriculares e atendesse às
Sistema Único de Saúde, incluindo na Constitui- necessidades do sistema de saúde2.
ção Federal de 1988, a atribuição da saúde em Mesmo reconhecendo um contexto desfavo-
ordenar a formação dos profissionais da área. O rável a políticas mais abrangentes e democrati-
tema compôs as proposições do movimento da zantes como o SUS, Teixeira e Paim21 observam
Reforma Sanitária, presentes na 8ª Conferência um processo participativo nas universidades nes-
Nacional de Saúde e na I Conferência Nacional te mesmo período. As ações da Rede Unida, cons-
de Recursos Humanos para a Saúde, em 1986, tituída do ideário presente nos projetos IDA e
sinalizando a necessidade de modificação nas UNI, são exemplos deste processo. A rede con-
graduações e a importância da integração ensi- tribuiu para a reinserção da temática dos recur-
no-serviço. sos humanos na construção das políticas de saú-
Em 1981, o Programa de Integração Docente de21, articulando atores e instituições em torno
Assistencial (IDA), criado no âmbito do Ministé- de mudanças e novas experiências para a forma-
rio da Educação, desenvolvia projetos de forma- ção profissional em saúde19.
ção profissional por meio da inserção dos alu- Nos primeiros anos 2000, foram desenvolvi-
nos em unidades de atenção primária, favore- das pela Comissão Interinstitucional Nacional de
cendo a articulação entre academia e serviços de Avaliação das Escolas Médicas (CINAEM) inici-
saúde16. O IDA contou com 86 projetos distribu- ativas direcionadas principalmente para trans-
1616
Dias HS et al.

formação da graduação em medicina, em decor- mudanças em todo o país com recursos finan-
rência dos projetos implantados na década ante- ceiros executados na ordem de nove milhões de
rior19. Em 2002, foi criado o Programa Nacional reais. Atualmente, o Curso de Ativadores de
de Incentivo a Mudanças Curriculares nos Cur- Mudança é oferecido pela Fundação Oswaldo
sos de Medicina (PROMED), desenhado pelos Cruz, por meio do Programa Universidade Aberta
Ministérios da Saúde, da Educação e a OPAS, além do Brasil (UAB) do Ministério da Educação25.
da parceria com a Associação Brasileira de Edu- No âmbito do AprenderSUS, o projeto deno-
cação Médica (Abem) e a Rede Unida. O progra- minado EnsinaSUS, contemplou uma série de pes-
ma propunha ações no sentido de adequar a for- quisas e experiências inovadoras de mudanças na
mação médica aos preceitos do SUS, provendo formação e educação permanente em saúde, for-
cooperação técnica às reformas curriculares e necendo referenciais teóricos para o campo26,27. O
incentivando a oferta de estágios nos hospitais Fórum Nacional de Educação das Profissões na
universitários e nos serviços de atenção básica à Área da Saúde (FNEPAS), criado em 2004, organi-
saúde22. Ao final de 2002, o programa havia con- zou-se como importante espaço de debates da for-
templado propostas de 19 escolas médicas com mação em saúde19, indicando ampliação do con-
financiamento na ordem de oito milhões de reais junto de atores e instituições mobilizados.
até o ano de 200322,23. A Política Nacional de Educação Permanente
em Saúde (PNEPS), de fevereiro de 2004, ocupa
As experiências de reorientação posição transversal na articulação de estratégias
da formação profissional em saúde de mudanças nos processos educacionais em saú-
a partir de 2003 de. Naquele ano, as diretrizes da política propu-
seram a implantação do “Polo de Educação Per-
Em 2003, a criação da Secretaria de Gestão do manente para o SUS”, reunindo representantes
Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) via- da gestão e da área da educação, com atribuição
bilizou o desenho de políticas para reorientar a de detectar problemas e elaborar projetos volta-
formação profissional para o SUS, intensifican- dos para a formação e desenvolvimento dos tra-
do, dentre outras ações, o estreitamento das re- balhadores da saúde em um território8.
lações entre instituições formadoras e o sistema Na linha do tempo (Figura 1) é possível visua-
público de saúde. No período entre 2003 e 2004, lizar a cronologia das principais ações que com-
é lançado o Projeto Vivências e Estágios na Rea- põem a evolução da política nacional de reorien-
lidade do Sistema Único de Saúde – o VER-SUS/ tação da formação profissional em saúde, desde
Brasil, cujo desenho reconhecia o sistema de saúde os seus antecedentes (anos 80/90 e 2002) e as pri-
como espaço de ensino e aprendizagem. A sua meiras experiências no âmbito da SGTES até o
implementação contou com um projeto piloto, período mais recente, delimitado pelos anos de
no início de 2004, que envolveu 10 cidades da 2005 e 2010.
Rede de Municípios colaboradores de Educação
Permanente em Saúde e 99 estudantes. Em 2005, Protagonismo universitário na integração
duas edições do projeto VER-SUS/Brasil envol- ensino-serviço (2005 a 2006)
veram, respectivamente, cerca de 50 municípios
de 19 estados e milhares de estudantes; e 10 mu- Em 2005, a partir das experiências acumula-
nicípios de seis estados, com aproximadamente das com as iniciativas prévias e maior aproxima-
250 estudantes18. ção entre a saúde e a educação, é instituída a Por-
Ainda em 2004, foi lançado o AprenderSUS taria conjunta nº 2.118, estruturando a parceria
que teve papel relevante no debate em torno da entre os Ministérios da Saúde e da Educação
integralidade da atenção à saúde como eixo de “para cooperação técnica na formação e desen-
mudança da formação profissional24. Uma am- volvimento de recursos humanos na área da saú-
pla articulação do Departamento de Gestão da de”28. Inspirado no PROMED, no mesmo ano, é
Educação na Saúde (DEGES) da SGTES com a instituído o Programa Nacional de Reorientação
ENSP e a Rede Unida possibilitou a realização do da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saú-
Curso de Especialização de Ativadores de Mu- de), delineado em um contexto de grandes desa-
danças nas Profissões de Saúde, orientado con- fios na implementação das estratégias reformu-
ceitualmente pelo currículo integrado, o cons- ladoras da formação para o SUS. Inicialmente, o
trutivismo e as metodologias educacionais ativas programa (Pró-Saúde I) contemplava os cursos
e de educação a distância19. Até o ano de 2006, de Enfermagem, Medicina e Odontologia29. A
foram formados 597 especialistas ativadores de inspiração do Pró-Saúde no modelo do PRO-
1617

Ciência & Saúde Coletiva, 18(6):1613-1624, 2013


A política nacional de reorientação
Antecedentes da formação profissional em saúde

Anos 80 e 90 2000: Primeiras Protagonismo Ampliação e


anos iniciais experiências universitário aprimoramento

Projeto IDA VerSUS PRÓ-SAÚDE I


Projeto Uni PROMED AprenderSUS PRÓ-SAÚDE II
Rede Unida EnsinaSUS PET-SAÚDE

1891 1991 2002 2003 2004 2005 2007 2010

Política Nacional
Criação da
de Educação Permanente em Saúde
SGTES

Figura 1. Cronologia das principais ações de reorientação da formação profissional em saúde para o SUS.
Brasil, décadas de 1980 e 90 e anos 2000.

Fonte: Elaboração dos autores, 2011.

MED teve como uma das suas motivações as nhado de uma carta-compromisso da Secretaria
mudanças ocorridas no DEGES e na SGTES, em Municipal de Saúde (SMS) e apreciado pelos cole-
virtude da substituição do Ministro da Saúde e giados dos cursos de graduação. A seleção de pro-
de dirigentes do departamento e da secretaria19. postas ficava a cargo da comissão assessora naci-
A iniciativa tem como foco a aproximação da onal que avaliava a sua conformidade com as
academia com os serviços públicos de saúde, sus- Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)29.
tentada na reorientação da formação profissio- Como mecanismos de condução nacional,
nal e na abordagem integral do processo saúde- acompanhamento e avaliação, tem-se a consti-
doença a partir da atenção básica. Os objetivos tuição de um conselho consultivo, composto de
incluem o estabelecimento de mecanismos de órgãos e instituições governamentais, do movi-
cooperação técnica entre gestores do SUS e as mento estudantil, conselhos e associações pro-
instituições acadêmicas e a ampliação da dura- fissionais, e as comissões assessora e executiva,
ção da prática educacional nos serviços do SUS, responsáveis pela administração do programa,
dentre outros30,31. apoio técnico e avaliação da execução da política,
Com a implementação do Pró-Saúde, espe- bem como ações de seleção, acompanhamento e
rava-se a substituição do modelo de formação – avaliação dos projetos. O financiamento ficava a
individual, de caráter fortemente especialista e cargo da programação orçamentária do Minis-
hospitalocêntrico – para um processo formati- tério da Saúde29.
vo que levasse em conta os aspectos socioeconô- Os anos 2005 e 2006 configuraram os passos
micos e culturais da população. Preconizava-se a iniciais da política, evidenciando a maior preocu-
articulação com o sistema público de saúde por pação em operar os seus dispositivos estruturais
meio de ações de promoção da saúde e preven- e administrativos – composição das comissões e
ção de agravos; da difusão da educação profissi- conselho consultivo neste primeiro momento do
onal como um processo permanente; da busca Pró-Saúde (Pró-Saúde I) – quando se observa a
pelo equilíbrio entre a excelência técnica e os fa- restritividade quanto ao escopo de profissões
tores de ordem social; e das mudanças no desen- contempladas pela iniciativa. Destaca-se o pro-
volvimento das pesquisas em saúde em prol do tagonismo das Instituições de Ensino Superior
SUS. Tais argumentos, dentre outros, se consti- (IES) na formulação e implementação das pro-
tuem nas bases para o desenvolvimento dos pro- postas e na estruturação das instâncias de acom-
jetos institucionais que o programa propõe32. panhamento e avaliação do programa.
A adesão ao Pró-Saúde I era feita por submis-
são de projeto (um projeto por curso), acompa-
1618
Dias HS et al.

Ampliação e aprimoramento nove milhões de reais, repassados para os fun-


da reorientação da formação profissional dos de saúde de 49 municípios participantes em
em saúde (2007 a 2010) todo o Brasil33. No Pró-Saúde II, 68 projetos fo-
ram aprovados, contemplando 354 cursos da
A partir de 2007, são operadas significativas área de saúde. Os recursos financeiros compre-
transformações na trajetória da política nacio- enderam cerca de cinquenta e três milhões de re-
nal, iniciando um novo momento do seu dese- ais, envolvendo 77 secretarias de saúde34. É pos-
nho. É neste ano que se cria a Comissão Intermi- sível evidenciar a ampliação ocorrida no progra-
nisterial de Gestão da Educação na Saúde e que ma, registrada, pelo maior número de cursos
são redefinidas as diretrizes de implantação da contemplados (quase quatro vezes mais cursos
Política Nacional de Educação Permanente em em 2007, em relação a 2005) e pelo aumento no
Saúde, decorrente da criação dos Colegiados de volume de recursos financeiros disponibilizados,
Gestão Regional (CGR), no interior dos quais se bem como a maior participação de secretarias de
estruturam as Comissões de Integração Ensino- saúde na construção e implantação dos projetos
Serviço (CIES). As CIES são comissões interse- e ações (Tabela 1).
toriais e interinstitucionais permanentes que Também em 2007, surge o Programa de Edu-
apóiam os CGR na elaboração e implantação do cação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-Saúde)
Plano de Ação Regional de Educação Permanente no bojo dos avanços obtidos com o Pró-Saúde,
em Saúde30. fortalecendo ainda mais a parceria interministe-
Em 2007, o Pró-Saúde é ampliado para os rial saúde e educação. O programa tem o foco na
demais cursos da área de saúde (Pró-Saúde II), qualificação de estudantes de graduação e de pós-
os quais, em parceria com as secretarias munici- graduação, na rede de serviços, por meio de vi-
pal e estadual de saúde, estruturariam um proje- vências, estágios, iniciação ao trabalho e progra-
to institucional para adesão ao programa30. Pre- mas de aperfeiçoamento e especialização. Eviden-
vê-se a constituição das Comissões Estadual e cia ainda a necessidade de incentivos aos profis-
Local de Gestão e Acompanhamento do progra- sionais e docentes e destaca a importância das
ma, reunindo representantes da gestão estadual, necessidades dos serviços se tornarem objeto de
municipal e dos Conselhos de Saúde, além dos pesquisa e fonte de produção do conhecimento
coordenadores dos projetos e dos docentes e dis- nas instituições acadêmicas36,37.
centes envolvidos. Ficam mantidas as estruturas A proposta do Pet-Saúde é favorecer a indis-
de condução nacional já existentes (comissões sociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, a
assessora e executiva e o conselho consultivo) constituição de grupos de aprendizagem tutori-
com ajustes de papéis na comissão executiva, al, a interdisciplinaridade e a integração ensino-
agora responsável pelo edital de seleção de pro- serviço, incluindo um plano de pesquisa em aten-
postas. Permanece também o financiamento a ção básica38. O grupo PET é formado por um
cargo dos recursos orçamentários do Ministério tutor acadêmico que coordena atividades de 30
da Saúde, via repasse ‘fundo a fundo’, além de alunos, sendo 12 deles bolsistas de iniciação ao
convênios e demais instrumentos de repasse31. trabalho, orientados por preceptores nos servi-
O Pró-Saúde I contemplou 90 cursos das 181 ços de saúde38,39.
propostas candidatas, sendo 38 de medicina, 27 Os projetos para adesão ao programa são
de enfermagem e 25 de odontologia9. Os proje- assinados conjuntamente pelo gestor municipal
tos receberam recursos financeiros num total de e pela instituição de ensino superior (IES), res-

Tabela 1. Número de cursos e projetos contemplados, IES e Secretarias de Saúde envolvidas e total de
recursos financeiros empregados nas duas edições do Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde – PRÓ-SAÚDE. Brasil, 2010.

Secretarias Recursos
Cursos Projetos IES de saúde financeiros (em
contemplados contemplados envolvidas envolvidas milhões de reais)
PRÓ-SAÚDE I (2005) 90 90 62 49 9
PRÓ-SAÚDE II (2007) 354 68 68 77 53 *
*
Valor aproximado
Fontes: Brasil33,34,35.
1619

Ciência & Saúde Coletiva, 18(6):1613-1624, 2013


ponsáveis também pela definição dos critérios da política. O marco legal e normativo analisado
de seleção dos preceptores. As propostas são indica maior valorização das instâncias decisóri-
apreciadas nas Comissões de Integração Ensino- as do SUS, reduzindo o protagonismo acadêmi-
Serviço e pactuadas na Comissão Intergestores co presente no momento anterior. Destaca-se a
Bipartite (CIB) e no Conselho Municipal de Saú- mobilização dos atores das gestões estadual e
de (CMS)38. Em 2010, o programa passa por municipal na implementação local da política,
mudanças possibilitando o desenvolvimento de com ativa participação na construção conjunta
grupos PET temáticos em Saúde da Família, Vi- das propostas, no estabelecimento de parcerias e
gilância em Saúde e Saúde Mental37. na composição de comissões estadual e local de
A condução nacional do Pet-Saúde fica a car- gestão dos projetos. Outro aspecto é a inclusão
go do DEGES/SGTES, que tem a atribuição de dos programas nas discussões dos distintos es-
apreciar as propostas, sugerir mecanismos de paços de condução da política de saúde estadual
funcionamento, aprimoramento e avaliação dos e local (SES, SMS, CES, CMS etc.), bem como de
grupos PET. As instituições de ensino superior representantes destas instâncias na implementa-
têm a atribuição de selecionar os estudantes e os ção das propostas. São também relevantes os
tutores acadêmicos e as secretarias de saúde in- incrementos nos recursos financeiros para a rea-
dicam os nomes dos preceptores. A Comissão de dequação dos serviços de saúde e o aprimora-
Avaliação do Pet-Saúde se manifesta em relação mento dos instrumentos e aspectos conceituais
ao desempenho dos grupos tutoriais e da neces- da política, na busca pelo fortalecimento da inte-
sidade de expansão ou extinção dos mesmos38. gração ensino-serviço-comunidade.
Os incentivos à implementação envolvem a O Pet-Saúde, especificamente, passou por
oferta de bolsas aos alunos participantes, aos uma sucessiva incorporação de novas diretrizes
docentes das IES e aos preceptores nos serviços de e ajustes dos instrumentos de implementação.
saúde37. A concessão das bolsas está condiciona- Em sintonia ao processo de valorização de novos
da à constituição e manutenção, sob atribuição atores e instâncias do SUS, iniciado no Pró-Saú-
da IES, dos Núcleos de Excelência Clínica Aplica- de, o programa teve maior articulação com a
da à Atenção Básica36. A entrada/desligamento de Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da
bolsistas, suspensão e concessão de bolsas, bem Saúde (SAS/MS); valorizou o profissional dos
como o acompanhamento mensal dos pagamen-
tos é realizado pelo Sistema de Informações Ge-
renciais do programa – SIG-Pet-Saúde40.
No Pet-Saúde, foram aprovados 84 projetos
de 68 instituições de ensino superior em parceria Tabela 2. Número de projetos contemplados,
com 71 secretarias de saúde, tendo sido constituí- grupos PET constituídos, IES e Secretarias de
dos 306 grupos PET, em 2009, quando onze mil Saúde envolvidas, bolsas concedidas e participantes
do Programa de Educação pelo Trabalho para a
estudantes participaram do programa, com cerca
Saúde - PET-SAÚDE. Brasil, 2010.
de cinco mil bolsas concedidas9,41,42. Em 2010, apro-
vou-se 111 projetos, envolvendo 84 IES e 96 secre- 2009 2010*
tarias de saúde, e 461 grupos tutoriais (neste ano, Projetos contemplados 84 181
já sob a denominação de ‘Saúde da Família’). Em Grupos constituídos 306 583
maio do mesmo ano foram mais 70 projetos e 122 IES participantes 68 144
grupos PET temáticos de Vigilância em Saúde (VS), Secretarias de Saúde envolvidas 71 164**
envolvendo 60 IES e 59 secretarias de saúde. Bolsas concedidas 5.814 10.101
Quanto às bolsas concedidas, o PET-Saúde/ Participantes
Saúde da Família contou com 8.700 bolsas/mês e Tutores 306 583
cerca de dezessete mil estudantes, preceptores e Preceptores 1.836 3.010
tutores. O PET-Saúde/VS concedeu cerca de 1.300 Estudantes bolsistas 3.672 6.508
Estudantes não bolsistas 5.508 8.298***
bolsas/mês no ano de 201043. Nesse sentido, ob-
Total 11.322 18.399
serva-se, entre 2009 e 2010, significativa amplia-
ção do programa, com aumento no número de *
Para o biênio 2010/2011, números e valores agrupados para
os grupos PET-SAÚDE/Saúde da Família e PET-SAÚDE/
projetos aprovados, na quantidade de atores e Vigilância em Saúde. ** Valor global. Pode haver
instituições mobilizados e nos incentivos conce- duplicidade.*** Número de não bolsistas correspondente aos
didos por meio das bolsas (Tabela 2). grupos Pet-Saúde/Saúde da Família. Para o Pet-Saúde/
Vigilância em Saúde não há registros de estudantes não
Dessa forma, é possível observar a amplia- bolsistas.
ção e o aprimoramento das bases estruturantes Fontes: Brasil35,41,42.
1620
Dias HS et al.

serviços de saúde e os alunos de graduação; e dencia conexões que fomentam o desenvolvimen-


inseriu-se nas Comissões de Integração Ensino- to dos programas e projetos implementados
Serviço (CIES) dos CGR37,38. A partir de 2010, a numa perspectiva de continuidade dos eixos nor-
criação dos PET temáticos sinaliza para novos teadores da reorientação da formação para o
rumos da política, indicando o início de um ter- SUS. O fortalecimento da integração ensino-ser-
ceiro momento de sua institucionalização, pau- viço-comunidade e a centralidade na atenção
tado pelo avanço na diversificação de atores e básica à saúde são alguns dos componentes pre-
instâncias nas variadas frentes de atuação do SUS, sentes nos objetos preconizados pelas iniciativas,
para além da atenção básica à saúde. bem como norteiam as principais estratégias e
O Quadro 1 resume os principais aspectos dos instrumentos delineados.
momentos apresentados, destacando, para cada Tais conexões sinalizam para os arranjos ins-
um deles, os programas e projetos prioritários, titucionais que se estabelecem na sequência dos
objetos, atores e organizações, estratégias e instru- acontecimentos, ocasionando o aparecimento de
mentos, bem como evidências de implantação. feedbacks nos novos projetos e programas de-
senvolvidos no âmbito da política. Neste cená-
rio, destacam-se a construção dos projetos UNI
Considerações finais a partir dos limites e possibilidades do Progra-
ma IDA e, mais recentemente, da associação en-
A análise dos distintos momentos destacados no tre o Pró-Saúde e os elementos que compuseram
percurso temporal da política nacional de reori- o PROMED. As evidências de implantação das
entação da formação profissional em saúde evi- ações expressam os sucessivos incrementos in-

Quadro 1. Principais momentos da trajetória da política nacional de reorientação da formação profissional


em saúde, dos anos 1980 a 2010: programas e projetos prioritários, objetos, atores e organizações, estratégias
e instrumentos e principais evidências de implementação

Momento Antecedentes
Período/ano Anos 80 e 90 2002
Programas e
projetos IDA UNI PROMED
prioritários

Objetos da Integração docente Multiprofissionalidade Formação médica para o SUS


política assistencial Currículo de graduação Reforma curricular
Ensino-serviço-
comunidade

Atores e Universidades e serviços Docentes e estudantes Estudantes e docentes de


organizações de saúde universitários medicina
mobilizados Universidades, Serviços de Universidades
Saúde e comunidade

Estratégias e Projetos para inserção Estágios na comunidade Cooperação técnica às


instrumentos na prática do cuidado Ênfase em disciplinas como reformas curriculares
Rede IDA-Brasil a epidemiologia Incentivos a estágios
Rede UNIDA

Evidências de 86 projetos 6 projetos UNI Implantado em 19 escolas


implementação 9 redes de programas na desenvolvidos envolvendo 9 médicas brasileiras
América Latina graduações de saúde 8 milhões de reais empregados
Limites: baixa Implantação apenas
participação docente, em cursos de medicina
foco na assistência e
segmentação

continua
1621

Ciência & Saúde Coletiva, 18(6):1613-1624, 2013


Quadro 1. continuação
Momento Política nacional de reorientação da formação profissional em saúde
Primeiras experiências
Período/ano 2003 e 2004
Programas e
projetos VER-SUS AprenderSUS
prioritários

Objetos da Ensino-aprendizagem no SUS Integralidade da atenção


política Currículo integrado
Construtivismo
Metodologias ativas
EAD

Atores e Estudantes e docentes Estudantes, docentes e profissionais de saúde


organizações Universidades e serviços de saúde Universidades e serviços de saúde
mobilizados

Estratégias e Vivências na realidade Curso Ativadores de Mudanças


instrumentos locorregional Pesquisas: EnsinaSUS

Evidências de Projeto piloto: 10 municípios e 99 597 concluintes na 1ª edição do Curso de


implementação estudantes Especialização em Ativadores de Mudanças
1ª edição: 50 municípios em 19 estados Recursos financeiros na ordem de 9 milhões
e milhares de estudantes de reais
2ª edição: 10 municípios em 6 estados Curso reeditado pelo Programa UAB (MEC)
e 250 estudantes

Momento Política nacional de reorientação da formação profissional em saúde


Passos iniciais de institucionalização Ampliação e aprimoramento
Período/ano 2005 e 2006 2007 a2010
Programas e
projetos PRÓ-SAÚDE I PRÓ-SAÚDE II
prioritários PET-SAÚDE

Objetos da Integração ensino-serviço Integração ensino-serviço-comunidade


política Atenção integral à saúde Aprendizagem tutorial
Atenção Básica Capacitação docente
Produção acadêmica - necessidades dos serviços

Atores e Estudantes e docentes Estudantes, docentes, profissionais de saúde


organizações Universidades, Secretarias e Universidades, Secretarias e Serviços de Saúde
mobilizados Serviços de Saúde Instâncias colegiadas do SUS: CIB, CGR e CIES

Estratégias e Adesão por meio de projetos Adesão por meio de projetos


instrumentos Comissão assessora e executiva Instâncias nacionais, regionais e locais de
Conselho consultivo acompanhamento e avaliação
Incentivos financeiros Pagamentos de bolsas SIG-PET-SAÚDE
Acompanhamento e avaliação Núcleos de Excelência Clínica na Atenção
por instâncias nacionais Básica

Evidências de Restrito aos cursos de Medicina, Ampliação para as demais profissões de saúde
implementação Enfermagem e Odontologia Valorização das instâncias decisórias do SUS e
Protagonismo universitário da função de tutoria e preceptoria
Foco nos aspectos estruturais Incremento nos incentivos financeiros
e administrativos da implantação Valorização das instâncias de condução
locorregional
Fonte: Elaboração dos autores, 2011.
1622
Dias HS et al.

corporados às iniciativas, à luz de experiências racionalização conjunta de políticas para o setor.


anteriores, sugerindo a ampliação da política, No conjunto das mudanças operadas, com des-
com o aumento e a diversificação dos atores e taque para o ano de 2007, destaca-se a maior
organizações envolvidos e o maior quantitativo participação das estruturas de gestão do sistema
de projetos implementados. Os avanços quanto de saúde (secretarias estadual e municipal) e dos
ao desenho das ações também se apresentam as- profissionais dos serviços no processo político e
sociados às experiências acumuladas ao longo decisório em que se concebem os projetos. Além
do tempo, representando o amadurecimento de disso, as ações recentes de reorientação da for-
suas bases estruturantes. mação profissional vêm sendo delineadas em ins-
A trajetória da política estudada é marcada tâncias loco - regionais do Sistema Único de Saú-
pela crescente aproximação entre os Ministérios de, como os Colegiados de Gestão Regional, re-
da Saúde e da Educação, observada a sua maior lacionando-se mais efetivamente ao processo de
institucionalidade a partir de 2003. Tal contexto regionalização e descentralização da política na-
propicia efetivar o ordenamento da formação dos cional de saúde.
recursos humanos para o SUS, por meio da ope-

Colaboradores

Os autores HSA Dias, LD Lima e M Teixeira fo-


ram responsáveis pela concepção, desenvolvi-
mento, análise das informações, redação e revi-
são do artigo.

Agradecimentos

Agradecemos ao Conselho Nacional de Desen-


volvimento Científico e Tecnológico - CNPq e ao
Edital do Proex-Capes-ENSP 2010, pelo apoio
financeiro à realização do estudo. LD Lima é Bol-
sista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
1623

Ciência & Saúde Coletiva, 18(6):1613-1624, 2013


Referências

1. Machado MH. Trabalhadores da saúde e sua traje- 16. Costa HOG, Kalil MEX, Sader NMB. Red UNIDA:
tória na reforma sanitária. In: Lima NT, Gersch- Un nuevo actor social em El campo de lãs políticas
man S, Edler FC, Suárez JM, organizadores. Saúde públicas. In: Almeida M, Feuerwerker L, Llanos C
e Democracia: História e Perspectivas do SUS. Rio M, editores. La educación de los profesionales de la
de Janeiro: Editora Fiocruz; 2005. salud em latinoamerica: teoría y práctica de un mo-
2. Machado CV. Direito universal, política nacional: o vimiento de cambio. São Paulo, Buenos Aires, Lon-
papel do Ministério da Saúde na política de saúde drina: Hucitec, Lugar Editorial, Ed. UEL; 1999.
brasileira de 1990 a 2002. Rio de Janeiro: Editora 17. Chaves M, Kisil M. Origens, concepção e desen-
Museu da República; 2007. volvimento. In: Almeida MJ, Feuerwerker L, Lla-
3. Araújo ME, Zilbovicius C. A formação acadêmica nos M, organizadores. A educação dos profissionais
para o trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). de saúde na América Latina: teoria e prática de um
In: Moysés ST, Kriger L, Moysés SJ, coordenado- movimento de mudança. Tomo 1: um olhar analí-
res. Saúde bucal das famílias – trabalhando com tico. São Paulo: Hucitec; 1999. p. 1-16
evidências. São Paulo: Artes Médicas; 2008. 18. Torres OM. Os estágios de vivência no Sistema Único
4. Haddad AE, Morita MC, Pierantoni CR, Brenelli SL, de Saúde: das experiências regionais à (trans)for-
Passarella T, Campos FE. Formação de profissionais mação político-pedagógica do Ver-SUS/Brasil [dis-
de saúde no Brasil: uma análise no período de 1991 sertação]. Salvador: Universidade Federal da Bahia;
a 2008. Rev Saúde Pública 2010; 44(3):383-393. Salvador.
5. Campos FE, Pierantoni CR, Machado MH. Intro- 19. Gonzalez AD, Almeida MJ. Movimentos de mu-
dução. Cadernos RH Saúde 2006; 3(1):8-11. dança na formação em saúde: da medicina comu-
6. Campos FE, Aguiar RAT, Belisário AS. A formação nitária às diretrizes curriculares. Physis 2010;
superior dos profissionais de saúde. In: Giovanella 20(2):551-570.
L, Escorel S, Lobato LVC, Noronha JC, Carvalho 20. Almeida M, Feuerwerker L, Llanos CM, editores.
AI, organizadores. Políticas e sistema de saúde no La educación de los profesionales de la salud em lati-
Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2008. noamerica: teoría y práctica de un movimiento de
7. Pierantoni CR, Viana ALD. Apresentação. In: Pie- cambio.V. 2. São Paulo, Buenos Aires, Londrina:
rantoni CR, Viana ALD, organizadores. Educação e Hucitec, Lugar Editorial, Ed. UEL; 1999.
Saúde. São Paulo: Editora Hucitec; 2010. 21. Teixeira CF, Paim JS. Políticas de formação de re-
8. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS cursos humanos em saúde: conjuntura atual e pers-
nº 198, de 13 de fevereiro de 2004. Institui a Política pectivas. Divulgação em saúde para debate 1996;
Nacional de Educação Permanente em Saúde como (12):19-23.
estratégia do Sistema Único de Saúde para a forma- 22. Oliveira NA, Meirelles RMS, Cury GC, Alves LA.
ção e o desenvolvimento de trabalhadores para o Mudanças curriculares no ensino médico brasilei-
setor dá outras providências. Diário Oficial da União ro: um debate crucial no contexto do promed. Rev
2004; 14 fev. bras educ med 2008; 32(3):333-346.
9. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Ges- 23. Goulart LMHF, Alves CRL, Belisário SA, Abreu
tão do Trabalho e da Educação na Saúde. A educação DMX, Lemos JMC, Massote AW, França MB, Men-
e o trabalho na saúde: a política e suas ações. Brasília: des KF, Silva TAF. Abordagem pedagógica e diver-
MS; 2009. sificação dos cenários de ensino médico: projetos
10. Pierson P. Politics in Time: History, Institutions and selecionados pelo PROMED.. Rev bras educ med 2009;
Social Analysis. Princeton University Press; 2004. 33(4):605-614.
11. Ham C, Hill M. The policy process in the modern 24. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Aprender SUS: O
capitalist State. Hertfordshire: Haverster Wheatsheaf; SUS e os cursos de graduação da área de saúde.
1993. Brasília: MS; 2004.
12. Thelen K, Steinmo S. Historical institutionalism in 25. Ministério da Saúde (MS).Escola Naciona de Saú-
comparative politics. In: Thelen K, Steinmo S, Lon- de Pública (ENSP). Fundação Oswaldo Cruz (Fio-
gstreth F, organizadores. Structuring Politics: histo- cruz)- Rede Unida. Curso de Especialização em
rical institutionalism en comparative analysis. Cam- Ativação de Processos de Mudanças na Formação
bridge: Cambridge University Press; 1992. p.1-32. Superior de Profissionais de Saúde. [relatório fi-
13. Hall PA, Taylor RCR. As três versões do neo-insti- nal]. Rio de Janeiro: EAD, ENSP, Fiocruz-Rede
tucionalismo. Lua Nova 2003; 58:193-223. UNIDA, SGTES, Ministério da Saúde; 2006.
14. Marques E. Notas críticas à literatura sobre Estado, 26. Ceccim RB, Carvalho YM. Ensino da saúde como
políticas estatais e atores políticos. Revista Brasileira projeto da integralidade: a educação dos profissio-
de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais nais de saúde no SUS. In: Pinheiro R, Ceccim RB,
(BIB)1997; 43:67-102. Mattos RA, organizadores. Ensinar Saúde: a inte-
15. Menicucci TMG. Os agumentos analíticos: a pers- gralidade e o SUS nos cursos de graduação na área
pectiva histórica e institucional. In: Menicucci da saúde. 2ª Edição. Rio de Janeiro: IMS, UERJ,
TMG, organizador. Público e privado na política de CEPESQ, Abrasco; 2006.
assistência à saúde no Brasil. Atores, processos e
trajetória. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2007.
1624
Dias HS et al.

27. Koifmann L, Henriques RLM. A experiência da 38. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Edital nº 18 Sele-
pesquisa EnsinaSUS. Trabalho, Educação e Saúde ção para o Programa de Educação pelo Trabalho para
2007; 5(1):161-172. a Saúde - Pet-Saúde. Brasília: MS; 2009.
28. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Ministério da 39. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria Intermi-
Educação. Portaria nº. 2.118, de 3 de novembro de nisterial nº 422, de 3 de março de 2010. Estabelece
2005. Institui parceria entre o Ministério da Educa- orientações e diretrizes técnico-administrativas para
ção e o Ministério da Saúde para cooperação téc- a execução do Programa de Educação pelo Traba-
nica na formação e desenvolvimento de recursos lho para a Saúde – PET Saúde, instituído no âmbito
humanos na área da saúde. Diário Oficial da União do Ministério da Saúde e da Educação. Diário Ofi-
2005; 4 nov. cial da União 2010; 4 mar.
29. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria intermi- 40. Brasil. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Edu-
nisterial n. 2.101, de 3 de novembro de 2005. Insti- cação na Saúde. Portaria nº 4, de 29 de março de
tui o Programa Nacional de Reorientação da For- 2010. Estabelece orientações e diretrizes para a con-
mação Profissional em Saúde - Pró-Saúde - para os cessão de bolsas de iniciação ao trabalho, tutoria
cursos de graduação em Medicina, Enfermagem e acadêmica e preceptoria para a execução do Pro-
Odontologia. Diário Oficial da União 2005; 4 nov. grama de Educação pelo Trabalho para a Saúde -
30. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria intermi- PET-Saúde, instituído no âmbito do Ministério da
nisterial nº 3.019, de 26 de novembro de 2007. Dis- Saúde e do Ministério da Educação. Diário Oficial
põe sobre o Programa Nacional de Reorientação da União 2010; 30 mar.
da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde - 41. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Ministério da
para os cursos de graduação da área da saúde. Diá- Educação (ME). Portaria conjunta nº 3, de 30 de
rio Oficial da União 2008; 23 out. janeiro de 2009. Homologa o resultado do proces-
31. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Ministério da so de seleção dos projetos que se candidataram ao
Educação (ME). Programa Nacional de Reorienta- Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
ção da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: - Pet-Saúde. Diário Oficial da União 2009; 31 jan.
Objetivos, Implementação e Desenvolvimento Po- 42. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Ministério da Edu-
tencial. Brasília: MS, ME; 2007. cação. Portaria conjunta nº 4, de 6 de fevereiro de
32. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS 2009. Altera a homologação do resultado do proces-
nº 1.996 de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as so de seleção dos projetos que se candidataram ao
diretrizes para a implementação da Política Nacio- Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
nal de Educação Permanente em Saúde e dá outras - Pet-Saúde. Diário Oficial da União 2009; 10 fev.
providências. Diário Oficial da União 2007; 22 ago. 43. Brasil. Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação
33. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria conjun- na Saúde. Coordenação PET-Saúde. Projetos. [do-
ta nº 48 de 30 de junho de 2006. Diário Oficial da cumento da Internet].[acessado 2013 abr 27]. Dis-
União 2006; 12 set. ponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saúde/
34. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria nº 1.282, profissional/ visualizar_texto.cfm?idtxt= 32571
de 25 de junho de 2008. Define que os valores pu-
blicados para a implementação do Programa Nacio-
nal de Reorientação da Formação Profissional em
Saúde – Pró-Saúde sejam repassados durante os
exercícios de 2008, 2009 e 2010 aos respectivos Fun-
dos Estaduais e Municipais de Saúde. Diário Oficial
da União 2008; 26 jun.
35. Brasil. Ministério da Saúde (MS). SGTES/MS. [pá-
gina na Internet]. [acessado 2013 abr 27]. Disponí-
vel em: www.portal.saude.gov.br
36. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria intermi-
nisterial nº. 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
- PET – Saúde. Diário Oficial da União 2008; 27 ago.
37. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria intermi-
nisterial nº 421, de 3 de março de 2010. Institui o
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde Artigo apresentado em 20/09/2012
(PET-Saúde) e dá outras providências. Diário Ofi- Aprovado em 31/10/2012
cial da União 2010; 5 mar. Versão final apresentada em 26/11/2012

Você também pode gostar