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ARTIGO ARTICLE
estratégias e instrumentos nos anos 2000
Abstract This paper discusses the national plan- Resumo O artigo enfoca o planejamento nacio-
ning of health policy between 2003 and 2010, in nal da política de saúde de 2003 a 2010, à luz da
the light of the development of state planning in trajetória do planejamento estatal no Brasil e do
Brazil and Lula´s administration. Firstly an his- contexto do Governo Lula. Inicialmente, é traça-
torical overview is presented of the key moments do um histórico dos momentos relevantes para o
for national planning, regarding its effects on planejamento nacional, considerando suas inter-
health care. The governmental context is then faces com a saúde. A seguir, situa-se o contexto
described with a review of the strategies and in- governamental e discutem-se as estratégias e ins-
struments in health planning over recent years. trumentos de planejamento em saúde recentes. A
The methodology involved a bibliographic and metodologia envolveu revisão bibliográfica e aná-
documental review – including the Multi-year lise de documentos – os planos plurianuais, o
Plans, the National Health Plan, the Health Pact Plano Nacional de Saúde, o Pacto pela Saúde e o
and the More Health program – considering their Mais Saúde – considerando o seu propósito, con-
intention, contents and development processes. teúdo e processo de elaboração. Os resultados su-
The results indicate that national health plan- gerem um adensamento do planejamento nacio-
ning has been condensed in order to enable better nal em saúde, visando dar direcionalidade à polí-
direction of the policy. Two key moments in fed- tica. Foram identificados dois momentos no pla-
eral health planning were identified: between 2003 nejamento federal em saúde: entre 2003 e 2006,
and 2006 a managerial and participative line was predominou uma orientação participativa e ge-
followed; between 2007 and 2010, the managerial rencialista; entre 2007 e 2010, a orientação ge-
line was kept allied to an effort to tie health policy rencialista se manteve e houve um esforço de atrelar
to the development model. Despite the advances, a política de saúde ao modelo de desenvolvimen-
health planning has displayed limitations, such to. Apesar dos avanços, o planejamento em saúde
1
Departamento de as: restrictions in health financing, which has expressou limitações como a não regulamentação
Administração e compromised the execution of the plans; failure do financiamento setorial, que tem comprometi-
Planejamento em Saúde,
to tackle structural problems in the health care do a execução dos planos, o escasso enfrentamento
Escola Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca, system; and the fragile territorial organization. de problemas estruturais do sistema de saúde e a
Fundação Oswaldo Cruz. Key words Planning in health care, National fragilidade da lógica territorial.
Rua Leopoldo Bulhões
1.480/715, Manguinhos,
planning, Health policy, Ministry of Health Palavras-chave Planejamento em saúde, Plane-
21041-210 Rio de Janeiro jamento nacional, Política de saúde, Ministério
RJ. cristiani@ensp.fiocruz.br da Saúde
2368
Machado CV et al.
expansão do intervencionismo estatal por meio tuição de 1988 – traduz a tentativa de aproxima-
do planejamento, financiamento e produção por ção entre planejamento de médio prazo e orça-
empresas estatais. No âmbito institucional, res- mento federal, retoma conceitos do enfoque estra-
salte-se a reforma administrativa de 1967, com tégico, expressa a influência do planejamento cor-
criação de novas formas jurídicas, a expansão porativo e a expansão das práticas gerenciais. O
das atribuições do órgão federal de planejamen- núcleo do planejamento passa a ser a definição ex-
to e a criação do Instituto de Pesquisa Econômi- plícita de objetivos para incidir em problemas sele-
ca Aplicada18. Elaboraram-se grandes planos de cionados, com tradução das políticas públicas em
desenvolvimento, sendo que alguns incluíam programas, projetos, indicadores e metas21. Ao fi-
propostas para a saúde19. nal da década, observam-se iniciativas de planeja-
A política de saúde expressou os traços gerais mento mais consistentes, bem como a configura-
do sistema de proteção social em expansão – ção de um “novo intervencionismo regulatório”22.
centralização, fragmentação institucional, priva- No âmbito da saúde, após o reconhecimento
tização14 –, sendo reiterada a divisão entre as ver- constitucional da saúde como direito, a implanta-
tentes previdenciária e de saúde pública. A inexis- ção inicial do Sistema Único de Saúde se deu em um
tência de uma política de saúde unificada dificul- contexto desfavorável à expansão de políticas soci-
tava a afirmação de um planejamento nacional ais universalistas. A condução nacional da política
de saúde. As estratégias e instrumentos de plane- de saúde foi unificada no Ministério da Saúde, cujo
jamento sugeriam uma direcionalidade da polí- modelo de intervenção expressou uma fragilidade
tica adversa à perspectiva do direito, ainda que do planejamento integrado e a preponderância de
tenha havido iniciativas de expansão do acesso estratégias de curto prazo. Apesar de os planos se-
no âmbito previdenciário e em programas espe- rem previstos nas leis da saúde como instrumentos
cíficos do Ministério da Saúde. de gestão das três esferas de governo, durante os
Um quinto momento é a crise do planejamen- anos noventa, o Ministério da Saúde não elaborou
to (1980-1994) relacionada à crise do Estado, ao um plano nacional de saúde que explicitasse o diag-
questionamento do seu papel interventor e às re- nóstico situacional, diretrizes, prioridades e recur-
formas neoliberais. Os planos de desenvolvimen- sos de forma abrangente. Predominaram projetos
to deram lugar aos de estabilização monetária. A por áreas específicas e iniciativas pontuais de coor-
década de noventa foi marcada pela democratiza- denação intergovernamental, com base em priori-
ção e liberalização econômica20. O questionamen- dades ou metas acordadas. Em face da intensidade
to do Estado interventor e a ênfase na descentrali- da descentralização, observou-se a ênfase na regu-
zação e nas privatizações não favoreceram o pla- lação dos sistemas estaduais e municipais, por meio
nejamento nacional integrado e de longo prazo. de normas e portarias federais23.
Ainda assim, a partir de 1995, configura-se um O Quadro 1 resume os momentos históricos
sexto momento, em que a implantação dos pla- relevantes para o planejamento estatal no Brasil
nos plurianuais (PPA) – propostos pela Consti- e suas interfaces com a saúde.
Quadro 1. Trajetória do planejamento estatal no Brasil e interfaces com a saúde no período de 1889 a 2002.
Quadro 1. continuação
continua
2373
1980-1994 Crise do Estado Anos 1980: crise do Anos 1980: Anos 1980: Anos 1980:
Crise do e desenvolvimentismo - III PND (implantação - Expansão - Universalização
planejamento democratização: conservador limitada); fragmentada e gradativa da
estatal - Nova - Ênfase no - Vários planos de reestruturação assistência à
República; controle da estabilização monetária; progressista de saúde;
- Assembléia inflação e - Constituição de 1988: planos algumas - Reconhecimento
Constituinte e estabilização plurianuais (PPA) - políticas do direito à saúde
Constituição de Anos 1990: instrumentos de 1990-1994: e unificação do
1988; hegemonia do planejamento de médio prazo, - Contenção sistema (Sistema
- Governo modelo neoliberal que buscam a articulação entre de gastos Único de Saúde-
Collor (1990- - Predomínio de planejamento e orçamento. sociais; SUS)
1992): políticas de curto Os PPA compreendem - Obstrução à 1990-1994: - Leis
liberalização prazo, controle da diretrizes estratégicas e lógica da Saúde
econômica, inflação, ajuste programas referentes às várias constitucional - Início da
instabilidade e fiscal, abertura políticas; da Seguridade implementação
impeachment; econômica, - PPA 1991-1995: feito para Social do SUS
- Governo privatizações de cumprir exigência - Ênfase na
Itamar (1993- empresas estatais; constitucional – implantação descentralização
1994): Plano Real (1994) limitada, em face da político-
transição. instabilidade política e administrativa
econômica. - Dificuldades no
financiamento
O contexto do governo Lula e o planejamento ção de 45 metas prioritárias pela alta direção de
governo. Destaque-se ainda o projeto “Brasil em
Ainda que o governo Lula não tenha trazido rup- 3 Tempos” (2007, 2015, 2022) que, além de in-
turas radicais no modelo de atuação do Estado, cluir análise situacional, construção de cenários,
é possível identificar elementos de mudança, com busca de soluções estratégicas e monitoramento,
expressão no planejamento. procurava valorizar o plano como processo e a
No plano econômico, no primeiro mandato pactuação nacional29.
(2003-2006), instaurou-se um modelo híbrido, Observa-se também, a partir de 2003, uma
caracterizado pela combinação de mecanismos recomposição de quadros de servidores na ad-
de mercado e forte coordenação estatal. Houve ministração federal30, diferenciada por áreas.
esforços de manutenção da estabilidade associa-
dos à implantação de políticas seletivas de desen-
volvimento industrial e apoio às empresas naci- O planejamento em saúde de 2003 a 2010:
onais. Ressalte-se a revalorização do Banco Na- estratégias e instrumentos
cional do Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), como protagonista de investimentos As estratégias de planejamento em saúde no perí-
voltados para o setor privado, inserido em uma odo tiveram propósitos variados e se expressa-
política de fomento à indústria, à inovação tec- ram em instrumentos de planejamento específi-
nológica e ao comércio exterior24. Em 2007, no cos. A articulação entre planejamento e orçamen-
início do segundo mandato, em face da promes- to se deu, como nos anos noventa, por meio dos
sa de enfatizar as políticas de desenvolvimento, PPA (2004-2007 e 2008-2011). Esses PPA, elabo-
foi lançado o Plano de Aceleração do Crescimen- rados sob um mesmo presidente, apresentaram
to (PAC), um programa que envolve medidas diferenças quanto à orientação da estratégia de
econômicas e investimentos em infraestrutura25. desenvolvimento. Enquanto o primeiro enfatizou
Em relação à proteção social, há autores que a redução da desigualdade e maior inclusão so-
ressaltam continuidades em relação aos anos cial, o segundo apresentou orientação fortemente
noventa26 ou que advertem para a persistência econômica, visando à aceleração do crescimento.
de distorções estruturais e da não integração en- Estas diferenças refletiram na saúde, visto que
tre as políticas da seguridade social, o que preju- os PPA influenciaram, em cada mandato, as es-
dicaria a concretização da universalidade27. Um tratégias e instrumentos de planejamento de ini-
estudo recente identifica diferentes instituciona- ciativa do Ministério da Saúde. O fortalecimento
lidades da política social no período, com um da função planejadora federal, em uma perspec-
momento de transição no primeiro governo e a tiva mais integrada e debatida entre áreas, foi bus-
conformação de uma “institucionalidade neo- cado por meio da construção de um Plano Nacio-
desenvolvimentista” no segundo governo Lula28. nal de Saúde (2004-2007). A valorização da coor-
Em que pesem as controvérsias, observa-se a denação intergovernamental para o alcance de
implantação uma agenda social que tem contri- prioridades da política se traduziu na elaboração
buído para avanços no âmbito da cidadania, des- do Pacto pela Saúde (2006). Por fim, o esforço de
tacando-se as políticas voltadas para os pobres inserção da saúde em um projeto de desenvolvi-
(principalmente o Programa Bolsa Família) e as mento em transformação se expressou na cons-
orientadas para grupos específicos. No entanto, trução do plano Mais Saúde (2008-2011).
persistiu a evolução fragmentada de políticas
sociais, com iniciativas rarefeitas de coordena- O planejamento em saúde
ção governamental, em comparação à complexi- no primeiro governo Lula
dade e ao adensamento institucional das áreas
específicas. O PPA 2004-2007 foi elaborado em um con-
No âmbito do planejamento, a partir de 2003, texto de relativa estabilidade econômica e políti-
foram adotadas iniciativas ligadas ao gabinete ca, com a participação da sociedade civil e esferas
presidencial e à Casa Civil, que deveriam ser con- de governo na definição de objetivos e priorida-
duzidas em conjunto com o Ministério do Pla- des. Tal PPA propunha a integração de políticas
nejamento, Orçamento e Gestão, em articulação de investimento para o crescimento, políticas
com os ministérios setoriais. Uma delas foi a de- sociais e redistribuição de renda, para reduzir as
finição de uma agenda estratégica, que envolveu desigualdades e promover a inclusão social31.
a identificação pelos ministérios de mais de du- O plano estabeleceu cinco dimensões (social,
zentas iniciativas prioritárias e a posterior sele- econômica, regional, ambiental e democrática) e
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indicadores de monitoramento. A adesão aos ter- rias e a resolução de conflitos federativos. Falta
mos substitui os antigos processos de habilita- avançar nos instrumentos de planejamento, re-
ção previstos nas normas operacionais do SUS gulação e financiamento propostos para a con-
como requisito para transferência de responsa- formação de sistemas públicos de saúde regio-
bilidades e recursos. nais em diferentes recortes territoriais.
Ressalte-se que o Pacto pela Saúde representa
uma inflexão na forma de atuação federal e nas O planejamento em saúde
relações federativas no SUS, acentuando a neces- no segundo governo Lula
sidade de cooperação intergovernamental na
política de saúde. Além disso, a concepção de re- O PPA 2008-2011 insere-se num contexto de
gionalização embutida no pacto representa um continuidade de governo e num cenário econô-
“novo ciclo” da descentralização da saúde no mico favorável ao crescimento, que exigia políti-
Brasil35. Ao mesmo tempo em que resgata seu cas de investimento e de expansão econômica. O
conteúdo político, admite que a organização es- plano propõe três eixos estratégicos: crescimen-
pacial do sistema de saúde deva levar em conta a to econômico, com a definição do Programa de
diversidade do território brasileiro e buscar a Aceleração do Crescimento (PAC), educação de
complementaridade entre as regiões. Entretanto, qualidade, com o Plano de Desenvolvimento da
evidenciam-se alguns limites do pacto como um Educação (PDE) e a agenda social.
instrumento de planejamento, de indução e co- Na agenda social, identifica-se a ênfase em
ordenação federal de políticas. políticas de investimento articuladas ao PAC: a
Embora a pactuação federativa seja a princi- Agenda Social priorizará iniciativas voltadas para
pal estratégia e o eixo transversal das proposi- a acessibilidade na habitação de interesse social,
ções do pacto, a base para a elaboração dos com- nos transportes e nas escolas; atendimento de rea-
promissos é a expectativa de solidariedade entre bilitação e concessão de órteses e próteses no Siste-
os entes e não o planejamento nacional, estadual ma Único de Saúde (SUS); educação inclusiva e
ou local. Um dos pontos frágeis da proposta, inserção no mercado de trabalho37.
portanto, é o descolamento entre os processos A orientação para a saúde mantém a tônica
de planejamento e de pactuação intergoverna- na expansão da atenção básica (ampliação das
mental. Isso é evidenciado pela limitada ênfase equipes de saúde da família e saúde bucal), indi-
no diagnóstico, como condição prévia à forma- cando como desafio a melhoria do SUS. O plano
lização de compromissos entre os gestores, pelas difere bastante do PPA anterior, com um diag-
dificuldades de adaptação dos processos de pac- nóstico tímido dos desafios do setor e com pe-
tuação e definição de prioridades a cada realida- quena articulação com outras áreas e políticas de
de situacional36 e pela indefinição das estratégias governo.
e instrumentos para o alcance das metas (inves- Sem dúvida, o eixo mais valorizado do PPA
timentos, incorporação e regulação tecnológica, 2008 é o PAC, lançado no início de 2007 como
garantia de recursos humanos capacitados, pro- marco da busca de um novo modelo de desen-
tocolos de atenção e mecanismos de assegurar o volvimento no segundo governo Lula. No rastro
acesso, entre outros). do PAC, alguns ministérios formularam propos-
Outro aspecto refere-se à relação entre o pro- tas setoriais. O Ministério da Educação lançou o
cesso de celebração dos pactos e o modelo de Plano de Desenvolvimento da Educação no pri-
intervenção federal. Esta relação poderia ser apri- meiro semestre de 2007, possibilitando que este
morada, com maior valorização do planejamen- fosse incluído no PPA.
to nacional, que não se restringe à coordenação Já o Ministério da Saúde, apesar de ter desen-
de um processo “de base local e ascendente”, vis- cadeado o processo de formulação do “PAC-Saú-
to que existem atributos próprios do planeja- de” no primeiro semestre, só conseguiu lançá-lo
mento em cada âmbito territorial. em dezembro de 2007, após a divulgação do PPA.
Por fim, não estão claras as relações entre os O processo de planejamento envolveu a mobili-
processos de regionalização e de celebração dos zação das áreas do ministério para a proposição
pactos, visto que, nas bases atuais, este último de medidas e metas objetivas, sob coordenação
pode ocorrer sem que o primeiro seja de fato da Secretaria Executiva e com o apoio de consul-
fortalecido. Os Colegiados de Gestão Regional, toria externa, bem como a montagem de um sis-
em implantação nas regiões de saúde intraesta- tema de monitoramento.
duais, ainda não apresentam estrutura e recur- O plano, intitulado “Mais Saúde - Direito de
sos que permitam o desenvolvimento de parce- Todos”, destaca em suas diretrizes que a saúde
2377
PNS Promover o cumprimento do Eixos de orientação para a discussão das Processo de construção
2004-2007 direito constitucional à saúde, prioridades nas esferas municipal, estadual envolvendo amplo conjunto
Um pacto pela visando à redução do risco de e regional: de atores:
saúde no agravos e ao acesso universal e 1. Redução das desigualdades em saúde; 1- Seminário com técnicos do
Brasil igualitário às ações para sua 2. Ampliação do acesso com a qualificação MS, CNS, CONASS,
promoção, proteção e e humanização da atenção; CONASEMS, MPOG e outras
recuperação, assegurando a 3. Redução dos riscos e agravos; áreas do governo federal;
equidade na atenção, 4. Reforma do modelo de atenção; 2- Pesquisa junto a
aprimorando os mecanismos 5. Aprimoramento dos mecanismos de participantes da 12ª
de financiamento, gestão, financiamento e controle social. Conferência Nacional de
diminuindo as desigualdades Esta definição de prioridades indica a Saúde para sugestões de
regionais e provendo serviços responsabilidade de cada esfera de governo prioridades e opiniões;
de qualidade, oportunos e e a necessidade de recursos. Exige um 3- Discussão nos colegiados e
humanizados;Indica ambiente de efetiva pactuação entre União, fóruns internos do MS, CIT e
necessidade de uma agenda estados e municípios, na lógica do CNS;
estratégica para a melhoria da estabelecimento de um pacto de gestão, 4- Elaboração de pré-proposta
saúde no país com: com a revisão do processo de gestão e da do plano com base em 12
- revisão do modelo de relação intergestores, afirmando CNS, Projeto Saúde 2004 e
financiamento; compromissos entre gestores e a PPA Governo Federal;
- definição de uma política de responsabilidade sanitária. 5- Nova rodada de discussão
investimento direcionada para dos órgãos e entidades do MS;
a redução das desigualdades no 6- Oficinas de trabalho
Brasil; macrorregionais com técnicos
- efetivação de um pacto de e gestores das três esferas de
gestão entre os gestores das governo na saúde;
três esferas. 7- Proposta encaminhada para
o CNS em agosto de 2004.
continua
2379
continua
Quadro 2. continuação
Estado dos anos noventa. Somente ao final da- As estratégias de planejamento adotadas pelo
quela década, houve uma retomada de estratégi- Ministério da Saúde no período refletiram ele-
as mais consistentes de planejamento estatal, com mentos do contexto geral (a lógica do planeja-
iniciativas também na saúde. mento estatal no país, a conjuntura do governo
No período correspondente ao Governo Lula Lula) e as peculiaridades da saúde (a especifici-
(2003 a 2010), há uma valorização do planeja- dade do campo, a trajetória da política, o modus
mento estatal, que parece influenciar positiva- operandi do Ministério e a orientação política das
mente as iniciativas setoriais de planejamento. gestões ministeriais).
Ressalte-se o desafio de fortalecer o planejamen- Observa-se um adensamento das estratégias e
to nacional em um contexto democrático e fede- instrumentos de planejamento nacional em saúde,
rativo, o que implica debates e formação de con- como uma tentativa de dar direcionalidade à polí-
sensos entre grupos sociais e esferas de governo. tica. O Ministério da Saúde procurou fortalecer o
2381
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