Você está na página 1de 155

Recursos humanos em saúde no Mercosul

Organização Pan-Americana da Saúde

SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros

Organização Pan-Americana da Saúde. Recursos Humanos em Saúde no Mercosul [online]. Rio de


Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1995. 147 p. ISBN 978-85-7541-398-2. Available from SciELO Books
<http://books.scielo.org>.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non
Commercial-ShareAlike 3.0 Unported.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição -
Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada.

Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons
Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.
RECURSOS
HUMANOS
EM SAÚDE
NO MERCOSUL
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
Presidente
Carlos Médici Morel

Vice-Presidente d e Ensino e Informação


Paulo Marchiori Buss

EDITORA FIOCRUZ
Coordenador
Paulo Marchiori Buss

C o n s e l h o Editorial
Carlos E. A. Coimbra )r.
Charles Pessanha
Hooman Momen
José da Rocha Carvalheiro
Luiz Fernando Ferreira
Paulo Gadelha
Paulo M. Buss
Sergio Coes de Paula
Zigman Brener

Coordenador Executivo
Francisco Edmilson M. Carneiro
Organização Panamericana de Saúde
Escritório Regional da OMS
Programa Especial de Desenvolvimento de Recursos Humanos

RECURSOS
HUMANOS
EM SAÚDE
NO MERCOSUL

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE


Copyright © 1995
T o d o s os direitos desta e d i ç ã o reservados à
EDITORA FIOCRUZ

I S B N : 85-85676-19-1

Revisão Técnica:
Célia Regina Pierantoni
Mário Roberto Dal Poz
Paulo Marchiori Buss

Capa:
Ilustração: Jaguar
D e s i g n : Carlos Prósperi

P r o j e t o G r á f i c o : Heloisa Diniz
E d i t o r a ç ã o E l e t r ô n i c a : Marilene Cardoso
R e v i s ã o : Marcionílio Cavalcanti de Paiva

C a t a l o g a ç ã o na F o n t e
C e n t r o d e Informação Científica e Tecnológica
B i b l i o t e c a L i n c o l n d e Freitas Filho

O 68r Organização Pan-Americana da Saúde


Recursos H u m a n o s e m Saúde no Mercosul/Organização
Pan Americana da Saúde.
Rio d e Janeiro: Fiocruz, 1995.

1 4 7 p. t a b .

1 . R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e - Brasil. 2. R e c u r s o s H u m a -
nos e m S a ú d e - Paraguai.
3. R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e - A r g e n t i n a . 4. R e c u r s o s
H u m a n o s e m Saúde - Uruguai.
I. T í t u l o .
C D D - 2 0 . ed. -331.11913621

1995
EDITORA FIOCRUZ
Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos
2 1 0 4 1 - 2 1 0 - R i o d e J a n e i r o - RJ
T e l . : 5 9 0 - 3 7 8 9 r. 2 0 0 9
Fax.: ( 0 2 1 ) 2 8 0 - 8 1 9 4
AUTORES

• Alícia Arnau, Consultora Temporária da Organização Panamericana d e


Saúde, Paraguai.

• Mônica C. Abramzón, Professora da Universidade d e B u e n o s Aires,


Argentina.

• Pedro Brito, C o n s u l t o r d o P r o g r a m a E s p e c i a l d e D e s e n v o l v i m e n t o d e
Recursos H u m a n o s da O P A S , Washington/USA.

• Francisco Eduardo de Campos, Consultor d o Programa Especial d e


Desenvolvimento d e Recursos H u m a n o s da O P A S , W a s h i n g t o n / U S A .

• Mário Roberto Dal Poz, P r o f e s s o r d o Instituto d e M e d i c i n a S o c i a l d a


U E R J , Brasil.

• José Roberto Ferreira, C h e f e d o Programa Especial d e D e s e n v o l v i m e n t o


d e Recursos H u m a n o s da O P A S , W a s h i n g t o n / U S A .

• Célia Pierantoni, P e s q u i s a d o r a d o Instituto d e M e d i c i n a S o c i a l d a U E R J ,


Brasil.

• Félix Rigoli, D i r e t o r d o C e n t r o A s s i s t e n c i a l d o S i n d i c a t o d o s M é d i c o s ,
Uruguai.

• Rodolfo H. Rodríguez, C o o r d e n a d o r d o C e n t r o d e Estudos d e Recursos


H u m a n o s para a S a ú d e d o C o n s e l h o d e M é d i c o s d e C ó r d o b a ,
Argentina.

• Joaquin Serra, Uruguai.

• Milagros Sugo, Uruguai.

• Tereza Christina Varella, Enfermeira d o I N A M P S e Pesquisadora d o


Instituto d e M e d i c i n a S o c i a l d a U E R J , Brasil.
Sumário

Mercosul: u m Processo d e Integração


Rodolfo H. Rodriguez 9

O C a m p o dos Recursos H u m a n o s e m Saúde no Mercosul


Francisco Campos, Pedro Brito e Félix Rigoli 31

Argentina: Situação dos Recursos H u m a n o s e m S a ú d e


Mônica C. Abramzón 47

Estudo d e C o n d i ç õ e s d e F o r m a ç ã o e Exercício Profissional e m S a ú d e n o


Brasil
Mario Dal Poz e Tereza Christina Varella 75

Formação e M e r c a d o de Trabalho de Algumas Categorias


Profissionais d e S a ú d e n o U r u g u a i
Félix Rígoli, Milagros Sugo e Joaquin Serra, 107

Paraguai: Situação da F o r m a ç ã o e M e r c a d o d e Trabalho na Á r e a da S a ú d e


Alícia Arnau e Célia Pierantoni 127

Anexos 143

Tratado para a Constituição d e u m M e r c a d o C o m u m entre a Argentina,


o Brasil, o P a r a g u a i e o U r u g u a i - T r a t a d o d e A s s u n ç ã o 143

Regulamento da Comissão Parlamentar Conjunta d o Mercosul 149


MERCOSUL:
UM PROCESSO DE INTEGRAÇÃO
Rodolfo H. Rodríguez

ANTECEDENTES

E m 1 9 8 6 , o s p r e s i d e n t e s d o Brasil e d a A r g e n t i n a d e r a m i n í c i o a um
processo d e integração entre a m b o s os países, nos planos político, e c o n ô m i -
c o e s o c i a l . L o g o e m s e g u i d a , o U r u g u a i e , f i n a l m e n t e , o P a r a g u a i , solicita-
ram participação no m e n c i o n a d o processo.
D e s d e e n t ã o foi p e r c o r r i d o u m l o n g o c a m i n h o , q u e s e m d ú v i d a já r e -
sultou e m b e n e f í c i o s c o n c r e t o s p a r a o s p a í s e s - m e m b r o s .
O p r i m e i r o e f e i t o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o foi a m o d i f i c a ç ã o d a s hi-
póteses de conflitos sub-regionais. A repercussão dessa m u d a n ç a f u n d a m e n -
tal n a s políticas d e d e f e s a p e r m i t i u , p o r e x e m p l o , u m a a s s o c i a ç ã o e s t r a t é g i c a
e n t r e a E M B R A E R ( f á b r i c a brasileira d e a v i õ e s ) e a f á b r i c a militar d e a v i õ e s d a
Argentina. A nova concepção no tratamento dos problemas geopolíticos,
por parte das e m p r e s a s hidroelétricas e m c o m u m , facilitou o a c e s s o a o c r é -
dito i n t e r n a c i o n a l p a r a o p r o s s e g u i m e n t o d o s p r o j e t o s d e Y a c i r e t á A p i p e e
outras grandes obras.
O p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o e c o n ô m i c a n o c a m p o d a indústria a u m e n t o u
s i g n i f i c a t i v a m e n t e o v o l u m e d o i n t e r c â m b i o c o m e r c i a l sub-regional e facili-
tou a implantação d e projetos c o m financiamento privado binacional para a
p r o d u ç ã o d e bens comercializáveis c o m outros países.
Paralelamente, a s o l u ç ã o d o impasse d e fronteiras entre A r g e n t i n a e
C h i l e c o m r e l a ç ã o a o C a n a l d e B e a g l e e o a d v e n t o d a d e m o c r a c i a n e s t e últi¬
m o p a í s - e t a m b é m n o P a r a g u a i - v i a b i l i z a r a m o t r a t a m e n t o sub-regional d e
diversos temas arquivados durante anos.
D o s d i v e r s o s p r o t o c o l o s a s s i n a d o s e n t r e o Brasil e a A r g e n t i n a v i s a n d o
facilitar o i n t e r c â m b i o d e b e n s e s e r v i ç o s , destaca-se o d e n . 1 4 . P o r suas
o

características, esse d o c u m e n t o p o d e ser c o n s i d e r a d o o precursor d o Trata-


do MERCOSUL.

O TRATADO MERCOSUL
E m 2 6 d e m a r ç o d e 1 9 9 1 , n a c i d a d e d e A s s u n ç ã o , capital d a R e p ú b l i c a
d o Paraguai, o s Presidentes d o s quatro países d e r a m u m passo decisivo para
a s s e g u r a r a c o n t i n u i d a d e d e s s e p r o c e s s o , c o m a assinatura d o T R A T A D O P A R A
A CONSTITUIÇÃO DE U M MERCADO COMUM entre os quatro países, deixando

a b e r t a a possibilidade (Art. 2 0 ) d a i n c o r p o r a ç ã o d e outros países q u e f a ç a m


parte da A L A D I ! 1 .
N a c o n v i c ç ã o d e q u e o p r o c e s s o i n i c i a d o terá u m a p r o f u n d a r e p e r c u s -
s ã o e m v á r i o s n í v e i s - n a s r e l a ç õ e s e n t r e o s signatários e e n t r e e s s e s e o u -
tros p a í s e s , n a s p o s i ç õ e s c o n j u n t a s a s e r e m d e s e n v o l v i d a s e m f o r o s i n t e r n a -
cionais, n o estabelecimento d o s modelos d e desenvolvimento e m cada na-
ç ã o e na e l e v a ç ã o d o nível e da qualidade d e vida d o s p o v o s da região -, a
O P A S , p o r iniciativa d e seu Diretor, decidiu participar a t i v a m e n t e d o p r o c e s s o
d e integração, n o c a m p o d e sua c o m p e t ê n c i a t é c n i c a ! 2 .
O p r e s e n t e d o c u m e n t o d e t r a b a l h o p r e t e n d e f a z e r u m a a n á l i s e d o tra-
t a d o d e i n t e g r a ç ã o d o M E R C O S U L e d e seus efeitos diretos e indiretos sobre o
s e t o r S a ú d e , tal c o m o a p o s s i b i l i d a d e d e a c e s s o d o s p a í s e s - m e m b r o s à c o o -
p e r a ç ã o técnica e d e intercâmbio entre eles.
D e v i d o às características d a dinâmica d e integração e a o cronograma
d e t e r m i n a d o pelos países, o presente d o c u m e n t o focaliza o c a m p o d o s R e -
cursos H u m a n o s para a S a ú d e , principalmente p o r q u e nessa área surgirão as
p r i m e i r a s a ç õ e s e r e a ç õ e s setoriais e m r e l a ç ã o a o M E R C O S U L .

ANÁLISE D O TRATADO

Objetivos
O principal objetivo é a constituição d e u m M E R C A D O C O M U M que de-

verá estar e m p l e n o f u n c i o n a m e n t o e m 31 d e d e z e m b r o d e 1994.


A d a t a e s c o l h i d a t e m i m p l i c a ç õ e s p o l í t i c a s e t é c n i c a s . A s políticas v i -
sam assegurar q u e a totalidade d o período d e constituição desse M e r c a d o
C o m u m c o i n c i d a c o m o m a n d a t o d a s atuais a d m i n i s t r a ç õ e s , p r i n c i p a l m e n t e

1 A República da Bolívia solicitou sua adesão, e m virtude dessa cláusula.

2 G u e r r a d e M a c e d o , Carlyle: M e n s a g e m d o Diretor, OPAS, W a s h i n g t o n D C , 1992.


n o s c a s o s d o Brasil e d a A r g e n t i n a ! Além d a p r o p a g a n d a p o l í t i c a , a e s c o l h a
d e s s a d a t a p r e t e n d e a s s e g u r a r a u n i d a d e d e critérios, g a r a n t i n d o a s s i m o s u -
c e s s o d o T r a t a d o . D o p o n t o d e vista t é c n i c o , e l a c o i n c i d e c o m a l g u m a s d a -
tas já e s t a b e l e c i d a s n o q u a d r o d a A L A D I p a r a o d e c r é s c i m o d o s n í v e i s d e p r o -
t e ç ã o - tarifas e i m p o s t o s - s o b r e c e r t o s i n s u m o s e e m a l g u n s a c o r d o s f i r m a -
d o s n a r e u n i ã o d o GATT n o U r u g u a i .

Implicações

S ã o basicamente d e quatro tipos:

a) L i v r e c i r c u l a ç ã o d e b e n s , serviços e insumos para a p r o d u ç ã o entre o s


países, a t r a v é s d a e l i m i n a ç ã o d o s d i r e i t o s a d u a n e i r o s e d a s restrições não
tarifárias, entre outros procedimentos.

b) E s t a b e l e c i m e n t o d e u m a tarifa c o m u m n o i n t e r c â m b i o c o m países ou
a g r u p a m e n t o d e países n ã o e n v o l v i d o s e a c o o r d e n a ç ã o d e p o s i ç õ e s e m
foros econômico-comerciais regionais e internacionais.

c) C o o r d e n a ç ã o d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s e setoriais n o s c a m p o s do
c o m é r c i o exterior, d a agricultura, d a indústria, d a p o l í t i c a fiscal, m o n e t á -
ria, c a m b i a l e a l f a n d e g á r i a , d e t r a n s p o r t e s e c o m u n i c a ç õ e s e d e outros
campos a serem decididos.

d) C o o r d e n a ç ã o legislativa p a r a a h o m o g e n e i z a ç ã o d o D i r e i t o , v i s a n d o for-
talecer o processo d e integração.

E m b o r a o texto sofra f o r t e i n f l u ê n c i a d o s a s p e c t o s e c o n ô m i c o s d a i n t e -
g r a ç ã o , e l e c o n t é m i n t e r e s s a n t e s itens d e c a r á t e r p o l í t i c o , tais c o m o a c o o r -
d e n a ç ã o d e p o s i ç õ e s d e países fora d o tratado e outros m e r c a d o s c o m u n i t á -
rios e a c o o r d e n a ç ã o d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s . Isso i m p l i c a n e c e s s a r i a -
m e n t e n o e s t a b e l e c i m e n t o d e n o v o s a c o r d o s d e natureza política, q u e certa-
m e n t e b e n e f i c i a r ã o as p o p u l a ç õ e s d o s p a í s e s signatários d o T r a t a d o .
D o p o n t o d e vista d o s e t o r s a ú d e , a partir d e u m a v i s ã o m o d e r n a e i n -
tegral d o m e s m o , a i n c l u s ã o d o c o n c e i t o serviços e n t r e o s p r o d u t o s d e inter-
c â m b i o e a e l i m i n a ç ã o d a s r e s t r i ç õ e s tarifárias ( c o m a c o n s e q ü e n t e r e a v a l i a -
ç ã o d a s n ã o tarifárias) p r e s s u p õ e m a a b e r t u r a d e u m c a m p o d e a t i v i d a d e d e
p r o p o r ç õ e s interessantes.
O m e s m o o c o r r e n o q u e se refere à c o o r d e n a ç ã o d e políticas setoriais,
por força d o c o n c e i t o abrangente da expressão "e outros c a m p o s a s e r e m
decididos".

3 O Presidente da República Federativa d o Brasil, Itamar Franco, por exemplo, e m seu discur-
so ao Congresso N a c i o n a l , comprometeu-se c o m a continuidade dos trabalhos e, p o u c o s
dias depois d e sua posse, c o m p a r e c e u à reunião d e rotina dos Presidentes d o Tratado M e r ¬
cosul.
F i n a l m e n t e , n o c a m p o d o D i r e i t o , a r e v i s ã o legislativa e a c r i a ç ã o d e
n o v o s foros d e c o o r d e n a ç ã o interparlamentar geram u m ambiente suma-
m e n t e fértil p a r a a c o n t i n u i d a d e d o p r o j e t o D e m o c r a c i a e S a ú d e , q u e fora
4

iniciado e m 1990 pela O P A S e pela O E A (ver o Art. 24 d o Tratado.).

Fundamentação

O M e r c a d o C o m u m d o C o n e Sul t e m c o m o base a reciprocidade d e


direitos e o b r i g a ç õ e s entre os países-membros.

A s Etapas

O T r a t a d o p r e v ê d u a s e t a p a s : a p r i m e i r a t r a n s c o r r e e n t r e a assinatura
d o m e s m o e o dia 31 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 , e a segunda c o m e ç a e m 1 o
de
janeiro de 1995.
D u r a n t e a primeira etapa, d e n o m i n a d a "etapa d e transição", o a c o r d o
p r e v ê a a d o ç ã o d e u m R e g i m e G e r a l d e O r i g e m q u e e s t a b e l e c e as b a s e s
para o início das a ç õ e s , u m Sistema d e S o l u ç ã o d e Controvérsias e u m c o n -
j u n t o d e C l á u s u l a s d e S a l v a g u a r d a - e s t a s últimas p a r a d a r e s p a ç o a a l g u n s
r e g i m e s a l f a n d e g á r i o s v i g e n t e s e p e r m i t i r o ingresso d o U r u g u a i e d o P a r a -
guai n o Tratado.
A s e g u n d a e t a p a terá início n o p r i m e i r o dia d o a n o d e 1 9 9 5 e será
c a r a c t e r i z a d a p e l a p l e n a v i g ê n c i a d o c o n c e i t o d e livre m e r c a d o e m sua
a c e p ç ã o mais ampla (ver adiante).
Esse c o n j u n t o d e n o r m a s t e m especial valor t é c n i c o por estabelecer o s
p e r c e n t u a i s a n u a i s d o d e c r é s c i m o d e i m p o s t o s q u e será l e v a d o a c a b o p e l o s
p a í s e s - m e m b r o s , definir c o m c l a r e z a o q u e é u m " p r o d u t o n a c i o n a l " , d e t e r m i -
n a r m a i o r p r a z o ( 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 5 ) p a r a a i n t e g r a ç ã o definitiva d o
U r u g u a i e d o P a r a g u a i , e s t a b e l e c e r as p o s i ç õ e s d o s registros d e produtos
q u e terão sua p r o t e ç ã o preservada até d e t e r m i n a d o grau etc.

O s Instrumentos

O tratado estabelece:

a) Um P r o g r a m a d e L i b e r a ç ã o C o m e r c i a l q u e c o n s i s t e n a r e d u ç ã o linear,
a u t o m á t i c a e p r o g r e s s i v a d e t o d a s as r e s t r i ç õ e s tarifárias e n ã o tarifárias,
v i s a n d o c h e g a r a o t é r m i n o d a p r i m e i r a e t a p a c o m tarifa z e r o p a r a a totali-
d a d e d o s b e n s , d o s serviços e dos produtos que forem comercializados
entre os países-membros.

4 O projeto D e m o c r a c i a e S a ú d e consistiu na reunião d e parlamentares d e diferentes países


para a discussão d e uma agenda c o m u m , d e temas vinculados à questão da saúde. N o â m -
bito d o M e r c o s u l , realizou-se e m Brasília (1991), sob os auspícios da OPAS, uma primeira reu-
nião d e parlamentares argentinos e brasileiros visando a análise d e posições conjuntas a res-
peito d e patentes d e medicamentos.
b) U m Programa C o n v e r g e n t e d e C o o r d e n a ç ã o d e Políticas M a c r o e c o n ô m i -
cas.

c) U m a c o r d o d e tarifa e x t e r n a e m c o m u m .

d) Um sistema de adoção de acordos multilaterais de caráter setorial .


5

A Administração

O T r a t a d o institui d o i s g r a n d e s ó r g ã o s p a r a a a d m i n i s t r a ç ã o d o a c o r d o :

a) o C O N S E L H O D O M E R C A D O C O M U M , a o qual c a b e a c o n d u ç ã o política e a

t o m a d a d e d e c i s õ e s p a r a assegurar o c u m p r i m e n t o d o s o b j e t i v o s e p r a -
zos estabelecidos. É integrado pelos Ministros d a E c o n o m i a e das R e l a ç õ -
es Exteriores d o s p a í s e s - m e m b r o s , e reunir-se-á s e m p r e q u e n e c e s s á r i o .
A l é m disso, h á u m a r e u n i ã o a n u a l c o m a p r e s e n ç a d o s S r s . P r e s i d e n t e s
dos respectivos G o v e r n o s .

b) o G R U P O M E R C A D O C O M U M , q u e é o Ó r g ã o Executivo e será coordenado

p e l o s M i n i s t é r i o s d a s R e l a ç õ e s Exteriores. E l e e x e c u t a a s d e c i s õ e s t o m a -
das pelo Conselho, dispõe sobre as normas e medidas para assegurar o
cumprimento d o programa d e liberação comercial, a c o o r d e n a ç ã o d e p o -
líticas m a c r o e c o n ô m i c a s e a n e g o c i a ç ã o d e acordos c o m países não-
m e m b r o s . D e l e d e p e n d e r ã o os subgrupos d e trabalho criados p o r força
d o A n e x o 5 d o tratado.

Esse ó r g ã o é i n t e g r a d o p o r q u a t r o m e m b r o s titulares e q u a t r o s u p l e n t e s
( d e c a d a país), c o m r e p r e s e n t a ç ã o d e : M i n i s t é r i o d a s R e l a ç õ e s Exteriores,
Ministério da E c o n o m i a - o u equivalente - e B a n c o Central. Conta, ainda,
c o m u m a Secretaria Administrativa sediada na cidade d e M o n t e v i d é u , q u e
está f u n c i o n a n d o d e s d e 1 9 9 2 .
O A r t i g o 2 4 , p o r s u a v e z , a n u n c i a a i n t e n ç ã o d e c o n s t i t u i r u m a Comis-
são Parlamentar Conjunta do Mercosul, c o m o o b j e t i v o d e facilitar a i m p l e -
mentação do mesmo.
O Tratado é integrado p o r u m conjunto d e anexos, entre o s quais vale
destacar o n o
5, q u e cria o s s u b g r u p o s d e t r a b a l h o d e n t r o d o â m b i t o d o
G R U P O M E R C A D O C O M U M . S ã o 11 c o m i s s õ e s , q u e t e r ã o a s e u c a r g o a c o o r d e -

n a ç ã o d a s políticas m a c r o e c o n ô m i c a s e setoriais. S ã o e l a s :

5 Este ponto adquire importância fundamental c o m o sustentação jurídica d o s a c o r d o s q u e se


estabeleçam entre as instituições d o setor saúde.
Subgrupo 1 Assuntos Comerciais

Subgrupo 2 Assuntos Alfandegários


Subgrupo 3 Normas Técnicas

Subgrupo 4 P o l í t i c a Fiscal e M o n e t á r i a
Subgrupo 5 Transporte Terrestre
Subgrupo 6 Transporte Marítimo
Subgrupo 7 P o l í t i c a Industrial e T e c n o l ó g i c a
Subgrupo 8 Política Agrícola
Subgrupo 9 Política Energética
S u b g r u p o 10 C o o r d e n a ç ã o d e Políticas M a c r o e c o n ô m i c a s

S u b g r u p o 11 R e l a ç õ e s Trabalhistas

P e l a p r ó p r i a n a t u r e z a d o s a s s u n t o s , o s s u b g r u p o s 3, 5, 7 e 8 t ê m c o m -
p o n e n t e s específicos, q u e exigem a participação técnica d o setor saúde. N o
â m b i t o d o S u b g r u p o 3 já f o r a m i n i c i a d a s as a t i v i d a d e s , c o m a colaboração
da OPAS . 6

O S u b g r u p o 11 t e m p a r t i c u l a r i m p o r t â n c i a n o c a m p o d o s R e c u r s o s H u -
m a n o s . Entre outros temas, ele se o c u p a das relações coletivas e individuais
d e t r a b a l h o , d a livre c i r c u l a ç ã o d e t r a b a l h a d o r e s , d a f o r m a ç ã o p r o f i s s i o n a l ,
d o r e c o n h e c i m e n t o d e h a b i l i t a ç ã o p r o f i s s i o n a l (títulos e d i p l o m a s ) e d e t u d o
q u e for relativo à S e g u r i d a d e Social.

EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS SOBRE O SETOR S A Ú D E

A n t e s d e e s t u d a r m o s os efeitos e c o n s e q ü ê n c i a s q u e o processo d e in-


t e g r a ç ã o terá e m n í v e l s e t o r i a l , b e m c o m o as c o n t r i b u i ç õ e s q u e o p r ó p r i o s e -
tor p o d e dar a o processo d e integração, é necessário examinar a d i m e n s ã o
q u e d a m o s n e s t e d o c u m e n t o a o c o n c e i t o "setor s a ú d e " e s u a r e l a ç ã o c o m o
processo de desenvolvimento.
E m s u a a c e p ç ã o estrita, c o s t u m a - s e identificar o setor s a ú d e c o m o o
c o n j u n t o d e recursos h u m a n o s , materiais e e c o n ô m i c o s q u e a sociedade
d e s t i n a p r i n c i p a l m e n t e à a t e n ç ã o d e suas d o e n ç a s e , e m m e n o r e s c a l a , à
p r e v e n ç ã o d a s m e s m a s . S o b e s s e p o n t o d e vista, existe u m a c e r t a c o r r e s p o n -
d ê n c i a e n t r e o s e t o r e o s d e n o m i n a d o s " s e r v i ç o s d e s a ú d e " , seja q u a l for a
natureza e a a ç ã o dos m e s m o s .
M a i s ainda: e m muitos países, o setor s a ú d e ainda é identificado c o m o

6 C o m o a p o i o técnico e financeiro das representações da OPAS no Brasil e na Argentina, hou-


v e uma intensa c o l a b o r a ç ã o na primeira etapa d e conciliação d e normas sanitárias entre os
dois países.
o sistema d e q u e o E s t a d o d i s p õ e p a r a a a t e n ç ã o a o s d o e n t e s . E m b o r a e s s a
concepção esteja s e m o d i f i c a n d o rapidamente, ainda subsiste, particular-
mente entre aqueles q u e têm c o m o função o planejamento e c o n ô m i c o do
d e s e n v o l v i m e n t o , u m a v i s ã o f u n d a m e n t a l m e n t e assistencialista d o setor, c o m
t e n d ê n c i a a tratá-lo d e f o r m a d e s a g r e g a d a e a i g n o r a r a n a t u r e z a c o m p l e x a e
multifacetada d o c o n h e c i m e n t o e das c a p a c i d a d e s nele enraizadas.
É n o s s a r e s p o n s a b i l i d a d e a d v e r t i r s o b r e as c o n s e q ü ê n c i a s d e s s a c o n c e i ¬
t u a ç ã o restrita, g e r a n d o n o s s a s p r ó p r i a s iniciativas e a s s u m i n d o a t i t u d e s ati-
v a s q u e m o s t r e m c o e s ã o setorial e c l a r e z a d e o b j e t i v o s .
P a r a isso, será n e c e s s á r i o q u e as i n s t â n c i a s s u p e r i o r e s d a d i r e ç ã o s e t o -
rial, e m nível d o s p a í s e s , a s s u m a m c o m f i r m e z a s e u p a p e l e r e c l a m e m u m e s -
p a ç o d e m a i o r r e l e v â n c i a na d i s c u s s ã o e na t o m a d a d e d e c i s õ e s s o b r e a s -
p e c t o s a p a r e n t e m e n t e extra-setoriais, p o r é m i m p o r t a n t e s , p o i s a t i n g e m a si-
t u a ç ã o da s a ú d e .
A C o n f e r ê n c i a Sanitária P a n a m e r i c a n a , e m sua r e u n i ã o d e s e t e m b r o d e
1 9 9 0 , a p r o v o u as n o v a s " O r i e n t a ç õ e s Estratégicas e P r i o r i d a d e s d e P r o g r a m a
para a O P A S n o q u a d r i ê n i o 1991-94", d e n t r e as q u a i s destaca-se, c o m o e i x o
c e n t r a l , a c o l o c a ç ã o d a Saúde no Processo de Desenvolvimento . 7

Ali se enfatiza a n e c e s s i d a d e d e r e d i m e n s i o n a r o p e n s a m e n t o e a a ç ã o
n o c a m p o d a s a ú d e , t a n t o e m r a z ã o d a estreita i n t e r d e p e n d ê n c i a e n t r e s a ú -
d e e d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o , c o m o pela contribuição q u e o setor p o d e le-
var a o progresso social d o s p o v o s da região.
O setor s a ú d e p o d e :

a) C o n t r i b u i r na b u s c a d a p a z e na r e d u ç ã o d a v i o l ê n c i a .

b) P r o m o v e r a integração e c o o p e r a ç ã o entre os países.

c) Fomentar a participação da cidadania responsável no processo d e gera-


ç ã o d e m e l h o r e s n í v e i s d e bem-estar s o c i a l .

d) P r o p i c i a r m a i o r e s níveis d e i g u a l d a d e n a i n s t r u m e n t a l i z a ç ã o d a s e s t r a t é -
gias políticas e e c o n ô m i c a s p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o , l u t a n d o p a r a q u e a
m o d e r n i z a ç ã o d o E s t a d o i m p l i q u e na r e s p o n s a b i l i d a d e d e a s s e g u r a r à p o -
pulação a provisão de serviços d e saúde a d e q u a d o s , e compatibilizar os
processos d e desenvolvimento c o m o necessário respeito a o m e i o a m -
biente.

e) P r o m o v e r , na o p i n i ã o p ú b l i c a e e m t o d o o e s p e c t r o p o l í t i c o , u m a m b i e n -
te f a v o r á v e l a o p r o c e s s o d e t r a n s f o r m a ç ã o d o s i s t e m a d e s e r v i ç o s d e s a ú -
d e , tornando-os m a i s e f i c a z e s e e f i c i e n t e s e c o m m a i o r e s n í v e i s d e i g u a l -
dade.

7 O r g a n i z a ç ã o Panamericana d e S a ú d e : " O r i e n t a ç õ e s Estratégicas e Prioridades d e P r o g r a m a


1991/1994". OPAS, W a s h i n g t o n D C , 126 págs., 1 9 9 1 .
f) P r o p i c i a r a r e o r g a n i z a ç ã o d o s e t o r p a r a adequá-lo às n o v a s m o d a l i d a d e s
de desenvolvimento,

g) A m p l i a r o e s p e c t r o d e r e l a c i o n a m e n t o s intra e extra-setoriais, s o m a n d o a
v o n t a d e p o l í t i c a e o s r e c u r s o s d o s d i f e r e n t e s p r o t a g o n i s t a s p ú b l i c o s e pri-
v a d o s , e m b u s c a d e m e l h o r e s níveis d e s a ú d e para a p o p u l a ç ã o .

h) C o n t r i b u i r p a r a o f o r t a l e c i m e n t o d a d e m o c r a c i a , e s c l a r e c e n d o o s limites
d o d i r e i t o d o c i d a d ã o e c o n t r i b u i n d o p a r a a satisfação d a s n e c e s s i d a d e
sociais.

Estes e o u t r o s c o n c e i t o s o f e r e c e m u m r e f e r e n c i a l i n d i s p e n s á v e l n a h o r a
d e analisar o s e f e i t o s p o t e n c i a i s d o M E R C O S U L n a s r e l a ç õ e s e n t r e países n o
âmbito d o setor saúde.
I d e n t i f i c a m o s três n í v e i s d e i m p a c t o :

a ) Nível Político

O T r a t a d o M E R C O S U L g e r a u m c o n j u n t o d e c o m p r o m i s s o s e n t r e o s paí-
ses s i g n a t á r i o s q u e d e v e ser a p r o v e i t a d o p a r a c o l o c a r e m v i g ê n c i a a iniciati-
v a s u b - r e g i o n a l , a t é a g o r a d e difícil v i a b i l i z a ç ã o .
8

E m b o r a o s p r i n c i p a i s e n v o l v i d o s p a r e ç a m ser o s M i n i s t é r i o s d a S a ú d e
( p a r t i c u l a r m e n t e e m s e u p a p e l r e g u l a d o r ) , abre-se u m e s p a ç o e x t r a o r d i n á r i o
para a participação da Seguridade Social, das universidades, das sociedades
p r o f i s s i o n a i s , d a s e m p r e s a s p ú b l i c a s e p r i v a d a s d o setor, d o s P a r l a m e n t o s , d a
esfera judicial e das próprias agências d e c o o p e r a ç ã o internacionais que
o p e r a m nos diferentes países.
P e l o grau d e c o m p r o m i s s o político assumido p o r outras áreas (Ministé-
rios d a E c o n o m i a e d a s R e l a ç õ e s Exteriores) n o t e r r e n o c o n c r e t o d a instru-
m e n t a l i z a ç ã o d a s a ç õ e s , abriu-se u m e s p a ç o d e t r a b a l h o n o interior d o s g o -
v e r n o s e m q u e a saúde p o d e - por necessidade técnica - ampliar seu c a m -
p o d e p a r t i c i p a ç ã o d e n t r o d o q u e d e f i n i m o s c o n c e i t u a l m e n t e c o m o "setor" e
suas v i n c u l a ç õ e s c o m o processo d e d e s e n v o l v i m e n t o .
M e s m o tratando-se d e u m a c o r d o e n t r e g o v e r n o s , d e n a t u r e z a e m i n e n -
t e m e n t e p ú b l i c a , e l e e x i g e a s o m a d a s v o n t a d e s n a c i o n a i s p ú b l i c a s e priva-
d a s p a r a s e u f o r t a l e c i m e n t o e sua c o n t i n u i d a d e . A s s i m , abre-se t a m b é m a q u i
u m e s p a ç o para o desenvolvimento d e O N G S d e natureza e c o m p o s i ç ã o va-
riadas, o n d e o s interesses da s o c i e d a d e , a c i m a das circunstâncias d o m o -
m e n t o político, a c o m p a n h e m e fortaleçam o processo d e integração, não

8 A iniciativa C o n e Sul, promovida pela OPAS no quadro da estratégia d e c o o p e r a ç ã o entre


países, é u m conjunto c o o r d e n a d o d e a ç õ e s e m saúde entre os países da sub-região (Argen-
tina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, c o m o acréscimo da Bolívia). A t é o presente foi orga-
nizada u m a agenda c o m u m e u m conjunto d e intervenções setoriais — imunizações, saúde
nas fronteiras etc. O s Ministros da S a ú d e e os grupos técnicos dos países signatários reú-
nem-se regularmente para c o o r d e n a r suas políticas e programas d e saúde.
apenas nos aspectos comerciais (de mercado), mas t a m b é m nos aspectos
m a i s a m p l o s d a política s o c i a l .
F i n a l m e n t e , e m b o r a o t r a t a d o e s t e j a restrito a o s p a í s e s s i g n a t á r i o s , v á -
rios d e s e u s e f e i t o s f a r ã o c o m q u e o C h i l e e a B o l í v i a m a n i f e s t e m i n t e r e s s e
e m participar d e l e . Esse a s p e c t o d e v e ser l e v a d o e m c o n t a na á r e a d a S a ú d e ,
c o m o a p r o v e i t a m e n t o , inclusive, d e certas conjunturas q u e d e m o n s t r e m a
n e c e s s i d a d e i m p e r i o s a d a c o o p e r a ç ã o e n t r e todos o s p a í s e s d a sub-região -
c o m o , por exemplo, a eclosão d o cólera.

b ) Nível Técnico

N e s t e nível, o i m p a c t o nasce, e m grande parte, d o próprio tratado, n o


q u e s e refere à c o n f i g u r a ç ã o e às r e s p o n s a b i l i d a d e s d o s s u b g r u p o s d o G R U -
P O M E R C A D O C O M U M . M a s será t a m b é m u m a c o n s e q ü ê n c i a d a v i s ã o p o l í t i c a
q u e o "setor s a ú d e " a d o t a r e m a n t i v e r e m r e l a ç ã o a o f e n ô m e n o d a i n t e g r a -
ção.
A l i á s , o s s u b g r u p o s q u e e n v o l v e m o s e t o r s a ú d e ( 3 , 5, 6, 7, 8, 9 e 11)
e x i g e m u m a leitura t é c n i c a a d e q u a d a , n ã o a p e n a s p a r a e s t a r m o s p r e p a r a d o s
para responder a exigências específicas, c o m o t a m b é m para identificarmos
n o s s o e s p a ç o natural d e n t r o d e c a d a u m d e l e s , f a z e n d o v a l e r n o s s o p e s o s e -
torial .9

c) Nível Econômico

N a d i m e n s ã o setorial, cria-se u m a o p o r t u n i d a d e m a g n í f i c a p a r a d i m e n -
sionar, q u a n t i f i c a r e a v a l i a r q u a l i t a t i v a m e n t e a c o n t r i b u i ç ã o q u e o s e t o r s a ú -
d e p o d e oferecer a o processo d e integração e m termos estritamente e c o n ô -
micos.
A l é m d o s f u n d a m e n t o s é t i c o s d o d i s c u r s o setorial ( e m f u n ç ã o d o v a l o r
d o c a p i t a l h u m a n o ) , s e r á n e c e s s á r i o iniciar r a p i d a m e n t e u m a a v a l i a ç ã o m a i s
ampla da possível contribuição da saúde n o processo d e d e s e n v o l v i m e n t o .
P a r a isso, é i m p r e s c i n d í v e l identificar as a ç õ e s , o s a g e n t e s , o impacto
d o setor n o m e r c a d o d e serviços, a c a p a c i d a d e d e expansão, a g e r a ç ã o d e
e m p r e g o s e outros fatores q u e d i m e n s i o n e m quantitativa e qualitativamente
a oferta d o setor.
Por outro lado, os Ministérios da S a ú d e d e v e r ã o aproveitar a situação
para f o r t a l e c e r as á r e a s d e p a r t i c i p a ç ã o d i r e t a ( o r g a n i z a ç ã o , n o r m a t i z a ç ã o e
c o n t r o l e ) e gerar e s p a ç o s a p r o p r i a d o s p a r a a p a r t i c i p a ç ã o a m p l a d e g r u p o s
d e t r a b a l h o multisetoriais q u e p o s s a m identificar e p r o p o r n o v o s c a m p o s d e
ação dentro d o processo d e integração.

9 A reunião de Ministros da S a ú d e d o C o n e Sul, efetuada e m Brasília e m 1 9 9 1 , a p r o v o u um


a c o r d o d e constituição d o Subgrupo S a ú d e dentro das estruturas d o G r u p o MERCOSUL. A t é o
presente essa iniciativa não recebeu resposta por parte das autoridades nacionais.
Isso v i r á f a v o r e c e r o p r o c e s s o d e f o r t a l e c i m e n t o d o s níveis c e n t r a i s d o s
M i n i s t é r i o s d a S a ú d e e s e r á útil p a r a d a r n o v o f ô l e g o a o p r o c e s s o d e t r a n s -
f o r m a ç ã o d o sistema d e serviços d e saúde.
A S e g u r i d a d e S o c i a l , d e sua p a r t e , d e v e r á p r o c u r a r m e c a n i s m o s sub-re¬
gionais d e extensão d e p r o t e ç ã o e m suas coberturas e estudar os aspectos
d e p o l í t i c a e d i r e i t o trabalhista r e l a c i o n a d o s c o m a s a ú d e .

0 PAPEL D A O P A S

O p a p e l d a O P A S n a esfera d e s s e p r o c e s s o p o d e r i a ser c o n c e b i d o em
quatro grandes áreas, s e m prejuízo para a m a n u t e n ç ã o das atividades c o -
m u n s e p e r m a n e n t e s d e c o o p e r a ç ã o q u e são levadas a c a b o c o m os países.
Essas q u a t r o á r e a s s ã o :

1 - Colaborar com os países signatários e particularmente com as instituições


do setor saúde na identificação das potencialidades do processo de inte-
gração no aperfeiçoamento da situação de saúde de todos os habitantes.

P a r a isso, é n e c e s s á r i o :
• Elaborar análises estratégicas e formular propostas d e trabalho c o m base
e m d o c u m e n t o s t é c n i c o s a b r a n g e n d o as d i f e r e n t e s á r e a s d e i n t e r e s s e s e -
torial.
• F o r t a l e c e r o p r o c e s s o d e c o o p e r a ç ã o t é c n i c a e n t r e o s países d a r e g i ã o e
c o m p a í s e s fora d a r e g i ã o - p r i o r i z a n d o , n e s t e ú l t i m o c a s o , as r e l a ç õ e s
c o m países da C o m u n i d a d e E c o n ô m i c a Européia: Portugal, Espanha, Fran-
ç a e Itália.
• P r o m o v e r a c o n s t i t u i ç ã o d e f o r o s d e d i s c u s s ã o r e g i o n a l intersetorial, v i n -
c u l a n d o i n s t i t u i ç õ e s e t é c n i c o s o u e s p e c i a l i s t a s d e d i f e r e n t e s á r e a s d e ati-
v i d a d e , tanto p ú b l i c a s q u a n t o p r i v a d a s .
• G e r a r u m a c o m u n i c a ç ã o técnica p e r m a n e n t e para a difusão d o c o n h e c i -
m e n t o l i g a d o a o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o na á r e a d a s a ú d e .
• A p o i a r a criação e o fortalecimento d e O N G s q u e tenham c o m o objetivo
o d e s e n v o l v i m e n t o e a c o n s o l i d a ç ã o d a iniciativa.

2 - Vincular as atividades da iniciativa em saúde do Cone Sul com o processo


de desenvolvimento e fortalecimento do Mercosul.

Isto i m p l i c a :
• Identificar d e u m a n o v a a g e n d a d e a ç õ e s c o m u n s n o âmbito d e T C C 1 0
en-
tre os governos signatários d o a c o r d o .

• U n i r os esforços d e financiamento d e atividades d e T C C e m projetos pre¬

10 D o inglês Technical Cooperation among Countries ( C o o p e r a ç ã o Técnica entre Países), sigla


adotada pelas N a ç õ e s U n i d a s .
v i a m e n t e priorizados pelos governos, c o m metas, atividades e objetivos
claramente definidos.
• Realizar reuniões d e trabalho entre as r e p r e s e n t a ç õ e s d a O P A S d e cada
país p a r a c o m p a t i b i l i z a r e priorizar u m a a g e n d a d e c o o p e r a ç ã o técnica
e m nível sub-regional.

3 - Fortalecimento institucional dos organismos de governo chamados a parti-


cipar ativamente nos subgrupos de trabalho do Grupo MERCOSUL.

Significa:
• D a r a p o i o técnico, bibliográfico e financeiro aos grupos d e n o r m a t i z a ç ã o
c o m o fator d e m o n s t r a t i v o d a c a p a c i d a d e d o s e t o r p a r a d a r r e s p o s t a s e f e -
tivas às n e c e s s i d a d e s d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .
• N u m a segunda etapa, observar a necessidade d e apoiar outras instituiçõ-
es p ú b l i c a s o u p r i v a d a s p a r a f o r t a l e c e r a c a p a c i d a d e t é c n i c a d o s e t o r .

4 - Desenvolvimento de conhecimentos e capacidades no campo da comuni-


cação social, para que o setor tenha destaque ante a opinião pública e dos
próprios governos por sua capacidade de união e eficácia no processo de
integração.

V a l e dizer:
• Iniciar u m p r o c e s s o d i f e r e n t e d e c o o p e r a ç ã o , q u e t e r á p o r o b j e t o a c o n s -
t r u ç ã o d e u m a i m a g e m setorial ligada a u m p r o c e s s o d i n â m i c o e d e a l t o
valor político e e c o n ô m i c o , c o m o é o caso d o processo d e integração.
S u a s f o r m a s e s e u s níveis d e d e s e n v o l v i m e n t o s e r ã o a n a l i s a d o s p o r e s -
pecialistas na m a t é r i a , m a s d e s d e já é n e c e s s á r i o a s s e n t a r a s b a s e s p a r a f a v o -
recer esse n o v o processo.
É claro q u e u m a transformação dessa natureza requer u m a revisão d o
p r ó p r i o m e c a n i s m o d a c o o p e r a ç ã o t é c n i c a c o m o país r e c e p t o r e a o m e s m o
t e m p o uma forma diferente d e relacionamento h o r i z o n t a l e n t r e as r e p r e -
sentações da O P A S envolvidas.

5 - Criação de uma estratégia de cooperação específica no campo de forma-


ção, capacitação e dinâmica da força de trabalho nos Recursos Humanos
em Saúde.

• Embora o c a m p o da s a ú d e n ã o constitua u m a atividade específica d e n t r o


d a s á r e a s d e i n t e g r a ç ã o previstas n o d o c u m e n t o q u e e s t a m o s a n a l i s a n d o ,
e x p e r i ê n c i a s p r é v i a s d e i n t e g r a ç ã o d e m e r c a d o s , c o m o foi o c a s o d o M e r -
cado C o m u m Europeu, demonstram que, c o m o avanço dos processos
d e integração e c o n ô m i c a , coloca-se o p r o b l e m a da c i r c u l a ç ã o da força d e
trabalho c o m o componente dos processos de produção. N o caso de
mão-de-obra q u a l i f i c a d a (profissionais, t é c n i c o s e t c ) , a m o b i l i d a d e f i c a in¬
d e p e n d e n t e dos meios e das formas d e produção, p o r é m s e m escapar a
certos critérios gerais. J á existem a n t e c e d e n t e s concretos, c o m o o c o r r e u
n o c a s o d e A r g e n t i n a e Brasil c o m a c o n t r a t a ç ã o t e m p o r á r i a d e mão-de-
o b r a brasileira p o r firmas d e c a p i t a l b i n a c i o n a l para d e s e n v o l v e r p r o j e t o s
na A r g e n t i n a .1 1

N e s s e p o n t o s u r g e m d e i m e d i a t o a l g u n s p r o b l e m a s a analisar, v i n c u l a -
dos diretamente à nossa área d e trabalho.
O primeiro p r o b l e m a d e c o r r e da necessidade de internacionalizar o al-
c a n c e d a a t u a l l e g i s l a ç ã o d e p r o t e ç ã o t r a b a l h i s t a . Isso inclui, n a t u r a l m e n t e ,
12

as f o r ç a s d e p r o t e ç ã o d a s e g u r i d a d e s o c i a l m é d i c a e a n e c e s s i d a d e d e c o m -
patibilizar s e g u r o s e c o n v ê n i o s d e p r e s t a ç ã o d e s e r v i ç o s c o m suas c o n t r a p a r -
tes nacionais.
E m o u t r o n í v e l , a c o n t r a t a ç ã o d e profissionais d e s a ú d e , p a r t i c u l a r m e n -
t e d e e n f e r m a g e m , i n t i m a m e n t e ligada às d i f e r e n ç a s d e " p r e ç o " d a mão-de-
o b r a e m r e l a ç ã o à v a l o r i z a ç ã o relativa d a s m o e d a s n a c i o n a i s , o r i e n t a r á o flu-
xo d e recursos h u m a n o s qualificados e m benefício d e algumas regiões e e m
prejuízo d e outras, requerendo o estabelecimento de reciprocidade de reco-
nhecimento curricular e particularmente d e m e c a n i s m o s d e habilitação e
credenciamento.
Compatibilizar normas d e prestação d e serviços, procedimentos técni-
c o s e , e m a l g u m a s s u p e r e s p e c i a l i d a d e s , r e o r g a n i z a r o " m e r c a d o d e presta-
ç ã o d e s e r v i ç o s " p a r a dar-lhe e f i c i ê n c i a e m t e r m o s d e c u s t o s , será u m a n e -
c e s s i d a d e c r e s c e n t e , p r i n c i p a l m e n t e nas á r e a s d e fronteira e nas n o v a s r e g i õ -
es internacionais d e desenvolvimento e c o n ô m i c o .
A " c o m p r a d e c a p a c i d a d e " e a c o n s t i t u i ç ã o d e r e d e s bi o u m u l t i n a c i o -
nais d e s e r v i ç o s e s t a r ã o ligadas a o s c o m p o n e n t e s d e q u a l i d a d e e c u s t o d a
a t e n ç ã o m é d i c a , p r i n c i p a l m e n t e e m a l g u m a s e s p e c i a l i z a ç õ e s (cirurgias de
alta c o m p l e x i d a d e , plásticas r e s t a u r a d o r a s e t c ) .
P o r outro lado, a necessidade d e f o r m a ç ã o d e recursos h u m a n o s assu-
mirá u m a n o v a d i m e n s ã o , ora expressa e m termos d e m e r c a d o s nos quais al-
g u n s p a í s e s , p e l a q u a l i d a d e d a o f e r t a o u p e l o b a i x o c u s t o relativo, a s s u m i r ã o
o papel d e formadores (Uruguai?) e outros, o de consumidores (Argentina,
Brasil?).
A s n o v a s áreas d e d e s e n v o l v i m e n t o q u e se mostrem mais dinâmicas,
e m t e r m o s d e c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o , a t r a i r ã o m a i s r e c u r s o s assistenciais
d o q u e as regiões mais afastadas d o processo.

11 R e c e n t e m e n t e , a UOCRA ( U n i ã o Operária da Construção da República Argentina) denunciou


a contratação, fora dos limites da legislação trabalhista argentina, d e trabalhadores para-
guaios e bolivianos por empresas nacionais e internacionais da área d e c o m u n i c a ç õ e s . Ga-
rin, Bs. As., janeiro d e 1993.
12 U m a proposta concreta nesse sentido é tomar c o m o referência os convênios básicos da OIT
q u e , até o presente, não foram subscritos por todos os países integrantes d o Tratado.
M a i s u m a v e z , isso a f e t a r á a d i s t r i b u i ç ã o d o s r e c u r s o s h u m a n o s e o b r i -
gará o s países a e l a b o r a r e m p r o j e t o s c o m u n s d e i n c e n t i v o s a o t r a b a l h o n a s
á r e a s p r e j u d i c a d a s , q u e e m m u i t o s c a s o s c o i n c i d i r ã o c o m as c h a m a d a s fron-
teiras excluídas.
Definitivamente, o c a m p o d o s recursos h u m a n o s constituirá u m terre-
no d e grande mobilidade e impacto, sobre o qual d e v e m o s desenvolver u m a
estratégia a d e q u a d a d e c o o p e r a ç ã o sub-regional.

M E R C O S U L : UM M E R C A D O C O M U M D E T R A B A L H O

D o p o n t o d e vista e t m o l ó g i c o , " m e r c a d o " c o n t i n u a s e n d o o lugar o u e s -


paço e m q u e vendedores (ou produtores) c o n v i d a m eventuais interessados
( c o n s u m i d o r e s ) a adquirir seus p r o d u t o s . 1 3

A t u a l m e n t e utiliza-se u m a a c e p ç ã o e x t e n s i v a d o c o n c e i t o , referindo-se
a â m b i t o s físicos, j u r í d i c o s , n o r m a t i v o s o u i n f o r m á t i c o s o n d e é p o s s í v e l c o -
m e r c i a l i z a r d e s d e capitais e p r o d u t o s a t é m a r c a s e direitos d e u t i l i z a ç ã o .
N e s t a a c e p ç ã o , u m m e r c a d o o b e d e c e a u m a série d e f a t o r e s c o n d i c i o -
nantes: os q u e se relacionam c o m a atividade d e produzir ( v o l u m e , tipo,
qualidade, distribuição, p r e ç o , etc) e aqueles q u e caracterizam a d e m a n d a
( n e c e s s i d a d e , c a p a c i d a d e e c o n ô m i c a , leis, i n f o r m a ç ã o e t c ) .
A atividade regulamentadora por parte dos governos e m relação aos di-
ferentes m e r c a d o s t e m especial i m p a c t o n o c o m p o r t a m e n t o d o s agentes.
D e s d e a sua c a p a c i d a d e d e i n t e r v e n ç ã o n o s c u s t o s d e p r o d u ç ã o (atra-
v é s d e i m p o s t o s o u subsídios) a t é o c o n t r o l e d a c i r c u l a ç ã o d e p r o d u t o s , e ,
m a i s d i r e t a m e n t e , a m o d i f i c a ç ã o d o s p r e ç o s relativos d o s m e s m o s ( i m p o s t o
de c o n s u m o ) , o Estado exerce ( o u , pelo m e n o s , p o d e exercer) u m a influên-
cia d e c i s i v a s o b r e o c o m p o r t a m e n t o d o s m e r c a d o s .
Essa a ç ã o d o E s t a d o materializa-se n o c o n t e x t o d e u m q u a d r o j u r í d i c o
e normativo.
Q u a n d o essa a t i v i d a d e é e x e r c i d a dentro dos territórios nacionais, os
p r e c e i t o s b á s i c o s p a r a a c o n s t r u ç ã o d e u m m e r c a d o p o d e m ser r e s u m i d o s
no q u e doutrinariamente é r e c o n h e c i d o c o m o o exercício das c i n c o liberda-
des 1 4
:
• A livre c i r c u l a ç ã o d e m e r c a d o r i a s , c o m a a b o l i ç ã o d e b a r r e i r a s a l f a n d e g á -
rias d e n t r o d o s p a í s e s .
• O livre e s t a b e l e c i m e n t o d a f o r ç a d e p r o d u ç ã o e m q u a l q u e r lugar d o terri-
tório n a c i o n a l .

13 Direito Comunitário, Lisboa,, 2 . Edição. F u n d a ç ã o Calouste C u l b e k i a n , p. 439, 1988.


a

14 Batista, L. O . : Assuntos Comerciais e m D o c u m e n t o s d o Instituto d e Estudos A v a n ç a d o s da


Universidade de São Paulo. ( M i m e o ) , 30 págs. Apresentado no Seminário Mercosul
BRA/Fase I, 1992.
• A livre circulação da força de trabalho (os trabalhadores) dentro do espaço
nacional.
• A livre c i r c u l a ç ã o d e c a p i t a i s b a s e a d o s e m m o e d a s únicas d e circulação
legal e r e c o n h e c i m e n t o nacional.
• A livre c o m p e t i ç ã o , a t r a v é s d e regras igualitárias p a r a t o d o s o s p r o d u t o -
res, q u e a s s e g u r e m a p o s s i b i l i d a d e , n o m í n i m o , d e p r o d u ç ã o a custo
igual.
P e l o m e n o s d o p o n t o d e vista t e ó r i c o , e l a n ç a n d o m ã o d e u m a simplifi-
c a ç ã o a c e i t á v e l n e s t e t i p o d e t r a b a l h o , pode-se d i z e r q u e a i n t e g r a ç ã o de
m e r c a d o s e n t r e p a í s e s d e v e basear-se n a e x t e n s ã o d a s c i n c o l i b e r d a d e s a o
c o n j u n t o d a s p o p u l a ç õ e s c o n s i d e r a d a s d e n t r o d o território a ser i n t e g r a d o .
Até a q u i , a n a l i s a m o s as d u a s fases v i g e n t e s d e n t r o d o p r o c e s s o de
construção do m e r c a d o c o m u m : a primeira, caracterizada pelos acordos
p r é v i o s q u e c u l m i n a r a m na A t a d e A s s u n ç ã o e a a t u a l , q u e p r e s s u p õ e a r e -
d u ç ã o p r o g r e s s i v a d e i m p o s t o s s o b r e p r o d u t o s , n u m c r o n o g r a m a fixado q u e
d e s e m b o c a r á na e l i m i n a ç ã o d e barreiras tarifárias a partir d e 1 9 9 5 .
A essa fase de livre comércio d e v e r á s u c e d e r u m a fase de mercado co-
mum, n a q u a l será a c r e s c e n t a d a a livre c i r c u l a ç ã o d o s c h a m a d o s fatores d e
p r o d u ç ã o , isto é, capital e trabalho.
A s fases posteriores n u m p r o c e s s o d e integração (a união e c o n ô m i c a e
a u n i ã o m o n e t á r i a ) n ã o e s t ã o , p o r e n q u a n t o , na mira d o s países e n v o l v i d o s .
Isto q u e r d i z e r : t a n t o d o p o n t o d e vista d a i n c l u s ã o d o s s e r v i ç o s e n t r e
as m e r c a d o r i a s d e livre c i r c u l a ç ã o , q u a n t o d o p o n t o d e vista d a n e c e s s i d a d e
d e e x t e n s ã o d a l i b e r d a d e d e t r a b a l h o , a q u e s t ã o d o s r e c u r s o s h u m a n o s tor-
na-se u m i m p o r t a n t e c a p í t u l o d o p r o c e s s o , m e r e c e n d o u m a a n á l i s e m a i s d e -
t a l h a d a p o r p a r t e d o s d i v e r s o s s e t o r e s q u e c o m p õ e m a n o v a s o c i e d a d e a ser
integrada.

O MERCOSUL E O S RECURSOS HUMANOS

" A s t e n d ê n c i a s d e m o g r á f i c a s atuais, o p r o g r e s s o c i e n t í f i c o e t e c n o l ó g i -
c o , a c r e s c e n t e luta p o r e s p a ç o s d e c o m p e t i ç ã o n o c o m é r c i o i n t e r n a c i o n a l e
a d i m i n u i ç ã o da importância estratégica da i m p o r t a ç ã o e exportação d e pro-
d u t o s p r i m á r i o s - n a d a disso c o n s t i t u i g r a n d e a m e a ç a às b a s e s e c o n ô m i c a s
d o s países d o futuro M E R C O S U L . P e l o m e n o s , não tanto quanto a deplorável
s i t u a ç ã o d o m e r c a d o d e t r a b a l h o r e g i o n a l , o n d e falta mão-de-obra qualifica-
da e sobram trabalhadores c o m pouca ou nenhuma h a b i l i t a ç ã o " . 1 5

U m a m a n e i r a original d e qualificar a crise d e n o s s o s p a í s e s n ã o s e limi-


ta à a n á l i s e d a s i t u a ç ã o d a s b a l a n ç a s c o m e r c i a i s n e m a o incrível v o l u m e d a
d í v i d a e x t e r n a a c u m u l a d a , m a s a b r a n g e t a m b é m a extraordinária c o n c e n t r a -

15 Scuro N e t o , P. Instituto de Estudos A v a n ç a d o s da USP, e m Seminário sobre Mercosul


B R A / F a s e I. O p u s cit., 19 págs., 1992. ( M i m e o )
ç ã o d e r e n d a e o n ú m e r o c a d a v e z m a i o r d e famílias q u e l u t a m p a r a e n c o n -
trar um lugar no mercado de trabalho - q u e , p o r s u a v e z , caracteriza-se p o r
s e u s salários baixíssimos.
U m m e c a n i s m o p a r a r e v e r t e r essa s i t u a ç ã o e x i g e a e l e v a ç ã o d o n í v e l
d e vida d e grande parte da população, diminuindo, através d o a u m e n t o da
produtividade, o valor dos bens e serviços q u e o trabalhador c o n s o m e .
Isso só será possível investindo-se na qualificação da mão-de-obra e pro-
vocando mudanças profundas na organização do trabalho.
N o e n t a n t o , p a r a d o x a l m e n t e , o m e r c a d o n ã o foi o m a i o r c a u s a d o r d e s -
sas t r a n s f o r m a ç õ e s , c o m o d e m o n s t r a o fato d e q u e , t a n t o n o c a s o d o s p a í s e s
d o sudeste asiático q u a n t o n o d o s q u e integram o M e r c a d o C o m u m Euro-
peu, o Estado t e m sido o a g e n t e e - e m muitos casos - o instrumentalizador
d a s t r a n s f o r m a ç õ e s na q u a l i f i c a ç ã o d o s r e c u r s o s h u m a n o s .
A s experiências desenvolvidas na A l e m a n h a , na D i n a m a r c a e n o J a p ã o ,
o n d e as e m p r e s a s c o n t r i b u e m p a r a u m f u n d o d e e d u c a ç ã o administrado
p e l o E s t a d o p a r a a q u a l i f i c a ç ã o d e mão-de-obra, o u a i n d a as d a S u é c i a , d a Ir-
landa e d e Cingapura, o n d e a contribuição toma a forma d e u m a percen-
t a g e m ( 2 , 5 % ) sobre a folha d e p a g a m e n t o para esse m e s m o fim, d e m o n s -
t r a m a n e c e s s i d a d e d a i n t e r v e n ç ã o estatal n o p l a n e j a m e n t o e s t r a t é g i c o do
desenvolvimento.
S e isso a c o n t e c e n o p l a n o d a c a p a c i t a ç ã o t é c n i c a d e n í v e l pré-terciário,
algo semelhante, e m b o r a c o m características próprias, a c o n t e c e n o m e r c a d o
d e t r a b a l h o profissional d o s p a í s e s q u e i n t e g r a m o M E R C O S U L .
O grupo d e especialistas c o n v o c a d o pelo P r o g r a m a R e g i o n a l d e De-
senvolvimento dos Recursos H u m a n o s para a S a ú d e , da O P A S , e m A s s u n ç ã o ,
Paraguai, para a análise dessa problemática, identificou c i n c o áreas d e inte-
resse p a r a a i n v e s t i g a ç ã o e o d e s e n v o l v i m e n t o d e n t r o d o p r o c e s s o d e i n t e -
gração regional. S ã o elas:
• F o r m a ç ã o e c a p a c i t a ç ã o d e mão-de-obra.
• O m e r c a d o d e trabalho.
• A planificação dos recursos humanos.
• A r e g u l a m e n t a ç ã o e a n o r m a t i z a ç ã o setoriais.
• A s características d o s m o d e l o s d e prestação d e serviços e seu financia-
mento.
E m c a d a u m a d e s s a s á r e a s , a t r a n s i ç ã o d e critérios o r d e n a d o r e s de
m e r c a d o s n a c i o n a i s p a r a critérios d e m e r c a d o sub-regional significará p r o -
f u n d a s t r a n s f o r m a ç õ e s , q u e exigirão u m a n o v a c a p a c i d a d e d e r e s p o s t a , g e -
r a n d o , p o r sua v e z , g r a n d e s c o n f l i t o s d e interesses.
S ã o esses interesses q u e e s t ã o r e g e n d o a d i n â m i c a d e t r a b a l h o d o c a m -
p o d e recursos h u m a n o s no processo d e integração.
O s governos nacionais p a r e c e m , até o presente, motivados por esse as-
sunto, q u e , por razões óbvias, constituiu o eixo d o interesse das a s s o c i a ç õ e s
d e t r a b a l h a d o r e s e d e profissionais liberais.
O s s i n d i c a t o s d e t r a b a l h a d o r e s e suas o r g a n i z a ç õ e s terciárias (as c o n f e -
derações) realizaram algumas reuniões c o m intercâmbio de informações,
t e n t a n d o c o n c i l i a r as p o s i ç õ e s d i a n t e d o s d e s a f i o s c o l o c a d o s p e l a integra-
ção 1 6
.
O s reitores d e universidades nacionais tiveram u m primeiro - e único -
e n c o n t r o n o Brasil ( S ã o P a u l o , 1 9 9 2 ) , q u a n d o f i c o u e s t a b e l e c i d a u m a a g e n -
d a m í n i m a d e t r a b a l h o , q u e n e s t e m o m e n t o está s e n d o a n a l i s a d a p o r c a d a
u m d e l e s p a r a sua e f e t i v a i n s t r u m e n t a l i z a ç ã o . A U n i v e r s i d a d e N a c i o n a l d e
C ó r d o b a , p o r sua v e z , s e d i o u e m s e t e m b r o d e 1 9 9 2 u m e n c o n t r o e n t r e U n i -
v e r s i d a d e s d a A r g e n t i n a , d o U r u g u a i e d o S u l d o Brasil, intitulada " A P r o b l e -
mática da U n i v e r s i d a d e n o M E R C O S U L " . A s áreas d e trabalho identificadas
nesse e n c o n t r o f o r a m 1 7
:

a) A transferência tecnológica a o setor d e p r o d u ç ã o .

b) A q u a l i d a d e n o sistema universitário.

c) A n o r m a t i z a ç ã o d o currículo e a criação d e normas e m c o m u m para o


exercício profissional.

A l g u n s institutos d e p e s q u i s a d e n t r o d a s u n i v e r s i d a d e s a v a n ç a r a m a i n -
da mais, realizando seminários c o m o o q u e citamos no presente d o c u m e n t o
( u s p / B r a s i l , Instituto d e E s t u d o s A v a n ç a d o s , UNc/Argentina, C e n t r o d e Estu-
d i o s s o b r e D e r e c h o d e la S e g u r i d a d S o c i a l ) .
E n t i d a d e s e m p r e s a r i a i s , p a r t i c u l a r m e n t e n a A r g e n t i n a e n o Brasil, c o n -
t a n d o c o m o a p o i o d o s M i n i s t é r i o s d a E c o n o m i a e d a s R e l a ç õ e s Exteriores,
realizaram e n c o n t r o s e m q u e assuntos referentes à força d e trabalho foram
mencionados paralelamente.
O n d e , p o r é m , a m o b i l i z a ç ã o é s e m dúvida mais intensa é n o c a m p o
d a s o r g a n i z a ç õ e s profissionais ( d e o n t o l ó g i c a s o u g r e m i a i s ) d o s países e n v o l -
vidos.
E m alguns casos, c o m o o d o Sindicato dos M é d i c o s d o Uruguai e o
C o n s e l h o F e d e r a l d e M e d i c i n a d o Brasil, f o r a m p r o m o v i d a s r e u n i õ e s interna-
cionais ( e m M o n t e v i d é u , Uruguai; C ó r d o b a , Argentina; Foz d o Iguaçu, Bra-
sil); e m o u t r o s c a s o s , f o r a m a s s i n a d o s c o n v ê n i o s d e c o o p e r a ç ã o bilateral
para dar início a trabalhos sistemáticos visando a análise d e i n c u m b ê n c i a s , a
f o r m a ç ã o e h a b i l i t a ç ã o d e profissionais ( C o n s e l h o d e M é d i c o s d a P r o v í n c i a
d e C ó r d o b a , A r g e n t i n a , c o m o C o n s e l h o F e d e r a l d e M e d i c i n a d o Brasil). A
julgar p e l o s d a d o s d i s p o n í v e i s , s ã o o s profissionais d a e n g e n h a r i a q u e s e en-

16 A reunião mais recente realizou-se e m B u e n o s Aires entre representações dos trabalhadores


d o Brasil, d o Uruguai e da Argentina. A agenda incluiu a análise das políticas d e privatização
d e empresas públicas e o regime trabalhista entre os três países. Cadernos da CUT. n . 8, o

1993.
17 Hoy la Universidad: A n o II n . 20.
o
Outubro-novembro d e 1992. Editora da Universidade
N a c i o n a l d e C ó r d o b a , C ó r d o b a , República Argentina.
c o n t r a m e m etapas mais a v a n ç a d a s d e o r g a n i z a ç ã o d e critérios para a força
d e t r a b a l h o setorial.
A reunião c o n v o c a d a pelo Programa Regional d e D e s e n v o l v i m e n t o dos
Recursos H u m a n o s da O P A S (18 a 20 de n o v e m b r o d e 1992) e m Assunção,
P a r a g u a i , à q u a l já n o s r e f e r i m o s , c o n t r i b u i u p a r a a i d e n t i f i c a ç ã o d e u m c o n -
junto d e áreas d e interesse específico para o d e s e n v o l v i m e n t o d o c o n h e c i -
m e n t o e o i n t e r c â m b i o d e e x p e r i ê n c i a s e n t r e instituições v i n c u l a d a s e s p e c i f i -
c a m e n t e a o setor saúde.
C o m o resultado dessa reunião, a O P A S , através d e suas r e p r e s e n t a ç õ e s ,
r e a l i z o u u m a c o p i l a ç ã o d e i n f o r m a ç õ e s b á s i c a s q u e faz p a r t e d a presente
publicação e q u e cumprirá a importante f u n ç ã o d e permitir a identificação
d o s p r o b l e m a s c o n c r e t o s q u e surgirão a o l o n g o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .
O m e n c i o n a d o g r u p o d e t r a b a l h o foi u n â n i m e e m r e c o n h e c e r q u e " o
c a m p o d o s r e c u r s o s h u m a n o s na s a ú d e sofrerá, n e s s e p r o c e s s o , o impacto
c o n j u n t o d a s t r a n s f o r m a ç õ e s surgidas n o d e s e n v o l v i m e n t o dos processos
produtivos, nos serviços d e s a ú d e , n o setor e d u c a t i v o e n o m o v i m e n t o da
f o r ç a d e t r a b a l h o setorial".
N o primeiro caso (desenvolvimento d e processos produtivos), o setor
s a ú d e terá i m p o r t a n t e p a r t i c i p a ç ã o n a e l a b o r a ç ã o d e n o r m a s e p a d r õ e s d e
q u a l i d a d e para o s p r o d u t o s q u e c i r c u l a r ã o l i v r e m e n t e e n t r e o s p a í s e s - m e m -
b r o s , assim c o m o p a r a a q u e l e s q u e r e s u l t e m d e p r o d u ç õ e s i n t e g r a d a s p a r a
outros mercados.
N e s s e n í v e l , a a l i m e n t a ç ã o , a q u í m i c a g e r a l , a q u í m i c a fina e o s i n s u m o s
t e c n o l ó g i c o s para a s a ú d e c o n s t i t u i r ã o as á r e a s m a i s d e s t a c a d a s . N ã o p o d e -
m o s e s q u e c e r q u e , e l i m i n a d a s as r e s t r i ç õ e s d e n a t u r e z a e c o n ô m i c a , as d e n o -
m i n a d a s barreiras n ã o tarifárias a d q u i r e m g r a n d e i m p o r t â n c i a .
E m relação a o segundo aspecto (serviços d e saúde), destacam-se as
q u e s t õ e s i n e r e n t e s a o s p r o c e s s o s assistenciais, as c o b e r t u r a s d e a t e n d i m e n t o
m é d i c o p o r s e g u r a d o r a s p r i v a d a s i n t e r n a c i o n a i s , as c o m p e t ê n c i a d e g r a d u a -
ç ã o e p ó s - g r a d u a ç ã o e o c o m p o r t a m e n t o d e u m m e r c a d o r e g i o n a l e m ter-
mos d e c a p t a ç ã o o u exclusão d e recursos h u m a n o s e seu impacto sobre os
serviços públicos e particulares.
C o m r e l a ç ã o a o t e r c e i r o c o m p o n e n t e ( o sub-setor E d u c a ç ã o ) , será n e -
c e s s á r i o analisar as q u e s t õ e s ligadas a o p r o c e s s o f o r m a t i v o e m s e u s d i f e r e n -
tes a s p e c t o s :

a) Currículo.

b) Q u a l i f i c a ç ã o d o c e n t e .

c) G r a u d e abertura das universidades.

d) Reconhecimento de diplomas.
C o m o c o n s e q ü ê n c i a d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o , t a m b é m s e r ã o afeta-
d o s o s a s p e c t o s r e l a t i v o s à c a p a c i t a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o , n o q u e s e refere
a:

a) Exigências d o serviço social obrigatório.

b) H a b i l i t a ç ã o d e instituições e processos d e c a p a c i t a ç ã o .

c) R e c o n h e c i m e n t o d e especializações - habilitação.

d) Incumbências e

e) Â m b i t o e p r o c e s s o s d e c o n t r o l e d o e x e r c í c i o profissional.

F i n a l m e n t e , será n e c e s s á r i o analisar o i m p a c t o s o b r e o s r e c u r s o s h u m a -
n o s p r o d u z i d o p e l a c r i a ç ã o d e u m mercado de trabalho regionalizado, tanto
e m t e r m o s d e sua m o b i l i z a ç ã o q u a n t o n o s a s p e c t o s i n e r e n t e s à sua utiliza-
ç ã o p o r parte d o s serviços públicos e privados dos diferentes países.

INSTRUMENTOS DA INTEGRAÇÃO
N O C A M P O D O S R E C U R S O S H U M A N O S EM S A Ú D E

O T r a t a d o d e A s s u n ç ã o p r e v ê aspectos instrumentais q u e é c o n v e n i e n -
te analisarmos sob a ótica adotada n o presente d o c u m e n t o d e trabalho.
C o n v é m recordar, d e início, q u e os protocolos d e integração (Anexo
n . 5 d o t r a t a d o ) a d q u i r e m categoria
o
de legislação comum a o s e r e m ratifica-
dos pelos respectivos parlamentos nacionais. Daí a importância dos acordos
entre os governos.
No entanto, no c a m p o dos recursos h u m a n o s existem divergências
profundas c o m r e l a ç ã o à n a t u r e z a j u r í d i c a d a s instituições d o s u b s e t o r e
c o m r e l a ç ã o a o â m b i t o político-jurisdicional o n d e s ã o e x e r c i d o s s e u s direitos
e suas i n c u m b ê n c i a s .
A s s i m , p o r e x e m p l o , as u n i v e r s i d a d e s a r g e n t i n a s g o z a m d e u m n í v e l d e
autonomia e m s u a s d e c i s õ e s a c a d ê m i c a s q u e as t r a n s f o r m a m q u a s e num
foro extraordinário. Será preciso, portanto, prever a necessidade d e acordos
d e instrumentalização d e políticas q u e ajustem os aspectos operacionais (in-
t e r i n s t i t u c i o n a i s ) a o s limites j u r í d i c o s c r i a d o s c o m o c o n s e q ü ê n c i a d o p r o c e s -
so d e integração.
O m e s m o o c o r r e c o m o r e g i m e d e c o n t r o l e d o e x e r c í c i o profissional,
q u e n a r e g i ã o estende-se d e s d e o c a s o d e u m l i m i t a d o e x e r c í c i o estatal d o
c o n t r o l e ( P a r a g u a i ) a t é a d e s c e n t r a l i z a ç ã o p o r p r o v í n c i a s e m e n t i d a d e s autár-
q u i c a s a d m i n i s t r a d a s p e l o s p r ó p r i o s i n t e r e s s a d o s , c o m o é o c a s o d o Brasil e
da Argentina.
N e s s e ú l t i m o país, p o r sua v e z , o f a t o d e as p r o v í n c i a s - o u e s t a d o s -
não delegarem o p o d e r d e P o l í c i a Sanitária cria u m a s i t u a ç ã o particular,
o n d e n ã o existe u m o r g a n i s m o n a c i o n a l c o m c a p a c i d a d e d e agir c o m o r e p -
resentante de cada província o u estado.
Esses tipos d e p r o b l e m a s i n s t r u m e n t a i s g a n h a r ã o u m a v a s t a l e g i s l a ç ã o e
n o r m a t i z a ç ã o , q u e se e x p r e s s a r ã o e m c o n v ê n i o s interinstitucionais d e a l c a n -
c e particular.
N ã o seria d e e s t r a n h a r , p o r t a n t o , o s u r g i m e n t o d e m o v i m e n t o s e t e n -
d ê n c i a s n o interior d o s p a í s e s q u e - c o m o t e n t a t i v a d e p r o t e ç ã o c o r p o r a t i v a
ou, a o contrário, por interesse e m aplicar a o subsetor a lógica d o m e r c a d o -
introduzam n o v o s e l e m e n t o s d e conflito q u e afetem o p r o c e s s o d e integra-
ç ã o q u e se deseja levar a c a b o .
N e s s e s e n t i d o , é i m p o r t a n t e o b s e r v a r as e x p e r i ê n c i a s e m c u r s o , t a n t o
na C o m u n i d a d e E u r o p é i a c o m o n o N A F T A , e p r e v e r a s i n f l u ê n c i a s q u e e s s a s
associações terão no processo M E R C O S U L 1 8
.
O p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o terá c o n s e q ü ê n c i a s t a m b é m n o s a s p e c t o s li-
g a d o s a o p l a n e j a m e n t o setorial. N ã o a p e n a s p o r q u e o s p l a n o s n a c i o n a i s d e
d e s e n v o l v i m e n t o já e s t ã o p r e v e n d o as c o n s e q ü ê n c i a s m a c r o e c o n ô m i c a s d a
criação de um mercado c o m u m 1 9
e m relação ao impacto sobre a mobilida-
d e e o e m p r e g o d a p o p u l a ç ã o e c o n o m i c a m e n t e ativa, m a s p o r q u e c o m e ç a
a desenvolver-se - e m b o r a incipiente - u m m e r c a d o s e c u n d á r i o d e ofertas
educativas para a sub-região . 20

N e s s e sentido, é preciso levar e m conta q u e o A c o r d o d e Integração


t r a d u z as t e n d ê n c i a s d o s g r a n d e s g r u p o s e c o n ô m i c o s p a r a a m p l i a r s e u s m e r -
c a d o s e atingir níveis d e p r o d u ç ã o c o m p e t i t i v o s e m e s c a l a s u p r a n a c i o n a l . O s
fatores e c o n ô m i c o s , territoriais e d e c o n c e n t r a ç ã o d e c o n s u m i d o r e s , que
sustentam o crescimento produtivo desses grupos, terão impactos diferentes
s e g u n d o o s s e t o r e s sociais c o n s i d e r a d o s e as á r e a s q u e f i q u e m i n c l u í d a s o u
e x c l u í d a s na n o v a d i n â m i c a d o m e r c a d o .
A essa altura d o s a c o n t e c i m e n t o s , fica c l a r o q u e existe u m a t e n d ê n c i a
a o i n c r e m e n t o d a a c u m u l a ç ã o d e r i q u e z a e m g r u p o s d e alta c a p a c i d a d e d e
c o n s u m o , e, p o r sua v e z , à c o n c e n t r a ç ã o d o s m e s m o s e m á r e a s e s c o l h i d a s .
O s eixos B u e n o s Aires-São P a u l o e M o n t e v i d é u - A s s u n ç ã o m a r c a r ã o o s
limites reais d o m e r c a d o c o n s u m i d o r d e b e n s e s e r v i ç o s , a o p a s s o q u e a s
á r e a s e x c l u í d a s tornar-se-ão o s n o v o s ( a n t i g o s ? ) p r o v e d o r e s d e matéria-prima
e i n s u m o s , a c e n t u a n d o as d e s i g u a l d a d e s r e g i o n a i s já e x i s t e n t e s .
N e s s e c o n t e x t o p o s s í v e l , a descentralização do sistema de serviços de
saúde c o r r e o risco d e a p r o f u n d a r a m a r g i n a l i z a ç ã o d a s p e q u e n a s e m é d i a s
l o c a l i d a d e s d a periferia d o s p a í s e s d o M E R C O S U L , privando-as d o s b e n e f í c i o s
d o desenvolvimento incentivado pela dinâmica d o n o v o m e r c a d o regional.
P a r a p r e v e n i r essas i n d e s e j a d a s c o n s e q ü ê n c i a s d o p r o c e s s o d e i n t e g r a -

18 Ver O r z a c k , L. The General Systems Directive. Education and the Liberal Professions.
19 Paraguai: Secretaria d e Planejamento, Presidência da N a ç ã o , Plano N a c i o n a l d e D e s e n v o l v i -
mento 92-94.
20 Projeto d e Mestrado na Escola Nacional de S a ú d e da FIOCRUZ, no Brasil, e M e s t r a d o e m A d -
ministração d e Serviços de S a ú d e da Universidade N a c i o n a l de C ó r d o b a , na Argentina.
ção, é preciso d e s e n v o l v e r u m a n o v a c a p a c i d a d e estratégica d e planificação,
q u e terá n e c e s s a r i a m e n t e u m a v i s ã o r e g i o n a l .
R e t i r a r d o E s t a d o s u a f u n ç ã o r e g u l a m e n t a d o r a , p r o d u t o d a s políticas d e
a j u s t e e m e x e c u ç ã o , p o d e significar, n o c a m p o d a s a ú d e , u m a m a n i f e s t a
a c e n t u a ç ã o d a s d e s i g u a l d a d e s e injustiças existentes.
T a m b é m nesse sentido é imperativa a produção d e novos c o n h e c i m e n -
tos, q u e a g o r a t e r ã o u m a d i m e n s ã o m a i s a m p l a d o q u e a d i m e n s ã o histórica.
O a p o i o d o s organismos internacionais a o s projetos cooperativos d e
p e s q u i s a q u e e n v o l v a m a s instituições setoriais d o s d i f e r e n t e s p a í s e s - m e m -
b r o s a p a r e c e n e s s e c o n t e x t o c o m o u m i n v e s t i m e n t o d e alto p o t e n c i a l d e
rentabilidade.

COMO CONCLUSÃO

A o s d o i s a n o s d e s u a v i g ê n c i a , o p r o j e t o M E R C O S U L ingressou n u m a eta-
pa d e múltiplas dificuldades e c r e s c e n t e ceticismo q u a n t o à realização d a s
propostas contidas n o Tratado d e A s s u n ç ã o 2 1
.
A p e s a r disso, o c r o n o g r a m a d e retirada d e i m p o s t o s v e m s e n d o c u m -
p r i d o - 6 8 % a t é a g o r a - e existe u m a c r e s c e n t e d i n â m i c a d e i n t e g r a ç ã o n o
c a m p o d a s e m p r e s a s líderes e m d i f e r e n t e s c a m p o s d a p r o d u ç ã o .
T u d o isso l e v a à c o n c l u s ã o d e q u e , a l é m d a v o c a ç ã o política r e p e t i d a -
m e n t e a l e g a d a p e l o s g o v e r n o s d o s países e n v o l v i d o s , o s a v a n ç o s e r e t r o c e s -
s o s q u e s u r g e m n a e t a p a p r e s e n t e r e p r e s e n t a m as i n f l u ê n c i a s e o s interesses
dos grupos e c o n ô m i c o s comprometidos no processo.
O s investimentos e m curso, as fusões empresariais, a criação d e u m i n -
cipiente m e r c a d o d e capitais e o s efeitos já a l c a n ç a d o s pelo processo d e
d e s t a r i f a ç ã o e m t e r m o s d e i n t e r c â m b i o c o m e r c i a l - t u d o isso d i r e c i o n a o
p r o c e s s o e o m a n t é m distante d a s dificuldades identificadas.
A institucionalização d o processo, c o m a instalação d o G R U P O MERCO-

S U L e m s u a S e c r e t a r i a E x e c u t i v a d e M o n t e v i d é u ( U r u g u a i ) , está p r o d u z i n d o ,
nos diferentes grupos d e trabalho, permanentes acordos (protocolos adicio-
nais) q u e f o r t a l e c e m o p r o c e s s o e c r i a m , d e fato, u m n o v o c o r p o d e legisla-
ç ã o s o b r e o q u a l s e a s s e n t a r á a estrutura j u r í d i c a d o M E R C O S U L A t é a g o r a , d i -
versas r e s o l u ç õ e s ( p r o t o c o l o s adicionais) foram a p r o v a d a s durante as delibe-
rações d o G R U P O M E R C O S U L diretamente vinculadas a o c a m p o da s a ú d e 2 2
.
D a d a a fase d e livre c o m é r c i o q u e a t r a v e s s a m o s , n e n h u m g o v e r n o o u
g r u p o empresarial manifestou interesse pela aplicação ampla d a terceira c o n -
dição d e liberdade q u e caracteriza a construção d e u m m e r c a d o : a criação
d e u m m e r c a d o d e trabalho.

21 Silvero Silvagni, R.: e m A B C , e d i ç ã o d e 28 d e fevereiro d e 1993, Assunção, Paraguai.


22 V e r as R e s o l u ç õ e s N o s
. 5 5 , 56, 6 0 , 61 e 62 da VIII Reunião d e Trabalho d o G r u p o M e r c a d o
C o m u m . M o n t e v i d é u , 1993.
N o e n t a n t o , c o m o já d e s c r e v e m o s , já c o m e ç a m a surgir a t i v i d a d e s d e
g r u p o s e instituições c o m interesse nessa p r o b l e m á t i c a ; l e n t a m e n t e - e à s
v e z e s s e m u m a a g e n d a explícita - esses g r u p o s p r o c u r a m posicionar-se n a
p r e v e n ç ã o d o s e f e i t o s setoriais d a política d e i n t e g r a ç ã o .
É, p o r t a n t o , o m o m e n t o a d e q u a d o p a r a q u e o s o r g a n i s m o s i n t e r n a c i o -
nais e as instituições n a c i o n a i s d o setor c o m e c e m a d e s e n v o l v e r a t i v i d a d e s
conjuntas visando compatibilizar interesses e d e s e n v o l v e r novos conheci-
m e n t o s q u e garantam u m processo d e integração fluido e p r o v e i t o s o n o q u e
diz r e s p e i t o à s a ú d e d e n o s s a p o p u l a ç ã o e às a ç õ e s q u e c o m p e t e m a o s e t o r .
Já foram identificadas, particularmente n o c a m p o d o s recursos h u m a -
n o s p a r a a s a ú d e , d i v e r s a s á r e a s resultantes d o i n t e r e s s e d a s i n s t i t u i ç õ e s d o
setor e m suas d i v e r s a s e x p r e s s õ e s p ú b l i c a s e p a r t i c u l a r e s .
A c o p i l a ç ã o d e i n f o r m a ç õ e s iniciada p e l a s r e p r e s e n t a ç õ e s d a O P A S nos
q u a t r o países constituirá, n e s s e s e n t i d o , u m a c o n t r i b u i ç ã o s u b s t a n c i a l a o p r o -
cesso d e discussão iniciado.
N o futuro i m e d i a t o , n o v a s a t i v i d a d e s , q u e m e r e c e m ser a c o m p a n h a d a s
p e l a O P A S , v i r ã o juntar-se às já r e a l i z a d a s e às q u e e s t ã o e m c u r s o .
A temática resgatada e m termos d e áreas d e interesse na reunião de
A s s u n ç ã o contribuirá, s e m dúvida, para a c o n s t r u ç ã o d e u m a A g e n d a S e t o -
rial R e g i o n a l , e permitirá q u e o s e s f o r ç o s d e p e s q u i s a e c o o p e r a ç ã o s e j a m d i -
recionados e m sentido positivo.
O CAMPO DOS RECURSOS
HUMANOS PARA A SAÚDE NO
MERCOSUL
Francisco Campos
Pedro Brito
Félix Rígoli

O Programa Especial d e D e s e n v o l v i m e n t o d e Recursos H u m a n o s da


O P S / O M S v e m p r o m o v e n d o h á d o i s a n o s u m a série d e e s t u d o s e g r u p o s d e
trabalho, objetivando responder a u m c o n j u n t o d e questões derivadas do
processo de integração d o M E R C O S U L .
O s a v a n ç o s q u e t ê m se verificado neste processo, nos últimos a n o s ,
t ê m p r o d u z i d o i n q u i e t u d e s e p r e o c u p a ç õ e s e n t r e o s d i v e r s o s a t o r e s institu-
c i o n a i s e s o c i a i s d o setor s a ú d e e d o c a m p o d e r e c u r s o s h u m a n o s n o s q u a -
tro países signatários.
Está p r e s e n t e , p a r a tais a t o r e s , a e x p e r i ê n c i a d a C o m u n i d a d e E c o n ô m i -
c a E u r o p é i a e as d i f i c u l d a d e s q u e t e v e d e e n f r e n t a r .
U m p r i m e i r o sinal d e s t a s p r e o c u p a ç õ e s foi r e c e b i d o d o S i n d i c a t o de
M é d i c o s d o U r u g u a i , p r e o c u p a d o c o m os possíveis desequilíbrios d e r i v a d o s
da livre c i r c u l a ç ã o d e profissionais na sub-região.
Logo receberam-se pedidos d e c o o p e r a ç ã o d e outras entidades gre¬
miais e d e s e c r e t a r i a s m u n i c i p a i s e e s t a d u a i s d a s z o n a s limítrofes, e m a l g u -
mas das quais já s e e s t a v a m v e r i f i c a n d o d e s l o c a m e n t o s e o u t r a s s i t u a ç õ e s
n ã o previstas.
Isto l e v o u o P r o g r a m a a definir u m p l a n o d e t r a b a l h o c e n t r a d o n a reali-
z a ç ã o d e e s t u d o s v i s a n d o p r e v e n i r e v e n t u a i s desajustes e s i t u a ç õ e s p r o b l e -
máticas.
A O P S t e m p e r m a n e c i d o alerta, a c o m p a n h a d o o s a v a n ç o s d i p l o m á t i c o s
e c o m e r c i a i s d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o e p r o c u r a n d o articular estratégias e
projetos da Iniciativa d o C o n e Sul - q u e r e ú n e p e r i o d i c a m e n t e os Ministros
d e S a ú d e d a sub-região e C h i l e - c o m as p o s s i b i l i d a d e s d o M E R C O S U L .
A Terceira R e u n i ã o d e Ministros d e S a ú d e d o C o n e Sul, realizada e m
j u n h o d e 1 9 9 1 , e m Brasília, p e r m i t i u a o s p a í s e s d o M E R C O S U L firmar u m a c o r -
d o e m q u e p r o p õ e m ao G r u p o M e r c a d o C o m u m a criação de u m subgrupo
" d e s t i n a d o a a t e n d e r às q u e s t õ e s d e r i v a d a s d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o q u e
t e n h a m relação c o m a saúde das pessoas e o m e i o ambiente e c o m os as-
p e c t o s s a n i t á r i o s d o fluxo d e b e n s e s e r v i ç o s " .
N e s t a linha d e a ç ã o , o P r o g r a m a d e D e s e n v o l v i m e n t o d e R e c u r s o s H u -
m a n o s c o m e ç o u u m t r a b a l h o d e reflexão a r e s p e i t o d o i m p a c t o p r o s p e c t i v o
d o a c o r d o sobre a d i n â m i c a d o m e r c a d o d e trabalho e m saúde na região, in-
cluindo aspectos da preparação de pessoal. U m G r u p o de Trabalho reunido
e m A s s u n ç ã o ( n o v e m b r o d e 1992), formado por representantes dos Ministé-
rios d e S a ú d e e R e p r e s e n t a ç õ e s d a O P S n o s q u a t r o países e n a B o l í v i a , e x a m i -
n o u os possíveis d e s e n v o l v i m e n t o s n o c a m p o dos recursos h u m a n o s e, a o
m e s m o t e m p o , c o n s t a t o u a insuficiência d e d a d o s para q u e se p u d e s s e m
a p r o f u n d a r as c o n c l u s õ e s .
F o i p r o p o s t a e n t ã o a r e a l i z a ç ã o d e q u a t r o e s t u d o s subsetoriais d e r e -
c u r s o s h u m a n o s n o s p a í s e s signatários, c o m o o b j e t i v o d e c o l h e r e v i d ê n c i a s
empíricas para a análise proposta.
U m a v e z realizados os estudos, promoveu-se u m a reunião d e trabalho
e m M o n t e v i d é u , m a i s u m a v e z c o m r e p r e s e n t a ç õ e s d o s q u a t r o países, c o m
o o b j e t i v o d e identificar u m a a g e n d a d e p r o b l e m a s e as principais á r e a s d e
interesse q u e p u d e s s e m reorientar a c o o p e r a ç ã o técnica e m recursos huma-
n o s p a r a esta sub-região.
O p r e s e n t e d o c u m e n t o r e ú n e e sintetiza as d i s c u s s õ e s d o G r u p o e as
informações colhidas. O o b j e t i v o e x p l í c i t o é apresentá-lo à c o n s i d e r a ç ã o e
a n á l i s e d a s d i r e ç õ e s d o s e t o r s a ú d e , t a n t o d o s g o v e r n o s d a sub-região c o m o
d a s i n s t i t u i ç õ e s i n t e r e s s a d a s e d a p r ó p r i a O r g a n i z a ç ã o , a fim d e p r o m o v e r a
tomada de consciência e o debate.
O propósito último n ã o é outro s e n ã o contribuir para a p r e v e n ç ã o d e
desequilíbrios e dificuldades e preservar o desenvolvimento dos serviços e
r e c u r s o s h u m a n o s e m s a ú d e , n o m a r c o d e critérios d e e q ü i d a d e , q u a l i d a d e ,
eficácia e eficiência.
O Programa Especial d e Desenvolvimento d e Recursos H u m a n o s da
O P S / O M S p r o m o v e m , assim, estudos nacionais sobre a situação dos recursos
h u m a n o s nos quatro países d o a c o r d o .
O G r u p o d e Trabalho identificou, c o m base nos estudos e nas princi-
pais p r e o c u p a ç õ e s e x p l i c i t a d a s p e l o s a t o r e s c o n s i d e r a d o s , u m c o n j u n t o de
á r e a s d e i n t e r e s s e q u e s e r e s u m e m a seguir.
S o b r e a base da informação colhida se apontará, e m seguida, u m c o n -
junto d e situações e tendências problemáticas que, na opinião d o G r u p o d e
T r a b a l h o , c a r a c t e r i z a m a s i t u a ç ã o d o s r e c u r s o s h u m a n o s d e s a ú d e n a sub-re-
gião.

F O R M A Ç Ã O DE PROFISSIONAIS DE S A Ú D E

U m obstáculo previsível d o s processos d e integração são as inevitáveis


e históricas d i f e r e n ç a s existentes e n t r e o s s i s t e m a s d e f o r m a ç ã o p r o f i s s i o n a l
n o s países signatários. N o c a s o d o s m é d i c o s , contrapor-se-ão o s d i f e r e n t e s
desenvolvimentos curriculares d e muitas d e z e n a s d e escolas c o m modelos
formativos específicos para brindar u m produto a p a r e n t e m e n t e uniforme.
P o r é m , apesar d a c o m p l e x i d a d e deste c a s o , será s e m d ú v i d a mais sim-
ples q u e a n o r m a t i z a ç ã o d o q u e s e h á d e e n t e n d e r n o M E R C O S U L p o r " e n f e r -
m e i r a " o u " t é c n i c o d e s e r v i ç o s auxiliares", p a r a o s q u a i s e x i s t e m i n c l u s i v e d i -
f e r e n ç a s d e d e f i n i ç ã o n o interior d e c a d a p a í s .
M u i t a s das universidades públicas d o s países debatem-se entre o s p r o -
blemas orçamentários e a s u p e r p o p u l a ç ã o estudantil, d e i x a n d o p o u c o espa-
ç o para o trabalho d e p r e p a r a ç ã o para os processos d e integração. A t é a g o -
ra, tais e s f o r ç o s têm-se r e s u m i d o a o s p r o c e d i m e n t o s gerais d e revalidação
d e títulos e s t r a n g e i r o s , e m geral e m b a r a ç o s o s d e v i d o às d i f i c u l d a d e s intrínse-
c a s já m e n c i o n a d a s e p e l a inexistência d e u m m a r c o geral f a v o r e c e d o r , p e l o
q u e o i n t e n t o d e r e v a l i d a ç ã o é visto c o m o u m a a m e a ç a à U n i v e r s i d a d e N a -
cional.
Dever-se-á ter e m m e n t e a e x p e r i ê n c i a d o General Systems Directive
( C S D ) , d o c u m e n t o q u e r e g e o e x e r c í c i o profissional n a C o m u n i d a d e Euro-
péia, q u e define normas muito liberais d e intercâmbio profissional. Mas
deve-se assinalar q u e a sua i m p l e m e n t a ç ã o foi p r a t i c a m e n t e f o r ç a d a pelos
a c o n t e c i m e n t o s políticos, u m a v e z q u e os a c o r d o s profissão por profissão re-
sultaram a l t a m e n t e burocráticos e s e g u r a m e n t e n ã o se teriam completado
( v e r O r z a c k , L.: The General Systems Directive: Education and the liberal p r o ¬
fessions).
T a l v e z a c i r c u n s t â n c i a d a i n t e g r a ç ã o r e a t i v e , s o b r e o u t r a s b a s e s , a s ins-
tâncias d e p l a n e j a m e n t o educacional, agora com um conteúdo regional,
o n d e ele atue c o m o u m sistema d e m o n i t o r a m e n t o da p r o d u ç ã o e distribui-
ç ã o d e profissionais e se v i n c u l e a s i s t e m a s d e i n f o r m a ç ã o d e m e r c a d o de
trabalho e m nível subregional.
É n e s t e s e n t i d o q u e a d q u i r e m i m p o r t â n c i a as d i f e r e n t e s c o n d i ç õ e s d e
a c e s s o às instituições d e f o r m a ç ã o s u p e r i o r v i g e n t e n o s p a í s e s e a t é e n t r e r e -
g i õ e s . A s r e s t r i ç õ e s já e m v i g ê n c i a a t r a v é s d e numerus clausus, vestibulares e
c o b r a n ç a d e m a t r í c u l a s significativas, já e s t ã o p r o d u z i n d o m i g r a ç õ e s d e e s t u -
d a n t e s p a r a a q u e l e s c e n t r o s d e m e n o r e s barreiras, o q u e s e m d ú v i d a h á d e
s e a c e n t u a r c r i t i c a m e n t e a partir d a p e r s p e c t i v a d e livre p r á t i c a profissional
entre os países.
A f i m d e s e a n t e c i p a r às r e a ç õ e s d e f e n s i v a s q u e i n e v i t a v e l m e n t e s e g e -
r a r ã o , as E s c o l a s a f e t a d a s p e l o s i n t e r c â m b i o s d e v e m definir a ç õ e s c o n j u n t a s ,
s e n d o imprescindível o relançamento d o antes m e n c i o n a d o planejamento
e d u c a c i o n a l , agora e m caráter regional.

Deterioração d a c a p a c i d a d e docente e perda d a liderança


universitária

A b a s e i n s t i t u c i o n a l universitária d e f o r m a ç ã o d e p e s s o a l na sub-região
s e g u e s e n d o p r i n c i p a l m e n t e p ú b l i c a , a p e s a r d o significativo i n c r e m e n t o d o
s e t o r p r i v a d o n o s ú l t i m o s a n o s ( v e r T a b e l a 1), e s p e c i a l m e n t e na A r g e n t i n a e
Brasil e n o q u e s e r e f e r e à M e d i c i n a e E n f e r m a g e m .
É n e c e s s á r i o a p o n t a r q u e as e s c o l a s p r i v a d a s s ã o m e n o r e s e c o m n ú -
m e r o p e q u e n o d e a l u n o s e m r e l a ç ã o às p ú b l i c a s e q u e s e l o c a l i z a m em
á r e a s d e m a i o r d e s e n v o l v i m e n t o s o c i o e c o n ô m i c o , c o m o o s u d e s t e brasileiro
e a área d e B u e n o s Aires, na Argentina.

TABELA 1

I n s t i t u i ç õ e s d e F o r m a ç ã o d e Profissionais d e S a ú d e
Medicina, Odontologia e Enfermagem,
Países d o M e r c o s u l , 1993

Fonte: HRD, S i s t e m a d e I n f o r m a ç ã o e m R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e .

A s e s c o l a s universitárias p ú b l i c a s d a sub-região d e b a t e m - s e c o m sérios


p r o b l e m a s o r ç a m e n t á r i o s ( q u e n ã o só se referem à diminuição das evasões,
s e n ã o à estrutura d a s d e s p e s a s q u e s e d e s t i n a m q u a s e q u e e x c l u s i v a m e n t e
a o p a g a m e n t o d e salários) e institucionais, tais c o m o s u p e r p o p u l a ç ã o e s t u -
dantil e a u m e n t o da p r e c a r i e d a d e das relações d o pessoal d o c e n t e c o m a
i n s t i t u i ç ã o , c o n s e q ü ê n c i a d o s b a i x o s salários e d a d e t e r i o r a ç ã o d a infra-estru-
tura e x i s t e n t e .
A s universidades públicas t ê m sustentado u m m e r c a d o d e trabalho d o -
c e n t e q u e se e x p a n d i u d e f o r m a significativa n o s ú l t i m o s trinta a n o s n o s paí-
ses d a sub-região, t a n t o n o Brasil, q u e e x p e r i m e n t o u u m c r e s c i m e n t o s u s t e n -
tado d e escolas, c o m o nos outros países, q u e n ã o sofreram esse f e n ô m e n o .
P o r é m , nos últimos anos esse m e r c a d o t e n d e u à p r e c a r i e d a d e da inserção
institucional. U m d a d o c o m u m a o s q u a t r o países é a d i m i n u i ç ã o d o s c a r g o s
d o c e n t e s d e d e d i c a ç ã o exclusiva, o i n c r e m e n t o da carga horária e a m a r c a -
d a d i m i n u i ç ã o d o s salários d o c e n t e s .
Essas t e n d ê n c i a s s ã o p r e o c u p a n t e s , já q u e a f e t a m as f u n ç õ e s b á s i c a s d a
instituição, c o m o a d o c ê n c i a e a p e s q u i s a . É u m f a t o p a t e n t e n a sub-região
q u e as f a c u l d a d e s e e s c o l a s t ê m p e r d i d o p r o t a g o n i s m o e l i d e r a n ç a n a d e f i n i -
ç ã o d o s critérios s o c i a i s d o m i n a n t e s d e q u a l i d a d e d a M e d i c i n a .

A formação de médicos

Em quase todos os países se o b s e r v o u u m i n c r e m e n t o c o n s t a n t e da


m a t r í c u l a d e profissionais d e s a ú d e e, e m e s p e c i a l , d e m é d i c o s , a t é a p r i m e i -
ra m e t a d e d o s a n o s o i t e n t a . A partir d e s s a d a t a observa-se u m a p e r d a de
q u a l i d a d e d a f o r m a ç ã o , e s p e c i a l m e n t e na A r g e n t i n a e n o U r u g u a i , q u e t ê m
m a t r í c u l a livre.
O e x a m e da disponibilidade d e instituições d e f o r m a ç ã o d e médicos
na sub-região m o s t r a u m d e s e q u i l í b r i o o u p o l a r i d a d e e n t r e o Brasil ( 8 0 e s c o -
las o u f a c u l d a d e s ) , p o r u m l a d o , e o U r u g u a i ( 1 f a c u l d a d e ) e o P a r a g u a i ( 2
e s c o l a s ) . A l é m d a s s i m p l e s d i f e r e n ç a s q u a n t i t a t i v a s , q u e p o d e m ser d e c o r r e n -
tes d e u m p r o b l e m a d e d e m a n d a e m r e l a ç ã o às d i f e r e n t e s p o p u l a ç õ e s , c h a -
m a a a t e n ç ã o o g r a u d e d i s p e r s ã o e f r a g m e n t a ç ã o d a o f e r t a n o Brasil, e m r e -
lação à c o n c e n t r a ç ã o da m e s m a nos d e m a i s países.
A A r g e n t i n a s e e n c o n t r a r i a n u m lugar i n t e r m e d i á r i o , c o m 13 f a c u l d a -
des, c o m a peculiaridade da criação d e quatro escolas privadas durante o s
ú l t i m o s d o i s a n o s . C h a m a a a t e n ç ã o q u e estes três ú l t i m o s p a í s e s n ã o t e -
n h a m i n c r e m e n t a d o o n ú m e r o d e escolas ( e m b o r a t e n h a m a u m e n t a d o suas
matrículas) d u r a n t e o s a n o s d e e x p a n s ã o na r e g i ã o .
E m geral, as f a c u l d a d e s o u e s c o l a s p r i v a d a s d e M e d i c i n a s ã o " p e q u e -
nas", c o m u m a m é d i a d e 5 0 a 6 0 a l u n o s p o r t u r m a , e n q u a n t o as p ú b l i c a s , a o
contrário, t ê m u m n ú m e r o b e m mais e l e v a d o d e alunos. Entretanto, estas d i -
f e r e n ç a s d e " t a m a n h o institucional", d e u m m o d o g e r a l c o m a l g u m a s e x c e ç õ -
es, c o m p a r t i l h a m critérios similares d e o r i e n t a ç ã o e estrutura c u r r i c u l a r , d e -
terminadas pelo m o d e l o h e g e m ô n i c o da prática m é d i c a .
A análise da i n f o r m a ç ã o disponível d o s egressos das faculdades, o n ú -
m e r o d e m é d i c o s e m a t i v i d a d e n o s p a í s e s e a taxa r e s u l t a n t e d e r e p o s i ç ã o
( q u e r dizer, a r e l a ç ã o e n t r e e g r e s s o s e m é d i c o s a t i v o s ) d e m o n s t r a q u e h a v e -
ria u m c r e s c i m e n t o d a p o p u l a ç ã o d e m é d i c o s n o U r u g u a i e n o P a r a g u a i ( p o -
r é m c o m m e n o r i n t e n s i d a d e ) , e n q u a n t o o Brasil e a A r g e n t i n a e s t a r i a m e s t á -
veis.
Esta i n f o r m a ç ã o é a p r e s e n t a d a n a T a b e l a 2 .
As opiniões dos setores dirigentes das escolas e faculdades
universitárias ( e m especial d o setor público) a p o n t a m para a existência d e
u m q u a d r o g e r a l d e d e t e r i o r a ç ã o n a " c o m p e t ê n c i a t e c n o l ó g i c a " e científica
d a s m e s m a s . O s h o s p i t a i s universitários e m geral n ã o c o n s e g u e m m a n t e r a
tecnologia atualizada, n e m o "prestígio" d e s e u s p r o f e s s o r e s , q u e optam
progressiva e majoritariamente pela alternativa d e t e m p o parcial, por não
t e r e m r e m u n e r a ç õ e s a d e q u a d a s , n e m f i n a n c i a m e n t o para suas p e s q u i s a s .

A f o r m a ç ã o em O d o n t o l o g i a

N a f o r m a ç ã o e m O d o n t o l o g i a o c o r r e m a l g u m a s c o i n c i d ê n c i a s c o m as
d e m a i s c a r r e i r a s , c o m o p o r e x e m p l o o i n c r e m e n t o significativo d o número
d e i n s t i t u i ç õ e s f o r m a d o r a s , q u e n o Brasil a t i n g e h o j e 8 1 E s c o l a s .
Tal expansão d e v e u - s e b a s i c a m e n t e à iniciativa p r i v a d a , responsável
pela abertura d e 33 n o v a s Escolas nos últimos 20 anos. A Argentina continua
com as d e z i n s t i t u i ç õ e s q u e p o s s u í a , d a s q u a i s o i t o s ã o p ú b l i c a s e duas
privadas. O Uruguai conta com uma Escola e o Paraguai com duas
i n s t i t u i ç õ e s , c o m o f e n ô m e n o singular q u e foi a a b e r t u r a d e u m a n o v a E s c o l a
pelo Círculo Paraguaio d e Dentistas (entidade corporativa).

TABELA 2

Recursos H u m a n o s e m Saúde no Mercosul

* Inclui O b s t e t r a s .
F o n t e : HRD, S i s t e m a d e I n f o r m a ç ã o e m R e c u r s o s H u m a n o s e m S a ú d e .
T a l e x p a n s ã o deveu-se b a s i c a m e n t e à iniciativa p r i v a d a , responsável
pela abertura d e 33 n o v a s Escolas nos últimos 2 0 a n o s . A A r g e n t i n a c o n t i n u a
c o m as d e z instituições q u e p o s s u í a , d a s q u a i s o i t o s ã o p ú b l i c a s e d u a s p r i v a -
das. O U r u g u a i c o n t a c o m u m a Escola e o Paraguai c o m duas instituições,
c o m o f e n ô m e n o singular q u e foi a a b e r t u r a d e u m a n o v a E s c o l a p e l o C í r c u -
lo P a r a g u a i o d e D e n t i s t a s ( e n t i d a d e c o r p o r a t i v a ) .
U m a característica c o m u m a o U r u g u a i e Paraguai é a forte e v a s ã o d e
a l u n o s a n t e s d a g r a d u a ç ã o : n o p r i m e i r o , a p e r d a c h e g a a 2/3 d o s m a t r i c u l a -
dos nos quatro anos antes da graduação, e n q u a n t o o Paraguai p e r d e nada
m e n o s q u e 4/5 d o s a l u n o s . O s altos c u s t o s d a f o r m a ç ã o ( s o b r e t u d o n o q u e
se refere a materiais e e q u i p a m e n t o s ) , q u e são d e responsabilidade d o p r ó -
prio estudante, é u m a das e x p l i c a ç õ e s possíveis para a e v a s ã o .
U m p r o b l e m a q u e d e v e r á ser o b j e t o d e c u i d a d o s o e s t u d o e q u e d e r i v a
d o tipo d e prática o d o n t o l ó g i c a é a f o r m a ç ã o d o s n í v e i s auxiliares n a e s t r u t u -
ra o c u p a c i o n a l . H á c l a s s i f i c a ç õ e s d i v e r s a s d e t é c n i c o s e m h i g i e n e d e n t a l , h i -
gienistas d e n t a i s , assistentes d e n t a i s e t c , q u a s e t o d o s f o r m a d o s n o n í v e l s e -
c u n d á r i o , s e m u m a d i f e r e n ç a p r e c i s a e n t r e tais perfis,

A formação em E n f e r m a g e m

A E n f e r m a g e m é u m a c a t e g o r i a profissional crítica n o s q u a t r o p a í s e s d a
sub-região. O c r í t i c o d e tal s i t u a ç ã o s e r e f e r e t a n t o a e l e m e n t o s q u a n t i t a t i v o s
( e m geral u m a s i t u a ç ã o deficitária o u c o m t e n d ê n c i a d e c r e s c e n t e n o q u e s e
refere a disponibilidade d e pessoal), c o m o a e l e m e n t o s qualitativos referidos
à n a t u r e z a s u b o r d i n a d a e d e s v a l o r i z a d a d e sua p r á t i c a , à p r o c u r a d e u m a r e -
definição d e seu objeto d e trabalho o u a deficientes c o n d i ç õ e s d e trabalho,
entre outras características.
Esta c a t e g o r i a profissional é u m a d a s m a i s c o m p l e x a s n a d e f i n i ç ã o d o s
níveis q u e c o n f o r m a m a sua estrutura c o m o o c u p a ç ã o . S e u s componentes
v a r i a m d e u m país p a r a o u t r o , assim c o m o o s c o n t e ú d o s d o s s e u s o b j e t o s d e
t r a b a l h o , q u e v a r i a m i n c l u s i v e n o interior d e u m m e s m o país e e n t r e a s d i v e r -
sas m o d a l i d a d e s d e o r g a n i z a ç ã o d a a t e n ç ã o à s a ú d e . D a m e s m a m a n e i r a , o s
p r o c e s s o s históricos d e p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o s ã o d i f e r e n t e s e n t r e o s d i v e r s o s
países, e m a l g u n s d o s q u a i s t e m a l c a n ç a d o u m significativo g r a u d e a u t o n o -
m i a e v a l o r i z a ç ã o s o c i a l , a o p a s s o q u e e m o u t r o s p e r s i s t e m e l e m e n t o s d e se¬
m i p r o f i s s i o n a l i s m o e e s c a s s o status t é c n i c o e r e c o n h e c i m e n t o e c o n ô m i c o e
social.
Este d e s e n v o l v i m e n t o d e s i g u a l s e reflete na f o r m a ç ã o d e enfermeiras
n o s países d a sub-região. O q u a d r o s e g u i n t e d e m o n s t r a a d i v e r s i d a d e d e m o -
d a l i d a d e s e níveis d e f o r m a ç ã o existentes, r e l a c i o n a d o s c o m as f o r m a s d e
práticas existentes.
TABELA 3

A Profissão d e Enfermagem S e g u n d o Níveis d e F o r m a ç ã o


Países d o M e r c o s u l , 1993

Fonte: HRD, Sistema de Informação e m Recursos H u m a n o s e m Saúde.

Esta d i v e r s i d a d e d e n í v e i s , requisitos, c u r r í c u l o s e perfis o c u p a c i o n a i s ,


t e m u m a r e p r e s e n t a ç ã o n o g r a u d e d i s p e r s ã o d a s instituições f o r m a d o r a s ,
q u e nos quatro países se e n c o n t r a m e m universidades, Ministérios d e S a ú d e
e d e E d u c a ç ã o e no setor privado, tanto d e saúde, c o m o d e e d u c a ç ã o .
N a Argentina, país q u e t e m u m a das m e n o r e s p r o p o r ç õ e s d e e n f e r m e i -
ras p o r p o p u l a ç ã o e u m a estrutura d e p e s s o a l b a s i c a m e n t e desqualificada,
existem 9 5 instituições formadoras d e pessoal d e e n f e r m a g e m , das quais 21
são d e nível universitário, 4 5 d e n í v e l terciário n ã o universitário ( d e p e n -
d e n t e s d e e d u c a ç ã o e s a ú d e ) e 2 9 terciárias d e p e n d e n t e s d e e d u c a ç ã o .
N o Brasil, e x i s t e m a t u a l m e n t e 1 0 2 p r o g r a m a s universitários d e E n f e r m a -
g e m , d o s q u a i s 4 4 % s ã o p r i v a d o s . N o U r u g u a i , existe u m a e s c o l a universitá-
ria q u e f o r m a e n f e r m e i r a s profissionais d e nível terciário e q u e o f e r e c e a o p -
ç ã o a d i c i o n a l d e u m a l i c e n c i a t u r a , u m c u r s o "profissionalizante" p a r a auxilia-
res d e p e n d e n t e d o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e d i v e r s o s c u r s o s p a r a for-
m a r auxiliares e m s e r v i ç o . N o P a r a g u a i existe u m a e s c o l a universitária.
O u t r a s i t u a ç ã o crítica n o s p a í s e s é o b a i x o n ú m e r o d e ingressantes, a s -
s i m c o m o d e e g r e s s o s , o q u e estaria c o l o c a n d o e m e v i d ê n c i a n ã o s o m e n t e
s é r i o s p r o b l e m a s n o s p r o c e s s o s e d u c a t i v o s n o interior d a s instituições ( s ã o
c o n h e c i d a s as d i f i c u l d a d e s q u e a c o n t e c e m n o c u r r í c u l o , n a estrutura d o c e n -
t e e n a q u a l i d a d e d e e n s i n o ) , s e n ã o t a m b é m o b a i x o status s o c i a l e t é c n i c o
d a p r o f i s s ã o n a sub-região. A s i t u a ç ã o d e e l e v a d a e v a s ã o estudantil ( q u e e m
m é d i a é d e 6 0 % p a r a a A r g e n t i n a e o Brasil) obrigaria a p e n s a r e m p r o m o v e r
p r o c e s s o s integrais d e t r a n s f o r m a ç ã o e d u c a c i o n a l na p e r s p e c t i v a d a integra-
ç ã o e q u e a n t e v e j a m n o v o s perfis d e r i v a d o s d a t r a n s f o r m a ç ã o t e c n o l ó g i c a e
d a s t e n d ê n c i a s d a assistência à s a ú d e .
É sabido internacionalmente q u e o pessoal d e Enfermagem é u m dos
q u e m a i s m i g r a m d e país e m país, o q u e n a s i t u a ç ã o g e n é r i c a d e relativa d e s -
q u a l i f i c a ç ã o d e m ã o d e o b r a e x i s t e n t e nesta c a t e g o r i a e a d i v e r s i d a d e n a for¬
m a ç ã o , p o d e r i a c o n f i g u r a r u m a difícil s i t u a ç ã o sub-regional e a g r a v a r déficits
existentes. Isto d e v e ser c o n s i d e r a d o p e l a s l i d e r a n ç a s p o l í t i c a s e p r o f i s s i o -
nais, l e v a n d o o s p a í s e s a c o l a b o r a r e m n a b u s c a d e u m m e c a n i s m o d e m e -
l h o r a m e n t o d a f o r m a ç ã o p a r a a s o l u ç ã o d e p r o b l e m a s q u e d e d i v e r s a s for-
mas são compartilhados.

A pós-graduação médica

A respeito dos estudos d e pós-graduação, a situação é mais c o m p l e x a


do q u e nos estudos d e graduação, devido à heterogeneidade d o papel d o s
Estados n a r e g u l a m e n t a ç ã o d e s t a s a t i v i d a d e s . O u t r a e x p l i c a ç ã o importante
para tal c o m p l e x i d a d e é q u e o s e s t u d o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o v i n c u l a m - s e d i r e t a
e i n t i m a m e n t e à fronteira d o a v a n ç o d o c o n h e c i m e n t o e à i n c o r p o r a ç ã o t e c -
n o l ó g i c a a o s e t o r s a ú d e , d e u m l a d o ; e às e x i g ê n c i a s d a c o m p e t i t i v i d a d e d o s
m e r c a d o s d e t r a b a l h o n a atual o r d e m e c o n ô m i c a d e o r g a n i z a ç ã o d a p r á t i c a
médica, d o outro.
A regulamentação dos processos d e p r e p a r a ç ã o d e especialistas, a o
contrário daqueles d e graduação, tem q u e enfrentar u m a ampla g a m a de
c e n á r i o s e instituições, d e s d e as f o r m a i s a t é as i n f o r m a i s , c o m m a i o r d i f i c u l -
d a d e e m países c o m o a Argentina, o n d e a U n i v e r s i d a d e n ã o t e m tido lide-
r a n ç a nesta á r e a d e f o r m a ç ã o .
N a sub-região, n o q u e s e r e f e r e à M e d i c i n a , h á m e c a n i s m o s distintos
d e p r e p a r a ç ã o d e especialistas: residências m é d i c a s , cursos d e especializa-
ç ã o , rotação por serviços d e diversos graus d e formalidade, mestrados e
d o u t o r a d o s , c a d a u m a d e l a s p r o c u r a n d o critérios p a r a a s u a regulamenta-
ç ã o . H á , a i n d a , as h e t e r o g e n e i d a d e s e n t r e o s p a í s e s n a i n t e r p r e t a ç ã o d a s d i -
ferentes m o d a l i d a d e s d e estudos.
N a A r g e n t i n a , as r e s i d ê n c i a s m é d i c a s s ã o o r g a n i z a d a s n ã o s o m e n t e p e -
las f a c u l d a d e s , m a s t a m b é m p e l o s s e r v i ç o s d e s a ú d e ( h o s p i t a i s ) q u e , a o m e s -
m o t e m p o , estão vinculados aos Ministérios o u Secretarias d e S a ú d e esta-
d u a i s , às P r e f e i t u r a s , a o b r a s s o c i a i s e s p e c í f i c a s , assim c o m o a o s e t o r p r i v a -
d o . C a d a u m a d e s t a s instituições e s t a b e l e c e u m r e g u l a m e n t o p r ó p r i o p a r a
suas r e s i d ê n c i a s ( e x c e t o e m a l g u n s E s t a d o s o n d e a h a b i l i t a ç ã o d e r e s i d ê n c i a s
está c o n c e n t r a d a e m e n t i d a d e s d e o n t o l ó g i c a s c r i a d a s p o r lei). O s m e s t r a d o s
e d o u t o r a d o s são muito p o u c o d e s e n v o l v i d o s na área profissional d a M e d i c i -
na. O s e s t á g i o s e as e s p e c i a l i z a ç õ e s e s t ã o a i n d a m e n o s r e g u l a m e n t a d o s q u e
as m o d a l i d a d e s a n t e r i o r e s .
D e m a n e i r a d i f e r e n t e , existe n o Brasil u m a rígida r e g u l a m e n t a ç ã o das
residências m é d i c a s pela C o m i s s ã o N a c i o n a l d e Residência M é d i c a , d o M i -
nistério d a E d u c a ç ã o . H á r e g u l a m e n t o s a r e s p e i t o d a c o m p o s i ç ã o e e s t r u t u r a
d e treinamento e m termos d e carga horária, exigências d e instalações, c o m o
b i b l i o t e c a s e n e c r ó p s i a s s i s t e m á t i c a s nas i n s t i t u i ç õ e s .
Estabelece-se a r e m u n e r a ç ã o d o s residentes e se r e c o n h e c e m 4 2 e s p e -
c i a l i d a d e s m é d i c a s . P o r é m , h á u m a f o r t e c o n c e n t r a ç ã o n a s r e s i d ê n c i a s nas
áreas básicas da medicina e e m anestesiologia.
O p r o c e s s o d a luta política q u e e m p r e e n d e r a m o s m é d i c o s r e s i d e n t e s
p o r m e l h o r e s c o n d i ç õ e s d e a p r e n d i z a g e m e r e m u n e r a ç ã o d i m i n u í r a m drasti-
c a m e n t e a oferta d e vagas, q u e hoje se c o n c e n t r a quase q u e exclusivamente
n o s h o s p i t a i s p ú b l i c o s , e s p e c i a l m e n t e o s universitários, q u e a t e n d e m m e n o s
d e 1/3 d o s e g r e s s o s d o s c u r s o s m é d i c o s .
A s i n s t i t u i ç õ e s assistenciais p r i v a d a s o f e r e c e m m o d a l i d a d e s d e "treina-
m e n t o e m serviço" o u outras modalidades d e capacitação q u e e s c a p a m das
n o r m a s e s t a b e l e c i d a s e , p o r t a n t o , n ã o t ê m o p o d e r d e titular o s e g r e s s o s . O s
c u r s o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o sensu strictu t ê m c o m o principal objetivo a prepara-
ç ã o d e docentes e pesquisadores e não são muito freqüentes c o m o meca-
n i s m o p r i m á r i o d e f o r m a ç ã o d e e s p e c i a l i s t a s p a r a a á r e a profissional d a M e -
dicina.
N o P a r a g u a i há u m p r o j e t o d e r e g u l a m e n t a ç ã o d o e x e r c í c i o profissio-
n a l e s p e c i a l i z a d o , q u é s e e n c o n t r a a t u a l m e n t e t r a m i t a n d o n o p o d e r legislati-
v o . E n q u a n t o isso, o s e g r e s s o s d o s c u r s o s m é d i c o s s ã o p r e p a r a d o s a l g u m a s
v e z e s n o s s e r v i ç o s d e s a ú d e existentes n o p a í s e , m a i s r a r a m e n t e , e m s e r v i -
ç o s d e r e f e r ê n c i a sub-regional, n o s p a í s e s v i z i n h o s o u n o s c e n t r o s m a i s d e -
senvolvidos do mundo.
N o U r u g u a i , o M i n i s t é r i o d e S a ú d e o f e r e c e u m n ú m e r o fixo d e 1 0 0 v a -
gas d e residência, q u e são preenchidas p o r c o n c u r s o nacional. A universida-
d e t a m b é m p a r t i c i p a d o f i n a n c i a m e n t o d e s t a s v a g a s . Existem t a m b é m c u r s o s
d e especialização, fornecidos pelas cátedras e departamentos da Faculdade
d e M e d i c i n a , q u e c o n c e d e títulos d e e s p e c i a l i z a ç ã o e m d i f e r e n t e s á r e a s .
T a m b é m n o U r u g u a i h á u m a significativa p r o c u r a p e l a c o n t i n u i d a d e d o s e s -
tudos nos centros tecnologicamente mais desenvolvidos.

L I C E N C I A M E N T O E C O N T R O L E D O EXERCÍCIO P R O F I S S I O N A L

A existência d e organismos d e controle deontológico e d e regulamen-


t a ç ã o a u t ô n o m a d a p r á t i c a é u m a d a s c a r a c t e r í s t i c a s d o p r o c e s s o d e "profis-
sionalização" das ocupações. É habitual q u e existam naquelas profissões
completamente estabelecidas e se g e r e m nas o r g a n i z a ç õ e s corporativas,
c o m o u m a forma d e defesa contra o charlatanismo.
É d e s n e c e s s á r i o m e n c i o n a r q u e esta d e f e s a t a m b é m inclui o s e s t r a n g e i -
ros, s o b r e o s q u a i s p e s a , p a r a e s s e s o r g a n i s m o s , u m " p e c a d o original", p a r a
cuja r e d e n ç ã o d e v e r ã o demonstrar inocência depois d e u m período d e atua-
ção condicional.
O s estrangeiros q u e p r o c e d e m d e países o n d e existam c o n v ê n i o s ofi-
ciais s ã o a d m i t i d o s n o e x e r c í c i o profissional s e m m a i o r e s d i f i c u l d a d e s , s a l v o
u m t r â m i t e f o r m a l . O s q u e r e a l i z a r a m e s t u d o s e m o u t r o s países d e v e m s u b ¬
m e t e r seus p l a n o s d e e s t u d o a c o n s i d e r a ç ã o d e u m a u n i v e r s i d a d e , o n d e s ã o
comparados c o m os nacionais e revalidados, c o m exigências q u e p o d e m va-
riar d e c a s o a c a s o .
N a q u e l a s s i t u a ç õ e s e m q u e o o r g a n i s m o d e c o n t r o l e d e o n t o l ó g i c o está
v i n c u l a d o a o E s t a d o , c o m o n o U r u g u a i , estes m e c a n i s m o s p o d e m ser m o d i f i -
c a d o s p o r a c o r d o s d i p l o m á t i c o s , m a s s e g u r a m e n t e existirão r e s i s t ê n c i a s à
a c e i t a ç ã o d o profissional f o r â n e o e m c o n d i ç õ e s similares a o n a c i o n a l . N a A r -
g e n t i n a e n o Brasil e s t e s m e c a n i s m o s , d o t i p o c o r p o r a t i v o , p o r é m d e c a r á t e r
legal, s ã o d e r e s p o n s a b i l i d a d e e s t a d u a l , p e l o q u e p o d e m s e incluir n a s á r e a s
d e interesse d a s j u r i s d i ç õ e s d a s á r e a s d e fronteira n o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .
N o P a r a g u a i e n o U r u g u a i e x i s t e m p r o j e t o s e m n í v e l legislativo q u e tocam
estes a s p e c t o s , q u e p o d e r i a m vir a integrar u m a a g e n d a d e d i s c u s s ã o que
envolvesse parlamentares e organismos corporativos dos diferentes países.
U m a c o n d i ç ã o c o m u m a t o d o s o s p a í s e s é q u e n ã o existe r e q u i s i t o a d i -
c i o n a l à a p r e s e n t a ç ã o d o d i p l o m a p a r a a h a b i l i t a ç ã o d o e x e r c í c i o profissio-
nal, tais c o m o e x a m e s d e c a p a c i d a d e feitos p e l o E s t a d o o u p e l a c o r p o r a ç ã o
o u , m e s m o , a obrigatoriedade d o serviço social, c o m o o c o r r e na área andina
(Bolívia e Peru). O l i c e n c i a m e n t o é definitivo, n ã o h a v e n d o exigências d e re-
certificação para a f o r m a ç ã o básica, existindo a t u a l m e n t e alguns projetos d e
r e c e r t i f i c a ç ã o a p e n a s c o m r e l a ç ã o às e s p e c i a l i d a d e s .
N a A r g e n t i n a , as E s c o l a s titulam e a q u e l e s e g r e s s a d o s n a C a p i t a l F e d e -
ral d e v e m registrar s e u s d i p l o m a s n a S e c r e t a r i a d e S a ú d e d a N a ç ã o , o q u e o s
habilita p a r a o e x e r c í c i o profissional. N o s E s t a d o s , o registro a c o n t e c e nas
S e c r e t a r i a s (Estaduais) d e S a ú d e o u n o s C o l é g i o s M é d i c o s p o r d e l e g a ç ã o d a s
primeiras. E m r e l a ç ã o às e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s , há três i n s t â n c i a s q u e h a b i -
litam p a r a s e u e x e r c í c i o , q u e s ã o as u n i v e r s i d a d e s , as a s s o c i a ç õ e s e c o l é g i o s
profissionais e d e t e r m i n a d o s s e r v i ç o s c r e d i t a d o s p a r a tal f i n a l i d a d e . Estão
atualmente reconhecidas pela D i r e ç ã o N a c i o n a l d e R e g u l a ç ã o e C o n t r o l e d o
E x e r c í c i o Profissional e d e E s p e c i a l i d a d e s M é d i c a s d a S e c r e t a r i a d e S a ú d e d a
Argentina 63 especialidades m é d i c a s e 7 pediátricas, o q u e s o m a u m total
d e 7 0 e s p e c i a l i d a d e s . Existe u m p r o j e t o d e r e c e r t i f i c a ç ã o d o e x e r c í c i o d e e s -
pecialidades a cada cinco anos, ainda n ã o regulamentado nacionalmente.
E m C ó r d o b a , a r e c e r t i f i c a ç ã o d e e s p e c i a l i d a d e s existe há trinta a n o s , c o m
e x a m e s r i g o r o s o s e b a n c a s p a g a s p e l a instituição d e o n t o l ó g i c a . O controle
é t i c o d o e x e r c í c i o profissional está e m p r i n c í p i o a c a r g o d o s c o n s e l h o s p r o -
fissionais.

N o Brasil, as E s c o l a s , s e j a m p ú b l i c a s o u p r i v a d a s , e m i t e m o s d i p l o m a s
q u e d e v e m ser registrados n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d a r e s p e c t i v a p r o f i s s ã o ,
a u t a r q u i a s p ú b l i c a s r e s p o n s á v e i s p e l o c o n t r o l e é t i c o d o e x e r c í c i o profissio-
nal. N ã o há n e c e s s i d a d e d e r e v a l i d a r o título d u r a n t e t o d a a v i d a p r o f i s s i o n a l .
N o c a s o d a M e d i c i n a e d a O d o n t o l o g i a , as e s p e c i a l i d a d e s d e v e m ser i g u a l -
m e n t e registradas n o s C o n s e l h o s e s ã o o b t i d a s a t r a v é s d a r e a l i z a ç ã o d e resi-
d ê n c i a s o u c u r s o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o sensu strictu o u d e outras modalidades.
Em Medicina se r e c o n h e c e agora u m l e q u e d e 54 especialidades e, em
Odontologia, 14.
P a u l a t i n a m e n t e , tende-se a exigir n o s c o n c u r s o s p ú b l i c o s o s registros
d e especialistas pelos C o n s e l h o s , o q u e t e m levado à valorização dos m e c a -
n i s m o s f o r m a i s d e e s p e c i a l i z a ç ã o . O u t r a f o r m a d e o b t e n ç ã o d o registro d e
e s p e c i a l i s t a é a c o m p r o v a ç ã o d o e x e r c í c i o profissional p o r u m t e m p o d e t e r -
m i n a d o , o q u e n ã o p a s s a d e u m m e c a n i s m o m a r g i n a l e m r e l a ç ã o às d e m a i s
modalidades.
N o U r u g u a i , o título o b t i d o n o país o u o título d o exterior r e v a l i d a d o
d e v e ser r e g i s t r a d o e m d i v i s ã o d e c o o r d e n a ç ã o e c o n t r o l e d o M i n i s t é r i o d e
S a ú d e , q u e habilita p a r a o e x e r c í c i o e m t o d o o país. A d i c i o n a l m e n t e , o s p r o -
fissionais q u e d e s e j e m realizar o e x e r c í c i o profissional d e v e m s e registrar n a
C a i x a d e A p o s e n t a d o r i a s e P e n s õ e s d e profissionais universitários.
Existe u m a lei d e e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s q u e regula s e u e x e r c í c i o , r e -
c o n h e c i d a pelas Escolas d e G r a d u a ç ã o , q u e estabelece c o m o obrigatório o
registro c o m o e s p e c i a l i s t a p a r a o e x e r c í c i o legal d e f u n ç õ e s p ú b l i c a s o u pri-
vadas. Desta maneira, o exercício das especialidades é regulamentado e
p o d e ser s a n c i o n a d o d a m e s m a f o r m a q u e o e x e r c í c i o d a M e d i c i n a . A f u n -
ç ã o d o controle ético é exercida pela C o m i s s ã o Honorária d e S a ú d e Pública,
d o Ministério d e S a ú d e , q u e funciona desde 1934.
N o P a r a g u a i existe o D e p a r t a m e n t o d e C o n t r o l e Profissional d o M i n i s -
t é r i o d a S a ú d e , q u e registra e habilita para o e x e r c í c i o profissional, d e s d e
q u e c u m p r i d a s determinadas exigências formais, c o m o a apresentação d o di-
p l o m a e p a g a m e n t o d e taxas. Este D e p a r t a m e n t o c o n t r o l a t a m b é m o s a s p e c -
t o s é t i c o s d a p r á t i c a profissional p e l a a p l i c a ç ã o d o C ó d i g o S a n i t á r i o . P a r a o s
p r o f i s s i o n a i s f o r m a d o s n o exterior s e e x i g e a r e v a l i d a ç ã o d e d i p l o m a pela
Universidade d e Assunção. A s especialidades continuam aguardando a san-
ç ã o d e u m a lei p e l o C o n g r e s s o , a i n d a n ã o a p r o v a d a , q u e e s t a b e l e c e a a s s o -
c i a ç ã o c o m p u l s ó r i a d o s profissionais.

M E R C A D O S DE TRABALHO E EMPREGO

U m d o s impactos mais diretos d o M E R C O S U L nos recursos h u m a n o s há


d e s e t r a d u z i r n a livre c i r c u l a ç ã o d e mão-de-obra e n t r e o s países signatários.
T r a t a n d o - s e d e mão-de-obra c o m u m a q u a l i f i c a ç ã o m u i t o particular, sua cir-
c u l a ç ã o p o d e produzir modificações e m diversos c a m p o s , desde m u d a n ç a s
na e q u a ç ã o e c o n ô m i c a d o s serviços d e saúde, até a introdução d e novas
p r á t i c a s assistenciais nas r e g i õ e s e m q u e n ã o existia u m desenvolvimento
prévio.
Esta c i r c u l a ç ã o d e v e r i a , d e a c o r d o c o m as leis d o m e r c a d o , c o n t r i b u i r
p a r a a r e p a r a ç ã o d o s d e s e q u i l í b r i o s d e o f e r t a e d e m a n d a d e mão-de-obra,
p e r m i t i n d o a s o l u ç ã o d e e x c e s s o s o u d e f e i t o s e r e g u l a n d o o c u s t o d o insu¬
m o h u m a n o na e q u a ç ã o da p r o d u ç ã o d e serviços. Entretanto, é c o n h e c i d a a
i n s u f i c i ê n c i a d a s leis d e m e r c a d o p a r a e x p l i c a r as v a r i a ç õ e s d e oferta, de¬
m a n d a e p r e ç o d o p e s s o a l e m s a ú d e . A baixa e l a s t i c i d a d e d o s m e c a n i s m o s
d e f o r m a ç ã o , o p a p e l s o c i a l d a s p r o f i s s õ e s d a s a ú d e , as v i n c u l a ç õ e s e n t r e a l -
g u m a s profissões e o s p a p é i s m a s c u l i n o e f e m i n i n o , o s m e c a n i s m o s c o r p o r a -
tivos, e n t r e o u t r o s f a t o r e s , e x p l i c a m a f o r m a ç ã o d e significativos d e s e q u i l í -
brios e n t r e a d i s p o n i b i l i d a d e e a u t i l i z a ç ã o d e p e s s o a l .
Estes d e s e q u i l í b r i o s t ê m e m geral u m c a r á t e r sub-regional, c o e x i s t i n d o
e m c a d a país z o n a s d e o f e r t a e x c e s s i v a c o m z o n a s d e déficit. Isto n ã o p e r m i -
te a n t e c i p a r q u e a livre c i r c u l a ç ã o d e p e s s o a l a t r a v é s d a s f r o n t e i r a s n a c i o n a i s
v e n h a a contribuir d e forma substantiva para solucionar os desequilíbrios
existentes, e n e m s e q u e r p o d e r i a s e afirmar q u e o s m e s m o s n ã o i r ã o s e a g r a -
var. P r o v a v e l m e n t e , o T r a t a d o d e A s s u n ç ã o p e r m i t i r á u m a m a i o r l i b e r d a d e
d e e s c o l h a p a r a o s profissionais, q u e p o d e r ã o e l e g e r o â m b i t o d e a ç ã o , s e m
passar p e l o s atuais f e n ô m e n o s d e exílio, a l é m d e o f e r e c e r n o v a s o p ç õ e s d e
s o l u ç ã o a s i t u a ç õ e s transitórias d e e s c a s s e z .
O s d i a g n ó s t i c o s d e e x c e s s o d e m é d i c o s nas á r e a s m e t r o p o l i t a n a s , d e
falta d e e n f e r m a g e m profissional e m n í v e l d o país, d e d e s i g u a l d a d e s u r b a n o -
rural d e d i s t r i b u i ç ã o d e profissões s ã o c o m u n s a o s q u a t r o p a í s e s . S e r i a r e c o -
m e n d á v e l realizar u m e s t u d o c o m p a r a t i v o s o b r e o s m e r c a d o s d e t r a b a l h o d e
m é d i c o s , d e e n f e r m a g e m e d e o d o n t ó l o g o s nas d i f e r e n t e s z o n a s q u e c o m -
p õ e m a á r e a a integrar, p r o c u r a n d o estruturar u m s i s t e m a d e m o n i t o r i z a ç ã o
d e variáveis d e oferta, d e m a n d a e d e s e m p e n h o profissional.
A s d i f e r e n t e s m o d a l i d a d e s d e e m p r e g o profissional t e m e s p e c i a l t r a n s -
cendência na c o n f i g u r a ç ã o d e s t e m e r c a d o a m p l i a d o d e t r a b a l h o . Existem
i n ú m e r a s v a r i á v e i s , d e s d e a p r á t i c a profissional liberal a t é o a s s a l a r i a m e n t o ,
p a s s a n d o p o r s i s t e m a s mistos o u d e r e p a r t i ç ã o d e riscos, tais c o m o a c a p a c i -
tação o u a associação dos prestadores e m cooperativas. U m estudo detalha-
d o d a s d i f e r e n t e s o p ç õ e s d e e m p r e g o p o d e servir c o m o a p o i o p a r a o d e s e n -
volvimento d e n o v o s e s q u e m a s d e organização d o trabalho e c o m p a r a r as
v a n t a g e n s d e c a d a u m . P o d e , a d e m a i s , flexibibilizar as r e l a ç õ e s e n t r e e m p r e -
g a d o r e s e e m p r e g a d o s a o i n t r o d u z i r n o menu d e n e g o c i a ç ã o f o r m a s bem-su¬
c e d i d a s e m o u t r a s r e a l i d a d e s , q u e p o s s a m ser a v a l i a d a s e a d a p t a d a s .

O mercado d e t r a b a l h o médico

C o m o p o d e ser visto n a T a b e l a 2, a d i s p o n i b i l i d a d e d e m é d i c o s o b s e r -
vada através da relação médicos/10.000 hab. é muito diferenciada entre o s
países, o n d e o U r u g u a i ( 3 1 . 0 ) e a A r g e n t i n a ( 2 6 . 0 ) s e e n c o n t r a m e m v a n t a -
g e m a n t e o P a r a g u a i ( 7 . 7 ) , e n q u a n t o o Brasil s e l o c a l i z a e m p o s i ç ã o i n t e r m e -
diária ( 1 3 . 3 ) .
Esta s i t u a ç ã o e x p r e s s a t a m b é m a g r a n d e d i f e r e n ç a e n t r e as f o r m a s d e
organização d o s sistemas d e s a ú d e e a sua cobertura (extensão e e q ü i d a d e ) .
É previsível q u e n o Paraguai subsistam ainda s e m c o b e r t u r a determinadas
p a t o l o g i a s o u a t e n d i m e n t o s d e "alta c o m p l e x i d a d e " .
O p r o c e s s o d e f e m i n i z a ç ã o é s e m e l h a n t e e m t o d o s os países, u m a m é -
dia d e 3 0 % . N o U r u g u a i as m u l h e r e s r e p r e s e n t a m agora 4 0 , 2 % da força d e
trabalho m é d i c o .
Nos quatro países há uma concentração geográfica de profissionais
m é d i c o s nas capitais o u e m áreas d e maior d e s e n v o l v i m e n t o s o c i o e c o n ô m i -
c o (regiões metropolitanas): a Capital Federal e a G r a n d e B u e n o s Aires c o n -
centram 5 4 % dos médicos argentinos; a o m e s m o tempo, M o n t e v i d é u e As-
s u n ç ã o t ê m d e 8 0 a 8 2 % d a t o t a l i d a d e d o s m é d i c o s d e s e u s r e s p e c t i v o s paí-
ses. A região S u d e s t e (estados d e S ã o Paulo, Rio d e Janeiro e M i n a s Gerais)
s ã o r e s p o n s á v e i s p e l a l o c a l i z a ç ã o d e 6 1 % d o s m é d i c o s e , se a n e x a r m o s a r e -
gião Sul, a c o n c e n t r a ç ã o alcança 7 4 % .
E m t o d o s os países o c o r r e u m a tendência a o assalariamento, o n d e se
d e s t a c a m o Brasil ( c o m 6 1 % ) e o U r u g u a i ( c o m 7 4 % ) . A p r á t i c a p r i v a d a n ã o
c h e g a a estar e m v i a s d e d e s a p a r e c i m e n t o , p o r é m p e r d e e s p a ç o n o m e r c a -
d o d e trabalho.
E s t u d o s r e c e n t e s m o s t r a m u m a taxa d e d e s e m p r e g o d e 7 % no Uru-
guai. N a Argentina é d e 9 , 1 % (para a região d e Rosário) n o primeiro a n o e
5 , 2 % no s e g u n d o a n o após a graduação. N o Uruguai, u m estudo recente so-
bre o subemprego d o s m é d i c o s m o s t r o u taxas d e 14 a 2 8 % n a s d i v e r s a s
áreas d o país.
O m u l t i e m p r e g o é u m a t e n d ê n c i a g e r a l , c o m m é d i a s d e 1,8 empregos
p o r m é d i c o p a r a o Brasil e d e 2,6 p a r a o U r u g u a i . Isto reflete u m e s f o r ç o d e
s u p e r a ç ã o d o s b a i x o s salários.
N o B r a s i l , i n f o r m a ç õ e s r e c e n t e s m o s t r a m u m a g r a n d e v a r i a ç ã o d o s ní-
v e i s salariais, q u e s ã o d e 6 0 a 2 0 0 U S D , a p r o x i m a d a m e n t e , n a s S e c r e t a r i a s d e
S a ú d e e s t a d u a i s ( p o u c a s t ê m salários a c i m a d e 2 0 0 U S D ) , e n q u a n t o o s salá-
rios d o I N A M P S / M i n i s t é r i o d e S a ú d e situam-se e n t r e 5 0 0 a 7 5 0 U S D .
H á u m a t e n d ê n c i a a p a r e n t e m e n t e irreversível para a e s p e c i a l i z a ç ã o : o
Brasil t e m 5 7 % d e m é d i c o s e s p e c i a l i s t a s , a A r g e n t i n a 6 9 % e o U r u g u a i 9 0 % .
N o P a r a g u a i a i n d a n ã o existe u m s i s t e m a d e registro d o s e s p e c i a l i s t a s .
O e m p r e g o n o s e t o r p ú b l i c o é m a j o r i t á r i o n o Brasil ( 5 5 % ) e r e p r e s e n t a
1/3 d a s v a g a s d e t r a b a l h o n o U r u g u a i e n o P a r a g u a i .

O mercado de trabalho dos odontólogos

A disponibilidade da força d e trabalho odontológica é mais h o m o g ê -


n e a n o s q u a t r o p a í s e s d a sub-região, c o m o p o d e se o b s e r v a r na T a b e l a 2.
E n t r e t a n t o , e x i s t e m d e n o m i n a d o r e s c o m u n s , tais c o m o : a t e n d ê n c i a p a r a a
composição feminina da profissão, a c o n c e n t r a ç ã o nas capitais e grandes
c e n t r o s u r b a n o s d o s p a í s e s ( s e n d o i n t e r e s s a n t e q u e n o c a s o p a r a g u a i o a dis-
t r i b u i ç ã o d o s t é c n i c o s d e n t a i s s e l o c a l i z a na sua m a i o r i a n o interior d o país)
e a m o d a l i d a d e d o m i n a n t e d e p r á t i c a p r i v a d a liberal.
Esta m o d a l i d a d e d e p r á t i c a d o m i n a n t e é significativa n o s q u a t r o p a í s e s ,
c h e g a n d o a 5 4 % o t r a b a l h o e x c l u s i v o n o â m b i t o p r i v a d o liberal n a A r g e n t i n a
e n o Brasil. Este é u m d a d o a c o n s i d e r a r e m u m a linha d e t r a b a l h o o r i e n t a d a
pela e q ü i d a d e e a universalização da cobertura para a p o p u l a ç ã o , c o n s i d e -
rando a escassa ênfase atribuída à s a ú d e oral pelas políticas d e s a ú d e d o s d i -
versos governos.

O mercado d e trabalho d o pessoal d e E n f e r m a g e m

T e m sido a p o n t a d a a d i v e r s i d a d e e c o m p l e x i d a d e d a e s t r u t u r a d a f o r ç a
d e t r a b a l h o d e E n f e r m a g e m n o s p a í s e s d a sub-região, o q u e s e c o m p l i c a p e l a
existência ( o u n ã o ) d e profissionais d a á r e a d e o b s t e t r í c i a d i f e r e n c i a d o s d o s
d e e n f e r m a g e m e m d e t e r m i n a d o s p e r í o d o s h i s t ó r i c o s . Esta d i v e r s i d a d e q u a l i -
tativa t e m o s e u c o r r e l a t o n a d i s p o n i b i l i d a d e d e s t e p e s s o a l , c o m o p o d e s e r
a p r e c i a d o na T a b e l a 1 .
E m geral, estes d a d o s e x p r e s s a m déficits p a r a o c o n j u n t o d o s p a í s e s ,
g r a v e n o q u e se r e f e r e a o p e s s o a l d e q u a l i f i c a ç ã o s u p e r i o r , o q u e c a r a c t e r i z a
u m a estrutura b á s i c a d e s q u a l i f i c a d a . Esta estrutura reflete a e s c a s s a hierar-
q u i a t é c n i c a e a baixa v a l o r i z a ç ã o s o c i a l q u e r e c e b e a p r o f i s s ã o .
O déficit q u a n t i t a t i v o é p a r t i c u l a r m e n t e p r e o c u p a n t e n o c a s o d a A r g e n -
tina: a i n f o r m a ç ã o c e n s i t á r i a d i s p o n í v e l r e v e l a a d i m i n u i ç ã o d e 4 0 % e p e s q u i -
sas m a i s dirigidas a p o n t a m u m a i m p o r t a n t e i m i g r a ç ã o p a r a o e x t e r i o r d o p e s -
soal m a i s q u a l i f i c a d o .
N a sub-região, c o m o e m t o d a s p a r t e s , a e n f e r m a g e m é u m a p r o f i s s ã o
f e m i n i n a na sua m a i o r i a ( e n t r e 8 3 % d e m u l h e r e s n a A r g e n t i n a e q u a s e 9 5 %
n o Brasil) q u e , c o m o a m a i o r i a d a s c a t e g o r i a s profissionais, t e n d e a s e c o n -
centrar nas grandes cidades.
É u m a p r á t i c a e x c l u s i v a m e n t e d e p e n d e n t e e assalariada, q u e a t u a l m e n -
te t e m níveis d e m u l t i e m p r e g o e s u b e m p r e g o v a r i á v e i s p o r é m significativos e
c o m difíceis c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o n o s q u a t r o p a í s e s .
S e m d ú v i d a , esta c a t e g o r i a profissional m e r e c e u m a a t e n ç ã o e s p e c i a l e
políticas integrais d e d e s e n v o l v i m e n t o quantitativo e qualitativo urgentes,
tanto nos processo d e f o r m a ç ã o c o m o nos serviços e c o n d i ç õ e s d a sua prá-
tica, s e m o q u e o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o p o d e r á a g r a v a r o s d e s e q u i l í b r i o s e
d e f i c i ê n c i a s já existentes.

O mercado de outras profissões

N o s e s t u d o s r e a l i z a d o s n ã o foi p o s s í v e l verificar a s i t u a ç ã o d a s d e m a i s
profissões d a s a ú d e . É c o n h e c i d o q u e a l g u m a s d e l a s t ê m i m p o r t â n c i a e s p e -
cial e m u m c o n t e x t o d e u m m e r c a d o c o m u m , c o m o é o c a s o d a m e d i c i n a
v e t e r i n á r i a , a n u t r i ç ã o , a f a r m á c i a - b i o q u í m i c a e a e n g e n h a r i a sanitária. E m a l -
g u n s c a s o s , as p r e o c u p a ç õ e s atuais c o m o p r o b l e m a d e a l i m e n t o s e a e p i d e -
mia d o c ó l e r a p õ e m e m e s p e c i a l d e s t a q u e estas p r o f i s s õ e s . P o r isto, seria f o r ¬
t e m e n t e r e c o m e n d á v e l q u e essas e as d e m a i s profissões d e s a ú d e f o s s e m
i g u a l m e n t e e s t u d a d a s p a r a futuras o c a s i õ e s .

REPRESENTAÇÃO CORPORATIVA

N ã o m e n o s transcendente q u e os temas revisados antes é a a ç ã o da


r e p r e s e n t a ç ã o social d e c a d a profissão. D e l a deriva o p e s o específico que
t e m n a s o c i e d a d e e , p o r t a n t o , n a s d e c i s õ e s d o g o v e r n o q u e as afeta, m a s
t a m b é m influirá n a o r i e n t a ç ã o d e s e u s o r g a n i s m o s d e c l a s s e e , s u b s e q ü e n t e -
m e n t e , n o seu p o d e r d e pressão.
Talvez, n u m a primeira etapa, os organismos d e representação sejam os
principais interessados nos processos d e integração d e m e r c a d o s d e traba-
l h o e n o l i c e n c i a m e n t o e c o n t r o l e profissional. D e fato, a t é o m o m e n t o t a n t o
o Círculo Paraguaio d e M é d i c o s , o Sindicato M é d i c o do Uruguai e Sindica-
t o s e A s s o c i a ç õ e s a r g e n t i n a s e brasileiras t ê m r e a l i z a d o c o n t a t o s c o m seus
p a r e s a fim d e m e l h o r a r s u a v i s ã o d o p a n o r a m a f u t u r o . S e b e m q u e exista
u m a t e n d ê n c i a d e f e n s i v a natural nessas o r g a n i z a ç õ e s , elas n ã o p o d e m e v i t a r
q u e seus m e m b r o s se sintam incentivados pelas oportunidades q u e u m mer-
c a d o d e t r a b a l h o a m p l i a d o o f e r e c e e , d e q u a l q u e r m a n e i r a , lutarão p a r a q u e
as aberturas sejam recíprocas.
U m a s p e c t o p a r t i c u l a r está c o n s t i t u í d o p e l o i m p a c t o q u e terá a integra-
ç ã o n o s m e c a n i s m o s habituais d e conflito e n e g o c i a ç ã o . E m outras áreas
e c o n ô m i c a s , a i n t e g r a ç ã o e m p r e s a r i a l i m p e l e a i n t e g r a ç ã o sindical, q u e p o d e
ser facilitada p e l o s o r g a n i s m o s d e c o o r d e n a ç ã o n a c i o n a l d e t r a b a l h a d o r e s .
N o c a s o d o s p a í s e s g r a n d e s t e r ã o t a m b é m t r a n s c e n d ê n c i a as a g r u p a ç õ e s r e -
g i o n a i s limítrofes.
N o s c a s o s e m q u e existe u m s i s t e m a d e r e g u l a m e n t a ç ã o oficial d o m e r -
c a d o d e t r a b a l h o e m s a ú d e , c o m o n o U r u g u a i , o i m p a c t o d e n o v a s realida-
d e s d e v e r á ser c o n s i d e r a d o , l e v a n d o e m c o n t a t a m b é m q u e e x i s t e m esfor-
ç o s oficiais d e d e s r e g u l a m e n t a ç ã o d o m e r c a d o d e t r a b a l h o .
ARGENTINA:
SITUAÇÃO DOS RECURSOS
HUMANOS EM SAÚDE
Mónica C. Abramzón

INTRODUÇÃO

A Argentina - c o m o t o d o s o s países da A m é r i c a Latina - enfrenta, d e s -


d e o início da d é c a d a d e 9 0 , u m a persistente recessão e c o n ô m i c a q u e v e m
d e t e r m i n a n d o m u d a n ç a s c a d a v e z m a i s p r o f u n d a s n a sua estrutura s o c i a l .
1

A tentativa d e s u p e r a r a c r i s e d a d é c a d a d e 8 0 foi b a s e a d a n a a p l i c a -
ç ã o d e s e v e r a s políticas d e ajuste q u e a f e t a r a m as c o n d i ç õ e s d e v i d a d e a m -
plos setores da p o p u l a ç ã o , a u m e n t a n d o ainda mais os níveis d e emprego
p r e c á r i o e d e s e m p r e g o , p r o v o c a n d o u m a q u e d a geral n o nível d e r e n d a e ,
por conseqüência, o crescimento dos índices de p o b r e z a . 2

E m f u n ç ã o disso, é v á l i d o e s p e r a r , a m é d i o p r a z o , m o d i f i c a ç õ e s n a s
c o n d i ç õ e s d e s a ú d e d a p o p u l a ç ã o , q u e p o d e m ser d i m e n s i o n a d a s a partir d a

1 A título de exemplo, m e n c i o n a m o s os seguintes dados, referentes à Argentina: o PIB por ha-


bitante caiu 2 3 , 5 % entre 1981 e 1989; o d e s e m p r e g o urbano aberto passou d e 2,6 a 6,5 d e
taxa média anual entre 1980 e 1988 (CEPAL: Transformación Productiva con Equidade, Chile,
1990).
2 Segundo os dados da Encuesta Permanente de Hogares d o INDEC para 1988, a e v o l u ç ã o da
pobreza na G r a n d e B u e n o s Aires registra um crescimento d e 7 3 % sobre 1980.
t e n d ê n c i a , q u e já s e faz sentir, d o r e s s u r g i m e n t o d e perfis e c a u s a s d e m o r t a -
l i d a d e e m o r b i d a d e q u e h i s t o r i c a m e n t e supunha-se já t e r e m s i d o e l i m i n a d o s .
U m a d a s r e p e r c u s s õ e s d a i m p l e m e n t a ç ã o d a s políticas d e ajuste q u e
mais depressa a p a r e c e o c o r r e no m e r c a d o d e trabalho.
Essas p o l í t i c a s a f e t a r a m t a m b é m o s e t o r s a ú d e , r e f o r ç a n d o a t r a d i c i o n a l
falta d e c o o r d e n a ç ã o intra- e intersetorial, d e t e r i o r a n d o a i n d a m a i s o s servi-
ç o s e a q u a l i d a d e d e s u a p r e s t a ç ã o , r e s u l t a n d o daí u m a g r a n d e i n e f i c i ê n c i a
das ações.
E m t e r m o s a d m i n i s t r a t i v o s , g r a n d e p a r t e d o s r e c u r s o s p ú b l i c o s existen-
tes está s o b j u r i s d i ç ã o p r o v i n c i a l 3
e d e a l g u n s m u n i c í p i o s m a i o r e s . E m nível
n a c i o n a l , s u a g e s t ã o está s o b a r e s p o n s a b i l i d a d e d o M i n i s t é r i o d a S a ú d e e
A ç ã o Social, q u e , através da Secretaria d e S a ú d e , exerce certas funções d e
r e g u l a ç ã o e c o o r d e n a ç ã o c o m as p r o v í n c i a s . O c e r n e d a s d e c i s õ e s r e f e r e n -
tes a o s i s t e m a d e s a ú d e p a s s a p e l o m a n e j o d o s r e c u r s o s f i n a n c e i r o s , o n d e se
d e s t a c a o p a p e l d o Sistema Único de Seguridad Social (suss) c o m o ó r g ã o d e
c o o r d e n a ç ã o e redistribuição da seguridade social . 4

A partir d a r e c e n t e d e s r e g u l a m e n t a ç ã o d a a f i l i a ç ã o às " o b r a s sociais" e


d o s m e c a n i s m o s d e c o n t r a t a ç ã o , o m o d e l o a n t e r i o r d e três s u b s e t o r e s b e m
d i f e r e n c i a d o s está m u d a n d o v e r t i g i n o s a m e n t e , verificando-se u m a p r o f u n d a
r e f o r m u l a ç ã o na relação d o Estado c o m a s o c i e d a d e , d e v i d o a o crescente
afastamento d o setor público da sustentação d o setor saúde. A s obras so-
ciais v i s a m a e f i c i ê n c i a e a p r o d u t i v i d a d e , o s hospitais p ú b l i c o s d e s e n v o l v e m
u m a "privatização periférica" e diversas modalidades d e s u b e m p r e g o alcan-
ç a m legitimação.
N e s s e c o n t e x t o , as p r á t i c a s e m s a ú d e q u e h i s t o r i c a m e n t e s e c a r a c t e r i -
z a r a m por u m importante excesso d e p r o c e d i m e n t o s cirúrgicos e laborato-
riais, b e m c o m o t é c n i c a s c o m p l e x a s d e d i a g n ó s t i c o , i n c e n t i v a m a u t i l i z a ç ã o
d e t e c n o l o g i a s s e m u m a a v a l i a ç ã o a d e q u a d a d e sua p e r t i n ê n c i a .
E m estreita v i n c u l a ç ã o c o m a s m o d i f i c a ç õ e s o c o r r i d a s n o s s e r v i ç o s d e
s a ú d e , registram-se m u d a n ç a s i m p o r t a n t e s n o m e r c a d o d e t r a b a l h o . E m ter-
m o s g e r a i s , o b s e r v a - s e e m t o d a s as c a t e g o r i a s u m a forte t e n d ê n c i a à e s p e c i a -
lização, coincidindo c o m a incorporação tecnológica.
A o m e s m o t e m p o , a diminuição generalizada da remuneração determi-
n a m e n o r q u a l i f i c a ç ã o e m e n o r d e d i c a ç ã o n o resto d a s c a t e g o r i a s o c u p a c i o -
nais, p o r q u a n t o o p r o f i s s i o n a l p r e c i s a p r o c u r a r o u t r a s alternativas p a r a a s s e -
gurar sua renda.

3 "provincial" = "estadual": uma Provincia na República Argentina equivale a um Estado no Bra-


sil. ( N . da T.)
4 Esse sistema, atualmente dentro da órbita d o Ministério d o Trabalho, substitui, desde fins d e
1 9 9 1 , a ANSAL (Administración Nacional de Seguro Social de Salud) criada e m 1988, q u e por
sua v e z substituiu o INOS (Instituto Nacional de Obras Sociales), existente desde 1969.
A c o m b i n a ç ã o dessas situações gera ineficiência e baixa q u a l i d a d e na
prestação dos serviços, sobretudo no subsetor público e n o subsetor das
" o b r a s sociais", q u e a t e n d e m p r i n c i p a l m e n t e a o s g r u p o s d e m e n o r r e n d a .
P o r o u t r o l a d o , c o m o o b s e r v a m N o g u e i r a e B r i t o , a partir d a d é c a d a d e
80 cresceu d e maneira m a r c a n t e a participação das mulheres n o setor. E m -
b o r a a p r o p o r ç ã o f e m i n i n a h á m u i t o seja i m p o r t a n t e n o s n í v e i s m e n o s h i e r a r -
q u i z a d o s ( e n f e r m a g e m , auxiliares), a t u a l m e n t e ela t e m a u m e n t a d o também
nas categorias mais qualificadas . 5

D e m o d o g e r a l , observa-se o i n c r e m e n t o d o t r a b a l h o a s s a l a r i a d o e u m a
e l e v a d a p r o p o r ç ã o d e e m p r e g o s múltiplos e s u b e m p r e g o s .
E m síntese, pode-se afirmar q u e n ã o existe n o país u m a c o n t e x t u a l i z a -
ç ã o adequada da problemática no c a m p o dos recursos h u m a n o s q u e , levan-
d o e m c o n t a a c o n f l i t i v i d a d e d o setor, possibilite u m a a ç ã o p l a n e j a d a a s e r v i -
ç o d a s n e c e s s i d a d e s s o c i a i s . C o m o c o n s e q ü ê n c i a , o m e r c a d o é a ú n i c a ins-
tância reguladora d o q u e o f e r e c e m determinados atores c o m interesses es-
pecíficos no setor - interesses q u e o b v i a m e n t e n ã o c o i n c i d e m c o m os inte-
resses d o s r e c u r s o s h u m a n o s e m s a ú d e , n e m c o m o s d a p o p u l a ç ã o p o r e l e s
atendida.

A FORÇA DE T R A B A L H O D O SETOR

É p r e c i s o assinalar m a i s u m a v e z q u e n ã o é p o s s í v e l e s t a b e l e c e r com
p r e c i s ã o a d i m e n s ã o real d a f o r ç a d e t r a b a l h o d o s e t o r , seja d e f o r m a g l o b a l ,
seja p a r a c a d a u m a d a s d i f e r e n t e s c a t e g o r i a s profissionais q u e a c o m p õ e m .
C o m o já é s a b i d o , a última i n f o r m a ç ã o o b j e t i v a é d e 1 9 8 0 e c o r r e s p o n -
de ao Censo d e Pessoal e a o Cadastro Nacional de Recursos e Serviços para
a S a ú d e ( C A N A R E S S A ) . A m b o s , p o r m o t i v o s distintos - o C e n s o , p o r q u e o m a -
p e a m e n t o incluiu a p e n a s pessoas q u e trabalhavam e m instituições d e servi-
ç o s , e o C a d a s t r o , p o r q u e registrou p o s t o s d e t r a b a l h o , e n ã o p e s s o a s - n ã o
c o n s t i t u e m u m a b a s e s e g u r a p a r a q u e a partir d e l e s seja c a l c u l a d a a a t u a l d i -
m e n s ã o d o setor.
Por outro lado, n e m o C e n s o Nacional da P o p u l a ç ã o d e 1 9 9 1 , n e m a
Encuesta Permanente de Hogares ( E P H ) q u e o Instituto Nacional de Estadísti-
cas y Censos ( I N D E C ) realiza p o r a m o s t r a g e m n o s c o n g l o m e r a d o s urbanos
mais importantes, c o m periodicidade bianual, p e r m i t e m obter d a d o s referen-
tes a o n ú m e r o d e p e s s o a s p o r c a t e g o r i a t r a b a l h a n d o n o s e t o r .
N a tabela da E P H c o r r e s p o n d e n t e a o m ê s d e o u t u b r o d e 1 9 9 1 , e a p e -
nas p a r a a G r a n d e B u e n o s A i r e s , foi i n t r o d u z i d a u m a n o v a c o d i f i c a ç ã o q u e
permite saber o n ú m e r o d e assalariados e m e s t a b e l e c i m e n t o s d e s a ú d e se-
gundo a hierarquia o c u p a c i o n a l e o t a m a n h o d o estabelecimento.

5 Nogueira, R. Passos e Brito, P. L: Recursos Humanos en Salud de las Américas. Educación


Médica y Salud, V o l . 20, n . 3, OPSOMS, 1986.
o
M e s m o a s s i m , a p o s s i b i l i d a d e d e obter-se i n f o r m a ç ã o a partir d o C e n s o
N a c i o n a l d e 1 9 9 1 fica p r e j u d i c a d a p o r q u e , p o r m o t i v o s o r ç a m e n t á r i o s , n ã o
f o r a m feitas - e m b o r a t e c n i c a m e n t e f o s s e p o s s í v e l - as t a b u l a ç õ e s c o r r e s -
p o n d e n t e s aos dados básicos d e cada o c u p a ç ã o . Desse m o d o , e e m ocasião
a i n d a n ã o p r e v i s t a , o C e n s o permitiria c o n h e c e r a p e n a s o n ú m e r o d e p e s -
s o a s q u e p r e s t a m s e r v i ç o s n o s e t o r p o r g r a n d e s g r u p o s (profissionais, t é c n i -
cos, agentes, administradores) s e m distinção d e categoria.
P o r o u t r o l a d o , a i n f o r m a ç ã o p r o d u z i d a p o r d i v e r s a s instituições d o s e -
t o r s a ú d e e a s s o c i a ç õ e s s i n d i c a i s o u profissionais, e m b o r a seja e m g e r a l m a i s
a t u a l i z a d a , t e m o i n c o n v e n i e n t e d e n e m s e m p r e utilizar c a t e g o r i a s c o m p a t í -
v e i s , a l é m d a p o s s i b i l i d a d e d e c o n t e r d u p l i c a ç õ e s o u d e ser i n c o m p l e t a . T r a -
ta-se, p o r é m , d a e s t i m a t i v a m a i s p r ó x i m a p o s s í v e l d a d i m e n s ã o d a f o r ç a d e
trabalho n o setor.
H o j e e m d i a é difícil c o n h e c e r c o m c e r t e z a a P o p u l a ç ã o Economica-
m e n t e A t i v a ( P E A ) g l o b a l , já q u e o s d a d o s d o C e n s o N a c i o n a l d e P o p u l a ç ã o
d e 1991 ainda n ã o f o r a m totalmente processados. S e g u n d o os d a d o s par-
ciais d i s p o n í v e i s e as e s t i m a t i v a s d o p r ó p r i o I N D E C , a P E A a b r a n g e r i a 13 m i l h õ -
es d e p e s s o a s ; dessas, c e r c a d e 4 3 3 . 0 0 0 trabalhariam hoje e m dia n o setor
s a ú d e , isto é , 3 , 3 % d a P E A g l o b a l ( T a b e l a 1). Esse d a d o i n d i c a r i a u m e s t a n c a -
m e n t o n a p a r t i c i p a ç ã o relativa d a P E A d e s a ú d e n a P E A g l o b a l e m n í v e i s histó-
r i c o s e q u i v a l e n t e s a o s d e 1 9 8 0 ( 2 , 9 % ) . Esta p e r c e n t a g e m , p o r sua v e z , r e p r e -
s e n t a u m r e t r o c e s s o e m r e l a ç ã o às e s t i m a t i v a s r e a l i z a d a s e m 1 9 8 8 c o m b a s e
nas tendências verificadas d e s d e 1984 n o setor serviços da e c o n o m i a argen-
tina .6

S e g u n d o o s d a d o s d i s p o n í v e i s n o m o m e n t o , e s o b r e u m a P E A total d e
1 0 m i l h õ e s d e p e s s o a s , foi c a l c u l a d o q u e o s e t o r s a ú d e o c u p a v a c e r c a d e
4 0 0 . 0 0 0 p e s s o a s , isto é , 4 % d o total. D e s s e m o d o , o n ú m e r o d e pessoas
o c u p a d a s n o s e t o r teria e x p e r i m e n t a d o p e q u e n o c r e s c i m e n t o , a o p a s s o q u e
o c o r r e s p o n d e n t e à P E A total teria c r e s c i d o e m 2 0 % .
S e m d ú v i d a , deve-se b u s c a r a e x p l i c a ç ã o p a r a e s s a s i t u a ç ã o n a s m u d a n -
ç a s o c o r r i d a s n o setor s a ú d e , n o q u e diz respeito tanto à configuração d o
sistema d e a t e n ç ã o q u a n t o às modalidades q u e os serviços a s s u m e m em
cada u m dos subsetores. C o m o conseqüência, foram modificados - e m b o r a
seja difícil f a z e r u m a a v a l i a ç ã o - o s p r o c e s s o s d e o r g a n i z a ç ã o e g e s t ã o d e
trabalho, o tipo d e prestação mais freqüente, a ênfase e m determinadas prá-
t i c a s e a s a ç õ e s dirigidas à f o r m a ç ã o , c a p t a ç ã o e u t i l i z a ç ã o d o s r e c u r s o s h u -
manos.
T u d o isso n o c o n t e x t o d e u m significativo a c h a t a m e n t o d o s e t o r p ú b l i -
c o , d e u m a queda generalizada das remunerações e d e uma duradoura ten-
d ê n c i a a dificuldades d e e m p r e g o , q u e d e t e r m i n a m q u e o setor n ã o a p e n a s
d e i x e d e ser u m c a m p o d e t r a b a l h o a t r a e n t e , m a s t a m b é m p a s s e v i r t u a l m e n ¬

6 Argentina: Condiciones de Salud 1985-1988. OPAS/OMS, n . 18, 1988, Argentina.


o
te a expulsar a força d e trabalho, e m particular nas categorias d e m e n o r nível
h i e r á r q u i c o . S e g u n d o e s t i m a t i v a s r e c e n t e s d a á r e a d e E n f e r m a g e m d a Divi¬
sión de Recursos Humanos d a O P A S - A r g e n t i n a , n o s ú l t i m o s três a n o s c e r c a d e
2 . 0 0 0 e n f e r m e i r o s h a v i a m a b a n d o n a d o o país, a t r a í d o s p e l a o f e r t a d e m e l h o -
res salários e m o u t r o s p a í s e s - e n t r e e l e s . E s t a d o s U n i d o s , E s p a n h a , Itália e
Austrália.

TABELA 1

Estimativa da Força d e T r a b a l h o n o S e t o r S a ú d e
por Categoria - Argentina, 1992

Fonte: Estimativas d o autor baseadas e m d a d o s fornecidos pelas


instituições consignadas n o ANEXO IH.

D e s s e m o d o , a estrutura o c u p a c i o n a l d o s e t o r c o n t i n u a apresentando
o f o r m a t o d e u m a p i r â m i d e invertida, na q u a l a p a r t i c i p a ç ã o relativa d a s c a -
t e g o r i a s profissionais é m u i t o s u p e r i o r à d a s c a t e g o r i a s t é c n i c a s e a u x i l i a r e s .
Finalmente, n ã o se d i s p õ e d e i n f o r m a ç ã o suficiente para realizar u m a
caracterização c o m p l e t a d a distribuição d a força d e trabalho d o setor p o r
sexo. Conta-se a p e n a s c o m d a d o s parciais, p r o v e n i e n t e s d e alguns e s t u d o s
s o b r e g r u p o s profissionais e s p e c í f i c o s q u e , p o r s e u c a r á t e r , n ã o p e r m i t e m e x -
trair c o n c l u s õ e s v á l i d a s p a r a o c o n j u n t o .
E m linhas gerais, pode-se d e s t a c a r u m a t e n d ê n c i a c r e s c e n t e à f e m i n i z a ¬
ç ã o d a s m a t r í c u l a s universitárias n a s c a r r e i r a s d a s a ú d e , p a r t i c u l a r m e n t e e m
Medicina, Farmácia e Bioquímica, e Odontologia, mantendo-se - o u a c e n ¬
tuando-se - a t r a d i c i o n a l p r e d o m i n â n c i a d e m u l h e r e s e m o u t r a s , c o m o N u t r i ¬
ç ã o , Fonoaudiologia e E n f e r m a g e m . O s dados provenientes dos sucessivos
C e n s o s d e A l u n o s realizados d e s d e 1964 pela Universidade d e B u e n o s Aires
ilustram esta t e n d ê n c i a (Tabela 2).

Médicos

C o m o já foi a s s i n a l a d o , n ã o e x i s t e m n o país i n s t r u m e n t o s confiáveis


q u e i n f o r m e m o n ú m e r o e x a t o d e profissionais m é d i c o s e m a t i v i d a d e . C o m o
c o n s e q ü ê n c i a , a estimativa deve basear-se n u m conjunto d e fontes q u e ,
c o m b i n a d a s , d ã o consistência aos dados.
D e a c o r d o c o m a revisão d e informação secundária, consulta efetuada
a c o l e g i a d o s e a s s o c i a ç õ e s sindicais e a l g u m a s p r o j e ç õ e s oficiais e p a r t i c u l a -
res, p o d e - s e c a l c u l a r q u e , p a r a 1 9 9 2 , o n ú m e r o d e m é d i c o s e m a t i v i d a d e e s -
taria e n t r e 8 8 e 9 0 m i l .

TABELA 2

E v o l u ç ã o da Participação Feminina nas Matrículas d e Faculdades da


Universidade d e B u e n o s Aires ( e m Percentagem)

Fonte: Elaboração d o autor, baseado e m dados dos Censos d e Alunos da Universidade de


B u e n o s Aires.

Faz-se n e c e s s á r i o e x p l i c a r c o m o s e c h e g o u a essa e s t i m a t i v a . S e g u n d o
t a b e l a s i n é d i t a s , o C e n s o N a c i o n a l d e P o p u l a ç ã o d e 1 9 8 0 registrou 5 9 . 7 0 6
7

m é d i c o s ; 14.300 trabalhavam n o setor público e d e a ç ã o social, e 45.406 n o


setor privado; destes últimos, 18.750 - 4 1 , 2 % - trabalhavam apenas por
conta própria.
A e s s e total d e m é d i c o s d e 1 9 8 0 f o r a m a c r e s c e n t a d o s o s d i p l o m a d o s
a n u a l m e n t e p e l o s i s t e m a universitário ( T a b e l a 3 ) . P o r n ã o e s t a r e m d i s p o n í -
v e i s o s d a d o s d o s d i p l o m a d o s e n t r e 1 9 9 0 e 1 9 9 2 , estes f o r a m e s t i m a d o s e m
3 . 3 0 0 a n u a i s . A essa s o m a aplicou-se a taxa m é d i a d e m o r t a l i d a d e e s t i m a d a
p a r a a faixa etária d a c a t e g o r i a , c a l c u l a d a p o r s e x o ( 1 4 / 1 0 . 0 0 0 ) . A o n ú m e r o
r e s u l t a n t e d e s c o n t o u - s e u m a taxa d e a p o s e n t a d o r i a o u m i g r a ç ã o e q u i v a l e n t e

7 Tabelas inéditas d o C e n s o N a c i o n a l d e P o p u l a ç ã o d e 1980, processadas por c o n v ê n i o c o m


o Projeto PNUD-OIT - Ministério de Trabajo, 1985.
a 0 , 5 % d o s d i p l o m a d o s e m c a d a a n o . D e s s e m o d o foi e s t i m a d o o número
d e m é d i c o s e m atividade n o país e m 1 9 9 2 .
É conveniente expor pelo menos duas considerações que permitam
avaliar essa e s t i m a t i v a :
1 . S e g u n d o K a t z , T a f a n i e M u ñ o z , a t é 1 9 8 7 podia-se c a l c u l a r u m a p r o -
8

p o r ç ã o d e 4 2 5 habitantes por m é d i c o , e, sabendo-se q u e o n ú m e r o d e m é d i -


c o s c r e s c e u h i s t o r i c a m e n t e a u m a taxa a n u a l s u p e r i o r à d a p o p u l a ç ã o , p o d e -
se s u p o r q u e a t é 1 9 9 2 essa r a z ã o perfaria 3 7 0 h a b i t a n t e s p o r m é d i c o . J á q u e
a p r o j e ç ã o d a p o p u l a ç ã o p a r a 1 9 9 2 a partir d o ú l t i m o c e n s o n a c i o n a l c h e g a -
ria a 3 3 . 1 3 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s , o n ú m e r o d e m é d i c o s a l c a n ç a r i a 8 9 . 5 4 2 .
2 . A Confederación Médica de la República Argentina implementou um
sistema de cobertura de saúde para profissionais médicos denominada
" R e d e A r g e n t i n a d e S a ú d e " , q u e g a r a n t e e m t o d o o país o a t e n d i m e n t o m é -
d i c o a o s a s s o c i a d o s , i n d e p e n d e n t e m e n t e d o lugar d e r e s i d ê n c i a . L a n ç a d o h á
u m a n o , e s s e sistema d e i n s c r i ç ã o v o l u n t á r i a , a t r a v é s d a s a s s o c i a ç õ e s r e g i o -
nais, já c o n t a c o m 7 1 . 0 0 0 m é d i c o s a s s o c i a d o s . L e v a n d o - s e e m c o n t a q u e a
q u a n t i d a d e d e alternativas e q u i v a l e n t e s d i s p o n í v e i s h o j e e m d i a n o m e r c a d o
a u m e n t a e m f u n ç ã o d o grau d e d e s e n v o l v i m e n t o d e c a d a n ú c l e o p o p u l a c i o -
nal, é p r o v á v e l q u e o n ú m e r o d e a s s o c i a d o s a o s i s t e m a t e n h a s i d o menor
n o s g r a n d e s c e n t r o s u r b a n o s . P o r isso, esta cifra é u m b o m i n d i c a d o r d o p i s o
a partir d o q u a l s e p o d e e s t i m a r a q u a n t i d a d e d e m é d i c o s .
Torna-se n e c e s s á r i o e x p o r , n e s t e m o m e n t o , a l g u m a s o b s e r v a ç õ e s a r e s -
peito d e estimativas anteriores.
A m a i s d i f u n d i d a e n t r e e l a s foi a e s t i m a t i v a d o Instituto di Telia , 9
basea-
da em informações elaboradas por organismos oficiais para 7985 . 1 0

E m a m b o s o s d o c u m e n t o s , estimou-se o n ú m e r o d e m é d i c o s a partir
d e d a d o s d o C A N A R E S S A , q u e registram 6 9 . 3 8 8 c a r g o s m é d i c o s n o p a í s e m
1980. Levando-se e m conta q u e , s e g u n d o algumas análises b a s e a d a s e m d a -
dos d e r e c e n s e a m e n t o disponíveis, a relação média cargo/pessoa n o setor
a l c a n ç a v a , nessa é p o c a , 1,69, conclui-se q u e o n ú m e r o d e m é d i c o s t o m a d o
c o m o b a s e constituía u m a e s t i m a t i v a e x a g e r a d a .
A c o m p a r a ç ã o p o r s u b s e t o r d o s d a d o s q u e f u n d a m e n t a r a m a m b a s as
e s t i m a t i v a s permite-nos e s t a b e l e c e r q u e já nesta d a t a a taxa d e d u p l a o c u p a -
ç ã o n o setor p ú b l i c o a l c a n ç a v a 1,33, a o p a s s o q u e a taxa c o r r e s p o n d e n t e a o
s e t o r p r i v a d o c h e g a v a a 2,37. Essa d i f e r e n ç a s e d e v e , p o r u m l a d o , à t r a d i c i o -
nal l i m i t a ç ã o e m t e r m o s d e j o r n a d a d e t r a b a l h o e s t a b e l e c i d a p a r a a a d m i n i s -
t r a ç ã o p ú b l i c a , e , p o r o u t r o , à m a i o r v a r i e d a d e d e a l t e r n a t i v a s o f e r e c i d a s pe¬

8 Katz )., M u ñ o z A., Tafani R.: Organización e Comportamiento de los Mercados Prestadores
de Servicios de Salud: Reflexiones sobre el Caso Argentino.
9 Dieguez H., Llach J . (Coord.) e Petrecolla A.: El G a s t o Público Social. V o l . IV: El G a s t o Públi-
c o e m Salud. Instituto Torquato di Telia, B u e n o s Aires, 1990.
10 MSAS, OPAS/OMS, 1985. Argentina: Descripción de su Situación d e Salud.
las d i v e r s a s f o r m a s d e t r a b a l h o a s s a l a r i a d o n o s e t o r p r i v a d o . D e v i d o às c a r a c -
terísticas d a s p e r g u n t a s d o s r e c e n s e a m e n t o s , na c a t e g o r i a " c o n t a p r ó p r i a " i n -
cluíram-se a q u e l e s profissionais q u e s ó t r a b a l h a v a m a s s i m , e q u e n ã o t i n h a m
sido c o m p u t a d o s pelo C A N A R E S S A .

TABELA 3

M é d i c o s D i p l o m a d o s p o r U n i v e r s i d a d e A r g e n t i n a , 1980-1989

Fonte: Universidades N a c i o n a l e s : Dirección d e Estatísticas, Ministerio d e Cultura y Educación


d e la N a c i ó n ; Católica d e C ó r d o b a : Situación Actual d e 1 * Educación M é d i c a en la R e -
pública Argentina, OMS/OPAS. n o
24. 1989.
* Estimativa.

A l é m disso, a distribuição geográfica dos m é d i c o s t a m b é m é desigual,


tanto regionalmente quanto, dentro d e cada região, entre áreas urbanas e ru-
rais.
E m b o r a n ã o s e p o s s a d e t e r m i n a r c o m p r e c i s ã o , p e l o s m o t i v o s já e x p o s -
t o s , o n ú m e r o d e m é d i c o s p o r p r o v í n c i a , é p o s s í v e l fazer u m a e s t i m a t i v a par-
tindo dos dados correspondentes a 1980.
Existem d o i s fatos q u e p e r m i t e m s u p o r q u e a d i s t r i b u i ç ã o d e p r o f i s s i o -
nais m é d i c o s p o r p r o v í n c i a n ã o s o f r e u v a r i a ç õ e s significativas. E m primeiro
lugar, d e s d e 1 9 8 0 n ã o s e p r o d u z i r a m m u d a n ç a s na l o c a l i z a ç ã o geográfica
d e n o v a s E s c o l a s d e M e d i c i n a ; e m s e g u n d o lugar, n e s s e p e r í o d o n ã o f o r a m
i m p l e m e n t a d a s políticas o r i e n t a d a s p a r a e s t i m u l a r o u p r o m o v e r a r e a l o c a ç ã o
d e profissionais.
E m c o n s e q ü ê n c i a , se distribuirmos o número estimado d e médicos
para 1 9 9 2 ( 8 8 . 8 0 0 ) c o m b a s e n a estrutura c o r r e s p o n d e n t e a 1 9 8 0 , e c a l c u -
l a r m o s daí sua r e l a ç ã o p a r a a p o p u l a ç ã o registrada p e l o C e n s o N a c i o n a l d e
P o p u l a ç ã o d e 1 9 9 1 , c o n c l u i m o s q u e p a r a o total d o país o n ú m e r o d e h a b i -
tantes p o r m é d i c o a t i n g e 3 6 7 . N o s p o n t o s e x t r e m o s d a r e l a ç ã o e n c o n t r a m -
se a C a p i t a l F e d e r a l , c o m u m a r e l a ç ã o d e 1 1 3 h a b i t a n t e s p o r m é d i c o , e F o r -
m o s a , c o m 9 1 1 h a b i t a n t e s p o r profissional ( T a b e l a 4 ) .

TABELA 4

Estimativa d a D i s t r i b u i ç ã o d e M é d i c o s p o r P r o v í n c i a A r g e n t i n a , 1 9 9 1 - 1 9 9 2
Em primeira instância, essa situação responde ao fato de que as
Universidades e m q u e os m é d i c o s se f o r m a m estão localizadas nos grandes
centros urbanos (Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Rosário, La Plata,
T u c u m á n e C o m e n t e s ) q u e , p o r sua v e z , s ã o o s lugares q u e o f e r e c e m as
m a i o r e s p o s s i b i l i d a d e s d e i n s e r ç ã o profissional, c o n c e n t r a n d o a m a i o r p a r t e
d a r e n d a e d o d e s e n v o l v i m e n t o d o s s e r v i ç o s e m suas d i v e r s a s m o d a l i d a d e s
e diferentes níveis d e c o m p l e x i d a d e .
Essa c a r a c t e r í s t i c a facilita a i n c o r p o r a ç ã o a o m e r c a d o d e t r a b a l h o , n ã o
a p e n a s c o m o a u t ô n o m o m a s t a m b é m - principalmente nos últimos anos -
através d e diversas formas d e trabalho assalariado.
C a b e o b s e r v a r q u e , d e v i d o t a m b é m às p a r t i c u l a r i d a d e s d a estrutura d e
s e r v i ç o s , a m a i o r p a r t e d a oferta d e r e s i d ê n c i a s m é d i c a s c o n c e n t r a - s e nos
a g l o m e r a d o s u r b a n o s . Esta p r i m e i r a f o r m a d e i n s e r ç ã o , a o m e s m o tempo
q u e garante u m a r e m u n e r a ç ã o mínima, constitui para o recém-formado u m
m e i o acessível para completar a f o r m a ç ã o d e graduação, e m contato direto
c o m os serviços - na maioria d o s casos, pela primeira v e z .
É s u g e s t i v o q u e o s níveis d e d e s e m p r e g o e n t r e o s m é d i c o s estejam
m u i t o a b a i x o d a q u e l e s d e o u t r a s c a t e g o r i a s profissionais, n ã o s o m e n t e no
setor saúde. Um estudo da população médica da cidade de Rosário
registrou uma grande capacidade do mercado para a incorporação dos
m é d i c o s : d o g r u p o p e s q u i s a d o , a p e n a s 9 , 1 % n ã o tinha t r a b a l h o r e m u n e r a d o
no primeiro ano de formado, reduzindo-se essa proporção a 5,2% no
segundo ano.
As situações de empregos mútiplos e subocupação também são
características d o s tipos d e o c u p a ç ã o dos médicos. A primeira retrata a
n e c e s s i d a d e q u e t ê m o s profissionais d e a u m e n t a r sua r e n d a c o m u m a série
d e e m p r e g o s e m u m o u m a i s s u b s i s t e m a s q u e c o m p õ e m o setor, o u , a i n d a ,
combinando-os c o m alguma forma d e prática a u t ô n o m a .
A condição de subocupação provoca dois tipos de situações: a
p r i m e i r a , e n g l o b a o s profissionais q u e i n v e s t e m na o c u p a ç ã o m e n o s t e m p o
d o q u e estariam dispostos ( s u b o c u p a ç ã o por t e m p o ) ; e a outra, d e d i m e n s ã o
mais complexa, inclui aqueles que desempenham tarefas de menor
qualificação do que aquelas para as quais eles foram capacitados
( s u b o c u p a ç ã o por qualificação).
Em geral, observa-se uma forte tendência à prática especializada,
orientada desde a formação e reforçada pelas condições do mercado,
amparada na crescente introdução de tecnologia e de instrumental
c o m p l e x o , e na c o n s e q ü e n t e reorganização dos serviços.
Não existe informação completa a respeito do exercício das
e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s , já q u e o s m e c a n i s m o s d e h a b i l i t a ç ã o s ã o v á r i o s e
n ã o existe u m registro ú n i c o .
Diversos autores 1 2
concordam q u e o grau d e especialização na
Argentina é bastante elevado, chegando a 50% ou 60% do total de

11 Belmartino S., B l o c h C , Luppi I., Q u i n t e r o s Z. e Troncoso M . del C : Mercado de Trabajo e


Médicos de Reciente Graduación, OPAS, Argentina, n . 14, 1990.
o
m é d i c o s . Esta p r o p o r ç ã o certamente aumenta em relação direta c o m a
a n t i g u i d a d e n o e x e r c í c i o profissional, c h e g a n d o a incluir 8 0 % d o s médicos
c o m mais anos d e f o r m a d o .
A partir de informações fornecidas pelas diversas associações e
sociedades d e especialistas é possível obter alguns d a d o s q u e , d e v i d o às
c a r a c t e r í s t i c a s d a s instituições q u e as f o r n e c e r a m , r e p r e s e n t a m q u a n t i t a t i v o s
mínimos correspondentes para cada especialidade. E m alguns casos, p o d e m
incluir o u t r o s profissionais n ã o m é d i c o s q u e t r a b a l h e m na e s p e c i a l i d a d e -
u m n ú m e r o q u e , p o r ser p e q u e n o , n ã o c h e g a a c o m p e n s a r o f a t o d e que
muitos dos especialistas em atividade não se filiaram às respectivas
entidades (Tabela 5). C o m p a r a n d o a estimativa d o n ú m e r o d e m é d i c o s -
88.800 - c o m o n ú m e r o d e especialistas e n c o n t r a d o pelo mapeamento
parcial d a s p r i n c i p a i s e s p e c i a l i d a d e s - 6 0 . 9 2 0 - pode-se c o n s t a t a r q u e em
t o r n o d e 7 0 % d o s profissionais s ã o e s p e c i a l i s t a s .

TABELA 5
Estimativa d o N ú m e r o d e Profissionais M é d i c o s p o r
Especialidade, Argentina 1992

Fonte: Estimativa d o autor c o m base e m d a d o s fornecidos pelas institui-


ções consignadas no A N E X O III.

12 Belmartino S., Bloch C. et al.: o p . cit.; Katz J . , M u ñ o z A. et al.: o p . cit.; B a n c o M u n d i a l : o p .


cit.
Enfermagem

C o m base na estimativa realizada e m 1 9 8 9 1 3


, e d e informações forne-
c i d a s p e l a Federación Argentina de Enfermeras, pode-se e s t a b e l e c e r a s e g u i n -
te distribuição:

Verifica-se q u e o n ú m e r o total, e m b o r a t e n h a r e g i s t r a d o u m a u m e n t o
de 5 % n o s ú l t i m o s três a n o s , n ã o a c o m p a n h a o c r e s c i m e n t o populacional
no m e s m o período. A categoria c o r r e s p o n d e n t e a o pessoal c o m formação
s u p e r i o r teria s o f r i d o u m a d i m i n u i ç ã o a b s o l u t a e m r a z ã o d a já c i t a d a e m i g r a -
ção.
A s s i m , agrava-se a t r a d i c i o n a l e s c a s s e z d e p e s s o a l d e e n f e r m a g e m e a u -
m e n t a a relação m é d i c o / e n f e r m e i r o e m sentido contrário aos padrões uni-
versalmente aceitos. O país c o n t a r i a c o m 0,20 e n f e r m e i r o s f o r m a d o s p a r a
cada médico, quando o recomendável é 3 enfermeiros por médico. Em
1 9 9 2 , a r e l a ç ã o d e e n f e r m e i r o s p o r 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s d i m i n u i p a r a 5,2.
A p e q u e n a o f e r t a d e p e s s o a l d e e n f e r m a g e m foi c o n f i r m a d a p e l o s d a -
d o s d o C e n s o d e P o p u l a ç ã o d e 1 9 8 0 , q u e registrou 1 1 0 . 4 1 9 enfermeiros
(dos quais 8 3 % e r a m mulheres), a o passo q u e hoje esse n ú m e r o n ã o c h e g a
a 7 0 . 0 0 0 . Esta d i m i n u i ç ã o d e q u a s e 4 0 % afeta a p r e s t a ç ã o d o s s e r v i ç o s .
D e v i d o à d i v i s ã o d o t r a b a l h o d e n t r o d a c a t e g o r i a , a m a i o r i a d a s tarefas
d e e n f e r m a g e m r e c a i s o b r e o p e s s o a l auxiliar e e m p í r i c o ( " a t e n d e n t e s " ) . É
e s t e p e s s o a l , s e m n e n h u m t i p o d e q u a l i f i c a ç ã o a d i c i o n a l para d e s e m p e n h o
n o s e r v i ç o , q u e t e m a s e u c a r g o o a t e n d i m e n t o d i r e t o na m a i o r i a d a s institui-
ções.
U m estudo recente sobre e n f e r m a g e m 1 4
traz a l g u n s d a d o s r e v e l a d o r e s
s o b r e a s d i f i c u l d a d e s d e s u a s c o n d i ç õ e s d e v i d a e d e t r a b a l h o . A l é m d o s as-
p e c t o s a s s i n a l a d o s ( p o u c o p e s s o a l , b a i x o s salários), as a u t o r a s v e r i f i c a r a m
q u e as j o r n a d a s d e t r a b a l h o p r o l o n g a d a s , o s p l a n t õ e s n o t u r n o s e e m dias f e -
r i a d o s , u m a l e g i s l a ç ã o i n a d e q u a d a às atuais c a r a c t e r í s t i c a s d o t r a b a l h o j u n t a -
m e n t e c o m a tensão q u e implica o contato direto c o m a enfermidade e a
morte, m a r c a m a vida d o pessoal d e enfermagem.

13 Pesquisas d e atualização realizadas pela área d e Enfermagem da Dirección Nacional de Re-


cursos Humanos e OPAS, 1989.
14 Wainerman C. e Celdstein R., Condiciones de vida y de Trabajo de las Enfermeras en la Ar-
gentina. Cuadernos del CENEP, n . 44, B u e n o s Aires. 1990.
o
M e n ç ã o e s p e c i a l d e v e ser feita à p r e d o m i n â n c i a d e m u l h e r e s traba-
l h a n d o e m e n f e r m a g e m . E m b o r a seja u m a c a r a c t e r í s t i c a histórica, p a r e c e ter
se a c e n t u a d o nos últimos a n o s , d e v i d o a o s baixos níveis d e remuneração
q u e leva os h o m e n s c a d a v e z mais a buscar o p o r t u n i d a d e s d e trabalho m e -
lhor r e m u n e r a d a s .

Odontologia

S e g u n d o dados obtidos por levantamentos r e c e n t e s , e m 1991 traba- 1 5

lhavam n o setor c e r c a d e 31.000 pessoas, das quais e m t o r n o d e 23.000


( 7 4 % ) na c a t e g o r i a profissional ( T a b e l a 6 ) .

TABELA 6

Recursos H u m a n o s e m Odontologia Argentina, 1991

Fonte: Jaitt, Juan C , Prática O d o n t o l ó g i c a e m América Latina. Investigación d e Recursos Huma-


nos, A c c i o n e s y Efectos d e la Atención O d o n t o l ó g i c a , OFEDO-UDUAL-OPAS/OMS, Argentina,
1991.

Essa i n f o r m a ç ã o c o n f i r m a a p r e d o m i n a n c i a da prática privada como


forma d e inserção o c u p a c i o n a l dos odontólogos, o q u e n ã o implica necessa-
r i a m e n t e e m prática a u t ô n o m a , já q u e sua r e n d a p r o v é m d e d i v e r s a s f o n t e s :
c o n v ê n i o s c o m empresas d e s a ú d e e sistemas d e pré-pagamento, particula-
res e t c .
D e q u a l q u e r m a n e i r a , é significativo o n ú m e r o d e profissionais e m a t i v i -
d a d e s " e m p r e s a r i a i s " , q u e p r e s s u p õ e m a e x i s t ê n c i a d e s i s t e m a s d e pré-paga-
m e n t o d e cobertura da saúde oral, nos quais a grande maioria d o s o d o n t ó l o -
g o s trabalha na c o n d i ç ã o d e a s s a l a r i a d o - o q u e constitui u m a p r á t i c a t r a b a -
lhista n o v a na O d o n t o l o g i a . C e r c a d e 1.300 profissionais t r a b a l h a r i a m e x c l u -
s i v a m e n t e nesta última m o d a l i d a d e , e o s 1.000 r e s t a n t e s t r a b a l h a r i a m t a m -
b é m e m outros setores.
M e r e c e t a m b é m m e n ç ã o o g r u p o c o r r e s p o n d e n t e a o s assistentes d e n -
tários, q u e a b r a n g e c e r c a d e 8 . 1 0 0 p e s s o a s . S u a d i s t r i b u i ç ã o p o r m o d a l i d a d e

15 Jaitt, Juan C , Práctica Odontológica en América Latina - Investigación de Recursos Humanos,


Acciones y Efectos de la Atención Odontológica, OFEDOUDUAL-OPAS/OMS, Argentina, 1 9 9 1 .
ilustra as c a r a c t e r í s t i c a s d i f e r e n c i a i s d a p r á t i c a o d o n t o l ó g i c a : n o s e t o r priva-
d o , a r e l a ç ã o é d e 0 , 5 4 assistentes p a r a c a d a o d o n t ó l o g o , a o p a s s o q u e nas
m o d a l i d a d e s e m q u e o s profissionais s ã o a s s a l a r i a d o s essa r e l a ç ã o n ã o passa
d e 0,14.

OUTRAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS

Bioquímicos

O d e s e n v o l v i m e n t o científico e tecnológico dos últimos 3 0 anos - so-


b r e t u d o n o c a m p o d a e n z i m o l o g i a , d a i m u n o l o g i a , d a físico-química e d a
biologia molecular - ampliou o horizonte do diagnóstico e determinou
m a i o r i n c i d ê n c i a d o s critérios l a b o r a t o r i a i s n a f o r m u l a ç ã o d e d i a g n ó s t i c o s clí-
nicos e a c o m p a n h a m e n t o terapêutico.
P o r s u a v e z , o d e s e n v o l v i m e n t o d e n o v a s t e c n o l o g i a s p e r m i t i u a difu-
s ã o industrial e c o m e r c i a l d e u m a g r a n d e v a r i e d a d e d e e q u i p a m e n t o s de
d i a g n ó s t i c o , q u e facilitaram o a c e s s o d a m a i o r i a d o s b i o q u í m i c o s a uma
g r a n d e q u a n t i d a d e d e t é c n i c a s a n t e s limitadas a p o u c o s .
Esse p r o c e s s o s i g n i f i c o u u m a m u d a n ç a na p o s i ç ã o relativa d o s b i o q u í -
m i c o s n o â m b i t o d o p e s s o a l d e s a ú d e , a l t e r a n d o as c o n d i ç õ e s t r a d i c i o n a i s
d e sua p r á t i c a p r o f i s s i o n a l .
S e g u n d o e s t i m a t i v a s d a s a s s o c i a ç õ e s profissionais, c e r c a d e 7.500 b i o -
q u í m i c o s t r a b a l h a m n o p a í s ; p o r v o l t a d e 8 5 % d e l e s realizaria u m a prática
c l í n i c a n o s d i f e r e n t e s s u b s e t o r e s , e o s r e s t a n t e s t e r i a m sua p r á t i c a o r i e n t a d a
p a r a a indústria e a p e s q u i s a . N a C a p i t a l F e d e r a l - o n d e s e l o c a l i z a r i a m c e r c a
d e 2.000 bioquímicos - a m o d a l i d a d e d e trabalho predominante é a relação
de dependência nos 250 laboratórios particulares d e análises clínicas e
n u m a v a r i e d a d e d e instituições d e serviço públicas e particulares. N o restan-
te d o país, a prática a u t ô n o m a é a mais freqüente.
A p e n a s n a C a p i t a l insinua-se u m a t e n d ê n c i a à e s p e c i a l i z a ç ã o , a c o m p a -
n h a n d o as c o n d i ç õ e s gerais d o m e r c a d o .

Fisioterapeutas

Trata-se d e u m c a m p o d e a t i v i d a d e profissional q u e s o f r e u significativa


e x p a n s ã o nos últimos a n o s ; entre 1980 e 1989, o n ú m e r o d e fisioterapeutas
e g r e s s o s d a s U n i v e r s i d a d e s c r e s c e u n u m a taxa s u p e r i o r a o d o c o n j u n t o d o s
graduados.
S e g u i n d o a t e n d ê n c i a p r e d o m i n a n t e n o sistema d e e d u c a ç ã o s u p e r i o r ,
a maioria d o s planos curriculares converteram-se e m licenciaturas d e c i n c o
anos de duração.
A m a i o r p a r t e d e s t e s profissionais t r a b a l h a na S e g u r i d a d e S o c i a l ; sua
p a r t i c i p a ç ã o n o s e t o r p ú b l i c o é p e q u e n a , e m e n o r a i n d a n o setor p r i v a d o .
A r e a b i l i t a ç ã o constitui a p r i n c i p a l o r i e n t a ç ã o d a p r á t i c a , e m g e r a l a t e n -
d e n d o a o g r u p o d a t e r c e i r a i d a d e . A s a t i v i d a d e s d e p r e v e n ç ã o , dirigidas a
g r u p o s d e risco distintos, n ã o t ê m s i g n i f i c a d o .
É na prática d a fisioterapia q u e s e verifica u m a d a s m a i o r e s p r o p o r ç õ e s
d e mulheres trabalhando e m s a ú d e : c e r c a d e 8 0 % d o total.

Psicólogos

Esta c a t e g o r i a profissional c o m e ç o u a d e s e n v o l v e r - s e c o m o disciplina


a u t ô n o m a n o final d a d é c a d a d e 5 0 , t e v e c r e s c i m e n t o a c e l e r a d o d u r a n t e a
década de 60 e hoje abrange cerca d e 32.000 pessoas, segundo estimativas
das e n t i d a d e s profissionais. S e u p r i n c i p a l c a m p o d e a t u a ç ã o é a p r á t i c a c l í n i -
c a a u t ô n o m a , e m b o r a n o s ú l t i m o s a n o s - e a partir d a r e g u l a m e n t a ç ã o d a lei
d e s e u e x e r c í c i o - haja m a i o r p a r t i c i p a ç ã o d o s p s i c ó l o g o s e m i n s t i t u i ç õ e s a s -
sistenciais p ú b l i c a s e e m o b r a s f i l a n t r ó p i c a s .
C o m o c o n s e q ü ê n c i a d e s s a prática p r e d o m i n a n t e , a m a i o r concentra-
ç ã o d e profissionais s e verifica n o s g r a n d e s c e n t r o s u r b a n o s , o n d e é m a i o r a
disponibilidade d e recursos para financiar os tratamentos particulares. A s s i m ,
c e r c a d e 7 5 % d o s profissionais c o n c e n t r a m - s e n a C a p i t a l F e d e r a l e n a s P r o -
víncias d e B u e n o s Aires, Santa F é e C ó r d o b a ; desses, 8 5 % estão e x e r c e n d o
a profissão n o s d o i s c a m p o s m e n c i o n a d o s n o p a r á g r a f o a n t e r i o r .

Assistentes Sociais

O s assistentes sociais c o n s t i t u e m u m a d a s c a t e g o r i a s n ã o t r a d i c i o n a i s
m a i s n u m e r o s a s : d o s q u a s e 1 1 . 0 0 0 profisisonais e m a t i v i d a d e , c e r c a d e 3 0 %
teria i n s e r ç ã o o c u p a c i o n a l n o s e t o r s a ú d e , t r a b a l h a n d o e m hospitais p ú b l i c o s
provinciais e municipais! 1 6 .
Essa i n s e r ç ã o legitima-se n o p r ó p r i o p r o c e s s o d e f o r m a ç ã o , a partir d a
r e c e n t e i n s t i t u c i o n a l i z a ç ã o d o s i s t e m a d e r e s i d ê n c i a s d e três a n o s p a r a o s a s -
sistentes s o c i a i s d e n t r o d o r e g i m e d a carreira hospitalar, c o m equiparação
a o s d e m a i s profissionais d e s a ú d e .

Engenheiros Sanitários

O s e n g e n h e i r o s sanitários r e p r e s e n t a m u m a c a t e g o r i a profissional de
crescente importância, c o m o produto d o reaparecimento d e problemas d e
s a ú d e g e r a d o s p e l a d e t e r i o r a ç ã o d a s c o n d i ç õ e s a m b i e n t a i s e d a infra-estrutu-
ra b á s i c a .
Estima-se q u e c e r c a d e 1.000 profissionais e s t e j a m a t u a n d o n o s e t o r ,
dos quais 4 0 0 estariam f o r m a l m e n t e c a p a c i t a d o s ( P ó s - G r a d u a ç ã o e m E n g e ¬

16 Estimativa d o Centro de Estudios y Investigación em Trabajo Social (Diretor: Norberto


Alayón), B u e n o s Aires, 1992.
nharia Sanitária, da F a c u l d a d e d e Engenharia da U n i v e r s i d a d e d e B u e n o s A i -
res) e o r e s t a n t e c o m f o r m a ç ã o e m o u t r o s r a m o s d a E n g e n h a r i a , tais c o m o a
Engenharia Hidráulica o u a Engenharia C i v i l . 1 7

A FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

Como comentado na introdução, o sistema formador de recursos


humanos em saúde na Argentina constitui uma estrutura diversificada,
i n t e g r a d a p o r i n s t i t u i ç õ e s universitárias e d e s e r v i ç o s , p ú b l i c a s e p r i v a d a s , e
ainda, c e n t r o s d e f o r m a ç ã o d e t é c n i c o s e m diferentes práticas da atividade
a s s i s t e n c i a l ( T a b e l a 7).
Essa estrutura de formação resulta da histórica acumulação de
iniciativas a cargo de governos nacionais e provinciais, universidades
p ú b l i c a s e p a r t i c u l a r e s , e m p r e s a s e instituições d e s e r v i ç o . S a l v o e m a l g u m a s
carreiras, tal estrutura não foi submetida a qualquer instância de
coordenação e r e g u l a ç ã o q u e definisse a q u a l i d a d e e a q u a n t i d a d e dos
r e c u r s o s h u m a n o s q u e o país n e c e s s i t a r i a .
Em conseqüência, nenhuma Escola ou Faculdade de Medicina foi
c r i a d a na A r g e n t i n a e n t r e 1 9 5 9 e 1 9 9 1 , a o p a s s o q u e n o resto d a A m é r i c a
Latina, para a t e n d e r o c r e s c i m e n t o da d e m a n d a d e e d u c a ç ã o superior, este
n ú m e r o multiplicou-se n a s últimas três d é c a d a s .
Entre 1991 e 1992, exatamente nos momentos e m que o ritmo de
e x p a n s ã o d o n ú m e r o d e matrículas nos cursos superiores apresenta uma
tendência à desaceleração, foram criadas e autorizadas a funcionar quatro
e s c o l a s p a r t i c u l a r e s , d a s q u a i s a p e n a s d u a s já e n t r a r a m e m f u n c i o n a m e n t o e
as demais com previsão de funcionamento em 1994. Três delas estão
localizadas na Capital Federal e u m a na Província d e Entre Rios (Tabela 8).

TABELA 7

Estabelecimentos d e Ensino Superior e m S a ú d e Argentina, 1992

Fonte: D i r e c c i ó n d e Asuntos Universitários. Ministerio d e Cultura y Educación.

17 Estimativa da Asociación Interamericana de Ingeniería Sanitaria (AIDIS).


TABELA 8

Tipologia d e Faculdades d e M e d i c i n a por N ú m e r o s d e A l u n o s


Argentina, 1992

Fonte: Elaboração d o autor c o m base e m d a d o s d o M i n . d e Cultura e E d u c a ç ã o da Argentina.

N a Argentina, c o m algumas exceções, a maior parte da f o r m a ç ã o de


o u t r a s c a t e g o r i a s profissionais - c o m o f i s i o t e r a p e u t a s , p a r t e i r a s , n u t r i c i o n i s -
tas, f o n o a u d i ó l o g o s - é r e a l i z a d a e m e s c o l a s s u b o r d i n a d a s à s F a c u l d a d e s d e
Medicina.
A f o r m a ç ã o d e o d o n t ó l o g o s e a d e farmacêuticos e b i o q u í m i c o s é reali-
zada e m faculdades independentes.
A f o r m a ç ã o d e pessoal d e e n f e r m a g e m é realizada e m nível universitá-
rio e n ã o u n i v e r s i t á r i o c o m u m a g r a n d e d i s p e r s ã o , t a n t o n o t i p o q u a n t o n o
n ú m e r o d e instituições f o r m a d o r a s d e c a d a u m a das duas c a t e g o r i a s : profis-
sionais e auxiliares.
Q u a n t o às c o n d i ç õ e s para o ingresso nas carreiras d e s a ú d e , n ã o existe
um número preestabelecido d e vagas, desde a recuperação democrática e m
1983.
N o entanto, algumas Faculdades d e M e d i c i n a t ê m i m p o s t o severas res-
t r i ç õ e s a o i n g r e s s o d e e s t u d a n t e s , c o n f i g u r a n d o v e r d a d e i r o s "numerus clau¬
sus. T a l é o c a s o d e u n i v e r s i d a d e s c o m o a s d e M e n d o z a e La P l a t a , e é o
q u e pretende fazer a F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d e B u e n o s Aires, a t u a l m e n t e
e m conflito c o m o c o l e g i a d o q u e dirige a U n i v e r s i d a d e .
N a maioria d o s casos, o m e c a n i s m o para o ingresso é u m e x a m e elimi-
n a t ó r i o o u u m c u r s o d e i n g r e s s o c o m e x a m e final. N a U n i v e r s i d a d e d e B u e -
nos Aires o sistema d e a c e s s o é atípico, p o r q u e d e s d e 1 9 8 5 o s a l u n o s , para
ingressar e m q u a l q u e r f a c u l d a d e , d e v e m ser a p r o v a d o s n o Ciclo Básico Co-
mum (CBC).
Esse c i c l o c o n s t a d e seis m a t é r i a s , q u e v a r i a m d e a c o r d o c o m a f a c u l d a -
d e / c a r r e i r a e s c o l h i d a , c o m u m a d u r a ç ã o t e ó r i c a d e d o i s q u a d r i m e s t r e s leti-
v o s . A a p r o v a ç ã o d o C B C c o m p l e t o habilita o e s t u d a n t e a i n g r e s s a r a u t o m a t -
i c a m e n t e na c a r r e i r a e s c o l h i d a . E m m é d i a , i n g r e s s a m n a F a c u l d a d e d e M e d i ¬
cina, p o r a n o , 2 5 % d o s alunos q u e c o m e ç a r a m a cursar o C B C n o a n o ante-
rior; o u t r a i m p o r t a n t e p e r c e n t a g e m s ó o faz a o final d e d o i s a n o s .
E m g e r a l , n ã o e x i s t e m n o p a í s d i s p o s i ç õ e s q u e e s t a b e l e ç a m a l g u m tipo
d e e x a m e e s p e c i a l p a r a obter-se o d i p l o m a , já q u e a a p r o v a ç ã o completa
d a s m a t é r i a s q u e c o m p õ e m o c u r r í c u l o constitui requisito s u f i c i e n t e p a r a a
o b t e n ç ã o d o título. D e a c o r d o c o m a n o r m a v i g e n t e , u m a v e z f o r m a d o s , o s
profissionais p o d e m iniciar o e x e r c í c i o d a p r o f i s s ã o , s e m o u t r a condição
a l é m d a i n s c r i ç ã o n o ó r g ã o r e g u l a m e n t a d o r oficial.
Pode-se afirmar q u e , d e maneira geral, a f o r m a ç ã o d e recursos h u m a -
n o s e m s a ú d e e n c o n t r a - s e e m fase crítica. A m a i o r p a r t e d a s u n i v e r s i d a d e s e
d o s c e n t r o s d e f o r m a ç ã o públicos, nos quais se f o r m a m cerca d e 9 5 % dos
p r o f i s s i o n a i s d o s e t o r , e x p e r i m e n t a r a m u m s e v e r o c o r t e nas d o t a ç õ e s o r ç a -
m e n t á r i a s p r o v e n i e n t e s d o E s t a d o . Essa r e d u ç ã o cria sérias d i f i c u l d a d e s , p o i s
a p o u c a d e d i c a ç ã o d o s professores, e m razão dos níveis d e c r e s c e n t e s d e re-
m u n e r a ç ã o , soma-se à e s c a s s e z d e r e c u r s o s p a r a sustentar o s gastos d e e q u i -
p a m e n t o , f u n c i o n a m e n t o e m a n u t e n ç ã o q u e o exercício da d o c ê n c i a exige.
C a b e registrar q u e e m m a r ç o d e 1 9 9 2 o salário m é d i o d e u m p r o f e s s o r
adjunto c o m d e d i c a ç ã o simples (categoria q u e abarca cerca d e 6 3 % dos
professores) e 10 a n o s d e antiguidade, c h e g a v a a U S $ 1 2 0 mensais (Tabela 9).
D e n t r o d e s s e q u a d r o s u r g e u m a série d e c o n f l i t o s , q u e i n c l u e m g r e v e
de professores e suspensão ou diminuição de atividades fundamentais,
c o m o o trabalho prático. A s universidades, o u alguns setores delas, s a e m e m
b u s c a d e f o n t e s a l t e r n a t i v a s d e f i n a n c i a m e n t o - e n t r e elas, d i v e r s a s f o r m a s
d e privatização d e áreas básicas o u clínicas.
Essa e s t r a t é g i a , e n t r e t a n t o , f o r t a l e c e c o n f l i t o s , p o i s v a i c o n t r a a t r a d i c i o -
n a l a u t o n o m i a d a s u n i v e r s i d a d e s e as c o l o c a n u m a s i t u a ç ã o d e m a i o r d e p e n -
d ê n c i a e m r e l a ç ã o às c o n t i n g ê n c i a s d e u m m e r c a d o q u e c o t i d i a n a m e n t e r e -
d e f i n e a s c a r a c t e r í s t i c a s d a p r á t i c a profissional.
N e s t e c o n t e x t o , p a r e c e n e c e s s á r i o instaurar u m d e b a t e , q u e a i n d a s e -
q u e r s e i n s i n u a , a r e s p e i t o d a n e c e s s i d a d e d e r e f o r m u l a r u m m o d e l o d e for-
m a ç ã o q u e , p o r suas características, n ã o prepara o f o r m a d o para desenvol-
v e r u m a p r á t i c a o r i e n t a d a p a r a o a t e n d i m e n t o às n e c e s s i d a d e s d a m a i o r i a
dos setores sociais.
Ao c o n t r á r i o , o m o d e l o d e p r á t i c a q u e p a r e c e ter se c o n s o l i d a d o é
a q u e l e q u e , s u p e r e s p e c i a l i z a d o n o r i t m o d a c o m p l e x i d a d e t e c n o l ó g i c a , reali-
z a i n t e r v e n ç õ e s d e c u r t o a l c a n c e , às q u a i s s ó t ê m direito o s g r u p o s s o c i a i s
d e maiores recursos.
TABELA 9
Docentes por Categoria e Horârio
Universidade d e B u e n o s Aires, Faculdade d e M e d i c i n a

(1) DE = Dedicação Exclusiva


(2) DSE = Dedicação Semi-Exclusiva
(3) D S = D e d i c a ç ã o Simples
Fonte: Secretaria de Assuntos Académicos da UBA, c o m dados da Facultad de Medicina e da Di-
rección General de Presupuesto ye Control Presupuestario da UBA.

Essa estratégia, e n t r e t a n t o , f o r t a l e c e c o n f l i t o s , p o i s v a i c o n t r a a t r a d i c i o -
nal a u t o n o m i a d a s u n i v e r s i d a d e s e as c o l o c a n u m a s i t u a ç ã o d e m a i o r d e p e n -
d ê n c i a e m r e l a ç ã o às c o n t i n g ê n c i a s d e u m m e r c a d o q u e c o t i d i a n a m e n t e r e -
d e f i n e as c a r a c t e r í s t i c a s d a p r á t i c a profissional.
N e s t e c o n t e x t o , p a r e c e n e c e s s á r i o instaurar u m d e b a t e , q u e a i n d a s e -
q u e r s e insinua, a r e s p e i t o d a n e c e s s i d a d e d e r e f o r m u l a r u m m o d e l o d e f o r -
m a ç ã o q u e , p o r suas c a r a c t e r í s t i c a s , n ã o p r e p a r a o f o r m a d o p a r a d e s e n v o l -
v e r u m a p r á t i c a o r i e n t a d a p a r a o a t e n d i m e n t o às n e c e s s i d a d e s d a maioria
dos setores sociais.
A o c o n t r á r i o , o m o d e l o d e p r á t i c a q u e p a r e c e ter s e c o n s o l i d a d o é
aquele q u e , superespecializado n o ritmo da c o m p l e x i d a d e t e c n o l ó g i c a , reali-
za i n t e r v e n ç õ e s d e c u r t o a l c a n c e , às q u a i s s ó t ê m d i r e i t o o s g r u p o s s o c i a i s
d e maiores recursos.
Médicos

A supressão d o s sistemas d e ingresso e vagas, vigentes durante os anos


d e d i t a d u r a militar, p e r m i t i u e m 1 9 8 4 o i n g r e s s o d e 1 5 . 0 0 0 n o v o s a l u n o s nas
F a c u l d a d e s d e M e d i c i n a d o s i s t e m a n a c i o n a l . A s s i m , o n ú m e r o total d e m a -
triculados elevou-se a 50.000 estudantes e m 1 9 8 5 .
A partir d e 1 9 8 8 registra-se u m a t e n d ê n c i a à d i m i n u i ç ã o n o n ú m e r o d e
matriculados. D e s s e m o d o , o n ú m e r o anual d e egressos d o sistema nacional,
q u e n o i n í c i o d a d é c a d a r o n d a v a o s 5.000 ( c o m o c o n s e q ü ê n c i a d o ingresso
m a c i ç o n o p e r í o d o 1 9 7 3 - 1 9 7 5 ) , reduziu-se a c e r c a d e 3.000 m é d i c o s por
ano na segunda m e t a d e d a d é c a d a d e 8 0 e, c o n f i r m a d a essa tendência,
ficaria e s t a b i l i z a d o e m c e r c a d e 3 . 3 0 0 n a d é c a d a d e 9 0 ( T a b e l a 3 ) .
S i m u l t a n e a m e n t e - e e m particular n a U n i v e r s i d a d e d e B u e n o s A i r e s ,
q u e c o n c e n t r a m a i s d e 3 0 % d o s a l u n o s d e F a c u l d a d e s d e M e d i c i n a d o siste-
m a n a c i o n a l , verifica-se u m a d i m i n u i ç ã o d a p a r t i c i p a ç ã o relativa d o s e s t u d a n -
t e s d a c a r r e i r a m é d i c a n o total d e a l u n o s d a F a c u l d a d e , c o n s e q ü ê n c i a do
c r e s c i m e n t o d e o u t r a s c a r r e i r a s , e m e s p e c i a l Fisioterapia, F o n o a u d i o l o g i a e
Nutrição.
H o j e s e d e f e n d e , na m a i o r i a d a s u n i v e r s i d a d e s , a n e c e s s i d a d e d e res-
tringir o i n g r e s s o a o c u r s o universitário d e M e d i c i n a , a partir d o p r e s s u p o s t o
d e q u e o n ú m e r o d e m é d i c o s n o país é e x c e s s i v o . N o e n t a n t o , n ã o é d e f e n -
dida a necessidade d e reformulação a c a d ê m i c a da perspectiva e m torno da
q u a l o s c u r r í c u l o s s ã o e s t r u t u r a d o s , c o m a f i n a l i d a d e d e satisfazer as d e m a n -
d a s s o c i a i s . P e l o c o n t r á r i o : reforçam-se as o r i e n t a ç õ e s a-históricas, f r a g m e n t a -
d a s e p a l i a t i v a s , i g n o r a n d o o s m o d e l o s q u e p o s t u l a m u m a f o r m a ç ã o integral,
i n t e r d i s c i p l i n a r , i n t e g r a d a c o m o s s e r v i ç o s e q u e , a partir d e u m a c o n t e x t u a l i -
z a ç ã o d o p r o c e s s o s a ú d e / d o e n ç a c o m o p r o b l e m a e n e c e s s i d a d e s o c i a l , fa-
v o r e ç a o q u e s t i o n a m e n t o e as m u d a n ç a s n e c e s s á r i a s d a p r á t i c a e d o m o d e l o
de atendimento.
É n e c e s s á r i o c o n s i d e r a r , e m p r i m e i r a instância, q u e e s s e e x c e d e n t e sur-
ge da incapacidade de absorção do modelo de atendimento vigente, que,
por suas características, exclui d o acesso aos serviços setores c a d a v e z mais
amplos da população.
A e x p e r i ê n c i a i n t e r n a c i o n a l ilustra q u e a d e c i s ã o q u a n t o a o n ú m e r o d e
p r o f i s s i o n a i s m é d i c o s d e q u e o país n e c e s s i t a n ã o é , e m c a s o a l g u m , d e
c o m p e t ê n c i a exclusiva das Escolas d e M e d i c i n a , geralmente orientadas pelos
i n t e r e s s e s e s p e c í f i c o s d e g r u p o s c o r p o r a t i v o s . Essa d e c i s ã o d e v e resultar d e
u m a a ç ã o c o o r d e n a d a e n t r e o s ó r g ã o s d o g o v e r n o e as instituições d e servi-
ç o s e d e f o r m a ç ã o , u m a v e z d e v i d a m e n t e avaliado o conjunto das necessi-
d a d e s sociais.

N o s ú l t i m o s a n o s realizaram-se a l g u m a s t e n t a t i v a s d e d e s e n v o l v e r m o -
d e l o s d e f o r m a ç ã o nessa p e r s p e c t i v a ; e n t r e elas, m e r e c e d e s t a q u e o m o d e l o
da Universidade d e B u e n o s Aires, q u e desde 1990 encontra dificuldades
18

p a r a colocá-lo e m p r á t i c a .
Por outro lado, a tradição acadêmica, fragmentária, teórica e t e n d e n d o
a u m a e s p e c i a l i z a ç ã o p r e c o c e n a f o r m a ç ã o d o s profissionais g r a d u a d o s n o
c a m p o d a s c i ê n c i a s d a s a ú d e j á constitui u m f a t o h i s t ó r i c o .
Por sua v e z , o d e s e n v o l v i m e n t o tecnológico e as c o n d i ç õ e s d o m e r c a -
d o p r e s s i o n a m , c o m f o r ç a c r e s c e n t e , a s t e n d ê n c i a s à e s p e c i a l i z a ç ã o e à su¬
b e s p e c i a l i z a ç ã o . N o A n e x o II está transcrita u m a l i s t a g e m p a r c i a l d a s e s p e -
c i a l i d a d e s m é d i c a s r e c o n h e c i d a s n o país. S e g u n d o a Dirección de Control
del Ejercicio Profesional y de las Especialidades Médicas, a lista c o m p l e t a , a i n -
d a n ã o c o p i l a d a , teria o d o b r o d o t a m a n h o .
À s deficiências conjunturais observadas na f o r m a ç ã o d e g r a d u a ç ã o j u n -
tam-se a rigidez estrutural q u e c a r a c t e r i z a as instituições a c a d ê m i c a s , i m p e -
dindo-as d e i n c o r p o r a r , c o m a n e c e s s á r i a r a p i d e z , a s m u d a n ç a s t e c n o l ó g i c a s
e o v o l u m e d e informações adicionais indispensáveis a o seu d e s e n v o l v i m e n -
to. E m c o n s e q ü ê n c i a , a f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o torna-se u m a e t a p a i m -
p r e s c i n d í v e l para c o m p l e t a r a c a p a c i t a ç ã o profissional.
Essa f o r m a ç ã o s e realiza f u n d a m e n t a l m e n t e n o s e t o r p ú b l i c o , a t r a v é s
d e residências médicas e cursos d e especialização, b e m c o m o d o s colegia-
d o s e a s s o c i a ç õ e s profissionais, q u e o r i e n t a m sua o f e r t a s e g u n d o a s c o n d i -
ç õ e s d e prática v i g e n t e s n o m e r c a d o .
D e a c o r d o c o m informações disponíveis da Universidade d e B u e n o s
Aires, e n q u a n t o o n ú m e r o d e formados n o curso d e M e d i c i n a diminuiu d e
2.189 e m 1 9 8 0 p a r a 1.141 e m 1 9 8 9 , o n ú m e r o d e títulos o u t o r g a d o s a m é -
d i c o s e s p e c i a l i s t a s n o m e s m o p e r í o d o p a s s o u d e 3 4 1 p a r a 7 1 2 , o q u e signifi-
ca que, enquanto o número d e médicos formados decresceu e m 4 8 % , o d e
especialistas c r e s c e u 1 0 9 % . E n q u a n t o e m 1 9 8 0 o s títulos d e e s p e c i a l i z a ç ã o
representavam 1 5 % d o s diplomas fornecidos pela Faculdade, e m 1 9 8 9 c o n s -
tituíam 6 2 % d e l e s .
S e s o m a r m o s o s especialistas f o r m a d o s nas universidades a o s q u e o b -
t ê m sua e s p e c i a l i z a ç ã o a t r a v é s d e a l g u m d o s t a n t o s m e c a n i s m o s d i s p o n í v e i s
n o m e r c a d o , p o d e m o s ter u m a idéia d a d i m e n s ã o d o p r o b l e m a d e habilita-
ç ã o e d e garantia d e q u a l i d a d e n o e x e r c í c i o profissional.

Enfermagem

A t u a l m e n t e , e a p e s a r d a e s c a s s e z d e p e s s o a l nessa c a t e g o r i a o u e m
c o n s e q ü ê n c i a d e l a , a f o r m a ç ã o d e e n f e r m e i r o s s e d e s e n v o l v e e m 9 5 institui-
ç õ e s , d a s q u a i s 2 1 s ã o d e n í v e l universitário, 4 5 d e n í v e l s u p e r i o r n ã o u n i v e r -
sitário, s u b o r d i n a d a s a o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o e a o M i n i s t é r i o d a S a ú d e , e

18 U m a síntese das principais características dessa proposta foi publicada e m Educación Médi-
ca y Salud, V o l . 26 (3), OPAS/OMS, 1992.
2 9 n a ó r b i t a d o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o a t r a v é s d o Servicio Nacional de Ense-
ñanza Privada (SNEP).
T a m b é m n o c a s o d a e n f e r m a g e m pode-se afirmar q u e a f o r m a ç ã o e m
q u a l q u e r d a s i n s t â n c i a s realiza-se a partir d e c u r r í c u l o s d e s i n t e g r a d o s , q u e
e n f o c a m os aspectos curativos da prática e os c o m p o n e n t e s biológicos d o
p r o c e s s o s a ú d e / d o e n ç a , s e m c o n s i d e r a r o s c o n d i c i o n a n t e s s o c i a i s a partir
d o s quais esses processos o c o r r e m .
O c o n t i n g e n t e f o r m a d o e m p r o g r a m a s d e três a c i n c o a n o s i n c o r p o r a -
s e a o m e r c a d o d e trabalho c o m u m a série d e limitações q u e , s o m a d a s à
oferta p r a t i c a m e n t e inexistente d e o p ç õ e s d e f o r m a ç ã o d e especialização
e m c a m p o s e s p e c í f i c o s e a o e s c a s s o r e c o n h e c i m e n t o s o c i a l d e s s e s profissio-
nais, d e t e r m i n a m c o n d i ç õ e s d e v i d a e d e t r a b a l h o p o u c o e s t i m u l a n t e s .
Essa s i t u a ç ã o , à q u a l v e m juntar-se o b a i x o n í v e l d e r e m u n e r a ç ã o , expli-
c a a e s c a s s e z d e e n f e r m e i r o s n o país, t a n t o e m n í v e l d e auxiliares c o m o n o
d e profissionais.
É r e d u z i d o o n ú m e r o anual d e ingressos e d e g r a d u a d o s nas diversas
Escolas, e e m geral é grande o índice d e e v a s ã o escolar; segundos d a d o s d e
u m a p e s q u i s a , para algumas Escolas a evasão anual chegaria a 9 4 % , e a
1 9

m é d i a ficaria e m t o r n o d e 6 0 % .
E s s e f a t o f a z c o m q u e n o total d o país o n ú m e r o d e f o r m a d o s p o r a n o
seja r e d u z i d o . S e g u n d o a Federación Argentina de Enfermería, entre 1990 e
1992 formaram-se 8 0 0 enfermeiros, d o s quais 5 0 % na Capital Federal e na
P r o v í n c i a d e B u e n o s A i r e s , e c e r c a d e 4 . 0 0 0 auxiliares e m t o d o o país.
C a b e assinalar q u e s e g u n d o a lei q u e regula o e x e r c í c i o ( L e i 2 4 . 0 0 4 ) ,
p e r t e n c e à categoria "profissional" toda pessoa q u e , c o m nível secundário,
c o m p l e t e u m a f o r m a ç ã o d e m a i s d e três a n o s d e n í v e l s u p e r i o r . N a c a t e g o r i a
d e auxiliares incluem-se a q u e l e s q u e , t e n d o c o m p l e t a d o seus estudos primá-
rios, r e a l i z e m u m c u r s o d e n o v e m e s e s d e d u r a ç ã o e m e s t a b e l e c i m e n t o s r e -
c o n h e c i d o s oficialmente. Por último, a categoria d o s empíricos (atendentes)
- a mais numerosa no país - compreende as pessoas que, inde-
p e n d e n t e m e n t e d e sua qualificação formal, capacitaram-se através d a e x p e -
riência.

F O R M A Ç Ã O EM S A Ú D E PÚBLICA

P a r a c o m p l e t a r e s t e q u a d r o , é p r e c i s o u m a c o n s i d e r a ç ã o s o b r e a for-
m a ç ã o e m s a ú d e p ú b l i c a , q u e e n f r e n t a h o j e e m dia, e m q u a s e t o d a a A m é r i -
c a L a t i n a , o g r a n d e d e s a f i o d e r e f o r m u l a r s e u s p r o g r a m a s p a r a d a r u m a res-
p o s t a e f i c i e n t e à s n e c e s s i d a d e s reais d a p o p u l a ç ã o , a n t e a v e l o c i d a d e e a
p r o f u n d i d a d e d a s m u d a n ç a s q u e e s t ã o s o f r e n d o as s u a s c o n d i ç õ e s d e s a ú d e .

19 Pesquisa exploratória das Escolas d e Enfermaria. Dirección Nacional de Recursos Humanos -


OPAS, Argentina, 1990.
D e m o d o g e r a l , pode-se a f i r m a r q u e n a A r g e n t i n a m a n t ê m - s e , n e s t e
c a m p o , as c a r a c t e r í s t i c a s p r e d o m i n a n t e s n o s a n o s 6 0 , n ã o h a v e n d o s u r g i d o
nesses a n o s - salvo algumas tentativas ¡soladas, d e curto a l c a n c e e p e q u e n o
i m p a c t o - m u d a n ç a s n a estrutura d a s i n s t i t u i ç õ e s f o r m a d o r a s , n e m e m s u a
vinculação c o m os serviços d e saúde e c o m o m o d e l o d e atendimento; n ã o
modificou-se a o r i e n t a ç ã o d o s c u r s o s q u e e l a s o f e r e c e m , n e m d a s p e s q u i s a s
q u e realizam.
N e s s e quadro, a f o r m a ç ã o e m S a ú d e Pública na Argentina caracteriza-
s e p o r u m a g r a n d e d i s p e r s ã o d e instituições e d e p r o p o s t a s .
U m e s t u d o r e c e n t e , r e a l i z a d o c o m o o b j e t i v o d e identificar as t e n d ê n -
c i a s gerais d a f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o e m S a ú d e P ú b l i c a , registra q u e
2 0

e m 1 9 9 1 existiam n o país 5 1 instituições q u e o f e r e c i a m p r o g r a m a s d e pós-


g r a d u a ç ã o e m S a ú d e P ú b l i c a . E n t r e e l a s , verifica-se u m a i m p o r t a n t e p a r t i c i -
2 1

p a ç ã o d e instituições n ã o - a c a d ê m i c a s , p o i s a p e n a s 3 1 % d o total s ã o a c a d ê -
m i c a s n a á r e a d a s a ú d e e as r e s t a n t e s c o r r e s p o n d e m a i n s t i t u i ç õ e s s i n d i c a i s ,
d e serviço, d e g o v e r n o s provinciais o u nacionais e a instituições a c a d ê m i c a s
fora d o c a m p o d a s s a ú d e .
N a é p o c a d a r e a l i z a ç ã o d a p e s q u i s a , as instituições o b s e r v a d a s o f e r e -
c i a m , e m c o n j u n t o , 76 p r o g r a m a s d e f o r m a ç ã o , d o s q u a i s a p e n a s 5 7 r e a l -
m e n t e se d e s e n v o l v i a m . S e g u n d o a r e g u l a m e n t a ç ã o v i g e n t e n a m a i o r p a r t e
d a s instituições a c a d ê m i c a s , q u a s e m e t a d e c o r r e s p o n d e r i a a c u r s o s d e e s p e -
c i a l i z a ç ã o , isto é , c o m d u r a ç ã o e n t r e 4 0 0 e 6 0 0 h o r a s letivas.
A s u p e r i o r i d a d e d a s instituições n ã o a c a d ê m i c a s destaca-se também
e m r e l a ç ã o a o n ú m e r o d e a l u n o s . D o total d e a l u n o s e g r e s s o s d e s s e s p r o g r a -
m a s e m 1 9 9 0 , 7 2 % v i n h a m d e instituições n ã o a c a d ê m i c a s ; s e g u n d o o s d a -
d o s d i s p o n í v e i s , e m 1 9 9 1 essa p r o p o r ç ã o s e m a n t i n h a e s t á v e l , e a o m e s m o
t e m p o verificava-se u m i n c r e m e n t o n o n ú m e r o d e m a t r í c u l a s e m i n s t i t u i ç õ e s
acadêmicas não pertencentes à área das saúde e e m programas desenvolvi-
d o s p o r instituições p r i v a d a s , e m c o n v ê n i o c o m ó r g ã o s oficiais.
A p e q u e n a i m p o r t â n c i a d a d a à f o r m a ç ã o n e s s e c a m p o fica e v i d e n c i a d a
p e l o p e q u e n o n ú m e r o d e b o l s a s d e e s t u d o , f a t o q u e , tratando-se d e g r a d u a -
d o s , constitui u m a l i m i t a ç ã o à sua p a r t i c i p a ç ã o . O o p o s t o o c o r r e n o s p r o g r a -
mas oferecidos por instituições públicas provinciais, muitos d o s quais possi-
bilitam a c a p a c i t a ç ã o d o s a l u n o s e m s e r v i ç o , m a n t e n d o a r e m u n e r a ç ã o e s t a -
belecida.
Q u a n t o a o q u a d r o d o c e n t e , observa-se q u e é p e q u e n a a p a r t i c i p a ç ã o
d e p r o f e s s o r e s d a s c a t e g o r i a s s u p e r i o r e s : a p e n a s 2 0 % s ã o titulares e assisten-

20 Encuesta a Programas e Instituciones de Salud Pública (Diretor: Dr. H e n r i q u e Stein), OPAS/AES¬


PA. Em: Reunión sobre Formación de Posgrado em Salud Pública en la República Argentina.
Publicação n . 3 3 , OPAS/OMS-AESPA, Argentina, 1992.
o

21 O estudo não incluiu o m a p e a m e n t o d e instituições c o m programas d e d u r a ç ã o inferior a


400 horas letivas.
t e s . P o r o u t r o l a d o , é m u i t o baixa a d e d i c a ç ã o d o c o r p o d o c e n t e : 7 0 % d o
c o n j u n t o t e m d e d i c a ç ã o s i m p l e s ( e n t r e 12 e 2 0 h o r a s s e m a n a i s , d e p e n d -
e n d o d a i n s t i t u i ç ã o ) , e a p e n a s 5 % o f e r e c e d e d i c a ç ã o exclusiva.
E m finais d e 1 9 9 3 registram-se d u a s p r o p o s t a s q u e t e n t a m d a r r e s p a l d o
institucional a u m a c o n c e p ç ã o e a u m a prática d e S a ú d e Pública a d e q u a d a à
c o m p l e x i d a d e d a s m u d a n ç a s e as n e c e s s i d a d e s d e s a ú d e d a p o p u l a ç ã o . A
primeira é u m M e s t r a d o r e c e n t e m e n t e a p r o v a d o pela U n i v e r s i d a d e d e B u e -
n o s A i r e s , c u j a i m p l e m e n t a ç ã o será c o m p a r t i l h a d a p o r u m g r u p o significativo
d e f a c u l d a d e s ; a s e g u n d a iniciativa, e m v i a s d e a p r o v a ç ã o , é u m M e s t r a d o a
ser d e s e n v o l v i d o d e f o r m a c o n j u n t a p e l o M u n i c í p i o d e R o s á r i o , a U n i v e r s i d a -
d e N a c i o n a l d e Rosário e a Associação M é d i c a d e Rosário.

REGULAMENTAÇÃO E HABILITAÇÃO

O c o r p o n o r m a t i v o q u e regula o e x e r c í c i o d a a t i v i d a d e d o s profissio-
nais d e s a ú d e estrutura-se b a s i c a m e n t e e m t o r n o d a Lei 1 7 . 1 3 2 / 6 7 e d o s d e -
c r e t o s q u e a r e g u l a m e n t a m . S e u A r t i g o 4 3 possibilita a i n c o r p o r a ç ã o d e ativi-
d a d e s d e a p o i o . N e l a s enquadram-se o s p o d ó l o g o s , os técnicos e m histopa¬
tologia e os instrumentadores.
Leis p o s t e r i o r e s r e g u l a m e n t a r a m o e x e r c í c i o profissional d e o u t r a s c a t e -
g o r i a s , c o m o as d o s p s i c ó l o g o s , p r o t é t i c o s d e n t a i s e e n f e r m e i r o s .
R e c e n t e m e n t e importantes modificações foram introduzidas no Artigo
2 1 , q u e r e g u l a m e n t a as e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s , e n o A r t i g o 3 1 , q u e trata d o
exercício das especialidades odontológicas.
A a t i v i d a d e f a r m a c ê u t i c a , n o q u e d i z r e s p e i t o t a n t o à p r á t i c a profissio-
nal q u a n t o à l i c e n ç a d e f a r m á c i a s , é r e g u l a d a s p e l a Lei 1 7 . 5 6 5 e suas e m e n -
das.
As atividades profissionais não mencionadas são regidas pela Lei
17.132/67.
O s d i p l o m a s s ã o e x p e d i d o s p e l a s U n i v e r s i d a d e s , e o registro profissio-
n a l é o u t o r g a d o , n o â m b i t o d a C a p i t a l F e d e r a l , p e l a Dirección Nacional de
Control del Ejercicio Profesional y de las Especialidades Médicas ( T a b e l a 10).
E m a l g u m a s províncias existem colegiados q u e habilitam quase todos os pro-
fissionais. N o r e s t o d o p a í s , o s r e s p o n s á v e i s p e l o registro s ã o ó r g ã o s s u b o r d i -
n a d o s a o Ministério da S a ú d e da jurisdição.
O s c o l e g i a d o s profissionais s ã o o s ó r g ã o s r e s p o n s á v e i s p e l a é t i c a e a
d e o n t o l o g i a d o e x e r c í c i o profissional.
H o j e e m d i a c o m e ç a a definir-se u m a p o l ê m i c a e m t o r n o d e q u a l o u
q u a i s d e v e r i a m ser o s ó r g ã o s r e g u l a d o r e s d a h a b i l i t a ç ã o profissional, m a s
a i n d a n ã o s e p o d e p r e c i s a r s e h a v e r á , a c u r t o p r a z o , m u d a n ç a s na l e g i s l a ç ã o .
O s g r a d u a d o s e m c u r s o s universitários n o e s t r a n g e i r o d e v e m e f e t u a r a
r e v a l i d a ç ã o d e seu diploma para p o d e r e m exercer a profissão; n o c a s o d e
p r o f i s s i o n a i s p r o v e n i e n t e s d e p a í s e s c o m o s q u a i s existe c o n v ê n i o , trata-se
d e u m m e c a n i s m o administrativo d e trâmite a u t o m á t i c o ; e m outros casos, a
revalidação exige e x a m e s d e e q u i v a l ê n c i a o u d e c o m p l e m e n t a ç ã o . Esse as-
p e c t o terá g r a n d e i m p o r t a n c i a n o f u t u r o p r ó x i m o , n o c a m p o d a s p o l í t i c a s d e
integração regional (MERCOSUL).
N o q u e d i z r e s p e i t o a o e x e r c í c i o d a s e s p e c i a l i d a d e s , s ã o três a s p r i n c i -
pais i n s t a n c i a s d e h a b i l i t a ç ã o :
1) as u n i v e r s i d a d e s , a t r a v é s d e c u r s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o ;
2) o s c o l e g i a d o s m é d i c o s e as a s s o c i a ç õ e s p r o f i s s i o n a i s ;
3) o s s e r v i ç o s r e c o n h e c i d o s a partir d e u m p e r í o d o d e c i n c o a n o s de
exercício e m determinada especialidade.
C o m o c o n s e q ü ê n c i a dessa diversidade, os requisitos n ã o s ã o h o m o g ê -
neos. O custo d e muitos deles t a m b é m age c o m o m e c a n i s m o diferenciador,
e m b o r a n e m s e m p r e se p o s s a a s s o c i a r o c u s t o à q u a l i d a d e .
Q u a n t o aos m e c a n i s m o s d e revalidação d e certificados, só existem nor-
mas estabelecidas por alguns colegiados, c o m o o d e C ó r d o b a . N o âmbito
d a C a p i t a l F e d e r a l , e a partir d e 1 f l
. d e m a r ç o d e 1 9 9 3 , foi regulamentado
u m regime d e revalidação d e certificados d e especialistas a c a d a c i n c o a n o s ,
sob a jurisdição da Secretaria d e S a ú d e subordinada a o Ministério da S a ú d e
e A ç ã o S o c i a l . A r e v a l i d a ç ã o será realizada através d e u m a a v a l i a ç ã o d e a n -
t e c e d e n t e s e u m e x a m e e s p e c í f i c o . Esse m e c a n i s m o a i n d a n ã o f o i i m p l e m e n -
t a d o , e, p o r sua e n v e r g a d u r a , p a r a ser c o l o c a d o e m a n d a m e n t o r e q u e r a for-
malização d e convênios c o m os serviços.

TABELA 10

R e g u l a m e n t a ç ã o G e r a l d o Exercício Profissional

Fonte: Estimativa d o autor c o m base e m dados fornecidos pelo Ministério d e Cultura e Educa-
ç ã o e Ministério de S a ú d e e A ç ã o Social da Argentina.
A N E X O II

RELAÇÃO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS

Alergia, A n a t o m i a Patológica, Anestesiologia, Angiologia, Bacteriologia,


Cardiologia, Cirurgia Cardiovascular, Cirurgia d e C a b e ç a e P e s c o ç o , Cirurgia
G e r a l , Cirurgia Plástica, Cirurgia Toráxica, Cirurgia V a s c u l a r e Periférica, Clíni-
c a M é d i c a , D e r m a t o l o g i a , D e r m a t o s i f i l o g r a f i a , D i a g n ó s t i c o p o r I m a g e n s : (ra-
d i o l o g i a , r a d i o d i a g n ó s t i c o , t o m o g r a f i a c o m p u t a d o r i z a d a , e c o g r a f i a , ultra-so¬
nografia). Endocrinologia, Endoscopia Digestiva, D o e n ç a s Infecciosas, Epide-
m i o l o g i a , F a r m a c o l o g i a , Fisiatria, G a s t r o e n t e r o l o g i a , G e n é t i c a , G e r i a t r i a , G i -
n e c o l o g i a , H e m o t e r a p i a , H e m a t o l o g i a , H i g i e n e Industrial, H i g i e n e e M e d i c i -
na Preventiva, Imunologia, Leprologia, Mastologia, M e d i c i n a Aeronáutica e
Espacial, M e d i c i n a Esportiva, M e d i c i n a d o Trabalho, M e d i c i n a Legal, M e d i c i -
na N u c l e a r , M e d i c i n a Sanitária o u A d m i n i s t r a ç ã o Hospitalar, o u S a ú d e Públi-
ca, Nefrologia, Neurocirurgia, Neurologia, Nutrição, Oftalmologia, Obstetrí-
cia, O n c o l o g i a , O r t o p e d i a e Traumatologia, Otorrinolaringologia, Pediatria,
P n e u m o n o l o g i a , Protologia, Psicologia M é d i c a , Reumatologia, Terapia Radio-
ativa (Cobaltoterapia, Radioterapia, Radiumoterapia e Isótopos radioativos
c o m fins t e r a p ê u t i c o s ) . T e r a p i a I n t e n s i v a , Tisiologia, T i s i o p n e u m o n o l o g i a , To¬
coginecologia. Toxicologia, Urologia.

R E L A Ç Ã O DE ESPECIALIDADES PEDIÁTRICAS

C l í n i c a P e d i á t r i c a , C a r d i o l o g i a Infantil, C i r u r g i a Infantil, N e f r o l o g i a I n f a n -
til, N e u r o l o g i a Infantil, N e o n a t o l o g i a , Psiquiatria Infantil.

F o n t e : Dirección Nacional de Control y Regulación del Ejercicio Profesional y de las Especialida-


des Médicas. Secretaría de Salud. Ministerio de Salud y Acción Social.
A N E X O III

RELAÇÃO DE INSTITUIÇÕES E O R G A N I S M O S C O N S U L T A D O S

Asociación Argentina d e Alergia e Inmunología

Asociación Argentina d e Cirugía

Asociación Argentina de Dermatología

A s o c i a c i ó n Argentina d e Dietistas y Nutricionistas Dietistas

Asociación Argentina de Neurocirugía

Asociación Argentina d e Ortopedia e Traumatología

Asociación Bioquímica Argentina

Asociación Fonoaudiológica Argentina

Asociación Interamericana d e Ingenieros Sanitarios

A s o c i a c i ó n d e Psiquiatras A r g e n t i n o s

C e n t r o d e Estudios e I n v e s t i g a c i ó n e n T r a b a j o S o c i a l

Confederación Farmacéutica Argentina

C o n f e d e r a c i ó n M é d i c a d e la R e p ú b l i c a A r g e n t i n a

C o n f e d e r a c i ó n U n i f i c a d a d e B i o q u í m i c o s d e la R e p ú b l i c a A r g e n t i n a

C o n f e d e r a c i ó n d e K i n e s i ó l o g o s y F i s i o t e r a p e u t a s d e la R e p . A r g e n t i n a

D i r e c c i ó n N a c i o n a l d e Estadísticas d e S a l u d - S e c r e t a r í a d e S a l u d -

- Ministerio d e Salud y A c c i ó n Social

D i r e c c i ó n N a c i o n a l d e C o n t r o l y R e g u l a c i ó n d e l E j e r c i c i o P r o f e s i o n a l y d e las
Especialidades M é d i c a s - Secretaría d e Salud -

- Ministerio d e Salud y A c c i ó n Social

E s c u e l a d e N u t r i c i ó n d e la U n i v e r s i d a d d e B u e n o s A i r e s

Federación Argentina d e Asociaciones d e Anestesiología

Federación Argentina de Cardiología

Federación Argentina d e Enfermería

F e d e r a c i ó n A r g e n t i n a d e G r a d u a d o s d e la R e p . A r g e n t i n a e n N u t r i c i ó n

Federación Argentina d e Sociedades d e Endocrinología

Federación Argentina de Sociedades de Ginecologia y Obstetricia

Federación Argentina de Sociedades de Otorrinolaringología

F e d e r a c i ó n A r g e n t i n a d e T r a b a j a d o r e s d e la S a n i d a d

Federación d e Profesionales Municipales

F e d e r a c i ó n d e P s i c ó l o g o s d e la R e p ú b l i c a A r g e n t i n a
S o c i e d a d Argentina d e Alergia e Inmunopatología

Sociedad Argentina de Cardiología

S o c i e d a d A r g e n t i n a d e C i r u g í a Plástica

Sociedad Argentina de Coloproctología

Sociedad Argentina d e Dermatología

Sociedad Argentina de Diabetes

S o c i e d a d Argentina d e Ecografía e Ultrasonografía

S o c i e d a d Argentina d e Endocrinología y Metabolismo

Sociedad Argentina de Gasteroenterología

S o c i e d a d Argentina de Nefrologia

Sociedad Argentina de Neurología

Sociedad Argentina d e Nutrición

Sociedad Argentina de Oftalmología

S o c i e d a d Argentina d e Otorrinolaringología

S o c i e d a d Argentina d e Patología

S o c i e d a d Argentina d e Pediatría

S o c i e d a d Argentina d e Radiología

Sociedad Argentina d e Urologia

S o c i e d a d d e M e d i c i n a Veterinaria
ESTUDO DE CONDIÇÕES DE
FORMAÇÃO E EXERCÍCIO
PROFISSIONAL EM SAÚDE NO
BRASIL
Mario Roberto Dal Poz
Tereza Christina Varella

C O N S I D E R A Ç Õ E S INICIAIS

Este d o c u m e n t o , p r e p a r a d o c o m o s u b s í d i o à r e u n i ã o d e M o n t e v i d é u ,
Uruguai, é u m a a b o r d a g e m preliminar das c o n d i ç õ e s d e f o r m a ç ã o e exercí-
c i o profissional e m s a ú d e n o Brasil. A p r e o c u p a ç ã o m a i o r d o t e x t o , a o s o -
bressair d a d o s e séries, é a c a r a c t e r i z a ç ã o d o c o n j u n t o d a p r o b l e m á t i c a , d e
m a n e i r a clara e sintética, p e r m i t i n d o sua c o m p r e e n s ã o e u t i l i z a ç ã o p o r d i -
ferentes interlocutores.
A l g u m a s q u e s t õ e s , c o m o s e v e r á , s ã o c o m u n s às d i f e r e n t e s c a t e g o r i a s
profissionais. D e n t r e essas q u e s t õ e s se e n c o n t r a m o s m e c a n i s m o s d e i n g r e s -
so nas instituições d e e n s i n o s u p e r i o r , q u e p e r m i t e m o a c e s s o a o s e s t u d a n -
tes q u e c o n c l u e m o 2 o
g r a u . A s p r o v a s seletivas s ã o r e a l i z a d a s , a n u a l m e n t e ,
pela a s s o c i a ç ã o e n t r e as d i v e r s a s u n i v e r s i d a d e s o u f a c u l d a d e s i s o l a d a s , p ú b l i -
c a s o u p r i v a d a s . Essas p r o v a s s ã o e l a b o r a d a s c o m b a s e n o c o n t e ú d o d a s dis-
ciplinas e c o n h e c i m e n t o s e x i g i d o s n o 2 a
grau. A m o d a l i d a d e d e p r o v a n ã o é,
o b r i g a t o r i a m e n t e , a m e s m a , p o i s o s critérios p o d e m v a r i a r s e g u n d o o E s t a d o
o u g r u p o d e instituições.
O s e s t u d a n t e s e s t r a n g e i r o s p o d e m inserir-se e m c u r s o s o u programas
d e s e n v o l v i d o s , n o país, a partir d o s m e c a n i s m o s d e c o r r e n t e s d o s acordos
c u l t u r a i s e c i e n t í f i c o s , e m três m o d a l i d a d e s :

1. N o s cursos d e g r a d u a ç ã o , o ingresso i n d e p e n d e d e a p r o v a ç ã o n o p r o c e s -
so seletivo das instituições d e ensino. O s alunos são e n c a m i n h a d o s do
país d e o r i g e m já c o m habilitação para o curso escolhido, p e l o c o n s u l a d o
brasileiro, q u e s e responsabiliza p o r atestar a suficiência n o idioma n a c i o -
nal;

2. N o s p r o g r a m a s d e e s p e c i a l i z a ç ã o similares à R e s i d ê n c i a M é d i c a o p r o c e -
d i m e n t o é o m e s m o d a g r a d u a ç ã o , a p e n a s o p r o c e s s o s e l e t i v o é feito n a s
próprias instituições d e ensino o u serviços c r e d e n c i a d o s , pela análise cur-
ricular d o s c a n d i d a t o s . O s i n t e r e s s a d o s d e v e m c o m p r o v a r c o n d i ç õ e s d e
sustento p r ó p r i o n o p e r í o d o d o curso, pois n ã o existem bolsas para este
tipo d e programa;

3. N a p ó s - g r a d u a ç ã o stricto s e n s u s ã o o f e r e c i d o s c u r s o s d e n í v e l d e M e s t r a -
d o e D o u t o r a d o , avaliados pela Cordenadoria d e A p e r f e i ç o a m e n t o de
Pessoal d e Nível Superior - CAPES - c o m o nível "A" o u " B " e a s e l e ç ã o é
realizada por via d o c u m e n t a l .

N o q u e s e r e f e r e a i n d a à p ó s - g r a d u a ç ã o , foi i n c l u í d o n o final d o d o c u -
m e n t o u m a b r e v e análise d o s programas e cursos d e mestrado e d o u t o r a d o
a g r u p a d o s s o b a d e n o m i n a ç ã o d e "profissões da saúde".
A p e s a r d e a u t o r i z a d o p e l a n o v a C o n s t i t u i ç ã o , a t é h o j e n ã o foi r e g u l a -
m e n t a d o o " s e r v i ç o civil o b r i g a t ó r i o " . A s t e n t a t i v a s d e e n c a m i n h a m e n t o d e s -
ta q u e s t ã o n ã o s e c o n c r e t i z a r a m , e n c o n t r a n d o resistência n o m e i o e s t u d a n -
til. O a s s u n t o t e n d e a ficar e s q u e c i d o , n e s t e m o m e n t o , f a c e à i n e x i s t ê n c i a d e
opinião consensual sobre o problema.
A a n á l i s e d a o f e r t a d e e m p r e g o s p e l a s i n s t i t u i ç õ e s d e s a ú d e , a partir d e
1 9 8 7 , foi p r e j u d i c a d a , e m p a r t e , p e l a e x c l u s ã o d e d a d o s d e r e c u r s o s h u m a -
n o s n o " I n q u é r i t o s o b r e A s s i s t ê n c i a M é d i c o - S a n i t á r i a " , d e s e n v o l v i d o p e l o Ins-
tituto B r a s i l e i r o d e G e o g r a f i a e Estatística. M u i t o s d a d o s f o r a m o b t i d o s c o m
o Sistema d e Informações d e Recursos H u m a n o s , da C o o r d e n a ç ã o Geral d e
D e s e n v o l v i m e n t o d e Recursos H u m a n o s para o SUS, d o Ministério da S a ú d e
e n o s C o n s e l h o s Profissionais.
A l g u m a s t e n d ê n c i a s , n o e n t a n t o , p o d e m ser c l a r a m e n t e o b s e r v a d a s . A 1

p a r t i c i p a ç ã o f e m i n i n a na f o r ç a d e t r a b a l h o e m s a ú d e c o n t i n u a a u m e n t a n d o .
N o p e r í o d o 7 0 / 8 0 , a p a r t i c i p a ç ã o f e m i n i n a c r e s c e u d e 4 0 p a r a 6 0 % d o total
d a FTS. E s s e p r o c e s s o r e p e r c u t e f o r t e m e n t e n o n í v e l d e r e m u n e r a ç ã o dos
profissionais, pois, historicamente, a m ã o d e o b r a feminina t e m sido m e n o s
remunerada relativamente.

1 Girardi, S. N., A estrutura ocupacional da saúde no Brasil, M i n . Saúde, Brasília, 1990. ( M i ¬


meo).
O a u m e n t o d o n ú m e r o d e horas trabalhadas, associado a o multiempre¬
g o , m e s m o n o s e t o r p ú b l i c o tornou-se c o m u m e n t r e o s profissionais d e s a ú -
d e , n u m a t e n t a t i v a d e c o m p e n s a r as p e r d a s salariais, e s t e n d e n d o - s e i n c l u s i v e
a o pessoal d e e n f e r m a g e m , .
O u t r o a s p e c t o a ressaltar é o c r e s c i m e n t o d a f o r m a a s s a l a r i a d a e a r e -
d u ç ã o d e e s p a ç o , n o m e r c a d o , p a r a o s profissionais n a c o n d i ç ã o d e a u t ô n o -
m o . N a d é c a d a d e 7 0 / 8 0 , o n ú m e r o d e profissionais a u t ô n o m o s p a s s a de
4 2 , 8 % p a r a 3 3 . 6 % d a FTS.
E m r e l a ç ã o à o f e r t a d e e m p r e g o existe h o j e u m a t e n d ê n c i a a o f o r t a l e c i -
m e n t o d a esfera m u n i c i p a l . N o b o j o d a s t r a n s f o r m a ç õ e s q u e s e p r o c e s s a m
c o m a implantação d o sus e a conseqüente descentralização dos serviços e
ações d e saúde, h o u v e u m a m u d a n ç a no eixo d o o f e r e c i m e n t o d e vagas p ú -
blicas. Este p r o c e s s o d e v e r á ser c a d a v e z m a i s a c e n t u a d o e m f a c e d e a p o -
sentadoria e outras m o d a l i d a d e s d e afastamento definitivo d a q u e l e s q u e es-
tão e m p r e g a d o s e m estabelecimentos federais e estaduais municipalizados.
C a b e r á às m u n i c i p a l i d a d e s a a b s o r ç ã o d e s t e s p o s t o s d e t r a b a l h o .
A s c o r r e n t e s m i g r a t ó r i a s internas s ã o c l a r a m e n t e o b s e r v a d a s , n a á r e a
de saúde, no processo de busca de qualificação/especialização. Percebe-se
u m fluxo c o n s t a n t e , d a s r e g i õ e s n o r t e e n o r d e s t e , p a r a a r e g i ã o s u d e s t e , d e
candidatos e alunos para programas d e residência m é d i c a e m e s t r a d o / d o u -
torado.
O u t r a t e n d ê n c i a q u e s e m a n t é m , d e s d e o s a n o s 70, é o c r e s c i m e n t o d e
p a r t i c i p a ç ã o d o s profissionais d e nível m é d i o n o m e r c a d o d e t r a b a l h o .
A relação empregatícia da maior parte das instituições públicas d e saú-
d e é d e n a t u r e z a e f e t i v a , c o m e s t a b i l i d a d e p a r a o f u n c i o n á r i o . A lei q u e e s t a -
b e l e c e u o r e g i m e j u r í d i c o ú n i c o p a r a o s s e r v i d o r e s p ú b l i c o s f e d e r a i s foi r e -
p r o d u z i d a n a m a i o r i a d o e s t a d o s e m u n i c í p i o s brasileiros.
N o processo d e realização da 8 a
Conferência Nacional de Saúde, e m
1 9 8 6 , constituiu-se u m c o l e g i a d o d e n o m i n a d o " P l e n á r i a N a c i o n a l d e S a ú d e "
q u e t e m se mantido r a z o a v e l m e n t e organizado e reivindicante. S u a c o m p o -
sição, bastante ampla, incluiu a maioria d o s c o n s e l h o s federais e estaduais
d a s p r o f i s s õ e s d e s a ú d e , as f e d e r a ç õ e s nacionais, sindicatos, associações
profissionais d a s m a i s d i v e r s a s , b e m c o m o a s s o c i a ç õ e s d e m o r a d o r e s e o u -
tras, c o m o as d e p a c i e n t e s r e n a i s c r ô n i c o s . S u a a t u a ç ã o t e m s i d o m a i s i n t e n -
sa j u n t o a o C o n s e l h o N a c i o n a l d e S a ú d e e a o p r ó p r i o M i n i s t é r i o d a S a ú d e .

MÉDICOS

Formação

Graduação

A p ó s a criação e m 1808, da Escola de Cirurgia no Hospital Real na


Bahia e a f u n d a ç ã o da Escola A n a t ô m i c a , Cirúrgica e M é d i c a d o Rio de
J a n e i r o , o p r o c e s s o d e f o r m a ç ã o d e n o v a s e s c o l a s m é d i c a s n o Brasil pas-
2

sou a ocorrer e m ciclos, atendendo, e m cada período e conjuntura, aos


variados interesses políticos, e c o n ô m i c o s o u técnico-científicos.
Em dois períodos o surgimento de novas escolas médicas teve
c a r a c t e r í s t i c a s q u a s e d e "surto": d e 1 9 5 0 a 1 9 6 4 ( 2 3 n o v a s e s c o l a s , o u seja,
q u a s e d u a s e s c o l a s p o r a n o ) e d e 1 9 6 5 a 1 9 7 1 ( 3 7 e s c o l a s , o u seja, seis e s -
c o l a s n o v a s p o r a n o ) . N o s a n o s r e c e n t e s f o r a m p o u c a s as n o v a s e s c o l a s m é -
dicas criadas.

TABELA 1

Distribuição dos Cursos de Medicina, Segundo o Período


d e C r i a ç ã o , Brasil

Fonte: MEC.

TABELA 2
Distribuição d e Cursos d e M e d i c i n a S e g u n d o a D e p e n d ê n c i a da
Instituição M a n t e n e d o r a , Brasil, 1 9 9 0

Fonte: SIRH/CGDRH-SUS/MS.

A t u a l m e n t e 8 0 instituições d e ensino m é d i c o estão e m f u n c i o n a m e n t o ,


distribuídas e m p r a t i c a m e n t e t o d o s o s e s t a d o s b r a s i l e i r o s . E n q u a n t o o s c u r ¬
3

2 M e n d e s , J . P. V., (1979), Expansão do ensino m é d i c o no Brasil e suas repercussões. In: Sim-


pósio sobre ensino médico. E d . A c a d e m i a Brasileira d e M e d i c i n a .
3 Exceto nos estados d o A c r e , A m a p á , Rondônia, Roraima e Tocantins .
sos d e instituições p ú b l i c a s f e d e r a i s t e m p r e s e n ç a e m t o d a s a s r e g i õ e s , a s
instituições p r i v a d a s c o n c e n t r a m n o s e s t a d o s d a r e g i ã o s u d e s t e a m a i o r i a d e
seus c u r s o s .
A c u r v a d e c r e s c i m e n t o d o s d i p l o m a d o s e m M e d i c i n a m o s t r a u m a rela-
tiva e s t a b i l i d a d e e m t o r n o d e 7.000 e g r e s s o s / a n o , c o m ligeira r e d u ç ã o n o s
anos mais recentes.

GRÁFICO 1
D i p l o m a d o s e m M e d i c i n a , Brasil, 1 9 7 3 / 1 9 8 9

Fonte: SIRH/CGDRI I-SUS/MS.

O financiamento das faculdades públicas é quase q u e exclusivo d e fon-


tes g o v e r n a m e n t a i s . N o c a s o d e f a c u l d a d e s f e d e r a i s , o M i n i s t é r i o d a E d u c a -
ç ã o é responsável pelas atividades financeiras e a c a d ê m i c a s e a r e m u n e r a -
ç ã o d o staff, i g u a l m e n t e e m t o d o o território n a c i o n a l , c o m b a s e n u m a t a b e -
la e critérios d e título, t e m p o p a r c i a l o u integral e d e d i c a ç ã o e x c l u s i v a . N o
caso d e faculdades estaduais, os recursos v ê m d o s tesouros estaduais.
Q u a s e todos o s hospitais universitários p e r t e n c e n t e s a f a c u l d a d e s públi-
cas o u privadas s ã o financiados pelo setor público, através principalmente
do INAMPS/Ministério da Saúde. A s escolas médicas privadas r e c e b e m ajuda
governamental através d o crédito educativo ( p a g a n d o ajuda a o s estudantes
menos favorecidos) e a remuneração d e serviços prestados por seus hospi-
tais e s c o l a . M u i t a s t a m b é m o b t ê m s u b s í d i o s p a r a s u a s i n s t a l a ç õ e s d e f u n d o s
d e desenvolvimento social. A g ê n c i a s governamentais para o d e s e n v o l v i m e n -
to t e c n o l ó g i c o e c i e n t í f i c o t a m b é m c o n t r i b u e m a t r a v é s d e a j u d a à p e s q u i s a e
d e programas d e treinamento d e pós-graduação d e recursos h u m a n o s (CA¬
P E S / C N P q ) . Esta c o n t r i b u i ç ã o , n o e n t a n t o , é a p l i c a d a s o m e n t e a p o u c a s e s c o -
las m é d i c a s q u e d e s e n v o l v e m p e s q u i s a .
A t é o s a n o s 4 0 as e s c o l a s m é d i c a s brasileiras inspiravam-se n o m o d e l o
e u r o p e u , e s p e c i a l m e n t e o f r a n c ê s , substituída, a partir d a 2 G u e r r a M u n d i a l ,
a
p e l a m e d i c i n a a m e r i c a n a , q u e p a s s o u a e x e r c e r u m a g r a n d e influência. A
e d u c a ç ã o m é d i c a n o Brasil a i n d a m a n t é m , n o e n t a n t o , u m v í n c u l o c o m a tra-
d i ç ã o d a s e s c o l a s f r a n c e s a s , p o i s as e s c o l a s m é d i c a s , e m geral, n ã o i n c o r p o -
raram experimentos e pesquisa c o m o atividades fundamentais. A influência
d a m e d i c i n a a m e r i c a n a foi s e n d o c o n s o l i d a d a p e l a c r i a ç ã o d a r e s i d ê n c i a m é -
d i c a , h o s p i t a i s u n i v e r s i t á r i o s e , p o s t e r i o r m e n t e , p e l a r e f o r m a universitária d e
1 9 6 8 , q u a n d o o m o d e l o a c a d ê m i c o i n s p i r a d o na R e f o r m a F l e x n e r foi definiti-
v a m e n t e i m p l a n t a d o , c o m a d i v i s ã o d o c u r s o e m c i c l o b á s i c o e profissional.
O C o n s e l h o Federal d e E d u c a ç ã o , e m 1969, através d e u m a resolução,
e s t a b e l e c e u o c u r r í c u l o m í n i m o p a r a o s c u r s o s m é d i c o s e sua d u r a ç ã o . Essa
r e s o l u ç ã o e s t a b e l e c e o c o n t e ú d o d a s m a t é r i a s profissionais b á s i c a s a s e r e m
o r g a n i z a d a s e m d i s c i p l i n a s e d i v i d i d a s n o c u r r í c u l o d e a c o r d o c o m c a d a insti-
t u i ç ã o ( p ú b l i c a o u p r i v a d a ) . O c u r s o d e v e incluir a teoria b á s i c a e e x p e r i ê n -
c i a s p r á t i c a s r e l a c i o n a d a s c o m as disciplinas, e s p e r a n d o - s e q u e o s e s t u d a n t e s
t r a b a l h e m e m c e n t r o s d e s a ú d e , a m b u l a t ó r i o s e hospitais-escola. O internato
é o b r i g a t ó r i o , s o b s u p e r v i s ã o d e staff, p o r u m p e r í o d o m í n i m o d e d o i s s e -
mestres. O curso m é d i c o d e v e alcançar 4.500 horas e durar no m í n i m o cin-
c o e, no m á x i m o , n o v e anos.
A p e s a r da flexibilidade, d a d a pela resolução, e m estabelecer diferentes
programas, o currículo da maioria das escolas médicas estão organizadas d e
m a n e i r a rígida e u n i f o r m e .
A s características a seguir c o m p õ e m o típico currículo m é d i c o n o Bra-
sil :
4

• e s t r u t u r a c u r r i c u l a r inflexível c o m p o u c a s disciplinas o p c i o n a i s ;
• m e t o d o l o g i a d e ensino b a s e a d a na transmissão d o c o n h e c i m e n t o , o n d e é
importante a memorização d a i n f o r m a ç ã o e a v a l i a ç ã o feita a t r a v é s de
exames teóricos;
• e n t r a d a tardia d e e s t u d a n t e s n o s s e r v i ç o s d e s a ú d e , c o m s e p a r a ç ã o clara
entre os ciclos básico e clínico. O ciclo básico c o m duração de aproxima-
d a m e n t e c i n c o semestres é essencialmente teórico e d a d o por professo-
res q u e n ã o t r a b a l h a m n o r m a l m e n t e na c l í n i c a . O c i c l o profissional c o n -
siste d e disciplinas q u e correspondem às e s p e c i a l i d a d e s clínicas e c i -
r ú r g i c a s e a s " c h a m a d a s " á r e a s b á s i c a s ( M e d i c i n a I n t e r n a , P e d i a t r i a , Cirur-
gia e G i n e c o - O b s t e t r í c i a ) . O i n t e r n a t o , p a r t e o b r i g a t ó r i a d o c i c l o profissio-
n a l , p o d e ser f e i t o e m r o d í z i o n a s q u a t r o á r e a s b á s i c a s c i t a d a s ;
• prática intra-hospitalar, onde o ciclo clínico é predominantemente
d e s e n v o l v i d o , c o n t r i b u i n d o assim para u m maior d i r e c i o n a m e n t o à m e d i -
cina individual e curativa, à especialização p r e c o c e d o estudante e favore-
c e n d o ainda os p r o c e d i m e n t o s diagnósticos e terapêuticos sofisticados;

4 Ribeiro, E. C . e Santini, L. A. M e d i c a l Education in Brazil, Rio d e Janeiro, 1992. ( M i m e o )


• fraca f o r m a ç ã o científica d o estudante, resultado da s e p a r a ç ã o e n t r e ensi-
n o e pesquisa, b e m c o m o d a p o u c a ênfase n o uso d e instrumentos c o m o
a epidemiologia;
• ênfase no m o d e l o b i o m é d i c o , o n d e a d o e n ç a é reduzida a u m a expres-
são anatomopatológica, o c o r p o h u m a n o c o n c e b i d o c o m o u m a máquina
c o m p o s t a d e órgãos e sistemas e o b j e t o d a i n t e r v e n ç ã o m é d i c a . O im-
p a c t o d a t e c n o l o g i a na a t e n ç ã o m é d i c a e n f r a q u e c e u o p a p e l d a r e l a ç ã o
médico-paciente e da ética na formação.

Condições de Ingresso

O acesso à escola médica é o mesmo dos demais cursos d e nível


superior, o u seja: e x a m e s de seleção, públicos, para os estudantes que
c o m p l e t a r a m o s e g u n d o g r a u . O s critérios p a r a a a d m i s s ã o s ã o d e f i n i d o s p o r
c a d a instituição, h a v e n d o n o e n t a n t o u m a t e n d ê n c i a a a s s o c i a ç õ e s p a r a a
realização dos exames, diante d o grande n ú m e r o d e candidatos. A relação
c a n d i d a t o / v a g a t e m s e m a n t i d o b a s t a n t e alta n e s s e s ú l t i m o s a n o s .

TABELA 3

Distribuição do N ú m e r o d e Vagas e Candidatos aos Exames


d e S e l e ç ã o para os Cursos d e M e d i c i n a , 1986/1990

Ano Vagas Candidatos Relação


candidato/vaga

Fonte: SIRH/CCDRH-SUS/MS.

O Ministério da E d u c a ç ã o é o órgão encarregado d e a c o m p a n h a r e


avaliar a q u a l i d a d e d a s i n s t i t u i ç õ e s d e e n s i n o e m saúde, através d e suas
estruturas c o m o a S e c r e t a r i a d e E n s i n o S u p e r i o r . E s s e c o n t r o l e , n o e n t a n t o ,
t e m sido, e m geral, a p e n a s n o r m a t i v o e cartorial. R e c e n t e m e n t e o C o n s e l h o
Nacional de Saúde criou uma Comissão Interinstitucional Nacional de
A v a l i a ç ã o d o E n s i n o M é d i c o ( C I N A E M ) . Essa c o m i s s ã o r e a l i z o u u m a p r i m e i r a
a v a l i a ç ã o u t i l i z a n d o u m q u e s t i o n á r i o d e auto-resposta b a s e a d o e m material
da OPAS. 5 , 6

5 Picini, R. X. et al. A v a l i a ç ã o d o ensino m é d i c o no Brasil: relatório da 1 * fase. R. Brás. Educ.


Méd., R.J., 16(1/3):37-52, jan/dez, 1992.
6 G o n ç a l v e s , E. L. Perfil da escola médica brasileira e m 1 9 9 1 . Rev. Hosp. Ctin. Fac. Med. S.
Paulo 47(4), 1992.
D i a n t e das pressões dos organismos representativos dos médicos e ain-
d a d e a l g u m a s i n s t i t u i ç õ e s universitárias, a c r i a ç ã o d e n o v o s c u r s o s n a á r e a
d e s a ú d e foi d i s c i p l i n a d a p e l o D e c r e t o 9 8 . 3 7 7 d e 0 8 / 1 1 / 8 9 , q u e a p a r d e e s -
tabelecer novos procedimentos, incorporou a participação d o Conselho Na-
cional d e S a ú d e a o lado d o Conselho Federal d e Educação.

• Pós-Graduação
A l é m d a p ó s - g r a d u a ç ã o stricto sensu, c o m o o m e s t r a d o e o d o u t o r a d o ,
a á r e a m é d i c a d e s e n v o l v e u f o r t e m e n t e o s c u r s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o e a resi-
d ê n c i a m é d i c a (lato sensu).

E s p e c i a l i d a d e s Médicas/Residência Médica

Responsável pela formação da maior parte dos especialistas, a


R e s i d ê n c i a M é d i c a foi i n t r o d u z i d a n o Brasil e n t r e o s a n o s d e 1 9 4 5 e 1947
n a FM-USP e n o HSE/RJ. O f i c i a l i z a d a e m 1977 pelo Decreto no
80.281, de
5/9/77, constitui-se como "modalidade de ensino de pós-graduação
destinada a médicos sob a forma de especialização, caracterizada por
treinamento e m serviço, e m regime de dedicação exclusiva , 7
funcionando
em instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de
profissionais m é d i c o s d e e l e v a d a qualificação ética e profissional".
Em decorrência dessa l e g i s l a ç ã o foi c r i a d a a Comissão Nacional de
R e s i d ê n c i a M é d i c a q u e , a partir d a d e f i n i ç ã o a c i m a d e d i c o u - s e a e s t a b e l e c e r
n o r m a s , requisitos e critérios m í n i m o s para o c r e d e n c i a m e n t o dos progra-
m a s d e Clínica M é d i c a , Cirurgia G e r a l , M e d i c i n a Preventiva e Social, O b s t e -
trícia e G i n e c o l o g i a e P e d i a t r i a , c o n s i d e r a d a s á r e a s p r e f e r e n c i a i s e q u e a t é
hoje orientam o desenvolvimento dos programas . 8

M o t i v o d e alguns m o v i m e n t o s e m e s m o greves, a filiação d o médico-


r e s i d e n t e a o sistema da p r e v i d ê n c i a social foi r e g u l a m e n t a d o e m 1987, asse-
g u r a d o a i n d a o s d i r e i t o s d e c o r r e n t e s d e a c i d e n t e s d o t r a b a l h o , licença-gesta¬
ç ã o e o u t r o s b e n e f í c i o s . E m 1 9 9 0 n o v a lei m o d i f i c a o v a l o r d a b o l s a p a r a o
médico-residente para 7 5 % d o s v e n c i m e n t o s d o m é d i c o nível V , d o Ministé-
rio d a E d u c a ç ã o , a c r e s c i d o d e 1 0 0 % p o r r e g i m e e s p e c i a l d e treinamento,
representando, atualmente, U S $ 300 mensais.
C o m o o p r o c e s s o d e registro d o d i p l o m a é f e i t o c e n t r a l i z a d a m e n t e na
C N R M , p e l o s p r o g r a m a s c r e d e n c i a d o s , pode-se o b s e r v a r a t e n d ê n c i a d e c r e s -
c i m e n t o n o n ú m e r o d e especialistas f o r m a d o s a n u a l m e n t e , c o m picos a c e n -
tuados e m 1985 e 1988.

7 M o d i f i c a d a por legislação posterior.


8 G u a l b e r t o , L D. Residência M é d i c a no Brasil. Bras. Med. 30 Sup.(1): 1 9 : 2 1 , jan-mar, 1993.
GRÁFICO 2
M é d i c o s - R e s i d e n t e s R e g i s t r a d o s na C N R M , 1 9 8 1 / 1 9 9 2

Fonte: CNRM.

O s programas q u e registraram mais especialistas, nesse p e r í o d o , f o r a m ,


respectivamente, Pediatria, Cirurgia G e r a l , Clinica M é d i c a , Gineco-Obstetrí-
cia e Anestesiología.

GRÁFICO 3
E v o l u ç ã o dos Médicos-Residentes Registrados na C N R M ,
por Especialidade, 1981/1992

Fonte: CNRM.

No ano de 1992 foram oferecidas 4.889 vagas para ingresso nos


p r o g r a m a s d e residência m é d i c a , nas 4 8 especialidades o f e r e c i d a s p o r t o d a s
as i n s t i t u i ç õ e s a u t o r i z a d a s p e l a C N R M . Essas v a g a s s e c o n c e n t r a m n a r e g i ã o
sudeste, destacando-se o Ministério da E d u c a ç ã o e a FUNDAP/SP como as
instituições com maior número de residentes e portanto como maiores
f i n a n c i a d o r e s . Estima-se q u e e x i s t a m 1 2 0 . 0 0 0 especialistas e m t o d o o país
( u m p o u c o m a i s d a m e t a d e d o s m é d i c o s registrados a t i v o s ) . 9

A s especialidades reconhecidas pelo C o n s e l h o Federal d e Medicina,


a t r a v é s d a R e s o l u ç ã o 1.295 d e 9 . 6 . 1 9 8 9 , p a r a e f e i t o d e registro d e qualifica-
ç ã o d e e s p e c i a l i s t a , s ã o as s e g u i n t e s : a d m i n i s t r a ç ã o hospitalar, alergia e i m u -
nologia, anestesiologia, angiologia, broncoesofagologia, cancerologia, cardio-
l o g i a , cirurgia d a c a b e ç a e p e s c o ç o , cirurgia c a r d i o v a s c u l a r , cirurgia d a m ã o ,
c i r u r g i a g e r a l , cirurgia p e d i á t r i c a , cirurgia plástica, cirurgia t o r á c i c a , cirurgia
vascular, citopatologia, dermatologia, infectologia, eletroencefalografia,
e n d o c r i n o l o g i a e m e t a b o l o g i a , fisiatria, foniatria, g a s t r o e n t e r o l o g i a , g e n é t i c a
c l í n i c a , h a n s e n o l o g i a , h e m a t o l o g i a , h o m e o p a t i a , m e d i c i n a geral c o m u n i t á r i a ,
m e d i c i n a l e g a l , m e d i c i n a n u c l e a r , m e d i c i n a sanitária, m e d i c i n a d o t r a b a l h o ,
nefrologia, neurologia pediátrica, neurocirurgia, neurofisiologia clínica, n e u -
rologia, nutrologia, obstetrícia, oftalmologia, ortopedia e traumatologia,
otorrinolaringologia, patologia, patologia clínica, pediatria, pneumologia,
p r o c t o l o g i a , psiquiatria, r a d i o l o g i a , r a d i o t e r a p i a , r e u m a t o l o g i a , s e x o l o g i a , fi-
siologia e urologia. A l é m dessas, estão s e n d o desenvolvidos programas d e
especialização e m informática médica e medicina d o adolescente.

Exercício Profissional

• Requisitos habilitantes/Controle deontológico


A l e g i s l a ç ã o brasileira estipula q u e as e s c o l a s m é d i c a s , u m a v e z a u t o r i -
z a d a s a funcionar, estão qualificadas a fornecer o diploma (certificado) aos
a l u n o s q u e c o m p l e t a r e m o c u r s o . P a r a e x e r c e r sua profissão, o recém-gra¬
d u a d o d e v e registrar s e u d i p l o m a n o C o n s e l h o R e g i o n a l d e M e d i c i n a . Esse
registro s ó p o d e ser feito e m d o i s e s t a d o s s i m u l t a n e a m e n t e .
Esses C o n s e l h o s , o r g a n i z a d o s e m c a d a e s t a d o e n a c i o n a l m e n t e , c o n s t i -
t u e m u m a autarquia, d o t a d o s , c a d a u m deles, d e personalidade jurídica d e
direito p ú b l i c o n u m a autarquia, subordinada a o Ministério d o Trabalho ( C o n -
selho Federal d e M e d i c i n a ) , responsabilizando-se pelo controle dos aspectos
éticos da profissão, e x a m i n a n d o e julgando os processos d e infração a o C ó -
d i g o d e Ética, p o d e n d o i n c l u s i v e cassar o registro profissional.
A p ó s u m amplo processo de debates que culminou numa Conferência
N a c i o n a l , o C F M , através da R e s o l u ç ã o 1246 d e 8/1/1988, a p r o v o u u m n o v o
C ó d i g o d e Ética, s u b s t i t u i n d o as n o r m a s a n t e r i o r e s d e 1 9 6 5 e 1 9 8 4 .
O piso salarial dos médicos no setor privado está fixado na Lei
3 9 9 9 / 6 1 , e m três saláríos-mínímos ( m e n o s d e U S $ 2 5 0 ) , p a r a u m a d u r a ç ã o
n o r m a l d e t r a b a l h o d e 2 a 4 h o r a s diárias ( 2 4 h o r a s s e m a n a i s ) . A r e v o g a ç ã o
d e s s a lei, s u p e r a d a p e l a n o v a c o n s t i t u i ç ã o e p e l a p r o i b i ç ã o d e v i n c u l a ç ã o d o

9 Machado, M. H. et al. Estudo exploratório sobre especialidades médicas no Brasil,


ENSP/FiocRUZ/CGDRH-sus/MS, Rio d e Janeiro, 1993.
piso salarial a o salário-mínimo, é m o t i v o d e m o v i m e n t o e m o b i l i z a ç ã o das
e n t i d a d e s m é d i c a s q u e e s t ã o a p o i a n d o o p r o j e t o d e lei n o
1270/91 (chama-
d a d e "lei d o m é d i c o " ) , e m t r a m i t a ç ã o n a C â m a r a d o s D e p u t a d o s e q u e fixa
c o m o n o v o p i s o salarial u m v a l o r a p r o x i m a d o d e U S $ 1,000.
C o m o e l e m e n t o d e c o m p a r a ç ã o c o m essa p r o p o s t a d e p i s o salarial, a
F e d e r a ç ã o N a c i o n a l d o s M é d i c o s l e v a n t o u a l g u n s salários n o n í v e l inicial d e
alguns órgãos d o setor público, m o s t r a n d o a e n o r m e e dramática d e f a s a g e m
salarial e x i s t e n t e .

TABELA 4

S a l á r i o Inicial d a C a r r e i r a d e M é d i c o e m A l g u n s Ó r g ã o s P ú b l i c o s , Brasil,
1993

Fonte: FENAM.

A estrutura sindical d o s m é d i c o s é c o n s t i t u í d a p o r 4 5 e n t i d a d e s s i n d i -
cais, a g r u p a d a s n a F e d e r a ç ã o N a c i o n a l d o s M é d i c o s . Esses s i n d i c a t o s c o n -
tam c o m 69.000 associados, representando aproximadamente 3 0 % dos m é -
dicos e m atividade. D e n t r e esses sindicatos 20 r e p r e s e n t a m bases estaduais
e 2 5 , bases municipais.

• Registro de estrangeiros
O s m é d i c o s e s t r a n g e i r o s q u e e s t e j a m n o país p a r a e s t u d o , s o b s u p e r v i -
s ã o e o r i e n t a ç ã o , n ã o e s t ã o o b r i g a d o s a o registro n o s C o n s e l h o s Regionais
d e M e d i c i n a , n ã o estando assim, "autorizado o u habilitado a o exercício regu-
lar d a profissão", n o s t e r m o s d a R e s o l u ç ã o 8 0 6 d e 2 9 . 0 7 . 1 9 7 7 , d o C F M . I d ê n -
tico tratamento é d a d o para os m é d i c o s estrangeiros c o n v i d a d o s para atos
m é d i c o s d e d e m o n s t r a ç ã o d i d á t i c a , p o r u n i v e r s i d a d e s , ó r g ã o s oficiais o u e n -
t i d a d e s científicas.
N o c a s o d o m é d i c o e s t r a n g e i r o a s i l a d o p o l í t i c o o u territorial, admite-se,
c o m b a s e na R e s o l u ç ã o 1.244 d e 8 . 8 . 1 9 7 7 , sua i n s c r i ç ã o n o s C o n s e l h o s R e -
g i o n a i s d e M e d i c i n a e o e x e r c í c i o regular d a p r o f i s s ã o , d e s d e q u e c o m p r o v a ¬
d a a c a p a c i d a d e profissional, p e l o s ó r g ã o s d e e n s i n o , e a c o n d i ç ã o d o asilo,
p e l o Ministério d a Justiça.
O s d i p l o m a s o u c e r t i f i c a d o s e x p e d i d o s p o r e s c o l a m é d i c a n o exterior
necessitam ser revalidados por instituição de ensino credenciada pelo
M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o . Este p r o c e d i m e n t o s e a p l i c a a o s e s t r a n g e i r o s ou
brasileiros, s e g u n d o R e s o l u ç ã o d o C o n s e l h o Federal d e E d u c a ç ã o .

Oferta/Demanda

O s m é d i c o s e m a t i v i d a d e , e m t o d o o Brasil, s o m a m 2 0 8 . 9 6 6 , c o m u m a
participação feminina de apenas 2 9 % . O Sudeste tem mais da m e t a d e de
t o d o s os m é d i c o s e m atividade ( 6 1 , 5 % ) , a o passo q u e a Região A m a z ô n i c a
e t o d o o N o r t e d o p a í s é e x t r e m a m e n t e c a r e n t e d e profissionais. O N o r t e e
o N o r d e s t e t ê m três v e z e s m e n o s m é d i c o s , p o r 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s , q u e o
Sudeste.

TABELA 5

M é d i c o s Cadastrados nos Conselhos Regionais de Medicina, e m Atividade,


p o r R e g i ã o , Brasil, 1 9 9 3

Fonte: CFM.

O c r e s c i m e n t o d o s e m p r e g o s d o s m é d i c o s , n o p e r í o d o 8 1 / 8 7 , foi d e
3 4 , 3 9 % e m t o d o o país. A m e n o r taxa, 7 , 4 5 % , foi registrada p e l a região
Sudeste.
U m a d a s t e n d ê n c i a s v e r i f i c a d a s n o p e r í o d o 8 1 / 8 7 foi o c r e s c i m e n t o d o
e m p r e g o n o setor público. O n ú m e r o d e postos d e trabalho m é d i c o t e v e u m
c r e s c i m e n t o d e 1 6 , 5 6 % . Essa p a r t i c i p a ç ã o d o s e t o r p ú b l i c o n o m e r c a d o d e
trabalho ainda é na esfera federal, p o r e m c o m progressivo a u m e n t o relativo
dos setores estaduais e municipais .

10 Nogueira, R. P. Emprego em saúde por natureza jurídico-administrativa dos


estabelecimentos, 1981/1987. In: Boletim Informativo RH-sus, 1 , ago, CGDRH/SUS, M i n . S a ú d e ,
Brasília, 1 9 9 1 .
TABELA 6

Total d e Postos d e Trabalho M é d i c o s , e m Estabelecimentos


d e S a ú d e , S e g u n d o R e g i õ e s , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7

F o n t e : AMS/IBGE.

GRÁFICO 4

E v o l u ç ã o d o Total d e Postos d e T r a b a l h o para M é d i c o s , p o r R e g i õ e s , Brasil,


1981/1987

Fonte: AMS/IBGE.
TABELA 7

Participação Percentual dos Empregos de M é d i c o no


S e t o r P ú b l i c o , p o r R e g i õ e s , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7

F o n t e : AMS/IBCE.

GRÁFICO 5

P a r t i c i p a ç ã o P e r c e n t u a l d o s três N í v e i s d o S e t o r P ú b l i c o e m R e l a ç ã o a o T o
tal d e E m p r e g o s d e M é d i c o , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7

Fonte: AMS/IBCE
P E S S O A L DE ENFERMAGEM

Formação

A s categorias d e E n f e r m a g e m são estruturadas verticalmente pelos e n -


fermeiros (formados e m cursos d e g r a d u a ç ã o d e nível superior), t é c n i c o s d e
e n f e r m a g e m (formados e m cursos d e nível m é d i o d e 2 o
g r a u ) , auxiliares d e
enfermagem (formados e m cursos d e 1 o
e 2 o
grau) e parteiras, c o n f o r m e d e -
f i n i ç ã o d a Lei 7.498 d e 2 6 . 0 6 . 8 6 e d o D e c r e t o 9 4 . 4 0 6 d e 0 8 . 0 6 . 8 7 , q u e " d i s -
p õ e sobre a regulamentação d o exercício da e n f e r m a g e m " . A força d e traba-
l h o e m e n f e r m a g e m está a i n d a c o n s t i t u í d a p e l o a t e n d e n t e , s e m p r e p a r o for-
mal, submetido o u n ã o a programas d e treinamento, e n g l o b a n d o todas as
d e m a i s c a t e g o r i a s d e p e s s o a l auxiliar n ã o r e g u l a m e n t a d a s p e l a l e g i s l a ç ã o .

• Graduação
A e n f e r m a g e m m o d e r n a n o Brasil t e v e s e u m o m e n t o inicial c o m a c r i a -
ção, e m 1923, da Escola d e Enfermagem d o D e p a r t a m e n t o N a c i o n a l d e S a ú -
d e Pública (hoje Escola A n a Néri, da UFRJ), c o m recursos da F u n d a ç ã o R o c ¬
kefeller e e n f e r m e i r a s a m e r i c a n a s c o m o f u n d a d o r a s . 1 1

O n ú m e r o d e cursos d e enfermeiros, atualmente, é d e 102, e m t o d o o


Brasil. A s e n t i d a d e s p r i v a d a s s ã o r e s p o n s á v e i s p o r 4 5 d e l e s , c u j a g r a n d e c o n -
c e n t r a ç ã o está n a R e g i ã o S u d e s t e .
A distribuição geográfica dos cursos mostra u m a g r a n d e c o n c e n t r a ç ã o
na r e g i ã o S u d e s t e .

TABELA 8

Distribuição dos Cursos d e Enfermagem S e g u n d o a D e p e n d ê n c i a


A d m i n i s t r a t i v a d a E n t i d a d e M a n t e n e d o r a , Brasil, 1 9 9 0

Fonte SIRH/CGDRH-SUS/MS.

11 Vieira, T. T.; S I L V A , A. L. C. Recursos H u m a n o s na área d e e n f e r m a g e m : a d e q u a ç ã o da for-


m a ç ã o à utilização. Rio de Janeiro, 1 9 9 1 . ( M i m e o )
Condições de Ingresso

O s m e c a n i s m o s d e i n g r e s s o s ã o o s m e s m o s p a r a t o d o s o s c u r s o s d e ní-
v e l s u p e r i o r , o u seja, p r o v a s s e l e t i v a s p ú b l i c a s , p a r a as q u a i s c o n c o r r e m o s
estudantes concluintes do 2 o
grau.
N o período 87/90 os cursos d e enfermeiro tiveram u m incremento no
n ú m e r o de vagas, associado, no entanto, à pequena, mas constante, redução
na relação entre os candidatos cuja 1 a
o p ç ã o foi esta, e o n ú m e r o d e v a g a s
ofertadas.

TABELA 9

Distribuição do N ú m e r o de Candidatos e Vagas Oferecidas


pelos C u r s o s d e E n f e r m a g e m , Brasil, 1 9 8 6 / 1 9 9 0

Fonte: SIRH/CCDRH-SUS/MS.

Um d a d o bastante preocupante é o a u m e n t o d o número d e alunos


afastados durante o curso, especialmente por a b a n d o n o .

T A B E L A 10

Distribuição d o N ú m e r o de Alunos Afastados dos Cursos de Enfermagem


S e g u n d o as R e g i õ e s , Brasil, 1 9 8 6 / 1 9 9 0

Fonte: SIRH/CGDRH-SUS/MS.
O c o n t e ú d o m í n i m o dos cursos d e e n f e r m a g e m , b e m c o m o sua dura-
ção, estão definidos pelo C o n s e l h o Federal d e E d u c a ç ã o através d o P a r e c e r
1 6 3 / 7 2 e R e s o l u ç ã o 0 4 / 7 2 . C o n s t i t u i n d o - s e d e três p a r t e s - pré-profissional,
t r o n c o profissional e h a b i l i t a ç õ e s , o c u r s o d e e n f e r m a g e m d e v e ter c a r g a h o -
rária m í n i m a d e 2 . 5 0 0 a 3 . 0 0 0 h o r a s , i n t e g r a l i z a d o s n o p e r í o d o d e 4 a 6
a n o s letivos.
A s habilitações possíveis, s e g u n d o o parecer, são a e n f e r m a g e m m é d i ¬
co-cirúrgica, a e n f e r m a g e m o b s t é t r i c a o u o b s t e t r í c i a e a e n f e r m a g e m d e s a ú -
d e pública, a l é m da licenciatura facultativa a p ó s o t é r m i n o d o t r o n c o profis-
sional.
A estrutura c u r r i c u l a r v i g e n t e acha-se s o b s e v e r a crítica d o s ó r g ã o s r e p -
r e s e n t a t i v o s d a e n f e r m a g e m q u e , a t r a v é s d a A s s o c i a ç ã o Brasileira d e E n f e r -
m a g e m , elaboraram nova proposta para o currículo m í n i m o 1 2
.
A m e s m a i n f l u ê n c i a sofrida p e l a e s c o l a m é d i c a r e p e r c u t i u n a f o r m a ç ã o
d o s e n f e r m e i r o s . A s s i m , a ê n f a s e na a t e n ç ã o individual-curativa e a p o u c a uti-
lização da epidemiologia t e m sido a tônica d o s cursos. O u t r o p o n t o a rele-
v a r é a m a s s i v a u t i l i z a ç ã o d e bibliografia d e o r i g e m a m e r i c a n a e a q u a s e a u -
sência d e material nacional.
D a d o s d e 1983 r e v e l a m a existência d e 115 cursos d e T é c n i c o s d e E n -
f e r m a g e m e 1 4 5 d e Auxiliar d e E n f e r m a g e m . G r a n d e p a r t e d e s s e s c u r s o s e s -
t a v a m l o c a l i z a d o s na R e g i ã o S u d e s t e e e r a m d e n a t u r e z a p r i v a d a .

• Pós-Graduação
O n ú m e r o d e c u r s o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o stricto sensu voltados especifi-
c a m e n t e p a r a a á r e a d e e n f e r m a g e m , n o país, a i n d a é r e d u z i d o . A t é 1 9 8 9 a
C A P E S tinha c r e d e n c i a d o 11 c u r s o s , s e n d o q u a t r o d e d o u t o r a d o . O u t r o s d e z
cursos (cinco d e d o u t o r a d o ) estão e m avaliação, neste m o m e n t o .

Exercício Profissional

• Requisitos habilitantes/controle deontológico


" A e n f e r m a g e m e s u a s a t i v i d a d e s auxiliares s o m e n t e p o d e m ser e x e r c i -
d a s p o r p e s s o a s l e g a l m e n t e h a b i l i t a d a s e inscritas n o C o n s e l h o R e g i o n a l d e
E n f e r m a g e m c o m jurisdição na área o n d e o c o r r e o exercício." A t r a v é s desse
artigo d a Lei 7.498/86 está fixada a o b r i g a ç ã o d e i n s c r i ç ã o n o C O R E N p a r a o
exercício das atividades d e e n f e r m a g e m .
O c ó d i g o d e d e o n t o l o g i a d a e n f e r m a g e m foi a p r o v a d o p e l a R e s o l u ç ã o
9 de 4.10.1975, pelo C o n s e l h o Federal d e Enfermagem.
A o r g a n i z a ç ã o sindical d o s enfermeiros é r e c e n t e . O primeiro sindicato
d e e n f e r m e i r o s , n o Brasil, foi f u n d a d o a p e n a s e m 1 9 7 6 , c u l m i n a n d o u m p r o ¬

12 Associação Brasileira d e Enfermagem. Proposta d e n o v o currículo mínimo para o curso su-


perior d e enfermagem, Brasília, 1 9 9 1 . ( M i m e o ) .
c e s s o q u e t e v e n o a n o d e 1 9 6 1 u m a a s s o c i a ç ã o profissional d e e n f e r m a g e m .
A F e d e r a ç ã o N a c i o n a l d o s E n f e r m e i r o s foi c r i a d a s o m e n t e e m 1 9 8 7 .
D i f e r e n t e m e n t e d e o u t r a s c a t e g o r i a s profissionais, o s e n f e r m e i r o s n ã o
t ê m u m a lei e s p e c í f i c a r e g u l a n d o o p i s o salarial. P r o j e t o s n e s s e s e n t i d o t ê m
sido p r o p o s t o s na C â m a r a d e D e p u t a d o s s e m , n o entanto, a l c a n ç a r êxito.

Oferta/Demanda

A d i s t r i b u i ç ã o d o s profissionais d e e n f e r m a g e m n a s d i v e r s a s r e g i õ e s d o
p a í s é b a s t a n t e irregular, c o m g r a n d e c o n c e n t r a ç ã o n o S u d e s t e , q u e a p r e s e n -
ta u m a r e l a ç ã o p o r 1 0 . 0 0 0 0 h a b i t a n t e s três v e z e s s u p e r i o r às R e g i õ e s N o r t e
e Nordeste.

T A B E L A 11

Distribuição d o s Profissionais d e E n f e r m a g e m Registrados nos C O R E N ,


p o r R e g i õ e s , Brasil, 1 9 9 2

F o n t e : COFEN.

O s d a d o s d o COFEN n ã o c o n t e m p l a m u m a parte importante da força d e


trabalho e m e n f e r m a g e m , q u e são os "atendentes" q u e c o m variadas d e n o -
m i n a ç õ e s c h e g a m a r e p r e s e n t a r 6 0 % d o p e s s o a l d e e n f e r m a g e m . N ã o regis-
trados n o C o n s e l h o , o b r i g a d o s a se regularizar n o prazo d e d e z a n o s (Lei
7 . 4 9 8 / 8 6 ) , r e p r e s e n t a m u m p r o b l e m a e u m d e s a f i o p a r a o s ó r g ã o s e institui-
ções d e saúde e educação.
O p e r í o d o 81/87 trouxe u m crescimento d e 8 0 % n o n ú m e r o d e postos
d e t r a b a l h o d e e n f e r m e i r o s , e m t o d o o Brasil. A p e s a r d o n í v e l f e d e r a l ter a u -
m e n t a d o , é nos segmentos estadual e municipal q u e a ampliação dos postos
d e trabalho n o setor p ú b l i c o o c o r r e c o m maior intensidade. A tendência, as-
s i m , é q u e essa a l t e r a ç ã o t e n h a s e a c e n t u a d o a p ó s o p e r í o d o 8 9 / 9 0 , a n t e o
p r o c e s s o d e a m p l i a ç ã o das rendas municipais e a transferência d e encargos
federais na s a ú d e para estados e municípios.
GRÁFICO 6

E v o l u ç ã o d o s P o s t o s d e T r a b a l h o d e E n f e r m e i r o s , S e g u n d o as R e g i õ e s ,
Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7

Fonte: AMS/IBCE.

GRÁFICO 7

Evolução dos Postos d e Trabalho para Enfermeiros nos Estabelecimentos d e


S a ú d e d o S e t o r P ú b l i c o , P o r N í v e l , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7

Fonte: AMS/IBCE.

O p e s s o a l d e e n f e r m a g e m , n a s u a g r a n d e m a i o r i a , é e m p r e g a d o e assa-
lariado, s e n d o o c o n t i n g e n t e d e a u t ô n o m o s insignificante.
ODONTÓLOGOS

Formação

• Graduação
C o n s i d e r a d o c o m o nível superior e m 1879, o primeiro curso d e O d o n -
t o l o g i a foi e m e f e t i v a m e n t e r e c o n h e c i d o e m 1 8 8 4 , a n e x o à F a c u l d a d e de
M e d i c i n a d o Rio d e Janeiro. O ritmo e o processo d e criação e instalação d e
n o v o s c u r s o s d e O d o n t o l o g i a n ã o p a r e c e m ter s e a s s o c i a d o a n e n h u m fator
d e m o g r á f i c o o u d e p o l í t i c a e d u c a c i o n a l , m a s a o s fatores d e n a t u r e z a d e polí-
tica l o c a l , o u e c o n ô m i c a .

T A B E L A 12

Distribuição dos Cursos d e Odontologia, S e g u n d o


o P e r í o d o d e C r i a ç ã o , Brasil, 1 9 9 2

Fonte: MEC.

O s 8 1 c u r s o s d e O d o n t o l o g i a e m f u n c i o n a m e n t o distribuem-se d e s i -
g u a l m e n t e n o país, c o m m a r c a d a c o n c e n t r a ç ã o n o s e s t a d o s d a r e g i ã o S u d e s -
t e , e s p e c i a l m e n t e p o r p a r t e d a s instituições p r i v a d a s .

T A B E L A 13

Distribuição dos Cursos de Odontologia Segundo a Dependência Adminis-


trativa d a I n s t i t u i ç ã o M a n t e n e d o r a , Brasil, 1 9 9 0

Fonte: SIRH/CCDRH-SUS/MS.
Considerando-se q u e , desde 1987, o n ú m e r o d e candidatos a o curso
d e Odontologia t e m se mantido e m torno d e 100.000, a relação candida-
t o / v a g a m e l h o r o u u m p o u c o , p o i s as v a g a s a u m e n t a r a m 1 2 , 5 % n o p e r í o d o .

T A B E L A 14

Distribuição d o N ú m e r o d e Candidatos e Vagas O f e r e c i d a s


p e l o s C u r s o s d e O d o n t o l o g i a , Brasil, 1 9 8 6 / 1 9 9 0

Fonte: SIRH/CGDRH-SUS/MS.

O currículo mínimo, segundo o Parecer 840/70 d o C o n s e l h o Federal


d e E d u c a ç ã o , e s t a b e l e c e e m 3.600 h o r a s a c a r g a h o r á r i a m í n i m a , i n t e g r a l i z a ¬
d a s n o p e r í o d o d e 8 a 18 s e m e s t r e s letivos. A estrutura d o s c u r s o s é p r a t i c a -
m e n t e a m e s m a e m t o d a s as instituições, c o n s t a n d o d e d o i s c i c l o s : b á s i c o
( c a r g a horária m é d i a d e 1 2 0 0 h o r a s ) e profissional ( c a r g a h o r á r i a m é d i a d e
2.400 horas). O ciclo básico, e m geral, é c o m u m c o m outros cursos d a área
d e ciências da saúde. U m e s t u d o 1 3
mostrou q u e mais d e 8 0 % d o ciclo pro-
fissional é c o m p o s t o p e l a s "disciplinas r e l a c i o n a d a s às p a t o g e n i a s e s u a s e s -
pecificidades c o m o Dentística, Cirurgia, E n d o d o n t i a , D i a g n ó s t i c o O r a l , O r t o -
dontia, Radiologia e t c . " .

• Pós-Craduação
O Conselho Federal d e Odontologia, através da Resolução 181 de
0 6 . 0 6 . 1 9 9 2 , d i s c i p l i n o u a e s p e c i a l i z a ç ã o e m O d o n t o l o g i a , a d o t a n d o as d e c i -
sões da I Assembléia Nacional d e Especialidades O d o n t o l ó g i c a s , realizada
e m abril d e 1 9 9 2 .
O s requisitos p a r a o registro e i n s c r i ç ã o , c o m o e s p e c i a l i s t a , d o c i r u r ¬
gião-dentista s ã o , a s s i m , o s s e g u i n t e s :

- título d e livre d o c e n t e , d o u t o r a d o o u m e s t r a d o , na á r e a d a e s p e c i a l i d a d e ;

13 M e l o , M . L. T. O s cursos d e O d o n t o l o g i a e a realidade nacional brasileira: contribuição para


u m estudo. Tese d e mestrado, UFF, Niterói, 1 9 8 1 .
- certificado d e curso d e especialização e m O d o n t o l o g i a ministrados por
i n s t i t u i ç õ e s d e e n s i n o , e s c o l a d e s a ú d e p ú b l i c a o u militar o u e n t i d a d e d e
c l a s s e , r e s p e i t a d a s a s n o r m a s d o CFE e d o p r ó p r i o C F O .

A s e s p e c i a l i d a d e s a d m i t i d a s , e m n ú m e r o d e 1 4 , s ã o as s e g u i n t e s : cirur-
gia e t r a u m a t o l o g i a buco-maxilo-faciais; d e n t í s t i c a r e s t a u r a d o r a ; e n d o d o n t i a ;
odontologia legal; odontologia e m saúde coletiva; odontopediatria; o r t o d o n -
tia; p a t o l o g i a b u c a l ; p e r i o d o n t i a ; p r ó t e s e buco-maxilo-facial; p r ó t e s e d e n t á r i a ;
radiologia; implantologia; estomatologia.
A t é 1989 a CAPES tinha c r e d e n c i a d o 52 cursos d e mestrado e doutora-
d o . A t u a l m e n t e , outros 33 cursos estão sob avaliação. A imensa maioria dos
cursos se localizam no Estado de S ã o Paulo.

Exercício Profissional

• Requisitos habilitantes/Controle deontológico


A s a t i v i d a d e s profissionais d o cirurgião-dentista s ã o r e g u l a d a s p e l a s Leis
4 . 3 2 4 / 6 4 e 5 . 0 8 1 / 6 6 , b e m c o m o p e l o D e c r e t o 6 8 . 7 0 4 / 7 1 . C o m b a s e nessa
legislação, o C o n s e l h o Federal d e O d o n t o l o g i a e s t a b e l e c e as n o r m a s para o
exercício profissional pelos cirurgiões-dentistas, incluindo-se os requisitos
para o exercício legal das categorias profissionais de nível médio re-
lacionadas: t é c n i c o s e m prótese dentária, técnicos e m higiene dental e aten¬
dentes d e consultório dentário.
P a r a o e x e r c í c i o legal d a s a t i v i d a d e s o s cirurgiões-dentistas e s t ã o o b r i -
gados à inscrição nos Conselhos Regionais d e Odontologia.
O exercício das atividades d e t é c n i c o e m prótese dentária exige o di-
p l o m a o u certificado d e curso d e prótese dentária, e m nível d e 2 o
grau, c o n -
f e r i d o p o r e s t a b e l e c i m e n t o oficial o u r e c o n h e c i d o . N o c a s o d e d i p l o m a s o u
certificados e x p e d i d o s por instituições estrangeiras, é necessário a revalida-
ç ã o e o registro n o M i n i s t é r i o d a E d u c a ç ã o .
O t é c n i c o e m higiene dental e o a t e n d e n t e d e consultório dentário são
habilitações profissionais d e 1 o
e 2 o
graus, regulamentadas pelos P a r e c e r e s
540/72 e 460/75 d o C o n s e l h o Federal de E d u c a ç ã o , q u e t a m b é m estão su-
j e i t a s a o registro n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d e O d o n t o l o g i a .
O c ó d i g o d e é t i c a e as n o r m a s relativas a o s p r o c e s s o s é t i c o o d o n t o l ó -
gicos foram r e c e n t e m e n t e renovadas, e m decorrência da I Conferência N a -
c i o n a l d e Ética O d o n t o l ó g i c a , a t r a v é s d a s R e s o l u ç õ e s 1 7 9 d e 1 9 . 1 2 . 1 9 9 1 e
183 d e 0 1 . 1 0 . 1 9 9 2 , n o contexto d e u m debate bastante a m p l o sobre a ques-
tão d a ética nas profissões da saúde.

• Registro d e estrangeiros
O s cirurgiões-dentistas e s t r a n g e i r o s p o r t a d o r e s d e "visto t e m p o r á r i o " o u
" r e g i s t r o p r o v i s ó r i o " p o d e r ã o , d u r a n t e s u a e s t a d i a n o Brasil, trabalhar com
inscrição profissional provisória.
N o c a s o d o s e s t r a n g e i r o s d i p l o m a d o s n o Brasil, n o r e g i m e d e c o n v e -
nio-cultural, as n o r m a s s ã o m a i s restritivas ( R e s o l u ç ã o 13 d e 9 . 1 2 . 1 9 6 7 ) .

Oferta/Demanda

N a última d é c a d a , o c r e s c i m e n t o d e i n s c r i ç õ e s d e cirurgiões-dentistas
nos C o n s e l h o s Regionais d e O d o n t o l o g i a a u m e n t o u 5 1 % e m t o d o o país. A
Região N o r d e s t e teve, relativamente, o m e n o r incremento ( 4 4 % ) e, a o lado
d a R e g i ã o N o r t e t e m q u a t r o a c i n c o v e z e s m e n o s profissionais q u e o S u l e o
Sudeste.

T A B E L A 15

D i s t r i b u i ç ã o d o s Cirurgiões-dentistas Inscritos n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d e
O d o n t o l o g i a , p o r R e g i õ e s , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 9 2

Fonte: CFO.

N o período 81/87 os postos d e trabalho para odontólogos tiveram u m


a u m e n t o d e 4 8 % . A R e g i ã o N o r t e , c o m 1 2 7 % , foi a q u e m a i s c r e s c e u , a p e -
sar d e p e r m a n e c e r c o m u m b a i x í s s i m o n ú m e r o d e cirurgiões-dentistas.
N o setor público, apesar d o s estados t e r e m a s s u m i d o a liderança na
quantidade d e postos d e trabalho para odontólogos, c h a m a a a t e n ç ã o o
crescimento d o s e g m e n t o municipal. N o s últimos anos, c o m a progressiva
r e d u ç ã o d o n í v e l f e d e r a l ( n ã o - c o n t r a t a ç ã o a s s o c i a d o às s a í d a s p o r a p o s e n t a -
d o r i a , p r i n c i p a l m e n t e ) e a política d e " m u n i c i p a l i z a ç ã o " , d e v e ter a c e l e r a d o
mais ainda a oferta d e e m p r e g o s pelos municípios.
GRÁFICO 8

E v o l u ç ã o d o s P o s t o s d e T r a b a l h o p a r a O d o n t ó l o g o s , p o r R e g i ã o , Brasil,
1981/1987

Fonte: AMS/IBCE.

Entre os o d o n t ó l o g o s é expressivo o contingente d e a u t ô n o m o s , h a v e n -


d o u m d e c r é s c i m o p o u c o significativo a o l o n g o d a d é c a d a d e 7 0 , d e 6 9 . 6 %
para 5 4 . 5 % .

GRÁFICO 9

E v o l u ç ã o dos Postos d e Trabalho para O d o n t ó l o g o s nos Estabelecimentos


d e S a ú d e d o S e t o r P ú b l i c o , p o r N í v e l , Brasil, 1 9 8 1 / 1 9 8 7

8.000 T

Fonte: AMS/IBCE.

O s profissionais d e n í v e l m é d i o registrados n o s C o n s e l h o s R e g i o n a i s d e
O d o n t o l o g i a a l c a n ç a m apenas 1 2 % da força d e trabalho e m Odontologia,
e x p r e s s a n d o g r a n d e debilidade nessa c o m p o s i ç ã o .
T A B E L A 16

Distribuição das H a b i l i t a ç õ e s Profissionais e m O d o n t o l o g i a Inscritos n o s


CRO, p o r R e g i õ e s , Brasil, 1 9 9 2

Fonte: CFO.

OUTRAS PROFISSÕES

N e s t e item foram consideradas e incluídas diversas profissões, c a d a v e z


mais presentes na c o m p o s i ç ã o da força d e trabalho d o s serviços d e s a ú d e .
Agrupá-las n e s t e e s t u d o s e e x p l i c a , e m p a r t e , p e l a p r ó p r i a i n s u f i c i ê n c i a de
d a d o s p a r a u m a a n á l i s e m a i s a p r o f u n d a d a . A l é m d i s s o , e m s e u c o n j u n t o , sig-
nificam parcela ainda p e q u e n a se c o m p a r a d a s c o m os m é d i c o s e pessoal d e
enfermagem.
M u i t a s d e s s a s p r o f i s s õ e s f o r a m c r i a d a s o u se e s t a b e l e c e r a m c o m o p r o -
fissões d e s a ú d e há p o u c a s d é c a d a s . U m a e x c e ç ã o é o c u r s o d e f a r m á c i a ,
criado c o m o anexo ao de medicina e m 1832.
A medicina veterinária v e m ampliando seu e s p a ç o t é c n i c o e mesmo
político nos serviços públicos d e saúde, tanto no controle das zoonoses
c o m o na v i g i l â n c i a sanitária d e a l i m e n t o s (VISA). C o m a m u n i c i p a l i z a ç ã o d e s -
sas a ç õ e s , t ê m s i d o a m p l i a d o s o s p o s t o s d e t r a b a l h o p a r a m é d i c o s v e t e r i n á -
rios n a s S e c r e t a r i a s M u n i c i p a i s d e S a ú d e .
D a s p r o f i s s õ e s m a i s r e c e n t e s , a p s i c o l o g i a v e m se d e s t a c a n d o p e l o r á p i -
d o c r e s c i m e n t o d o n ú m e r o d e profisionais inscritos n o s C o n s e l h o s , t o t a l i z a n -
d o 79.524 inscrições até 1 9 9 2 . A Região Sudeste c o n c e n t r a a imensa m a i o -
ria d e s s e s profissionais ( 7 4 , 8 8 % ) , n u m a r e l a ç ã o d e 9 / 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s .
T A B E L A 17

D i s t r i b u i ç ã o d e Profissionais d e S a ú d e Inscritos n o s C o n s e l h o s Profissionais,


p o r R e g i õ e s , Brasil, 1 9 9 2

. Fonte: C F ' s (* = sem informação / # = parcial).

T A B E L A 18

D i s t r i b u i ç ã o d e P r o f i s s i o n a i s d e S a ú d e Inscritos n o s C o n s e l h o s Profissionais,
p o r R e g i õ e s , p o r 1 0 . 0 0 0 H a b i t a n t e s , Brasil, 1 9 9 2

Fonte: C F ' s (* = sem informação).

A r e d e p a r t i c u l a r d e e n s i n o mostra-se c o m g r a n d e p r e d o m í n i o n a o f e r t a
d e c u r s o s p a r a a f o r m a ç ã o d e p s i c ó l o g o s , f o n o a u d i ó l o g o s , assistentes s o c i a i s
e fisioterapeutas. O s cursos d e f o r m a ç ã o d e m é d i c o s veterinários t e m u m a
s i t u a ç ã o o p o s t a , c o m 7 1 , 4 % e m instituições p ú b l i c a s d e e n s i n o .
D a m e s m a f o r m a q u e a d i s t r i b u i ç ã o d o s profissionais, a o f e r t a d e c u r -
s o s t a m b é m está c o n c e n t r a d a n a R e g i ã o S u d e s t e .
T A B E L A 19

Distribuição dos Cursos d e Várias Profissões d e S a ú d e , S e g u n d o a Entidade


M a n t e n e d o r a , p o r R e g i ã o , Brasil, 1 9 9 2

PÓS-GRADUAÇÃO

D e n t r o d e u m sistema universitário m a r c a d o p o r g r a v e s d e f i c i ê n c i a s , a
p ó s - g r a d u a ç ã o n o Brasil t e m s i d o c o n s i d e r a d a c o m o u m s e t o r b e m - s u c e d i -
do 1 4
, " e m b o r a c o n s t i t u a u m s e t o r restrito e esteja m u i t o d e s i g u a l m e n t e distri-
b u í d a e n t r e as instituições d e e n s i n o superior".
O s d a d o s disponíveis estão agregados sob a área "profissões da s a ú d e "
q u e c o m p r e e n d e : e d u c a ç ã o física, e n f e r m a g e m , f a r m á c i a , fonoaudiologia,
m e d i c i n a ( a d m i n i s t r a ç ã o d a s a ú d e , alergia e i m u n o l o g i a , a n e s t e s i o l o g i a , an¬
giologia, c a r d i o l o g i a , cirurgia m é d i c a , c l i n i c a g e r a l , d e r m a t o l o g i a , d o e n ç a s i n -
f e c c i o s a s e parasitárias, e n d o c r i n o l o g i a , g a s t r o e n t e r o l o g i a , g i n e c o l o g i a e o b s -
tetrícia, h e m a t o l o g i a , m e d i c i n a p r e v e n t i v a e s o c i a l , n e f r o l o g i a , neurologia,
nutrologia, oftalmologia ortopedia e traumatologia, otorrinolaringologia, pa-
tologia, p e d i a t r i a , p n e u m o l o g i a , psiquiatria, r a d i o l o g i a , r e u m a t o l o g i a , u r o l o -
gia), n u t r i ç ã o e o d o n t o l o g i a .
E m s e u c o n j u n t o , o s d a d o s e séries i n d i c a m u m a t e n d ê n c i a a o c r e s c i -
m e n t o . A c o n c e n t r a ç ã o d o s c u r s o s na á r e a p ú b l i c a faz u m c o n t r a p o n t o c o m
a graduação, q u e tem no setor privado parcela importante d e seus cursos. A
Região Sudeste, mais até q u e a graduação o u a residência médica, c o n c e n -
tra a i m e n s a m a i o r i a d o s c u r s o s , t a n t o d e m e s t r a d o c o m o d o u t o r a d o . O nú-
m e r o d e bolsas c o n c e d i d a s a l c a n ç a a p r o x i m a d a m e n t e a m e t a d e d o s a l u n o s
novos.

14 Durhan, E. R.; Gusso, D. A . A pós-graduação no Brasil: problemas e deficiências, CAPES, Brasí-


lia, 1 9 9 1 .
A Coordenação de Aperfeiçoamento d e Pessoal d e Nível Superior -
CAPES - é O ó r g ã o responsável pela c o o r d e n a ç ã o e o p e r a ç ã o d o sistema d e
a v a l i a ç ã o e d e subsidiar o C o n s e l h o Federal d e E d u c a ç ã o n o p r o c e s s o de
c r e d e n c i a m e n t o d o s p r o g r a m a s . O s s i s t e m a s d e bolsas d e e s t u d o d e pós-gra-
d u a ç ã o são compartidos entre e o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e T e c n o l ó g i c o - C N P q . N o â m b i t o federal, a Financiadora d e Estu-
d o s e P e s q u i s a s - FINEP, s e a s s o c i a a o C N P q e à C A P E S n o f i n a n c i a m e n t o d e li-
nhas d e pesquisas e programas d e pós-graduação. N o âmbito estadual fun-
c i o n a m a l g u m a s a g e n c i a s d e f o m e n t o à pesquisa, destacando-se as agências
d o s Estados d e S ã o Paulo, Rio G r a n d e d o Sul e Minas Gerais.

T A B E L A 20

D i s t r i b u i ç ã o d o s C u r s o s e d o s A l u n o s Inscritos n o s C u r s o
de Pós-graduação, nas P r o f i s s õ e s d a S a ú d e , Brasil, 1 9 8 9

F o n t e : CAPES.

GRAFICO 10

Distribuição Percentual dos Alunos Matriculados nos Cursos d e


Pós-graduação das Profissões d e S a ú d e , S e g u n d o a D e p e n d ê n c i a
A d m i n i s t r a t i v a , Brasil, 1 9 8 9

F o n t e : CAPES.
T A B E L A 21

D i s t r i b u i ç ã o P e r c e n t u a l d o s A l u n o s V i n c u l a d o s a o s P r o g r a m a s d e Pós-gra-
d u a ç ã o das Profissões d a S a ú d e , por R e g i ã o e Nível d o C u r s o , Brasil, 1989

G R Á F I C O 11

Distribuição dos A l u n o s d e M e s t r a d o nos Cursos das Profissões da S a ú d e ,


1986/1990

Fonte: CAPLS.

GRÁFICO 12
Distribuição dos Alunos d e D o u t o r a d o nos Cursos das Profissões da S a ú d e ,
Brasil, 1 9 8 6 / 1 9 9 0
L E G I S L A Ç Ã O S O B R E R E G U L A M E N T A Ç Ã O D O EXERCÍCIO
PROFISSIONAL E CRIAÇÃO D O S CONSELHOS D A S
PROFISSÕES DA SAÚDE

Documento Data Ementa

Decreto 20.862 28/12/1931 Regula o exercício da odontologia pelos


dentistas práticos.

Decreto 20.931 11/01/1932 R e g u l a e fiscaliza o e x e r c í c i o d a m e d i c i n a ,


da odontologia, da veterinária e das
profissões de farmacêutico, parteira e
e n f e r m e i r a n o Brasil.

Decreto 21.073 22/02/1932 Regula o exercício da odontologia.

Decreto-Lei 3.171 02/04/1941 Cria o Serviço de Fiscalização da


Medicina e Farmácia.

D e c r e t o - L e i 7.718 09/07/1945 Dispõe sobre a formação do cirurgião-


dentista e regulamenta a profissão.

Decreto-Lei 7.955 13/09/1945 Cria os Conselhos Federal e Regional de


Medicina.

Decreto-Lei 8.778 22/01/1946 Regula os e x a m e s d e habilitação para os


auxiliares d e enfermagem.

Lei 7 7 5 06/08/1949 Dispõe sobre o ensino da enfermagem no


País.

Lei 1.314 15/01/1951 Regula o exercício dos cirurgiões-

dentistas.

Lei 2.604 16/09/1955 Regula o exercício da enfermagem.

Lei 3.268 30/09/1957 D i s p õ e sobre os Conselhos d e Medicina.


Decreto 44.045 19/07/1958 Aprova o regulamento do Conselho
Federal e dos Conselhos Regionais de
Medicina.

Lei 3.820 11/11/1960 R e g u l a m e n t a a profissão d e farmacêutico.

Lei 3.640 10/10/1959 Revigora o Decreto-Lei 8.778 de 1946


que dispõe sobre o exercício da
enfermagem e lhe altera o alcance do
artigo 1 " .

Decreto 50.387 28/03/1961 Regula o exercício da e n f e r m a g e m e suas


f u n ç õ e s auxiliares.

Lei 3.999 15/12/1961 Altera o salário-mínimo dos médicos e


cirurgiões dentistas.
Documento Data Ementa

Lei 4 . 1 1 9 27/08/1962 Dispõe sobre os cursos d e f o r m a ç ã o em


psicologia e regulamenta a profissão de
psicólogo.

Lei 4 . 3 2 4 14/04/1964 Cria os Conselhos Federal e Regionais de


Odontologia.

Lei 5.081 24/08/1966 Regula o exercício da odontologia.

Decreto-Lei 150 09/02/1967 Dispensa de registro no Serv. Nac. de


Fiscalização da Medicina e da Farmácia
os diplomas expedidos por escolas ou
faculdades d e medicina e farmácia.

Lei 5.517 23/10/1968 Dispõe sobre o exercício profissional do


médico veterinário e cria os Conselhos
Federal e Regionais de Medicina
Veterinária.

Decreto 64.704 17/06/1969 Aprova o regulamento da profissão de


médico veterinário e dos Conselhos de
M e d i c i n a Veterinária.

Decreto-Lei 9 3 8 13/10/1969 Regulamenta o exercício profissional do


fisioterapeuta e terapeuta o c u p a c i o n a l .

Decreto-Lei 67.057 14/08/1970 Dispõe sobre a vinculação do Conselho


Federal de Odontologia e Conselhos
Regionais de Odontologia.

Decreto 67.284 28/09/1970 Aprova o regulamento da Comissão de


Enquadramento Sindical.

Decreto 68.704 03/06/1971 Regulamenta a Lei 4.324 que criou os


Conselhos de Odontologia.

Lei 5.766 20/12/1971 Cria os C o n s e l h o s Federal e Regionais de


Psicologia.

Lei 5.905 02/07/1973 Cria os Conselhos Federal e Regional de


Enfermagem.

Lei 6.316 17/12/1975 Cria os C o n s e l h o s Federal e Regionais de


Fisioterapia e Terapia O c u p a c i o n a l .

Lei 6.583 20/10/1978 Cria os C o n s e l h o s Federal e Regionais de


Nutricionista e regulamenta seu
funcionamento.

Decreto 79.137 18/01/1977 Inclui os conselhos na classificação de


órgãos d e deliberação coletiva.

Decreto 79.822 27/06/1977 Regulamenta a Lei 5.766 de 20/12/71


que criou os Conselhos Federal e
Regionais d e Psicologia.
Lei 6.684 08/09/1979 Regulamenta a profissão de biólogo e
b i o m é d i c o e cria os C o n s e l h o s Federal e
Regionais d e Biologia e Biomedicina.

Lei 6.965 09/12/1981 Regulamenta o exercício profissional de

fonoaudiólogo.

Lei 6.839 30/10/1980 D i s p õ e s o b r e o registro d e e m p r e s a s .

Lei 6.994 26/05/1982 Dispõe sobre a vinculação dos Conselhos


ao Ministério d o Trabalho.

Decreto 87.497 19/08/1982 R e g u l a m e n t a normas para contratação d e


estudantes de estabelecimentos de ensino
superior e d e 2 " grau regular e supletivo,
na c o n d i ç ã o d e estagiários.

Lei 7.017 30/08/1982 Dispõe sobre o desmembramento dos


Conselhos Federal e Regionais d e Biologia
e Biomedicina.

Decreto 88.147 08/03/1983 Regulamenta a Lei 6.994 de 1982 que


dispõe sobre a vinculação dos Conselhos
ao Ministério da Trabalho.

Lei 7.498 25/06/1986 Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da e n f e r m a g e m .

Decreto 98.377 08/11/1989 Dispõe sobre a criação de novos cursos


d e ensino superior na área d e saúde.

Lei 8.138 28/12/1990 Dispõe sobre as atividades do médico


residente e assegura o valor d a bolsa de
estudo.

Lei 8.234 17/09/1991 Regulamenta o exercício professional de


nutricionista.

Lei 8.662 07/06/1993 Regulamenta o exercício profisssional do


assistente social.
FORMAÇÃO E MERCADO DE
TRABALHO DE ALGUMAS
CATEGORIAS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE NO URUGUAI
Félix Rígoli
Milagros Sugo
Joaquin Serra

INTRODUÇÃO

E m b o r a h e t e r o g ê n e a s e d i s p e r s a s , as i n f o r m a ç õ e s a q u e s e t e m a c e s s o
n o U r u g u a i sobre a disponibilidade, a distribuição e o a p r o v e i t a m e n t o d e re-
c u r s o s h u m a n o s p a r a a s a ú d e r e f l e t e m a e v o l u ç ã o histórica d o m o d e l o de
atenção predominante n u m quadro demográfico, e c o n ô m i c o e político c o m
algumas características próprias e outras c o m u n s a o s países latino-america-
nos.
R e s u m i d a m e n t e , pode-se d i z e r q u e o p a í s a d o t o u u m m o d e l o c o m for-
te i n f l u ê n c i a d a m e d i c a l i z a ç ã o e d a s u p e r e s p e c i a l i z a ç ã o p a r a u m a popula-
ç ã o escassa, e n v e l h e c i d a e c o m m a r c a n t e t e n d ê n c i a a o e m p o b r e c i m e n t o .
A s políticas d e r e c u r s o s h u m a n o s , n o q u e s e r e f e r e m a o t i p o , à q u a l i d a -
d e e à necessidade d e pessoal, n e m sempre são conjuntas e c o m b i n a d a s e n -
tre o s o r g a n i s m o s d i r e t o r e s , e m p r e g a d o r e s e f o r m a d o r e s , e a l g u m a s v e z e s
e n c o n t r a r a m resistências p o r p a r t e d a p o p u l a ç ã o . U m e x e m p l o d i s s o foi a
p r e s s ã o e x e r c i d a p a r a a n u l a r as m e d i d a s d e l i m i t a ç ã o d e v a g a s n a u n i v e r s i d a ¬
d e e o c o n s e q ü e n t e a u m e n t o d o n ú m e r o d e matriculados, apesar d o ampio
r e c o n h e c i m e n t o d e q u e o m e r c a d o d e trabalho era c a d a v e z mais reduzido.
Essa mão-de-obra e m c r e s c i m e n t o inclui u m n ú m e r o m u i t o e l e v a d o d e
profissionais específicos d e s a ú d e , q u e c o n s t i t u e m u m s e g m e n t o importante
d o m e r c a d o d e trabalho.
Existe u m a ú n i c a U n i v e r s i d a d e p ú b l i c a n o U r u g u a i , q u e d a t a d e m e a -
d o s d o século X I X e q u e c o n t a c o m Faculdades e Escolas. A universidade
p a r t i c u l a r foi c r i a d a h á p o u c o t e m p o e t e m e s c a s s a v i n c u l a ç ã o c o m o c a m p o
da saúde.
S e g u n d o d a d o s e x t r a í d o s d a Dirección General de Estadísticas y Censo
( D G E C ) , a v e l o c i d a d e d o c r e s c i m e n t o d a s m a t r í c u l a s universitárias é m u i t o s u -
perior a o c r e s c i m e n t o d a p o p u l a ç ã o d o país: para o p e r í o d o 1976-1984, por
e x e m p l o , c o m u m c r e s c i m e n t o z e r o d a p o p u l a ç ã o , duplicou-se o n ú m e r o d e
matrículas universitárias.
Esse forte c r e s c i m e n t o mostra características diferentes nas F a c u l d a d e s
e n a s E s c o l a s u n i v e r s i t á r i a s : as p r i m e i r a s m o s t r a r a m p e q u e n o a u m e n t o no
número de matriculados, ao passo que n a s últimas o aumento foi bem
m a i o r . M u i t o s f a t o r e s p o d e m ter i n f l u e n c i a d o e s s e f e n ô m e n o - tais c o m o ,
entre outros, a proliferação d e cursos curtos n u m m e r c a d o d e trabalho redu-
z i d o , o s e x a m e s vestibulares nas F a c u l d a d e s o u a limitação d e vagas nos
anos d e 1982 e 1983.
A e v o l u ç ã o histórica m o s t r a q u e a o r i g e m d a m a i o r p a r t e d o s a l u n o s é
u r b a n a , o q u e r e f l e t e a d i n â m i c a m i g r a t ó r i a d a p o p u l a ç ã o d o país.
A maioria dos f o r m a d o s p e r t e n c e a o sexo feminino, especialmente n o
setor s a ú d e , fato r e l a c i o n a d o à u r b a n i z a ç ã o , às m u d a n ç a s das atribuições so-
ciais d o h o m e m e d a mulher e à d e t e r i o r a ç ã o e c o n ô m i c a , q u e obriga a m u -
lher a preparar-se p a r a a t i v i d a d e s profissionais n ã o - d o m é s t i c a s ( T a b e l a 1).
TABELA 1

N ú m e r o d e Egressos da U n i v e r s i d a d e U r u g u a i , 1 9 8 9

Fonte: Dirección Ceneral de Planeamiento Universitario, 1990.

Mercado de T r a b a l h o p a r a Profissionais de S a ú d e

O f e n ô m e n o m u n d i a l d e c r e s c i m e n t o d a mão-de-obra e m p r e g a d a no
setor t e r c i á r i o e , d e n t r o d e s t e , m a j o r i t a r i a m e n t e , n o s e t o r s a ú d e , verifica-se
t a m b é m n o U r u g u a i . E m b o r a o a c e s s o às i n f o r m a ç õ e s utilizadas p e l a D C E C
seja restrito, é p o s s í v e l c a l c u l a r a e v o l u ç ã o d o s e t o r a t r a v é s d a s t a b e l a s d o s
C e n s o s E c o n ô m i c o s N a c i o n a i s d e 1978 e 1988, apresentadas na T a b e l a 2.

Tabela 2

N ú m e r o d e Profissionais e m S e r v i ç o s d e A t e n ç ã o M é d i c a *
Uruguai, 1978 e 1988

Fonte: DCEC. Censos Económicos Nacionales 1978-1988.


* C ó d i g o 9 3 3 1 , classificação CILU, D C E C
S e g u n d o estes d a d o s , a força d e trabalho e m p r e g a d a e m instituições
m é d i c a s (pois assim estão definidas pelo C e n s o ) alcançaria atualmente 7%
d a P E A , a o p a s s o q u e h á u m a d é c a d a esta p e r c e n t a g e m e r a d e 4 , 3 % , t e n d o
sofrido u m a c r é s c i m o d e 6 2 % .
D e n t r o d a mão-de-obra e m p r e g a d a n o s s e r v i ç o s d e a t e n ç ã o médica
d i s t i n g u i m o s , a l é m d o s profissionais e s p e c í f i c o s d a s a ú d e , u m g r u p o d e p r o -
fissionais n ã o e s p e c í f i c o s d o s e t o r - o c u p a d o s c o m a d m i n i s t r a ç ã o , s e r v i ç o s
g e r a i s e t c . O a l t o g r a u d e e s p e c i a l i z a ç ã o d o s profissionais d o p r i m e i r o g r u p o
dificulta s u a r e l o c a ç ã o p a r a o u t r o s r a m o s d a a t i v i d a d e e c o n ô m i c a e m c a s o
d e r e t r a ç ã o d a o f e r t a d e t r a b a l h o n o s e u setor.
Dentro d e s s a s c a t e g o r i a s e s p e c í f i c a s , a profissão m é d i c a motivou o
m a i o r n ú m e r o d e e s t u d o s e r e v i s õ e s , o q u e possibilita, n o p r e s e n t e t r a b a l h o ,
u m d e s e n v o l v i m e n t o m a i s d e t a l h a d o d a s i n f o r m a ç õ e s a ela r e f e r e n t e s .

MÉDICOS

Graduação

A f o r m a ç ã o b á s i c a d e m é d i c o s é feita na F a c u l d a d e d e M e d i c i n a c r i a d a
e m 1 8 7 5 , q u e o u t o r g a o título d e " D o u t o r e m M e d i c i n a " .
U m a v e z f i n a l i z a d o o n í v e l s e c u n d á r i o d a e d u c a ç ã o , o ingresso d o a l u -
n o na F a c u l d a d e é feito p o r m e i o d e i n s c r i ç ã o a n u a l ; n ã o s e c o b r a m a t r í c u l a
e a t u a l m e n t e i n e x i s t e m e x a m e s d e a d m i s s ã o o u limite d e v a g a s . N ã o o b s t a n -
t e , o b s e r v a - s e u m d e c l í n i o natural n o n ú m e r o d e m a t r í c u l a s , e m contraste
c o m o a u m e n t o g l o b a l d o n ú m e r o d e e s t u d a n t e s universitários n o país.
A d u r a ç ã o da graduação é d e oito anos. Para a o b t e n ç ã o da habilitação
exige-se, d e s d e 1 9 9 1 , u m a n o d e i n t e r n a t o , d o s q u a i s u m d o s trimestres é
r e a l i z a d o n o interior d o p a í s .
O s p r o g r a m a s c u r r i c u l a r e s n ã o s ã o e s t á t i c o s , e a t u a l m e n t e tenta-se r e -
verter a t e n d ê n c i a biologicista e hierarquizar a relação médico-paciente, c o m
a i n s e r ç ã o d o e s t u d a n t e na c o m u n i d a d e , d e s e n v o l v e n d o - s e , a o l o n g o d a c a r -
reira, o s a s p e c t o s p s i c o s s o c i a i s e m q u e tal r e l a ç ã o i m p l i c a .
V á r i a s i n s t i t u i ç õ e s p a r t i c i p a m da f o r m a ç ã o p r á t i c a d o s m é d i c o s : a uni-
v e r s i d a d e , o Ministério da S a ú d e Pública e, e m alguns casos, o M u n i c í p i o d e
M o n t e v i d é u . A F a c u l d a d e d e M e d i c i n a é responsável pela c o n c e p ç ã o , elabo-
r a ç ã o e a v a l i a ç ã o d o s c u r s o s , a o p a s s o q u e as d e m a i s instituições a s s e g u r a m
u m local para prática e c o l a b o r a m c o m o ensino f a v o r e c e n d o a f o r m a ç ã o d e
recursos humanos.

Põs-Graduação

A E s c o l a d e P ó s - G r a d u a ç ã o c r i a d a e m 1 9 5 3 é a r e s p o n s á v e l p e l o s cur-
s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o m é d i c a a t r a v é s d a s C á t e d r a s e D e p a r t a m e n t o s d a Fa-
c u l d a d e d e M e d i c i n a , o u t o r g a n d o o título d e "Especialista".
E m 1 9 8 3 , as e s p e c i a l i d a d e s e r a m 4 4 ; a t u a l m e n t e e x i s t e m v á r i a s o u t r a s
e m trâmite d e r e c o n h e c i m e n t o formal. A distribuição d o s m é d i c o s e m ativi-
d a d e por especialidade para os anos d e 1974 e 1992 é apresentada na Ta-
b e l a 3.

TABELA 3

Distribuição d e M é d i c o s Ativos por Especialidade


Uruguai, 1974 e 1992

Fonte: SMU Padron Médico Nacional. 1974-1992.


* Inclusive M e d i c i n a G e r a l .

C o m o demonstra a Tabela, algumas especialidades - c o m o Medicina


Intensiva, N e f r o l o g i a , M e d i c i n a I n t e r n a e G e r i a t r i a - i n c r e m e n t a r a m r a d i c a l -
m e n t e seu n ú m e r o d e m é d i c o s e m atividade e m n ú m e r o s absolutos e fre-
q ü ê n c i a s r e l a t i v a s ; p o r o u t r o l a d o , as e s p e c i a l i d a d e s b á s i c a s - cirurgia, p e d i a -
tria e g i n e c o l o g i a - d i m i n u í r a m s e u c r e s c i m e n t o , t a m b é m n a s p e r c e n t a g e n s .
A l g u m a s d a s c a u s a s d e s s e f e n ô m e n o p o d e m ser o e n v e l h e c i m e n t o d a p o p u -
l a ç ã o n a c i o n a l , o d e s e n v o l v i m e n t o e a i n t r o d u ç ã o d e n o v a s t e c n o l o g i a s , a sa-
turação d o m e r c a d o d e trabalho e m algumas especialidades e a criação, e m
1979, d e u m sistema d e f i n a n c i a m e n t o especial (Lei 14.897) para a presta¬
ç ã o d e serviços no âmbito da medicina altamente especializada, favorecen-
d o o d e s e n v o l v i m e n t o d e p r á t i c a s m é d i c a s d e alta t e c n o l o g i a .
O s c u r s o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o t ê m d u r a ç ã o n ã o m e n o r q u e três a n o s .
P o d e - s e o b t e r o título d e e s p e c i a l i s t a a t r a v é s d e d u a s v i a s :

1) C u r s o s e R e s i d ê n c i a s

O a c e s s o a o s c u r s o s s e realiza m e d i a n t e livre i n s c r i ç ã o a n u a l o u b i a -
n u a l , d e p e n d e n d o d a e s p e c i a l i d a d e . A f r e q ü ê n c i a às a u l a s t e ó r i c a s e p r á t i c a s
é diária, e m g e r a l c o m a o b r i g a t o r i e d a d e d e 12 o u 2 4 h o r a s s e m a n a i s . Exis-
t e m t a m b é m r e g i m e s e s p e c i a i s d e f r e q ü ê n c i a p a r a m é d i c o s d o interior d o
país.
A C o m i s s ã o N a c i o n a l d e Residências M é d i c a s , criada p o r Lei N a c i o n a l
em 1 9 8 3 , é e n c a r r e g a d a d e administrar o P r o g r a m a d e Residências. C a d a
a n o , m e d i a n t e c o n c u r s o , ingressam c e m n o v o s residentes e d e z C h e f e s d e
R e s i d ê n c i a . E m a l g u m a s e s p e c i a l i d a d e s , c o m o , p o r e x e m p l o , a cirurgia g e r a l ,
o ingresso é limitado exclusivamente à residência correspondente.

2) Notória Competência ou Atuação Documentada

A o b t e n ç ã o d o título d e e s p e c i a l i s t a p e l a v i a d e n o t ó r i a competência
o u a t u a ç ã o d o c u m e n t a d a exige a apresentação d e d o c u m e n t a ç ã o q u e c o m -
p r o v e e s s e f a t o e o p a r e c e r d e c o m i s s õ e s d e assessoria p e r t e n c e n t e s à E s c o -
la d e P ó s - G r a d u a ç ã o .

Participação d e Estrangeiros na F o r m a ç ã o

U m a s p e c t o d e particular importância n o q u a d r o d e u m processo de


i n t e g r a ç ã o é c o n s t i t u í d o p e l a p a r t i c i p a ç ã o d e e s t u d a n t e s e s t r a n g e i r o s n a gra-
d u a ç ã o e na pós-graduação.
O s p e d i d o s d e r e v a l i d a ç ã o d e c u r s o s d e g r a d u a ç ã o e d o título d e m é d i -
c o s ã o c a n a l i z a d a s p e l a F a c u l d a d e d e M e d i c i n a . O m a i o r n ú m e r o d e solicita-
ç õ e s p r o v é m d e u r u g u a i o s q u e r e a l i z a r a m s e u s e s t u d o s n o exterior.
A u n i v e r s i d a d e t e m c o n v ê n i o s c o m d e z países latino-americanos e u m
país e u r o p e u ; entre o s primeiros, encontram-se todos os países integrantes
d o M E R C O S U L N ã o são realizadas revalidações c o m terceiros países.
P o r d e c i s ã o d o Consejo Director Central, a Comissión de Revalidación
d a F a c u l d a d e d e M e d i c i n a e s t á h a b i l i t a d a a c o n s i d e r a r a s s o l i c i t a ç õ e s d e paí-
ses c o m o s quais n ã o existem c o n v ê n i o s firmados, m a s q u e p o s s u a m univer-
sidades consideradas aptas para a a d e q u a d a f o r m a ç ã o d e recursos humanos.
C o m r e l a ç ã o a o s títulos d e e s p e c i a l i s t a s , a s r e v a l i d a ç õ e s s ã o c o m p e t ê n -
c i a d a E s c o l a d e P ó s - G r a d u a ç ã o . P a r a c a d a p e d i d o forma-se u m a b a n c a q u e
julga e analisa e s p e c i a l m e n t e o c o n t e ú d o e o tipo das matérias cursadas, exi-
gindo, e m alguns casos, monografia e exame.
O n ú m e r o d e p e d i d o s d e r e v a l i d a ç ã o d e títulos o s c i l a e n t r e d e z e v i n t e
anuais.
Q u a n t o a o s d e s t i n o s e p r o c e d ê n c i a s , m a n t ê m - s e as m e s m a s c a r a c t e r í s -
ticas d e s c r i t a s p a r a o s g r a d u a d o s , c o m a ressalva d e q u e o d e s t i n o p r e f e r i d o
p e l o s m é d i c o s u r u g u a i o s inclui e s p e c i a l m e n t e o s p a í s e s e u r o p e u s .
A Escola d e Pós-Graduação, c o m quase quarenta a n o s d e existência,
r e c e b e anualmente entre cinqüenta e c e m estudantes estrangeiros.
E m 1 9 9 0 f i c o u d e c i d i d a a c o b r a n ç a d e u m a taxa a n u a l d e U S $ 2 . 0 0 0
p o r e s t u d a n t e , q u e s ó c o m e ç o u a ser e f e t u a d a a partir d o p r e s e n t e a n o .
A origem dos médicos q u e buscam estudos d e especialização no U r u -
guai é f u n d a m e n t a l m e n t e a A m é r i c a d o Sul (Brasil, C o l ô m b i a e Argentina) e
a Europa (Espanha). A s especialidades preferidas incluem pediatria, g i n e c o l o -
gia, psiquiatria, n e u r o l o g i a e o f t a l m o l o g i a .

D e m o g r a f i a Médica

a) N ú m e r o e Distribuição Geográfica

D e s d e fins d o s é c u l o p a s s a d o o U r u g u a i c o n t a c o m u m a alta o f e r t a d e
m é d i c o s , e m c o m p a r a ç ã o c o m o resto d a A m é r i c a Latina. E m 1 8 8 9 e x i s t i a m
7 m é d i c o s p a r a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s ; v i n t e a n o s d e p o i s , e m 1 9 0 8 , a taxa e l e v a -
ra-se p a r a 8 m é d i c o s p a r a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s ( R i a l , 1 9 8 3 ; R i g o l i , 1 9 9 1 ) . A
e v o l u ç ã o d o s ú l t i m o s a n o s p o d e ser o b s e r v a d a n a T a b e l a 4 .

TABELA 4

N ú m e r o d e M é d i c o s por 10.000 Habitantes


U r u g u a i , 1962-1992

U m a u m e n t o m u i t o significativo n o n ú m e r o d e e g r e s s o s d a Faculdade
d e M e d i c i n a a partir d a d é c a d a d e 7 0 , a d i m i n u i ç ã o d a i m i g r a ç ã o m é d i c a e a
e s t a b i l i d a d e n u m é r i c a d a p o p u l a ç ã o d o país f i z e r a m c o m q u e e m 3 0 a n o s
triplicasse o n ú m e r o d e m é d i c o s p a r a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s .
Diferentes estimativas técnicas da d o t a ç ã o ideal d e recursos médicos
n e c e s s á r i o s p a r a assistir e f i c a z m e n t e u m a p o p u l a ç ã o v a r i a m e n t r e 8 e 13
m é d i c o s p a r a c a d a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s ( S c h o n f e l d , O P A S , 1 9 7 3 ) . Existe n o U r u -
guai, por conseguinte, u m a i m p o r t a n t e s u p e r o f e r t a d e m é d i c o s . Esse fato
terá diversas manifestações n o m e r c a d o d e trabalho e repercutirá d e forma
importante no Sistema Nacional d e Saúde.
A a n á l i s e d a d i s p o n i b i l i d a d e d e m é d i c o s p o r r e g i ã o m o s t r a u m a nítida
d i f e r e n ç a d a situação e m M o n t e v i d é u e n o resto d o país (Tabela 4 ) :
A d i f e r e n ç a r e f l e t e a d i s t r i b u i ç ã o d e s i g u a l d e m é d i c o s n o território n a -
cional. E m M o n t e v i d é u , o n d e se localizam 4 5 % da população, residem 8 0 %
d o s m é d i c o s , a o passo q u e n o resto d o país, o n d e h a b i t a m 5 5 % d o s u r u -
guaios, localizam-se a p e n a s 2 0 % d o s m é d i c o s . N o e n t a n t o , u m a política d e
r e l o c a ç ã o d o s m é d i c o s n ã o p a r e c e ser u m a s o l u ç ã o eficaz para o problema
d e superoferta d e m é d i c o s , pois, c o m o se o b s e r v a na T a b e l a 4, t a m b é m n o
interior d o país existe u m a a d e q u a d a oferta d e profissionais.

b) Características Demográficas dos M é d i c o s

N o s ú l t i m o s 3 0 a n o s , a p o p u l a ç ã o m é d i c a registrou u m a i m p o r t a n t e fe¬
minização - e m 1962, apenas 1 4 % dos médicos eram mulheres ( S M U , 1973),
a o passo q u e e m 1 9 9 2 as m u l h e r e s já c o n s t i t u e m 4 1 % . A atual c o m p o s i ç ã o
p o r s e x o d a s matrículas universitárias permite p r e v e r q u e essa feminização
da profissão será a c e n t u a d a nos a n o s vindouros.
C o m o resultado d o sistema d e p a p é i s familiares e d o s valores culturais
imperantes, a mulher t e m participação secundária no m e r c a d o d e trabalho,
r e d u z i n d o s u a s taxas d e a t i v i d a d e e e m p r e g o . D e s s a f o r m a , a f e m i n i z a ç ã o d a
oferta d e trabalho m é d i c o contrabalança o efeito da entrada m a c i ç a d e pro-
fissionais j o v e n s n o m e r c a d o d e t r a b a l h o .
A e x p a n s ã o d o n ú m e r o d e matrículas na Faculdade d e M e d i c i n a , com
o c o n s e q ü e n t e a u m e n t o d o n ú m e r o d e f o r m a d o s , m o d i f i c o u a estrutura etá-
ria d o c o r p o m é d i c o , a u m e n t a n d o a i n c i d ê n c i a d o s e s t r a t o s m a i s j o v e n s .
A s d i f i c u l d a d e s d e e m p r e g o s ã o m a i s c r í t i c a s n a faixa etária e n t r e 2 5 e
3 9 a n o s . P o r c o n s e g u i n t e , é n e s s a faixa q u e e x i s t e u m m a i o r e s t í m u l o à s u p e ¬
respecialização e à introdução d e novas tecnologias.

G r a u d e Especialização d o s Médicos

O grau d e especialização dos m é d i c o s uruguaios cresceu notavelmen-


te n o s últimos a n o s . Esse p r o c e s s o explica-se, e m parte, pelas mudanças
científico-tecnológicas; a l é m disso, a s u p e r e s p e c i a l i z a ç ã o t e m sido u m a das
estratégias d e s e n v o l v i d a s pelos m é d i c o s para melhorar suas possibilidades
d e e m p r e g o e i n g r e s s o n u m m e r c a d o s a t u r a d o . Essa t e n d ê n c i a acelerou-se
nos últimos anos, produzindo u m crescimento da "segunda especialização".
Em 1985, 6 7 % dos médicos possuíam uma especialização, e deles, 1 2 %
possuíam mais q u e duas especializações, a o passo q u e e m 1990 são 9 0 % os
q u e possuem u m a e c h e g a m a 4 2 % os q u e p o s s u e m mais d e duas. (SMU-
FEMl, 1985; S M U , 1990).

Mercado de Trabalho

S e g u n d o d a d o s d o Padrón Médico Nacional, no mês d e junho de 1992


e x i s t i a m n o U r u g u a i 9 . 7 8 9 m é d i c o s a t i v o s , 5 6 8 i n a t i v o s e 1.173 n o e x t e r i o r .
S e g u n d o as pesquisas realizadas e m 1980 e 1985, pelo m e n o s 30%
dos médicos eram subocupados o u desocupados.
E m 1 9 9 0 , a Encuesta Médica Nacional c a l c u l a a taxa d e o c i o s i d a d e em
7 % , e e m 3 3 % a p e r c e n t a g e m d e m é d i c o s q u e r e c e b e m , p o r sua atividade
p r o f i s s i o n a l , m e n o s q u e d o i s Salários-Bases M é d i c o s . U m S a l á r i o - B a s e M é d i -
c o equivale a cerca de U S $ 200.
Essa p r o b l e m á t i c a a f e t a p r i n c i p a l m e n t e o m é d i c o j o v e m e significa q u e ,
e m t e r m o s absolutos, a t u a l m e n t e mais d e 3.000 profissionais t ê m dificuldade
de emprego.

M o d a l i d a d e s d e Vinculação Jurídica d o s Médicos à s Instituições

C o m o se v e r á a d i a n t e , a n o r m a d e v i n c u l a ç ã o trabalhista m é d i c a no
U r u g u a i é d e m u l t i e m p r e g o . P o r t a n t o , as c o n s i d e r a ç õ e s seguintes referem-se
a postos d e trabalho. E m geral, c a d a m é d i c o t e m vários d o s tipos d e vincula-
ç ã o jurídica aqui descritos.
N o setor público, os m é d i c o s são funcionários assalariados, r e c e b e n d o
u m salário fixo m e n s a l q u e v a r i a s e g u n d o o n í v e l h i e r á r q u i c o d o p r o f i s s i o n a l .
À s instituições d e pré-pagamento ( n o U r u g u a i , c h a m a d a s Instituciones
de Asistencia Médica Colectiva, IAMC), O médico é vinculado por meio de
d o i s m e c a n i s m o s j u r í d i c o s d i s t i n t o s : o c o n t r a t o salarial o u o c o n t r a t o d e p r e s -
tação d e serviços.
N o primeiro c a s o , existe u m a situação d e d e p e n d ê n c i a do médico à
i n s t i t u i ç ã o , e a e l e s e a p l i c a a l e g i s l a ç ã o trabalhista e o s a c o r d o s salariais. E n -
tre seus direitos, c a b e destacar: licenças, gratificação natalina, férias p a g a s ,
indenização por demissão, aposentadoria e o direito a salários-mínimos e
c o n d i ç õ e s d e t r a b a l h o fixadas p e l o s a c o r d o s salariais.
O s e g u n d o g r u p o é integrado p e l o s profissionais q u e a t u a m n a r e f e r ê n -
c i a p o r alta e s p e c i a l i z a ç ã o , m a n t e n d o , p o r isso, a p e n a s v í n c u l o s aleatórios
o u e f ê m e r o s c o m a s IAMCS. E l e s a t e n d e m p a c i e n t e s r e f e r i d o s d e v i d o a g r a u s
d e c o m p l e x i d a d e n ã o c o b e r t o s pela instituição. S e u s h o n o r á r i o s s ã o fixados
pelas s o c i e d a d e s q u e os a g r u p a m ; n ã o lhes é aplicada a legislação trabalhis-
ta, t a m p o u c o o s c o n v ê n i o s salariais. A fixação d a s tarifas é r e a l i z a d a a t r a v é s
d e critérios d i f e r e n t e s e e m o c a s i õ e s distintas d o s a c o r d o s salariais.
O s diversos sistemas d e r e m u n e r a ç ã o d o trabalho m é d i c o p o d e m ser
resumidos da seguinte forma:
1) P a g a m e n t o d e u m a tarifa p o r p a r t e d a s I A M C . Essa é a f o r m a c o m o as
IAMC freqüentemente remuneram os médicos muito especializados o u d e
referência.

2) P a g a m e n t o d e u m salário v a r i á v e l p o r c a d a a t o m é d i c o r e a l i z a d o ; a r e m u -
n e r a ç ã o final d e p e n d e r á d o n ú m e r o d e a t o s e f e t u a d o s .

3) P a g a m e n t o d e u m salário m i s t o , u m a p a r t e fixa e u m a p a r t e v a r i á v e l . C e r -
tas f u n ç õ e s s ã o p a g a s p o r h o r a e o u t r a s p o r a t o m é d i c o . Essa é a f o r m a
e s t a b e l e c i d a p e l o s a c o r d o s salariais e é a m a i s f r e q ü e n t e n a s IAMCS. A s ati-
vidades d e consultório, plantões, atendimento d e urgência e t c , são pagas
p o r hora, e as atividades esporádicas - c o m o , por e x e m p l o , i n t e r v e n ç õ e s
c i r ú r g i c a s , visitas a d o m i c í l i o e t c . - s ã o r e m u n e r a d a s p o r s e r v i ç o p r e s t a d o .

4) P a g a m e n t o d e u m salário fixo s e g u n d o o n ú m e r o m e n s a l d e h o r a s c o n -
tratadas. Esse sistema foi introduzido nos últimos a n o s nas IAMCS de
maior porte. S u a aplicação a c o m p a n h a a criação d e hierarquia médica
por especialidade o u serviço. O custo/hora d e p e n d e r á d o grau e da es-
p e c i a l i d a d e d o m é d i c o , e d o t i p o d e t r a b a l h o p o r e l e r e a l i z a d o . Esse é
t a m b é m o sistema d e p a g a m e n t o d o setor público.

5) Pagamento direto d e u m honorário por parte d o paciente a o médico,


m o d a l i d a d e q u e s e m a n t é m e x c l u s i v a m e n t e n o e x e r c í c i o liberal d a profis-
s ã o e n ó s s e g u r o s p a r c i a i s d e s t i n a d o s a s e t o r e s d e alto p o d e r a q u i s i t i v o .
Calcula-se q u e m e n o s d e 9 % d a p o p u l a ç ã o goza d e assistência privada.
Essa b a i x a i n c i d ê n c i a d a a t i v i d a d e liberal na p r e s t a ç ã o d e a s s i s t ê n c i a refle-
te-se n o n ú m e r o d e m é d i c o s q u e r e c e b e m h o n o r á r i o s : na Encuesta Médi-
ca Nacional d e 1990, apenas 1 7 % dos entrevistados declarou recebê-los
e m alguma oportunidade.

N ú m e r o d e C a r g o s Médicos ( T a b e l a 5 )

E m o u t u b r o d e 1991 existiam 12.396 c a r g o s nas IAMC, s e n d o 9.798 e m


M o n t e v i d é u e 2 . 5 9 8 n o interior. O s h o s p i t a i s e o s s e g u r o s p a r c i a i s p o s s u e m
mais 7 2 3 cargos, totalizando 13.119 cargos n o setor privado.
E m s e t e m b r o d e 1 9 9 0 existiam 2.648 cargos n o Ministério da Saúde
P ú b l i c a ; n o r e s t o d o s e t o r p ú b l i c o - S a ú d e militar, S a ú d e p o l i c i a l , a d m i n i s t r a -
ç ã o c e n t r a l , p r e f e i t u r a s e t c . - calcula-se m a i s 4 . 0 0 0 c a r g o s .
Levando-se e m c o n t a q u e 8 5 % dos m é d i c o s ativos o c u p a m algum car-
g o e q u e a m é d i a d e cargos a c u m u l a d o s por c a d a m é d i c o assalariado oscila
e n t r e 2,5 e 2,7, e x i s t i r i a m , n o t o t a l , d e 2 0 . 7 0 0 a 2 2 . 4 0 0 c a r g o s . A diferença
e n t r e o s c a r g o s c a l c u l a d o s e o s c o n h e c i d o s - e n t r e 1.000 e 2 . 7 0 0 - fica dis-
t r i b u í d a p o r c l í n i c a s d e d i a g n ó s t i c o e t r a t a m e n t o ( c e n t r o s d e diálise, t o m o -
grafia, a n á l i s e s c l í n i c a s e t c . ) e e m p r e s a s q u e n ã o f a z e m p r o p r i a m e n t e parte
d o setor (clínicas d e e m a g r e c i m e n t o , peritos m é d i c o s e t c ) .
TABELA 5

Evolução do N ú m e r o de Cargos e de M é d i c o s Ativos


U r u g u a i , 1966-1991

Fonte; Yanicelli 1972, M e e r h o f f 1988, SMU-Serra 1992.


* Em 1966 foram c o m p u t a d o s apenas os cargos d e M o n t e v i d é u .

O crescimento d o n ú m e r o d e m é d i c o s ativos esteve associado a u m a


e x p a n s ã o similar n o n ú m e r o d e c a r g o s , e m b o r a e s s e s ú l t i m o s t e n h a m au-
m e n t a d o e m r i t m o l e v e m e n t e m a i s l e n t o . Esse c o m p o r t a m e n t o d a d e m a n d a
i n s t i t u c i o n a l d e t r a b a l h o m é d i c o i m p e d i u q u e s e r e g i s t r a s s e m altas taxas d e
d e s e m p r e g o entre os m é d i c o s . C o m o os recursos disponíveis para a r e m u n e -
r a ç ã o d o t r a b a l h o m é d i c o n ã o c r e s c e r a m na m e s m a p r o p o r ç ã o , o aumento
d o n ú m e r o d e c a r g o s n a s I A M C S foi f i n a n c i a d o c o m u m a d r á s t i c a r e d u ç ã o d o
salário real. O Salário-Base M é d i c o v i g e n t e n o m ê s d e m a r ç o d e 1 9 6 5 , a t u a l i -
zado pelo índice d e Preços a o Consumidor e transformado e m dólares em
s e t e m b r o d e 1 9 9 2 , totaliza U S $ 1.137; se c o m p a r a r m o s c o m s e u v a l o r a t u a l
d e U S $ 2 0 6 , t e m o s u m a i d é i a d a m a g n i t u d e d a p e r d a sofrida p e l o salário
real.

N ú m e r o d e C a r g o s por Médico

O sistema d e trabalho organizado e m torno d e cargos c o m baixa carga


h o r á r i a s e m a n a l e a d e t e r i o r a ç ã o d o salário r e a l e x p l i c a m a a t u a l s i t u a ç ã o d e
multiempregos.
N o s últimos anos, a m é d i a d e cargos por m é d i c o t e m se m a n t i d o está-
vel. Em 1 9 8 0 e r a m 2,7 ( M e e r h o f f , 1988), c o m a m e s m a média e m 1985
(SMU-FEMI, 1 9 8 5 ) ; e m 1 9 9 0 a m é d i a e r a d e 2,5 ( S M U , 1 9 9 0 ) . Essas m é d i a s n ã o
r e f l e t e m f i e l m e n t e a r e a l i d a d e , q u e registra u m a alta c o n c e n t r a ç ã o d e t r a b a -
lho.
Detalhando os dados, observamos que, e m 1980, 5 9 % dos médicos
o c u p a v a m 3 2 % dos cargos. E m 1990, 1 9 % dos m é d i c o s c o n c e n t r a v a m 36%
dos cargos, a o passo q u e 5 3 % dos m é d i c o s o c u p a v a m 3 3 % dos cargos.
E m sua p e s q u i s a , M e e r h o f f e s t u d o u a a s s o c i a ç ã o e n t r e o n ú m e r o de
cargos, a r e m u n e r a ç ã o , o sexo, a idade e a especialização d o s profissionais e
concluiu q u e os médicos q u e mais cargos c o n c e n t r a m são os h o m e n s entre
4 0 e 5 0 a n o s e c o m especialização cirúrgica; o b v i a m e n t e , t a m b é m c o n c e n -
tram a maior parte da r e m u n e r a ç ã o (Meerhoff, 1988).

R e m u n e r a ç ã o por Médico

C o m o conseqüência do multiemprego, a remuneração média do médi-


c o n ã o t e m o r i g e m d i r e t a n o salário d e c a d a c a r g o . A s i n f o r m a ç õ e s d i s p o n í -
v e i s e n c o n t r a m - s e n a T a b e l a 6.

TABELA 6

D i s t r i b u i ç ã o P e r c e n t u a l d o s M é d i c o s S e g u n d o G r u p o s Salariais
Uruguai, 1980 e 1990

Fonte: Meerhoff, 1988 e SMU, 1990.

N o M i n i s t é r i o d a S a ú d e P ú b l i c a d o U r u g u a i ( M S P ) existe u m a h i e r a r q u i a
d e c a r g o s d e n o v e g r a u s . O s três graus i n f e r i o r e s c o r r e s p o n d e m a o s c a r g o s
o p e r a c i o n a i s , o s três i n t e r m e d i á r i o s a c h e f i a s d e s e r v i ç o e o s três s u p e r i o r e s
à d i r e ç ã o d e hospitais o u unidades. E m t o d o s os casos cumpre-se u m horário
d e 2 4 h o r a s s e m a n a i s . O s v a l o r e s m é d i o s d a s r e m u n e r a ç õ e s e s t ã o na T a b e l a
7.

TABELA 7

V a l o r M é d i o d o s Salários S e g u n d o os Cargos
Ministério da S a ú d e Pública do Uruguai, 1991

* e m U S $ de junho de 1 9 9 1 .
N o Ministério da S a ú d e Pública uruguaio, 9 7 % dos cargos são o p e r a -
c i o n a i s , o q u e significa q u e a q u a s e t o t a l i d a d e d o s m é d i c o s d a q u e l e ó r g ã o
g a n h a m , e m média, U S $ 169 mensais.
E m outubro d e 1 9 9 1 , o conjunto d o setor privado destinou c e r c a de
U S $ 6,6 m i l h õ e s p a r a r e m u n e r a r o t r a b a l h o m é d i c o . A m é d i a p o r c a r g o foi
de U S $ 505.
D e n t r o d o setor p r i v a d o , o m a i o r e m p r e g a d o r f o r a m as l A M C s , q u e d e s -
t i n a r a m U S $ 6,4 m i l h õ e s p a r a o salário m é d i c o n o m e s m o m ê s , o q u e signifi-
ca uma remuneração média por cargo d e U S $ 515 (SMU-Serra 1992). A re-
muneração médica apresenta grandes variações, segundo a localização do
profissional e a s u a e s p e c i a l i d a d e , c o n f o r m e s e v e r i f i c a n a T a b e l a 8.

TABELA 8

R e m u n e r a ç ã o M é d i a por Cargo Nas IAMCS por Especialidade


Uruguai, 1991

E m U S $ d e 10/91

Fonte: SMU-Serra 1992.

E m t o d o o país, o p a g a m e n t o p o r salário fixo r e p r e s e n t a 5 0 % d o t o t a l


das r e m u n e r a ç õ e s , o p a g a m e n t o por serviço prestado representa 1 7 % , as
c o m p e n s a ç õ e s perfazem 1 5 % e outras modalidades, 1 7 % .
N e s t a análise ficam e v i d e n t e s algumas t e n d ê n c i a s c o m u n s a o u t r o s paí-
ses, q u e p o d e m ser r e s u m i d a s e m :
• A u m e n t o g e o m é t r i c o d a taxa d e m é d i c o s p a r a c a d a 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s .
• C o n c e n t r a ç ã o d o s recursos m é d i c o s na capital.
• Feminização da p o p u l a ç ã o médica.
• A u m e n t o da especialização e da multiespecialização.
Concomitantemente, e em parte c o m o conseqüência desses proces-
sos, p r o d u z i r a m - s e m u d a n ç a s n a s p r á t i c a s d e t r a b a l h o d o s m é d i c o s , a s a b e r :
• A d e t e r i o r a ç ã o d a s c o n d i ç õ e s d e e m p r e g o d o m é d i c o : d i m i n u i ç ã o d o sa-
lário r e a l , a u m e n t o d a s taxas d e d e s e m p r e g o e s u b e m p r e g o .
• A consolidação d o multiemprego c o m o forma d e aumentar a renda e o
grau d e a u t o n o m i a profissional.
• A altíssima c a p a c i d a d e q u e o s m é d i c o s t i v e r a m d e e x p a n d i r a d e m a n d a
c o n j u n t a m e n t e c o m a oferta evitou q u e o d e s e m p r e g o e a r e d u ç ã o da
r e n d a per capita chegasse aos extremos q u e a manifesta superoferta p o -
deria provocar.
• A a d o ç ã o d e estratégias individuais d e diversificação d e postos d e traba-
lho c o m base na a c u m u l a ç ã o d e cargos, e a posse d e várias especialida-
des simultaneamente, para melhorar a renda.
N u m m e r c a d o livre, o p r e ç o d e u m b e m o u s e r v i ç o s u r g e d a i n t e r a ç ã o
da d e m a n d a por parte d o s c o n s u m i d o r e s c o m a oferta por parte d o setor
p r o d u t i v o . O s p r e ç o s se f o r m a m n o m e r c a d o q u a n d o a d e m a n d a e a oferta
se e n c o n t r a m . O m e r c a d o a g e c o m o u m m e c a n i s m o distribuidor e f i x a d o r
d e recursos, estimulando o u deprimindo a produção. O m e r c a d o d e traba-
l h o d o p e s s o a l d a s a ú d e n ã o é r e g i d o p o r essas leis. E n t r e suas p r i n c i p a i s c a -
racterísticas, algumas se d e s t a c a m , a saber:
• N o m e r c a d o m é d i c o , a d e m a n d a é regida apenas parcialmente pela v o n -
t a d e d o c o n s u m i d o r ( o p a c i e n t e o u a instituição d e assistência m é d i c a ) ;
os próprios produtores (os médicos), graças a o seu c o n h e c i m e n t o espe-
cializado, d e t e r m i n a m , e m grande parte, o tipo e a medida d o serviço a
ser p r e s t a d o . U m i n d i c a d o r d e s s a c a p a c i d a d e q u e a o f e r t a p o s s u i d e i n d u -
zir a d e m a n d a é , c o m o já v i m o s , o g r a n d e i n c r e m e n t o n o n ú m e r o d e c a r -
gos disponíveis c o m b a s e na pluriespecialização e na diferenciação de
serviços.
• É m a r c a n t e o p a p e l s o c i a l d o s profissionais d e s a ú d e , r e v e s t i d o d e u m sig-
nificado cultural q u e torna certas profissões desejáveis e alvo d o apoio
p ú b l i c o i n d e p e n d e n t e m e n t e d e sua real d e m a n d a .
• A a ç ã o c o r p o r a t i v i s t a d a s d i v e r s a s c a t e g o r i a s situa o salário n u m nível s u -
p e r i o r a o d e u m salário e s t r i t a m e n t e d e t e r m i n a d o p e l a s leis d o m e r c a d o .

ODONTÓLOGOS

Formação

A F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a é a r e s p o n s á v e l p e l a f o r m a ç ã o d e profis-
s i o n a i s e o u t o r g a o título d e " D o u t o r e m O d o n t o l o g i a " .
O curso universitário t e m d u r a ç ã o curricular d e c i n c o anos. O s progra-
m a s atuais priorizam aspectos vinculados à odontologia social nos cursos re-
gulares.
E m 1 9 9 1 , o n ú m e r o d e matriculados c h e g o u a 3.204. O n ú m e r o d e di-
p l o m a d o s mantém-se praticamente estável nos últimos a n o s ( c e r c a d e 130),
c o m franco predomínio feminino.
Aspectos Demográficos e d e M e r c a d o d e T r a b a l h o

Em 1 9 8 5 , o país c o n t a v a c o m 2.723 o d o n t ó l o g o s - u m profissional


p a r a c a d a 1.977 h a b i t a n t e s . A d i s t r i b u i ç ã o g e o g r á f i c a d e o d o n t ó l o g o s é d e 1
p a r a c a d a 6 7 3 h a b i t a n t e s e m M o n t e v i d é u e u m p a r a c a d a 2.91 7 n o i n t e r i o r
d o país ( T a b e l a 9 ) .

TABELA 9

Distribuição Geográfica d e O d o n t ó l o g o s
Uruguai, 1985

Fonte: Ca/a de Profesionales Universitarios.

Informes n o r m a t i v o s d e m e t a s d e pessoal d e s a ú d e para as A m é r i c a s


propõem, como taxa d e s e j á v e l para o d o n t ó l o g o s , três p r o f i s s i o n a i s para
c a d a d e z mil h a b i t a n t e s ( O P A S , 1 9 7 3 ) . C o m p a r a n d o e s t a taxa c o m a s e x i s t e n -
tes, observa-se u m a s u p e r o f e r t a d e profissionais e m M o n t e v i d é u e u m a situa-
ç ã o m a i s e q u i l i b r a d a n o interior.
N ã o existem informações consolidadas sobre o m e r c a d o d e e m p r e g o s
e m O d o n t o l o g i a , p o i s as a t i v i d a d e s o d o n t o l ó g i c a s e s t ã o e x c l u í d a s , e m g e r a l ,
d a s p r e s t a ç õ e s d e s e r v i ç o d o M i n i s t é r i o d a S a ú d e P ú b l i c a e d o s s e g u r o s pré-
p a g o s ( s a l v o as a ç õ e s p r e v e n t i v a s e a s d e e m e r g ê n c i a ) . Isso faz c o m que
exista a i n d a u m a m p l o d e s e n v o l v i m e n t o d a p r á t i c a a u t ô n o m a e , p o r o u t r o
l a d o , u m a baixa c o b e r t u r a d a p o p u l a ç ã o , a p e s a r d o s e s t u d o s e p i d e m i o l ó g i -
c o s q u e m o s t r a m a alta p r e v a l ê n c i a d e p a t o l o g i a s o r a i s .

ENFERMAGEM

Formação

A s Escolas Universitárias ( q u e se diferenciam das F a c u l d a d e s p o r s e r e m


f o r m a d o r a s d e t é c n i c o s d o n í v e l m é d i o ) ligadas a o s e t o r s a ú d e s ã o s e t e : E s -
cola d e Tecnologia M é d i c a , Escola d e E n f e r m a g e m , Escola d e N u t r i ç ã o e
D i e t é t i c a , E s c o l a d e P a r t e i r a s , E s c o l a d e A u x i l i a r e s d e O d o n t o l o g i a , Instituto
d e Psicologia e S e r v i ç o Social.
A s quatro primeiras p e r t e n c e m a o d o m í n i o da F a c u l d a d e d e M e d i c i n a ;
a q u i n t a , à F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a ; as d u a s ú l t i m a s , à R e i t o r i a d a U n i v e r -
s i d a d e . O s d i p l o m a d o s n a s E s c o l a s U n i v e r s i t á r i a s r e c e b e m o título d e p r o f i s -
sional d e n í v e l i n t e r m e d i á r i o , e a n t i g a m e n t e e r a m d e n o m i n a d o s , e m alguns
c a s o s , auxiliares o u c o l a b o r a d o r e s . A c a r g a c u r r i c u l a r d e s s e s c u r s o s o s c i l a e n -
tre 2 e 5 a n o s .
S e g u n d o d a d o s d a División Estadística da Dirección General de Planea-
miento Universitario p a r a 1 9 8 9 , o total d e d i p l o m a d o s n a s E s c o l a s U n i v e r s i t á -
rias l i g a d a s à s a ú d e c h e g o u a 2 2 % d o total d e d i p l o m a d o s d e nivel s u p e r i o r
d e e d u c a ç ã o e m t o d o o país. E m n ú m e r o s absolutos, 721 f o r m a d o s d e u m
total d e 3.203.

T A B E L A 10
D i p l o m a d o s e m Escolas Universitárias
Uruguai, 1989

a) Escuela Universitária d e Enfermagem

F o r m o u E n f e r m e i r a s U n i v e r s i t á r i a s a t é 1 9 7 4 , a n o e m q u e foi d e t e r m i n a -
d a a s u a f u s ã o f u n c i o n a l c o m a Escuela Dr. Carlos Ne/y, d e p e n d e n t e d o M i -
nistério d a S a ú d e P ú b l i c a , t e n d o r e t o r n a d o à e s f e r a universitária e m 1 9 8 5 .
O U r u g u a i , c o m o a maioria d o s países latino-americanos, possui p e q u e -
n o n ú m e r o d e e n f e r m e i r o s profissionais, p r o b l e m a a g r a v a d o p a r t i c u l a r m e n t e
pela m i g r a ç ã o para países c o m maior d e s e n v o l v i m e n t o econômico-social.
A extensão curricular da Licenciatura e m Enfermagem é d e c i n c o anos,
n ã o existindo subespecializações.
Calcula-se e m 1.700 o n ú m e r o d e e n f e r m e i r a s universitárias g r a d u a d a s
( u m a p a r a c a d a 1.700 h a b i t a n t e s ) , d a s q u a i s s o m e n t e 8 % e s t ã o r a d i c a d a s n o
interior d o p a í s .

b) Escuela d e Sanidad

C r i a d a por Lei O r g â n i c a d o Ministério da S a ú d e Pública e m 1934, é a


ú n i c a i n s t i t u i ç ã o d o c e n t e d o M S P q u e f o r m a p e s s o a l d e nível i n t e r m e d i á r i o
( n ã o u n i v e r s i t á r i o ) . O s c u r s o s t ê m lugar e m M o n t e v i d é u e n o interior do
país.
A f o r m a ç ã o m a i s i m p o r t a n t e c o r r e s p o n d e às auxiliares d e e n f e r m a g e m ,
c o m c a r g a c u r r i c u l a r d e 16 m e s e s . A l é m disso, a E s c o l a f o r m a 12 d i f e r e n t e s
t i p o s d e auxiliares d e s a ú d e .
D u r a n t e o ú l t i m o a n o , essa instituição c o m e ç o u a d e s e n v o l v e r u m a L i -
cenciatura e m Enfermagem, c o m duração d e quatro anos e u m semestre.
exigindo nível secundário d e e d u c a ç ã o e a f o r m a ç ã o prévia d e Auxiliar d e
E n f e r m a g e m c o m d e z a n o s d e experiência prática.

D e m o g r a f í a e M e r c a d o d e T r a b a l h o ( T a b e l a 11)

Informes normativos d e metas para pessoal d e saúde na área das A m é -


ricas e s t a b e l e c e m , c o m o taxa d e s e j á v e l p a r a E n f e r m e i r a s P r o f i s s i o n a i s , 4,5
para c a d a 10.000 habitantes (OPAS, 1973). C o m p a r a n d o essa taxa c o m as
existentes, v e m o s q u e a oferta global d e enfermeiras é a d e q u a d a , embora
exista u m a p é s s i m a d i s t r i b u i ç ã o e n t r e M o n t e v i d é u e o i n t e r i o r d o p a í s .

T A B E L A 11

Distribuição Geográfica d e Pessoal d e Enfermagem


Uruguai

Fonte: Ca/'a de Profesionales Universitarios.


* Taxa por 10.000 habitantes.

N ã o existem d a d o s confiáveis sobre o n ú m e r o e a distribuição d e auxi-


liares d e e n f e r m a g e m , e m b o r a o s c á l c u l o s d a D i v i s ã o d e P l a n i f i c a ç ã o d o M i -
nistério d a S a ú d e P ú b l i c a c o l o q u e m e s s e n ú m e r o e m t o r n o d e 1 5 . 0 0 0 , isto
é, c e r c a d e 10 auxiliares p a r a c a d a e n f e r m e i r a p r o f i s s i o n a l e 5 0 p a r a cada
10.000 habitantes.
O p e s s o a l d e E n f e r m a g e m P r o f i s s i o n a l t e m alta d e m a n d a n o mercado
d e trabalho, e m b o r a e m geral n ã o consiga a c o m p a n h a r essa d e m a n d a com
níveis salariais a d e q u a d o s , d e v i d o à estrutura d e r e p r e s e n t a ç ã o corporativa
d a p r o f i s s ã o , v i n c u l a d a a o r e s t o d e profissionais n ã o - m é d i c o s a t r a v é s d a Fe-
deración Uruguaya de Salud (FUS).
A F U S a g r u p a c e r c a d e 1 8 . 0 0 0 profissionais e f u n c i o n a d e s d e 1 9 6 7 . O r -
ganiza-se p o r e m p r e s a : s e u s s i n d i c a t o s d e b a s e a b r a n g e m o s funcionários
d a s d i v e r s a s p r o f i s s õ e s e m c a d a i n s t i t u i ç ã o . Essa h e t e r o g e n e i d a d e s e r e f l e t e
nas dificuldades d e unificação das r e i v i n d i c a ç õ e s d e setores diferentes - p o r
e x e m p l o , a s r e i v i n d i c a ç õ e s d a s e n f e r m e i r a s profissionais c o m a s d e A u x i l i a -
res d e S e r v i ç o , as p r i m e i r a s d e alta d e m a n d a e baixa o f e r t a , e a s s e g u n d a s ,
e m c o n d i ç õ e s i n v e r s a s . Essa s i t u a ç ã o c o n t r i b u i p a r a a d e p r e c i a ç ã o d a m ã o -
de-obra d a E n f e r m a g e m e m g e r a l , e e m p a r t i c u l a r d e s e u s e t o r p r o f i s s i o n a l .
Q U A D R O L E G A L E É T I C O D O EXERCÍCIO
DE P R O F I S S Õ E S DE S A Ú D E N O URUGUAI

N o U r u g u a i , p a r a q u e o profissional d e s a ú d e p o s s a e x e r c e r sua profis-


s ã o é n e c e s s á r i o , e m p r i m e i r a i n s t â n c i a , o b t e r u m título a c a d ê m i c o n o país
o u revalidado no m e s m o .
U m a v e z o b t i d o , o d i p l o m a d e v e ser registrado n o M i n i s t é r i o d a S a ú d e
Pública através d e seu Departamento de C o o r d e n a ç ã o e Controle, ficando o
p r o f i s s i o n a l h a b i l i t a d o a o e x e r c í c i o d a profissão e m t o d o o território uru-
g u a i o . A l é m d i s s o , o M i n i s t é r i o o u t o r g a u m a carteira d e h a b i l i t a ç ã o profissio-
nal.
D e c l a r a n d o - s e o u n ã o o e x e r c í c i o p r i v a d o d a profissão, o profissional
d e v e t a m b é m r e a l i z a r o registro c o r r e s p o n d e n t e na Caja de Jubilaciones Pro-
fesionales.
A Lei O r g â n i c a d e 1934, q u e criou o Ministério da S a ú d e , previa u m a
e s t r u t u r a d e n o m i n a d a Comisión Honoraria de Salud Pública, formada, segun-
d o r e z a a lei, "por p e s s o a s r e s p e i t á v e i s , e n c a r r e g a d a s d a s u p e r v i s ã o d a s p r o -
fissões d e S a ú d e " , isto é, d o c o n t r o l e d o s a s p e c t o s é t i c o s - n a r e a l i d a d e , u m
t r i b u n a l d e é t i c a e m s a ú d e o r g a n i z a d o p e l o p r ó p r i o E s t a d o . Essa estrutura v i -
gora até hoje.
N o início d e 1 9 9 2 , o Ministério da S a ú d e Pública c o l o c o u e m estudos
u m projeto d e D e c r e t o d o P o d e r Executivo v e r s a n d o sobre regras d e c o n d u -
ta m é d i c a e d i r e i t o s d o s p a c i e n t e s , p r o j e t o d u r a m e n t e q u e s t i o n a d o p e l a s as-
s o c i a ç õ e s d e classe da área médica.
N o entanto, a criação desse colegiado e a aplicação de um Código de
É t i c a q u e a t u e c o m o r e g u l a d o r e c o n t r o l a d o r d a a t i v i d a d e profissional c o n s t i -
t u e m , p a r a o s m é d i c o s e o u t r o s profissionais d a s a ú d e , u m a antiga a s p i r a ç ã o
q u e a t é h o j e , p o r m o t i v o s d i v e r s o s , n ã o c h e g o u a concretizar-se.
O Sindicato M é d i c o d o U r u g u a i teve participação decisiva na r e d a ç ã o
d e u m a n t e p r o j e t o q u e e m 1 9 8 8 foi a p r e s e n t a d o p a r a e s t u d o s à C o m i s s ã o
c o r r e s p o n d e n t e n o P a r l a m e n t o u r u g u a i o e q u e sugeria a i n s t a u r a ç ã o d o C o -
l e g i a d o d e M é d i c o s c o m o " p e s s o a j u r í d i c a p ú b l i c a , n ã o estatal, e n c a r r e g a d a
d e a s s e g u r a r a i n d e p e n d ê n c i a profissional d o s m é d i c o s e o c o n t r o l e d e sua
a t i v i d a d e m o r a l " . Esse ó r g ã o ditaria n o r m a s d e c o m p o r t a m e n t o profissional e
seria o r e s p o n s á v e l p e l a r e s o l u ç ã o d e p r o b l e m a s d e é t i c a e d e d e o n t o l o g i a .
N ã o e x i s t e m i n s t â n c i a s o u p r o j e t o s d e estruturas d e regulamentação
é t i c a o u d e o n t o l ó g i c a d a s c a t e g o r i a s r e s t a n t e s , a l é m d a q u e p o s s a ser reali-
z a d a p o r suas a s s o c i a ç õ e s d e classe.
BIBLIOGRAFIA

Caja d e Jubilaciones d e Profesionales Universitarios del U r u g u a y . Boletines


Informativos.

D i r e c c i ó n G e n e r a l d e Estadísticas y C e n s o s : // Censo Económico Nacional.


Tabulaciones no publicadas. Uruguay, 1979.

D i r e c c i ó n G e n e r a l d e Estadísticas y C e n s o s : /// Censo Económico Nacional.


F a s e I. U r u g u a y , 1 9 8 8 .

M e e r h o f f , R.: El mercado de trabajo médico en el Uruguay. Oficina d e Pla-


n e a m i e n t o y P r e s u p u e s t o , P r e s i d e n c i a d e la R e p ú b l i c a , M o n t e v i d e o , m a r -
z o d e 1 9 8 8 . 1 9 1 p.

M e e r h o f f , R.: I n v e s t i g a c i ó n e n p e r s o n a l d e s a l u d . E g r e s a d o s d e la F a c u l t a d d e
M e d i c i n a d e la U n i v e r s i d a d d e la R e p ú b l i c a , U r u g u a y . Ed. Med. Salud,
vol. 21 no
3,1987.

OPS/OMS: Recomendaciones y metas del Plan Decenal de Salud para las


A m é r i c a s 1 9 7 1 - 1 9 8 0 . Reseñas Ed. Med. Salud, v o l . 7, n o
3 - 4, 1 9 7 3 .

Rial, J . : Salud Pública y clases subalternas en Montevideo a fines del siglo XIX y
comienzos del XX. C I E S U , D T / 4 3 / 8 3 . U r u g u a y , 1 9 8 3 .

R í g o l i , F.: Recursos Humanos en el Sector Salud del Uruguay. P r o y e c t o SISA¬


LUD-CERES, C e n t r o I n t e r n a c i o n a l d e I n v e s t i g a c i o n e s p a r a el D e s a r r o l l o , M i -
meo, Montevideo, 1991.

S c h o n f e l d H . K.: N u m b e r of phisicians required for primary m e d i c a l c a r e .


New England Journal of Medicine. 2 8 6 (3): 571-576.

S M U ( S i n d i c a t o M é d i c o d e l U r u g u a y ) : C e n s o M é d i c o N a c i o n a l . Acción Sindi-
cal, n o
93, Nov.-Dic, 1963.

S M U (Sindicato M é d i c o del U r u g u a y ) - FEMI ( F e d e r a c i ó n M é d i c a del Interior):


Investigación sobre la situación profesional, ocupacional y social de los
médicos en el Uruguay. Equipos Consultores Asociados, Set. d e 1985.
(Mimeo).

S M U ( S i n d i c a t o M é d i c o d e l U r u g u a y ) : Encuesta Médica Nacional, Informe Fi-


nal, A I M B u r k e , M o n t e v i d e o , O c t u b r e d e 1 9 9 0 . ( M i m e o ) .

S M U ( S i n d i c a t o M é d i c o d e l U r u g u a y ) - S e r r a , J . : Estudios preliminares para la


negociación salarial. M o n t e v i d e o , 1 9 9 2 . ( M i m e o ) .

Y a n i c e l l i , E.: Información básica sobre estructura sanitaria y seguros de salud


en el Uruguay. Sindicato M é d i c o del Uruguay. M a r z o d e 1974. ( M i m e o ) .
PARAGUAI: SITUAÇÃO DA
FORMAÇÃO E MERCADO DE
TRABALHO NA ÁREA DA SAÚDE
Alicia Arnau
Célia Regina Pierantoni

INTRODUÇÃO

O Paraguai, c o m o t o d o s o s países da A m é r i c a Latina, enfrenta u m a cri-


se d e transição d o seu m o d e l o d e saúde. É u m país e m i n e n t e m e n t e j o v e m ,
o n d e quase 5 0 % da p o p u l a ç ã o t e m m e n o s d e 15 anos, c o m altos índices d e
n a t a l i d a d e e f e r t i l i d a d e , e l e v a d a s taxas d e m o r t a l i d a d e infantil, c o m u m a i m -
p o r t a n t e p o p u l a ç ã o rural ( 5 4 % d a p o p u l a ç ã o total) e c o m s i g n i f i c a t i v a p r o -
porção v i v e n d o e m c o m u n i d a d e s espalhadas e c o m dificuldades d e c o m u n i -
cação.
O M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e Bem-Estar S o c i a l ( M S P B S ) e n u n c i a , e m
seu discurso, a prioridade nas a ç õ e s d e p r o m o ç ã o e p r e v e n ç ã o e m s a ú d e ;
n o entanto, a maior parte d e seus recursos financeiros e h u m a n o s são aloca-
d o s n a p r e s t a ç ã o d e s e r v i ç o s assistenciais. P a r a isto, c o n t a c o m u n i d a d e s a s -
sistenciais d e d i f e r e n t e s n í v e i s d e c o m p l e x i d a d e e m t o d o o t e r r i t ó r i o n a c i o -
nal.
H á d o i s a n o s , a p r o x i m a d a m e n t e , está e m d e b a t e o t e m a d a d e s c e n t r a l i -
z a ç ã o , p r o v o c a n d o s i t u a ç õ e s d e r e a c o m o d a ç ã o o r g â n i c a e f u n c i o n a l n o s ní-
veis central e regional. O s serviços d e s a ú d e encontram-se e m p r o c e s s o d e
reorganização, c o m o d e s e n v o l v i m e n t o d e iniciativas q u e v i s a m a n o r m a t i z a ¬
ç ã o d a assistência, e s t a b e l e c e n d o os tipos e a natureza d o s serviços, b e m
c o m o a d e f i n i ç ã o d e perfis o c u p a c i o n a i s .
N e s t e p e r í o d o d e transição democrática é notória a intencionalidade
p o l í t i c a d e f o r t a l e c e r a a s s i s t ê n c i a a t r a v é s d a R e d e N a c i o n a l d e S a ú d e , en¬
frentando-se, n o entanto, c o m limitações importantes, tanto para a a l o c a ç ã o
d e r e c u r s o s , c o m o n a c a p a c i d a d e t é c n i c a , q u e permitiria a implementação
desta v o n t a d e d e m u d a n ç a .
Envolvido num contexto de descentralização sobredimencionado buro-
c r a t i c a m e n t e , c o m limitações financeiras e técnicas, o sistema d e s a ú d e a p r e -
senta dois níveis estratégicos d e gestão: u m nível central, c o m limitações t é c -
nicas para realizar o p r o c e s s o d e reforma estrutural; e u m nível regional,
c o m p o s t o d e q u i n z e r e g i õ e s sanitárias, q u e r e a l i z a m a p r e s t a ç ã o d e s e r v i ç o s
através d e hospitais d e terceiro, quarto e quinto nível, junto c o m os centros
e postos d e saúde.
N o s p r o g r a m a s e s u b p r o g r a m a s é nítida a a t r i b u i ç ã o d a f u n ç ã o d e c o n -
d u ç ã o a m é d i c o s e d a s f u n ç õ e s o p e r a t i v a s a o u t r o s profissionais, c o m o a e n -
f e r m e i r a . A o m é d i c o atribui-se, a l é m d o s e u p a p e l c l á s s i c o d e d i a g n ó s t i c o e
terapêutica, t a m b é m o g e r e n c i a m e n t o das instituições; à licenciada e m e n -
f e r m a g e m , a s t a r e f a s d e c o n d u ç ã o , c a p a c i t a ç ã o d e auxiliares e d e s u p e r v i s ã o
r e g i o n a l ; e a o p e s s o a l auxiliar, g r u p o d e b a i x o n í v e l e d u c a t i v o e d e estrato
s o c i a l p o b r e , o s s e r v i ç o s d e auxiliar d e e n f e r m a g e m e a t i v i d a d e s gerais ( l i m -
peza e t c ) .
E m b o r a t e n h a m sido i m p l e m e n t a d o s cursos d e S a ú d e Pública e A d m i -
nistração d e Serviços, há carência d e pessoal capacitado para a função de
condução.
O M S P B S c o n s i d e r a a c a p a c i t a ç ã o c o m o u m a estratégia b á s i c a p a r a a
m u d a n ç a n o m o d e l o a s s i s t e n c i a l . C o m a c o o p e r a ç ã o d a O P S / O M S , foi analisa-
d o o m o d e l o d e c a p a c i t a ç ã o utilizado, t e n d o ficado d e m o n s t r a d o q u e este
se realizava d e f o r m a episódica, c o m base nas necessidades d o nível central.
O e s t u d o p e r m i t i u , a i n d a , q u e a c a p a c i t a ç ã o seja r e o r i e n t a d a s e g u n d o os
princípios d a e d u c a ç ã o p e r m a n e n t e , c u j o d e s e n v o l v i m e n t o na rede d e servi-
ços é até agora incipiente.
O M i n i s t é r i o i n c o r p o r a t e c n o l o g i a d e a c o r d o c o m o s níveis d e c o m p l e -
xidade, da básica a a v a n ç a d a , s e m a v a l i a ç ã o prévia, o q u e c o n d u z a u m a in-
c o r p o r a ç ã o a c r í t i c a , i n c o m p l e t a e c o m déficits n a s u a m a n u t e n ç ã o t é c n i c a .
Na Previdência S o c i a l ( P S ) , o b s e r v a - s e u m a estrutura o r g a n i z a c i o n a l e
f u n c i o n a l c a r a c t e r i z a d a p e l o s níveis c e n t r a l e r e g i o n a l , a m b o s d e s e n v o l v e n d o
u m trabalho c o o p e r a t i v o entre as u n i d a d e s d e s a ú d e , i n d e p e n d e n t e d o seu
grau d e c o m p l e x i d a d e .
E m b o r a a PS t e n h a s e m a n t i d o h i s t o r i c a m e n t e i s o l a d a , n o p e r í o d o d e -
m o c r á t i c o a t u a l verificam-se assinaturas e d e s e n v o l v i m e n t o de acordos de
c o o p e r a ç ã o c o m outras instituições prestadoras d e serviços e formadoras d e
recursos h u m a n o s e m saúde.
Para o d e s e n v o l v i m e n t o e a p l i c a ç ã o progressiva d a política d e s e n h a d a
pelo Conselho Nacional de S a ú d e , estabeleceram-se estratégias d e ação,
c o m diferentes c o m p o n e n t e s programáticos.
Isto inclui linha d e c o o p e r a ç ã o i n t e r i n s t i t u c i o n a l n o c a m p o d a a s s i s t ê n -
cia médica, capacitação d e pessoal e d e s e n v o l v i m e n t o d e projetos d e pes-
quisa. O objetivo deste empreendimento é obter maior eqüidade entre os
diferentes prestadores - logrando, assim, u m a c o b e r t u r a assistencial mais efi-
c i e n t e -, fortalecer o s serviços d e assistência m é d i c a e m e l h o r a r a p r o d u ç ã o
médico-cirúrgico e laboratorial.
O Hospital das Forças A r m a d a s estabelece c o o p e r a ç ã o c o m outras uni-
d a d e s q u e t a m b é m p e r t e n c e m à S a ú d e M i l i t a r , b e m c o m o c o m o u t r a s insti-
t u i ç õ e s assistenciais e d e f o r m a ç ã o .
A divisão d e trabalho apresenta dois níveis d e s e g m e n t a ç ã o : d e um
l a d o , o d e t e r m i n a d o p e l a h i e r a r q u i a militar e , p o r o u t r o , a h e g e m o n i a n o s e -
tor d e c o n d u ç ã o d a g e s t ã o m é d i c a . P o s s u i s i s t e m a d e c a p a c i t a ç ã o perma-
n e n t e e m s e r v i ç o p a r a o g r u p o d e assistência, e n q u a n t o o g r u p o d e g e s t ã o
capacita-se f o r a d o h o s p i t a l .
T a n t o o g r u p o d e g e s t ã o , q u a n t o o d e assistência, t e m a preocupação
c o m a organização d e u m n o v o hospital, t e n d o e m conta q u e o s o r ç a m e n -
tos n ã o t ê m incluído f i n a n c i a m e n t o para recursos h u m a n o s e t e c n o l o g i a .
No Hospital Policial o c o r r e , da m e s m a forma, a dupla segmentação
q u e r e f e r i m o s p a r a o H o s p i t a l d a s FFAA: p e l a h i e r a r q u i a p o l i c i a l e p e l a h e g e -
m o n i a m é d i c a . D e v e - s e assinalar, c o n t u d o , q u e a s o r g a n i z a ç õ e s assistencial
e administrativa são incipientes, e m b o r a se estejam c r i a n d o n o v a s unidades
d e prestação d e serviços.
O Hospital das Clínicas, por sua v e z , iniciou r e c e n t e m e n t e a centraliza-
ç ã o da administração dos recursos financeiros oriundos d o p a g a m e n t o s por
serviços prestados. A s diferentes cátedras apresentam, historicamente, a c a -
racterística d e " f e u d o s " , c o m s e u s p r ó p r i o s s i s t e m a s a s s i s t e n c i a l , f i n a n c e i r o ,
a d m i n i s t r a t i v o e d o c e n t e . Está e m c u r s o u m d i á l o g o p a r a a m u d a n ç a entre
o s d i v e r s o s s e t o r e s , a p e s a r d a resistência a p r e s e n t a d a p r i n c i p a l m e n t e pelos
professores mais antigos.
A Cruz Vermelha Paraguaia criou o primeiro M a n u a l d e N o r m a s e Pro-
c e d i m e n t o s d a instituição, q u e inclui tanto o pessoal d e assistência quanto
d e administração e d e serviços.
N a s instituições privadas o m o d e l o organizacional é diversificado e ex-
pressa a f o r m a específica q u e a d q u i r e , e m c a d a u m a , o r e l a c i o n a m e n t o e n -
tre o s u s u á r i o s e o s p r o f i s s i o n a i s .
Assim, n o setor p r i v a d o d e pré-pagamento, a escolha d o s profissionais
p e l o s u s u á r i o s fica restrita à q u e l e s q u e f i g u r a m n a r e l a ç ã o d a e m p r e s a , s e -
g u n d o o tipo e a natureza d o s serviços (especialidades) q u e p r e s t a m .
N a medicina privada, a c o o p e r a ç ã o entre os m é d i c o s o c o r r e d e dife-
rentes formas. U m e x e m p l o é o d o profissional d e m a i o r prestígio, q u e esta¬
b e l e c e , informalmente, u m sistema d e c o m p l e m e n t a r i e d a d e c o m outros es-
pecialistas na prestação d e serviços, pois é a c o m p a n h a d o d e u m a e q u i p e d e
t r a b a l h o c o n s t i t u í d a d e a j u d a n t e s , anestesistas, p e d i a t r a s e t c .
E m b o r a e s t a s e m p r e s a s n ã o t e n h a m s e e n v o l v i d o n a c a p a c i t a ç ã o profis-
sional, a t u a l m e n t e estão se e s t a b e l e c e n d o , na área privada, residências e m
s u b e s p e c i a l i d a d e s ( c a s o s d o s s a n a t ó r i o s Bautista e M i g n o n e ) .

MERCADO DE TRABALHO

O n ú m e r o d e profissionais q u e c a d a instituição e m p r e g a t e m r e l a ç ã o
d i r e t a c o m a c o b e r t u r a q u e o f e r e c e . A s s i m , o m a i o r e m p r e g a d o r d e profis-
s i o n a i s d e s a ú d e é o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e Bem-Estar S o c i a l , q u e
a t e n d e c e r c a d e 6 5 % da p o p u l a ç ã o . E m seguida, e m o r d e m decrescente, e n -
c o n t r a m - s e a P r e v i d ê n c i a S o c i a l , q u e s e e n c a r r e g a d o s a s s a l a r i a d o s d o país,
c o m u m a c o b e r t u r a d e 1 6 % d o t o t a l ; a P r e v i d ê n c i a Militar, q u e assiste a o s
m i l i t a r e s e s u a s famílias e a t u a n a s e m e r g ê n c i a s n a c i o n a i s , o f e r e c e n d o uma
cobertura d e 1 0 % ; o Hospital d e Clínicas, entidade d o c e n t e d e graduação e
pós-graduação da Universidade Nacional d e Assunção, q u e atende a 2 % da
p o p u l a ç ã o , e outras instituições m e n o r e s e as e m p r e s a s particulares d e a t e n -
ç ã o q u e s e e n c a r r e g a m d e 7 % d a c o b e r t u r a total.

N ú m e r o de Cargos Oferecidos pelo


M i n i s t é r i o d e S a ú d e Pública e Bem-Estar Social

F o n t e : OPAS.
N ú m e r o de Cargos Oferecidos pelo
Instituto d e Previdência Social

Fonte: OPAS.

N ú m e r o d e Cargos Oferecidos por O u t r a s Instituições Paraguaias

Fonte: OPAS.

Estas instituições a p r e s e n t a m v á r i a s c a r a c t e r í s t i c a s e m comum, bem


c o m o particularidades e m r e l a ç ã o a o sistema d e admissão, c o n t r a t a ç ã o e re-
m u n e r a ç ã o dos funcionários.
O s critérios utilizados p a r a fixar o m o n t a n t e salarial n o s e t o r p ú b l i c o e
na P r e v i d ê n c i a Social estão f o r t e m e n t e c o n d i c i o n a d o s por critérios estabele-
cidos pelo Ministério da Fazenda, c o m u m teto orçamentário para c a d a cate-
goria. Esta s i t u a ç ã o d e n o t a a falta d e n o r m a s d e c l a s s i f i c a ç ã o d e c a r g o s q u e
l e v e m e m c o n t a as f u n ç õ e s , a t i v i d a d e s e r e s p o n s a b i l i d a d e s d o s t r a b a l h a d o ¬
r e s e m s a ú d e . A isso soma-se a falta d e u m a r e l a ç ã o h i e r á r q u i c a q u e d e f i n a
c l a r a m e n t e as regras d o j o g o entre e m p r e g a d o r e e m p r e g a d o .
O salário a b r a n g e diferentes v í n c u l o s empregatícios, c o m a m e s m a m o -
d a l i d a d e e m p r e g a d a tanto para o pessoal p e r m a n e n t e q u a n t o para o interino
contratado.
A f o r m a d e r e m u n e r a ç ã o a t r a v é s d o p a g a m e n t o p o r t e m p o o u salário é
a ú n i c a utilizada pelas p r e v i d ê n c i a s públicas (Ministério da S a ú d e , Hospital
d e C l í n i c a s , FFAA, IPS e t c ) . A s o u t r a s m o d a l i d a d e s d e p r e v i d ê n c i a p r i v a d a e s e -
g u r o s d e s a ú d e a d o t a m u m a f o r m a d e c o n t r a t a ç ã o mista: a l é m d o t e m p o ,
paga-se t a m b é m p o r p r o d u t i v i d a d e .
Existem, e m a l g u m a s instituições, certas formas d e incentivo - C a t e g o -
rias m o n e t á r i o o u n ã o - a l g u m a s d a s q u a i s s ã o m e n c i o n a d a s a seguir.
N a P r e v i d ê n c i a S o c i a l , n o i n í c i o d e c a d a a n o e s c o l a r , é feita a e n t r e g a
d o 14 o
salário a o s funcionários, c o m o incentivo e a p o i o à e s c o l a r i z a ç ã o d o s
filhos. T a m b é m é u s u a l , n a s i n s t i t u i ç õ e s d o setor, o f o r n e c i m e n t o d e a u t o m ó -
veis e combustível aos funcionários dos escalões superiores.
No Hospital N a c i o n a l (Ministério da S a ú d e ) , u m hospital d e grande
c o m p l e x i d a d e situado a 36 K m da capital, além d o fornecimento d e veículos
e c o m b u s t í v e l a o p e s s o a l d o s e s c a l õ e s s u p e r i o r e s , abona-se m e i a p a s s a g e m
d o transporte d e todos os funcionários.
A t é o início d o a n o d e 1 9 9 4 , o p e s s o a l d a s F o r ç a s A r m a d a s , assim
c o m o o d a P o l í c i a , r e c e b i a u m c o m p l e m e n t o salarial c o r r e s p o n d e n t e a u m a
r e f e i ç ã o p a r a o f u n c i o n á r i o e s u a família; e s s e c o m p l e m e n t o v a r i a v a s e g u n d o
o n ú m e r o d e integrantes d e c a d a núcleo. Atualmente, esse tipo d e incentivo
foi s u b s t i t u í d o p o r u m a r e m u n e r a ç ã o m o n e t á r i a extra-salarial, q u e v a r i a s e -
g u n d o a família d e c a d a f u n c i o n á r i o .
O u t r a s instituições, c o m o o Hospital d e Clínicas e a C r u z V e r m e l h a P a -
raguaia, n ã o o f e r e c e m qualquer tipo d e estímulo. N o entanto, parece-nos i m -
portante destacar q u e n e n h u m funcionário da C r u z V e r m e l h a Paraguaia re-
c e b e u m salário m e n o r d o q u e o m í n i m o e s t a b e l e c i d o pelo g o v e r n o para-
guaio.
N a s instituições particulares d e pré-pagamento existem sistemas d e in-
c e n t i v o s m o n e t á r i o s , c o m o p a g a m e n t o d e p r ê m i o s a d e t e r m i n a d o s profis-
s i o n a i s p o r b o a a t u a ç ã o , n o final d e c a d a a n o ; e s s e s e o u t r o s m é t o d o s d e
a p o i o a o f u n c i o n á r i o n ã o s ã o p a d r o n i z a d o s , e f a z e m p a r t e d e a c o r d o s infor-
mais entre empregadores e empregados.
É importante observar q u e o C e n s o N a c i o n a l d e 1993 permitiu deter-
m i n a r o s d a d o s r e l a t i v o s a o n ú m e r o d e profissionais d a s c a t e g o r i a s a q u i f o c a -
lizadas a t u a n d o e m A s s u n ç ã o , a saber:
Fonte: OPAS.

SISTEMA FORMADOR E S U A S INSTITUIÇÕES

Medicina

N o Paraguai, a f o r m a ç ã o d e m é d i c o s está a c a r g o d e d u a s e s c o l a s d e
Medicina: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional d e As-
s u n ç ã o e F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d e Villarrica d a U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a N o s -
sa S e n h o r a d e A s s u n ç ã o .
N o período compreendido entre 1980 e 1 9 9 2 , observa-se u m a dimi-
nuição importante d o n ú m e r o d e matriculados n o primeiro a n o (taxa de
c r e s c i m e n t o d e 0 , 0 7 9 e m u m p e r í o d o d e 13 a n o s ) . C o n s e q ü e n t e m e n t e , o
n ú m e r o d e m a t r í c u l a s totais d i m i n u i u ( c o m u m a t e n d ê n c i a e s t á v e l e l e v e -
mente decrescente).
Em 1980 egressaram 110 h o m e n s ( 6 2 % ) e 65 mulheres ( 3 8 % ) , e em
1 9 9 1 titularam-se 6 7 h o m e n s ( 5 8 % ) e 4 9 m u l h e r e s ( 4 2 % ) , o u seja, u m l e v e
a u m e n t o n a p r o p o r ç ã o d e m u l h e r e s ( 4 % ) e m 12 a n o s .

Faculdade de Ciências Médicas (UNA)


A FCM/UNA, centenária casa d e estudos, iniciou suas atividades n o a n o
d e 1 8 8 9 e, d e s d e e n t ã o , t e m f o r m a d o n u m e r o s a s t u r m a s d e m é d i c o s .
O ingresso d e alunos à F M C / U N A é feito l o g o a p ó s a c o n c l u s ã o d a e d u -
cação secundária, mediante a apresentação dos documentos requeridos
para a inscrição a o e x a m e d e ingresso p r e p a r a d o pela u n i d a d e d o c e n t e . O s
e x a m e s d e admissão, e t u d o o q u e diz respeito a eles, estão a c a r g o d o C o -
mitê d e Admissão da Faculdade.
O e x a m e d e admissão é obrigatório e t e m vagas limitadas, estabeleci-
das pelo C o n s e l h o Universitário Superior; consiste e m perguntas sobre Ma¬
t e m á t i c a , Física, Q u í m i c a e B i o l o g i a , s e n d o utilizada a m e t o d o l o g i a d a múlti-
pla e s c o l h a . A s p r o v a s s ã o c o r r i g i d a s p e l o C o n s e l h o d e A d m i s s ã o , q u e e n v i a
a o C o n s e l h o Diretor da F a c u l d a d e os resultados e os currículos escolares. O
C o n s e l h o D i r e t o r e l a b o r a o r e l a t ó r i o final e o r e m e t e a o C o n s e l h o U n i v e r s i -
tário Superior, para h o m o l o g a ç ã o .
O c u r s o t e m d u r a ç ã o d e seis a n o s , f i n d o s o s q u a i s a F M C o u t o r g a u m
certificado d e conclusão. O aluno apresenta esse Certificado d e Estudos à
R e i t o r i a d a U N A , p a r a q u e esta p o s s a e x p e d i r o D i p l o m a d e E s t u d o s q u e o
habilita c o m o M é d i c o - C i r u r g i ã o .
O C o n s e l h o Diretor da FMC, através d e Resolução d e 1989, estabele-
c e u a o b r i g a t o r i e d a d e d e u m p e r í o d o r o t a t i v o c o m o m é d i c o - i n t e r n o ; na p r á -
t i c a , p o r é m , isso n ã o é c u m p r i d o , t e n d o s e t r a n s f o r m a d o n u m a o p ç ã o p e s -
soal e d e pós-graduação, c o n d i ç ã o indispensável s o m e n t e para os q u e d e s e -
j a m realizar u m a carreira d o c e n t e .
A s r a z õ e s q u e l e v a r a m a isso s ã o n u m e r o s a s , e e n t r e e l a s e s t ã o as e n o r -
m e s dificuldades orçamentárias da Faculdade, q u e não tem c o n d i ç õ e s para
p a g a r salários a t o d o s o s a l u n o s d u r a n t e s e u p e r í o d o d e i n t e r n a t o . D e v e m o s
t a m b é m ter e m c o n t a a p r e s s ã o d a s a s s o c i a ç õ e s estudantis d o s a l u n o s , q u e
d e s e j a m ingressar n o m e r c a d o d e t r a b a l h o i m e d i a t a m e n t e o u iniciar a f o r m a -
ç ã o nas residências médicas.
Os programas d e estudos v ê m sofrendo leves variações; há alguns
anos, f o r a m incluídas matérias sobre saúde pública e h o u v e u m a certa inten-
ç ã o d e a c e s s o a u m discurso d e caráter mais social, q u e n ã o teve continuida-
de.
A f o r m a ç ã o s e g u e u m m o d e l o b i o l ó g i c o , e m b o r a insista-se n a q u a l i d a -
d e da relação médico-paciente; no entanto, o número elevado de doentes e
a e s c a s s e z d e r e c u r s o s d i s p o n í v e i s t o r n a m m u i t o difícil o a c e s s o d o s e s t u d a n -
tes a a ç õ e s c o m u n i t á r i a s o u à a n á l i s e d o s c o m p o n e n t e s e m o c i o n a i s e sócio-
a m b i e n t a i s d a assistência.
N a graduação, a Faculdade de Ciências M é d i c a s é encarregada da con-
c e p ç ã o , e l a b o r a ç ã o e avaliação d o s cursos. O e s p a ç o d e prática e aprendi-
z a d o d o s a l u n o s limita-se às a u l a s e a o H o s p i t a l d e C l í n i c a s , q u e é o ó r g ã o
assistencial da F a c u l d a d e .

Faculdade de Medicina de Villarrica (CICA)


A F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d e Villarrica ( U C A ) encontra-se a 2 0 0 k m d a
C a p i t a l . F o i c r i a d a n a á r e a rural d o p a í s p a r a o f e r e c e r a o s j o v e n s d o interior
c o n d i ç õ e s d e seguirem a carreira m é d i c a , c o m ênfase na M e d i c i n a Rural. Foi
r e c o n h e c i d a p e l o P o d e r Executivo e m 1989, t e n d o seus currículos h o m o l o -
gados c o m os da Faculdade d e Ciências M é d i c a s da U N A , s e m no entanto
p e r d e r a i d e n t i d a d e d e u m p r o g r a m a p r ó p r i o d a U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a . Essa
h o m o l o g a ç ã o permitiu a rotação dos alunos nos programas d o Hospital d e
Clínicas da F C M . D O c o r p o d o c e n t e , 8 0 % v ê m d a F C M / U N A e 2 0 % são profis-
sionais l o c a i s .
O c u r r í c u l o d a F a c u l d a d e d e M e d i c i n a d e Villarrica p r e v ê seis a n o s d e
e s t u d o s , c o m a s p r á t i c a s assistenciais s e n d o r e a l i z a d a s n o H o s p i t a l Espírito
S a n t o , ó r g ã o assistencial d a U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a . F i n a l i z a d a a p r o g r a m a ç ã o
estabelecida, a Reitoria da U C A e x p e d e o D i p l o m a d e M é d i c o Cirurgião.

Pós-Graduaçâo
S e g u n d o o s e s t a t u t o s d a F C M , o i n t e r n a t o r o t a t i v o c o r r e s p o n d e a gra-
d u a ç ã o , e m b o r a , na p r á t i c a , t e n h a s e t r a n s f o r m a d o e m p ó s - g r a d u a ç ã o com
as características o p c i o n a i s . O s estudantes q u e d e s e j a m c o n t i n u a r u m a resi-
d ê n c i a dentro da F C M OU continuar a carreira d o c e n t e universitária n o â m b i -
to da m e s m a f a c u l d a d e são o s q u e c u m p r e m o internato rotativo.
A s instituições públicas e privadas e da S e g u r i d a d e S o c i a l realizam u m
trabalho d e c a p a c i t a ç ã o , o f e r e c e n d o residências m é d i c a s nas diferentes es-
p e c i a l i z a ç õ e s ; p o r isso, d i a n t e d a falta d e c o o r d e n a ç ã o das atividades, o
Conselho Nacional d e S a ú d e encarregou seu C o m i t ê d e Recursos H u m a n o s ,
presidido pelo D e c a n o da Faculdade d e Ciências M é d i c a s , da análise e regu-
l a m e n t a ç ã o d o setor. D u r a n t e dois a n o s as instituições f o r m a d o r a s e presta-
d o r a s d e s e r v i ç o s reuniram-se, r e s u l t a n d o daí u m P r o g r a m a N a c i o n a l d e R e s i -
d ê n c i a s M é d i c a s , c o m u m a n t e p r o j e t o d e lei q u e a g u a r d a e n v i o a o Parla-
mento Nacional.
A pós-graduação, e m nível n a c i o n a l , ficou reduzida às residências m é d i -
c a s e à b u s c a d e s e r v i ç o s e s p e c i a l i z a d o s , p o i s i n e x i s t e m e s c o l a s d e pós-gra-
d u a ç ã o e escolas d e graduação q u e emitam certificados d e especialização.

Odontologia

A F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a d a U N A foi c r i a d a e m 1 9 3 8 . A s c o n d i ç õ e s
d e admissão e o r e g u l a m e n t o interno da f a c u l d a d e são similares a o descrito
n o texto relativo à F a c u l a d a d e d e Ciências M é d i c a s .
O c u r s o t e m a d u r a ç ã o d e c i n c o a n o s , a o t é r m i n o d o s q u a i s emite-se
u m C e r t i f i c a d o d e E s t u d o s q u e p e r m i t e a o a l u n o iniciar o s t r â m i t e s j u n t o à
R e i t o r i a d a U N A , q u e o habilita a o e x e r c í c i o p r o f i s s i o n a l m e d i a n t e o D i p l o m a
de Doutor e m Odontologia.
A F a c u l d a d e f o r m a profissionais n ã o - e s p e c i a l i z a d o s , c o m c o n d i ç õ e s d e
d e s e m p e n h a r a d e q u a d a m e n t e a p r á t i c a c o t i d i a n a . Trata-se d e u m a f a c u l d a d e
e m i n e n t e m e n t e manual - o trabalho é aprendido através da prática c o n t í n u a
e supervisionada. É importante destacar q u e o n ú m e r o c a d a v e z maior de
pacientes, assim c o m o o instrumental escasso e ultrapassado, c r i a m a reali-
d a d e q u e enfrentam tanto os estudantes q u a n t o os profissionais d o c e n t e s ;
a p e s a r disso, o s profissionais d i p l o m a d o s c o n t a m c o m b o a i n s e r ç ã o n o m e r -
c a d o d e trabalho nacional.
H á u m d e b a t e corrente sobre a inclusão d e mais u m a n o n o currículo,
p o r h a v e r e x c e s s o d e h o r a s d e t r a b a l h o e m a l g u n s a n o s . Essa i n c l u s ã o p o s s i -
bilitaria a e x i s t ê n c i a d e u m i n t e r n a t o r o t a t i v o , c o m p a s s a g e m p e l o interior d o
país.
A Faculdade d e O d o n t o l o g i a da U N A era a única formadora d e o d o n t ó -
l o g o s a t é o a n o d e 1 9 9 2 , q u a n d o foi c r i a d a u m a f a c u l d a d e particular, n o â m -
b i t o d o C í r c u l o P a r a g u a i o d e O d o n t ó l o g o s (gremial-científico).
E m referência a o n ú m e r o d e matrículas n o primeiro a n o , observa-se
u m a t e n d ê n c i a e s t á v e l e l e v e m e n t e c r e s c e n t e d e s d e 1 9 8 3 . A taxa d e c r e s c i -
m e n t o e n t r e 1 9 8 0 e 1 9 9 2 foi d e 6 % . A taxa d e c r e s c i m e n t o d e f o r m a d o s é
d e 0 , 0 2 6 . E s t u d o r e a l i z a d o r e c e n t e m e n t e m o s t r a q u e o s m a t r i c u l a d o s n o pri-
m e i r o a n o p r o v ê m d a c l a s s e m é d i a , s ã o c o m e r c i a n t e s e t c , e m geral d e á r e a s
u r b a n o - m e t r o p o l i t a n a s . A f e m i n i z a ç ã o é o u t r o t r a ç o d o m i n a n t e n e s t a profis-
são.

Pós-Graduação
A f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o e m O d o n t o l o g i a é r e a l i z a d a a partir d e
prática, e m cursos particulares d e atualização o u cursos d e especialização
n o exterior.

F a r m á c i a e Bioquímica

A F a c u l d a d e d e B i o q u í m i c a d a U N A foi f u n d a d a e m 1 9 4 9 . A s c o n d i ç õ e s
d e a d m i s s ã o e o r e g u l a m e n t o i n t e r n o d a F a c u l d a d e s ã o similares a o s d e s c r i -
tos n o texto c o r r e s p o n d e n t e à F C M .
O c u r s o t e m a d u r a ç ã o d e seis a n o s , a o t é r m i n o d o s q u a i s emite-se u m
C e r t i f i c a d o d e E s t u d o s q u e p e r m i t e a o a l u n o iniciar o s t r â m i t e s j u n t o à R e i t o -
ria d a U N A , q u e o habilita a o e x e r c í c i o profissional m e d i a n t e o D i p l o m a d e
D o u t o r e m B i o q u í m i c a . Essa F a c u l d a d e f o r m a profissionais p r á t i c o s , c o m b o a
i n s e r ç ã o n o m e r c a d o profissional.
A s F a c u l d a d e s d e Q u í m i c a e F a r m á c i a d a U C A e n c o n t r a m - s e n o interior
d o país - u m a e m Villarrica, a 2 0 0 k m d a Capital, e a outra, na C i u d a d del
E s t e , a 3 2 8 k m d a C a p i t a l . E m a m b a s , o c u r s o t e m a d u r a ç ã o total d e c i n c o
anos, findos os quais a U C A e x p e d e o D i p l o m a d e Q u í m i c o Farmacêutico.

Pôs-Graduação
A f o r m a ç ã o d e p ó s - g r a d u a ç ã o e m B i o q u í m i c a s e realiza a partir d a p r á -
tica, e m cursos particulares d e atualização o u cursos d e e s p e c i a l i z a ç ã o no
exterior.
Licenciatura em E n f e r m a g e m

Escola Andres Barbero

A E s c o l a foi c r i a d a e m 1 9 3 9 p e l o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e B e m - E s ¬
tar S o c i a l s o b o n o m e d e E s c o l a d e V i s i t a d o r e s d e H i g i e n e . N o a n o d e 1 9 4 1 ,
r e c e b e u o n o m e d e Escola Polivalente d e Visitadores d e H i g i e n e , f o r m a n d o
e n f e r m e i r o s h o s p i t a l a r e s , o b s t e t r a s rurais e n u t r i c i o n i s t a s . E m 1 9 5 2 e s t a b e l e -
ceu-se a L i c e n c i a t u r a e m E n f e r m a g e m , O b s t e t r í c i a e S e r v i ç o S o c i a l , e em
1 9 6 4 a E s c o l a foi i n c o r p o r a d a à U n i v e r s i d a d e N a c i o n a l d e A s s u n ç ã o . E n t r e
1984 e 1 9 9 1 , a E n f e r m a g e m desvinculou-se da Obstetrícia, c o m a c o n s e -
q ü e n t e diversificação d o s currículos; atualmente ela é s u b o r d i n a d a à Facul-
dade de Ciências Médicas da UNA.
O p r o c e d i m e n t o d e a d m i s s ã o é similar a o d e o u t r a s i n s t i t u i ç õ e s d a U n i -
versidade N a c i o n a l d e Assunção. O s cursos d e Enfermagem e Obstetrícia
t ê m d u r a ç ã o d e c i n c o anos. A análise d e seu processo histórico permite-nos
observar que o número de diplomados e m Enfermagem decresce entre
1980 e 1 9 8 5 , e m parte por causa d a divisão das carreiras, m a s s o b r e t u d o
porque a Obstetrícia goza d e melhor inserção n o m e r c a d o d e trabalho, as-
sim c o m o d e m a i o r a u t o n o m i a p r o f i s s i o n a l . D e 1 9 8 6 a 1 9 9 2 , e s s a t e n d ê n c i a
mostra-se e s t á v e l , e m b o r a e r r á t i c a .

Licenciatura em Enfermagem e Obstetrícia


A Universidade Católica N o s s a S e n h o r a da A s s u n ç ã o possui unidades
f o r m a d o r a s e m A s s u n ç ã o , E n c a r n a ç ã o e Villarrica.
O i n g r e s s o a essas u n i d a d e s é feito a partir d o s i s t e m a estabelecido
p e l a U C A . O s a l u n o s , e m s u a m a i o r i a , s ã o j o v e n s d o interior. O c u r s o t e m d u -
r a ç ã o d e c i n c o a n o s , a o c a b o d o s q u a i s o a l u n o r e c e b e o título d e g r a d u a d o
e m Enfermagem e Obstetrícia.

Pós-Graduação
A Universidade Católica possui a Escola d e Pós-Graduação e m Enfer-
m a g e m . A capacitação e m serviços é o m e c a n i s m o habitual d e formação,
salvo nos casos d e alunos q u e b u s c a r a m especializações formais n o estran-
geiro.

Pessoal Auxiliar
A f o r m a ç ã o d e auxiliares c o m p e t e a o M i n i s t é r i o d e S a ú d e P ú b l i c a e
B e m Estar S o c i a l , a t r a v é s d o C e n t r o d e F o r m a ç ã o d e A u x i l i a r e s d e E n f e r m a -
g e m e d e Auxiliares e m Obstetrícia Rural.
S o m a m - s e a esta f o r m a ç ã o instituições d e serviços, c o m o o Hospital d e
C l í n i c a s e a s S e c ç õ e s C o l o r a d a s ( p o l í t i c a s ) . Estas últimas e s t ã o s e n d o r e g u l a -
m e n t a d a s p e l o M i n i s t é r i o d a S a ú d e , exigindo-se o c u m p r i m e n t o d e requisitos
b á s i c o s p a r a a f o r m a ç ã o . A t e n d ê n c i a d o s auxiliares d e e n f e r m a g e m f o r m a -
dos é levemente decrescente desde 1980.

Planejamento Educacional

O planejamento educacional v e m ocorrendo historicamente de forma


s e p a r a d a e n t r e as instituições f o r m a d o r a s e utilizadoras, e m especial o MSPBS.
N a g e s t ã o a t u a l , a s a u t o r i d a d e s universitárias e d o M i n i s t é r i o c h e g a r a m
a u m a c o r d o d e trabalhar c o n j u n t a m e n t e na área d e recursos h u m a n o s e m
saúde. C o m o resultado deste acordo, desenvolveram-se programas e a ç õ e s
d e c a p a c i t a ç ã o e m n í v e l d e p ó s - g r a d u a ç ã o ( s a ú d e p ú b l i c a , materno-infantil
etc).
N a graduação, apesar d o entendimento c o m u m da necessidade de m e -
lhorar o p r o c e s s o d e articulação, n ã o foram obtidos a v a n ç o s importantes, ex-
c e t o n o c a s o d o projeto d a XIII R e g i ã o Sanitária, f i n a n c i a d o pelo Fundação
Kellogg.
A c o o p e r a ç ã o técnica da O P S contribuiu para q u e algumas Escolas (En-
f e r m a g e m , Auxiliares e O d o n t o l o g i a ) d e s e n v o l v a m m u d a n ç a s curriculares. A
F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s M é d i c a s n ã o m o d i f i c o u s u a estrutura c u r r i c u l a r ; ela s e
d e b a t e c o m p r o b l e m a s financeiros e d e o r g a n i z a ç ã o interna da d o c ê n c i a e
da prestação d e serviços.

Regulamentações

A r e d e u n i v e r s i t á r i a é a q u e p e r m i t e , e m n í v e l n a c i o n a l , a o u t o r g a d e tí-
t u l o s p r o f i s s i o n a i s . A m b a s as u n i v e r s i d a d e s ( N a c i o n a l e C a t ó l i c a ) possuem
estatutos e r e g u l a m e n t o s para sua o r g a n i z a ç ã o e f u n c i o n a m e n t o .
Existe u m a t e n d ê n c i a à a b e r t u r a d e n o v a s e s c o l a s d e f o r m a ç ã o e m s a ú -
d e . H á d e z a n o s foi c r i a d a n o interior d o país, v i s a n d o a d e s c e n t r a l i z a ç ã o , a
F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s M é d i c a s d e Villarrica, d a U n i v e r s i d a d e C a t ó l i c a . M a i s
r e c e n t e m e n t e , f o r a m criadas u m a F a c u l d a d e d e O d o n t o l o g i a e, para outras
p r o f i s s õ e s , c o m o E n f e r m a g e m , a b r e m - s e i n s t i t u i ç õ e s d e f o r m a ç ã o t é c n i c a ter-
ciária. O pessoal t é c n i c o é f o r m a d o b a s i c a m e n t e p e l o MSPBS.
N ã o existem, n a c i o n a l m e n t e , n e m e s p a ç o s n e m m e c a n i s m o s d e avalia-
ç ã o integral o u c o n t r o l e social d a e d u c a ç ã o e m s a ú d e .

Serviço S o c i a l

A F C M e s t a b e l e c e u u m internato rotatório obrigatório nas quatro e s p e -


c i a l i d a d e s b á s i c a s e m s e r v i ç o s d a á r e a m e t r o p o l i t a n a , c o m u m e s t á g i o rural.
H o u v e , e m anos recentes, uma mobilização d e estudantes contra a obrigato¬
riedade d o serviço social, invocando-se questões d e r e m u n e r a ç ã o , c o n d i ç õ -
es programáticas e d e supervisão etc.
A licenciatura e m Enfermagem estabelece u m serviço social melhor
aceito por prestadores e estudantes.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

O C e n s o Nacional d e 1985 mostra a grande c o n c e n t r a ç ã o dos Recur-


sos H u m a n o s e m s a ú d e n a c a p i t a l e g r a n d e s c i d a d e s . N o c a s o d o s m é d i c o s ,
quase 8 0 % d e s e n v o l v e m sua prática na área metropolitano d e A s s u n ç ã o . A
R e g i ã o O r i e n t a l ( C i u d a d del Este, E n c a r n a c i ó n e M é d i o O r i e n t a l ) é p o l o d e
a t r a ç ã o n o interior. A R e g i ã o O c i d e n t a l , c o m baixa d e n s i d a d e p o p u l a c i o n a l ,
déficit d e e s t r a d a s , a r i d e z e t e m p e r a t u r a s e l e v a d a s , beneficia-se a p e n a s de
s e r v i ç o s militares d e assistência.
E m O d o n t o l o g i a , a c o n c e n t r a ç ã o é s e m e l h a n t e para os dentistas ( 8 0 %
estão na área metropolitana), e n q u a n t o 6 2 % dos t é c n i c o s encontram-se n o
interior.
O pessoal d e e n f e r m a g e m d e nível superior t e m 8 1 % c o n c e n t r a d o na
á r e a d a c a p i t a l , q u e a c o l h e t a m b é m 4 5 , 5 % d o p e s s o a l auxiliar. A enferma-
g e m o b s t é t r i c a ( n í v e i s t é c n i c o e auxiliar) t e m a p e n a s 2 9 % d o p e s s o a l n a c a -
pital, p o i s o m e r c a d o d e m e l h o r i n s e r ç ã o encontra-se n o interior. Q u a n t o a o
pessoal t é c n i c o , 5 2 , 8 % encontra-se na capital, o m e s m o o c o r r e n d o c o m p e s -
soal d e farmácia.
N ã o e x i s t e m e s t u d o s s o b r e m i g r a ç ã o i n t e r n a d e profissionais, e m b o r a
s e p o s s a inferir q u e A s s u n ç ã o é p ó l o d e a t r a ç ã o d e m o g r á f i c a p o d e r o s o , t a n -
to para a f o r m a ç ã o e a c a p a c i t a ç ã o , q u a n t o para o exercício profissional.

C O N T R O L E D O EXERCÍCIO P R O F I S S I O N A L E D A S
ESPECIALIDADES

O controle das profissões o u o c u p a ç õ e s e m nível nacional, e m especial


a r e g u l a ç ã o d o e x e r c í c i o p r o f i s s i o n a l , i n c l u s i v e d o s n í v e i s t é c n i c o e auxiliar,
está e n u n c i a d o n o C ó d i g o S a n i t á r i o .
O controle d o exercício d a prática m é d i c a está a c a r g o d o Ministério
d a S a ú d e , através d o D e p a r t a m e n t o d e C o n t r o l e Profissional q u e e s t a b e l e c e
o s requisitos b á s i c o s p a r a a h a b i l i t a ç ã o p a r a o e x e r c í c i o p r o f i s s i o n a l d e m é d i -
c o s t é c n i c o s e auxiliares. O D e p a r t a m e n t o c o n t a c o m u m a o r g a n i z a ç ã o mí-
nima, c o m u m chefe q u e é a d v o g a d o e u m a c o m p o s i ç ã o n ã o situada na es-
trutura d e g e s t ã o d e r e c u r s o s h u m a n o s , o q u e limita s u a a ç ã o .
O s p r o c e d i m e n t o s para a habilitação são simples. Para m é d i c o s nacio-
nais, c o n s i s t e a p e n a s n a a p r e s e n t a ç ã o d o título original e f o t o c ó p i a , d o c u -
m e n t o d e i d e n t i d a d e e p a g a m e n t o d e taxa d e c e r c a d e U S $ 2 2 , 0 0 .
N o c a s o d e f o r m a d o s n o exterior, i n t e r v é m n a h a b i l i t a ç ã o a R e i t o r i a d a
Universidade N a c i o n a l d e A s s u n ç ã o , q u e r e v a l i d a o título ( c u s t o d e US$
5 5 0 , 0 0 ) , e m t r â m i t e q u e d u r a e n t r e 3 m e s e s e 1 a n o e q u e e x i g e , a l é m disso,
d o c u m e n t a ç ã o d e imigração e visto d e residência d e 1 a n o , í n d i c e analítico
d e m a t é r i a s , c e r t i f i c a d o d e é t i c a d o p a í s d e o r i g e m e a taxa d e U S $ 2 2 , 0 0 d o
Ministério da Saúde.
E m a m b o s os casos, a d u r a ç ã o da habilitação é d e c i n c o anos, c o m re-
n o v a ç ã o e x i g i d a a o final d e s t e p e r í o d o .
O s m é d i c o s estrangeiros habilitados p r o v ê m principalmente da Argenti-
n a , Brasil, P e r u , B o l í v i a , C h i l e e U r u g u a i . A l g u n s profissionais n a c i o n a i s reali-
z a m sua f o r m a ç ã o d e pós-graduação e m países latino-americanos. Estados
U n i d o s o u e m países e u r o p e u s , c o m o Espanha, França, Bélgica e A l e m a n h a .
N o c a s o d e m é d i c o s o r i u n d o s d e países asiáticos (China, C o r é i a etc.),
exige-se i n f o r m a ç õ e s c u r r i c u l a r e s m i n u d e n t e s , f i c a n d o a r e v a l i d a ç ã o p o r c o n -
ta d a U n i v e r s i d a d e N a c i o n a l . P a r a profissionais d e B i o q u í m i c a , P s i c o l o g i a e
O d o n t o l o g i a exige-se o m e s m o p r o c e d i m e n t o .
C o m r e s p e i t o a t é c n i c o s e auxiliares, r e c o n h e c e - s e u m a a m p l a e v a r i a -
da g a m a d e o c u p a ç õ e s e m saúde, c o m o técnicos e m Radiologia, O d o n t o l o -
gia, L a b o r a t ó r i o , E n f e r m a g e m , O b s t e t r í c i a , H e m o t e r a p i a , A n e s t e s i a , Fisiatría,
M a s s a g e m , Ó t i c a , P o d o l o g i a e t c . N e s t e s c a s o s a v a l i d a ç ã o d o título é feita
p e l o Ministério das R e l a ç õ e s Exteriores e n ã o p e l o Ministério d a S a ú d e .
M a i s r e c e n t e m e n t e , o D e p a r t a m e n t o d e C o n t r o l e Profissional v e m in-
tervindo na r e g u l a m e n t a ç ã o d e o c u p a ç õ e s , t e n d o regulado o exercício d o s
ó t i c o s . É i m p o r t a n t e n o t a r q u e existe, n o país, u m a m p l o m e r c a d o d e ó t i c a s
e m crescimento, pelo q u e conjuntamente a Associação d e Óticas d o Para-
guai e o Ministério d a S a ú d e regulamentaram o exercício desta o c u p a ç ã o .
C o m r e s p e i t o à r e g u l a ç ã o e c o n t r o l e d a s e s p e c i a l i d a d e s m é d i c a s , está
e m t r a m i t a ç ã o n o P o d e r Legislativo - a g u a r d a n d o s a n ç ã o d a C â m a r a dos
D e p u t a d o s - a Lei da C o l e g i a ç ã o M é d i c a , q u e regulará a especialização m é -
d i c a . A c a u s a d a d e m o r a é o a r t i g o q u e trata d a o b r i g a t o r i e d a d e d a c o l e g i a -
tura.
O C o n s e l h o N a c i o n a l d e S a ú d e e, d e n t r o deste, o C o m i t ê N a c i o n a l d e
R e c u r s o s H u m a n o s , c o n v o c o u o Sindicato M é d i c o , S o c i e d a d e s Científicas,
F a c u l d a d e d e M e d i c i n a e a C o o r d e n a ç ã o d o Ministério da S a ú d e para deli-
mitar e regulamentar a especialização m é d i c a , e m especial o processo de
f o r m a ç ã o e a acreditação d e especialidades básicas.
É provável q u e a médio e longo prazo, c o m a aprovação da nova Cons-
t i t u i ç ã o , as leis d o C ó d i g o S a n i t á r i o e d a C o l e g i a ç ã o s e j a m m o d i f i c a d a s , b u s -
c a n d o coerência c o m a Carta M a g n a nacional.
É i n c i p i e n t e , m a s p r o g r e s s i v o , q u e as a s s o c i a ç õ e s científicas e sindicais
i n t e r v e n h a m n a q u e s t ã o d o s e s p e c i a l i s t a s , o q u e facilitará o r e c o n h e c i m e n t o
e n t r e s e u s p a r e s , b e m c o m o a e l a b o r a ç ã o d e p a u t a p a r a tal.
E S Q U E M A S E DISPOSITIVOS INFORMAIS DE
N E G O C I A Ç Ã O DE CONFLITOS

A s a s s o c i a ç õ e s d e o r g a n i z a ç ã o d e interesses e m nível das profissões


e/ou o c u p a ç õ e s e m saúde t ê m estado fortemente c o n d i c i o n a d o s pelos m o -
m e n t o s históricos vividos p e l o país.
Os 35 a n o s d o regime patrimonialista não permitiram a associação
e / o u s i n d i c a l i z a ç ã o livre d o s f u n c i o n á r i o s n a c i o n a i s d o s e t o r s a ú d e , m a s s i m
a tutela p e l o E s t a d o . A p e s a r disso e d a e x i s t ê n c i a d a lei d o f u n c i o n á r i o p ú b l i -
c o , o s profissionais s e o r g a n i z a r a m e m n í v e l d a s i n s t i t u i ç õ e s p r o v e d o r a s d e
serviços. E m alguns casos, f o r a m f o c o s d e resistência a o r e g i m e d o G e n e r a l
Stroessner, n o q u e c a b e m e n c i o n a r , particularmente, o Hospital d e Clínicas
(Universidade) e outros. O s m e c a n i s m o s associativos lideraram a mobiliza-
ç ã o e m resistência a o r e g i m e .
D e p o i s d o G o l p e d e E s t a d o d e três d e f e v e r e i r o d e 1 9 8 9 e d a s e l e i ç õ -
e s , o país e n c a m i n h a - s e p a r a u m g o v e r n o d e t r a n s i ç ã o , c o m l i b e r d a d e s d e
e x p r e s s ã o e a s s o c i a ç ã o , e m b o r a t e n h a s i d o lenta a retirada d o s o b s t á c u l o s
jurídicos à associação.
Observa-se, neste período, a tendência ao estabelecimento d e associa-
ç õ e s g r e m i a i s ( e m hospitais p ú b l i c o s ) , p o r p r o f i s s õ e s ( m é d i c o s , e n f e r m e i r o s ,
bioquímicos e t c ) , t e n d o sido constituída a F e d e r a ç ã o d e Profissionais de
Saúde.
A n o v a C o n s t i t u i ç ã o explicita, n o artigo 9 6 , o d i r e i t o à o r g a n i z a ç ã o e m
s i n d i c a t o s , s e m a u t o r i z a ç ã o p r é v i a . A s a ç õ e s políticas n e s t e p e r í o d o f o r a m
o r i e n t a d a s p a r a o b t e r r e i n v i d i c a ç õ e s setoriais (salariais, d e c o n d i ç õ e s d e tra-
b a l h o , p l a n o d e c a r g o s etc.)
Anexos

Tratado p a r a a Constituição d e um M e r c a d o C o m u m entre a


Argentina, o Brasil, o P a r a g u a i e o U r u g u a i

A R e p ú b l i c a A r g e n t i n a , a R e p ú b l i c a F e d e r a t i v a d o Brasil, a R e p ú b l i c a d o
P a r a g u a i e a R e p ú b l i c a O r i e n t a l d o U r u g u a i , d o r a v a n t e d e n o m i n a d o s "Esta-
dos Partes";
C o n s i d e r a n d o q u e a a m p l i a ç ã o d a s atuais d i m e n s õ e s d e s e u s m e r c a d o s
nacionais, através d a integração, constitui c o n d i ç ã o f u n d a m e n t a l para a c e l e -
rar s e u s p r o c e s s o s d e d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o c o m j u s t i ç a s o c i a l ;
E n t e n d e n d o q u e e s s e o b j e t i v o d e v e ser a l c a n ç a d o m e d i a n t e o a p r o v e i -
t a m e n t o mais eficaz d o s recursos disponíveis, a p r e s e r v a ç ã o d o m e i o a m -
b i e n t e , o m e l h o r a m e n t o d a s i n t e r c o n e x õ e s físicas, a c o o r d e n a ç ã o d e políti-
cas m a c r o e c o n ô m i c a s da c o m p l e m e n t a ç ã o dos diferentes setores da e c o n o -
mia, c o m base nos princípios d e gradualidade, flexibilidade e equilíbrio;
T e n d o e m conta a evolução dos acontecimentos internacionais, e m es-
pecial a consolidação d e grandes espaços e c o n ô m i c o s , e a importância de
lograr u m a a d e q u a d a i n s e r ç ã o i n t e r n a c i o n a l p a r a s e u s p a í s e s ;
Expressando q u e este processo d e integração constitui u m a resposta
a d e q u a d a a tais a c o n t e c i m e n t o s ;
C o n s c i e n t e s d e q u e o p r e s e n t e T r a t a d o d e v e ser c o n s i d e r a d o c o m o u m
n o v o a v a n ç o n o esforço tendente a o d e s e n v o l v i m e n t o progressivo d a inte-
g r a ç ã o d a A m é r i c a Latina, c o n f o r m e o o b j e t i v o d o T r a t a d o d e Montevidéu
d e 1980;
C o n v e n c i d o s d a n e c e s s i d a d e d e p r o m o v e r o d e s e n v o l v i m e n t o científi-
c o e t e c n o l ó g i c o d o s E s t a d o s P a r t e s e d e m o d e r n i z a r suas e c o n o m i a s para
a m p l i a r a oferta e a q u a l i d a d e d o s b e n s d e serviços disponíveis, a fim d e m e -
lhorar as c o n d i ç õ e s d e vida d e seus habitantes;
R e a f i r m a n d o sua v o n t a d e política d e deixar estabelecidas as bases para
u m a u n i ã o c a d a v e z m a i s estreita e n t r e s e u s p o v o s , c o m a f i n a l i d a d e d e a l -
cançar os objetivos supramencionados;
Acordam:

Capítulo I
Propósito, Princípios e Instrumentos

Artigo I o
- O s E s t a d o s P a r t e s d e c i d e m constituir u m M e r c a d o C o m u m , q u e
d e v e r á estar e s t a b e l e c i d o a 31 d e d e z e m b r o d e 1994, e q u e se d e n o m i n a r á
" M e r c a d o C o m u m d o Sul" (MERCOSUL).
Este M e r c a d o C o m u m implica:
A livre c i r c u l a ç ã o d e b e n s , s e r v i ç o s e f a t o r e s p r o d u t i v o s e n t r e o s p a í s e s ,
através, e n t r e outros, da e l i m i n a ç ã o d o s direitos alfandegários e restrições
não-tarifárias à c i r c u l a ç ã o d e m e r c a d o d e q u a l q u e r o u t r a m e d i d a d e e f e i t o
equivalente;
O e s t a b e l e c i m e n t o d e u m a tarifa e x t e r n a c o m u m e a a d o ç ã o d e uma
política c o m e r c i a l c o m u m e m relação a terceiros Estados o u agrupamentos
d e Estados e a c o o r d e n a ç ã o d e posições e m foros econômico-comerciais re-
gionais e internacionais;
A c o o r d e n a ç ã o d e p o l í t i c a s m a c r o e c o n ô m i c a s e setoriais e n t r e o s Esta-
d o s P a r t e s - d e c o m é r c i o exterior, a g r í c o l a , industrial, fiscal, m o n e t á r i a , c a m -
bial e d e capitais, d e serviços, alfandegária, d e transportes e c o m u n i c a ç õ e s e
outras q u e se a c o r d e m - , a fim d e assegurar c o n d i ç õ e s a d e q u a d a s d e c o n -
corrência entre os Estados Partes; e
O c o m p r o m i s s o d o s Estados Partes d e h a r m o n i z a r suas legislações, nas
á r e a s p e r t i n e n t e s , p a r a lograr o f o r t a l e c i m e n t o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o .

Artigo 2 o
- O M e r c a d o C o m u m e s t a r á f u n d a d o na r e c i p r o c i d a d e d e direitos
e o b r i g a ç õ e s entre os Estados Partes.

Artigo 3 o
- D u r a n t e o p e r í o d o d e t r a n s i ç ã o , q u e se e s t e n d e r á d e s d e a e n t r a -
d a e m v i g o r d o p r e s e n t e T r a t a d o a t é 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 , e a fim d e fa-
cilitar a c o n s t i t u i ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , o s E s t a d o s P a r t e s a d o t a m u m R e -
g i m e G e r a l d e O r i g e m , u m Sistema d e S o l u ç ã o d e Controvérsias e Cláusulas
d e S a l v a g u a r d a , q u e c o n s t a m c o m o A n e x o s II, III e I V a o p r e s e n t e T r a t a d o .

Artigo 4 o
- N a s relações c o m terceiros países, os Estados Partes assegurarão
c o n d i ç õ e s e q u i t a t i v a s d e c o m é r c i o . P a r a tal f i m , a p l i c a r ã o suas legislações
n a c i o n a i s , p a r a inibir i m p o r t a ç õ e s c u j o s p r e ç o s e s t e j a m i n f l u e n c i a d o s por
s u b s í d i o s , dumping o u q u a l q u e r o u t r a p r á t i c a d e s l e a l . P a r a l e l a m e n t e , o s Esta-
d o s P a r t e s c o o r d e n a r ã o suas r e s p e c t i v a s p o l í t i c a s n a c i o n a i s c o m o o b j e t i v o
d e elaborar normas c o m u n s sobre concorrência comercial.

Artigo 5 o
- D u r a n t e o p e r í o d o d e transição, os principais instrumentos para a
constituição do M e r c a d o C o m u m são:

a) u m P r o g r a m a d e L i b e r a ç ã o C o m e r c i a l , q u e consistirá e m r e d u ç õ e s tarifá-
rias p r o g r e s s i v a s , l i n e a r e s e a u t o m á t i c a s , a c o m p a n h a d a s d a e l i m i n a ç ã o d e
r e s t r i ç õ e s não-tarifárias o u m e d i d a s d e e f e i t o e q u i v a l e n t e , a s s i m c o m o d e
outras restrições a o c o m é r c i o entre os Estados Partes, para c h e g a r a 31
d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 c o m tarifa z e r o , s e m b a r r e i r a s não-tarifárias s o b r e
a t o t a l i d a d e d o u n i v e r s o tarifário ( A n e x o I ) ;

b ) a c o o r d e n a ç ã o d e políticas m a c r o e c o n ô m i c a s , q u e s e realizará g r a d u a l -
m e n t e e d e f o r m a c o n v e r g e n t e c o m o s p r o g r a m a s d e d e s g r a v a ç ã o tarifá-
ria e e l i m i n a ç ã o d e r e s t r i ç õ e s não-tarifárias, i n d i c a d o s n a letra a n t e r i o r ;

c) u m a tarifa e x t e r n a c o m u m , q u e i n c e n t i v e a c o m p e t i t i v i d a d e e x t e r n a d o s
Estados Partes; e

d ) a a d o ç ã o d e a c o r d o s setoriais, c o m o fim d e o t i m i z a r a u t i l i z a ç ã o e m o b i -
lidade dos fatores d e p r o d u ç ã o e alcançar escalas operativas eficientes.

Artigo 6 o
- O s Estados Partes r e c o n h e c e m diferenças pontuais d e ritmo para
a República d o Paraguai e para a República Oriental d o U r u g u a i , q u e c o n s -
t a m n o P r o g r a m a d e L i b e r a ç ã o C o m e r c i a l ( A n e x o I).

Artigo 7 o
- E m matéria de impostos, taxas e o u t r o s g r a v a m e s internos, os
p r o d u t o s originários d o território d e u m E s t a d o P a r t e g o z a r ã o , n o s o u t r o s E s -
tados Partes, d o m e s m o tratamento q u e se aplique a o p r o d u t o n a c i o n a l .

Artigo 8 o
- O Estados Partes se c o m p r o m e t e m a preservar o s c o m p r o m i s s o s
assumidos até a data d e celebração d o presente Tratado, inclusive os A c o r -
dos firmados no âmbito da Associação Latino-Americana d e Integração, e a
c o o r d e n a r suas posições nas n e g o c i a ç õ e s comerciais externas q u e e m p r e e n -
d a m durante o período d e transição. Para tanto:

a) e v i t a r ã o afetar o s i n t e r e s s e s d o s E s t a d o s P a r t e s n a s n e g o c i a ç õ e s comer-
ciais q u e r e a l i z e m e n t r e si a t é 3 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 4 ;

b) e v i t a r ã o afetar o s i n t e r e s s e s d o s d e m a i s E s t a d o s P a r t e s o u o s o b j e t i v o s d o
M e r c a d o C o m u m nos A c o r d o s q u e celebrarem c o m outros países m e m -
bros da A s s o c i a ç ã o Latino-Americana d e Integração durante o período
d e transição;
c) r e a l i z a r ã o c o n s u l t a s e n t r e si s e m p r e q u e n e g o c i e m e s q u e m a s a m p l o s d e
d e s g r a v a ç ã o tarifária, t e n d e n t e s à f o r m a ç ã o d e z o n a s d e livre c o m é r c i o
c o m o s d e m a i s países m e m b r o s d a A s s o c i a ç ã o Latino-Americana d e Inte-
gração; e

d) e s t e n d e r ã o a u t o m a t i c a m e n t e aos demais Estados Partes qualquer vanta-


g e m , f a v o r , f r a n q u i a , i m u n i d a d e o u privilégio q u e c o n c e d a m a u m p r o d u -
to originário d e o u destinado a terceiros países não-membros d a Associa-
ç ã o Latino-Americana d e Integração.

C a p í t u l o II
Estrutura O r g â n i c a

Artigo 9 o
- A administração e e x e c u ç ã o d o presente Tratado e dos A c o r d o s
e s p e c í f i c o s e d e c i s õ e s q u e s e a d o t e m n o q u a d r o j u r í d i c o q u e o m e s m o esta-
b e l e c e durante o p e r í o d o d e transição estarão a cargo dos seguintes órgãos:

a) Conselho do Mercado C o m u m ; e

b) Grupo do Mercado C o m u m .

Artigo 10 o
- O C o n s e l h o é o ó r g ã o s u p e r i o r d o M e r c a d o C o m u m , corres-
pondendo-lhe a c o n d u ç ã o política d o m e s m o e a t o m a d a d e d e c i s õ e s para
assegurar o c u m p r i m e n t o dos objetivos e prazos estabelecidos para a consti-
tuição definitiva d o M e r c a d o C o m u m .

A r t i g o 11 o
- O C o n s e l h o estará integrado pelos Ministros d e Relações Exte-
riores e o s M i n i s t r o s d e E c o n o m i a d o s E s t a d o s P a r t e s .
Reunir-se-á q u a n t a s v e z e s e s t i m e o p o r t u n o , e , p e l o m e n o s u m a v e z a o
a n o , o fará c o m a p a r t i c i p a ç ã o d o s P r e s i d e n t e s d o s E s t a d o s P a r t e s .

A r t i g o 12 o
- A Presidência d o C o n s e l h o se exercerá por rotação dos Estados
P a r t e s e e m o r d e m a l f a b é t i c a , p o r p e r í o d o d e seis m e s e s .
A s reuniões d o C o n s e l h o serão coordenadas pelos Ministérios d e Rela-
ç õ e s E x t e r i o r e s e p o d e r ã o ser c o n v i d a d o s a d e l a s participar o u t r o s ministros
o u a u t o r i d a d e s d e n í v e l ministerial.

Artigo 13 o
- O G r u p o M e r c a d o C o m u m é o órgão executivo do Mercado
C o m u m e s e r á c o o r d e n a d o p e l o s M i n i s t é r i o s d a s R e l a ç õ e s Exteriores.
O G r u p o M e r c a d o C o m u m t e r á f a c u l d a d e d e iniciativa. S u a s f u n ç õ e s
s e r ã o as s e g u i n t e s :

velar pelo c u m p r i m e n t o d o Tratado;


- t o m a r as p r o v i d ê n c i a s n e c e s s á r i a s a o c u m p r i m e n t o d a s d e c i s õ e s a d o t a -
das pelo C o n s e l h o ;

- propor medidas concretas tendentes à aplicação d o Programa d e Libera-


ç ã o C o m e r c i a l , à c o o r d e n a ç ã o d e política m a c r o e c o n ô m i c a e à n e g o c i a -
ç ã o d e A c o r d o s frente a terceiros; e

- fixar p r o g r a m a s d e t r a b a l h o q u e a s s e g u r e m a v a n ç o s p a r a o e s t a b e l e c i -
mento do Mercado C o m u m .

O G r u p o M e r c a d o C o m u m p o d e r á constituir o s S u b g r u p o s d e T r a b a -
lho q u e f o r e m necessários para o c u m p r i m e n t o d e seus objetivos. C o n t a r á
inicialmente c o m os Subgrupos m e n c i o n a d o s no A n e x o V.
O G r u p o M e r c a d o C o m u m estabelecerá seu regime interno no prazo
d e s e s s e n t a ( 6 0 ) dias d e sua i n s t a l a ç ã o .

Artigo 14 o
-O G r u p o M e r c a d o C o m u m estará i n t e g r a d o p o r q u a t r o mem-
b r o s titulares e q u a t r o m e m b r o s a l t e r n o s p o r p a í s , q u e r e p r e s e n t e m o s s e -
guintes órgãos públicos:

- Ministério das R e l a ç õ e s Exteriores;

M i n i s t é r i o d a E c o n o m i a o u s e u s e q u i v a l e n t e s ( á r e a s d e indústria, c o m é r -
c i o exterior e / o u c o o r d e n a ç ã o e c o n ô m i c a ) ; e

- B a n c o Central.

A o elaborar e propor medidas concretas n o desenvolvimento d e seus


trabalhos, até 31 d e d e z e m b r o d e 1994, o G r u p o M e r c a d o C o m u m poderá
c o n v o c a r , q u a n d o julgar c o n v e n i e n t e , r e p r e s e n t a n t e s d e o u t r o s ó r g ã o s d a
Administração Pública e d o setor privado.

A r t i g o 15 o
- O G r u p o M e r c a d o C o m u m contará c o m u m a Secretaria A d m i -
nistrativa c u j a s p r i n c i p a i s f u n ç õ e s c o n s i s t i r ã o n a g u a r d a d e d o c u m e n t o s e c o -
m u n i c a ç õ e s d e atividade d o m e s m o . Terá sua s e d e na c i d a d e d e M o n t e v i -
déu.

Artigo 16 o
- D u r a n t e o p e r í o d o d e t r a n s i ç ã o , as d e c i s õ e s d o C o n s e l h o do
M e r c a d o C o m u m e do G r u p o M e r c a d o C o m u m serão tomadas por consen-
so e c o m a presença d e todos os Estados Partes.

A r t i g o 17 o
- O s i d i o m a s oficiais d o M e r c a d o C o m u m s e r ã o o p o r t u g u ê s e o
e s p a n h o l e a v e r s ã o oficial d o s d o c u m e n t o s d e t r a b a l h o s e r á a d o i d i o m a d o
país s e d e d e c a d a r e u n i ã o .

Artigo 18 o
- Antes do estabelecimento do M e r c a d o C o m u m , a 31 d e de-
z e m b r o d e 1994, os Estados Partes c o n v o c a r ã o u m a reunião extraordinária
c o m o o b j e t i v o d e d e t e r m i n a r a estrutura i n s t i t u c i o n a l d e f i n i t i v a d o s ó r g ã o s
d e a d m i n i s t r a ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , a s s i m c o m o as a t r i b u i ç õ e s e s p e c í f i -
c a s d e c a d a u m deles e seu sistema d e t o m a d a d e d e c i s õ e s .

Capítulo III
Vigência

Artigo 19 o
-O p r e s e n t e T r a t a d o terá d u r a ç ã o i n d e f i n i d a e e n t r a r á e m v i g o r
trinta ( 3 0 ) d i a s a p ó s a d a t a d o d e p ó s i t o d o t e r c e i r o i n s t r u m e n t o d e ratifica-
ç ã o . O s instrumentos d e ratificação serão depositados ante o G o v e r n o s dos
demais Estados Partes. O G o v e r n o d a R e p ú b l i c a d o P a r a g u a i notificará a o
G o v e r n o d e cada u m dos demais Estados Partes a data d e entrada e m vigor
d o presente Tratado.

Capítulo IV
Adesão

Artigo 20 o
-O presente T r a t a d o estará aberto à a d e s ã o , m e d i a n t e n e g o c i a -
ç ã o , d o s d e m a i s países m e m b r o s da A s s o c i a ç ã o Latino-Americana d e Inte-
g r a ç ã o , c u j a s s o l i c i t a ç õ e s p o d e r ã o ser e x a m i n a d a s p e l o s E s t a d o s P a r t e s d e -
pois d e c i n c o (5) anos d e vigência deste Tratado.
N ã o o b s t a n t e , p o d e r ã o ser c o n s i d e r a d a s a n t e s d o r e f e r i d o p r a z o a s soli-
c i t a ç õ e s apresentadas por países m e m b r o s da A s s o c i a ç ã o Latino-Americana
d e I n t e g r a ç ã o q u e n ã o f a ç a m p a r t e d e e s q u e m a s d e i n t e g r a ç ã o sub-regional
o u d e u m a a s s o c i a ç ã o extra-regional.
A a p r o v a ç ã o d a s s o l i c i t a ç õ e s s e r á o b j e t o d e d e c i s ã o u n â n i m e d o s Esta-
dos Partes.

Capítulo V
Denúncia

Artigo 21 o
-O E s t a d o P a r t e q u e d e s e j a r desvincular-se d o p r e s e n t e T r a t a d o
d e v e r á c o m u n i c a r essa i n t e n ç ã o a o s d e m a i s Estados Partes d e maneira ex-
p r e s s a e f o r m a l , e f e t u a n d o n o p r a z o d e s e s s e n t a ( 6 0 ) dias a e n t r e g a d o d o c u -
m e n t o d e d e n ú n c i a a o Ministério das R e l a ç õ e s Exteriores da R e p ú b l i c a d o
P a r a g u a i , q u e o distribuirá a o s d e m a i s E s t a d o s P a r t e s .

A r t i g o 22 o
- Formalizada a denúncia, cessarão para o Estado denunciante os
d i r e i t o s e o b r i g a ç õ e s q u e c o r r e s p o n d a m à sua c o n d i ç ã o d e E s t a d o P a r t e ,
mantendo-se os referentes a o programa d e liberação d o presente Tratado e
outros aspectos q u e os Estados Partes, juntos c o m o Estado denunciante,
a c o r d e m n o p r a z o d e sessenta (60) dias a p ó s a f o r m a l i z a ç ã o d a d e n ú n c i a .
Esses d i r e i t o s e o b r i g a ç õ e s d o E s t a d o d e n u n c i a n t e c o n t i n u a r ã o e m v i g o r p o r
u m p e r í o d o d e d o i s ( 2 ) a n o s a partir d a d a t a d a m e n c i o n a d a f o r m a l i z a ç ã o .
Capítulo VI

Disposições Gerais

A r t i g o 23 o
- O presente Tratado se c h a m a r á "Tratado d e Assunção".

Artigo 24 o
- C o m o o b j e t i v o d e facilitar a i m p l e m e n t a ç ã o d o M e r c a d o Co-
m u m , estabelecer-se - á C o m i s s ã o P a r l a m e n t a r C o n j u n t a d o M E R C O S U L . O S
P o d e r e s Executivos d o s Estados Partes m a n t e r ã o seus respectivos Poderes
Legislativos i n f o r m a d o s s o b r e a e v o l u ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , o b j e t o do
presente Tratado.
F e i t o n a c i d a d e d e A s s u n ç ã o , a o s 2 6 dias d o m ê s d e m a r ç o d e mil n o -
v e c e n t o s e n o v e n t a e u m , e m u m original, nos idiomas português e espa-
n h o l , s e n d o a m b o s o s textos i g u a l m e n t e a u t ê n t i c o s . O G o v e r n o d a R e p ú b l i -
c a d o Paraguai será o depositário d o presente Tratado e enviará c ó p i a d e v i -
d a m e n t e autenticada d o m e s m o aos G o v e r n o s dos demais Estados Partes
signatários e a d e r e n t e s .

Pelo G o v e r n o da República Argentina


Carlos Saul Menem
G u i d o D i Telia
Pelo G o v e r n o da República Federativa do Brasil
Fernando Collor
Francisco Rezek
Pelo G o v e r n o da República do Paraguai
Andres Rodrigues
Alexis Frutos V a e s k e n
Pelo Governo da República Oriental do Uruguai
Luis Alberto Lacalle Herrera
H e c t o r G r o s Espiell

Regulamento d a C o m i s s ã o Parlamentar Conjunta d o MERCOSUL

E m M o n t e v i d é u , capital da R e p ú b l i c a O r i e n t a l d o U r u g u a i , n o dia 6 d e
d e z e m b r o d e 1 9 9 1 , na Sala das S e s s õ e s d a A s s e m b l é i a G e r a l , as d e l e g a ç õ e s
d e p a r l a m e n t a r e s da R e p ú b l i c a Argentina, d a R e p ú b l i c a Federativa d o Brasil,
da República d o Paraguai e da República Oriental d o Uruguai, integrantes
dos Estados Partes signatários d o Tratado d e A s s u n ç ã o , d e c l a r a m f o r m a l m e n -
te a p r o v a d o o R e g u l a m e n t o d a C o m i s s ã o Parlamentar C o n j u n t a d o M E R C O -
SUL e p r o c l a m a m a sua v o n t a d e i n e q u í v o c a d e dar a o p r o c e s s o d e integra-
ção, iniciado por seus respectivos países, o apoio que surge da repre-
sentação e m a n a d a da soberania popular.
O s representantes dos P a r l a m e n t o s d o s Estados signatários d o T r a t a d o
d e A s s u n ç ã o q u e cria o M e r c a d o C o m u m d o Sul, c o m o propósito d e :
- e s t a b e l e c e r a u n i ã o c a d a v e z m a i s estreita e n t r e o s p o v o s d o sul d a A m é -
r i c a , a partir d a n o s s a r e g i ã o ;

- garantir m e d i a n t e u m a a ç ã o c o m u m o progresso e c o n ô m i c o e social, eli-


m i n a n d o as barreiras q u e d i v i d e m nossos países e nossos p o v o s ;

- f a v o r e c e r as c o n d i ç õ e s d e v i d a e e m p r e g o , c r i a n d o c o n d i ç õ e s para um
d e s e n v o l v i m e n t o auto-sustentável q u e preserve nosso e n t o r n o e q u e se
construa e m harmonia c o m a natureza;

- salvaguardar a p a z , a liberdade, a d e m o c r a c i a e a vigência d o s direitos


humanos;

- f o r t a l e c e r o e s p a ç o p a r l a m e n t a r n o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o , c o m vistas à
futura instalação d o P a r l a m e n t o d o M E R C O S U L ; e

- a p o i a r a a d e s ã o d o s d e m a i s países latino-americanos a o p r o c e s s o d e inte-


g r a ç ã o e suas instituições.

R e s o l v e m aprovar o seguinte Regulamento.

Artigo 1 o
- Fica estabelecida a C o m i s s ã o Parlamentar Conjunta d o MERCO-
S U L , c o n f o r m e d e t e r m i n a o A r t i g o 24 o
d o Tratado d e Assunção, assinado e m
26 d e m a r ç o d e 1 9 9 1 , entre os G o v e r n o s da República Argentina, República
F e d e r a t i v a d o Brasil, R e p ú b l i c a d o Paraguai e R e p ú b l i c a O r i e n t a l d o U r u g u a i ,
q u e se regerá por este Regulamento.

D o s M e m b r o s e sua C o m p o s i ç ã o

Artigo 2 o
- A C o m i s s ã o s e r á i n t e g r a d a p o r a t é s e s s e n t a e q u a t r o ( 6 4 ) parla-
m e n t a r e s d e a m b a s as C â m a r a s ; até dezesseis (16) d e c a d a Estado Parte, e
igual n ú m e r o d e suplentes, q u e serão d e s i g n a d o s pelos respectivos Parla-
m e n t o s nacionais, d e a c o r d o c o m seus p r o c e d i m e n t o s internos.
A d u r a ç ã o d o m a n d a t o d e s e u s i n t e g r a n t e s s e r á d e t e r m i n a d a p e l o s res-
p e c t i v o s P a r l a m e n t o s , d e s d e q u e e s t e n ã o seja inferior a d o i s a n o s , c o m o i n -
tuito d e f a v o r e c e r a necessária c o n t i n u i d a d e .
A C o m i s s ã o só p o d e r á ser integrada p o r parlamentares n o exercício d o
seu mandato.

Funções e Atribuições

Artigo 3 o
- A C o m i s s ã o terá caráter consultivo, deliberativo e d e f o r m u l a ç ã o
d e propostas.
Suas atribuições serão:

a) a c o m p a n h a r a m a r c h a d o processo d e integração regional expresso na


f o r m a ç ã o d o M e r c a d o C o m u m d o Sul - M E R C O S U L - e informar os c o n -
gressos nacionais a esse respeito;
b) d e s e n v o l v e r as a ç õ e s n e c e s s á r i a s p a r a facilitar a f u t u r a i n s t a l a ç ã o d o P a r -
lamento d o MERCOSUL;

c) solicitar a o s ó r g ã o s i n s t i t u c i o n a i s d o M E R C O S U L , i n f o r m a ç õ e s a r e s p e i t o d a
e v o l u ç ã o d o processo d e integração, especialmente no q u e se refere aos
p l a n o s e p r o g r a m a s d e o r d e m política, e c o n ô m i c a , s o c i a l e c u l t u r a l ;

d) constituir S u b c o m i s s õ e s para a análise d o s temas relacionados c o m o


atual p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o ;

e) emitir r e c o m e n d a ç õ e s s o b r e a c o n d u ç ã o d o p r o c e s s o d e i n t e g r a ç ã o e d a
f o r m a ç ã o d o M e r c a d o C o m u m , as q u a i s p o d e r ã o ser e n c a m i n h a d a s aos
ó r g ã o s institucionais d o M E R C O S U L ;

f) realizar o s e s t u d o s n e c e s s á r i o s à h a r m o n i z a ç ã o d a s l e g i s l a ç õ e s d o s Esta-
d o s Partes, p r o p o r n o r m a s d e direito c o m u n i t á r i o referentes a o processo
d e i n t e g r a ç ã o e l e v a r as c o n c l u s õ e s a o s P a r l a m e n t o s n a c i o n a i s ;

g) estabelecer relações c o m entidades privadas nacionais e locais, c o m enti-


d a d e s e o r g a n i s m o s i n t e r n a c i o n a i s e solicitar i n f o r m a ç ã o e o a s s e s s o r a ¬
m e n t o q u e julgue necessário sobre assuntos d o seu interesse;

h) e s t a b e l e c e r r e l a ç õ e s d e c o o p e r a ç ã o c o m o s P a r l a m e n t o s d e t e r c e i r o s paí-
ses e c o m o u t r a s e n t i d a d e s c o n s t i t u í d a s n o â m b i t o d o s d e m a i s e s q u e m a s
d e integração regional;

i) subscrever a c o r d o s s o b r e c o o p e r a ç ã o e assistência t é c n i c a c o m organis-


mos públicos e privados, d e caráter nacional, regional, supranacional e in-
ternacional;

j) aprovar o o r ç a m e n t o da C o m i s s ã o e gestionar ante os Estados Partes o


seu f u n c i o n a m e n t o ; e

k) s e m p r e j u í z o d o s itens a n t e r i o r e s , a C o m i s s ã o p o d e r á e s t a b e l e c e r o u t r a s
atribuições dentro d o m a r c o d o Trabalho d e Assunção.

Das Subcomissões

Artigo 4 o
- Criam-se a s s e g u i n t e s S u b c o m i s s õ e s :
1. d e Assuntos Comerciais;
2. d e A s s u n t o s A d u a n e i r o s e N o r m a s T é c n i c a s ;
3. d e P o l í t i c a s Fiscais e M o n e t á r i a s ;
4. d e T r a n s p o r t e ;
5. d e P o l í t i c a Industrial e T e c n o l ó g i c a ;
6. d e P o l í t i c a A g r í c o l a ;
7. d e P o l í t i c a E n e r g é t i c a ;
8. d e C o o r d e n a ç ã o d e P o l í t i c a s M a c r o e c o n ô m i c a s ;
9. d e P o l í t i c a s T r a b a l h i s t a s ;
10. d o M e i o A m b i e n t e ;
1 1 . d e R e l a ç õ e s Institucionais e Direito d a I n t e g r a ç ã o ; e
12. d e Assuntos Culturais.
O u t r a s S u b c o m i s s õ e s p o d e r ã o ser c r i a d a s , a s s i m c o m o s u p r i m i d a s a l g u -
m a s existentes.
A M e s a D i r e t o r a fixará as c o m p e t ê n c i a s d a s S u b c o m i s s õ e s , m e d i a n t e
propostas das mesmas.
A s S u b c o m i s s õ e s se reunirão s e m p r e q u e necessário para a preparação
d o s trabalhos. A participação dos parlamentares d e c a d a Estado Parte nas
S u b c o m i s s õ e s terá o m e s m o c a r á t e r oficial q u e a d e s e m p e n h a d a n a C o m i s -
são Parlamentar.

Artigo 5 o
- C a d a S u b c o m i s s ã o será i n t e g r a d a p o r d o i s ( 2 ) p a r l a m e n t a r e s d e
c a d a E s t a d o P a r t e e s e u s s u p l e n t e s . A s S u b c o m i s s õ e s e l e g e r ã o suas p r ó p r i a s
a u t o r i d a d e s , s e g u i n d o o s critérios e s t a b e l e c i d o s n o A r t i g o 1 6 . o

Das Reuniões

Artigo 6 o
- A s r e u n i õ e s d a C o m i s s ã o s e r ã o r e a l i z a d a s , e m c a d a u m d o s Esta-
d o s Partes, d e forma sucessiva e alternada.
A o Estado Parte o n d e se realize c a d a sessão o u reunião c o r r e s p o n d e r á
a Presidência.

Artigo 7 o
- A C o m i s s ã o se reunirá:

a) ordinariamente, pelo m e n o s d u a s v e z e s a o a n o , em data a ser d e t e r m i n a -


da; e

b) extraordinariamente, m e d i a n t e c o n v o c a ç ã o especial assinada pelos qua-


tro ( 4 ) P r e s i d e n t e s .

A s c o n v o c a ç õ e s i n d i c a r ã o dia, m ê s , h o r a e l o c a l p a r a a r e a l i z a ç ã o d a s
r e u n i õ e s , a s s i m c o m o a p a u t a a ser d i s c u t i d a , d e v e n d o a c i t a ç ã o ser n o m i n a l ,
e n v i a d a c o m a n t e c e d ê n c i a m í n i m a d e trinta ( 3 0 ) dias, m e d i a n t e c o r r e s p o n -
d ê n c i a c o m registro p o s t a l , o u o u t r o m e i o s e g u r o .
E m c a s o d e f o r ç a m a i o r , se u m a r e u n i ã o p r o g r a m a d a n ã o p u d e r ser r e a -
lizada n o país previsto, a M e s a Diretora da C o m i s s ã o estabelecerá a s e d e al-
ternativa.

Artigo 8 o
- T e r ã o v a l i d a d e as s e s s õ e s d a C o m i s s ã o c o m a p r e s e n ç a d a s d e l e -
g a ç õ e s parlamentares d e todos os Estados Partes.
C o n v o c a d a u m a sessão, se u m d o s Estados Partes n ã o puder c o m p a r e -
c e r p o r r a z õ e s d e f o r ç a m a i o r , o s r e s t a n t e s p o d e r ã o reunir-se, d e s d e que
p a r a d e l i b e r a r e d e c i d i r seja o b e d e c i d o o d i s p o s t o n o A r t i g o 1 3 . o

Artigo 9 o
- A s sessões da C o m i s s ã o serão públicas, e x c e t o q u a n d o expressa-
m e n t e s e d e c i d a p e l a sua r e a l i z a ç ã o e m f o r m a r e s e r v a d a .
A r t i g o 10 o
- A s s e s s õ e s s e r ã o a b e r t a s p e l o P r e s i d e n t e d a C o m i s s ã o e o Se¬
c r e t á r i o - G e r a l o u q u e m o substitua, c o n f o r m e e s t e r e g u l a m e n t o .

A r t i g o 11 o
- A s sessões da C o m i s s ã o serão iniciadas, salvo d e c i s ã o e m c o n -
trário, c o m a leitura e d i s c u s s ã o d a ata d a r e u n i ã o a n t e r i o r q u e , u m a vez
a p r o v a d a , será a s s i n a d a p e l o P r e s i d e n t e e p e l o S e c r e t á r i o - G e r a l .

A r t i g o 12 o
- N a s atas d a s s e s s õ e s d e v e m c o n s t a r as r e c o m e n d a ç õ e s a p r o v a -
das pela C o m i s s ã o .

A r t i g o 13 o
- As decisões da Comissão serão tomadas por c o n s e n s o das dele-
g a ç õ e s d e todos os Estados Partes, expressas pelo v o t o da maioria d e seus
integrantes acreditados pelos respectivos P a r l a m e n t o s .

A r t i g o 14 o
- O s t e m a s s u b m e t i d o s à c o n s i d e r a ç ã o d a C o m i s s ã o s e r ã o distri-
buídos s i m u l t a n e a m e n t e a quatro relatores, u m por c a d a Estado Parte, o s
q u a i s o s e s t u d a r ã o a fim d e e m i t i r o p i n i ã o a r e s p e i t o . O s r e l a t o r e s d i s p o r ã o
d e u m p r a z o c o m u m d e trinta ( 3 0 ) dias p a r a e m i t i r s e u s r e l a t ó r i o s p o r e s c r i -
to, q u e s e r ã o distribuídos às d e m a i s d e l e g a ç õ e s d a C o m i s s ã o p e l o menos
q u i n z e ( 1 5 ) dias a n t e s d a d a t a d e r e a l i z a ç ã o d a s e s s ã o .

A r t i g o 15 o
- S o b r e a matéria apreciada, a C o m i s s ã o p o d e r á emitir r e c o m e n -
d a ç õ e s , c u j a f o r m a final s e r á o b j e t o d e d e l i b e r a ç ã o d e s e u s m e m b r o s .

D a Mesa Diretora

A r t i g o 16 o
- A M e s a D i r e t o r a será c o m p o s t a d e q u a t r o ( 4 ) P r e s i d e n t e s , p e r -
t e n c e n t e s u m a c a d a E s t a d o P a r t e , q u e s e a l t e r n a r ã o a c a d a seis ( 6 ) m e s e s ,
assim c o m o d e u m (1) S e c r e t á r i o - G e r a l e três ( 3 ) S e c r e t á r i o s a l t e r n o s , t a m -
b é m pertencentes u m a c a d a Estado Parte q u e se alternarão d a m e s m a for-
m a . A M e s a D i r e t o r a será eleita e m s e s s ã o o r d i n á r i a p a r a m a n d a t o d e d o i s
(2) a n o s .
A o P r e s i d e n t e e a c a d a u m d o s três ( 3 ) P r e s i d e n t e s a l t e r n o s c o r r e s p o n -
d e u m (1) V i c e - P r e s i d e n t e , q u e p e r t e n c e r á a o m e s m o E s t a d o P a r t e .
O Presidente e o Secretário-Geral d e v e m pertencer a o m e s m o Parla-
mento nacional.
A P r e s i d ê n c i a d a C o m i s s ã o p o d e r á instituir u m G r u p o d e A p o i o T é c n i -
co, c o m o órgão consultivo especial.
A s a u t o r i d a d e s s e r ã o eleitas p e l o s r e s p e c t i v o s P a r l a m e n t o s .

A r t i g o 17 o
- N o c a s o d e v a c â n c i a definitiva e m q u a l q u e r d a s listas d o s c a r -
gos da M e s a Diretora, a o c u p a ç ã o destes se efetuará por e l e i ç ã o na sessão
seguinte àquela e m q u e se d e u vaga, salvo se faltarem m e n o s d e sessenta
( 6 0 ) dias p a r a o t é r m i n o d o s r e s p e c t i v o s m a n d a t o s .
A r t i g o 18 o
- E m c a s o d e v a c â n c i a definitiva d e u m m e m b r o d a C o m i s s ã o , o
g r u p o n a c i o n a l t o m a r á as d e v i d a s p r o v i d ê n c i a s p a r a a s u a s u b s t i t u i ç ã o p o r
o u t r o p a r l a m e n t a r , o q u a l c u m p r i r á o m a n d a t o p e l o p e r í o d o q u e restar.

A r t i g o 19 o
- A o Presidente da Comissão c o m p e t e :

a) dirigir e o r d e n a r o s t r a b a l h o s d a C o m i s s ã o ;

b) representar a Comissão;

c) dar c o n h e c i m e n t o à C o m i s s ã o d e toda a matéria recebida;

d) designar relatores m e d i a n t e proposta das d e l e g a ç õ e s parlamentares, para


as m a t é r i a s a s e r e m d i s c u t i d a s ;

e) instituir g r u p o s d e e s t u d o p a r a o e x a m e d e t e m a s a p o n t a d o s p e l a C o m i s -
são;

f) r e s o l v e r as q u e s t õ e s d e o r d e m ;

g) c o n v o c a r as r e u n i õ e s d a M e s a D i r e t o r a e d a C o m i s s ã o e presidi-las;

h) assinar a s a t a s , r e c o m e n d a ç õ e s e d e m a i s d o c u m e n t o s d a C o m i s s ã o ;

i) g e s t i o n a r d o a ç õ e s , c o n t r a t o s d e assistência t é c n i c a e o u t r o s sistemas d e
c o o p e r a ç ã o , gratuitamente, ante organismos públicos o u privados, nacio-
nais e internacionais; e
j) praticar t o d o s os atos necessários a o b o m d e s e m p e n h o das atividades da
Comissão.

A r t i g o 20 o
- N o s c a s o s d e a u s ê n c i a o u i m p e d i m e n t o , o P r e s i d e n t e será s u b s -
tituído p e l o respectivo Vice-Presidente.

A r t i g o 21 o
- A o Secretário-Geral da Comissão c o m p e t e :

a) assistir a P r e s i d ê n c i a n a c o n d u ç ã o d o s t r a b a l h o s d a C o m i s s ã o ;

b ) a t u a r c o m o s e c r e t á r i o n a s r e u n i õ e s d a C o m i s s ã o e e l a b o r a r as r e s p e c t i -
vas atas;

c) p r e p a r a r a r e d a ç ã o final d a s r e c o m e n d a ç õ e s d a C o m i s s ã o e sua tramita-


ção;

d) custodiar e arquivar a d o c u m e n t a ç ã o da Comissão; e

e) c o o r d e n a r o f u n c i o n a m e n t o d o s g r u p o s d e e s t u d o instituídos.

A r t i g o 22 o
- O s S e c r e t á r i o s - A d j u n t o s assistirão o S e c r e t á r i o - G e r a l o u A l t e r n o s
q u a n d o estes o solicitarem e o s substituírem, assim c o m o , nos casos d e a u -
sência, i m p e d i m e n t o o u vacância.
A C o m i s s ã o p o d e r á criar u m a S e c r e t a r i a P e r m a n e n t e .
Artigo 2 3 f l
- A M e s a Diretora terá p o d e r executivo para instrumentar o estu-
d o das políticas deliberadas pela C o m i s s ã o . Terá ainda, a seu c a r g o , o rela-
c i o n a m e n t o direto c o m o s ó r g ã o s institucionais d o M E R C O S U L e transmitirá
a o plenário da Comissão toda informação q u e receba destes.

Das Disposições Gerais

Artigo 2 4 c
- S ã o i d i o m a s oficiais d a C o m i s s ã o o e s p a n h o l e o p o r t u g u ê s .

Artigo 2 5 f i
- Este r e g u l a m e n t o e n t r a r á e m v i g o r a partir d a d a t a d e s u a a p r o -
v a ç ã o , ad referendum da ratificação dos Parlamentos dos Estados Partes c u -
jas n o r m a s constitucionais assim o exijam.

Anexo V
Subgrupos de Trabalho do G r u p o M e r c a d o Comum

O G r u p o M e r c a d o C o m u m , p a r a fins d e c o o r d e n a ç ã o d a s p o l í t i c a s m a -
c r o e c o n ô m i c a s e setoriais, c o n s t i t u i r á , n o p r a z o d e trinta ( 3 0 ) d i a s a p ó s s u a
instalação, os seguintes S u b g r u p o s d e Trabalho:
Subgrupo 1: Assuntos Comerciais

Subgrupo 2: Assuntos Aduaneiros


Subgrupo 3: Normas Técnicas
Subgrupo 4: P o l í t i c a s Fiscal e M o n e t á r i a R e l a c i o n a d a s c o m o C o m é r c i o
Subgrupo 5: Transporte Terrestre
Subgrupo 6: Transporte Marítimo
Subgrupo 7: P o l í t i c a Industrial e T e c n o l ó g i c a
Subgrupo 8: Política Agrícola
Subgrupo 9: Política Energética

Subgrupo 10: C o o r d e n a ç ã o d e Políticas M a c r o e c o n ô m i c a s

Nota:

- Resolução MERCOSUL/CMC/RES. no
1 1 / 1 9 9 1(1), c r i o u o S u b g r u p o d e T r a -
balho n o
11 - A s s u n t o s T r a b a l h i s t a s .

- Resolução MERCOSUL/CMC/RES. n o
11/199 2, m o d i f i c o u o n o m e d o S u b -
grupo de Trabalho n o
11 p a r a R e l a ç õ e s T r a b a l h i s t a s , E m p r e g o e S e g u r i d a -
de Social.

Você também pode gostar