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C O NTEMPO RÂN EA
Uma introdução
W ill Kymlicka
T ra d u ç ã o
L U ÍS C A R L O S B O R G E S
R e visã o d a tra d u ç ã o
M A R Y L E N E P IN T O M IC H A E L
M a rtin s Fontes
S ão P a ulo 2 0 0 6
E sta o bra f o i p u b lic a d a o rig in a lm e n te em in g lé s corn o títu lo
C O N T E M P O R A R Y P O L IT IC A L P H IL O S O P H Y - A N IN T R O D U C T IO N
p o r O x fo rd U n iv e rs ity P re ss.
C o p y rig h t © W ill K y m lic k a .
C o p y rig h t © 2 0 0 6 , L iv ra ria M a rtin s F onte s E d ito ra L td a .,
São P a u lo , p a ra a pre s e nte e diçã o.
1* edição 2006
Tradução
L U ÍS C A R L O S B O R G E S
R evisão da tradução
M a ry le n e P in to M ic h a e l
A com pa nh am e nto e d ito ria l
L u z ia A p a re cid a dos S a ntos
R evisões grá fic a s
M a u ro de B arro s
D a n ie la L im a A lv a re s
D iñ a rte Z o rz a n e lli da S ilv a
Produção grá fic a
G era ldo A lv e s
P agin a çã o/F otolitos
S tu d io 3 D e s e n vo lvim e n to E d ito ria l
K ym lick a , W ill
F ilosofia p olític a contemporâne a : um a introduç ã o / W ill
K y m lic k a ; tra dução Luís C arlos B orges; re visã o da tra dução
M aryle n e P into M icha el. - São P a u lo : M a rtin s F ontes, 2006.
- (Justiça e d ire ito )
06-1755____________________________________ C D D-320.50904
ín dic e s p ara catálogo siste m á tico:
1. F ilosofia p olític a contemporâne a : S éculo 20 :
H istória 320.50904
m ora l coerente e siste m ática, discu tire i bre vem ente algum as
cara cterística s do u tilita ris m o a bra ng e nte na seção 3. Q u e r
em sua versão e strita , qu er na abrang ente, o u tilita ris m o tem
a d e ptos d e vota dos e opon e nte s feroz e s. O s que o re je ita m '5
diz e m que as fa lh a s do u tilita ris m o são tã o num erosa s que
é in e vitá v e l ele desaparecer da p aisag e m (p or e xe m plo,
W illia m s , 1973). H á o utro s, p oré m , que ju lg a m d ifíc il co m
pre e nd er a que outra coisa a m ora lid a d e pod eria diz er re sp e i
to se n ão à m a ximiz açã o da fe licid a d e hum a n a (p or e x e m -j
pio . H are , 1984). I
1. D o is a tra tiv o s
2. D e fin in d o u tilid a d e
3. M a x im iz a n d o a u tilid a d e
pre ferê ncia s ile g ítim a s d e via m ser excluíd a s. Essas são e xi
gências m orais que tê m precedência sobre a m a ximiz açã o da
u tilid a d e (ao passo que o agente U as vê m era m e nte como
disp o sitivo s p ara m a xim iz a r a u tilid a d e ). M as, se essa fosses
nossa objeção, e ntã o, seria irre le v a nte diz er, com o fa z e m osj
u tilita ris ta s de re gra s, que c u m p rir prom e ssas e d e sco nta rj
pre juíz os m uita s ve zes m a xim iz a a u tilid a d e de lo n g o pra zo
ou que as prom e ssas e d ire ito s hum a n o s são d is p o sitiv o s
a in d a m a is e ng e nhosos p ara m a xim iz a r a u tilid a d e do que
pensávamos in icia lm e n te . Essa resposta antes co nfirm a que ¡
re futa a crític a de que os agentes U tra ta m o re co nh e cim e n
to de obriga çõ es especiais com o a lgo suje ito à m a xim iz a çã o
da u tilid a d e , n ão com o te n d o priorid a d e sobre esta. N ossa
objeção n ão consistiu no fa to de que as prom essas são m aus
SsE QsitiMO S.para m a xim iz a r a u tilid a d e, m as de quguelqg n ã g ..
sã.Q ta is dispositivos? Esse pro ble m a n ão pod e ser e vita do
m ud a ndo, de atos para regras, o n ív e l em que a plica m os o
prin cípio da utilid a d e . O proble m a , do p o nto de vista de nos
sa m ora lid a d e cotidia n a , está e m a plic a r o p ró prio prin c íp io
de u tilid a d e .
A lg u n s u tilitá rio s co ncord aria m com o que eu disse até
a qui. É corre to e a d e qu a do, eles diz e m , v e r nossos a p e gos!
com o te n d o pre c e d ê ncia sobre a busca da u tilid a d e geral.J
D e ve m os a c e ita r a visã o co tidia n a de que o m a l fe ito a in - '
d ivíd u o s e sp e cíficos que são ta p e a dos ou dis crim in a d o s é
fu n d a m e n to su ficie nte p ara e xig ir que as pessoas m a n te
n h a m prom e ssas e re sp e ite m d ire ito s . N ã o deve m os ser
agentes U que d e cid e m com o a gir fa z e ndo cálculos u tilit á -
rio s e que vê e m as prom essas com o disp o sitivo s para m a xi:
m iz a r a u tilid a d e . E m ve z disso, devemos v e r as prom essas e
os dire ito s das outra s pessoas com o p ossuindo um a im p o r
tâ n cia tã o supre m a que seja m b a sic a m e nte in v u ln e rá v e is
ao c á lculo dos interesse s sociais. E m re sum o, d evem os ser
n ã o -u tilitá rio s em nosso ra ciocínio m ora l. C ontudo, argu
m e nta m , isso n ã o sig nific a que o u tilita ris m o esteja erra do.
A o c o n trá rio , a ra z ã o p e la q u a l d eve m os ser n ã o -u tilit á
rio s na nossa decisão é justa m e nte a prob a bilid a d e m a ior de
m a xim iz arm o s a u tilid a d e dessa m a n e ira . U m a socie da d e
u t il it a r is m o 39
4. D o is a rg u m e n to s a fa v o r d a m a xim iz a ç ã o d a u tilid a d e
cada pessoa, ind e p e nd e nte m e nte do. conte údo das pre ferê n-
cias ...ou - da situ a çã o m a te...ria
™**™*****B>2^^
l da pessoa/
a.r. . /
C om o d iz B e nth a m ,
conta m os cada pessoa com o um a , n e n h um a com o m ais de
um a. N a prim e ira concepção do u tilita ris m o , e ntã o, a ra z ão
p e la q u a l d eve m os d a r ig u a l peso às pre fe rê n cia s de cada
pessoa é que isso tra ta as pessoas com o igu ais, com ig u a l in
teresse e re sp e ito.
Se aceitarm os isso como padrão de correção, então, con
cluire m os que as ações m ora lm e nte corretas são as que m a
xim iz a m a u tilid a d e . C o ntu d o, é im p orta n te observar que a
m a xim iz a ç ã o n ã o é o o b je tiv o d ire to do p a drã o, ela surge
com o um su bpro d uto de u m p a drã o que te m com o o bje tivo
a greg ar as pre ferê ncia s das pessoas de m a n e ira e q üita tiv a .
A e xig ência de que m a xim iz e m os a u tilid a d e é inte ira m e nte
derivad a da exigência a n te rior de tra ta r as pessoas com igu al
consideração. A ssim , o prim e iro argum e nto a fa vor do u tili
ta rism o é este:
5. C on c e p ç ã o in a d e q u a d a d e ig u a ld a d e
í
u t il it a r is m o 53
1
54 FIL O S O FIA P O LÍTIC A C O N T E MP O R Â N E A
a satisfação deve ser a lca nça d a " (R awls, 1982b: 184,171 n.,
170,182). "
Podemos p erceb er agora p or que o u tilita ris m o d eixa de
re conhecer as relações especiais ou de e xcluir as preferê ncia s
56 FIL O S O FÍA P O LÍTIC A C O N T E MP O R Â N E A