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08362018 2197
ARTIGO ARTICLE
diferentes caminhos, muitos desafios
Abstract Over recent decades, several Latin Resumo Nas últimas décadas, vários sistemas de
American health systems have undergone reforms. saúde latino-americanos passaram por reformas.
This paper analyzes health policies in Argentina, O artigo analisa as políticas de saúde na Argen-
Brazil and Mexico from 1990 to 2014. It explores tina, Brasil e México de 1990 a 2014, explorando
the reform strategies, explanatory factors and ef- estratégias, condicionantes e efeitos das reformas
fects on the configuration of each health system. sobre a configuração dos sistemas de saúde. Ado-
The analytical framework was based on the his- tou-se a abordagem histórico-comparativa, consi-
torical-comparative approach and considered the derando os eixos: trajetória da política de saúde;
following aspects: political and economic context; contexto político e econômico; agendas, processos
health reform agendas, processes and strategies; e estratégias de reforma; mudanças na configura-
changes in the health system configuration in ção do sistema, em termos de estratificação social
terms of social stratification and de-commodifi- e desmercantilização. A pesquisa compreendeu re-
cation. The research methods involved literature visão bibliográfica, análise documental e de dados
review, document and data analysis and inter- secundários e entrevistas. No período, a Argentina
views. In the period, Argentina maintained an manteve na saúde o sistema corporativo fragmen-
employment-based and fragmented healthcare tado, com expansão do setor privado e de progra-
system, expanded specific public programs and mas públicos específicos. O Brasil implantou um
private health plans. Brazil created a public and sistema público universal, que convive com um
universal health system, which coexists with a dy- setor privado dinâmico e crescente. O México
namic and growing private sector. Mexico main- manteve o seguro social dos trabalhadores e criou
tained the employment-based health care and um seguro de saúde para pobres. Em que pesem as
created a popular health insurance. Although the diferenças nos condicionantes e estratégias de re-
reform influences and strategies varied between forma, nos três países persistiram a estratificação
the countries, social stratification and commodi- social e a mercantilização em saúde, sob formas
1
Departamento de
Administração e fication persisted in the three health systems, un- variadas. A transformação dessas características
Planejamento em Saúde. der different arrangements.The transformation of é fundamental para a construção de sistemas de
Escola Nacional de these characteristics is essential to build universal saúde universais na América Latina.
Saúde Pública Sérgio
Arouca, Fiocruz. R. health systems in Latin America. Palavras-chave Políticas de saúde, Sistemas de
Leopoldo Bulhões 1480, Key Words Health policies, Health systems, La- saúde, América Latina, Relações público-privadas
Manguinhos. 21041-210 tin America, Public-private relations in health em saúde
Rio de Janeiro RJ Brasil.
cristiani@ensp.fiocruz.br
2198
Machado CV
Resultados
Legados histórico- - Cobertura
institucionais - Gastos
- Indicadores de saúde
Reformas da saúde
Agência (agendas, processos,
política estratégias, contradições) Mudanças de configuração
- Segmentação x integração
Contexto político - Relações público-privadas
e econômico
Efeitos sobre:
- Estratificação social
- (Des)mercantilização/direito
à saúde
o Ministério das Finanças propôs, com apoio do público-privado de previdência social. Em 2008,
Banco Mundial, a introdução da competição de houve reestatização e unificação do sistema, que
mercado no seguro social, por meio do direito passou a cobrir 90% da população11.
de escolha dos trabalhadores por qualquer obra Na saúde, o período foi marcado por expan-
social ou por seguro privado. Os sindicatos veta- são de programas públicos específicos e debates
ram que os seguros privados pudessem competir sobre a regulação das obras sociais e do setor pri-
pelos filiados. Porém, instituiu-se a liberdade de vado. O Conselho Federal de Saúde fortaleceu-se
escolha dos trabalhadores entre obras, rompendo como instância de articulação intergovernamen-
com a obrigatoriedade de vínculo por categoria tal e definiu prioridades incluídas no Plano Fe-
profissional7-9. deral de Saúde 2004-200714: política nacional de
Várias obras sociais fizeram acordos com em- medicamentos; saúde materno-infantil; seguro
presas para a oferta de planos especiais, visando público de saúde; programas específicos e Aten-
atrair filiados. A lógica de mercado penetrou o ção Primária em Saúde.
subsistema das obras e mudou o pacto corpo- Os financiamentos internacionais anterio-
rativo tradicional6,7, favorecendo a expansão das res à crise de 2001-2002 se reorientaram para a
empresas de medicina pré-paga12. implementação dessas prioridades. A política de
As reformas da década de 1990 fracassaram medicamentos envolveu a criação do programa
em termos de resultados de saúde e custos6. De REMEDIAR, visando ao acesso a uma relação de
1999 a 2002, a crise econômica levou a uma medicamentos essenciais, e a elaboração da Lei
‘emergência sanitária’, que evidenciou a baixa de Medicamentos Genéricos. Ampliaram-se os
capacidade de resposta dos segmentos das obras medicamentos do Plano Médico Obrigatório,
sociais e privado, dependentes de ciclos econô- a ser cumprido por obras sociais e empresas de
micos13. medicina pré-paga.
Nos anos 2000, os governos de centro-esquer- Quanto à saúde materno-infantil, em 2004, o
da de Nestor (2003-2007) e Cristina Kirchner Plano Nascer começou a ser executado pelo go-
(2007-2015) fizeram ajustes no sistema misto verno federal e províncias para diminuir as taxas
2200
Machado CV
Quadro 1. Políticas de Saúde na Argentina, Brasil e México: trajetória prévia, contexto e agenda política de 1990
a 2014.
País Trajetória Prévia 1990-1999 2000-2014
Argentina Ao longo do século XX: 1989-1999- Governo Menem 2000-2002 – Crise econômica;
-Ações de saúde pública, Política econômica: reformas 2003 a 2014 - Governos Nestor
serviços públicos de saúde neoliberais: ajuste estrutural, Kirchner (2003-2007) e Cristina
(em geral provinciais) para a liberalização dos mercados, Kirchner (2007-2015):
população sem cobertura; privatizações, contenção de Política econômica: tentativa
- Obras Sociais: origem nas gastos públicos. de retomada do crescimento,
associações mutuais; serviços Aposentadorias/Pensões: emprego formal e investimentos
de saúde organizados em criação de sistema misto públicos; empréstimos
base corporativa (em geral (público-privado); indução internacionais.
sindical); distintos portes à escolha do sistema privado, Aposentadorias/Pensões: 2003-
e natureza; cobertura de baseado em contribuições 2007: correções e livre opção
mais de 60% da população; individuais e administrado entre sistemas; inclusão no
em geral contratação de por fundos privados. sistema público; 2008-2014:
prestadores privados. Assistência Social: início de reestatização do sistema; criação
- Setor privado: prestadores programas de transferência de de sistema único público e
privados oferecem serviços renda para combate à pobreza. integrado (SIPA); cobertura de
para as obras sociais Política de saúde: 90% da população.
ou clientes individuais; - Sistema público sofre efeitos Assistência Social: ampliação
empresas de medicina pré- de limites de financiamento de políticas de transferência de
paga. e baixo investimento; ênfase renda e criação do programa
Anos 1980: na responsabilidade das Assignación Universal por Hijo.
- Retorno à democracia; províncias; Política de Saúde:
eleição de Raul Alfonsín em - Legislação incentiva - Ampliação de programas
1983; hospitais públicos a se públicos específicos, com apoio
- Propostas de unificação tornarem autônomos; adesão financeiro internacional;
do sistema de saúde variável entre províncias. - Política de Medicamentos:
esbarram em resistências, - Obras Sociais: liberdade de programa Remediar (depois
principalmente dos escolha entre obras sociais Remediar-Redes); genéricos;
sindicatos. é aprovada, mas sindicatos aumento dos medicamentos na
- Crise econômica e política: vetam a possibilidade de lista do PMO;
entrega antecipada do concorrência direta de - Plano Nascer/SUMAR – seguro
governo a Carlos Menem empresas no sistema; aumenta público provincial; cobertura
em 1989. a competição entre as obras, de gestantes e crianças; em
que passam a subcontratar 2012 estendida a adolescentes e
empresas privadas para mulheres até 64 anos.
oferecer melhores planos e - Programa Médicos
atrair clientes; substituição do Comunitários (APS);
pacto corporativo por lógica - Investimentos em infraestrutura
de mercado. hospitalar;
- Setor privado: expansão dos - Obras Sociais: persiste
prestadores privados e das concorrência para atrair filiados,
empresas de medicina pré- contratação de prestadores
paga. privados e de empresas de
medicina pré-paga.
- Lei da Medicina pré-paga (em
2011)
continua
Quadro 1. Políticas de Saúde na Argentina, Brasil e México: trajetória prévia, contexto e agenda política de 1990
a 2014.
País Trajetória Prévia 1990-1999 2000-2014
México Ao longo do século XX: - Governos do PRI de Carlos - Governos PAN de Vicente Fox
- Constituição de 1917- Salinas de Gortari(1988-1994) (2000-2006) e Felipe Calderón
Pacto social amplo; porém, e Ernesto Zedillo (1994-2000) (2006-2012) – rompem com mais
70 anos de domínio de um Política econômica: Crises de 70 anos do PRI no governo
único partido no poder econômicas e reformas nacional.
(PRI). neoliberais; - Eleição de Peña Nieto - PRI
- Ações de saúde pública Aposentadorias/Pensões: retorna ao poder em 2012.
limitadas; sucessivas propostas de Política econômica: continuidade
- Em 1943: criação do IMSS privatização do seguro social; das políticas neoliberais;
(trabalhadores formais); em 1995: privatização do incentivos à expansão do setor
- Em 1959: criação do sistema de pensões (IMSS); privado.
ISSSTE (servidores resistências à privatização da Aposentadorias/Pensões: propostas
públicos); saúde e do ISSSTE. de expansão da participação
- Anos 1970: IMSS começa Assistência Social: expansão de privada no ISSSTE (planos
a oferecer serviços de saúde políticas de combate à pobreza complementares para os
para pobres rurais sem (transferência de renda). servidores);
cobertura. Política de Saúde: Assistência social: expansão
Anos 1980 - Reforma do Setor Saúde das políticas de transferência
- Governo de Miguel de la 1995-2000-descentralização de renda; Progresa se torna o
Madrid-PRI (1982-1988) envolve os 32 estados; criação programa Oportunidades;
- Crises econômicas: de “organismos públicos Política de Saúde:
reformas de austeridade, descentralizados” e fundo - Lei do Sistema de Proteção
contenção do gasto público; público para transferências Social em Saúde e Criação
- Democracia restrita; federais. do Seguro Popular de Saúde
- Reforma constitucional de - IMSS – Após privatização (2003) - voluntário e para pobres
1983 –direito das pessoas à das pensões, dificuldades – cobre número limitado de
proteção da saúde. financeiras crescentes para a intervenções de saúde de baixa
- Constrangimentos atenção médica. e média complexidade (285
orçamentários ao IMSS, - Baixo investimento nos ao final de 2013) e relação de
ISSSTE e Secretaria de serviços públicos e incentivo intervenções complexas por meio
Saúde; à contratação de privados do Fundo Catastrófico de Saúde;
- 1983-1984 – (ainda limitada). serviços em geral prestados pelas
Descentralização de serviços secretarias estaduais; em alguns
de saúde, sob condições estados-expansão de serviços
financeiras adversas, envolve públicos ou contratação de
14 estados. serviços privados.
- IMSS-Solidariedade
passa a se chamar IMSS-
Oportunidades; serviços passam
a ser disponibilizados para
beneficiários do Seguro Popular
em 2011.
-IMSS e ISSSTE – dificuldades
financeiras; lenta expansão da
contratação de serviços privados.
-Crescimento de consultórios
médicos; pequeno crescimento do
segmento de planos privados.
Fonte: Elaboração própria, a partir das diversas fontes bibliográficas e documentais.
Nota: Siglas APS- Atenção Primária em Saúde; PMO – Programa Médico Obrigatório; SIPA- Sistema Integrado Previdenciário
Argentino.
neoliberais na década de 1990. Os governos de ram o SUS, com avanços incrementais. No entan-
centro-esquerda de Lula e Dilma de 2003 a 2014 to, problemas estruturais não foram enfrentados,
implantaram políticas redistributivas e preserva- como o dinamismo do setor privado. A tomada
2207
Tabela 1. Indicadores demográficos, econômicos, sociais e de saúde selecionados. Argentina, Brasil e México, ao redor de 1990 e
2014.
Argentina Brasil México
Indicador
1990 2014 % Var. 1990 2014 % Var. 1990 2014 % Var.
População (total)* 32.688.966 42.874.155 31,2 150.310.243 205.960.069 37,0 85.380.637 122.978.018 44,0
População (% América 7,5 7,0 - 6,6 34,5 33,7 - 2,5 19,6 20,1 2,5
Latina)*
PIB per capita (US$ 4302,9 13225,9 207,4 2838,6 11732,6 313,3 3435,9 10532,4 206,5
correntes)*,1
GDP (% América Latina)*,1 12,4 9,2 - 26,3 37,7 39,0 3,6 25,9 20,9 - 19,3
Agricultura, valor 8,1 8,0 - 1,5 8,1 5,0 - 37,9 7,8 3,5 - 54,9
adicionado (% do PIB)**,1
Indústria, valor adicionado 36,0 28,9 - 19,7 38,7 23,8 - 38,5 28,4 34,3 20,8
(% do PIB)**,1
Serviços, valor adicionado 55,9 63,1 12,9 53,2 71,2 33,8 63,7 62,1 - 2,5
(% do PIB)**,1
Grau de abertura da 15,6 28,4 81,8 14,1 25,1 77,6 34,3 65,8 92,0
economia (% US$
correntes)*
Pobreza (% população)*,2 16,1 4,3 - 73,3 48,0 16,5 - 65,6 44,2 41,2 - 6,8
Extrema pobreza (% 3,4 1,7 - 50,0 23,4 4,6 - 80,3 16,0 16,3 1,9
população)*,2
Coeficiente de Gini*,3 0,501 0,470 - 6,2 0,627 0,548 -12,6 0,542 0,491 - 9,4
Abastecimento de água 93,8 98,9 5,4 88,5 98,1 10,8 82,3 96,1 16,8
tratada (% da população
com acesso)**
Infraestrutura adequada 87,4 96,1 10,0 66,6 82,7 24,2 66,2 85,1 28,5
de saneamento (% da
população com acesso)**
Expectativa de vida ao 71,5 76,2 6,5 65,3 74,4 13,9 70,8 76,7 8,4
nascer, total (anos)**
Fecundidade total 3,0 2,3 - 22,3 2,8 1,8 - 36,3 3,5 2,2 - 35,5
(nascidos por mulher)**
Taxa de mortalidade de 27,6 12,9 - 53,3 60,8 16,2 - 73,4 46,6 13,8 - 70,4
menores de 5 anos (por
1.000 nascidos vivos)***
Taxa de mortalidade 24,4 11,5 - 52,9 50,9 14,4 - 71,7 37,1 11,9 - 67,9
infantil (por 1.000 nascidos
vivos)***
Taxa de mortalidade 15,4 6,5 - 57,8 24,3 9,6 - 60,5 20,6 7,4 - 64,1
neonatal (por 1.000
nascidos vivos)***
Fontes: * CEPAL, 2017 (CepalStat); ** Banco Mundial (Base de Dados), 2017; *** Organização Mundial de Saúde (Repositório de
Dados), 2017.
Notas: 1 PIB - Produto Interno Bruto; 2 Pobreza e Extrema Pobreza- na Argentina, os dados se referem apenas à população urbana e
aos anos 1994 e 2012; no México, o dado se refere à população total e aos anos 1992 e 2014. 3 Coeficiente de Gini - na Argentina, os
dados se referem apenas à população urbana e aos anos 1990 e 2014; no México, os dados se referem à população total e aos anos
1992 e 2014.
cia de um sistema público forte, que favoreceu o sistema público e ameaça a sua viabilidade, ao
o acesso e as mudanças no modelo de atenção disputar recursos do Estado e da sociedade.
à saúde, com um setor privado dinâmico e em O caráter da democracia e a orientação polí-
expansão, que mantém relações imbricadas com tica dos governos importam. O México, nas três
2209
900,00
5,00
800,00
700,00
4,00
Gasto público - %PIB
600,00
400,00
2,00
300,00
200,00
1,00
100,00
0,00 0,00
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Argentina (%PIB) Brasil (%PIB) México (%PIB) Argentina (Per Capita) Brasil (Per Capita) México (Per Capita)
Figura 2. Gasto público em saúde como proporção (%) do PIB1 e gasto público per capita (US$ PPC)2 em saúde.
Argentina, México e Brasil, 1995 a 2014.
70,0 60,0
60,0
DesembolsoDdireto % Gasto Total Saúde
50,0
Gasto Privado % Gasto Total Saúde
50,0
40,0
40,0
30,0
30,0
20,0
20,0
10,0
10,0
0,0 0,0
Argentina - Gasto privado % Gasto Saúde Brasil - Gasto privado % Gasto Saúde
México - Gasto privado % Gasto Saúde Argentina - Gasto Desembolso Direto % Gasto Saúde
Total
Brasil -Gasto Desembolso Direto % Gasto Saúde
Total México - Gasto Desembolso Direto % Gasto Saúde
Total
Figura 3. Participação dos gastos privados totais e dos gastos por desembolso direto no gasto total em saúde.
Argentina, Brasil e México, 1995 a 2014.
décadas, não teve governos progressistas e foi ob- Nos três países, obstáculos ao sistema pú-
jeto de reformas neoliberais, com efeitos sobre a blico de saúde transcendem limites setoriais, se
previdência e a saúde. Na Argentina e no Brasil, a relacionando à sua identificação como mercados
presença de governos de centro-esquerda de 2003 atraentes para empresas de saúde internacionais
a 2014 foi relevante para a contenção de reformas e nacionais. A disputa de grupos privados por
neoliberais e a adoção de políticas redistributi- recursos constrange os serviços públicos. Porém,
vas, com a expansão de programas sociais e de sistemas de saúde com forte componente priva-
saúde. Porém, não foi suficiente para o enfrenta- do são fragmentados, caros, vulneráveis a ciclos
mento de problemas estruturais dos sistemas de econômicos e excludentes, especialmente em so-
saúde, que expressaram contradições e projetos ciedades desiguais.
em disputa. Recentemente, o retorno ao poder O desafio para as nações latino-americanas é
de governos de direita – na Argentina, pela via construir um pacto em torno de um projeto de
eleitoral; no Brasil, por impeachment presidencial desenvolvimento soberano, democrático e orien-
– tem levado a retrocessos nos direitos sociais. tado para garantir direitos sociais. Nessa perspec-
Fragilidades na democracia se expressam em ins- tiva, o papel do Estado, em diálogo com diferentes
tabilidade institucional e descontinuidades nas grupos da sociedade, seria conter as forças de mer-
políticas, manipulação pela mídia e perseguição cado, promover a redistribuição social, reduzir as
a lideranças de esquerda. desigualdades e expandir a cidadania universal.
Agradecimentos
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2212
Machado CV
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