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1871

Capital social e qualidade da atenção à saúde:

ARTIGO ARTICLE
as experiências do Brasil e da Catalunha

Social capital and quality of healthcare:


the experiences of Brazil and Catalonia

Selma Cristina Franco 1


Angel Martinez Hernaez 2

Abstract Distinct models of health management Resumo Os diferentes modelos de gestão da saúde
reflect the core principles upon which they were refletem as concepções que os embasam e seus ar-
founded and their institutional arrangement can ranjos institucionais podem propiciar o aprimo-
lead to the improvement of health policy. This ramento da política de saúde. O presente artigo
paper seeks to reflect on the potential benefits and objetiva fazer uma reflexão sobre as potencialida-
limitations of the organizational structure and des e os limites da estrutura organizacional e do
the social capital to lead to changes in the perfor- capital social para produzirem mudanças no de-
mance of public health organizations in the quest sempenho das organizações públicas de saúde na
for enhanced quality of care. The description and busca de melhor qualidade assistencial. A descri-
analysis of two experiences of universal public ção e a análise de duas experiências de organiza-
health systems, in Catalonia and in Brazil, reveal ção de sistemas públicos de saúde universais, na
similarities in the legal basis of both health sys- Catalunha e no Brasil, mostram similaridades nos
tems. However, the mode of deployment differed marcos legais, porém com uma diversidade de ca-
greatly, which gave rise to divergent management minhos trilhados, que deu origem a experiências
experiences. One prioritized managerial organi- distintas de gestão, uma priorizando a organiza-
zation, while the other concentrated on the im- ção gerencial e a outra o protagonismo de atores
portance of the social actors promoting the insti- sociais promovendo a institucionalização do ca-
tutionalization of social capital. It is suggested pital social. Sugere-se que em modelos de gestão
that models of management with dialogue between onde há diálogo entre um desenho organizacio-
an efficient organizational design and citizen par- nal eficiente e participação cidadã capaz de cons-
ticipation capable of constructing social capital truir capital social, pode-se promover mudanças
may lead to change in the organizational culture na cultura organizacional em prol da qualidade
and enhance the quality of care. assistencial.
1
Mestrado em Saúde e Meio Key words Health management, Quality of he- Palavras-chave Gestão em Saúde, Qualidade da
Ambiente, Universidade da alth care, Citizen participation, Institutional or- Assistência à Saúde, Participação cidadã, Orga-
Região de Joinville. R. Paulo
ganization nização Institucional
Malschitzki 10/Bl. A/227B
Campus universitário, Zona
Industrial. 89219-710
Joinville SC.
scfranco@terra.com.br
2
Universitat Rovira i
Virgili.
1872
Franco SC, Hernaez AM

Introdução las organizações de saúde. Tal conceito, derivado


do primeiro, busca ocultar o fato de que a mul-
A qualidade da atenção à saúde é uma temática tiplicidade de sujeitos envolvidos na complexa
que permanece na agenda dos países que cons- produção social da saúde torna impossível que
truíram suas políticas sociais, dentre elas a de saú- as políticas do setor saúde contemplem todos os
de, a partir da segunda metade do século XX. Tal interesses, daí a tensão resultante e a necessidade
interesse se deve, por um lado, às pressões advin- de haver negociação neste campo tensionado co-
das do capital em busca de eficiência organizacio- tidianamente. Consequentemente, identifica-se
nal, principalmente em momentos de crise eco- uma abordagem gerencial pré-concebida para li-
nômica e, por outro, aos resultados distintos al- dar e ‘resolver’ as situações conflitivas;
cançados por estes países com relação à resoluti- (c) racionalidade gerencial hegemônica enfa-
vidade, eficácia, eficiência, efetividade e outros atri- tizando a disciplina e o controle na busca da efici-
butos que compõem o conceito de qualidade1,2. ência. Este aspecto está bem estabelecido por meio
Dessa forma, o debate permanece aberto na ten- de fluxos nas diferentes propostas de modelos de
tativa de se construir caminhos para as mudan- qualidade organizacional. Ou seja, as “organiza-
ças pretendidas no que tange à qualidade da as- ções são como instrumentos racionalmente dese-
sistência oferecida, as quais passam necessaria- nhados para alcançar objetivos pré-definidos. (...)
mente pelo aprimoramento do desempenho das as tarefas e as atividades são estruturadas segun-
instituições públicas e, neste caso, as de saúde. do racionalidade técnica ou instrumental, ou seja,
Na literatura, o tema da qualidade em saúde da maneira mais racional para que os fins sejam
é abordado de forma multidisciplinar, porém é atingidos com uma eficiência máxima”4,5.
possível constatar uma maior contribuição teó- Como exemplo de intervenções no campo da
rico-metodológica da área de Epidemiologia com avaliação de qualidade baseadas neste paradig-
seus métodos, técnicas e procedimentos para afe- ma, pode-se citar a implantação de modelos de
rir a qualidade da atenção sob os mais diversos qualidade em sistemas públicos de saúde de di-
enfoques, majoritariamente por meio de medi- versos países. No caso da Espanha, destaca-se a
das quantitativas3. A perspectiva que prevalece experiência da Catalunha, comunidade autôno-
ao se avaliar a qualidade é a operacional, como ma daquele país, reconhecida nos últimos anos
uma ferramenta de gestão aliada ao Planejamento pelo bom desempenho de suas instituições de
e à Administração1. Identifica-se ainda contribui- saúde6,7. Em tais modelos, atribui-se a qualidade
ções teóricas oriundas tanto da área de análise de alcançada pela rede assistencial primordialmen-
políticas públicas, presentes na literatura da Saú- te à estrutura organizacional e ao controle de
de Coletiva, quanto as advindas das Ciências processos, sendo os atores vistos como um dos
Sociais e Humanas, algumas destas últimas im- recursos da organização, os recursos humanos,
pregnadas pelo referencial teórico estrutural-fun- que precisam ser aperfeiçoados para lograrem
cionalista (Parsons) e pela teoria clássica da ad- um rendimento máximo.
ministração (Taylor e Fayol)4, fato que coloca A grande maioria dos trabalhos publicados
limites para a compreensão de temática tão sobre qualidade em saúde evidencia assim um
abrangente e complexa. Dentre os conceitos ba- déficit em relação aos atores sociais enquanto
silares desta última perspectiva, presentes na pro- sujeitos portadores de múltiplos projetos e inte-
dução teórica, pode-se destacar: resses, com visões distintas sobre a organização,
(a) concepção da organização/sociedade os quais por deterem controles diversos sobre os
como um sistema estável e que tende à homeos- recursos desempenham poderes e papéis ativos
tase, desconsiderando que o campo da consti- na construção da organização, podendo afastá-
tuição de políticas e das práticas de saúde é um la de seus objetivos primordiais para os quais
espaço de disputa entre sujeitos coletivos. A pers- foram criadas5.
pectiva estrutural-funcionalista nega ou minus- Como contraposição ao paradigma estrutu-
valora a existência de conflitos de interesse entre ral-funcionalista, autores filiados a outras cor-
os atores sociais, como se todos, de forma isen- rentes de pensamento concebem a vida organi-
ta, introjetassem e partilhassem os mesmos va- zacional de maneira distinta, buscando entender
lores sociais, neste caso, os formulados e defen- o papel e a interação dos atores sociais ou de
didos pelo SUS na forma de princípios; pequenos grupos dentro das organizações, tais
(b) tentativa de construir consenso, conside- como Bourdieu e o estruturacionismo. Este au-
rando as divergências entre os sujeitos como dis- tor faz uma crítica à linha que concebe o ator
funções a serem ‘trabalhadas gerencialmente’ pe- social como mero executor de regras e, ao discu-
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tir a relação entre estrutura e ação, situa o ator O artigo está estruturado em três partes: con-
social, o qual ele prefere chamar de agente, em textos históricos e marcos legais dos sistemas de
um espaço onde se manifestam as relações de saúde espanhol, em especial o da Catalunha, e o
poder, o ‘campo’, estruturado com base na distri- brasileiro; modelo de qualidade catalão e cons-
buição desigual de capital social dos agentes8: trução do capital social no SUS brasileiro; e, fi-
... os grupos instituídos delegaram seu capital nalmente, contribuições das duas experiências
social a todos os seus membros, mas a graus muito com relação à qualidade da atenção à saúde, pro-
desiguais (do simples laico ao papa ou do ativista pondo-se um diálogo entre ambos em prol da
ao secretário geral), todo o capital coletivo podia ser construção de um modelo de qualidade para as
individualizado em um agente singular que o con- instituições públicas de saúde.
centra e que, embora tenha todo o seu poder do
grupo, pode exercer sobre o grupo (e em certa me- Marco legal dos sistemas de saúde
dida contra o grupo) o poder que o grupo lhe per- espanhol/catalão e brasileiro
mite concentrar. [tradução do autor]
Na área da avaliação em saúde, o capital so- Apesar de numerosas diferenças quanto à
cial pode ser uma categoria capaz de expressar o história, inserção mundial, regime político, or-
protagonismo dos atores sociais em relação ao ganização político-teritorial, porte populacional,
desempenho institucional e à consequente quali- entre outras, Brasil e Espanha apresentam simi-
dade assistencial, conforme sugerem autores que laridades no que concerne ao caráter relativa-
propõem modelos baseados na democratização mente recente dos processos de redemocratiza-
da gestão9,10 e que analisam a experiência de par- ção e aos marcos legais que instituíram seus sis-
ticipação social organizada no SUS brasileiro por temas públicos de saúde (Quadro 1). Ambos os
meio dos conselhos de saúde11,12. O processo de sistemas de saúde foram inscritos dentro da Se-
construção e institucionalização de capital social guridade Social, tendo sido a constituição espa-
dentro do sistema de saúde exemplifica o papel nhola promulgada uma década antes da brasi-
que as instituições podem desempenhar, consti- leira. No caso espanhol, o artigo 41 estabeleceu o
tuindo um modelo inédito para o fortalecimen- regime público da Seguridade Social e o artigo 43
to de uma cultura política participativa e o aper- reconheceu o direito à proteção à saúde, caben-
feiçoamento das políticas públicas. É importante do ao poder público, a tutela da saúde pública e
mencionar que esta abordagem foi uma opção a organização da provisão da atenção aos cida-
dos autores do presente trabalho, já que a dire- dãos13. Diferentemente do Brasil, as diretrizes éti-
triz de participação social no SUS não esteve ori- co-filosóficas – universalidade, equidade e inte-
ginalmente vinculada à ideia de capital social, mas gralidade – e diretrizes operacionais – descentra-
de democratização em sua acepção plena. lização, regionalização e participação da socieda-
Baseadas em paradigmas distintos, as expe- de – que são comuns a ambos os sistemas, não
riências da Catalunha, com um modelo que pri- foram estabelecidas nessa ocasião, mas sim oito
vilegia a estruturação organizacional, e do Brasil, anos mais tarde, com a Lei Geral da Sanidade14.
com o capital social em processo de instituciona- No Brasil, esse processo se deu conjuntamente
lização dentro do sistema de saúde, proporcio- com a promulgação da constituição brasileira a
nam duas vertentes que parecem contribuir de qual, refletindo a força social do movimento da
forma complementar para o bom desempenho Reforma Sanitária, não apenas afirmou o direito
das instituições de saúde na atualidade. à saúde e o conceito ampliado de saúde, como
Diante disso, o presente artigo objetiva fazer também estabeleceu os princípios e a organiza-
uma reflexão sobre as potencialidades e os limi- ção do Sistema Único de Saúde (SUS)15.
tes destes modelos que enfocam, respectivamen- O processo de descentralização ocorreu de
te, a estrutura organizacional e o capital social forma paulatina na Espanha com a transferên-
para produzirem mudanças no desempenho das cia de responsabilidades para as comunidades
organizações públicas de saúde em busca de uma autônomas, diferentemente do Brasil, onde che-
melhor qualidade assistencial e, para tanto, des- gou até os municípios, hoje os principais execu-
crevem-se e analisam-se as duas experiências de tores da política de saúde.
organização de sistemas públicos de saúde uni- Somente 13 anos após a constituição, publi-
versais, na Catalunha e no Brasil. Pretende-se cou-se a lei que estabeleceu as bases para o finan-
mostrar a diversidade de caminhos trilhados, que ciamento do sistema nacional de saúde espa-
deu origem a experiências distintas na busca da nhol16, baseada na experiência prévia de provi-
qualidade assistencial. são de assistência. No Brasil, os marcos legais
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Quadro 1. Contexto de criação dos sistemas de saúde da Catalunha e do Brasil.


Catalunha Brasil

Forma de governo Monarquia parlamentarista República Federativa


do país Presidencialista

Ditadura militar 1939-1975 1964-1984

Transição democrática 1975-1978 1974-1989

População 2010 7,5 milhões 190,7 milhões

Marco legal – criação da Constituição 1978 – Artigos 41 e 43 Constituição 1988 – Artigos


Seguridade Social pública – 194 e 195
SNS

Marco legal descentralização *


Lei 12/1983 descentralização e gestão da NOBs 91,93,96 e NOAS 01
das atribuições seguridade social na Catalunha e 02, Pacto pela Saúde (2006)

Marco legal - organização Lei 14/1986 – Geral da Sanidade: público, Leis 8080/1990 –LOS –
do SNS – princípios universalidade, gratuidade, direitos/deveres, público, universalidade,
descentralização política, integração de descentralização executora,
estruturas, áreas de saúde, novo modelo de equidade, integralidade,
APS (integração entre assistência, hierarquização, controle
prevenção, promoção e reabilitação) social

Marco legal - ordenação *


LOSC – Lei 15/1990
do sistema sanitário a nível Ordenação Sanitária da Catalunha -
regional

Marco legal - qualidade Lei 16/2003 Não há

*
LOSC – Lei de Ordenação Sanitária da Catalunha

estruturantes do SUS foram estabelecidos em um um instrumento para oferecer garantias básicas


tempo mais curto, sendo a Lei Orgânica da Saú- comuns a todos os cidadãos, explicitando um
de17 aprovada dois anos após a constituição jun- catálogo de serviços preventivos, diagnósticos,
tamente com a que estabeleceu as diretrizes para terapêuticos, reabilitadores e de promoção da saú-
o financiamento18. de e compreendendo a atenção primária e especi-
Com relação à institucionalização da quali- alizada, atenção aos pacientes crônicos (designa-
dade, o grande diferencial entre os dois países foi da de atenção sociossanitária), atenção às urgên-
o marco legal espanhol19, a chamada Lei de Coe- cias, farmácia, órteses e próteses, produtos dieté-
são e Qualidade, que definiu os parâmetros para ticos, transporte sanitário, além das ações de saú-
a provisão de serviços de saúde e a política de de pública (no modelo espanhol, compreende a
recursos humanos, considerados basilares para vigilância epidemiológica, a prevenção de doen-
o Plano de Qualidade do Sistema de Saúde. A lei ças, a promoção da segurança alimentar, a pre-
propõe que a organização do Sistema Nacional venção e o controle dos efeitos dos fatores ambien-
de Saúde seja orientada para os resultados da aten- tais sobre a saúde). Este catálogo é revisado anual-
ção, fomente o papel dos usuários nas decisões, mente, podendo haver inclusão de novas técni-
promova o comprometimento dos profissionais, cas, tecnologias e procedimentos, previamente
baseie as atividades clínicas em evidências científi- avaliados e considerados custo-efetivos. Este pon-
cas e integre a atenção em todos os níveis. Sem to constitui um grande diferencial em relação ao
interferir na gestão e na diversidade da organiza- SUS brasileiro, no qual a legislação deixou em
ção das comunidades autônomas, a lei constituiu aberto durante muitos anos a possibilidade de se
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incluir na assistência toda e qualquer tecnologia tão, no financiamento e inclusive no perfil epide-
médica, até mesmo aquelas não regulamentadas miológico das populações analisadas22.
no país, por meio de ações judiciais. Somente em
2011, estipulou-se uma relação de ações e serviços O modelo catalão de qualidade na saúde
de saúde a serem oferecidos aos usuários do SUS20.
Além disso, no Brasil, não se instituiu um instru- A Catalunha foi a primeira comunidade es-
mento legal de tal potência, mas um conjunto de panhola a assumir legalmente a gestão da Segu-
normativas e portarias visando melhorar a qua- ridade Social, incluindo a provisão da atenção à
lidade assistencial e corresponsabilizar os Esta- saúde24,25. A partir da Lei Geral da Sanidade14 que
dos e municípios em seus respectivos âmbitos de definiu o modelo sanitário público espanhol,
atuação. quatro anos mais tarde publicou-se a Lei de Or-
A gestão do sistema de saúde espanhol é rea- denação Sanitária da Catalunha (LOSC) que re-
lizada por meio do Conselho Interterritorial cons- gulamentou e organizou a provisão da atenção à
tituído pelo ministro da sanidade e representan- saúde no âmbito da comunidade26. Porém, a con-
tes das dezessete comunidades autônomas. Em figuração atual do sistema de saúde catalão já
nível regional, cada comunidade possui um de- havia sido desenhada desde o início dos anos 80,
partamento de saúde responsável pela regulação quando o processo de descentralização com in-
e planejamento, além de um serviço regional que suficiência dos recursos repassados do governo
organiza a provisão da atenção à saúde em seu central para a Seguridade Social, levou a Catalu-
território21. No Brasil, ocorreu uma maior insti- nha a aproveitar a infraestrutura sanitária de-
tucionalização da gestão nacional e regional do senvolvida anteriormente para responder às ne-
SUS com a atuação das Comissões Intergestores cessidades da população. Neste contexto, identi-
Tripartite (CIT) e Comissões Intergestores Bi- ficou-se a necessidade de ordenar, planejar e fa-
partite (CIB), propiciando um forte protagonis- zer a gestão dos serviços visando aperfeiçoar a
mo dos estados e municípios22. qualidade assistencial, o que levou à implanta-
Em ambos os países, o cartão nacional de ção de mecanismos de gestão empresarial. Insti-
saúde está apenas parcialmente implantado. Atu- tuiu-se a regulação da acreditação de centros e
almente, o gasto público espanhol em saúde é unidades assistenciais e criou-se o Instituto Ca-
maior do que o brasileiro (1.896 versus 490 dóla- talão de Saúde (ICS) como entidade gestora da
res per capita em 2009) ainda que tenha diminu- Seguridade Social da Catalunha. Até o final dos
ído nos últimos anos como consequência da cri- anos 80, buscou-se introduzir uma nova cultura
se econômica. As pesquisas e as avaliações reali- organizacional, adotando a estrutura de empre-
zadas periodicamente na Espanha, especialmen- sa de serviços como modelo de funcionamento.
te as enquetes de satisfação dos cidadãos, a ava- A estratégia era de que a administração da co-
liação do plano de saúde da Catalunha e a avali- munidade autônoma estabelecesse uma relação
ação da atenção especializada e hospitalar suge- de compra de serviços e não de gestora direto da
rem haver uma boa qualidade dos serviços ofer- produção. Assim, no início dos anos 90, com a
tados em termos de acesso, resolutividade, resul- LOSC, criou-se o Serviço Catalão de Saúde (Cat-
tados sanitários e satisfação dos cidadãos6,7,22. Salud) que passou a ser o ente público responsá-
Vale mencionar que cerca de 13% dos espanhóis vel pela gestão do sistema sanitário catalão. Hoje
possuem seguro privado de saúde, enquanto no ele planeja, avalia e regula a oferta e a compra de
Brasil este índice é da ordem de 25%21-23 . serviços de saúde que são prestados por entida-
Esta breve descrição visou apenas contextua- des públicas e privadas não lucrativas, de forma
lizar a implantação do modelo de qualidade da descentralizada em oito regiões de saúde27. Con-
Catalunha e também traçar algumas semelhan- solidou-se, assim, um modelo sanitário misto.
ças no contexto político, na cronologia dos mar- Na atuação do CatSalud há dois aspectos
cos legais e nos modelos de organização da aten- centrais: o primeiro é a separação das funções de
ção à saúde dos dois países. Entretanto, vale financiamento e compra de serviços sanitários
ressaltar que qualquer comparação entre políti- de sua produção; o segundo é a utilização de ins-
cas sociais, mais especificamente entre sistemas trumentos de planejamento e a celebração de
de saúde, apesar das semelhanças que possam contrato para monitorar continuamente os re-
ter, deve levar em consideração as diferenças só- sultados. Assim, o Catsalud contrata os prove-
cio-econômico-culturais e os distintos proces- dores, que assumem a responsabilidade de reali-
sos históricos na conquista do direito à saúde, os zar a assistência sanitária dentro dos padrões de
quais produzem substanciais diferenças na ges- eficiência e qualidade estabelecidos mediante con-
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trato28, estabelecendo regras e definindo indica- ali deliberam democraticamente sobre a política
dores de qualidade, eficiência e eficácia, por meio de saúde.
dos quais avalia os provedores e distribui os re-
cursos de acordo com os compromissos assu- Controle social, participação política
midos. É um modelo em que os contratos são e capital social: organização cidadã
elementos reguladores do sistema, definindo as em prol da qualidade da atenção à saúde
responsabilidades de ambas as partes.
O modelo de qualidade adotado na rede de Nos últimos anos, a democratização das ins-
saúde da Catalunha é o European Foundation tituições públicas tem sido considerada elemen-
for Quality Management (EFQM), modelo em- to central para aprimorar o desempenho insti-
presarial de excelência usado na Europa, funda- tucional e, consequentemente, a eficiência e a sus-
mentado na filosofia da Gestão da Qualidade tentabilidade das políticas sociais31. Assim, pro-
Total. Adaptado ao setor público desde 1995, este postas que fomentem a participação política e a
modelo propõe um conjunto de critérios de exce- produção de cidadãos críticos vêm ganhando
lência divididos em dois grupos: facilitadores (li- espaço nas discussões da relação entre Estado e
derança, pessoas, política e estratégias, alianças e sociedade. O SUS traz exemplos de arranjos ins-
recursos, processos) e resultados (nas pessoas, titucionais inovadores com mecanismos de inge-
nos clientes, na sociedade e resultados chave)29. rência política da sociedade na formulação das
Nessa trajetória de pouco mais de três déca- políticas públicas de saúde e no próprio desem-
das, o sistema de saúde catalão institucionalizou penho das organizações, tais como o modelo de
um conjunto de ferramentas gerenciais que lhe cogestão e os conselhos de saúde.
possibilitam sistematizar a avaliação da qualida- Segundo o modelo de cogestão, a construção
de. A separação das funções de gestão do siste- de relações horizontais que garantam a ampla
ma, regulação/planificação, e de execução das participação dos trabalhadores de saúde nas de-
ações de saúde, é um modelo interessante para a cisões cotidianas das organizações de saúde, po-
realidade da Catalunha e que tem sido defendido deria interferir em sua dinâmica e produzir mai-
por profissionais que atuam no SUS brasileiro or compromisso e solidariedade com o interesse
como uma possibilidade de rearranjo institucio- público. Dessa forma, criam-se espaços coleti-
nal a ser considerada30. vos como estratégia de democratização das rela-
Apesar das vantagens, a maior limitação ao ções de poder, rompendo com os dispositivos de
modelo é a pouca participação dos atores sociais controle presentes na racionalidade administra-
envolvidos na produção social da saúde, embora tiva9. Tal modelo permite compartilhar os espa-
seja possível identificar esforços nesse sentido, ços de poder também com a população, ultra-
tais como as pesquisas de satisfação dos usuári- passando assim as fronteiras institucionais10.
os, inquéritos sobre a qualidade percebida e a Os conselhos de saúde constituem um exem-
satisfação obtida com a atenção recebida em to- plo desta proposta mais abrangente de cogestão,
dos os níveis da rede assistencial da Catalunha e sendo atualmente a experiência mais destacada
que são realizados anualmente de forma siste- de participação da sociedade civil em fóruns de
mática desde 2003 pelo Catsalud21. Há ainda os decisão política, com poder deliberativo para exer-
encontros anuais entre gestores, provedores de cer o controle social, definido como “capacidade
atenção e profissionais para divulgar os resulta- que tem a sociedade organizada de intervir nas
dos sanitários alcançados21. Estas formas de par- políticas públicas, interagindo com o Estado para
ticipação parecem ser insuficientes para se criar o estabelecimento de suas necessidades e interes-
espaços de interação e produção de sujeitos e de ses na definição das prioridades e metas dos pla-
coletivos que partilham o desejo de construir nos de saúde”32. Desde a lei 8.142/90 até os dias
uma política de saúde universal e equânime. Tra- atuais criaram-se milhares de conselhos de saú-
ta-se de iniciativas mais voltadas para a divulga- de em todo o país, constituindo uma experiência
ção e a prestação de contas, porém mantendo a única de participação e inclusão de diferentes ato-
verticalidade gerencial, de forma diversa à expe- res sociais, cujo empoderamento pode agir no
riência brasileira dos conselhos de saúde, nos sentido de capacitá-los para empreender ações
quais a institucionalização do debate com os pro- coletivas e resultar em capital social11,12.
fissionais e a população vem produzindo exem- O conceito de capital social vem sendo utili-
plos de arranjos descentralizados, solidários e zado para designar os sistemas horizontais de
permeáveis à participação popular com com- participação cívica, tais como associações comu-
promisso e corresponsabilização dos atores que nitárias, cooperativas, grêmios desportivos, en-
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tre outros, cujas características centrais são a con- cial do SUS e contribuído para a construção de
fiança, a cooperação e a reciprocidade que cons- capital social, fortalecendo a democracia, pro-
troem solidariedade e comportamento cívico11. movendo a cidadania ativa, fomentando formas
Embora a noção de capital social esteja implícita alternativas de participação política e institucio-
nos trabalhos de pensadores do século XIX, como nalizando a democracia participativa.
Durkheim, Marx e outros, foi Bourdieu quem Cabe ainda ressaltar que a grande mobiliza-
elaborou e sistematizou o conceito tal qual vem ção dos conselhos de saúde também vem geran-
sendo utilizado contemporaneamente33. Para ele, do críticas baseadas na observação de que nem
capital social é uma propriedade dos agentes, um toda participação cidadã gera fortalecimento e
“agregado dos recursos efetivos ou potenciais li- nem todo espaço de deliberação incrementa a
gados à posse de uma rede durável de relações capacidade de intervenção nas decisões que im-
mais ou menos institucionalizadas de conheci- pactam nas condições de vida da população.
mento ou reconhecimento mútuo”8,34. Em sua Ademais, autores alertam sobre o risco de se exi-
análise, o autor dá destaque à conversibilidade mir o Estado da responsabilidade em termos de
das diversas formas de capital, assim os atores políticas públicas, atribuindo-se a culpa pelos
podem, através do capital social, obter acesso problemas ou pelo fracasso à sociedade e sua
direto a recursos econômicos (capital econômi- (falta de) organização11,12.
co), aumentar o seu capital cultural através de Apesar das críticas formuladas ao funciona-
contatos interpessoais ou da filiação a institui- mento dos conselhos e da necessidade de apri-
ções que conferem credenciais valorizadas33. Tra- morar este processo participativo, a existência
balhado por outros autores posteriormente, tais espaços deliberativos onde sujeitos sociais por-
como Coleman e Putnam, o conceito se ampliou, tadores de interesses distintos se encontram, dis-
passando de relações entre atores ou entre um cutem, opinam e interagem com a administra-
ator individual e um grupo para também englo- ção pública tem sido considerada elemento-cha-
bar comunidades, vilas, cidades ou mesmo paí- ve na efetivação da política de saúde e na defini-
ses, designando assim “aspectos da organização ção de prioridades de atenção, dando contribui-
social tais como redes, normas e laços de confi- ções importantes, em vista da carência que o SUS
ança que facilitam a coordenação e cooperação possui de um modelo que enfoque a qualidade
para benefícios mútuos”35. da atenção à saúde11,12.
Assim, nos últimos anos, a maior amplitude
do conceito e sua utilização crescente em diversas Capital social e racionalidade
áreas trouxeram problemas de ordem teórico- administrativa: um diálogo possível?
metodológica, provocando questionamentos
sobre a validade dos resultados encontrados33,36. Nos últimos anos, autores vêm mostrando
Apesar disso, constata-se que o capital social vem que o estabelecimento de uma relação de sinergia
sendo usado em uma variedade de contextos, entre Estado e sociedade pode produzir capital
como variável explicativa, entre outras coisas, do social39-42.
desempenho de políticas públicas, ou seja, como Segundo seus estudos apontaram, a capaci-
fonte de controle social33,37. Essa grande ampli- dade dos grupos sociais agirem para o interesse
tude conceitual também é observada no campo coletivo depende da qualidade das instituições
da saúde, no qual o termo vem sendo utilizado formais às quais eles se vinculam, ou seja, os re-
como determinante do processo saúde-doença, sultados da mobilização e participação social só
do desempenho das políticas de saúde ou em es- aparecem se as instituições públicas tiverem fer-
tudos que relacionam as redes sociais com indi- ramentas gerenciais bem estruturadas. Transpos-
cadores de saúde-doença, com qualidade de vida to à área da saúde pública, este conceito contem-
e com equidade37,38. pla a possibilidade de que a combinação de for-
No presente trabalho, utilizou-se a noção de ma complementar entre um desenho organiza-
capital social como sendo uma nova forma de cional eficiente do setor saúde, como é o caso da
organização cidadã capaz de gerar redes sociais, Catalunha, e uma grande mobilização capaz de
empoderando os indivíduos e promovendo a produzir capital social, como o Brasil, poderia
ação coletiva no âmbito das políticas sociais31, propiciar um melhor desempenho institucional
mais especificamente, as de saúde. com aprimoramento da qualidade assistencial.
No contexto brasileiro, o processo de parti- Desse modo, a estruturação organizacional
cipação política das pessoas na sociedade tem com normas, instrumentos de monitoramento
promovido a institucionalização do controle so- do trabalho e de seus resultados, processos clara-
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mente definidos, sistemas de informação integra- autonomia? É uma questão central no debate
dos, carreiras para os profissionais que incentive sobre a sinergia estado-sociedade. O problema
o bom desempenho da organização, podem ser do modelo organizacional gerencialista é a exces-
instrumentos primordiais para se construir uma siva verticalidade que impede o compromisso e a
cultura de qualidade nas organizações de saúde. corresponsabilização. Quando se fala de corres-
Porém, insuficientes para possibilitar o protago- ponsabilidade nestes modelos, o que se espera
nismo dos sujeitos sociais diretamente envolvi- no fundo é obediência. Por outro lado, o proble-
dos na produção da saúde, os cidadãos e os pro- ma do capital social é a sua canalização para a
fissionais. Assim, propor e fomentar arranjos ins- consecução de consensos, a possibilidade de es-
titucionais permeáveis à participação dos atores tagnação e possível inibição do Estado. Uma pro-
nos processos decisórios constitui um desafio para posta que articule ambos os modelos poderia
a democratização das políticas do setor. Tanto o ser tipificada por meio de um recurso didático
modelo da cogestão como a participação nos con- apresentado a seguir (Figura 1), levando-se em
selhos permitem a incorporação da solidariedade conta que os casos analisados podem não ser
com o interesse público como elemento indutor tão polares.
de capital social. Também estimulam fórmulas - Mais organizacional e menos participativo
mais horizontais de tomada de decisões, maior – com iniciativas participativas anedóticas e que
corresponsabilidade nestas e comprometimento no fundo não serão efetivas e sim mais retóricas
com os objetivos a serem alcançados, principal- que reais (Catalunha). A participação estará na
mente se a gestão mantiver uma relação mais di- saída do circuito de tomada de decisões, não na
alógica com os trabalhadores e a população, esti- entrada nem durante o processo.
mulando a produção de subjetividades. Supõem, - Mais participativo e menos organizacional
finalmente, um marco mais democrático que pro- – com a incorporação de relações horizontais que
move maior compromisso e satisfação dos pro- possibilitam a participação cidadã, apesar de que
fissionais com seu próprio trabalho e da popula- sempre haverá constrangimentos gerenciais de-
ção com o aperfeiçoamento dos programas de rivados de toda burocratização do estado e de
saúde a ela direcionados. suas políticas.
Assim, o estímulo que o SUS pode propiciar - Mais participativo e mais organizacional –
à produção de capital social institucionalizando aqui o organizacional precisa manter a flexibili-
a participação organizada da sociedade para que dade para incorporar a participação dos cida-
esta assuma papel decisório na condução da po- dãos e profissionais na entrada, no processo e na
lítica de saúde, propondo, questionando, fiscali- saída da tomada de decisões e de suas imple-
zando e deliberando sobre temas de interesse mentações em políticas específicas.
público constitui um elemento fundamental para Finalmente, sem intenção de concluir uma
que se crie a sinergia Estado-sociedade. temática tão complexa, fica a ideia de que a cons-
O modelo de qualidade da Catalunha traz trução de redes assistenciais eficazes, resolutivas,
uma experiência muito interessante com resulta- integralmente coesas e articuladas com os níveis
dos documentados sobre a potência que a orga- de atenção mais complexos depende do investi-
nização pode desenvolver ao utilizar ferramen- mento organizacional implantando processos
tas gerenciais adequadas, diversamente do que estruturados que qualifiquem a gestão em saú-
se verifica no Brasil, onde tais ferramentas de de, mas também de uma mobilização dos atores
avaliação são ainda bastante incipientes se com- exercendo seu protagonismo para que o SUS for-
paradas ao modelo catalão. Entretanto, a grande taleça sua legitimidade política e social e promo-
inovação criada com o processo de instituciona- va as mudanças desejadas na cultura organizacio-
lização do capital social dentro do SUS tem cons- nal em prol da qualidade assistencial.
tituído um modelo criativo e inovador na con- Cabe aqui alguns esclarecimentos finais. Pri-
dução das políticas. Para que haja sinergia entre meiro, que a participação social na política de saúde
Estado e sociedade e se crie uma força social que brasileira constitui uma diretriz da reforma sani-
atue em prol do aperfeiçoamento do sistema tária associada à democratização e não vinculada
público de saúde falta estabelecer um diálogo entre ao capital social. Esta opção analítica partiu dos
estes dois modelos, mesmo que existam elemen- autores do presente artigo. Segundo, que na tra-
tos que possam ser contraditórios, como a fór- jetória do SUS, identifica-se uma série de exem-
mula do verticalismo gerencial versus a horizon- plos nos quais a lógica gerencialista está presente
talidade do modelo de cogestão e dos conselhos de forma exacerbada, tais como as normas ope-
de saúde. Até que ponto a burocratização inibe a racionais, os indicadores de avaliação e, mais re-
1879

Ciência & Saúde Coletiva, 18(7):1871-1880, 2013


Elevada participação
S

Modelo pouco Modelo muito


organizacional organizacional
e participativo e participativo

Baixa estruturação Elevada estruturação

S
S
organizacional organizacional

Modelo pouco organizacional Modelo muito organizacional


e e
pouco participativo S pouco participativo

Baixa participação

Figura 1. Modelos de gestão segundo o nível de participação e de estruturação organizativa.

centemente, a expansão da lógica contratual, como Colaboradores


se observa nos Contratos Organizativos de Ação
Pública (COAP), mostrando que as duas lógicas SC Franco e AM Hernaez participaram igualmente
estão presentes e não são excludentes. de todas as etapas de elaboração do artigo.

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Artigo apresentado em 21/08/2012
Aprovado em 15/09/2012
Versão final apresentada em 22/10/2012

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