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Avaliação de iniciativas e programas intersetoriais em saúde:

ARTIGO ARTICLE
desafios e aprendizados

Evaluation of initiatives and intersectorial programs in health:


challenges and learning

Rosana Magalhães 1
Regina Bodstein 1

Abstract The objective of his article is to contribute Resumo O objetivo deste artigo é contribuir para a
to the evaluation of the initiatives aimed at the cre- avaliação das iniciativas voltadas para a constru-
ation of intersectorial arrangements in the scope of ção de arranjos intersetoriais no âmbito das políti-
public health policies and social protection. The fo- cas públicas de saúde e de proteção social. São toma-
cus is on the Integrated and Sustainable Local Devel- dos como focos analíticos a iniciativa de Desenvolvi-
opment of Manguinhos (DLIS-Manguinhos) - a ter- mento Local Integrado e Sustentável de Manguinhos
ritory and community based proposal associated to (DLIS-Manguinhos) - uma proposta de base terri-
bottom up cooperation and negotiation strategies - torial e comunitária associada à estratégias de cola-
and the experience of establishing the conditioned boração e negociação bottom up- e a experiência de
cash transference federal program called Bolsa Família implementação do programa federal de transferên-
(Family Grant Program - PBF). In this perspective, cia condicionada de renda Bolsa Família (PBF).
the aspects related to social mobilization networks, Nesta perspectiva, aspectos ligados às redes de mobi-
profile of the players involved, types of incentive and lização social, perfil dos atores envolvidos, tipos de
levels of institutional integration are treated as cru- incentivos e níveis de integração institucional são
cial elements in the analysis of the programs and in- tratados como elementos cruciais para a análise do
itiatives that articulate intersectorial proposals. It is alcance de programas e iniciativas que articulam
concluded that the interface and dialog among re- propostas intersetoriais. Conclui-se que a interface e
search, evaluation and follow up of decision processes o diálogo entre pesquisa, avaliação e acompanha-
constitute the central axes for better social and insti- mento de processos decisórios constituem eixos cen-
tutional learning in the area. trais para o maior aprendizado social e institucional
Key words Intersectorial, Evaluation, Health pro- na área.
motion, Social disparity Palavras-chave Intersetorialidade, Avaliação, Pro-
moção da Saúde, Iniqüidades sociais

1
Departamento de Ciências
Sociais, Escola Nacional de
Saúde Pública Sergio
Arouca, Fundação Oswaldo
Cruz. Rua Leopoldo
Bulhões 1480/910,
Manguinhos. 21045-210
Rio de Janeiro RJ.
rosana@ensp.fiocruz.br
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Magalhães R, Bodstein R

Introdução pos sociais em diferentes espaços institucionais e


comunitários.
A partir de 1990, a avaliação da baixa efetividade
das políticas sociais e a crítica ao perfil paternalista
e residual das ações de combate à pobreza na Amé- Iniciativas sociais: flexibilidade,
rica Latina ganham repercussão através de impor- complexidade e novas redes de governança
tantes agências de fomento internacionais, dentre
elas o Banco Mundial1. No Brasil, as políticas e pro- Nas últimas décadas, materializaram-se no plano
gramas voltam-se à proteção das famílias pobres das políticas e programas sociais diferentes iniciati-
contra alterações no rendimento e consumo atra- vas públicas voltadas à redução das desigualdades
vés de transferências monetárias. Os ganhos em e melhoria da qualidade de vida de comunidades e
escolaridade e maior acesso à atenção integral à saú- populações vulneráveis. Em linhas gerais, tais pro-
de, além da criação de oportunidades de geração de gramas tiveram, como principal orientação, a idéia
renda e trabalho, passam a ser cruciais à constru- de racionalizar e melhorar ações e intervenções so-
ção de marcadores (benchmarks) e recomendações ciais já existentes e ligadas prioritariamente às ques-
para a superação do chamado ciclo de transmissão tões da saúde, educação, cultura, saneamento bási-
intergeracional da pobreza. co e segurança pública, seja através da coordenação
No âmbito da saúde, a discussão sobre os de- destes serviços, seja a partir da inserção de novos,
terminantes sociais e os mecanismos de produção cobrindo lacunas existentes8,9.
das iniquidades2 reorientam a agenda para além No entanto, a avaliação dessas iniciativas im-
dos marcos do setor. Neste percurso, a literatura põe uma compreensão da dinâmica de construção
sobre avaliação de políticas e programas sociais, de atores e interesses, na medida em que tal proces-
em especial aquela voltada para discutir processos so tende a conformar as atividades e os objetivos
de implementação e preocupada em gerar conheci- dos programas, além de efeitos e resultados não
mento aplicado às políticas públicas e de saúde - previstos10. Frequentemente, alguns setores atuam
evidence based policy - contribui para a construção através de procedimentos formais, previstos em
de novos enfoques analíticos e metodológicos3. No constituições e leis, e outros representam organiza-
bojo da crítica ao planejamento top down, a avalia- ções de interesse e de poder mais flexíveis 11 .
ção emerge como diálogo permanente em que ges- Ocorre,muitas vezes, um árduo processo de nego-
tores, técnicos, usuários e as chamadas policy com- ciação e de maximização de ganhos e minimização
munities influenciam significantemente a dinâmica de perdas, em um trade off permanente, visando
e os efeitos das intervenções4. Os programas pas- acomodar interesses e compromissos que definem
sam a ser entendidos como sistemas de ação e cons- o curso dos eventos e o desempenho das atividades
trução de redes sociais e técnicas, envolvendo am- propostas.
plas coalizões e múltiplos interesses5. Com isso, a Prioridades definidas localmente são negocia-
compreensão das ações bem-sucedidas incorpora das com lideranças e organizações comunitárias na
a análise do envolvimento de tomadores de deci- suposição de que tais grupos e espaços sociais têm
são, gestores, profissionais, técnicos e população. representatividade e legitimidade12. Dessa forma, são
Nesta perspectiva, o artigo busca contribuir para iniciativas que conformam sistemas organizacio-
a análise das estratégias que ampliam a cooperação nais complexos e abertos que atuam sobre recur-
entre diferentes setores, níveis de governo e atores sos humanos e não humanos, disponibilizando ser-
através da colaboração intersetorial e que incluem viços através da mobilização de saberes popular,
a mobilização e valorização de um conjunto de or- técnico e científico, em um intrincado arranjo mul-
ganizações sociais presentes e atuantes em contex- tisetorial responsável pela implementação das mu-
tos específicos6,7. Disputas políticas e interesses elei- danças pretendidas. Segundo Barnes et al.13, tais
torais atravessam o diálogo e as iniciativas podem ser caracterizadas por diferentes
parcerias,comprometendo o desenvolvimento de níveis de parceria - verticais e horizontais - e por
uma agenda integrada para a implementação das horizontes temporais de médio e longo prazo, ul-
ações. Assim, busca-se aqui reconhecer a natureza trapassando assim o período tradicional dos man-
complexa e desafiadora destas intervenções através datos políticos.
do exame, ainda que parcial, de duas experiências Outra dimensão importante é o chamado ca-
concretas - os programas Desenvolvimento Local, pital social vis-à-vis o empowerment comunitário14.
Integrado e Sustentável de Manguinhos (DLIS) e Como aponta Coleman15, capital social é um as-
Bolsa Família ( PBF) - na medida em que tensio- pecto da estrutura social que facilita a obtenção de
nam os mecanismos tradicionais de coordenação, determinados fins e vantagens que, outra forma,
resgatam aprendizados prévios e envolvem a busca não seriam obtidos. Imprescindível ao desenvolvi-
de maior cooperação entre múltiplos agentes e gru- mento das iniciativas, aparece também como di-
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mensão importante das abordagens avaliativas, já e municipais e de empresas públicas e privadas, li-
que sua análise permite avaliar o grau de aceitação derado pela Escola Nacional de Saude Pública
e engajamento das comunidades e, portanto, as es- (ENSP/Fiocruz), visando uma ação integrada para
tratégias possíveis de fortalecimento das parcerias e a melhoria da qualidade de vida na região. O grupo
circuitos positivos de sociabilidade, mesmo em con- responsável pela coordenação desde o início envol-
textos de profunda desigualdade social e extrema veu pesquisadores da ENSP para acompanhar o
violência16. Para Jackson et al.17, na perspectiva do programa e desenvolver uma proposta de avalia-
que denominam de “empowerment comunitário” e ção em torno da promoção da saúde e desenvolvi-
“community capacity”, há uma combinação de ca- mento comunitário. A participação do grupo de
pacidades, talentos e condições socioambientais avaliação nas reuniões da coordenação do DLIS foi
dentro e fora das comunidades, que potencializam crucial para a análise do processo decisório, desde
ou não fluxos já existentes. o planejamento das ações e conformação de uma
Muitas vezes, um programa ou iniciativa social agenda local até o entendimento das dificuldades
com objetivos bem definidos fracassa em reconhe- na implantação do programa.
cer a complexidade das carências e o problema das A perspectiva avaliativa do programa de Man-
famílias em uma rede intrincada de necessidades. guinhos procurou refletir sobre uma intervenção
Isto porque nenhum programa setorial é capaz de que tinha como inspiração não só a proposta de
enfrentar, isoladamente, as múltiplas dimensões dos DLIS, mas que entendia promoção da saúde de um
problemas sociais. A partir destas considerações, ponto de vista radical e sistêmico – a partir do enfo-
compreender diferenças e pontos de contato de ex- que dos determinantes sociais20,21. Ou seja, o enfo-
periências intersetoriais recentes no cenário brasi- que avaliativo adotado envolvia o monitoramento
leiro contribui para a sistematização das múltiplas e a sistematização das ações do programa a fim de
lógicas que atravessam as políticas sociais e de saú- colaborar para a construção da proposta, garantir
de e, ao mesmo tempo, consolidar aprendizados a disseminação da metodologia de implantação do
importantes em torno das oportunidades e dos di- DLIS e, sobretudo, buscar o que poderia ser caracte-
lemas que envolvem a construção de alternativas e rizado como práticas inovadoras de promoção da
o alcance de resultados . saúde através do envolvimento da Unidade de Saú-
de da ENSP. A interface e o diálogo entre pesquisa,
metodologia científica e processo decisório e, mais
Participação comunitária, intersetorialidade do que isso, a frágil convivência entre esses campos,
e gestão local: a experiência de Manguinhos como nos mostra Rütten22, estavam em questão.
A avaliação procurava abranger uma interven-
No Brasil, programas de Desenvolvimento Local ção especialmente complexa, com inúmeros atores,
Integrado e Sustentável (DLIS) foram desenhados conflitos e interesses em jogo, mas que reiterava o
em meados dos anos noventa, a partir de um con- envolvimento e colaboração ativa de diversos seto-
ceito de “desenvolvimento local como um processo res do estado, da prefeitura e das empresas da re-
social que reúne crescimento econômico com re- gião e, sobretudo, a mobilização e participação ati-
distribuição e melhoria da qualidade de vida da va dos moradores e organizações sociais presentes
comunidade”18 trazendo a perspectiva da sustenta- na área23. Frente a tal desafio, a compreensão da
bilidade ambiental. Tal processo envolveu políticas insuficiência da avaliação voltada unicamente para
intersetoriais vis-à-vis organizações de redes de a busca de resultados e efeitos e a seleção de algu-
apoio social. mas dimensões-chave para o acompanhamento da
As experiências de DLIS no período ocorreram dinâmica de implementação do programa foram
em municípios pequenos do interior do país, prio- fundamentais. Assim, a abordagem avaliativa fo-
rizando mecanismos de geração de emprego e ren- calizou o que parecia essencial: a dinâmica de cons-
da, através de parcerias entre o setor público e pri- trução de representatividade e legitimidade das
vado19. No final da década de noventa, tal perspec- ações através de mecanismos e estratégias de mobi-
tiva ainda era inédita em grandes regiões metropo- lização comunitária (fóruns locais), do diagnóstico
litanas e, particularmente em grande áreas periféri- local participativo e da pactuação de uma agenda
cas e favelizadas, com um considerável contingente de desenvolvimento multisetorial. Neste percurso,
de população praticamente excluída dos direitos de os níveis crescentes de violência e seu impacto não
cidadania . Com base nesse modelo vis-à-vis uma só na qualidade de vida, mas também no padrão
concepção abrangente das práticas de saúde, em de sociabilidade, colaboração e ação coletiva local
1999 foi criado o programa DLIS Manguinhos. O foram identificados como elementos cruciais. As-
marco inicial se deu em torno da formação de um sim, o contexto foi entendido não só como espaço
grupo de coordenação constituído de representan- geográfico ou institucional, mas como campo soci-
tes de instituições acadêmicas, secretarias estaduais al, inteligível a partir de um conjunto de regras,
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normas, valores e relações e que definem o desen- normativas tradicionais sobre a gestão local e o al-
volvimento dos programas24. cance das intervenções sociais. Como aponta Gid-
Nesse caso, a avaliação se concentrou em uma dens, tal enfoque significa que os conhecimentos
proposta que é introduzida em um contexto alta- que os agentes têm da sua própria história é uma
mente desfavorável do ponto de vista da ausência de influência poderosa para sua mudança25.
serviços e equipamentos públicos em geral e, princi-
palmente, do ponto de vista da cidadania e da con-
fiança no poder público. A abordagem avaliativa se Integração institucional e cooperação local
beneficiou tanto do conhecimento sobre a concep- para a redução da pobreza:
ção e as principais características do programa vis- o caso do programa Bolsa Família
à-vis ao conhecimento do contexto, o que dificulta-
va o processo de tomada de decisão e o debate das O Bolsa Família foi criado em outubro de 2003, a
propostas e ações junto à comunidade de Mangui- partir da unificação dos programas federais Bolsa
nhos. Desta forma, foram priorizadas as análises Alimentação, Bolsa Escola, Cartão Alimentação e
das dificuldades e desafios de uma proposta em um Auxílio Gás e, portanto, traz em seu bojo mudan-
cenário organizacional e participativo altamente con- ças ligadas à governabilidade e manejo de recursos
flituoso e adverso a ações colaborativas. Registrar e no âmbito das políticas de transferência de renda
entender os conflitos políticos que se acirravam e existentes em diferentes agências governamentais.
impediam a colaboração e a interlocução horizontal Frente à crítica acerca da superposição e fragmen-
tornaram-se atividades importantes, assim como a tação das ações públicas em torno das questões
análise do aporte de recursos para as intervenções sociais e da pobreza, o Bolsa Família, cuja cobertu-
propostas em habitação, melhoria na infra- estru- ra atingiu cerca de 11 milhões de famílias em 2008,
tura urbana e de geração de renda. conjugou objetivos, metas e contrapartidas exigi-
No caso de Manguinhos, as dificuldades para o das aos usuários dos programas anteriores a fim
fortalecimento da interstorialidade estiveram cen- de maximizar esforços e evitar paralelismo, des-
tradas tanto no plano da esfera intergovernamen- continuidades e ineficiência. Além disso, a concep-
tal como também no contexto local a partir das ção do Bolsa Família como “porta de entrada” para
divergências e clivagens no interior das comunida- o conjunto de políticas sociais, articulando por
des. Ambos espaços estiveram igualmente atraves- exemplo ações de acompanhamento da frequência
sados por conflitos e contradições. Ainda assim, o escolar de crianças e adolescentes, calendário vaci-
processo avaliativo e o diálogo em torno do pro- nal e pré-natal e não apenas transferência de renda
grama em Manguinhos foram realizados tendo aos mais pobres, garantiu maior sustentação polí-
como base o apoio e participação ativa de um gru- tica e apoio social.
po de moradores, identificados como “mediadores Como analisou Draibe26, após duas décadas
culturais”, isto é, tradutores capazes de expressar a de reconstrução institucional dos programas as-
lógica e demanda dos moradores e o contexto mai- sistenciais no país, a oposição e incompatibilidade
or em que estão inseridas as comunidades locais. O entre intervenções universalizantes e focalizadas no
trabalho de colaboração com esses atores teve iní- campo da proteção social é revista e ações volta-
cio na fase de realização do diagnóstico participati- das a grupos mais vulneráveis deixam de ser enca-
vo da região, em que os moradores puderam voca- radas como residuais ou estritamente compensa-
lizar suas principais preocupações e demandas. A tórias. A idéia de que a pobreza é um problema
identificação dos mediadores, moradores e lideran- complexo e multidimensional que exige a combi-
ças locais vinculados a ONGs e ao Centro de Saúde nação de recursos monetários e não monetários
da ENSP viabilizaram o trabalho em uma região de voltados a ganhos em capital cultural, condições
acesso difícil, dado os altos níveis de violência. Des- de saúde e inserção ocupacional através de ações
ta forma, o processo avaliativo pôde não só reco- intersetoriais é tomada como importante eixo da
nhecer a importância dessas lideranças na mobili- “teoria do programa”27.
zação de um circuito local de sociabilidade – tão No entanto, as consequências institucionais de
necessário para a qualidade de vida e para a dimi- tal arranjo revelaram as dificuldades de integração
nuição da violência local –, como sistematizar e dar e cooperação entre diferentes agências e níveis de
visibilidade ao “capital sociocultural” presente na governo. De um lado, a unificação dos programas
comunidade. A experiência revelou a importância anteriores vinculados ao Ministério da Educação,
da compreensão dos atores locais como agentes Saúde e Assistência Social representou a perda de
capazes de entender o que fazem enquanto fazem. recursos e governabilidade setoriais, repercutindo
Perceber tais grupos e indivíduos como agentes re- em níveis de adesão distintos. No caso da área da
flexivos envolvidos cotidianamente na região de saúde, tal deslocamento de poder foi combinado
Manguinhos ajudou a ultrapassar interpretações ao esvaziamento do critério de risco nutricional para
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a seleção e acompanhamento dos beneficiários. Por do benefício são aspectos absolutamente estratégi-
outro lado, no bojo da indefinição em torno dos cos na elaboração do programa como um direito
papéis e regras de cooperação financeira entre esta- social e também para o fortalecimento de parcerias
dos e municípios que marcam o sistema federativo intersetoriais e comunitárias envolvendo gestores e
brasileiro, permaneceu limitada a articulação inter- demais stakeholders. Na verdade, o Bolsa Família,
governamental no âmbito do programa28. Embo- sem contar com uma linha monetária de pobreza
ra tenha sido prevista a complementação dos bene- “oficial”31, adotou valores de renda per capita fami-
fícios destinados às famílias pelos governos esta- liar arbitrários para a definição de pobres e extre-
duais e municipais através dos termos de coopera- mamente pobres, tanto do ponto de vista do con-
ção na prática, a ausência de estímulos políticos e sumo observado quanto no que se refere às pro-
financeiros mais robustos para a consolidação des- fundas diferenças regionais nos perfis de destitui-
tas parcerias provocaram, muitas vezes, a simples ção. Pesquisas avaliativas sobre a focalização do
substituição das iniciativas locais de transferência programa têm apontado divergências significati-
de renda pelo programa federal. vas em relação aos resultados encontrados32-34. As-
Se existem dificuldades para a cooperação in- sim, o alcance dos mais pobres dentre os pobres no
tergovernamental, a integração intersetorial no pla- âmbito do programa permanece sendo um desa-
no local também tende a permanecer frágil antes fio. Muitas vezes, os critérios de elegibilidade, como
que sejam amadurecidos dispositivos e formas de apontam Lindert et al.35, podem não ser traduzidos
incentivo nesta direção. No caso do Bolsa Família, em definições precisas da população-alvo. As es-
na medida em que além da transferência direta do tratégias de cadastramento adotadas e a reinter-
benefício monetário às famílias através da Caixa pretação dos critérios de seleção dos beneficiários
Econômica Federal são exigidas contrapartidas na pela chamada “street-level bureaucracy” podem afe-
área da educação e atenção básica de saúde, as ex- tar os resultados da focalização de maneira distinta
periências anteriores de trabalho conjunto, a troca da que foi originalmente formulada no desenho
de informações e o estímulo a maiores níveis de operacional do programa.
envolvimento de gestores e técnicos das secretarias Neste processo, a obediência aos critérios de
municipais de saúde, assistência e educação mos- seleção dos beneficiários também envolve a avalia-
tram-se cruciais. Neste aspecto, é importante lem- ção da legitimidade e da coerência dos princípios
brar que a ampliação da cobertura do Cadastro normativos utilizados. Embora o Bolsa Família re-
Único das Políticas Sociais (CADÚNICO), criado afirme a idéia de que transferir renda sem promo-
em 2001 e incorporado ao programa como princi- ver capital humano não reduz a pobreza, ao limitar
pal ferramenta de mapeamento e seleção dos bene- o acompanhamento dos ganhos educacionais ape-
ficiários e garantia de informação compartilhada, nas à análise da frequência escolar, deixa de levar
enfrentou dificuldades frente à limitação de recur- em conta a questão do desempenho, problema fun-
sos e treinamento. No âmbito local, esta tem sido damental para a maior efetividade das ações na
uma queixa recorrente dos gestores, revelando um área36. No que se refere à dimensão da saúde, Estre-
descompasso entre a velocidade de expansão do lla e Ribeiro37 sugerem que a qualidade da presta-
cadastramento e os investimentos necessários para ção de serviços públicos de saúde, para além da
a maior capacitação gerencial, fornecimento de equi- oferta, tende a ser um aspecto negligenciado na
pamentos e demais estruturas de apoio29. maioria dos municípios. Igualmente, a baixa per-
Em algumas experiências locais, sistemas de in- formance no que se refere à implementação dos cha-
formação sobre o número de famílias cadastradas, mados programas complementares voltados à gera-
acompanhadas ou desligadas permanecem super- ção de renda e “autonomização” das famílias com-
postos, desatualizados ou incompletos30. Os gesto- promete o caráter mais amplo dos objetivos e me-
res e agentes implementadores do programa em tas. A preocupação com interdependência das ações
diferentes municípios do país ,muitas vezes, desco- para o alcance de maior efetividade do programa
nhecem ou têm informação desigual sobre os mo- também pode ser percebida em relação à questão
tivos que levam as famílias a esperarem longos pra- dos ganhos nutricionais com o aumento do acesso
zos para o recebimento dos benefícios após o ca- aos alimentos a partir dos benefícios monetários.
dastramento ou mesmo terem o auxílio cancelado. Como revelou recente pesquisa realizada pelo IBA-
Este fato corrobora para a existência de um senti- SE29, as famílias tendem a ampliar o consumo de
mento de “perda” de capacidade de interagir, pro- alimentos, mas isto nem sempre pode ser traduzi-
por mudanças e participar de maneira mais subs- do como práticas alimentares mais saudáveis. O
tantiva nos rumos do programa no nível local. aumento do consumo de açúcares e enlatados em
É importante ressaltar que as informações so- várias regiões do país, por exemplo, revela a im-
bre famílias atendidas em cada região, critérios de portância da combinação de ações educativas e de
desligamento, regularidade do pagamento e valor promoção da saúde voltadas à população-alvo em
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serviços de atenção básica e cantinas escolares. quisados, 26% não apresentavam instâncias de con-
Para favorecer o diálogo intersetorial em torno trole social ligadas ao programa. Ao mesmo tem-
de metas e resultados do programa, foi criado pelo po, dentre os conselhos em funcionamento, a baixa
governo federal em 200637 o Índice de Gestão Des- frequência das reuniões, o déficit de informações
centralizada (IGD). Embora tal incentivo tenha sido sobre o processo de implementação local e frágil
implementado tardiamente, sem dúvida, indica a participação da sociedade civil revelaram os limites
intenção governamental de corrigir pontos frágeis destes espaços de avaliação e acompanhamento
do programa. Para Mazmanian e Sabatier4, mar- públicos.
cos legais claros e consistentes podem ser capazes
de equacionar conflitos em torno de metas e objeti-
vos e garantir maior efetividade na implementação Desafios da implementação e avaliação
das ações públicas. Neste aspecto, o IGD, ao trans- das estratégias intersetoriais
ferir recursos para as diferentes secretarias munici-
pais a partir da avaliação da qualidade do cadas- As principais dificuldades para a implementação de
tramento, do acompanhamento da frequência es- ações e atividades intersetoriais ocorrem na medi-
colar e da agenda de saúde, pode melhorar a quali- da em que a maioria dos representantes setoriais
dade da gestão local intersetorial. Ainda que, se- traz para as distintas arenas de negociação uma
gundo o MDS38, o repasse de recursos seja centrali- agenda previamente definida. De um lado, a nego-
zado nas secretarias municipais de assistência soci- ciação em torno de questões e prioridades tende a
al em quase 80% dos municípios cobertos pelo ser complexa e difícil, o que se reflete na pactuação
programa, a perspectiva é envolver as áreas da Saú- e implementação de ações intersetoriais. Por outro
de e Educação e favorecer a decisão compartilhada lado, a intersetorialidade no plano da macro-nego-
sobre prioridades e demandas. ciação e da formulação da proposta costuma ser
Como política de transferência condicionada de um sucesso, já que nenhum setor se coloca desfa-
renda que busca articular o conjunto de políticas vorável a iniciativas de desenvolvimento social. Po-
sociais, com ênfase especial nas políticas de saúde e rém, tais iniciativas não têm sustentabilidade, pre-
educação, o Bolsa Família reafirma uma concep- valecendo baixos níveis de adesão ao diálogo e pac-
ção horizontalizada de intervenção pública de com- tuação de agenda, disputas políticas e interesses elei-
bate à pobreza. Tal orientação implica dizer que os torais. A manutenção das parcerias torna-se um
atores sociais envolvidos na implementação das desafio para a construção de uma agenda integra-
ações devem ser capazes de construir metas de ma- da, tanto para questões mais pontuais e de curto
neira cooperativa, integrando diagnósticos, proce- prazo como para questões mais estruturais.
dimentos e resultados. No entanto, na medida em Ao mesmo tempo, as fronteiras entre as inter-
que a implementação local do programa perde a venções concebidas de cima para baixo - top down -
capacidade de garantir maior integração hierárqui- ou de baixo para cima - bottom up - precisam ser,
ca e de estabelecer conexões fortes com o conjunto em alguns casos, refeitas e flexibilizadas. Como
de políticas sociais de saneamento básico, alfabeti- apontam Silva Barros et al.42, a centralização e des-
zação de adultos, geração de trabalho e renda, ca- centralização decisória podem emergir como alter-
pacitação profissional, dentre outras, pode ocorrer nativas articuladas e combinadas para o alcance de
a tendência a uma maior “verticalização” do pro- maior efetividade das intervenções. No caso do
grama. Além disso, a fragilidade das arenas partici- Bolsa Família, a ampliação das estratégias de go-
pativas e das instâncias de controle social em torno vernance com maior participação de agentes não
do Bolsa Família tende a dificultar o aprendizado governamentais, iniciativa privada e grupos sociais
maior com a chamada “dinâmica de engajamento tende a potencializar esforços voltados à geração de
cívico”39 presente na trajetória recente das políticas trabalho e renda locais, garantindo as chamadas
sociais no país.A maior participação dos beneficiá- “portas de saída” do programa.
rios nas decisões ligadas à implementação do pro- No caso do DLIS – Manguinhos, a iniciativa
grama pode ter impacto significativo na efetividade opera desde o início a partir do pressuposto de que
e legitimidade das ações.Como apontam Burris et políticas e ações em contextos de pobreza e iniqui-
al.40, “even the imposition of ‘good solutions’ in a dades dependem da mobilização de todos os seto-
top down manner without real decision –making res sociais e da participação da sociedade civil. O
participation by those most affected, is paternalis- envolvimento da população e a formação de redes
tic and illegitimate from a democratic perspective”. adquirem enorme importância não só para a efeti-
Como mostrou estudo realizado pelo Banco vidade e o êxito da intervenção, mas também para
Mundial em 200541, dentre os 245 municípios pes- gerar mudanças mais abrangentes e sustentáveis
em seus contextos sociais, ambientais e políticos.
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Considerações finais veis ao longo de tempo nos espaços sociais em que
se inserem. Frequentemente, efeitos e resultados têm
Apesar dos avanços na construção de uma aborda- pouco ou nada a ver com os objetivos presentes
gem mais ampla sobre saúde e bem-estar, permane- oficialmente e acordados no início da concepção do
ce o desafio cotidiano de lidar com problemas estru- programa. Novas arenas de concertação e signifi-
turais e complexos e que, na maioria das vezes, en- cados são criados e recriados a partir das interações
volvem diferentes esferas de governo, instituições e entre atores atuando em rede direta ou indireta-
agências públicas, além de múltiplas habilidades, re- mente nas intervenções. As ações intersetoriais pre-
cursos e níveis de informação. Neste cenário, a im- cisam ser entendidas como sistemas organizacio-
plementação e avaliação de políticas e programas nais que mobilizam recursos humanos e não hu-
sociais ganham maior complexidade e já não po- manos e que disponibilizam ações e serviços através
dem ser encaradas de maneira instrumental ou como de saber técnico-científico e popular, estando per-
“kits aplicáveis em qualquer contexto”43. manentemente em questão a efetividade das ativi-
O desenho de novas propostas de avaliação dades vis-à-vis sua finalidade. Organizações têm
deve, assim, partir do entendimento dos progra- como matéria-prima posições hierárquicas, papéis
mas sociais enquanto sistemas reflexivos, e portan- e regras, e por isso mesmo interesses distintos e con-
to de sua complexidade vis-à-vis o contexto em flitantes envolvendo atores e estratégias voltadas à
que se insere e suas respectivas estratégias abran- maximização de ganhos e minimização de perdas
gentes e intersetoriais de enfrentamento das desi- em um processo de trade off. Importa, portanto,
gualdades sociais. Essa abordagem problematiza equacionar a controvérsia sobre o caráter outcome
os objetivos e a finalidade das intervenções, sua de- or summative evaluation45. Tal distinção enfatiza a
pendência e estreita vinculação com decisões políti- importância da escolha do foco a ser avaliado, isto
cas que influenciam e reorientam estratégias frente é, a escolha das dimensões a serem problematizadas
à multiplicidade de pontos de vista, efeitos e resul- deixando claro os limites das alternativas prioriza-
tados44. O entendimento sobre a natureza dos pro- das. Torna-se assim imperativa uma visão original
gramas requer um olhar voltado à dinâmica dos sobre metas, alcances e resultados dos programas e
atores, interesses e atividades que conformam e dão iniciativas a partir do estudo das conexões e interde-
sentido aos programas sociais. Isto porque a ava- pendências entre os espaços sociais onde são imple-
liação das ações é em si uma intervenção complexa, mentadas as ações e também dos aspectos que fa-
já que, analisando conflitos e controvérsias, tem o vorecem ou dificultam as mudanças. Assim, é pos-
efeito de remodelar ou redefinir os rumos dos pro- sível compreender os processos de implementação
gramas e estratégias. como resultados em si, os objetivos como expres-
Como práticas e ações políticas as quais ope- são de relações conflituosas em contextos concretos
ram a partir de novas idéias, recursos, atividades e de interação onde mudanças tendem a ser negocia-
mecanismos em cada contexto, os programas in- das e o horizonte temporal da intervenção como
tersetoriais apresentam objetivos múltiplos, variá- algo mais flexível e menos determinado.

Referências

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