Você está na página 1de 22

Introdução

As estratégias adoptadas pelo MISAU para melhoria da prestação de cuidados no Serviço


Nacional de Saúde privilegiam uma boa interacção com as comunidades para permitir o
conhecimento profundo sobre os factores que influenciam a saúde da população. Entretanto, A
Promoção da saúde da comunidade, é uma estratégia que tem vindo a merecer uma atenção
especial do MISAU.

Objectivos
 Compreender por que motivo o apoio da comunidade é essencial para o sucesso na luta
contra a malária;
 Compreender as abordagens comuns ao envolvimento da comunidade;
 Saber planear um projecto de envolvimento da comunidade apropriado
 Envolver a comunidade em acções para a Promoção e protecção da sua própria saúde e
adopção de estilos de vida saudáveis.
2. Envolvimento comunitário
O envolvimento comunitário é um dos pilares da Estratégia Nacional de Promoção da Saúde. É
definido como trabalhar activamente com as comunidades para que elas estejam capacitadas em
identificar seus problemas de saúde, e definir acções visando a promoção da sua própria saúde e
prevenção de doenças (MISAU et al, 2004).

Conceito de comunidade
Segundo a OMS (1974), uma comunidade é um grupo social determinado por limites geográficos
e/ou por valores e interesses comuns. Os seus membros conhecem-se e interagem uns com os
outros. Funciona dentro de uma estrutura social particular, exibe e cria normas, valores e
instituições sociais.

Participação Comunitária
Participação Comunitária (PC) A participação deve ser entendida como acto e efeito de um
processo em que a sociedade civil, a sociedade política e a sociedade económica tenham tomado
uma decisão em conjunto. Acontece quando há acesso efectivo dos envolvidos no planeamento
das acções, na execução das actividades e no seu acompanhamento e avaliação.

A Participação Comunitária (PC) é um processo que promove o «empoderamento»


(empowerment) dos indivíduos envolvidos, bem como o aumento dos níveis de cooperação e de
controlo por parte dos membros da comunidade, sem os hierarquizar.

A PC, como processo de empoderamento, considera que na análise das necessidades de saúde
deve-se deixar de reflectir prioritariamente as preocupações dos profissionais e passar-se a
integrar o pensamento das pessoas sobre as questões da saúde. A participação em saúde é
entendida “como partilha do poder num processo que supõe a dinamização da capacidade
organizativa da comunidade para intervir de forma consciente e responsável”.

Assim sendo, para alcançar um Envolvimento Comunitário efectivo é necessário garantir uma
maior coordenação das acções de diferentes intervenientes e salvaguardar o papel das instituições
de Saúde como agentes facilitadores do processo.
Os comités de co-gestão; os comités de saúde e o programa dos APEs são por nós considerados
acções chave para um melhor Envolvimento das comunidades na solução dos problemas de
saúde e para o aumento da cobertura dos serviços de Saúde.

Por outra, o envolvimento activo de pessoas de todos os extractos sociais, (homens, mulheres,
jovens, crianças e velhos) que vivem juntas, de forma organizada e coesa, na planificação e
implementação dos Cuidados de Saúde Primários, usando recursos locais, nacionais ou outros
(Victorino et al, 2017).

Por envolvimento comunitário entende-se o trabalho com a população, em vez de para a


população, de modo a responder às suas necessidades e a encontrar soluções para os seus
problemas. Através deste processo, a comunidade é encorajada a assumir a responsabilidade
pelos seus problemas e a tomar as decisões acerca de como os resolver, munindo-se dos seus
próprios recursos e mecanismos.

De acordo com Envolvimento Comunitário em Saúde é entendido como a participação activa


de pessoas de todos os estratos que vivem juntas, de forma organizada e coesa, participam na
planificação e implementação dos CSP, usando recursos locais, nacionais ou outros.

 Neste processo, os indivíduos assumem a responsabilidade, tanto pela sua saúde e bem-
estar, como pela saúde e bem-estar da comunidade.
 São capazes de desenvolver actividades conjuntas com os profissionais da saúde.
Diferente de uma participação passiva onde a decisão é unilateral, não há diálogo ou
qualquer tipo de consulta, as pessoas são informadas do que vai acontecer ou sobre o que
já aconteceu.

Envolvimento comunitário significa envolvimento activo de pessoas de todos os estratos sociais,


que vivem juntas, na planificação de todas as actividades, usando recursos locais, nacionais e
outros.
A Participação é o acto de tomar parte duma determinada acção
Fazer parte duma determinada significa que as pessoas participam numa acção podendo estar ou
não envolvidas desde o princípio até ao fim.

Desta feita, para que a pessoa possa mudar-se, existem cinco passos a passar.
1. Receber informação
2. Aprovar a nova conduta
3. Tomar a decisão 4. Praticar a nova atitude;
5. Adoptar e defender a nova conduta.
A educação para saúde contribui em cada uma etapas ou passos.

No seu todo, a educação para saúde tem o papel de:


1. INFORMAÇÃO: Este papel é responsável pela difusão dos conhecimentos, serve para
formular opiniões e juízos acerca da realidade que nos rodeia.

2. PERSUASÃO: É uma tarefa que está ligada à necessidade de ajustar as atitudes e


comportamentos entre os membros de um determinado grupo social.
3. EDUCAÇÃO: Papel de educação, pois veicula a nossa herança social e cultural que é
aprendida pela nossa experiência.

4. CONSCIENZIALIZAÇÃO: Este papel esta ligada a necessidade de despertar a consciência


no indivíduo, família e a comunidade em ver as coisas doutra maneira.

Entretanto, segundo esta afirmação algumas entidades fazem com quem as pessoas participem
em certas actividades sem criar o diálogo, onde os beneficiários expõem o seu ponto de vista,
suas necessidades e a sua disponibilidade, havendo assim uma boa participação em actividades
sem o conhecimento dos objectivos, o valor o que se pretende fazer com estas actividades.
Normalmente nessas condições, os interessados explicam apenas a parte positiva e não os efeitos
doutra parte. A participação pode se manifestar de diferentes formas:

 Como pressão junto a instituições oficiais com o intuito de obter respostas para demandas
localizadas; exemplo: (campanha eleitoral, campanhas Nacionais de vacinação,
campanha de construção de latrinas e aldeias comunais).
 Como consulta;
 Como contribuição em dinheiro ou em mão-de-obra; (para construção de sala de aulas,
construção de casas de mãe espera);
 Como aumento da organização e da consciência política;

ENVOLVIMENTO COMUNITARIO
Envolvimento Comunitário – é acto de tomar parte activa de uma determinada acção, desde, na
planificação, implementação e avaliação.

Envolvimento da comunidade é o compromisso de acção conjunta entre os populares (indivíduo,


grupo social, lideranças e representantes da comunidade) e o pessoal de saúde, no sentido de
conhecer e analisar criticamente o processo saúde – doença, e de buscar e implementar formas
efectivas de intervenção nesse processo.

Neste caso a equipa deve desenvolver acções conjuntas com os líderes comunitários para receber
apoio por parte destes que são o elo de ligação comunidade e entidade de saúde, isto para
permitir o sucesso de qualquer actividade na comunidade.
A característica principal deste processo é a existência de diálogo e as competências individuais
são consideradas por consenso para o desenvolvimento das actividades e o alcance das metas. Há
respeito aos princípios da equipe, a interacção entre seus membros e especialmente o
reconhecimento da interdependência entre eles na obtenção dos resultados.

De certa maneira no envolvimento, cada um aprende de outro e em conjunto se chega ao


consenso. Importa dizer que este processo, não é estático ele pode mudar de pessoa para pessoa
do grupo para outro duma comunidade para outra porque depende mais como as pessoas se
apercebem e aceitam as mudanças. Numa comunidade pode se fazer muito tempo a realizar
actividades de mobilização para o seu envolvimento em certas actividades e noutra levar pouco
tempo. Esta inclui, portanto:

 Componente de “empowerment”, que em uma tradução livre, poderia ser entendido como
aumento de poder.
 Processo de tomada de decisão e as diversas instâncias do exercício do poder.

O processo que serve a um ou mais dos seguintes Objectivos:

a) Empowerment: em uma tradução livre, a palavra traz o significado de aumento de poder, ou,
em uma tradução literal, seria “empoderamento”. O alcance deste objectivo leva a uma
distribuição equitativa de poder e a um alto nível de consciência e de força política. O
envolvimento comunitário seria, desta forma, um meio de habilitar pessoas a iniciar acções
baseadas em sua própria iniciativa e organização e, assim, influenciar os processos e os
resultados do desenvolvimento.

b) Construção de capacidades: seria a capacidade de implementação ou gestão de um projecto.


Este objectivo inclui a compartilha de tarefas relacionadas à administração do projecto, através
da assunção de responsabilidades operacionais.

c) Eficácia: O envolvimento comunitário pode ainda resultar em um aumento da eficácia do


projecto, ou seja, quando há o envolvimento dos usuários contribui para um projecto mais
adequado, um projecto no qual os serviços propostos correspondem e atendem as necessidades
dos usuários.
d) Eficiência: ocorre quando O envolvimento comunitário é utilizada para facilitar o fluxo do
projecto através da promoção de consenso, da busca de cooperação e interacção entre os usuários
e entre eles e as instituições responsáveis, com a finalidade de reduzir atrasos, minimizar custos e
manter metas e prazos estabelecidos.

e) Compartilha de custos: dá-se quando O envolvimento comunitário significa que os usuários


deverão contribuir com dinheiro ou mão-de-obra ou assumir a manutenção do projecto, visando a
redução de seu custo. Estes Objectivos podem sobrepor-se em situações reais, uma vez que O
envolvimento comunitário pode ser utilizado para o alcance de um ou de todos eles. Podem ser
identificados quatro características, em ordem crescente: compartilha de informação, consulta,
tomada de decisão e iniciativa de acção.

Para Envolvimento Comunitário para a Saúde – significa envolvimento activo de


pessoas de todos os extractos sociais, (homens, mulheres, jovens, crianças e velhos) que vivem
juntas, de forma organizada e coesa, na planificação e implementação dos Cuidados de Saúde
Primários, usando recursos locais, nacionais ou outros.

A participação comunitária é um dos requisitos da Atenção Primária à Saúde (APS). De acordo


com Giovanella e Mendonça (2008), o atributo de orientação para a comunidade – característica
essencial da APS – impõe a necessidade do seu envolvimento e participação nas decisões sobre a
saúde da colectividade. A concepção de atenção primária da Estratégia de Saúde da Família
preconiza equipe de carácter multiprofissional, que trabalhe com definição de território de
abrangência e com responsabilização pela população residente na área. Pretendese que equipe e
população estabeleçam vínculos e possam identificar em conjunto os principais problemas de
saúde e elaborar estratégias para o enfrentamento dos determinantes do processo saúde/doença,
para a garantia da assistência integral às famílias (GIOVANELLA E MENDONÇA, 2008).

Etapas de Envolvimento Comunitário para a Saúde:


Formas de mobilização comunitária e de envolvimento comunitário para a saúde;

Primeira fase
Pedir a comunidade para ela fazer a Identificação dos seus problemas de saúde.

Segunda fase
Sugerir que a comunidade faça a determinação do grau de prioridade com que esses problemas
se apresentam e dai determine as suas prioridades para a acção.

Terceira fase
Suscitar o debate sobre o que a comunidade pensa sobre as causas dos problemas que ela
Identificou.

Quarta fase
A comunidade inventaria os recursos disponíveis localmente com que ela pode contar, sem
esquecer os recursos humanos.

Quinta fase

Analise, discussão e decisão sobre as soluções a dar aos problemas de saúde, respeitando a
soberania da comunidade, mas exercendo a tarefa de educação comunitária.

Sexta e Ultima fase: Tomadas das decisões

Relação da participação com outros conceitos de desenvolvimento comunitário.


Alguns princípios que devem orientar a participação num grupo
 Colocar os indivíduos como sujeitos do processo, implicando novas capacidades de
decisão e confiança mútua entre diversos segmentos e actores envolvidos.
 O envolvimento além de ser individual necessita de que seja voluntária.
 A participação é indivisível, deve ser em todo processo e em diferentes níveis.
 A participação requer além de envolvimento permanente, treinamento e capacitação.
 Um processo participativo deve ser ajustado a cada organização/comunidade. Ou seja
justar o ritmo às características sociais, culturais, técnicas entre outros, do grupo em
questão – flexibilidade e a criatividade.
 É necessário que haja posturas e atitudes adequadas da parte dos que promovem o
processo participativo.
 Deve-se mudar o comportamento de que alguns decidem o que os demais devem fazer e
como faze-lo. Isso leva fracassos de muitas acções de intervenções nas comunidades.
 Um processo participativo implica respeito pelas ideias dos outros mesmo que essas
parecem não ter fundamentos.
 Deve haver total conhecimento e concordância dos objectivos. Ali sim entra a
necessidade de sensibilizar o grupo alvo para que haja compreensão e tomada de decisão,
proporcionando várias alternativas.
 As responsabilidades devem ser claramente atribuídas e assumidas para que todos se
identifiquem com o processo e tomem parte nas decisões e execuções.

Missão do Envolvimento Comunitário


A Missão do envolvimento comunitário inserida na Política Nacional e no Plano Estratégico do
Sector Saúde visa garantir acesso aos cuidados básicos de saúde moçambicanos, através da
promoção das capacidades da comunidade para a identificação, análise e tomada de decisões
para resolução dos problemas de saúde e desenvolvimento.

Objectivos do Envolvimento Comunitário


 Satisfazer um direito e um dever - todo o ser humano tem o direito e o dever de participar
individual ou colectivamente na planificação e na implementação dos cuidados de saúde
que lhe são destinados. O envolvimento das comunidades num processo de satisfação dos
seus direitos conduz a que essas comunidades possam reinvindicar esses direitos.
 Promover a auto-responsabilidade da colectividade e dos indivíduos – os programas de
saúde com uma forte componente de envolvimento comunitário conduzem a auto-
responsabilização da comunidade para promover o desenvolvimento comunitário e
melhorar as condições de vida da população, para além de constituir uma aprendizagem;
 Melhorar as taxas de cobertura dos cuidados de saúde - As Direcções Provinciais de
Saúde têm experiência de aumento das taxas de coberturas vacinais e de outros
programas através da realização de Campanhas de Vacinação e de Brigadas Móveis, bem
como dos Dias Mensais de Saúde. Isto tem sido possível em grande medida graças ao
envolvimento da comunidade através das autoridades comunitárias.
 Melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados – quando as comunidades ganham
o poder de identificar e priorizar os seus problemas de saúde e de tomar decisões sobre as
formas de os resolver, desenvolvem a sua capacidade de análise crítica e ganham
consciência dos seus direitos, pelo que se tornam mais exigentes, mas igualmente, mais
construtivas nas suas reivindicações.
 Melhorar o funcionamento das Unidades Sanitárias – envolvendo as comunidades na
gestão das unidades sanitárias, podem apoiar o estabelecimento de um horário e de outras
condições para o desenvolvimento dos programas compatíveis com as suas actividades,
tornar o funcionamento das unidades sanitárias mais amigável e conveniente para eles, e
evitar-se a perda de oportunidades.
 Abrir largas perspectivas para priorizar acções de promoção da Saúde e de prevenção da
doença - é muito mais fácil o envolvimento das comunidades em acções de promoção de
higiene e saneamento, educação para a saúde do que na prestação de cuidados em regime
de hospitalização que são sempre mais onorosos;
 Aumentar a eficácia e a eficiência do sistema – um sistema de saúde sob a supervisão e
controlo directos das comunidades, isto é, dos beneficiários, será de certo melhor gerido,
o que aumentará a sua eficácia (grau de cumprimento dos objectivos pré-determinados e
das metas fixadas) e igualmente de eficiência, através de uma melhoria da utilização dos
recursos (expressão da relação entre os resultados obtidos e os esforços despendidos, em
termos de recursos humanos, materiais, financeiros e infraestruturais, de tecnologia e de
tempo);
 Reforçar a coesão e a auto-suficiência da comunidade – O envolvimento comunitário
para a saúde facilita a troca de informações e experiências entre os membros da
comunidade de que resultaria reforço da colaboração e coesão. Para além disso, este
processo conduz a uma maior democratização da vida da comunidade, atenuando
tendências autocráticas das autoridades comunitárias.

Princípios do Envolvimento Comunitário


Desenvolvimento na comunidade do sentido de apropriação, “poder/ownership”, de ser ela a
dona de todas as acções realizadas no seu seio, e de responsabilidade pelo seu próprio bem-estar,
através do envolvimento de “pessoas de recurso” da comunidade e de outros membros influentes
na identificação dos problemas de saúde e desenvolvimento, e tomada de decisões sobre os
mesmos, utilizando técnicas apropriadas de mobilização comunitária, envolvendo parceiros mais
convenientes para este tipo de acção.

 Estabelecimento ou reforço de estruturas existentes a nível comunitário, com base em


parcerias, para assegurar a sustentabilidade das actividades. O envolvimento,
coordenação e convergência de outros programas baseados na comunidade que podem
ser parceiros chaves na implementação;
 Complementaridade entre a saúde e a comunidade na implementação das actividades com
particular ênfase nos recursos da comunidade, especialmente, os recursos humanos e
materiais na implementação das actividades são importantes para o sucesso da estratégia;
 Entendimento claro dos conhecimentos locais, práticas, comportamentos e percepções
das famílias e comunidades no âmbito de saúde;
 Equidade de género a nível da comunidade, encorajando-se a participação das mulheres
nas reuniões comunitárias e nas iniciativas que diminuam a inequidade de género, assim
como a participação dos homens nos cuidados de saúde da família e da comunidade;
 Transparência na definição de prioridades e planos de acção em particular na utilização
dos meios materiais e financeiros;
 Existência de princípios claros de articulação com os praticantes de medicina tradicional
(PMTs);
 Existência de um sistema de informação comunitário (SIC) estabelecida com a própria
comunidade, que sirva para uma tomada de decisões a nível local, isto é de simples
leitura e compreensão pela comunidade para que esta possa, com base nele, tomar
decisões;

Grupos de actores intervenientes no processo de parceria em envolvimento comunitário

Neste contexto, distinguem-se três grupos de actores intervenientes no processo de parceria em


envolvimento comunitário:

 Comunidade: Autoridades comunitárias, Estruturas de base comunitária (CLCs), Rede


Comunitária de Saúde (CLCs, ACS) Medicina Tradicional (Praticantes de Medicina
Tradicional), educadores/iniciantes de ritos de iniciação.
 Instituições do Estado: MISAU, MINED, MAE, MADER, MOPH, e outros
 Agências Internacionais: UNICEF, UNFPA, OMS, USAID e outras;
 Organizações não governamentais (ONGs) nacionais e internacionais, Empresas
privadas, organizações religiosas, pessoas individuais;
Papel dos actores intervenientes no processo de envolvimento comunitário em saúde
Papel das Instituições do Estado e do Governo (MISAU) Áreas prioritárias.
 Reforço da capacidade institucional: - Estabelecimento de parcerias entre o MISAU,
DPS, DDS, US com outras instituições do Estado e do governo, com as ONGs, Privados
e com a própria comunidade;
 Criação de grupos multi-sectoriais de trabalho a todos os níveis (central, provincial e
distrital) - Estabelecimento de normas de articulação aos diferentes níveis e entre os
diversos actores no envolvimento comunitário;
 Formação dos trabalhadores - Criação de base legal para incentivar privados a
comparticipar no financiamento de actividades de participação comunitária para a saúde;
 Advocacia perante doadores para apoiar a criação da cultura de cidadania a nível das
comunidades. - Identificação de coordenadores provinciais e distritais de actividades de
envolvimento comunitário.
Fortalecimento das capacidades das comunidades
 Mobilização das comunidades - Criação ou fortalecimento de estruturas comunitárias -
Capacitação das comunidades para o desenvolvimento de acções comunitárias com vista
a promoção da sua saúde;
 Em coordenação com os parceiros (ONGs, organizações religiosas, agências
financiadoras e privados), estimular e apoiar a constituição ou fortalecimento de
estruturas de base comunitária sustentável, que permitam uma participação plena das
comunidades na promoção da saúde e desenvolvimento;
 Estabelecimento de mecanismos de articulação dos actores no envolvimento comunitário
ao nível provincial, distrital e local;
 Elaboração de currícula, programas e manuais de formação de Agentes Comunitários de
Saúde (ACS).
Papel das Agências Internacionais
Apoiar as Instituições do Estado, ONGs, organizações religiosas no fortalecimento das
capacidades da comunidade:
 Providenciar assistência técnica;
 Disponibilização de recursos financeiros, materiais e infrastruturas e transporte para o
suporte das actividades de envolvimento comunitário.
Papel das Organizações Não Governamentais (ONGs) nacionais e internacionais, e
instituições religiosas
Em coordenação e parceria com as instituições do Estado, particularmente da Saúde, apoiar as
comunidades na identificação de seus problemas e de soluções, planificação, implementação
monitorização e avaliação das actividades com vista a solução dos problemas identificados pela
comunidade:
 Procurar financiamentos para apoiar o desenvolvimento das actividades da comunidade;
Formar agentes comunitários;
 Acompanhar a implementação, monitorização e avaliação dos planos comunitários.
 Reportar às autoridades sanitárias as actividades desenvolvidas na comunidade com o seu
apoio.
Papel das entidades privadas
 Em coordenação com a Saúde e com as ONGs e instituições religiosas, apoiar o processo
de identificação das necessidades da comunidade e de procura de soluções;
 Apoiar as comunidades na implementação dos planos providenciando recursos
financeiros, materiais, transporte, infra-estruturas, etc.

Papel da Comunidade
 Apoiar na criação, sustentabilidade e manutenção da rede comunitária de saúde;
 Apoiar na identificação dos membros dos conselhos de lideres comunitários de saúde -
apoiar na supervisão das actividades dos técnicos de saúde a nível das US;
 Apoiar na gestão das US - identificar soluções e recursos para a resolução dos problemas
de saúde nas comunidades

ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO EM MOÇAMBIQUE:


Evolução Histórica
Novembro 1975 ( I Seminário Nacional de Saúde). Moçambique tomou a decisão de adoptar
uma Política de Saúde, em que Envolvimento Comunitário era um elemento fundamental. Foi
lançada a palavra de ordem de «Promoção da Saúde da Comunidade pela própria Comunidade»,
assim como a Campanha Nacional de Saneamento do Meio Ambiente.
1978: Moçambique participa na Conferência de Alma-Ata e adopta o conceito e os princípios da
PdS, como elemento essencial dos CSP. Um destes princípios é o fortalecimento da acção.

2000: O Plano Estratégico do Sector da Saúde (PESS), documento com princípios orientadores
para os programas de PdS, inclui várias iniciativas de prestação de serviços de saúde de base
comunitária, através de apoio directo do Governo, ou por iniciativas de Organizações Não
Governamentais (ONGs) locais e internacionais.

Estratégia de Envolvimento Comunitário em Moçambique 2004:


O Ministério da Saúde (MISAU) elaborou a sua primeira Estratégia de Envolvimento
Comunitário, inserida no PESS, cujos objectivos eram:
 Participação activa das pessoas, de grupos e da comunidade, em actividades para a
melhoria da saúde individual, familiar e comunitária;
 Melhoria das práticas sanitárias-chave para a promoção de saúde das famílias e da
comunidade; ➢Melhoria do acesso da comunidade aos CSP;
 Aumento da procura de cuidados de saúde por parte da população;
 Melhoria da qualidade de cuidados de saúde prestados aos utentes das Unidades
Sanitárias por parte dos profissionais de saúde;
 Reforço da capacidade institucional a nível central, provincial, distrital e local;
 Envolvimento comunitário sustentável;
 Melhoria da articulação com outras entidades (governamentais, privadas etc).

Importância do Envolvimento das Comunidades


O envolvimento comunitário é extremamente importante para o desenvolvimento de projectos
em África por diversas razões. África é um continente caracterizado pela sua rica diversidade em
termos de cultura, línguas e condições socioeconómicas. Para implementar com sucesso
projectos que tenham um impacto positivo nas comunidades africanas, é essencial envolver
activamente e colaborar com essas comunidades.

As comunidades africanas têm diversas normas, valores e tradições culturais. O envolvimento


eficaz com as comunidades locais ajuda os promotores de projectos a compreender e respeitar
estas nuances culturais. Ao fazê-lo, podem conceber projectos que sejam culturalmente
apropriados, garantindo que sejam aceites e abraçados pela comunidade.

As comunidades em África possuem conhecimentos locais valiosos sobre o seu ambiente,


recursos e necessidades. O envolvimento com eles permite que os promotores de projectos
aproveitem este conhecimento, o que pode aumentar significativamente a eficácia e a
sustentabilidade dos projectos. As percepções locais podem informar decisões relacionadas à
concepção do projecto, alocação de recursos e resolução de problemas.

Através do envolvimento, os promotores do projecto podem realizar avaliações completas das


necessidades, identificando os desafios e prioridades específicos da comunidade. Esta
informação é essencial para adequar os projectos para abordar as questões mais prementes e
atender às necessidades reais das pessoas.

Construir a confiança da comunidade local é essencial para o sucesso de qualquer projecto. O


envolvimento com os membros da comunidade promove a confiança e pode levar à sua
participação e apoio activos. Sem a confiança e a aceitação da comunidade, é mais provável que
os projectos enfrentem resistência ou até falhem.

A sustentabilidade a longo prazo é uma consideração fundamental para projectos de


desenvolvimento. O envolvimento com a comunidade garante que os projectos sejam concebidos
de forma sustentável, economicamente viável e ambientalmente correcta. A adesão e a
participação locais são muitas vezes cruciais para o sucesso contínuo e a manutenção de infra-
estruturas ou serviços.

Podem surgir conflitos quando os projectos são impostos às comunidades sem o seu
consentimento ou contribuição. O envolvimento com as comunidades de forma participativa
ajuda a identificar e abordar potenciais fontes de conflito, promovendo o desenvolvimento
pacífico e harmonioso.

O envolvimento comunitário pode capacitar os residentes locais, envolvendo-os nos processos de


tomada de decisão, no desenvolvimento de competências e na capacitação. Esta capacitação não
só beneficia o projecto imediato, mas também contribui para o desenvolvimento global da
comunidade.
O envolvimento com a comunidade garante que os promotores dos projectos sejam
responsabilizados pelas suas acções e decisões. A comunicação transparente promove um
ambiente onde os membros da comunidade podem expressar as suas preocupações e
responsabilizar as partes interessadas do projecto.

O envolvimento eficaz da comunidade promove a inclusão ao envolver grupos marginalizados


ou vulneráveis que, de outra forma, poderiam ficar de fora dos esforços de desenvolvimento. Isto
é essencial para alcançar um desenvolvimento equitativo e sustentável em diferentes segmentos
da população.

Os projectos que envolvem activamente as comunidades podem estimular o desenvolvimento


económico local, criando oportunidades de emprego e apoiando as empresas locais. Isto pode ter
um efeito cascata positivo no bem-estar geral da comunidade.

O envolvimento da comunidade não é apenas uma melhor prática, mas um requisito fundamental
para o desenvolvimento bem sucedido e sustentável de projectos em África. Garante que os
projectos sejam adaptados aos contextos, necessidades e culturas locais e que tenham o apoio e a
apropriação das pessoas que pretendem beneficiar. Em última análise, as abordagens de
desenvolvimento orientadas para a comunidade podem conduzir a mudanças mais impactantes e
duradouras nas diversas comunidades de África.
Conclusão
O envolvimento comunitário é essencial para o desenvolvimento de comunidades saudáveis e
prósperas. Os níveis de envolvimento comunitário variam de acordo com o grau de participação
e engajamento dos membros da comunidade. Promover o envolvimento comunitário requer
esforços conjuntos de diferentes atores e pode trazer uma série de benefícios tanto para os
indivíduos quanto para a comunidade como um todo. Ao promover o envolvimento comunitário,
estamos contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável, inclusivo e participativo.
Bibliografia

MISAU, (2004). Estratégia de envolvimento comunitário para saúde;

Victorino, M. T. A. (2017), Manual Para o Envolvimento do Homem na Promoção da Saúde da


Mulher e da Criança, Especificamente do Planeamento Familiar.

GIOVANELLA, L.; MEDONÇA, M. H. M. (2008). Atenção Primária à Saúde. Políticas e


Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; Cebes.

Você também pode gostar