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Gestão na perspectiva inclusiva

e políticas públicas​

Tecnologia Educacional | Gestão inclusiva: pessoa com deficiência


Créditos

Realização: Itaú Social

Iniciativa: Programa Melhoria da Educação

Parceria: Instituto Rodrigo Mendes​

Consultoria de conteúdo: Cecília Almeida, Diego


Barcelos, Gabriela Ikeda, Jéssica Vassaitis, Katia
Cibas, Luiz Conceição e Regina Mercurio

Coordenação de conteúdo: Sônia Dias, Marcella


Simonini, Monike Freire e Artur Baptista

Coordenação do projeto: Juliana Yade

Design e solução de aprendizagem: Afferolab


Sumário

Introdução 01

Gestão e políticas públicas 02

A estrutura das políticas públicas 05

Para ampliar a discussão 10


Introdução

Até o presente momento, você aprendeu bastante sobre Direitos Humanos e


sobre o movimento pela conquista dos direitos das pessoas com deficiência.
Inclusive, sugerimos que você acesse o material “Jornada dos Direitos Humanos
pelo direito à educação”, caso não o tenha feito,​para ampliar o seu conhecimento
acerca da temática.

Agora, vamos discutir o impacto prático das normas e diretrizes que estudamos,
por meio de políticas públicas e de gestão pública, sempre considerando uma
perspectiva inclusiva.

Este livro está dividido em três capítulos: Gestão e políticas públicas, A estrutura
das políticas públicas e Para ampliar a discussão. No primeiro, introduziremos
o tema para que, no segundo, percorramos o passo a passo de uma política
pública. Por fim, no terceiro, disponibilizaremos e sugeriremos uma série de links
e artigos para aprofundamento do tema.

Esperamos que aproveite o conteúdo deste livro e que ele seja enriquecedor na
sua jornada!

1
Gestão e políticas públicas
A educação brasileira é estruturada por um corpo de normas e diretrizes compostas
de declarações, convenções e emendas constitucionais. No entanto, nada disso se
sustenta sem fatores concretos que precisam ser mobilizados e relacionados para
que uma política pública de Educação Inclusiva seja colocada em prática.
Selecionamos algumas questões para que você reflita sobre o seu território:

Quais políticas existem no seu território?


As políticas para educação estão em prática?
Há uma política específica de transporte escolar?
E como são as que se referem à alimentação nas escolas?
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) está implementado nas escolas
da sua rede?

Das políticas que estão em prática, seu funcionamento é satisfatório?


Elas poderiam funcionar mais efetivamente?
Como essas e outras políticas públicas se organizam no seu território? Pela rede
municipal, pela rede estadual?

Existem secretarias e subsecretarias em regiões específicas?


As dificuldades para a implementação estão mais relacionadas à inexistência
de leis e regras que definam seus funcionamentos ou têm a ver com
outros aspectos?

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É de extrema importância responder a essas questões a fim de partirmos de um
cenário real com relação às políticas públicas em vigor no território.

Muito provavelmente, você pode se deparar com dificuldades


que estarão ligadas à complexidade da vida em sociedade e dos
problemas que emergem das formas específicas dos arranjos
sociais em cada território. Em outras palavras: ao implementar
políticas públicas, precisamos considerar que convivemos em
uma sociedade com infinitas formas de articulação social.

Na nossa sociedade, o Estado ocupa o papel de dar resolução a esses problemas, e


essa é a função das políticas públicas: elas são uma forma organizada e sistemática
de resolução de problemas amplos. Assim sendo, essas políticas possuem
elementos mais gerais e mais específicos para ajudar a guiar sua implementação e
funcionamento. De maneira geral, podemos citar:

a forma de organização do programa de ação, isto é, quais são os


aspectos e elementos internos das políticas e como eles se relacionam;

os papéis institucionais, ou seja, os agentes envolvidos, quem faz o quê,


como o trabalho é dividido; e

qual a sua finalidade e quais interesses serão atendidos com a aplicação


daquele programa.

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Para refletir
É importante identificar os elementos gerais de uma política pública porque nos
ajuda a perceber pontos sensíveis em nossa atuação. Não é incomum que as funções
e os papéis institucionais tenham se estabelecido pela prática e pela força do hábito e
estejam envoltos em uma série de regras e normas não formalizadas ou não escritas.
Dessa forma, precisamos pensar:

Como foram criados os mecanismos de que nos valemos?

Que formulários usamos para dar encaminhamentos a ações?

O fluxo de trabalho é uma prática racional ou ele é repetição de algo


que já não faz sentido?

Os objetivos a serem atingidos estão evidentes?

Há indicadores que demonstram se estamos no caminho certo?

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A estrutura das políticas públicas
A estrutura das políticas públicas aqui apresentada foi inspirada na classificação feita
por Maria Paula Dallari Bucci, professora da Faculdade de Direito da Universidade de
São Paulo, publicada na revista Direito do Estado.

Para conhecer mais sobre a estrutura, copie o endereço a seguir e cole-o em


seu navegador:

bit.ly/3gyiAN2

Forma de organização Papéis institucionais Finalidade

Aspectos e elementos Agentes envolvidos, Interesses atendidos


internos das políticas e quem faz o que, como o com a aplicação
como se relacionam. trabalho é dividido. daquele programa.

De maneira mais específica, podemos dizer que os programas têm:


nome;
gestão governamental, que é responsável pela sua regulamentação;
base normativa, que são os decretos, leis e normas que os fundamentam;
desenho jurídico-institucional dos órgãos responsáveis pela sua composição;
atribuições de agentes governamentais e não-governamentais, que delimitam
divisões de trabalho, o que é de responsabilidade do Estado e sobre o que é
possível abrir parcerias;
público-alvo e sua escala, que estão intimamente ligados aos objetivos de cada
política (que setor e interesse é preciso contemplar — e qual o tamanho desse
público — para que​as ações sejam planejadas de maneira coerente e exequível);
e orçamentos, que são as maneiras de garantir sua viabilidade.

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A seguir, apresentaremos um exemplo que mostra a estruturação de um projeto ou
programa:

Partimos de um nome: Atendimento Educacional


Especializado.

Quanto à gestão governamental, é uma política


do executivo federal, à qual devem se adaptar
estados e municípios.

Sua base normativa está definida principalmente


no Decreto nº 7.611, de 2011.

Seu desenho jurídico-institucional inclui


secretarias e redes de educação federais, estaduais
e municipais.

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A atribuição de agentes é feita assim: as escolas
devem oferecer esse serviço no contraturno,
o ou a profissional responsável é o professor
ou a professora de​AEE, além de ser possível
estabelecer parcerias com outras instituições com
conhecimentos técnicos específicos, desde que isso
não signifique a matrícula do ou da estudante em
uma escola apartada.

Como público-alvo, temos estudantes com


deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades/superdotação.

Seu mecanismo de financiamento é a


dupla-matrícula.

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Importante!
Podemos dizer que a finalidade da política pública do Atendimento Educacional
Especializado é incluir este público de estudantes, que, até então, não estava
contemplado pelas demais políticas de educação, como podemos constatar por
meio de pesquisas sobre matrícula e sobre distorção idade-série. Se as demais
políticas educacionais fossem inclusivas e já tivessem contemplado todos os
estudantes e todas as estudantes, não seria necessária uma política específica.

Mesmo com uma política pública já criada, haverá casos em que será necessário
ampliar a visão e evitar os vieses. Dessa forma, recorremos a duas soluções:

A primeira é o incentivo de práticas intersetoriais e intersecretariais, isto é, o


envolvimento de diferentes setores e diferentes secretarias, como as secretarias de
Educação, Saúde, Transporte, Cultura e Esporte.

A segunda está em dar um aspecto técnico, ou seja, permitir que se incorpore a visão
de outros setores que estão diretamente envolvidos e participam dos problemas
da vida social. Contar com uma diversidade de pontos de vista e com a colaboração
múltipla para a resolução de problemas comuns é um importante ganho que pode
ser muito bem aproveitado por uma gestão atenta.

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Por fim, podemos retomar a reflexão sobre as políticas públicas no seu território,
utilizando as questões abaixo para refletir.

Que indicadores podemos verificar para constatar se elas estão atendendo às


finalidades e ao público-alvo propostos?

O que tem sido alcançado? E o que não tem sido?


O que precisa ser revisto/aprimorado?
Como garantir um orçamento de acordo com as especificidades do município?
Quem tem sido atendido? E quem não tem sido?
Qual a atuação dos técnicos e das técnicas das Secretarias para aprimorar as
políticas públicas?

Você já discutiu o orçamento e os planos de governo?


Se não, o que pode ser feito para que essa seja uma prática?
Quais são as prioridades do seu território?

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Para ampliar a discussão
Esperamos que os conceitos trazidos aqui cooperem para elaborar um panorama
de aspectos relevantes durante toda sua jornada junto à Tecnologia. Com o intuito
de aprofundar a temática, recomendamos alguns materiais iniciais para pesquisa e
sugestões de apoio.

Para acessar os conteúdos, copie o endereço eletrônico​e cole-o em seu navegador.

Pesquisa acadêmica

Da construção de uma Ambiência Inclusiva no Espaço Escolar. Liliane


Garcez. 2004. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
Disponível em:

bit.ly/3gErrwO

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Artigos e endereços eletrônicos externos

Educação, trabalho e inclusão: a importância das políticas públicas


intersetoriais. Disponível em:

bit.ly/2Tksmuy

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – Programa PAR – Plano


de Ações Articuladas. Disponível em:

bityli.com/8jCXo

Monitoramento Participativo dos Planos de Educação. Disponível em:

bityli.com/tpJUe

O que é uma política pública e como ela afeta sua vida? Disponível em:

bityli.com/Dojsy

Os desafios na construção de sistemas educacionais inclusivos.


Disponível em:

bit.ly/2TqOeEM

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Tecnologia Educacional | Gestão inclusiva: pessoa com deficiência

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