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AULA 3

PROCESSO ELETRÔNICO

Prof. Wishilen Thierry Rayzel Alvarenga


INTRODUÇÃO

Processo judicial eletrônico

Entender o processo eletrônico exige analisar detidamente a Lei n. 11.419,


de 19 de dezembro de 2006, que como dito, instrumentalizou a forma de
tramitação eletrônica dos processos judiciais no Brasil.
Portanto, neste momento abordaremos cada um dos artigos que integram
a citada Lei, a fim de decodificá-la.

TEMA 1 – ASPECTOS GERAIS DA LEI N. 11.419/2006

Indubitável a modernização trazida pela Lei n. 11.419 de 2006, permitindo


que o Judiciário brasileiro aplique modelos tecnológicos já utilizados no cotidiano,
aliados aos princípios que regem a tramitação processual, a fim de promover
melhor na forma de condução processual como um todo.
A citada lei possui apenas 22 artigos, os quais são suficientes para
englobar todos os aspectos necessários para a sua efetiva aplicação.
Ainda, destaca-se que a lei do processo eletrônico é dividida em quatro
capítulos ou partes, sendo elas as seguintes:

• Capítulo 1º – Da informatização do processo judicial;


• Capítulo 2º – Da comunicação eletrônica dos atos processuais;
• Capítulo 3º – Do processo eletrônico;
• Capítulo 4º – Disposições gerais e finais.

Portanto, neste momento, abordaremos todos os artigos constates na


referida lei, para em seguida, abordar com detalhes outros aspectos dos referidos
dispositivos legais.
O art. 1º descreve em quais casos será admitido o uso do processo
eletrônico, sendo certo que no seu parágrafo 1º, deixa claro que a admissão do
processo eletrônico será para aqueles casos que tramitam, nas esferas civil, penal
e trabalhista, bem como nos juizados especiais.
Referida admissibilidade decorre de aplicação em toda e qualquer
instância, seja /nos tribunais superiores, Superior Tribunal de Justiça, Supremo
Tribunal Federal, Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal Superior Eleitoral, entre
outros.

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Verifica-se assim que a aplicação e admissibilidade do processo eletrônico,
nas esferas citadas acima, ocorre de forma ampla e irrestrita, independentemente
da instância de tramitação, podendo ser na primeira, segundo ou ainda, terceira
instância de jurisdição.
Já o parágrafo 2º do art. 1º, nos traz algumas definições, ou seja, para o
disposto na Lei n. 11.419/2006, considera-se meio eletrônico como sendo
qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais,
conforme disposto no inciso I.

Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais,


comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido
nos termos desta Lei.
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil,
penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau
de jurisdição.
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se:
I – meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de
documentos e arquivos digitais;
II – transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com
a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial
de computadores;
III – assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação
inequívoca do signatário:
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por
Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica;
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme
disciplinado pelos órgãos respectivos. (Brasil, 2006)

Como transmissão eletrônica, entende o inciso II como toda a forma de


comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação,
preferencialmente a rede mundial de computadores, ou seja, a internet.
O inciso III classifica o conceito de assinatura eletrônica, sendo uma forma
de identificação inequívoca do signatário. Referida definição tem elevada
importância, uma vez que no processo eletrônico as petições deixam de ser
assinadas manualmente, passando a ser assinadas de forma digital, motivo pela
qual se faz importante entender qual o significado de assinatura eletrônica.
Contudo, o inciso III segue ainda com outras definições decorrentes do
conceito de assinatura eletrônica, sendo às constantes na alínea “a”, que diz
respeito ao conceito de assinatura digital baseada em certificado digital emitido
por autoridade certificadora competente, bem como a alínea “b”, que trata da
necessidade de cadastro do usuário frente ao Poder Judiciário, em respeito aos
ditames dos órgãos judiciários competentes.
Seguindo com o art. 2º, temos que para envio de petições, recursos e
também para a prática de atos processuais, há necessidade de credenciamento

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da assinatura frente ao órgão judiciário competente, justamente a fim de validar a
assinatura eletrônica.

Art. 2º O envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais


em geral por meio eletrônico serão admitidos mediante uso de assinatura
eletrônica, na forma do art. 1º desta Lei, sendo obrigatório o
credenciamento prévio no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos
órgãos respectivos.
§ 1º O credenciamento no Poder Judiciário será realizado mediante
procedimento no qual esteja assegurada a adequada identificação
presencial do interessado.
§ 2º Ao credenciado será atribuído registro e meio de acesso ao sistema,
de modo a preservar o sigilo, a identificação e a autenticidade de suas
comunicações.
§ 3º Os órgãos do Poder Judiciário poderão criar um cadastro único para
o credenciamento previsto neste artigo. (Brasil, 2006)

O credenciamento da assinatura encontra-se presente no parágrafo 1º, que


destaca que este será ocorrera mediante procedimento que assegure a adequada
e correta identificação presencial do usuário interessado.
Em outras palavras, o credenciamento é uma forma de validação do sujeito
em relação à sua assinatura digital, que lhe garanta o direito de acessar o
ambiente do processo eletrônico, de forma a evitar quaisquer tipos de fraude.
Lembrando ainda que o parágrafo acima deixa claro que o credenciamento
será realizado presencialmente no órgão jurisdicional.
O parágrafo 2º trata do aspecto referente ao sigilo que decorre da
assinatura eletrônica, a fim de preservar a autenticidade das comunicações, ou
seja, evitando violações prejudiciais ao deslinde do processo.
Lembrando que o registro a ser conferido ao usuário será pessoal e
intransferível, devendo, portando, ser promovida sua devida guarda.
O cadastro único apresentado no parágrafo 3º do art. 2º corresponde tão
somente a uma possibilidade, uma vez que ainda inexiste no Poder Judiciário. Tal
cadastro unificado decorre da ideia de unificação, a fim de que o usuário
cadastrado em um tribunal por exemplo, mas que pudesse ter acesso a todos os
demais, sem que seja necessário a realização de múltiplos cadastros.
O art. 3º trata da efetivação dos atos processuais realizados de forma
eletrônica, pois caracteriza-os como ocorridos no dia e hora exatos em que foram
enviados ao sistema do Poder Judiciário, destacando ainda a necessidade de
fornecimento de protocolo eletrônico acerca de sua realização.

Art. 3º Consideram-se realizados os atos processuais por meio


eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do
que deverá ser fornecido protocolo eletrônico.

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Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender
prazo processual, serão consideradas tempestivas as transmitidas até
as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia. (Brasil, 2006)

Destaca-se que o citado protocolo eletrônico deve ser fornecido


diretamente pelo sistema, viabilizando a segurança e confirmação necessárias
para a efetivação dos atos processuais.
Ora, verifica-se assim que a contagem dos prazos tem início no dia e hora
do envio dos atos no sistema do Poder Judiciário. Já o parágrafo único do art. 3º
trata do limite temporal para realização dos atos processuais de forma eletrônica,
sendo certo que pela leitura do dispositivo legal, considerar-se-ão válidos e
tempestivos, ou seja, dentro do prazo, os atos realizados no processo até as 24
horas do seu último dia.
Por exemplo, um prazo processual com vencimento no dia 17 de abril, para
serem considerados válidos e tempestivos os atos processuais deverão ser
apresentados e enviados via sistema do poder judiciário até às 24 horas (meia-
noite), do dia 17 de abril, sendo que os atos praticados após tal horário, são
considerados intempestivos, ou seja, poderão ter sua validade e efetividade
impugnados, podendo ainda, serem desconsiderados, haja vista operar-se a
figura da preclusão temporal.
Importante destacar que apesar de constar na legislação que o prazo
apresentado até as 24 horas será válido, os prazos apresentados após as
23h59min serão considerados intempestivos, uma vez que a partir das 24h horas
o sistema entenderá como dia seguinte.
O Capítulo II aborda a questão da comunicação eletrônica dos atos
processuais, ou seja, fala da forma em que os Tribunais se comunicarão com as
partes.
O art. 4º descreve a principal forma de comunicação dos Tribunais para
com as partes, que se dará por meio da criação de um Diário da Justiça eletrônico,
a ser disponibilizado na internet, por meio do qual serão publicados os atos
judiciais e administrativos próprios dos órgãos jurisdicionais e seus subordinados,
além de ser usado para outras comunicações diversas e em geral.

Art. 4º Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico,


disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para
publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a
eles subordinados, bem como comunicações em geral.
§ 1º O sítio e o conteúdo das publicações de que trata este artigo
deverão ser assinados digitalmente com base em certificado emitido por
Autoridade Certificadora credenciada na forma da lei específica.

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§ 2º A publicação eletrônica na forma deste artigo substitui qualquer
outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos legais, à exceção
dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal.
§ 3º Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte
ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 4º Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao
considerado como data da publicação. (Brasil, 2006)

O parágrafo 1º versa sobre o local e conteúdo das publicações,


estabelecendo que estes deverão ser assinados digitalmente com base em
certificados emitidos por autoridade certificadora credenciada na forma da lei.
Um aspecto importante abordado no parágrafo 2º diz respeito à validade
da publicação eletrônica como meio de substituir qualquer outro tipo de
publicação, desde que o ato em si não exija a intimação ou vista pessoal, ou seja,
isso quer dizer que a publicação eletrônica feita pelo Diário da Justiça eletrônico
substitui qualquer outro meio oficial de publicação, para quaisquer efeitos legais,
com exceção dos casos que, por lei, exijam forma diversa de intimação, como, por
exemplo, no caso de citação pessoal para ciência de distribuição de ação ou
também para casos em que exija a notificação pessoal via Oficial de Justiça e,
ainda, no caso de citações decorrentes de processos criminais.
O parágrafo 3º trata do que é considerado início para contagem dos prazos,
fazendo a distinção entre a publicação e a disponibilização da publicação via
Diário de Justiça eletrônico. O que o parágrafo 4º complementa, destacando que
o início do prazo se dará no primeiro dia útil seguinte ao da publicação do ato
processual.
Em linhas gerais, e conforme será abordado oportunamente, os atos
processuais são divulgados no Diário da Justiça eletrônico da seguinte forma:
disponibilização do prazo, publicação do prazo, início da contagem do prazo
processual.
O art. 5º versa sobre a possibilidade de recebimento de intimações via
portal próprio, desde que devidamente cadastrada a parte em site do órgão
judicial, conforme previsto no art. 2º.

Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio


aos que se cadastrarem na forma do art. 2º desta Lei, dispensando-se a
publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico.
§ 1º Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando
efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos
autos a sua realização.
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo, nos casos em que a consulta se
dê em dia não útil, a intimação será considerada como realizada no
primeiro dia útil seguinte.
§ 3º A consulta referida nos §§ 1º e 2º deste artigo deverá ser feita em
até 10 (dez) dias corridos contados da data do envio da intimação, sob

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pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data
do término desse prazo.
§ 4º Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de
correspondência eletrônica, comunicando o envio da intimação e a
abertura automática do prazo processual nos termos do § 3º deste artigo,
aos que manifestarem interesse por esse serviço. (Brasil, 2006)

A certificação da realização da intimação ocorrerá no momento em que se


der a leitura da publicação, conforme previsto no parágrafo 1º, sendo certo que se
realizada em dia não útil, será considerado como dia da ciência, o primeiro dia útil
imediatamente subsequente ao da leitura da publicação. Já o parágrafo 3º prevê
que a parte terá 10 dias (corridos) para realizar a consulta descrita nos parágrafos
1º e 2º, sob pena de se considerar realizada a intimação, no caso de inércia da
parte. Destaca-se que o início da contagem do prazo de 10 dias, tem como marco
o dia da disponibilização da publicação.
A lei ainda prevê, no parágrafo 4º a possibilidade de que seja realizada
comunicação via mensagem eletrônica, acerca da necessidade de leitura da
publicação, ainda pendente de leitura. Destacando-se que tal serviço é uma
possibilidade, não sendo obrigatória por parte do órgão jurisdicional.
No Capítulo III podemos perceber claramente a intenção do legislador para
que o processo passe a tramitar exclusivamente por meio digital, apresentando,
contudo, exceções para essa regra, como, por exemplo, no caso de falha técnica
do sistema, conforme previsto no parágrafo 2º do art. 9º.

TEMA 2 – RECEBIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

A distribuição da petição inicial e demais peças, conforme previsto na Lei


n. 11.419/2006 deve ocorrer via eletrônica ou digitalizada, sendo que tal formato
de recepção das peças permite que haja menor atuação de servidores nos
procedimentos, automatizando e otimizando os passos necessários.
É no art. 10º que encontramos a previsão de que a juntada da petição inicial
e contestação, bem como todas as demais peças, dentre elas, manifestações,
impugnações, recursos etc., poderão ser realizadas diretamente por advogado
público ou privado, dependendo do caso, sem que sejam necessárias
intervenções por parte dos servidores que atuam no Judiciário.

Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos


recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de
processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados
públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou
secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma
automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

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§ 1º Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado
prazo, por meio de petição eletrônica, serão considerados tempestivos
os efetivados até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia.
§ 2º No caso do § 1º deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se
tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente
prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à resolução do problema.
§ 3º Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter equipamentos de
digitalização e de acesso à rede mundial de computadores à disposição
dos interessados para distribuição de peças processuais. (Brasil, 2006)

Isso porque a ideia do processo eletrônico é justamente a de promover


autonomia aos advogados, reduzindo a necessidade de atuação de servidores,
promovendo celeridade e segurança na análise e na recepção dos processos.
Dito isso, importante destacar que o citado artigo deixa claro que a
autuação das peças, ou seja, o ato de registrá-las no processo, se dará de forma
automática, mediante emissão de recibo de protocolo eletrônico, a ser emitido no
exato momento do protocolo, o qual garantirá a comprovação de regularidade e
tempestividade.
No parágrafo 1º do dispositivo legal acima descrito, vemos novamente a
limitação temporal para realização dos protocolos, onde temos como limite às 24
horas do último dia do prazo, todavia, como dito anteriormente, os protocolos
realizados após as 23:59:59 serão considerados intempestivos.
Por sua vez, o parágrafo 2º apresenta uma questão de extrema
importância, relacionada à indisponibilidade do sistema no momento em que a
parte estiver realizado o protocolo da petição.
O legislador deixa claro que se o sistema de peticionamento eletrônico se
tornar indisponível por motivo técnico, o prazo será automaticamente prorrogado
para o primeiro dia útil imediatamente subsequente à resolução do problema.
Destaque importante ao fato de que o legislador aponta como causa para
prorrogação automática do prazo os casos em que o sistema de peticionamento
se tornar indisponível por problemas técnicos, não entanto inseridos, portanto,
problemas relacionados à falta de energia elétrica no local em que se está
realizando o protocolo, problemas de acesso à internet ou quaisquer outras
situações não relacionadas diretamente ao sistema de peticionamento, uma vez
que nos exemplos acima, o acesso ao sistema de outros lugares segue
normalmente, sendo o problema “técnico” do computador ou local em que a parte
se encontra.
Outro aspecto importante que consta do texto legal, no parágrafo 3º, é a
obrigatoriedade de que os órgãos do poder Judiciário mantenham equipamentos
de digitalização e com acesso à internet, disponíveis às partes para que possam
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realizar a distribuição de petições, em consonância com os princípios
constitucionais anteriormente abordados, especificamente a fim de garantir o
acesso à justiça, não se figurando cerceamento de defesa e ao contraditório.
E o parágrafo único do art. 14º prevê a necessidade de que os sistemas de
peticionamento eletrônico contenham ferramentas aptas a identificar a existência
de prevenção, litispendência e coisa julgada. Por esse motivo é que a indicação
do CPF ou CNPJ se faz tão importante, conforme inclusive indicado no artigo
seguinte.

Art. 14. Os sistemas a serem desenvolvidos pelos órgãos do Poder


Judiciário deverão usar, preferencialmente, programas com código
aberto, acessíveis ininterruptamente por meio da rede mundial de
computadores, priorizando-se a sua padronização.
Parágrafo único. Os sistemas devem buscar identificar os casos de
ocorrência de prevenção, litispendência e coisa julgada. (Brasil, 2006)

A identificação dessas figuras processuais facilita eventual distribuição por


prevenção, ou seja, permite que o novo processo seja distribuído para o mesmo
órgão jurisdicional em que porventura tenha outra ação tramitando, a fim de
permitir que a análise do caso seja realizada pelo mesmo julgador, evitando-se,
assim, a existência de decisões diversas sobre o mesmo caso.
Já a identificação da litispendência permite que não sejam proferidas
decisões múltiplas sobre os mesmos pedidos, caso em que, se identificada a
similaridade de partes e pedidos na distribuição da ação, o juízo prevento poderá
determinar a reunião dos autos, proferindo um único julgamento sobre as matérias
do litígio.
No que concerne à coisa julgada, se identificada de início, possibilita que o
magistrado que recebeu a ação possa decidir, julgando a ação se resolução de
mérito, vez que este já fora objeto de outro julgamento, o qual transitado em
julgado não permite o ajuizamento de novas ações para rediscussão do tema.
Dessa forma, constata-se que o sistema de peticionamento eletrônico que
consiga identificar as três situações proporciona a condução de um processo mais
célere e seguro.
Veja-se que no sistema PJE, por exemplo, todo o cadastro do processo é
realizado pelo próprio peticionante, desde a indicação dos nomes, dados
pessoais, endereço para citação, pedidos, valor da causa para atribuição do rito
processual e demais dados, sendo, portanto, de responsabilidade deste a
veracidade das informações apresentadas.

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No art. 15º percebemos que o legislador, a fim de viabilizar o devido
cadastro e identificação de divergência, indica a necessidade de que a parte, ao
realizar a distribuição de uma nova ação, informe o número do cadastro geral da
parte junto à Receita Federal, sendo o CPF para pessoa física e CNPJ para
pessoa jurídica.

Art. 15. Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a


parte deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação
judicial, o número no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme
o caso, perante a Secretaria da Receita Federal. (Brasil, 2006)

Contudo, o próprio texto legal descreve que tal indicação deverá ocorrer
somente nos casos em que não se seja impossível a localização da informação,
não sendo, portanto, aspecto impeditivo de acesso à justiça pela parte.
Importante destacar que a maioria dos órgãos do Judiciário, com a
implementação dos sistemas de peticionamento eletrônico, desenvolveu manuais
de acessos aos ditos sistemas, a fim de facilitar a distribuição de novas ações,
bem como de protocolo de peças de defesa e recursos.
De toda sorte, a atuação dos servidores na recepção, autuação e
distribuição de iniciais e outras peças é praticamente inexistente, vez que é a
própria parte, geralmente por intermédio do seu advogado, quem realiza todos os
procedimentos necessários.

TEMA 3 – MEIOS DE PROVA, DOCUMENTO ELETRÔNICO E PROVA


ELETRÔNICA

As provas são o instrumento hábil a demonstrar ao juiz os elementos


constituintes do direito pleiteado, isso porque o magistrado da causa não pode ter
conhecimento direto e pessoal sobre os fatos alegados no processo, devendo,
portanto, ter seu convencimento provocado pelas provas produzidas pelas partes.
Dito isso, é possível considerar que a prova é o meio pelo qual as partes
levam o juiz a formar suas convicções sobre os temas debatidos no processo,
devendo neste aspecto serem observados os ditames contidos no art. 369 do
Código de Processo Civil brasileiro, que suscintamente prevê a possibilidade das
partes de empregarem todos os meios legais e legítimos para comprovar suas
alegações.

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Dentre os principais meios de prova, podemos destacar o depoimento das
partes, prova documental, prova testemunhal, prova pericial e produção
antecipada de provas, os quais serão abordados detalhadamente a seguir.

3.1 Depoimento das partes

Dentre as inúmeras possibilidades de provas a serem produzidas, a


principal e, geralmente mais utilizada, é o depoimento das partes.
Isso porque nesse tipo de prova existe o elemento da confissão, que nada
mais é do que o reconhecimento de fatos que são desfavoráveis à parte que está
prestando depoimento, ou seja, a própria parte confessa não ter direito ao pleito
pretendido.
Uma vez confessados, aos fatos anteriormente controvertidos passam a
ser incontroversos, ou seja, deixam de ter contrariedade em sua suscitação,
conforme previsto nos arts. 389, 390 e 391 do Código de Processo Civil brasileiro.

Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a


verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
Art. 390. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte ou por
representante com poder especial.
§ 2º A confissão provocada constará do termo de depoimento pessoal.
Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não
prejudicando, todavia, os litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos
reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro
não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de
separação absoluta de bens. (Brasil, 2015)

Assim, em muitos casos, diante da confissão da parte autora por exemplo,


sequer será admitida a produção de provas complementares, justamente pelo fato
de que ter sido suprida a necessidade de qualquer outra prova apta ao
convencimento do juiz.
Inclusive, a própria redação do art. 347, II do Código de Processo Civil não
deixa dúvidas de que o Juiz indeferirá a produção de prova quando o fato já tiver
sido confessado pela parte.

Art. 374. Não dependem de prova os fatos:


(...)
II – afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária. (Brasil,
2015)

Destaca-se ainda que o art. 385, parágrafo 1º, do Código de Processo Civil
prevê que a parte, desde que devidamente intimada, não compareça prestar
depoimento pessoal, será considerada confessa.
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Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a
fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento,
sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal
e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo,
se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena. (Brasil, 2015)

Constata-se assim a importância do depoimento pessoal, uma vez que


poderá repercutir na produção de outros meios de prova.

3.2 Prova documental

Trata-se talvez do meio de prova mais utilizado pelas partes, justamente


por ser mais fácil de ser obtido.
Prevê o art. 320 do Código de Processo Civil que deverá o autor da ação
judicial apresentar os documentos indispensáveis à propositura da ação, sob pena
de ser julgado extinto o processo como um todo. “Art. 320. A petição inicial será
instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação” (Brasil, 2015).
Já o art. 434 do Código de Processo Civil estende tal obrigatoriedade
também ao réu, no sentido de que os documentos indispensáveis sejam
apresentados no processo juntamente com a defesa.

Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com


os documentos destinados a provar suas alegações.
Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução
cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos
do caput, mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-se
previamente as partes. (Brasil, 2015)

O entendimento dos citados dispositivos legais é de que a não


apresentação de documentos manifestamente necessários para a constituição do
direito ou demonstração de inexistência do tal direito, tem como consequência a
preclusão, ou seja, perda do direito de apresentação de determinados
documentos em outro momento.
Todavia, tal entendimento tem sido aplicado com parcimônia pelo Judiciário
brasileiro, pelo fato de inexistir um rol taxativo de documentos supostamente
necessários ao trâmite da lide, bem como pela inviabilidade, muitas vezes, de se
apresentar determinado documento.
Ainda, existe a possibilidade, nos termos do art. 435 do Código de Processo
Civil, de apresentação de documentos novos, em qualquer momento do processo.

Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos


documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos

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depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos
nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos
formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se
tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos,
cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de
juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar
a conduta da parte de acordo com o art. 5º. (Brasil, 2015)

Dessa forma, permite-se a apresentação de novos elementos documentais


de prova, decorrentes de fatos ocorridos em momento posterior à apresentação
da petição inicial e da defesa, uma vez que se tornaram conhecidos ou acessíveis
somente após a realizados dos citados atos processuais.

3.3 Prova testemunhal

A prova testemunhal, conforme previsto no art. 442 do Código de Processo


Civil, é considerada àquela produzida de forma oral, por pessoa física que tenha
presenciado os fatos objeto do depoimento prestado, decorrentes do litígio em
análise e que, principalmente, não tenha interesse na resolução da demanda. “Art.
442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo
diverso” (Brasil, 2015).
As testemunhas ouvidas no processo podem ser convidadas pelas partes
ou intimadas pelo Juízo para que compareça prestar seu depoimento.
A prova oral poderá considerada desnecessária pelo Juiz, quando já
existirem no processo elementos documentais suficientes para atestar a
comprovação do fato suscitado.
Para utilização da prova oral, dever-se-á observar os critérios contidos no
art. 447 do Código de Processo Civil, quando a inexistência de incapacidades,
impedimentos e suspeições das testemunhas que as partes pretender ouvir no
processo.

Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as


incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º São incapazes:
I – o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II – o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo
em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que
deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
III – o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV – o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos
que lhes faltam.
§ 2º São impedidos:
I – o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em
qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes,
por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público
ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder
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obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento
do mérito;
II – o que é parte na causa;
III – o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante
legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou
tenham assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:
I – o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II – o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das
testemunhas menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados
independentemente de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que
possam merecer. (Brasil, 2015)

3.4 Prova pericial

Em muitos casos, o convencimento do juiz acerca dos fatos alegados no


processo depende de produção de prova técnica, sendo esse tipo de prova
produzida por profissional que detenha capacitação específica, necessária para
auxiliar o juiz a tomar sua decisão, o que se faz por meio da prova pericial.
Importante destacar que a prova pericial pode ser requerida por uma das
partes, geralmente a que pretende provar deter o direito alega, mas também pode
ser determinada de ofício pelo magistrado, ou seja, sem que as partes tenham
expressamente requerido a sua realização.
Em síntese, quando se fala em perícia, estamos falando de uma análise
realizada por profissional detentor de conhecimentos técnicos específicos, em
objetos, locais ou pessoas, com objetivo de obter informações e esclarecer
dúvidas previamente apontadas.
Destaca-se ainda que a prova pericial não tem por objetivo fazer prova de
fatos controvertidos, pois o objetivo da perícia é prestar esclarecimentos acerca
de um determinado contexto que envolve a pessoa, objeto ou local indicado para
realização da perícia.
Assim, podemos dizer que a perícia visa auxiliar o juiz, que não tem
obrigação de ter conhecimentos técnicos sobre todas as matérias discutidas no
Judiciário, a fim de formar seu convencimento quanto ao direito pleiteado pelas
partes.
Para realização da perícia técnica, faz-se necessário, portanto, a
observância dos critérios contidos nos arts. 464 a 480 do Código de Processo
Civil, conforme a seguir abordado.

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3.5 Documento eletrônico e prova eletrônica

A validade dos documentos e das provas eletronicamente obtidos encontra


previsão nos arts. 422 a 425 do Código de Processo Civil, nos quais são descritos
quais tipos de provas serão aceitos como verdadeiros.
Por sua vez, antes de adentrar nesta questão, conceituar o que é
documento eletrônico, o que se faz utilizando a definição do CONARQ (Conselho
Nacional de Arquivos), órgão vinculado ao Arquivo Nacional do Ministério da
Justiça, que assim segue:

[…] na literatura arquivística internacional, ainda e corrente o uso do


termo “documento eletrônico” como sinônimo de “documento digital”.
Entretanto, do ponto de vista tecnológico, existe uma diferença entre os
termos “eletrônico” e “digital”. Um documento eletrônico é acessível e
interpretável por meio de um equipamento eletrônico (aparelho de
videocassete, filmadora, computador), podendo ser registrado e
codificado em forma lógica ou em dígitos binários. Já um documento
digital é um documento eletrônico caracterizado pela codificação em
dígitos binários e acessado por meio de sistema computacional. Assim,
todo documento digital é eletrônico, mas nem todo documento eletrônico
é digital. (Brasil, 2015)

Apesar de usualmente utilizado o termo documento eletrônico, podemos


entender que a petição elaborada no computador é um documento digital, já a
fotografia obtida por câmera fotográfica, e utilizada como prova, seria por exemplo
um documento eletrônico.
Tal distinção, apesar de necessária, acaba por não interferir de forma
profunda na consecução do processo eletrônico.
É a partir da criação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-
Brasil), com a Medida Provisória 2.200-2/2001, de 24 de agosto de 2001, que se
inicia o estabelecimento de regras acerca dos documentos eletrônicos.
Basicamente, compete a essa instituição assegurar a integridade e a
inalterabilidade dos conteúdos, garantindo que os registros de assinatura
eletrônica decorrem do real emitente.
Já o art. 11º da Lei n. 11.419/2006, dispõe acerca da validade dos
documentos produzidos eletronicamente e juntados em processos eletrônicos, os
quais terão validade, desde que com garantia de origem e de seu signatário, ou
seja, digitalmente válidos, os quais serão considerados válidos para todos os fins.
No parágrafo 1º do dispositivo legal acima, o legislador confere plena
validade aos documentos porventura digitalizados, os quais terão a mesma força
probatória que os originais.

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A parte final do parágrafo 1º e o parágrafo 2º, tratam da arguição de
falsidade dos documentos digitalizados apresentados nos autos, sendo certo que
tal procedimento será processado eletronicamente, na forma da lei específica
acerca do tema.
E no parágrafo 3º, verificamos que a legislação determina que os que
documentos que originaram as digitalizações, deverão ser preservados pela parte
que os apresentou, até que ocorra o trânsito em julgado da decisão de primeiro
grau ou ainda, até que se finde o prazo para interposição de ação rescisória.
Por sua vez, o parágrafo 5º prevê a possibilidade de apresentação de
documentos originais e físicos diretamente na secretaria do cartório judiciário,
quando a digitalização for tecnicamente inviável devido ao grande volume, ou
ainda por motivo de ilegibilidade. Caso em que, deverá a parte indicar a execução
de tal procedimento via petição eletrônica, e no prazo de até 10 dias, apresentar
os documentos no órgão do judiciário, sendo certo que serão devolvidos após o
trânsito em julgado da sentença.
Os parágrafos 6º e 7º preveem a possibilidade de acesso aos documentos
digitalizados apresentados nos autos, bem como dos próprios autos eletrônicos,
por partes que não estejam diretamente relacionadas na ação. Importante
destacar, neste aspecto, que o processo que não corre em segredo de justiça
pode ser acessado por outro advogado, servidor, membro do Ministério Público
ou juiz, sem que haja necessidade de habilitação ou autorização prévia.
Destaca-se que o art. 2º-A, parágrafo 2º, da Lei n. 12.682/2012, confere a
validade probatória do documento original, àqueles documentos eletrônicos
realizados de acordo com a citada lei.

TEMA 4 – ARMAZENAMENTO DE DOCUMENTO ELETRÔNICO

A importância do armazenamento de documento eletrônico se dá pelo fato


de que em eventual arguição de falsidade do mesmo, deverá a parte que o utilizou,
apresentar a versão original para confirmação ou ainda, para realização de perícia
técnica a fim de apurar sua validade. É o que inclusive, prevê o art. 11, parágrafo
3º, da Lei n. 11.419/2006.

Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente e juntados aos


processos eletrônicos com garantia da origem e de seu signatário, na
forma estabelecida nesta Lei, serão considerados originais para todos
os efeitos legais.
§ 1º Os extratos digitais e os documentos digitalizados e juntados aos
autos pelos órgãos da Justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público
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e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas
repartições públicas em geral e por advogados públicos e privados têm
a mesma força probante dos originais, ressalvada a alegação motivada
e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de
digitalização.
§ 2º A arguição de falsidade do documento original será processada
eletronicamente na forma da lei processual em vigor.
§ 3º Os originais dos documentos digitalizados, mencionados no § 2º
deste artigo, deverão ser preservados pelo seu detentor até o trânsito
em julgado da sentença ou, quando admitida, até o final do prazo para
interposição de ação rescisória. (Brasil, 2006)

Nesse mesmo aspecto, tem-se que com a entrada em vigor da Lei n.


12.682, em 10 de julho de 2012, o legislador passou a prever expressamente
sobre as formas de elaboração e arquivamento de documentos em meio
eletrônico.
O parágrafo único do art. 1º conceitua que digitalização é procedimento
pelo qual realiza-se a conversão da fiel imagem de um documento para código
digital, ou seja, uma imagem obtida através de outro meio, que agora passa a
utilizar-se de formato digital para ser válida.

Art. 1º A digitalização, o armazenamento em meio eletrônico, óptico ou


equivalente e a reprodução de documentos públicos e privados serão
regulados pelo disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Entende-se por digitalização a conversão da fiel
imagem de um documento para código digital. (Brasil, 2012)

No art. 2º-A, constatamos a indicação dos meios válidos para


armazenamento dos documentos públicos ou privados, compostos de dados ou
imagens, os quais devem ser realizados em meio eletrônico, óptico ou
equivalente. Observada a validade das digitalizações, o parágrafo 1º prevê a
possibilidade de destruição dos documentos originais, com ressalvas aos
documentos históricos, cuja preservação se dá por observância à legislação
específica.

Art. 2º-A. Fica autorizado o armazenamento, em meio eletrônico, óptico


ou equivalente, de documentos públicos ou privados, compostos por
dados ou por imagens, observado o disposto nesta Lei, nas legislações
específicas e no regulamento.
§ 1º Após a digitalização, constatada a integridade do documento digital
nos termos estabelecidos no regulamento, o original poderá ser
destruído, ressalvados os documentos de valor histórico, cuja
preservação observará o disposto na legislação específica
§ 2º O documento digital e a sua reprodução, em qualquer meio,
realizada de acordo com o disposto nesta Lei e na legislação específica,
terão o mesmo valor probatório do documento original, para todos os fins
de direito, inclusive para atender ao poder fiscalizatório do Estado.
§ 3º Decorridos os respectivos prazos de decadência ou de prescrição,
os documentos armazenados em meio eletrônico, óptico ou equivalente
poderão ser eliminados. (Brasil, 2012)

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Ainda, prevê o parágrafo 3º que após decorridos os prazos de decadência
e prescrição, poderão ser destruídos todos os documentos armazenados em meio
eletrônico, óptico ou equivalentes.

TEMA 5 – ASSINATURA DIGITAL E CERTIFICAÇÃO ELETRÔNICA

Como dito, foi a partir da criação da Infraestrutura de Chaves Públicas


Brasileira (ICP-Brasil), com a Medida Provisória 2.200-2/2001, de 24 de agosto de
2001, que se iniciou o estabelecimento de regras acerca da validade dos
documentos eletrônicos, pois esta instituição tem como atribuição principal
realizar a guarda das assinaturas eletrônicas necessárias para que constatar a
inalterabilidade e integridade delas.
A assinatura digital e a certificação eletrônica utilizam-se da criptografia
para reduzir as chances de fraudes, aumentando sua segurança. Por criptografia,
entende-se como um método matemático utilizado para cifrar, ou seja, codificar,
uma mensagem, transformando-a em caracteres indecifráveis.
É por meio dessa codificação que são criadas duas senhas utilizadas para
sua decifração, sendo uma pública e uma privada. A chave privada codifica a
mensagem e a chave pública decodifica a mensagem, podendo ocorrer o inverso
também, dependendo da forma de criptografia utilizada.
Essa metodologia traz mais segurança às transações de informações,
razão pela qual é o método escolhido pelo legislador para validar as assinaturas
eletrônicas, o que se verifica, por exemplo, no art. 4º, parágrafo 1º, da Lei n.
11.419/2006 e o art. 2º-A, parágrafo 8, e art. 3º, ambos da Lei n. 12.862/2012.
A certificação eletrônica, utilizada para fazer a assinatura digital, é na
verdade um arquivo gerado pela Autoridade Certificadora, que emite um par de
chaves criptografadas, e contém dados pessoais do usuário, inclusive aqueles
decorrentes da atividade profissional exercida.
Dessa forma, a utilização da assinatura eletrônica proporciona maior
segurança aos documentos utilizados, uma vez que além de serem autentificados
pela parte que os apresenta, possuem criptografia que permite comprovar sua
validade, haja vista utilizar-se de chaves privada e pública, conforme conferidas
pela Autoridade Certificadora, vinculada à Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira (ICP-Brasil).

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 11.419 de 19 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União,


Brasília, DF, 20 dez. 2006.

_____. Lei n. 12.682 de 09 de julho de 2012. Diário Oficial da União, Brasília,


DF, 10 jul. 2012.

_____. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Código Processual Civil. Diário


Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 mar. 2015.

_____. Medida Provisória 2.200-2 de 24 de agosto de 2001. Diário Oficial da


União, Brasília, DF, 27 ago. 2001.

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