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C A R L O S A RT H U R R I B E I RO DO NA S C I M E N T O
(1) Para uma' in formação de conj unto sobre GroS'seteste pode-se consultar P .
BOEHNER e E . GTL SON , História da filosofia cris/Ii. Petrópol i s , Vozes,
1 970, pp . 363.-376 .
(2) Lembramos fl ue o t ratado do mundo de Des<: artes ainda terá por título :
Le monde ou traité de la lnlll i er e .
(3) Como ba,e para a t radução utili zamos o te x t o crítico do De luce publicado
por L . B AUR, Die philosoph ischelt Werke des Robert Grosse tesfe, in
Beitrag e zur G es c h ic.h te der P h ilosophie des Mittelalters, IX ( 1 9 1 2 ) , pp .
5 1 -59 . Servimo-nos também da tr3.d ução i n gl esa de C. R I EDL reproduzida
em A. HYM A N e J . .T. WAL SH, PhilosoPhy in the Middle Ages, N. York,
Harper and Row, 1 %7, pp . 434-440 .
As referências indicam aos página s e linhas da edição Baur reproduzidas na
margem de nossa tradução .
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tanto, o que quer que seja que realize esta obra, ou é a própria
luz, ou é capaz de realizar esta obra enquanto participa da luz
que a faz por si mesma. Portanto, a corporeidade, ou é a pró
pria luz, ou é o supra-citado realizador desta obra e introdutor
5 das dimensões na matéria, enquanto participa da própria luz e
age por virtude dela. Ora, é impossível que a forma primeira
introduza as dimensões na matéria por virtude de uma forma
conseqüente a si mesma. Portanto, a luz não é uma form a
conseqüente à corporeidade, mas é a própria corporeidade .
10 Além disso, julgam os entendidos que a primeira forma
corporal é mais digna que todas as formas consequentes, de
essência mais excelente e mais nobre e mais se assemelha às
formas que existem separadas. Ora, a luz é de essência mais
digna, mais nobre e mais excelentes que todas as realidades
1 5 corporais, se assemelha mais do que todos os corpos às formas
que existem separadas que são as inteligências. Portanto, a
luz é a primeira forma corporal .
Portanto, a luz, que é a primeira forma criada na matéria
prima, multiplicando-se infinitamente a si mesma por si
mesma de todos os lados e estendendo-se igualmente por toda
20 parte, no princípio do tempo estendia a matéria, da qual não
podia se desligar, distendendo-a consigo à grandeza equiva
lente à máquina do mundo. A extensão da matéria não pode
também ter sido realizada por uma multiplicação finita da
luz, pois, algo simples, reproduzido finitamente, não dá ori
gem a uma grandeza, como o mostra Aristóteles no Tratado
sobre o céu ( 1 , 5-7 ) . Mas, infinitamente multiplicado, neces-
2 5 sáriamente produz uma grandeza finita, pois o produto da
multiplicação infinita de algo excede ao infinito aquilo por
cuj a multiplicação é produzido . Ora, algo simples não é
excedido ao infinito por algo simples, mas apenas uma gran
deza finita excede ao infinito o que é simples. Pois uma gran
deza infinita excede infinitamente ao infinito o que é simples.
30 - Portanto, a luz, que em si é simples, infinitamente multi
plicada, necessariamente estende a matéria, igualmente sim
ples, nas dimensões de uma grandeza finita .
É, no entanto, possível que um conjunto infinito de nú
meros mantenha com outro conjunto infinito todas as pro
porções racionais e mesmo todas as irracionais. Há infinitos
35 maiores do que outros e outros infinitos que são menores do
que outros. O conjunto de todos os números tanto pares como
53 ímpares é infinito e, portanto, maior que o conjunto de todos
os números pares (que no entanto é infinito) , pois excede este
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